exportações (%) 0,1 -4,1 0,7 -0,8 1,4 -3,0 2,7 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5 - … · 2015-11-20 · de...

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MONTEPIO Departamento de Estudos // novembro 2015 NORUEGA Previsões económicas e indicadores sociais e demográficos Superfície 323 802 Km 2 Densidade Populacional 16 Hab/Km 2 Reservas Externas 60,288 10^9 $ Unidade: taxa de crescimento % 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 PIB 0,4 -1,6 0,6 1,0 2,7 0,7 2,2 0,9 1,3 1,6 1,9 2,0 2,0 PIB Nominal 10,9 -6,7 6,6 7,8 6,2 3,5 2,6 0,3 2,4 5,6 5,6 4,7 4,0 PIB Nominal (10^9) 2 605,4 2 429,7 2 590,1 2 792,0 2 965,2 3 068,8 3 149,7 3 160,4 3 236,5 3 416,9 3 606,9 3 774,6 3 926,0 PIB Nominal (10^9 $) 461,9 386,4 428,5 498,2 509,7 522,3 499,8 397,6 394,8 415,2 436,5 453,4 471,0 Deflator do PIB 10,4 -5,2 6,0 6,8 3,4 2,7 0,4 -0,5 1,1 3,9 3,6 2,6 1,9 Inflação (IPC) 3,8 2,2 2,4 1,3 0,7 2,1 2,0 2,3 2,3 2,3 2,5 2,5 2,5 Investimento (% PIB) 26,0 24,8 25,4 25,8 26,5 28,3 28,4 28,2 28,5 28,2 28,1 28,3 28,8 Poupança Nacional Bruta (% PIB) 41,7 35,4 36,3 38,2 39,0 38,3 37,9 35,2 33,9 34,5 34,8 35,1 34,7 Dívida Pública (% PIB) 47,3 42,0 42,4 28,9 29,9 30,3 28,1 28,1 28,1 28,1 28,1 28,1 28,1 Receitas Públicas (%) 12,7 -10,0 5,9 10,1 5,4 0,9 1,4 0,7 0,1 6,5 5,7 4,7 3,8 Despesas Públicas (%) 9,4 7,9 4,4 5,1 4,3 6,2 6,3 7,0 -0,6 5,5 5,0 4,7 4,6 Receitas Públicas (% PIB) 57,4 55,4 55,0 56,2 55,8 54,4 53,7 53,9 52,7 53,2 53,3 53,3 53,2 Despesas Públicas (% PIB) 38,9 45,0 44,1 43,0 42,2 43,3 44,9 47,9 46,5 46,4 46,2 46,2 46,5 Saldo Orçamental (% PIB) 18,5 10,3 10,9 13,2 13,5 11,0 8,8 6,0 6,2 6,7 7,0 7,0 6,7 Saldo Orçamental Estrutural (% PIB) -3,4 -5,7 -5,5 -4,6 -5,1 -5,3 -6,1 -7,0 -7,5 -7,3 -7,2 -7,2 -7,3 Saldo Primário (% PIB) 15,5 8,0 8,8 11,1 11,7 9,2 6,7 3,9 4,1 4,6 4,9 4,9 4,5 Balança Corrente (10^9 $) 72,4 41,1 46,8 61,5 63,4 52,4 47,1 27,7 21,5 26,1 29,1 30,5 28,0 Balança Corrente (% PIB) 15,7 10,6 10,9 12,4 12,4 10,0 9,4 7,0 5,4 6,3 6,7 6,7 6,0 População (10^6) 4,8 4,8 4,9 5,0 5,0 5,1 5,2 5,2 5,3 5,3 5,4 5,4 5,5 População (%) 1,4 1,2 1,3 1,3 1,3 1,2 1,2 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 População 15-64 anos (% total) 66,1 66,2 66,2 66,1 65,9 65,5 - - - - - - - Taxa de Desemprego 2,6 3,2 3,6 3,3 3,2 3,5 3,5 4,2 4,3 4,0 3,9 3,8 3,8 Emprego 3,3 -0,6 0,0 1,4 1,9 0,7 1,1 0,8 0,8 - - - - PIB PPP (10^9 $) 299,1 296,5 302,0 311,2 325,6 333,4 346,3 352,8 361,5 373,8 388,7 405,2 422,3 PIB per capita PPP $ 62 490 61 231 61 520 62 571 64 630 65 415 67 166 67 671 68 586 70 143 72 158 74 395 76 700 PIB per capita $ 96 500 79 787 87 309 100 172 101 169 102 496 96 930 76 266 74 903 77 919 81 022 83 256 85 537 Exportações (%) 0,1 -4,1 0,7 -0,8 1,4 -3,0 2,7 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5 Bens (%) 0,6 -4,1 -3,1 -2,4 -0,3 -4,7 1,8 0,8 0,9 0,9 0,9 1,0 1,0 Importações (%) 3,2 -10,0 8,3 4,0 3,1 4,3 1,9 1,7 2,4 2,8 2,8 2,8 2,8 Bens (%) 2,7 -11,6 7,5 4,5 0,2 4,2 -0,2 1,4 2,1 2,6 2,6 2,6 2,6 Agricultura (% PIB) 1,2 1,4 1,7 1,4 1,2 1,5 - - - - - - - Indústria (% PIB) 45,2 38,8 39,3 41,6 42,0 40,8 - - - - - - - Serviços (% PIB) 53,6 59,9 59,0 57,0 56,8 57,7 - - - - - - - Esperança Vida à nascença (anos) 80,6 80,8 81,0 81,3 81,5 81,5 - - - - - - - Fonte : FMI (World Economic Outlook - outubro de 2015); Banco Mundial (restantes dados históricos sem previsões).

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Page 1: Exportações (%) 0,1 -4,1 0,7 -0,8 1,4 -3,0 2,7 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5 - … · 2015-11-20 · de bem-estar social. É também uma nação voltada para a navegação, pois tem uma

MONTEPIO

Departamento de Estudos / / novembro 2015

NORUEGA Previsões económicas e indicadores sociais e demográficos

Superfície

323 802 Km2

Densidade Populacional

16 Hab/Km2

Reserv as Ex ternas

60,288 10^9 $

Unidade: taxa de crescimento % 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

PIB 0,4 -1,6 0,6 1,0 2,7 0,7 2,2 0,9 1,3 1,6 1,9 2,0 2,0

PIB Nominal 10,9 -6,7 6,6 7,8 6,2 3,5 2,6 0,3 2,4 5,6 5,6 4,7 4,0

PIB Nominal (10^9) 2 605,4 2 429,7 2 590,1 2 792,0 2 965,2 3 068,8 3 149,7 3 160,4 3 236,5 3 416,9 3 606,9 3 774,6 3 926,0

PIB Nominal (10^9 $) 461,9 386,4 428,5 498,2 509,7 522,3 499,8 397,6 394,8 415,2 436,5 453,4 471,0

Deflator do PIB 10,4 -5,2 6,0 6,8 3,4 2,7 0,4 -0,5 1,1 3,9 3,6 2,6 1,9

Inflação (IPC) 3,8 2,2 2,4 1,3 0,7 2,1 2,0 2,3 2,3 2,3 2,5 2,5 2,5

Investimento (% PIB) 26,0 24,8 25,4 25,8 26,5 28,3 28,4 28,2 28,5 28,2 28,1 28,3 28,8

Poupança Nacional Bruta (% PIB) 41,7 35,4 36,3 38,2 39,0 38,3 37,9 35,2 33,9 34,5 34,8 35,1 34,7

Dívida Pública (% PIB) 47,3 42,0 42,4 28,9 29,9 30,3 28,1 28,1 28,1 28,1 28,1 28,1 28,1

Receitas Públicas (%) 12,7 -10,0 5,9 10,1 5,4 0,9 1,4 0,7 0,1 6,5 5,7 4,7 3,8

Despesas Públicas (%) 9,4 7,9 4,4 5,1 4,3 6,2 6,3 7,0 -0,6 5,5 5,0 4,7 4,6

Receitas Públicas (% PIB) 57,4 55,4 55,0 56,2 55,8 54,4 53,7 53,9 52,7 53,2 53,3 53,3 53,2

Despesas Públicas (% PIB) 38,9 45,0 44,1 43,0 42,2 43,3 44,9 47,9 46,5 46,4 46,2 46,2 46,5

Saldo Orçamental (% PIB) 18,5 10,3 10,9 13,2 13,5 11,0 8,8 6,0 6,2 6,7 7,0 7,0 6,7

Saldo Orçamental Estrutural (% PIB) -3,4 -5,7 -5,5 -4,6 -5,1 -5,3 -6,1 -7,0 -7,5 -7,3 -7,2 -7,2 -7,3

Saldo Primário (% PIB) 15,5 8,0 8,8 11,1 11,7 9,2 6,7 3,9 4,1 4,6 4,9 4,9 4,5

Balança Corrente (10^9 $) 72,4 41,1 46,8 61,5 63,4 52,4 47,1 27,7 21,5 26,1 29,1 30,5 28,0

Balança Corrente (% PIB) 15,7 10,6 10,9 12,4 12,4 10,0 9,4 7,0 5,4 6,3 6,7 6,7 6,0

População (10^6) 4,8 4,8 4,9 5,0 5,0 5,1 5,2 5,2 5,3 5,3 5,4 5,4 5,5

População (%) 1,4 1,2 1,3 1,3 1,3 1,2 1,2 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1

População 15-64 anos (% total) 66,1 66,2 66,2 66,1 65,9 65,5 - - - - - - -

Taxa de Desemprego 2,6 3,2 3,6 3,3 3,2 3,5 3,5 4,2 4,3 4,0 3,9 3,8 3,8

Emprego 3,3 -0,6 0,0 1,4 1,9 0,7 1,1 0,8 0,8 - - - -

PIB PPP (10^9 $) 299,1 296,5 302,0 311,2 325,6 333,4 346,3 352,8 361,5 373,8 388,7 405,2 422,3

PIB per capita PPP $ 62 490 61 231 61 520 62 571 64 630 65 415 67 166 67 671 68 586 70 143 72 158 74 395 76 700

PIB per capita $ 96 500 79 787 87 309 100 172 101 169 102 496 96 930 76 266 74 903 77 919 81 022 83 256 85 537

Exportações (%) 0,1 -4,1 0,7 -0,8 1,4 -3,0 2,7 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5

Bens (%) 0,6 -4,1 -3,1 -2,4 -0,3 -4,7 1,8 0,8 0,9 0,9 0,9 1,0 1,0

Importações (%) 3,2 -10,0 8,3 4,0 3,1 4,3 1,9 1,7 2,4 2,8 2,8 2,8 2,8

Bens (%) 2,7 -11,6 7,5 4,5 0,2 4,2 -0,2 1,4 2,1 2,6 2,6 2,6 2,6

Agricultura (% PIB) 1,2 1,4 1,7 1,4 1,2 1,5 - - - - - - -

Indústria (% PIB) 45,2 38,8 39,3 41,6 42,0 40,8 - - - - - - -

Serviços (% PIB) 53,6 59,9 59,0 57,0 56,8 57,7 - - - - - - -

Esperança Vida à nascença (anos) 80,6 80,8 81,0 81,3 81,5 81,5 - - - - - - -

F o nte : FMI (Wo rld Eco no mic Outlo o k - o utubro de 2015); Banco Mundia l (res tantes dado s his tó rico s s em previs õ es ).

Page 2: Exportações (%) 0,1 -4,1 0,7 -0,8 1,4 -3,0 2,7 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5 - … · 2015-11-20 · de bem-estar social. É também uma nação voltada para a navegação, pois tem uma

2

Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)

27 Combustíveis minerais, óleos e produtos de destilação 92,0 75,2

03 Peixes, crustáceos, moluscos, invertebrados aquáticos entre outros 10,6 8,6

84 Máquinas, reatores nucleares e caldeiras 7,5 6,1

99 Mercadorias não-especificadas 4,7 3,8

76 Artigos em alumínio 4,2 3,5

Outros produtos 3,4 2,8Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas

Principais EXPORTAÇÕES (2014)

Código Descrição Valor (mM$) Peso (%)

84 Máquinas, reatores nucleares e caldeiras 13,1 30,5

87 Comboios e veículos elétricos 9,1 21,2

85 Equipamento elétrico e eletrónico 8,3 19,2

27 Combustíveis minerais, óleos e produtos de destilação 4,7 10,9

73 Artigo em aço e ferro 4,6 10,6

Outros produtos 3,3 8,2

Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas

Principais IMPORTAÇÕES (2014)

País Valor (mM$) Peso (%) País Valor (mM$) Peso (%)

Reino Unido 32,75 22,9 Suécia 10,97 12,3

Alemanha 24,16 16,9 Alemanha 10,57 11,9

Holanda 18,35 12,8 China 8,45 9,5França 8,64 6,0 Reino Unido 5,77 6,5Suécia 8,15 5,7 EUA 5,53 6,2Outros países 50,8 35,6 Outros países 47,9 53,7

Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas Fo nte : Inte rna tio nal Trade Centre (ITC) - Naçõ es Unidas

Principais Parceiros Comerciais de IMPORTAÇÕES (2014)Principais Parceiros Comerciais de EXPORTAÇÕES (2014)

Tipo de Produto Valor (€)Share

(%)

TCMA09-14

(%)Tipo de Produto Valor (€)

Share

(%)

TCMA09-14

(%)Coque e produtos petrolíferos refinados 26 764 629 46,3 -8,7 Produtos da industria do tabaco 26 186 074 17,7 -Serviços de recolha, tratamento e deposição

de resíduos; serviços de valorização de

materiais

13 576 778 23,5 48,5 Minérios metálicos 17 789 583 12,0 -

Produtos alimentares 6 626 811 11,5 -16,8 Produtos têxteis 14 186 349 9,6 12,9

Produtos químicos 4 163 971 7,2 -28,3 Couro e produtos afins 13 396 683 9,0 7,9Produtos informáticos, electrónicos e

ópticos 2 444 440 4,2 -17,7 Artigos de vestuário 11 548 353 7,8 -4,7

Outros produtos das indústrias extractivas 1 071 975 1,9 -20,7Produtos metálicos transformados, excepto

máquinas e equipamento 9 229 045 6,2 22,7

Papel e cartão e seus artigos 650 195 1,1 -8,0 Artigos de borracha e de matérias plásticas 8 080 584 5,5 -1,0

Máquinas e equipamentos, n.e. 439 395 0,8 6,9 Máquinas e equipamentos, n.e. 7 920 601 5,3 42,6

Metais de base 423 315 0,7 -70,4 Outros produtos minerais não metálicos 7 852 295 5,3 4,8

Produtos metálicos transformados, excepto

máquinas e equipamento 381 590 0,7 23,4 Bebidas 7 275 669 4,9 1,8

Fonte: INE. Fonte: INE.

TOP 10 DAS IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL da NORUEGA (2014) TOP 10 DAS EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL PARA a NORUEGA (2014)

2012 2013 2014 2012 2013 2014

Importações de Portugal deste país (milhares €) 148 345 117 631 57 791 Exportações de Portugal deste país (milhares €) 104 197 106 897 148 202

Importações totais de Portugal (milhares €) 56 374 083 57 012 825 58 853 826 Exportações totais de Portugal (milhares €) 45 213 016 47 302 913 48 177 135

Peso das importações do país (%) 0,3 0,2 0,1 Peso das exportações do país (%) 0,2 0,2 0,3

Fonte: INE. Fonte: INE.

PESO da NORUEGA NAS IMPORTAÇÕES DE PORTUGAL (2012/14) PESO da NORUEGA NAS EXPORTAÇÕES DE PORTUGAL (2012/14)

Page 3: Exportações (%) 0,1 -4,1 0,7 -0,8 1,4 -3,0 2,7 1,5 1,4 1,4 1,4 1,5 1,5 - … · 2015-11-20 · de bem-estar social. É também uma nação voltada para a navegação, pois tem uma

3

Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

CONJUNTURA

PIB deverá abrandar em 2015 menos do que o

inicialmente esperado

ENQUADRAMENTO

Sistema de governo: monarquia constitucional

Primeira-Ministra: Erna Solberg

Presidente do Parlamento (Storting): Olemic

Thommessen

Capital: Oslo (647 676 habitantes)

Moeda: coroa norueguesa (NOK)

A Noruega é um país onde impera a social-democracia,

com um nível de bem-estar social elevado, uma

combinação modelar de atividades de mercado livre e de

economia mista e, por isso, com grandes propriedades

estatais em determinados setores chave. O Estado tem

fortes posições acionistas nos principais setores, tais

como o estratégico setor de petróleo (Statoil), a

produção de energia hidroelétrica (Statkraft), a produção

de alumínio (Norsk Hydro), o maior banco norueguês

(DNB) e as telecomunicações (Telenor). Através dessas

grandes empresas, o Governo controla

aproximadamente 30% do valor das ações na Bolsa de

Valores de Oslo. Considerando as empresas não cotadas

na bolsa, o Estado tem uma participação ainda maior na

propriedade (principalmente através da participação

direta em licenças de petróleo).

Na 2.ª metade do século XX, com o desenvolvimento da

indústria do petróleo (descoberto em 1969 e com início

da extração em 1971, no campo Ecofisk), a Noruega

emergiu como um dos países mais desenvolvidos do

mundo, fortaleceu a sua moeda e desenvolveu políticas

de bem-estar social. É também uma nação voltada para a

navegação, pois tem uma das maiores frotas mercantes

mundiais, com mais de 1 400 embarcações mercantes de

bandeira norueguesa e para a pesca (não sendo dos

mais representativos, Portugal é um dos clientes, devido

à captura e/ou importação de bacalhau).

Exportações de petróleo e gás

natural, economia mista e

saudável, substancial riqueza

acumulada e segurança

geracional futura assegurada

pelo “Government Pension Fund

Global”, tornam a Noruega um

país com excelentes perspetivas

A população norueguesa rejeitou duas vezes (referendos

de 1972 e 1994), o convite de adesão à União Europeia

(UE). Contudo, atualmente, a Noruega disponibiliza

financiamento para ajudar a reduzir as disparidades

sociais e económicas na Europa, tendo no período

2009/2014 financiado projetos em 16 países europeus,

num total de 1,8 mil milhões de euros (mM€) e em 2014

contribuído com 306 milhões de euros (M€) para o

orçamento da UE. É um dos principais investidores de

longo prazo na UE. Desde janeiro de 2014, o

Government Pension Fund Global (até 2006,

denominado por Fundo do Petróleo) investiu um total de

235 mM€ em ações e títulos nos países da UE. Além de

consideráveis investimentos no setor imobiliário,

aproximadamente 40% de ações e títulos de

investimentos globais do Fundo são realizados na UE.

Quase 200 000 cidadãos da UE estão atualmente a

trabalhar na Noruega (cerca de 7% da força de

trabalho).

A Noruega é o 2.º maior fornecedor de produtos

energéticos (depois da Rússia), incluindo petróleo e gás

natural da UE, sendo o 3.º maior exportador mundial de

gás e o 10.º maior exportador de petróleo. Quase todo o

gás norueguês é vendido no mercado europeu.

Os níveis de produtividade por hora, bem como o

salário médio por hora na Noruega, estão entre os

NORUEGA / PREVISÕES ECONÓMICAS DO DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DO MONTEPIO

2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

PIB 0,4 -1,6 0,6 1,0 2,7 1,0 2,2 1,8 1,4 1,8 2,1 2,2 2,2

Inflação 3,8 2,2 2,4 1,3 0,7 2,1 2,0 2,2 2,3 2,4 2,5 2,5 2,5

Taxa de Desemprego 2,5 3,2 3,6 3,3 3,2 3,5 3,5 4,0 4,5 4,4 4,2 4,0 3,8

Balança Corrente (% PIB) 15,7 10,6 10,9 12,4 12,4 10,0 9,4 8,1 8,5 8,9 9,3 9,3 8,5

Saldo Orçamental (% PIB) 18,7 10,3 11,0 13,4 13,8 10,8 9,1 8,3 7,7 7,5 7,8 7,8 7,4

No tas : To do s o s dado s his tó rico s s eguem a meto do lo gia da Co mis s ão Euro peia .

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

HAROLDO V

Rei da Noruega

mais elevados do mundo. Os valores igualitários da

sociedade norueguesa garantem que a diferença salarial

entre o trabalhador assalariado com rendimentos mais

baixos e o diretor executivo da maioria das empresas seja

muito menor do que em economias ocidentais

comparáveis, facto que, como corolário, se traduz no

baixo coeficiente de Gini do país (indicativo de que a

desigualdade na distribuição do rendimento é baixa).

A continuidade das exportações de petróleo e gás, por

mais algumas décadas, a manutenção de uma economia

saudável e a substancial riqueza acumulada, levam à

conclusão de que a Noruega irá permanecer entre os

países mais ricos do mundo no futuro, ideia fortemente

alicerçada nas condições e estádio civilizacional do país e,

principalmente, na segurança geracional imprimida pelo

fundo acima referido, cujos enormes ativos são geridos e

investidos numa perspetiva de “perpetuar” o bem-estar

da nação.

Este país tem vindo a ocupar lugares de topo a nível

mundial, entre outros aspetos, ao nível do PIB per

capita nominal, do PIB per capita em Paridade do

Poder de Compra (PPC), do Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH; PNUD – Programa

das Nações Unidas para o Desenvolvimento), de

indicadores mais recentes que medem o

desenvolvimento através do grau de digitalização das

economias e das sociedades a nível mundial, tais como o

Global Information Technology Report 2015 (ICTs for

Inclusive Growth, integrado pelo World Economic Forum,

o INSEAD e a Cornell University), o Open Data

Barometer Global Report (World Wilde Web

Foundation) e, ainda, ao nível do Doing Business, uma

análise elaborada pelo Banco Mundial sobre a

dificuldade/facilidade de as pequenas empresas fazerem

negócios em cada um dos 186 países analisados (ocupa

o 9.º lugar).

POLÍTICA INTERNA

Segundo a Constituição, aprovada em 17 de maio de

1814 e inspirada pela Declaração de Independência dos

EUA e pela Revolução Francesa, de 1776 e 1789,

respetivamente, a Noruega é uma monarquia

constitucional unitária com um sistema parlamentar de

governo, onde o Rei é o chefe de Estado e o Primeiro-

ministro é o chefe de Governo. O poder é repartido entre

os poderes legislativo, executivo e judiciário, tal como

definido pela Constituição, que serve como documento

legal supremo do país.

A monarquia, oficialmente, retém o poder executivo, no

entanto, após a introdução de um sistema parlamentar

de governo, os deveres do monarca tornaram-se

estritamente representativos e cerimoniais, como a

nomeação formal e a demissão do Primeiro-ministro e

outros ministros do Governo. Assim, o monarca é o

comandante/chefe das Forças Armadas, é a autoridade

suprema da Igreja da Noruega e atua como principal

representante diplomático no exterior e um símbolo da

unidade nacional. Na prática, o Primeiro-ministro é

responsável pelo exercício do poder executivo.

Monarquia constitucional

Constitucionalmente, o poder legislativo é exercido pelo

Governo e pelo Parlamento, de câmara única, sendo o

legislador supremo. Uma proposição pode tornar-se lei

por maioria simples entre os 150 representantes, que são

eleitos com base na representação proporcional de 19

circunscrições para mandatos de quatro anos. Um

adicional de 19 lugares (“lugares de nivelamento”) é

alocado numa base nacional para fazer com que a

representação no Parlamento corresponda melhor aos

votos dos cidadãos.

Como tal, a Noruega é fundamentalmente uma

democracia parlamentar (Storting, o que significa Grande

Assembleia) em que os membros do Parlamento podem

ratificar tratados, mas também acusar membros do

Governo se os seus atos forem declarados

inconstitucionais e como tal têm o poder de retirá-los do

cargo (impeachment).

A posição de Primeiro-ministro é atribuída ao membro

do Parlamento que consegue a confiança de uma

maioria no Parlamento, que pode ser o líder do partido

político mais votado, ou que consiga uma maioria

através de uma coligação de partidos. Registe-se que a

Noruega tem sido governada por governos de minoria.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

POLÍTICA EXTERNA

Em 1814, enfraquecida, a Noruega entra sob domínio da

Dinamarca ficando subordinada até ao fim das Guerras

Napoleónicas, quando a conquista sueca sobre os

dinamarqueses fez com que a Noruega entrasse em

união com Suécia. Apesar de o poder ter ficado na mão

dos monarcas suecos, a união foi igualitária e os

noruegueses desfrutaram de grande liberdade política e

sociocultural. O reino teve duas línguas, o norueguês e o

sueco, e duas capitais, Cristiânia (atual Oslo) e

Estocolmo. Refira-se que 91 anos depois (1905), a união

teve fim, pacificamente.

Durante a II Guerra Mundial, a Alemanha levou a cabo a

Operação Weserübung, através da qual invadiu a

Noruega e a Dinamarca, simultaneamente (9 de abril de

1940). A Dinamarca rendeu-se, mas a Noruega, que

possuía uma das maiores frotas marítimas europeias,

bem como uma localização próxima à costa britânica, foi

manipulada pelos britânicos, que encararam a resistência

dos noruegueses aos alemães como crucial. Para tal, os

ingleses e franceses enviaram tropas para desocupar os

principais portos do país e resgatar a marinha

norueguesa ao poder alemão.

Referendos realizados em 1972 e

1994 rejeitaram aderir à UE

Durante dois meses de intensa resistência, tropas

soviéticas entram em solo norueguês para atuarem

contra os finlandeses na Guerra de Inverno e, enquanto

cidades como Narvik, Oslo e Stavanger se viam entre o

poder britânico e alemão, cidades como Kirkenes e

Vadsø eram disputadas pelos soviéticos e pelos alemães.

Em 1949, a Noruega torna-se um dos membros

fundadores da NATO. Mantém embaixadas em quase 90

países, enquanto mais de 60 países mantêm embaixada

na Noruega, todos eles na capital. Além disso, a Noruega

é um dos membros fundadores da Organização das

Nações Unidas (ONU), do Conselho da Europa e da

Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA).

Através da EEA a Noruega é um

parceiro privilegiado no

mercado interno da UE

Após o referendo de 1994, a Noruega manteve a sua

participação na European Economic Area (EEA),

acordo que concede o acesso do país ao mercado

interno da UE, com a condição de que implemente os

atos legislativos para tal relevantes. Desde 1994,

sucessivos governos noruegueses solicitaram a

participação em partes da cooperação da UE que vão

além das disposições do acordo EEA. A participação sem

direito a voto para a Noruega foi concedida, por

exemplo, na Política de Defesa e de Segurança Comum,

no Acordo de Schengen e na Agência Europeia de

Defesa.

A EEA é o esteio da cooperação entre a Noruega e a UE.

Através dela, a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein são

parceiros iguais no mercado interno da UE, nas mesmas

condições que os Estados-membros da UE, o que inclui

ter acesso a quatro liberdades do mercado interno: a

livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e

capitais.

Cerca de 80% das exportações e

de 60% das importações

norueguesas vão para, e têm

origem, na UE

Na verdade, cerca de 80% das exportações norueguesas

vão para a UE e cerca de 60% das suas importações têm

origem em países da UE. Além disso, o acordo também

abrange a cooperação em outras áreas importantes, tais

como a investigação e o desenvolvimento, a educação, a

política social, o ambiente, a proteção dos consumidores,

o turismo e a cultura. A energia e o clima, as pescas, os

assuntos do mar, a investigação e educação são outras

áreas importantes de cooperação, não estando cobertas

pelo acordo a política agrícola comum e das pescas, da

união aduaneira, a política comercial comum, a política

externa e de segurança comum, justiça e assuntos

internos ou da união monetária.

Sob o acordo da EEA, indivíduos e empresas gozam de

liberdade de estabelecimento e de livre prestação de

serviços em toda a EEA em igualdade de condições.

Permite a livre circulação de investimento de capital

transfronteiriços por residentes e empresas na EEA, sem

discriminação em razão da nacionalidade, local de

residência ou local de estabelecimento. Os cidadãos e as

empresas têm o direito de transferir dinheiro entre os

Estados da EEA e para abrir contas bancárias, investir em

ações e fundos e pedir empréstimos no espaço da EEA.

Um dos princípios fundamentais do Acordo EEA é a

homogeneidade, o que significa que as mesmas regras e

condições de concorrência se aplicam a todos os

operadores económicos no âmbito da EEA. Para manter

a homogeneidade, o Acordo EEA é continuamente

atualizado para garantir que a legislação dos estados está

em linha com a legislação do mercado interno da UE.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

ATIVIDADE

Nas duas primeiras décadas após a II Guerra Mundial, o

país experimentou um rápido crescimento económico

devido ao transporte marítimo, à marinha mercante e à

industrialização e a partir da década de 1970 o

crescimento foi suportado pela descoberta e exploração

de grandes jazidas de petróleo no Mar do Norte e no

Mar da Noruega. Depois da crise económica de 2008/09

a coroa norueguesa tem vindo a ser considerada uma

das mais sólidas moedas e o país é classificado como um

dos mais ricos, pois, através do Government Pension

Fund Global (ex-Fundo do Petróleo; desenvolvido no

capítulo seguinte), possui a maior reserva de capital per

capita do mundo. Além do petróleo, a Noruega possui

ricos recursos em campos de gás, hidroeletricidade,

peixe, floresta e minerais, ocupando o 2.º lugar como

exportador de produtos do mar (em valor, depois da

República Popular da China). Outras principais indústrias

do país incluem o processamento de alimentos,

construção naval, metais, produtos químicos, mineração

e produtos de papel.

Nação marítima, com grande

parte da sua população a viver

ao longo da costa e dependendo

do mar (petróleo, gás natural,

construção naval, transporte

marítimo e pesca)

Uma abordagem integrada para a gestão dos oceanos e

assuntos marítimos, como estipulado pela política

marítima da UE, está em linha com o pensamento e a

política da Noruega. A UE lançou a sua política marítima

integrada em dezembro de 2007 e a Noruega coopera

estreitamente com a UE neste domínio, podendo a nova

legislação da UE aplicar-se à Noruega, através do acordo

EEA.

Em geral, a Noruega e a UE cooperam estreitamente na

gestão dos recursos marinhos, incluindo o

acompanhamento e a aplicação dos regulamentos nos

esforços comuns para combater o problema da pesca

ilegal, não declarada e não regulamentada, que tem

apresentado resultados animadores, e, além disso, a

Noruega coopera estreitamente com a UE em matéria de

gestão dos recursos e proteção do ambiente marinho,

participa em programas relevantes da UE e atua como

parceiro no desenvolvimento das políticas marítimas

europeias. A gestão dos recursos marinhos vivos não está

incluído no Acordo EEA, mas navios de pesca

noruegueses e da UE capturam peixe e outros produtos

do mar nos mesmos oceanos.

A Noruega é um dos maiores exportadores mundiais de

peixe. Cerca de 60% do total das exportações de

produtos do mar noruegueses vão para a UE. Um

protocolo do Acordo EEA regulamenta o comércio entre

a Noruega e a UE na área de peixe e marisco. Em 2014,

a Noruega exportou produtos marítimos para 140 países,

manteve a 2.ª posição a nível mundial como exportador

destes produtos (33% com origem marítima e 66%

provenientes de aquacultura), perfazendo 2,7 milhões de

toneladas e 69 mM NOK, tendo como principais países

destino: Polónia, França, Reino Unido, Rússia, Suécia,

China, Japão, Holanda e Alemanha.

É um dos maiores armadores do mundo, com cerca

de 5% da frota mundial, possuindo mais de 15 milhões

de toneladas brutas de navios sob a sua bandeira

[Norway International Ship Registration (NIS)]. Os navios

do NIS desfrutam de benefícios por terem bandeiras de

conveniência norueguesa e não têm que ser tripulados

por noruegueses. A infraestrutura costeira é operada

pelo Norwegian Coastal Administration, enquanto os

portos são operados pelos municípios.

A produção de petróleo e gás natural na plataforma

norueguesa utiliza pipelines para o transporte destes

produtos para a Noruega e outros países europeus, que,

globalmente, atingem os 10 000 Km de comprimento. A

Gassco, propriedade do Governo, opera todos os

pipelines de gás natural, sendo que anualmente são

transportados perto de 100 mil milhões de m3, o que

corresponde a cerca de 15% do consumo europeu.

Sistema orçamental garante que

a maior parte das receitas

líquidas da extração do petróleo

reverta para o Estado,

contribuindo, de forma

relevante, para o financiamento

do Estado Social

Outro meio de transporte crucial na Noruega é o Ferrie,

utilizado intensivamente para transporte de passageiros e

de mercadorias entre ilhas e fiordes. O Coastal Express

(conhecido como Hurtigruten) opera ferries de cruzeiro

diários que circulam entre mais de 35 portos e operam

desde o sul da Noruega para a Dinamarca, Alemanha e

Suécia.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

O setor petrolífero gera grandes, mas flutuantes, receitas

para a Noruega. Desde 1970, esta indústria tem sido

fortemente desenvolvida e o seu valor acrescentado, ao

longo dos últimos 10 anos, tem oscilado entre 23% e

33% do PIB. Por outro lado, a indústria do petróleo

contribui, consideravelmente, através da sua dinâmica de

procura de outros bens e serviços, para a atividade e

para a criação de postos de trabalho no resto da

economia.

O crescimento da procura agregada do setor de petróleo

foi particularmente acentuado a partir de meados dos

anos 1970 e prolongou-se até meados dos anos 1980.

Posteriormente, flutuou em torno de um nível estável em

termos de percentagem do PIB e voltou a crescer ao

longo do período 2005/13. Em 2014 deixou de crescer e

estima-se que cairá nos próximos três anos.

Em 2014 os investimentos petrolíferos corresponderam a

cerca de 9% do valor acrescentado da economia. A

produtividade no setor é elevada e o emprego direto da

indústria é responsável por cerca de 1% do emprego

total na Noruega. Os custos salariais são baixos em

relação aos investimentos associados à indústria (capital

intensiva). No entanto, o nível salarial é claramente

superior ao nível médio praticado na restante economia

do país.

A economia norueguesa observou durante a 1.ª metade

deste ano uma forte perda de ímpeto económico após

vários anos de ritmos de crescimento relativamente

elevados. A maior parte deste forte abrandamento pode

ser explicado por desenvolvimentos a nível externo,

embora as taxas de juro baixas e o aumento dos preços

dos imóveis também tenham provocado um aumento da

procura interna e originado uma acumulação de alguns

riscos para a economia norueguesa.

A economia cresceu em cadeia apenas 0,2% no 1.º

trimestre e estabilizou no 2.º trimestre. As exportações

líquidas e o investimento foram os componentes que

mais condicionaram o comportamento da economia na

primeira metade do ano. As exportações contraíram

2,8% no 1.º trimestre, tendo depois subido apenas 0,3%

no 2.º trimestre, ao passo que o investimento em capital

fixo (FBCF) contraiu 0,9% no 1.º trimestre e subiu uns

meros 0,1% no trimestre seguinte. Esta deterioração da

atividade económica durante o 1.º semestre esteve

diretamente relacionada com a evolução do preço do

petróleo, que deverá continuar a condicionar economia

nos próximos trimestres.

Forte e inesperada subida do PIB

no 3.º trimestre leva-nos a

esperar um abrandamento

inferior da atividade em 2015

No entanto, os dados preliminares do PIB respeitantes ao

3.º trimestre acabaram por trazer algumas surpresas,

pela positiva, dando conta de um acréscimo em cadeia

da economia norueguesa de 1,8%, em forte aceleração

(0,0% no 2.º trimestre), e com esse acréscimo a refletir

essencialmente o forte crescimento apresentado pelo PIB

associado às atividades petrolíferas, que expandiu 7,5%

segundo estes dados, apresentando o 1.º crescimento

em cadeia este ano (-0,5% e -1,0% nos dois primeiros

trimestre de 2015), com o PIB “continental” (isto é,

excluindo as atividade off-shore, nomeadamente, a

extração de petróleo) a crescer apenas 0,2%, em ligeira

desaceleração face aos 0,3% observados nos dois

primeiros trimestres do ano. O PIB total no 3.º trimestre

foi suportado pela procura interna, onde se observou

crescimento na generalidade das principais componentes

– consumo privado (+0,1%), consumo público (+0,6%) e

FBCF (+0,2%) –, mas essencialmente pela procura

externa líquida, que apresentou um forte contributo

positivo, decorrente tanto de um forte acréscimo das

exportações (+4,6%), como de uma queda das

importações (-2,3%).

Antes destes dados do PIB do 3.º trimestre, a nossa

expectativa era de que atividade económica

permanecesse relativamente fraca até final do ano, com

estes dados a acabarem por nos levar a rever em alta a

nossa previsão de médio crescimento anual da economia

norueguesa para este ano, mesmo admitindo uma

natural correção deste forte acréscimo do PIB no

derradeiro trimestre do ano. Assim, depois do

crescimento 2,2% observado em 2014, em aceleração

face aos 1,0% registados em 2013, passamos a prever

um abrandamento apenas para 1,8% (antes destes

dados do PIB do 3.º trimestre, a OCDE, por exemplo,

previa um acréscimo de 1,2%). A economia deverá voltar

a desacelerar em 2016, ano para o qual se prevê um

acréscimo de 1,4%, devendo então posteriormente

encetar uma gradual aceleração do crescimento,

apontando-se para um crescimento médio em torno de

2,1% no período 2017/20. De notar que subsistem

riscos significativos para estas previsões, refletindo a

incerteza sobre a intensidade dos efeitos de contágio na

economia continental do declínio dos preços do

petróleo, e com a atividade económica e sentimento dos

agentes económicos do país a deverem nos próximos

anos estar intimamente ligados à evolução dos mercados

globais de energia.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

OPORTUNIDADES

O fator língua não é um impedimento para a

concretização de negócios na Noruega, dado que cerca

de 90% da população fala fluentemente inglês, mas,

quem pretenda investir na Noruega terá que ter

consciência do enorme peso que o Estado tem na

economia, visível em todas as áreas e, com especial

incidência, no petróleo, na energia e no setor bancário.

Em geral, a Noruega posiciona-se muito bem em

diferentes indicadores e dimensões de bem-estar. Em

comparação com outros países da OCDE, a Noruega tem

rendimentos médios elevados e segurança no trabalho

(medida em termos de probabilidade de ficarem

desempregados), bem como uma baixa taxa de

desemprego de longa duração.

Entre 2009 e 2014 o rendimento bruto aumentou 8,2%,

o maior aumento proporcional na área da OCDE. A

Noruega também se posiciona muito bem em outras

dimensões da vida. Por exemplo, o nível médio de

satisfação com a vida na Noruega é um dos mais

elevados na OCDE.

O rendimento disponível per capita médio das famílias é

elevado, mas a riqueza financeira líquida das famílias

está abaixo da média da OCDE. Em termos de educação,

as habilidades cognitivas dos noruegueses jovens de 15

anos estão abaixo da média da OCDE.

Uma série de fatores indicia que

a economia norueguesa está em

movimento, rumo a um “New

Normal”

O envelhecimento da população proporciona um baixo

crescimento da força de trabalho e o nível de imigração

laboral nos próximos anos é incerto. A imigração líquida

inferior pode moderar o impacto da redução da procura

de mão-de-obra resultante do declínio dos preços do

petróleo. Ao mesmo tempo, a procura da indústria de

petróleo vai perder peso em relação ao tamanho da

economia “continental”, desenvolvimento que tem sido

acelerado pelo declínio do preço do crude, fenómeno

que exigirá a reestruturação, especialmente de indústrias

fornecedoras de produtos e serviços utilizados nas

plataformas off shore (equipamentos pesados,

transportes, máquinas, entre outros).

Crescimento da produtividade

perdeu fôlego desde meio da

década anterior e o crescimento

será menor nos próximos anos

A redução do preço do petróleo, de cerca de 110 dólares

por barril no verão de 2014 para menos de 50 dólares

por barril desde agosto de 2011, está a tornar a Noruega

uma nação um pouco menos rica. O Estado absorve uma

grande parte da perda sob a forma de menores receitas

do setor petrolífero, o que significa transferências

inferiores para o Global Government Pension Fund.

Se o preço do petróleo continuar em baixa, uma série de

projetos de investimento podem ser alterados, adiados

ou cancelados, mas, por outro lado, a redução do preço

do petróleo irá, quando olhada isoladamente, estimular

o crescimento da economia mundial. As baixas taxas de

juro e outras medidas de política monetária,

especialmente nos países tradicionalmente

industrializados, também apoiam o crescimento

económico (a recuperação é moderada na Europa, ao

passo que as perspetivas são mais otimistas para a

economia dos EUA e, embora o crescimento esteja em

declínio na China e na maioria das economias dos países

emergentes, esses países vão continuar a fazer

contribuições significativas para o crescimento

económico mundial).

A Noruega é um país de oportunidades. Além do que se

expõe no capítulo Perspetivas de Médio e Longo

Prazo sobre o Global Government Pension Fund – o

maior fundo de investimento do mundo – que

proporciona de per si uma riqueza per capita atual na

ordem dos180 000 dólares, é um país onde é apetecível

fazer negócios, pois tem um ambiente muito propício

para tal. Seguem-se alguns exemplos.

O Doing Business é uma análise/relatório anual do

Banco Mundial, que avalia aspetos da regulamentação de

negócios que interferem com a facilidade de pequenas e

médias empresas fazerem negócios em áreas como

iniciar um negócio, lidar com licenças de construção,

aceder à eletricidade, registar propriedades, obter

crédito, proteção de investidores minoritários,

pagamento de impostos, negociação inter fronteiras,

cumprimento de contratos e celeridade de um processo

de insolvência, e, além disso, mede também as

características mais marcantes ao nível da regulação do

mercado de trabalho, mas não considera outros aspetos

do ambiente de negócios, como a segurança, a dimensão

do mercado, a estabilidade macroeconómica e o grau de

disseminação do suborno e da corrupção.

No estudo Doing Business 2016, publicado em

27/10/2015, a Noruega posiciona-se em 9.º lugar,

com 81,61 pontos (que compara com os 87,34 de

Singapura, o país líder, com os 81,72 da Suécia, o 8.º

lugar, e os 84,4 da Dinamarca, o 3.º lugar), sendo de

referir que, regra geral, ocupa lugares do top 20, com

exceção de três indicadores parciais –

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

facilidade/dificuldade em obter crédito (70.º); pagar

impostos (37.º) e celebrar contratos (24.º). De 2014 (8.º)

para 2015 desceu uma posição no ranking e, entre 2008

e 2015, a posição mais baixa atingida foi em 2009 (10.º)

e a melhor posição (6.º) em 2011.

Por outro lado, em cada vez um maior número de países,

a “política económica digital” é encarada como um

desígnio transversal e a sua visão culmina com particular

ênfase nos países digitalmente mais avançados,

como é o caso da Noruega, em patamares de bem-

estar de nível superior e numa espiral civilizacional

positiva que se vislumbra sem paralelo e sem retrocesso,

estando, pelo menos indiretamente, a serem dados

passos muito firmes no sentido de reforçar o crescente

envolvimento do cidadão, na tomada de decisão, já que

cada vez mais se apresenta como “Digital Omnivore”

(utiliza tablet, smartphone e laptot) e como “cidadão

sensor”, que, como tal, está cada vez mais informado e

fornece cada vez mais informação.

No âmbito do open data movement dá-se como

adquirido que o direito público à informação existe e que

inclui: i) a divulgação pró-ativa de informações; ii) a

internet, como meio privilegiado para tal divulgação; iii)

informações disponíveis para acesso e para reutilização

gratuita; e iv) informações disponíveis em formatos, fácil

e mecanicamente legíveis, para permitir a reutilização

baseada em computadores.

Demonstrando a atualidade deste movimento, em

meados de 2013, o G8 veio reforçar a tendência de cada

vez maior abertura dos governos e das suas políticas,

com a assinatura da G8 Open Data Charter e, no ano

seguinte, os países do G20 comprometeram-se a avançar

na abertura de dados como arma contra a corrupção.

Entretanto a ONU reconheceu a necessidade de uma

"revolução de dados" (Data Revolution) para alcançar os

objetivos de desenvolvimento global para 2016 – 2030

(Sustainable Development Goals – SDGs).

Nessa senda, a World Wilde Web Foundation elaborou,

no início de 2015, a 2ª edição do Open Data

Barometer Global Report, na qual repartiu os países

analisados (86) em quatro clusters: i) alta capacidade –

países com políticas de dados abertos, geralmente com

um forte apoio político e onde existe uma cultura de

dados abertos em diferentes agências governamentais, e

cada vez mais a nível dos governos locais. Governo,

sociedade civil e indústria privada beneficiam

conjuntamente desta política; ii) emergentes e

avançados – os países neste cluster têm vários pontos

fortes e têm grande potencial para inovar, mas

enfrentam ainda desafios para institucionalizar a

abertura de dados como uma prática sustentável; iii)

fraca capacidade - os países neste agrupamento

enfrentam desafios em estabelecer iniciativas nesta área,

pois existem limitações inclusive ao nível do acesso à

internet a preços acessíveis e da recolha de dados digitais

e da sua gestão; e iv) iniciativas unilaterais – países

com libertação de dados orientada, nos quais as

liberdades políticas são restritas.

Olhando para a composição de cada um dos grupos, é

evidente que, grosso modo, replicam os níveis de

desenvolvimento de cada um dos países que o

constituem, sendo que a Noruega surge no 1.º grupo

(7.ª posição no ranking, liderado pelo Reino Unido),

significando que o Governo norueguês é um dos que

gere a “abertura de dados” e, ele próprio, a pratica de

forma recorrente, fazendo com que os dados gerados na

sua atividade (pública) fiquem disponíveis de forma

acessível, de fácil tratamento e (re)utilizáveis por

terceiros, ajudando a reunir as condições para a

criação de novas empresas, novos negócios, novos

produtos e mais emprego.

Na Europa, localizam-se algumas das economias

digitalmente avançadas e orientadas para a inovação

no mundo, em particular, os países nórdicos, entre os

quais a Noruega, que mantém a sua posição em 5.º

lugar, estando por detrás desta posição um desempenho

notável e em melhoria: posiciona-se no top 10 em seis

dos 10 pilares e a posição inferior que ocupa, não vai

além da 27.ª.

O Global Information Technology Report 2015 (ICT

for Inclusive Growht), integrado pelo World Economic

Forum, o INSEAD e a JOHNSON (Cornell University),

examina o papel das TIC no crescimento inclusivo em

143 países a nível mundial e evidencia que as mesmas

estão cada vez mais “poderosas”, mais acessíveis e

distribuídas de forma menos desigual, que se revelam

cruciais em termos de competitividade de

desenvolvimento e que induzem progresso em todos os

níveis da sociedade (havendo, no entanto, o risco de os

“desligados” se tornarem cidadãos de 2.ª classe, o que

reclama a tomada de medidas corretivas desses riscos,

sob pena de o contributo das TIC poder exacerbar

desigualdades em vez de as mitigar).

Especificamente, a Noruega é o melhor país do mundo

ao nível da infraestrutura (1.º). Os noruegueses são

ávidos utilizadores das TIC (3.º no pilar de uso

individual): 95% da população utiliza a internet (2.º, a

seguir à Islândia) e cerca de 93% dos lares estão

equipados com um computador (5.º lugar). O acesso à

banda larga fixa e móvel para internet é generalizado (5.º

e 13.º, respetivamente). O Governo tem sido muito bem-

sucedido na promoção das TIC (18.º) e na prestação de

serviços on-line para empresas e cidadãos (21.º). A

economia e a sociedade da Noruega como um todo

são positivamente afetados pela tecnologia da

informação: i) as empresas são capazes de adotar novos

modelos de organização, aumentando assim a

capacidade de adaptação do ambiente de trabalho (3.º),

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

ii) empregam quase metade dos seus trabalhadores em

postos de trabalho intensivo em conhecimento (7.º);

iii) as TIC contribuem igualmente para a melhoria

do acesso aos serviços básicos (6.º) e são

amplamente usados no sistema de educação do país

para melhorar os resultados de aprendizagem (3.º). Além

disso, possui um dos melhores quadros políticos e

regulamentares (6.º) e um ambiente de negócios e

de inovação extremamente favoráveis (7.º).

INFLAÇÃO

A inflação manteve-se relativamente elevada nos últimos

meses, com a taxa anual de inflação subjacente, que

exclui os preços de energia e os impostos, a diminuir

ligeiramente em outubro, de 3,1% para 3,0%, mas

encontrando-se apenas ligeiramente abaixo do máximo

de cinco anos (+3,2%) registado em junho e bem acima

do objetivo de inflação de médio prazo de 2,5% do

Banco Central da Noruega (Norges Bank).

Previsões apontam para inflação

média anual de 2,2% em 2015 e

de 2,4% para o período 2016/20

Por seu lado, a taxa de inflação (medida pela variação

homóloga do IPC geral) subiu de 2,1% para 2,5%,

acelerando pelo 3.º mês consecutivo e atingindo um

máximo de quatro meses. Os preços dos bens

alimentares e bebidas não alcoólicas diminuíram em

termos mensais (-1,0%, que compara com os +0,4% do

IPC geral), mas continuaram a ser os maiores

contribuintes para a taxa de inflação (+3,3% vs +4,2%

em setembro), seguido dos preços dos acessórios,

equipamento doméstico e manutenção da habitação

(+6,4% vs +6,3% em setembro).

A contínua pressão ascendente sobre os preços

resultantes ou que resultam das importações de bens,

refletindo a depreciação da coroa norueguesa, não

deverá aliviar no curto prazo, dadas as perspetivas de

novo alívio da política monetária.

Prevemos uma inflação média anual de 2,2% para 2015,

ligeiramente acima da observada no ano passado

(+2,0% em 2014), devendo acelerar ligeiramente nos

anos seguintes, apontando-se para uma inflação média

de 2,4% no período 2016/20.

POLÍTICA MONETÁRIA

Desde junho de 1993, a taxa de depósito do Banco

Central da Noruega (Norges Bank) tem sido usada como

a sua principal taxa de intervenção, que a utiliza para

sinalizar a política aos participantes no mercado

monetário.

Inflação baixa, perspetivas de

ténue crescimento, baixos

preços do petróleo,

endividamento elevado das

famílias e fraco investimento,

constituem um cenário pouco

tranquilizante para as

autoridades e intervenientes no

mercado monetário

Na última reunião de política monetária, que decorreu a

5 de novembro, o Banco Central da Noruega manteve as

taxas de juro inalteradas num mínimo histórico, num

contexto em que os preços do petróleo abaixo de 50

dólares continuam a condicionar as perspetivas de

crescimento do maior produtor de petróleo da Europa

ocidental. Assim, a taxa de juro diretora foi mantida em

0,75%, depois de ter sido reduzida na anterior reunião

em 25 p.b.. Segundo referiu o banco central em

comunicado, os efeitos da queda dos preços do petróleo

e da descida do investimento no setor petrolífero estão a

tornar-se gradualmente mais evidentes, especialmente

nos países e regiões do globo mais ligados à indústria do

petróleo. Segundo a autoridade monetária, assistiu-se,

como esperado, a um aumento do desemprego,

enquanto o consumo de bens de consumo tem sido

inferior ao projetado. Em termos gerais, o banco central

referiu que as expectativas de taxas de juro diretoras

entre parceiros comerciais da Noruega diminuíram um

pouco. Por seu lado, a taxa de câmbio da coroa tem-se

apresentado mais fraca do que o previsto, e uma política

orçamental mais expansionista contribuirá para incentivar

a procura de bens e serviços.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

Recorde-se que em setembro o Banco Central da

Noruega tinha decidido reduzir a taxa de juro diretora

em 0,25 p.p., surpreendendo as expectativas do

mercado e baseando a sua decisão no facto das

perspetivas de crescimento para a economia norueguesa

terem enfraquecido e da inflação dever diminuir nos

meses seguintes. É provável que, devido à queda dos

preços do petróleo, o crescimento da economia

norueguesa se mantenha baixo por um período mais

longo do que o previsto anteriormente. Na altura, o

Governador do banco central, Øystein Olsen, também

tinha justificado a descida da taxa de juro de referência

para um mínimo histórico com o facto de terem passado

a perspetivar uma queda do investimento no setor

petrolífero superior à que tinham previsto em junho,

prevendo que a menor procura de bens e serviços desse

setor acabasse por reduzir a atividade noutras áreas da

economia. A autoridade referiu também em setembro

que a inflação nos preços da habitação tem sido um

pouco superior à prevista, embora com grande dispersão

regional, tendo a dívida das famílias continuado a crescer

a um ritmo mais rápido do que o rendimento, situação

que começa a ser preocupante para as autoridades.

Em termos prospetivos, note-se que o Governador do

Banco Central da Noruega tem realçado o efeito

ascendente que a depreciação da coroa tem tido sobre

os preços no consumidor, tendo designadamente na

reunião de política monetária de setembro referido que

as perspetivas atuais para a economia norueguesa

sugerem que a taxa de juro diretora poderá voltar a ser

reduzida ao longo de 2016, sendo o atual consenso um

corte de 0,25 p.p., para 0,50%.

POLÍTICA CAMBIAL

Depois de ter passado a maior parte do 1.º semestre de

2015 em valorização em relação ao euro, como

resultado, em especial, da decisão do Banco Central

Europeu (BCE) para a implementação de seu programa

alargado de compra de ativos (Quantitative Easing), a

coroa norueguesa tem vindo a depreciar de forma

constante (desde o final de maio).

Coroa norueguesa tem vindo a

depreciar de forma constante ao

longo dos últimos meses

Existem duas razões principais para a fragilidade que tem

empurrado a moeda para uma baixa de seis anos face ao

euro. Os receios dos investidores sobre a China e a

desaceleração mais ampla nos mercados emergentes,

que têm agravado a tendência de queda dos preços do

petróleo, desencadeando um sell-off da coroa

norueguesa devido à importância do petróleo para a

economia deste país.

O impacto do prolongado período de preços do petróleo

em baixa induz um acentuado abrandamento da

atividade económica, o que levou, em setembro, o

Norges Bank a estimular a economia através do corte da

taxa de referência para 0,75%, mantendo-se,

entretanto, inalterada em novembro, mas com a

perspetiva de mais um corte em 2016.

Mais no longo prazo será possível um reforço da coroa

norueguesa, dependendo da previsível recuperação do

preço do petróleo, cenário que poderá levar, então, o

banco central a aumentar as taxas, de modo a, por esta

via, interferir na correção dos preços do imobiliário.

POLÍTICA ORÇAMENTAL

Governo definiu dar prioridade

no OE 2016 às medidas de

promoção do emprego para

responder à desaceleração

cíclica no curto prazo

Na proposta de orçamento de estado para 2016 (OE

2016) o Governo definiu dar prioridade às medidas de

promoção do emprego, para responder à desaceleração

cíclica no curto prazo e para preparar o caminho para a

inevitável reestruturação de longo prazo da indústria do

petróleo que, cada vez mais, se deverá tornar um motor

menos importante para a economia.

As iniciativas orçamentais estão focadas em oito áreas

distintas: i) reforçar a competitividade; ii) reforçar as

infraestruturas; iii) criar oportunidades para todos na

área do conhecimento; iv) simplificar a vida das pessoas;

v) reforçar a segurança; vi) dar um impulso no bem-

estar dos doentes e idosos; vii) fortalecer a rede da

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

segurança social; viii) caminhar rumo a uma democracia

vibrante.

Tal como a política monetária, também a política

orçamental está focada em reforçar a economia em

resposta ao declínio acentuado dos preços globais da

energia desde meados de 2014. Em concreto, o atual

Governo adotou uma postura mais favorável às empresas

do que o anterior executivo, avançando com uma série

de reformas e cortes de impostos destinados a

incrementar o emprego e a produtividade.

A peça central de um projeto de lei de reforma tributária

que foi apresentado ao mesmo tempo que a proposta de

OE 2016, no início de outubro, é a estratégia plurianual

de diminuir a principal taxa do Imposto sobre o

Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC) dos atuais 27%

para 22% até 2018. Esta alteração irá colocar o sistema

tributário das empresas na Noruega mais em linha com o

apresentado pelos seus vizinhos, a Dinamarca, a

Finlândia e a Suécia, onde as taxas do IRC são de 23,5%,

20% e 22%, respetivamente. Inicialmente, o imposto vai

cair para 25% em 2016, em sintonia com uma redução

no Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares

(IRS) e os limites à nova taxa de imposto introduzida para

combater as distorções fiscais marginais que anteriores

reformas fiscais não conseguiram resolver.

O saldo orçamental das administrações públicas foi

de 9,1% do PIB em 2014, diminuindo face aos 10,8%

de 2013 e aliviando pelo 2.º ano consecutivo do maior

excedente desde 2008 que tinha sido observado em

2012 (13,8%). Decorrente designadamente da quebra

de receitas do setor do petróleo, e das utilities em geral,

antecipa-se uma nova redução do excedente orçamental

em 2015, para 8,3%, devendo voltar a diminuir em

2016 e 2017 e prevendo-se um excedente médio anual

de 7,6% para o período 2016/20.

O rácio da dívida pública, praticamente estabilizado em

cerca de 29% do PIB em 2012 e 2013, desceu para os

26,6% em 2014, mas prevendo-se que suba ao longo do

horizonte de previsão, decorrentes da já referida quebra

de receitas do setor do petróleo, e das utilities em geral,

já que o Estado absorve, por essa via, uma grande parte

das perdas naquele. Prevemos uma subida do rácio para

27,4% em 2015 e para que este se encontre abaixo dos

30,0% no final do período de previsão (2020).

CONTAS EXTERNAS

A Noruega tem como principais clientes para as suas

exportações de bens (dados de 2014), o Reino Unido

(quota de 22,9%), a Alemanha (16,9%), os Países Baixos

(12,8%) e a França (6%), reservando para Portugal a

25.ª posição, com uns meros 0,4% de quota. Já como

principais fornecedores a Noruega tem a Suécia (quota

de 12,3%), a Alemanha (11,9%), a China (9,5%) e o

Reino Unido (6,5%), ocupando Portugal a 36.ª posição,

com uma quota de 0,4%.

Como principais produtos exportados surgem os

combustíveis minerais, óleos e produtos de destilação

(75,2%), os peixes, crustáceos, moluscos invertebrados

aquáticos entre outros (8,6%) e as máquinas, reatores

nucleares e caldeiras (6,1%). Do lado das importações,

destaque para as máquinas, reatores nucleares e

caldeiras (30,5%), os comboios e veículos elétricos

(21,2%) e o equipamento elétrico e eletrónico (19,2%).

Superavit da balança corrente

deverá cair para 8,1% do PIB em

2015, mas rondar, em média, os

8,9% no período 2016/20

Em 2014 as importações e as exportações cresceram

1,8% e 1,7%, respetivamente, estimando-se que, em

2015, que as importações estabilizem e que as

exportações mantenham sensivelmente o ritmo de

crescimento do ano transato.

A balança comercial vai piorar significativamente este

ano, como corolário da queda das receitas “não

continentais” (o petróleo é extraído em plataformas

marítimas), que arrastam para baixo o valor das

exportações. Os dados do 1.º semestre do ano

evidenciam uma deterioração de 42% na balança

comercial em comparação com 2014. Embora a

depreciação da coroa tenha ajudado, as importações

estão a crescer a um ritmo mais rápido, o que aumenta o

impacto causado pela queda na ordem dos 30% nas

exportações de petróleo. O aumento das exportações

“do continente” satisfaz o Governo e o Banco Central da

Noruega, pois ambas as entidades querem reduzir a

dependência da economia dos combustíveis fósseis.

Assim, depois de já se ter assistido a uma redução do

excedente da balança corrente no ano passado, dos

10,0% do PIB observados em 2013 para 9,4%,

prevemos uma nova redução deste excedente em 2015,

para 8,1%, devendo depois subir para 8,5% em 2016 e

apresentar um valor médio de cerca de 8,6% no período

2016/20. Mesmo admitindo a hipótese de um período

prolongado de preços do petróleo ultrabaixos – não é

esse o nosso cenário central – não conseguiria empurrar

a balança corrente norueguesa para terreno negativo. No

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longo prazo, as exportações de petróleo deverão

continuar a diminuir, na medida em que a produção já

terá ultrapassado o seu pico máximo, mas a produção e

exportação de gás deverá assistir a algum

recrudescimento.

POPULAÇÃO

A população da Noruega ronda os 5,2 milhões. A maioria

dos noruegueses é de origem autóctone, descendentes da Germânia setentrional. Os lapões (povo Sami) habitam, tradicionalmente, as regiões central e norte da

Noruega. Outra minoria nacional é o povo Kven, descendente de povos de língua finlandesa, que se mudaram para o norte da Noruega entre os séculos XVIII e o século XX. Tanto os Sami como os Kven foram

submetidos a uma forte política de assimilação pelos governos noruegueses do século XIX até aos anos 1970. Outros grupos reconhecidos como minorias nacionais da

Noruega são os judeus, os skogfinns e os romanis (um ramo do povo Romani).

A imigração, nos últimos anos,

tem sido responsável por mais

de metade do crescimento da

população da Noruega

O número de migrações dentro de municípios (448 000)

e entre municípios (238 000) atingiram ambos níveis recorde. Todos os condados tiveram uma imigração líquida, mas a imigração líquida do exterior compensa a

perda de migração interna e o défice de nascimentos em muitos municípios.

Um total de 70 mil imigrações foram registadas em

2014, quase menos 10 mil do que no ano de pico de 2011, mas maior do que em todos os anos anteriores a 2010. O número de cidadãos estrangeiros que imigram

foi de 61,4 mil e dois terços deles eram cidadãos europeus. Desde 2007, o emprego tem sido a principal razão para a imigração. Os cidadãos polacos, lituanos e

suecos constituem metade da imigração europeia. Para os polacos, como para os suecos, esta foi uma redução de 600 imigrantes em relação ao ano anterior e para os

lituanos a redução correspondente foi de 1 100. Para os cidadãos europeus em conjunto, a imigração foi de 3 900 inferior.

MERCADO LABORAL

Entre o 3.º trimestre de 2014 e o 3.º trimestre de 2015

observou-se um aumento de 25 mil no número de

pessoas desempregadas, dos quais 23 mil do género

masculino.

O 3.º trimestre de 2015 fechou com 127 mil

desempregados, de acordo com o Labour Force Survey (LFS). O aumento do desemprego entre os homens foi significativo tanto entre os jovens (15-24 anos), como no

grupo etário seguinte (25-54).

Número de desempregados

aumentou, em termos

homólogos, em 25 mil no 3.º

trimestre e essencialmente (92%)

entre os homens

A percentagem de desempregados de longa duração diminuiu de 32% para 27% durante o mesmo período, sendo de notar que os desempregados de longa duração

são as pessoas que tenham estado desempregadas por

mais de 26 semanas. Devido a um relativamente elevado

afluxo de novos desempregados durante os últimos seis meses, a duração média do desemprego diminuiu de 26,7 para 25,4 semanas.

O LFS mostrou uma diminuição de 13 mil pessoas empregadas na indústria extrativa (petróleo e gás natural), o que corresponde a um decréscimo de 17% da

população empregada no setor.

No total, para todas as indústrias, o LFS registou um

aumento de 20 mil pessoas empregadas no ano passado, tendo sido o comércio a retalho o setor responsável pela maior parte desse crescimento.

Ao nível da taxa de desemprego, depois de ter

estabilizado em 2013/14 nos 3,5%, prevê-se uma subida

neste ano de 2015 para 4,0% e em 2016 para 4,5%,

devendo posteriormente encetar uma gradual trajetória descendente ao longo do restante período de previsão, devendo apresentar um valor médio de 4,1% no período

2017/20.

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PERSPETIVAS DE MÉDIO LONGO PRAZO

A população do país tem reunidas condições para viver e encarar o futuro com boas perspetivas. Com efeito e atentos também a tudo o resto que, de positivo, é referido nesta análise, o futuro dos noruegueses pode ser encarado tranquilamente graças à gestão parcimoniosa que o país tem vindo a fazer de um fundo – Global Government Pension Fund – criado em 1990, com base na riqueza proveniente das receitas do petróleo (maior fundo soberano do mundo) e gerido pelo Norges Bank Investment Management [http://www.nbim.no/en/the-fund/about-the-fund/. Em 18 de novembro, o valor de mercado do Global Government Pension Fund era de 7 380 mM NOK, podendo a sua evolução e composição da carteira ser acompanhadas em http://www.nbim.no/en/the-fund/.

Futuro tranquilo, dada a enorme

dotação do fundo soberano

O objetivo do fundo é investir numa ampla gama de países, empresas (Néstle, Aplle, Novartis, Roche Holding, Royal Dutch Shell, HSBC Holdings, Black Rock, Microsoft, Google, Sanofi, entre outros títulos) e outros ativos para obter o maior retorno possível com risco moderado, tal como estabelecido pelo Ministério das Finanças. O fundo não pode investir na Noruega e tem como estratégia base de investimento participações (flexíveis) de até 60%, 35% e 5% em ações, ativos de rendimento fixo e imobiliário, posições que, em 30 de setembro de 2015, ascendiam a 59,7%, 37,3% e 3,0%, respetivamente.

O Norges Bank Investment Management administra o fundo em nome do Ministério das Finanças, que, por sua vez, possui o fundo em nome do povo. O Ministério determina a estratégia de investimento, seguindo os conselhos de, entre outros, Norges Bank Investment Management. O Ministério transfere regularmente receitas petrolíferas para o fundo, sendo o capital investido no exterior, para evitar o super aquecimento da economia norueguesa e para o proteger contra os efeitos das flutuações dos preços do petróleo, investindo em mercados de ações e de rendimento fixo internacionais e imobiliário, de forma a ter um mix de investimentos, que lhe dará a maior rendibilidade possível ajustada ao risco, dentro das orientações definidas pelo Ministério.

O fundo é parte integrante do orçamento do Estado e as dotações líquidas para o mesmo refletem o excedente do orçamento total, incluindo da receita do petróleo. A política fiscal é baseada na diretriz que ao longo do tempo o défice estrutural orçamental, não petrolífero, deve corresponder ao retorno real do fundo, estimado em 4%. Esta regra, de acordo com a qual não mais de 4% do fundo, ao longo do tempo, deve ser gasto no orçamento nacional anual, foi estabelecida, pela 1.ª vez, em 2001.

Apesar do seu nome, o fundo não tem responsabilidades formais na área das pensões futuras, dado que ainda nenhuma decisão política foi tomada a respeito de quando o fundo pode ser usado para cobrir esses custos, minimizando, assim, a probabilidade de grandes retiradas do fundo, o que lhe confere o caráter de longo prazo que tem associado.

Desde a sua fundação, acumulou a sua vasta riqueza no intuito de assegurar o futuro das gerações futuras, nomeadamente quando a população envelhecer e os poços de petróleo forem descontinuados, tendo recentemente alterado um pouco a sua estratégia de forma a investir mais na área do imobiliário e nos mercados emergentes, aumentando, dessa forma, o rendimento e, assim, fazer crescer, ainda mais, o seu valor. Entre 1998 e 2014 a rendibilidade bruta anual foi de 5,8%. Depois de custos de gestão e inflação, o retorno foi, no mesmo período, de 3,8%.

A Noruega ocupa o 2.º lugar dos 34 países em todas as dimensões do índice Sustenaible Development Goals

(SDGs/ONU; 2016 – 2030). Está entre os três principais países na promoção sustentável do crescimento

económico e do emprego produtivo, com 75,3% dos

noruegueses em idade ativa no mercado de trabalho (2014). A Noruega é também um dos países da OCDE mais generosos em contribuições financeiras para os países em desenvolvimento, doando um louvável 1,1% do seu Rendimento Nacional Bruto (cerca de 5 mM$ em 2014).

Além disso, a Noruega está entre os cinco melhores países numa série de medidas ambientais. O país é 2.º, atrás da Suécia, em termos de emissões de gases com efeito de estufa. Com emissões por PIB de apenas 109,3 toneladas por milhão de dólares (muito melhor do que a média da OCDE, de 352,1 mil toneladas). O país também se classifica em 2.º lugar em termos de energia renovável, atrás de Islândia, com um admirável consumo bruto de 56,9% de energia proveniente de fontes renováveis (quase inteiramente hidro). Também é o 2.º país quando se trata de água, retirando apenas 0,8% dos seus recursos totais de água doce renovável e posiciona-se em 5.º lugar no Índice de Saúde dos Oceanos (que avalia os ecossistemas marinhos).

No entanto, entre os 34 países analisados, apenas o Chile e a Austrália apresentam desempenho mais fraco em termos de resíduos domésticos (a média da OCDE é de 19 toneladas de material per capita). As atuais 35,6 toneladas per capita representam um grande desafio para a Noruega. Por outro lado, utiliza fertilizantes em excesso, nomeadamente nitrogénio e fósforo, que poluem o meio ambiente, ameaçando ecossistemas e a qualidade da água e colocam Noruega na 28.ª de 34 posições para este indicador.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

ÍNDICE DE LIBERDADE ECONÓMICA

- The Heritage Foundation

A Noruega é a 27.ª economia mais

livre dos países que compõem o

índice em 2015

A pontuação da Noruega ao nível da liberdade económica é de 71,8 pontos, correspondendo à 27.ª economia mais livre dos países que compõem o índice

em 2015. Trata-se de um resultado que fica 0,9 pontos acima do observado no ano anterior, com melhorias sólidas em seis das 10 liberdades económicas, incluindo a

liberdade laboral, monetária e a gestão dos gastos públicos, que mais do que compensaram um declínio na liberdade de corrupção. A Noruega está em 15.º lugar

entre os 43 países da Europa, estando a sua pontuação muito acima da média regional e mundial. As melhorias no enquadramento regulatório e na liberdade de comércio fizeram com que o índice de liberdade

económica aumentasse 1,1 pontos nos últimos cinco

anos. O único declínio ocorreu na gestão dos gastos públicos, tendo o Governo respondido ao menor crescimento económico com um aumento da despesa pública. A melhoria gradual nas 10 liberdades

económicas tem refletido o desenvolvimento da Noruega e das suas fortes instituições. Sendo a Noruega uma pequena economia aberta, possui baixas barreiras à

entrada de empresas estrangeiras e um regime de investimento que incentiva o investimento direto estrangeiro. O bom ambiente de negócios tem atraído

novos empresários, embora o código laboral continue rígido. Os impostos elevados e os gastos do Governo são compensados pelo maior fundo soberano do mundo. O

regime de direitos de propriedade é o 2.º melhor do mundo.

Enquadramento

A Noruega é membro da NATO desde 1949. Os eleitores

rejeitaram por duas vezes a adesão à União Europeia (UE), mas a Noruega é parte integrante de um acordo de comércio livre com a UE (European Economic Area –

EEA). O Primeiro-ministro, Erna Solberg, do Partido Conservador, foi eleito em setembro de 2013 para liderar uma nova coligação de centro-direita de um

Governo minoritário. O Governo de Solberg prometeu baixar os impostos, diminuir a dependência da produção de petróleo, aumentar o investimento em infraestruturas

e reduzir a imigração. A Noruega é um dos países mais

prósperos do mundo. As pescas, o metal e o petróleo são

os produtos mais importantes. A Noruega guarda uma grande parte da receita do setor do petróleo, inclusive os dividendos pagos pela empresa parcialmente estatal

produtora de petróleo, a Statoil, bem como os impostos de empresas que incidem sobre a indústria de petróleo e gás que operam na Noruega, no seu Government

Pension Fund Global (que até 2006 era designado de Fundo do Petróleo).

Estado de Direito Eficácia da Regulação Em 2013, a Noruega ficou classificada em 5.º lugar entre os 177 países que compunham o Índice de Perceções de Corrupção de Transparência. As medidas de anticorrupção bem estabelecidas reforçaram uma maior cultura de integridade do Governo. O sistema jurídico é independente dos tribunais, sendo que estes operam de forma justa e equitativa tanto a nível local, como nacional. Os direitos de propriedade privada estão bem protegidos e os contratos comerciais são aplicados de forma confiável.

A estrutura de negócios eficiente e transparente tem apoiado o desenvolvimento do setor privado. Abrir uma empresa custa cerca de 1% do rendimento médio do país

e envolve apenas quatro procedimentos. O custo não-salarial de empregar um trabalhador é elevado, mas o pagamento de indemnizações não é excessivamente oneroso. A estabilidade monetária tem sido bem mantida,

embora o Governo subsidie inúmeros projetos de energia renovável.

Intervenção do Governo Abertura Económica

A taxa máxima de IRS é de 47,8% e a de IRC de 27%.

Outros impostos incluem o IVA, um imposto sobre a riqueza

e impostos sobre o meio ambiente. A carga fiscal é de

42,2% do PIB. Os gastos públicos equivalem a 43,3% do PIB

e a dívida pública a 30%.

A Noruega tem uma pauta aduaneira média de 0,3%, mas o setor agrícola é subsidiado e protegido da concorrência. Existem poucas barreiras governamentais ao comércio e ao investimento internacional e os investidores estrangeiros geralmente recebem o mesmo tratamento que os investidores nacionais. O sistema financeiro bem desenvolvido fornece uma ampla gama de serviços. O setor bancário permanece bem capitalizado. O Estado detém a propriedade das maiores instituições financeiras.

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

INDICADORES DE RISCO

COUNTRY’S SCORE OVER TIME COUNTRY COMPARISONS

R a t i n g d a s A gê n c i as

SCORE % 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Overall Score 64,5 67,9 67,9 68,6 70,2 69,4 70,3 68,8 70,5 70,9 71,8

Property Rights 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0 90,0

Freedom from Corruption 88,0 89,0 89,0 88,0 87,0 79,0 86,0 86,0 90,0 88,1 86,0

Government spending 28,3 34,9 37,6 46,3 50,5 49,8 51,5 35,3 40,3 42,2 43,8

Fiscal Freedom 50,4 50,8 50,6 50,3 50,3 50,5 51,6 52,5 51,0 50,6 52,1

Business Freedom 70,0 91,4 91,1 89,1 88,1 88,8 88,3 88,4 92,6 90,9 92,1

Labor Freedom 49,3 50,6 49,0 49,5 48,6 47,1 45,8 46,3 44,7 44,6 48,2

Monetary Freedom 85,5 88,7 82,5 76,1 78,1 74,2 75,1 75,1 76,9 78,7 81,7

Trade Freedom 83,6 84,2 89,2 86,2 89,2 89,2 89,4 89,3 89,3 89,1 89,4

Investment Freedom 50,0 50,0 50,0 60,0 60,0 65,0 65,0 65,0 70,0 75,0 75,0

Financial Freedom 50,0 50,0 50,0 50,0 60,0 60,0 60,0 60,0 60,0 60,0 60,0

F o nte : The Heritage Fo undatio n.

Rating Heritage Foundation

SCORE % 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2014 2015

Country Risk - 10,0 9,0 14,0 18,0 13,0 15,0 14,0 15,0 11,0 15,0 AA AA

Sovereign* - 5,0 3,0 8,0 11,0 4,0 6,0 6,0 7,0 3,0 7,0 AAA AAA

Currency* - 13,0 11,0 16,0 20,0 16,0 18,0 17,0 20,0 13,0 18,0 AA AA

Economic - 12,0 13,0 16,0 16,0 21,0 21,0 21,0 20,0 20,0 20,0 A A

Political - 4,0 4,0 5,0 11,0 4,0 4,0 6,0 7,0 4,0 4,0 AAA AAA

Banking* - 11,0 12,0 19,0 24,0 20,0 22,0 20,0 18,0 16,0 20,0 AA A

F o nte : EIU. No ta (*): Utilizado na co ntrução do "Co untry Ris k".

Rating EIU (The Economist Inteligence Unit)

Rating

S&P AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA

Moody's AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA

Fitch AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA

Compósito AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA

N o ta : O rating co mpó s ito res ulta da média das 3 agências .

20062005 2010200920082007 20152014201320122011

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Departamento de Estudos // Noruega // novembro 2015

CHART BOOK

-2

-1

0

1

2

3

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

GDP Growth (%)

Norw ay - GDP Grow th%

Source: IMF (October 2015)

65,000

70,000

75,000

80,000

85,000

90,000

95,000

100,000

105,000

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Per Capita GDP

Norw ay – Per Capita GDP$

Source: IMF (October 2015)

22

23

24

25

26

27

28

29

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

% GDP

Norw ay – Investment (% GDP)%

Source: IMF (October 2015)

33

34

35

36

37

38

39

40

41

42

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

% GDP

Norw ay – Gross National Saving (% GDP)%

Source: IMF (October 2015)

4

6

8

10

12

14

16

18

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

% GDP

Norw ay – Current Account (% GDP)%

Source: IMF (October 2015)

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

3.5

4.0

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Inflation Rate

Norw ay – Inflation Rate%

Source: IMF (October 2015)

2.4

2.8

3.2

3.6

4.0

4.4

4.8

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Unemployment Rate

Norw ay – Unemployment Rate%

Source: IMF (October 2015)

24

28

32

36

40

44

48

52

56

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

% GDP

Norw ay – Public Debt (% GDP)%

Source: IMF (October 2015)

4

6

8

10

12

14

16

18

20

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

% GDP

Norw ay – Budget Balance (% GDP)%

Source: IMF (October 2015)

4.6

4.7

4.8

4.9

5.0

5.1

5.2

5.3

5.4

5.5

5.6

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

1.3

1.4

1.5

1.6

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Population Growth Rate (%)

Norw ay - Population10^6 %

Source: IMF (October 2015)

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Exports Growth (%)

Norw ay - Exports Grow th%

Source: IMF (October 2015)

-12

-8

-4

0

4

8

12

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

Imports Growth (%)

Norw ay - Imports Grow th%

Source: IMF (October 2015)

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Departamento de Estudos // Canadá //maio 2015

Departamento de Estudos //Noruega//novembro 2015

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS

Rui Bernardes Serra Chief Economist

[email protected]

José Miguel Moreira Senior Economist

[email protected]

Margarida Filipe Economist

[email protected]

Caetano Ferreira Economist

[email protected]

DEPARTAMENTO NEGÓCIO INTERNACIONAL Florbela Cunha Head of Unit

[email protected]

Rita Marques Trade Finance

[email protected]

Luis Carvalho Africa Business

[email protected]

Alexandra Neves International Business Advisor [email protected]

AD VERTÊNCIA Este documento foi elaborado pelo Departamento de Estudos da Caixa Económica Montepio Geral e é disponibilizado com intuito e

para fins exclusivamente informativos.

Todos os dados, análises e considerações nele contidas estão simplesmente baseadas no que estimamos ser as melhores

informações disponíveis, recolhidas a partir de fontes oficiais e outras consideradas credíveis, não assumindo, todavia, qualquer

responsabilidade por erros, omissões ou inexatidões das mesmas.

As opiniões e previsões expressas refletem somente a perspetiva e os pontos de vista dos autores na data da sua elaboração,

podendo ser livremente modificadas a todo o tempo e sem aviso prévio.

Neste contexto, o presente documento não pode, em circunstância alguma, ser entendido como convite ao investimento, seja de

que natureza for, nem como proposta ou oferta de negócio de qualquer tipo.

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devem ter em conta todos os documentos emitidos ao abrigo da regulamentação das entidades de supervisão, nomeadamente da

Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Nem o Montepio, na qualidade de emitente do documento, nem nenhuma entidade sua dominante ou dominada ou qualquer

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O relatório pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte.