europa em busca da renovação

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Page 1: Europa em busca da renovação

Jornal de Negócios Online País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Online

Pag.: 1 de 4ID: 37730876 29-09-2011

PME

Europa em busca da renovação29 Setembro 2011 | 11:06Ana Pimentel -

António Câmara e Miguel Pina Martins foram os dois empresários distinguidos pela Comissão Europeia para representarem Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Os Empreendedores do Ano 2009 e 2010 contam como lançaram a YDreams e a Science4You. Em Outubro, decorre a edição de 2011 desta iniciativa.Miguel Pina Martins tinha apenas 25 anos quando a Comissão Europeia o nomeou "Empreendedor do

Ano 2010" e o convidou a representar Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Foi o

segundo português que mostrou à Europa que por cá também se inova. Em causa, estava a

Science4You, um projecto empresarial que começou por ser um trabalho final de um curso de Finanças

do ISCTE e que acabou por tornar-se um sucesso de vendas em três anos. Foi o que bastou.

Antes de a Comissão lhe ter reconhecido o mérito, o jovem de 26 anos já tinha sido distinguido com o

"Prémio Empreendedor Finicia Jovem", em 2009, e com o primeiro lugar da "European Entreprise

Awards", na categoria "Internacionalização", a n ível nacional.

A próxima edição do galardão europeu é já em Outubro, sendo que a semana Europeia SME 2011 vai

decorrer de três a nove desse mês. O evento pretende informar os empreendedores do que é que as

autoridades locais, regionais, nacionais e a União Europeia estão a oferecer às micro, pequenas e

médias empresas, em termos de apoios. Visa promover o empreendedorismo, para que cada vez mais

jovens encarem o negócio por conta própria como uma carreira e estilo de vida, e reconhece a

contribuição que os empreendedores distinguidos depositam na empregabilidade, inovação,

competitividade e bem-estar europeu.

O ano de estreia da iniciativa foi 2009. No ano passado, houve 1500 eventos em 37 pa íses. Em Viena,

Áustria, pfoi promovida a conferência sobre "Processos Inovadores de alimentos Artesanais", enquanto

em Barcelona e Valência se organizou "Os Dias do Empreendedor". No Porto, esteve houve o evento

"SME & a Corrida do Empreendedorismo e em Belgrado decorreram os prémios "Flores de Sucesso",

para as melhores empreendedoras, entre outros.

"Estou convicto de que estas PME serão uma fonte inesgotável de inspiração para todas as pessoas, de

todas as idades, que aspiram à criação do seu próprio emprego. O percurso de 36 dirigentes de PME

prova-nos que não existe uma resposta única, mas sim um grande conjunto de opções que um esp írito

curioso, empreendedor e aventureiro deve equacionar", afirma Antonio Tajani, vice-presidente da

Comissão Europeia, responsável pela indústria e pelo empreendedorismo, na "Brochura do Sucesso" de

2010.

As PME criam 80% de novos postos de trabalho e representam 99% da totalidade das empresas

europeias, segundo o responsável. Para António Tajani, um dos efeitos fundamentais da crise financeira

foi a redescoberta do papel central que as PME e os empresários desempenham na economia europeia.

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas nossas sociedades".

Dois anos, duas conquistas

Miguel Pina Martins reunia as caracter ísticas impostas pela Comissão Europeia. A Science4You tinha

apenas dois anos de existência, tinha recorrido a um programa de financiamento gerido pelo IAPMEI -

Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e á Inovação, o Finicia, o seu fundador tinha apenas

25 anos e a empresa empregava entre duas a 50 pessoas.

"Não estava à espera, porque não há concurso. A Comissão Europeia escolhe algumas empresas que

em Portugal tenham tido destaque e em conjunto com o IAPMEI distinguem um empreendedor que

preencha os seus requisitos: ser jovem, ter financiamento através da União Europeia e do Estado." E

acrescenta: "mais importante do que ter sido distinguido, foi ter tido a honra de representar Portugal na

Semana Europeia das PME."

Não é por acaso que a Science4You utiliza o s ímbolo do "compre o que é nosso". "Sermos uma empresa

portuguesa é fundamental íssimo para nós e não abdicamos disso por nada", revela. Contudo, ainda não

foi desta que Miguel Pina Martins se sentiu com o dever cumprido. Para que isso aconteça, quer criar

mais emprego, mudar a vida de mais pessoas, desenvolver a sua actividade e contribuir mais para a

balança comercial portuguesa, no que toca às exportações e importações.

Em 2009, primeira edição do galardão europeu, foi António Câmara, da YDreams, que levou para casa

o reconhecimento europeu. O projecto, lançado em 2000 com Eduardo Dias, Edmundo Nobre, Miguel

Remédio e Nuno Correia, começou por se dedicar apenas a projectos na área dos telemóveis. "O

primeiro projecto foi o Canal Mapas, para a Vodafone", conta António Câmara.

Há mais de dez anos, o objectivo dos cinco promotores era o de criar uma empresa global de tecnologia

portuguesa. Conseguiram-no. A YDreams tornou-se um grupo de empresas que emprega cerca de 130

pessoas globalmente e divide-se em três áreas: a YDrems Life, que desenvolveu mais de 600 projectos

em 25 pa íses, YDreams DOOH, que vende produtos de "digital signage" em 20 pa íses e o Ylabs, que

assegura a investigação do grupo. É parceira tecnológica e acionista de referencia na Audience

Entertainment, sediada em Nova Iorque e criou quatro "spin-offs": a YVision, na área da Realidade

Aumentada, a Ynvisible, cotada na bolsa de Frankfurt e que desenvolve superfícies interactivas através da qu ímica, a YDreams Robotics, que vai lançar em 2012 "robots" para o grande consumo e a YDreams

Atlantic, que se vai orientar para a exploração marinha nos Açores.

Depois de todas as mudanças, o que é que se manteve? "A ênfase na investigação, criação de

propriedade intelectual e a ambição de tornar este grupo numa referência mundial", respondeu António

Câmara ao Negócios. E explica: "Não sei exactamente porque fui nomeado directamente pela Comissão

Europeia, apenas que o factor determinante foi a visita de uma pessoa chave na definição de pol íticas

de inovação na Europa." Apesar de já ter recebido vários galardões nacionais e internacionais ao longo

da sua carreira, como o Prémio Pessoa em 2006, este distingue-se pelo seu carácter empreendedor. "A

maioria dos prémios que recebi deveu-se a contribuições espec íficas em inovação", afirma.

Aumentar a realidade

A YDreams é especialista em tecnologias de interacção, com foco na área de Realidade Aumentada. Nos

últimos anos, tem vindo a desenvolver ambientes interactivos, de lojas a exposições, e produtos

inovadores que combinam tecnologia e design. A empresa já implementou mais de 500 projectos em

todo o mundo e está a arrancar com processos de "spin-off" das suas tecnologias. E investiga e

desenvolve tecnologia proprietária e patenteada em áreas como processamento de Imagem, Realidade

Aumentada, interfaces activadas por gestos e computação invis ível.

Tudo começou em 2000, quando os cinco colegas do GASA, um laboratório de investigação da

Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciência e Tecnologia, resolveram fundar a Ideias

Interactivas S.A. Em Abril de 2001, a empresa começa a desenvolver jogos móveis baseados em

localização real, combinando a posição geográfica dos jogadores com o enredo do jogo.

No ano seguinte, os fundadores mudam o nome da empresa para YDreams e lançam o primeiro jogo

móvel, Roskstar, na Vodafone Live. Em Janeiro de 2003, a empresa cria o Cubo Interactivo de 4x4

metros para a sede da Vodafone em Lisboa, em conjunto com a IDEO e, em Julho, começa a trabalhar

em Realidade Aumentada. Este Cubo venceu o prémio da Industrial Design Society of America.

É em 2004 que a empresa começa a expandir-se. Abre um escritório em Barcelona e cria ambientes

interactivos para clientes como PT; Fundação Portuguesa das Comunicações, Museu da Presidência,

Trienal de Milão, entre outros. Em 2005, instala o primeiro virtual Sightseeing, em Pinhel, e um ano

depois lança o jogo para telemóveis "Cristiano Ronaldo Underworld Footbal", em colaboração com a

Gestifute/PolarisSport, distribu ído no mundo inteiro.

Dois anos depois, recebe investimento da ES Tech Venture (Grupo Espirito Santo) e da Herrick Partners,

uma empresa norte-americana, no valor de 8,5 milhões de euros, e lança o maior projecto internacional

da empresa até à data, a Adidas Eye Ball. Em 2007, cria a primeira experiência de publicidade

interactiva em cinema, em pa íses como Portugal, Espanha e Brasil e, no final desse ano, é referida na

revista "The Economist" como a empresa pioneira em tecnologias de Realidade Aumentada.

No ano seguinte, lança o produto Architek - Criador de Soluções Alternativas, uma rede empresarial

para o desenvolvimento de produtos revolucionários e abre um escritório nos Estados Unidos da

América. Em Fevereiro, cria a campanha interactiva, Fábrica da Felicidade, da Coca-Cola, no Brasil.

Em 2009, a YDreams torna-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas globais pioneiras no

desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada. Quanto à presença da empresa

na Semana Europeia do Empreendedorismo, António Câmara afirma que foi uma "excelente iniciativa",

mas lamenta que a sua comunicação seja insuficiente a n ível europeu. A quem quer seguir as suas

pisadas, só dá um conselho: nunca desistir do sonho.

Produzir brinquedos cient íficos

Quando o Negócios falou pela última vez com Miguel Pina Martins, a Science4You tinha 12 brinquedos à venda e três campos de acção. Agora, vende mais 30. "Temos vindo a fazer uma aposta grande na

área das actividades: campos de férias, festas de aniversário, "workshops" nas escolas, actividades

extra-curriculares, entre outras." O empreendedor acredita que vai ser possível ter resultados muito

positivos nesta área, sobretudo no próximo ano-lectivo.

"Em termos de brinquedos já estamos praticamente em todos os s ítios onde queremos estar. E somos

líderes de mercado, é praticamente unânime, apesar de não haver dados sobre este tipo de mercado".

Miguel Pina Martins sublinha que a Science4You não pretende ser uma marca de brinquedos cient íficos,

mas sim um conceito de ciência. Quer oferecer aos seus clientes um vasto leque de opções, que

permitem o desenvolvimento cognitivo e experimental das crianças. Como?

A criança compra o brinquedo, tem direito a uma oferta para os museus da ciência e esta visita irá estimulá-lo para este tipo de interacção e experimentação. "É precisamente a í que queremos chegar:

fazer com que as crianças se interessem pela ciência não propriamente pelo estudo, mas pelo carácter

didático, educativo, mais a brincar, que a ciência pode ter." Às festas de aniversário juntam-se os

campos de férias, no Verão ou no Natal e as actividades promovidas nas escolas.

Em três anos, muita coisa mudou: a sala no ICAT - Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia é maior, o

armazém deixou de ser um cub ículo para ocupar outras duas salas, têm mais colaboradores, mais

cientistas e uma equipa muito própria. "A coisa tem funcionado muito melhor, porque apesar de

continuarmos a trabalhar com a faculdade, fazemo-lo de uma forma mais independente, o que nos

permite criar novos produtos."

Além da autonomia, a Sciencie4You tem ganho dimensão. Abriu um escritório em Madrid e está a

apostar "em grande" no mercado espanhol, muito maior do que o português em termos comerciais e de

vendas. "É um mercado com mais poder de compra e com mais população, acima de tudo, o que

permite sonhar um bocadinho mais do que aquilo que se faz cá", adianta.

Planos não faltam. Miguel Pina Martins quer abrir outros escritórios na União Europeia, fabricar

brinquedos noutras l ínguas e internacionalizar-se cada vez mais. Já são cinco os pa íses que a

Science4You conquistou: Espanha, Brasil, Angola, Moçambique e Finlândia.

"Temos muitos parceiros que têm lojas em Angola e Moçambique e acabam por levar os brinquedos de

uma forma natural para lá", explica. Um dos ex-colaboradores da empresa emigrou para o Brasil, onde

abriu uma firma e representa a Science4You no pa ís do samba.

A surpresa vem da Finlândia. "Um finlandês que estava em Portugal viu os nossos brinquedos num s ítio

qualquer, achou gir íssimo, voltou para a Finlândia, meteu-se novamente num avião, veio até cá e quer

levar os brinquedos para o seu pa ís", explica. Neste momento, a equipa de colaboradores da empresa

encontra-se a fazer as traduções de todos os brinquedos para que o negócio se concretize. "O projecto

está um bocadinho atrasado em relação às nossas expectativas, mas está a andar. Não vale a pena

estarmos com pressas, porque o que é importante é as coisas ficarem bem feitas."

O futuro está em Espanha

Quanto às vendas, só há aspectos positivos a destacar. Angola e Brasil têm corrido ao seu ritmo

natural, apesar do último sofrer por ser um pa ís muito burocrático e proteccionista, segundo o jovem. O

objectivo é ter todos os brinquedos posicionados no mercado brasileiro na altura do Natal.

De Espanha, chega uma facturação de 25% a 35%, o que "acaba por ser bom, tendo em conta que a

empresa ainda não tem três anos de vendas". A ambição do empreendedor é que esta atinja os 50% no

próximo ano. "Esperemos que Portugal comece a representar cerca de 40% em 2012, tendo em conta

que os outros pa íses ainda não têm uma expressão muito grande."

Miguel Pina Martins não poderia estar mais satisfeito. Apesar da crise que o pa ís vive, a Scinece4You

cresceu 100% em relação ao ano passado. Começou com 50 mil euros no primeiro ano, no segundo

aumentou para 195 mil, no terceiro para 250 mil e o objectivo de 2011 é chegar aos 500 mil euros.

"Neste momento, já temos 200 mil. Tendo em conta que a época do ano que começa em Setembro é normalmente muito forte, esperamos conseguir alcançar entre os 400 e os 500 mil euros." Em 2012, se

tudo correr como o empreendedor prevê, vai conseguir chegar a um milhão de euros, "um objectivo

que apesar de ambicioso, é realista", comenta.

A internacionalização continua a ser uma prioridade, os brinquedos continuam a ter o mesmo conceito e

a aposta na ciência é a mesma. Toda a missão e visão da empresa se mantêm. Os colaboradores

continuam a trabalhar e a dedicarem-se e é isso que consegue que faz com que a Science4You cresça.

"Sem trabalho e dedicação, é praticamente imposs ível fazer-se seja o que for, a não ser que se tenha

muita sorte na vida."

Uma multinacional em três anos

"Mais importante do que ter uma ideia, é preciso ter vontade de trabalhar, porque projectos não

faltam." Para o vencedor da última edição do prémio da Comissão Europeia, empreender foi a melhor

decisão que tomou até ao momento. Chega mesmo a afirmar que aprendeu muito mais nestes três anos do que se tivesse estado 20 anos na faculdade. Miguel Pina Martins arriscou numa altura em que

não tinha muito a perder: não tinha filhos, carro ou casa própria. Se algo corresse mal, perdia um ano

da sua vida.

Não só não correu mal, como não poderia ter corrido melhor. conseguiu montar uma multinacional em

36 meses. "Não é preciso ter pais ricos nem ir ao banco para criar uma empresa. Eu sou um exemplo

disso." Miguel Pina Martins refere-se às capitais de risco, apoios com garantia mútua e outros

mecanismos de incentivo às pequenas e médias empresas presentes no Estado português. Só é preciso

que todos os sonhadores estejam atentos.

Em três anos, a Science4You criou 42 brinquedos, está presente em cinco pa íses e aumentou a facturação

em cerca de 100% por ano. Quando a Comissão Europeia se reuniu com o IAPMEI, Miguel Pina Martins

foi eleito o Empreendedor do Ano 2010.

Empresa Science4You

Cargo que ocupa Administrador

Início de actividade 2008

Área de actividade Brinquedos e actividades de ciência

Número de colaboradores 18

Número de brinquedos 42

Objectivo de facturação para 2011 500 mil euros

Desde que António Câmara lançou a YDreams, criou quatro "spin-offs" da sua tecnologia: a YVision,

Ynvisible, YDreams Robotics e a YDreams Atlantic. Em 2009, foi reconhecido pela Comissão Europeia

como Empreendedor do Ano e a YDreams tornou-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas

globais pioneiras no desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada.

Empresa YDreams

Cargo que ocupa Presidente executivo)

Início de actividade 2000

Área de actividade Novas tecnologias

Número de colaboradores 130

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas suas sociedades" , afirma Antonio Tajani .

Page 2: Europa em busca da renovação

Jornal de Negócios Online País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Online

Pag.: 2 de 4ID: 37730876 29-09-2011

PME

Europa em busca da renovação29 Setembro 2011 | 11:06Ana Pimentel -

António Câmara e Miguel Pina Martins foram os dois empresários distinguidos pela Comissão Europeia para representarem Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Os Empreendedores do Ano 2009 e 2010 contam como lançaram a YDreams e a Science4You. Em Outubro, decorre a edição de 2011 desta iniciativa.Miguel Pina Martins tinha apenas 25 anos quando a Comissão Europeia o nomeou "Empreendedor do

Ano 2010" e o convidou a representar Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Foi o

segundo português que mostrou à Europa que por cá também se inova. Em causa, estava a

Science4You, um projecto empresarial que começou por ser um trabalho final de um curso de Finanças

do ISCTE e que acabou por tornar-se um sucesso de vendas em três anos. Foi o que bastou.

Antes de a Comissão lhe ter reconhecido o mérito, o jovem de 26 anos já tinha sido distinguido com o

"Prémio Empreendedor Finicia Jovem", em 2009, e com o primeiro lugar da "European Entreprise

Awards", na categoria "Internacionalização", a n ível nacional.

A próxima edição do galardão europeu é já em Outubro, sendo que a semana Europeia SME 2011 vai

decorrer de três a nove desse mês. O evento pretende informar os empreendedores do que é que as

autoridades locais, regionais, nacionais e a União Europeia estão a oferecer às micro, pequenas e

médias empresas, em termos de apoios. Visa promover o empreendedorismo, para que cada vez mais

jovens encarem o negócio por conta própria como uma carreira e estilo de vida, e reconhece a

contribuição que os empreendedores distinguidos depositam na empregabilidade, inovação,

competitividade e bem-estar europeu.

O ano de estreia da iniciativa foi 2009. No ano passado, houve 1500 eventos em 37 pa íses. Em Viena,

Áustria, pfoi promovida a conferência sobre "Processos Inovadores de alimentos Artesanais", enquanto

em Barcelona e Valência se organizou "Os Dias do Empreendedor". No Porto, esteve houve o evento

"SME & a Corrida do Empreendedorismo e em Belgrado decorreram os prémios "Flores de Sucesso",

para as melhores empreendedoras, entre outros.

"Estou convicto de que estas PME serão uma fonte inesgotável de inspiração para todas as pessoas, de

todas as idades, que aspiram à criação do seu próprio emprego. O percurso de 36 dirigentes de PME

prova-nos que não existe uma resposta única, mas sim um grande conjunto de opções que um esp írito

curioso, empreendedor e aventureiro deve equacionar", afirma Antonio Tajani, vice-presidente da

Comissão Europeia, responsável pela indústria e pelo empreendedorismo, na "Brochura do Sucesso" de

2010.

As PME criam 80% de novos postos de trabalho e representam 99% da totalidade das empresas

europeias, segundo o responsável. Para António Tajani, um dos efeitos fundamentais da crise financeira

foi a redescoberta do papel central que as PME e os empresários desempenham na economia europeia.

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas nossas sociedades".

Dois anos, duas conquistas

Miguel Pina Martins reunia as caracter ísticas impostas pela Comissão Europeia. A Science4You tinha

apenas dois anos de existência, tinha recorrido a um programa de financiamento gerido pelo IAPMEI -

Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e á Inovação, o Finicia, o seu fundador tinha apenas

25 anos e a empresa empregava entre duas a 50 pessoas.

"Não estava à espera, porque não há concurso. A Comissão Europeia escolhe algumas empresas que

em Portugal tenham tido destaque e em conjunto com o IAPMEI distinguem um empreendedor que

preencha os seus requisitos: ser jovem, ter financiamento através da União Europeia e do Estado." E

acrescenta: "mais importante do que ter sido distinguido, foi ter tido a honra de representar Portugal na

Semana Europeia das PME."

Não é por acaso que a Science4You utiliza o s ímbolo do "compre o que é nosso". "Sermos uma empresa

portuguesa é fundamental íssimo para nós e não abdicamos disso por nada", revela. Contudo, ainda não

foi desta que Miguel Pina Martins se sentiu com o dever cumprido. Para que isso aconteça, quer criar

mais emprego, mudar a vida de mais pessoas, desenvolver a sua actividade e contribuir mais para a

balança comercial portuguesa, no que toca às exportações e importações.

Em 2009, primeira edição do galardão europeu, foi António Câmara, da YDreams, que levou para casa

o reconhecimento europeu. O projecto, lançado em 2000 com Eduardo Dias, Edmundo Nobre, Miguel

Remédio e Nuno Correia, começou por se dedicar apenas a projectos na área dos telemóveis. "O

primeiro projecto foi o Canal Mapas, para a Vodafone", conta António Câmara.

Há mais de dez anos, o objectivo dos cinco promotores era o de criar uma empresa global de tecnologia

portuguesa. Conseguiram-no. A YDreams tornou-se um grupo de empresas que emprega cerca de 130

pessoas globalmente e divide-se em três áreas: a YDrems Life, que desenvolveu mais de 600 projectos

em 25 pa íses, YDreams DOOH, que vende produtos de "digital signage" em 20 pa íses e o Ylabs, que

assegura a investigação do grupo. É parceira tecnológica e acionista de referencia na Audience

Entertainment, sediada em Nova Iorque e criou quatro "spin-offs": a YVision, na área da Realidade

Aumentada, a Ynvisible, cotada na bolsa de Frankfurt e que desenvolve superfícies interactivas através da qu ímica, a YDreams Robotics, que vai lançar em 2012 "robots" para o grande consumo e a YDreams

Atlantic, que se vai orientar para a exploração marinha nos Açores.

Depois de todas as mudanças, o que é que se manteve? "A ênfase na investigação, criação de

propriedade intelectual e a ambição de tornar este grupo numa referência mundial", respondeu António

Câmara ao Negócios. E explica: "Não sei exactamente porque fui nomeado directamente pela Comissão

Europeia, apenas que o factor determinante foi a visita de uma pessoa chave na definição de pol íticas

de inovação na Europa." Apesar de já ter recebido vários galardões nacionais e internacionais ao longo

da sua carreira, como o Prémio Pessoa em 2006, este distingue-se pelo seu carácter empreendedor. "A

maioria dos prémios que recebi deveu-se a contribuições espec íficas em inovação", afirma.

Aumentar a realidade

A YDreams é especialista em tecnologias de interacção, com foco na área de Realidade Aumentada. Nos

últimos anos, tem vindo a desenvolver ambientes interactivos, de lojas a exposições, e produtos

inovadores que combinam tecnologia e design. A empresa já implementou mais de 500 projectos em

todo o mundo e está a arrancar com processos de "spin-off" das suas tecnologias. E investiga e

desenvolve tecnologia proprietária e patenteada em áreas como processamento de Imagem, Realidade

Aumentada, interfaces activadas por gestos e computação invis ível.

Tudo começou em 2000, quando os cinco colegas do GASA, um laboratório de investigação da

Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciência e Tecnologia, resolveram fundar a Ideias

Interactivas S.A. Em Abril de 2001, a empresa começa a desenvolver jogos móveis baseados em

localização real, combinando a posição geográfica dos jogadores com o enredo do jogo.

No ano seguinte, os fundadores mudam o nome da empresa para YDreams e lançam o primeiro jogo

móvel, Roskstar, na Vodafone Live. Em Janeiro de 2003, a empresa cria o Cubo Interactivo de 4x4

metros para a sede da Vodafone em Lisboa, em conjunto com a IDEO e, em Julho, começa a trabalhar

em Realidade Aumentada. Este Cubo venceu o prémio da Industrial Design Society of America.

É em 2004 que a empresa começa a expandir-se. Abre um escritório em Barcelona e cria ambientes

interactivos para clientes como PT; Fundação Portuguesa das Comunicações, Museu da Presidência,

Trienal de Milão, entre outros. Em 2005, instala o primeiro virtual Sightseeing, em Pinhel, e um ano

depois lança o jogo para telemóveis "Cristiano Ronaldo Underworld Footbal", em colaboração com a

Gestifute/PolarisSport, distribu ído no mundo inteiro.

Dois anos depois, recebe investimento da ES Tech Venture (Grupo Espirito Santo) e da Herrick Partners,

uma empresa norte-americana, no valor de 8,5 milhões de euros, e lança o maior projecto internacional

da empresa até à data, a Adidas Eye Ball. Em 2007, cria a primeira experiência de publicidade

interactiva em cinema, em pa íses como Portugal, Espanha e Brasil e, no final desse ano, é referida na

revista "The Economist" como a empresa pioneira em tecnologias de Realidade Aumentada.

No ano seguinte, lança o produto Architek - Criador de Soluções Alternativas, uma rede empresarial

para o desenvolvimento de produtos revolucionários e abre um escritório nos Estados Unidos da

América. Em Fevereiro, cria a campanha interactiva, Fábrica da Felicidade, da Coca-Cola, no Brasil.

Em 2009, a YDreams torna-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas globais pioneiras no

desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada. Quanto à presença da empresa

na Semana Europeia do Empreendedorismo, António Câmara afirma que foi uma "excelente iniciativa",

mas lamenta que a sua comunicação seja insuficiente a n ível europeu. A quem quer seguir as suas

pisadas, só dá um conselho: nunca desistir do sonho.

Produzir brinquedos cient íficos

Quando o Negócios falou pela última vez com Miguel Pina Martins, a Science4You tinha 12 brinquedos à venda e três campos de acção. Agora, vende mais 30. "Temos vindo a fazer uma aposta grande na

área das actividades: campos de férias, festas de aniversário, "workshops" nas escolas, actividades

extra-curriculares, entre outras." O empreendedor acredita que vai ser possível ter resultados muito

positivos nesta área, sobretudo no próximo ano-lectivo.

"Em termos de brinquedos já estamos praticamente em todos os s ítios onde queremos estar. E somos

líderes de mercado, é praticamente unânime, apesar de não haver dados sobre este tipo de mercado".

Miguel Pina Martins sublinha que a Science4You não pretende ser uma marca de brinquedos cient íficos,

mas sim um conceito de ciência. Quer oferecer aos seus clientes um vasto leque de opções, que

permitem o desenvolvimento cognitivo e experimental das crianças. Como?

A criança compra o brinquedo, tem direito a uma oferta para os museus da ciência e esta visita irá estimulá-lo para este tipo de interacção e experimentação. "É precisamente a í que queremos chegar:

fazer com que as crianças se interessem pela ciência não propriamente pelo estudo, mas pelo carácter

didático, educativo, mais a brincar, que a ciência pode ter." Às festas de aniversário juntam-se os

campos de férias, no Verão ou no Natal e as actividades promovidas nas escolas.

Em três anos, muita coisa mudou: a sala no ICAT - Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia é maior, o

armazém deixou de ser um cub ículo para ocupar outras duas salas, têm mais colaboradores, mais

cientistas e uma equipa muito própria. "A coisa tem funcionado muito melhor, porque apesar de

continuarmos a trabalhar com a faculdade, fazemo-lo de uma forma mais independente, o que nos

permite criar novos produtos."

Além da autonomia, a Sciencie4You tem ganho dimensão. Abriu um escritório em Madrid e está a

apostar "em grande" no mercado espanhol, muito maior do que o português em termos comerciais e de

vendas. "É um mercado com mais poder de compra e com mais população, acima de tudo, o que

permite sonhar um bocadinho mais do que aquilo que se faz cá", adianta.

Planos não faltam. Miguel Pina Martins quer abrir outros escritórios na União Europeia, fabricar

brinquedos noutras l ínguas e internacionalizar-se cada vez mais. Já são cinco os pa íses que a

Science4You conquistou: Espanha, Brasil, Angola, Moçambique e Finlândia.

"Temos muitos parceiros que têm lojas em Angola e Moçambique e acabam por levar os brinquedos de

uma forma natural para lá", explica. Um dos ex-colaboradores da empresa emigrou para o Brasil, onde

abriu uma firma e representa a Science4You no pa ís do samba.

A surpresa vem da Finlândia. "Um finlandês que estava em Portugal viu os nossos brinquedos num s ítio

qualquer, achou gir íssimo, voltou para a Finlândia, meteu-se novamente num avião, veio até cá e quer

levar os brinquedos para o seu pa ís", explica. Neste momento, a equipa de colaboradores da empresa

encontra-se a fazer as traduções de todos os brinquedos para que o negócio se concretize. "O projecto

está um bocadinho atrasado em relação às nossas expectativas, mas está a andar. Não vale a pena

estarmos com pressas, porque o que é importante é as coisas ficarem bem feitas."

O futuro está em Espanha

Quanto às vendas, só há aspectos positivos a destacar. Angola e Brasil têm corrido ao seu ritmo

natural, apesar do último sofrer por ser um pa ís muito burocrático e proteccionista, segundo o jovem. O

objectivo é ter todos os brinquedos posicionados no mercado brasileiro na altura do Natal.

De Espanha, chega uma facturação de 25% a 35%, o que "acaba por ser bom, tendo em conta que a

empresa ainda não tem três anos de vendas". A ambição do empreendedor é que esta atinja os 50% no

próximo ano. "Esperemos que Portugal comece a representar cerca de 40% em 2012, tendo em conta

que os outros pa íses ainda não têm uma expressão muito grande."

Miguel Pina Martins não poderia estar mais satisfeito. Apesar da crise que o pa ís vive, a Scinece4You

cresceu 100% em relação ao ano passado. Começou com 50 mil euros no primeiro ano, no segundo

aumentou para 195 mil, no terceiro para 250 mil e o objectivo de 2011 é chegar aos 500 mil euros.

"Neste momento, já temos 200 mil. Tendo em conta que a época do ano que começa em Setembro é normalmente muito forte, esperamos conseguir alcançar entre os 400 e os 500 mil euros." Em 2012, se

tudo correr como o empreendedor prevê, vai conseguir chegar a um milhão de euros, "um objectivo

que apesar de ambicioso, é realista", comenta.

A internacionalização continua a ser uma prioridade, os brinquedos continuam a ter o mesmo conceito e

a aposta na ciência é a mesma. Toda a missão e visão da empresa se mantêm. Os colaboradores

continuam a trabalhar e a dedicarem-se e é isso que consegue que faz com que a Science4You cresça.

"Sem trabalho e dedicação, é praticamente imposs ível fazer-se seja o que for, a não ser que se tenha

muita sorte na vida."

Uma multinacional em três anos

"Mais importante do que ter uma ideia, é preciso ter vontade de trabalhar, porque projectos não

faltam." Para o vencedor da última edição do prémio da Comissão Europeia, empreender foi a melhor

decisão que tomou até ao momento. Chega mesmo a afirmar que aprendeu muito mais nestes três anos do que se tivesse estado 20 anos na faculdade. Miguel Pina Martins arriscou numa altura em que

não tinha muito a perder: não tinha filhos, carro ou casa própria. Se algo corresse mal, perdia um ano

da sua vida.

Não só não correu mal, como não poderia ter corrido melhor. conseguiu montar uma multinacional em

36 meses. "Não é preciso ter pais ricos nem ir ao banco para criar uma empresa. Eu sou um exemplo

disso." Miguel Pina Martins refere-se às capitais de risco, apoios com garantia mútua e outros

mecanismos de incentivo às pequenas e médias empresas presentes no Estado português. Só é preciso

que todos os sonhadores estejam atentos.

Em três anos, a Science4You criou 42 brinquedos, está presente em cinco pa íses e aumentou a facturação

em cerca de 100% por ano. Quando a Comissão Europeia se reuniu com o IAPMEI, Miguel Pina Martins

foi eleito o Empreendedor do Ano 2010.

Empresa Science4You

Cargo que ocupa Administrador

Início de actividade 2008

Área de actividade Brinquedos e actividades de ciência

Número de colaboradores 18

Número de brinquedos 42

Objectivo de facturação para 2011 500 mil euros

Desde que António Câmara lançou a YDreams, criou quatro "spin-offs" da sua tecnologia: a YVision,

Ynvisible, YDreams Robotics e a YDreams Atlantic. Em 2009, foi reconhecido pela Comissão Europeia

como Empreendedor do Ano e a YDreams tornou-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas

globais pioneiras no desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada.

Empresa YDreams

Cargo que ocupa Presidente executivo)

Início de actividade 2000

Área de actividade Novas tecnologias

Número de colaboradores 130

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas suas sociedades" , afirma Antonio Tajani .

Page 3: Europa em busca da renovação

Jornal de Negócios Online País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Online

Pag.: 3 de 4ID: 37730876 29-09-2011

PME

Europa em busca da renovação29 Setembro 2011 | 11:06Ana Pimentel -

António Câmara e Miguel Pina Martins foram os dois empresários distinguidos pela Comissão Europeia para representarem Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Os Empreendedores do Ano 2009 e 2010 contam como lançaram a YDreams e a Science4You. Em Outubro, decorre a edição de 2011 desta iniciativa.Miguel Pina Martins tinha apenas 25 anos quando a Comissão Europeia o nomeou "Empreendedor do

Ano 2010" e o convidou a representar Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Foi o

segundo português que mostrou à Europa que por cá também se inova. Em causa, estava a

Science4You, um projecto empresarial que começou por ser um trabalho final de um curso de Finanças

do ISCTE e que acabou por tornar-se um sucesso de vendas em três anos. Foi o que bastou.

Antes de a Comissão lhe ter reconhecido o mérito, o jovem de 26 anos já tinha sido distinguido com o

"Prémio Empreendedor Finicia Jovem", em 2009, e com o primeiro lugar da "European Entreprise

Awards", na categoria "Internacionalização", a n ível nacional.

A próxima edição do galardão europeu é já em Outubro, sendo que a semana Europeia SME 2011 vai

decorrer de três a nove desse mês. O evento pretende informar os empreendedores do que é que as

autoridades locais, regionais, nacionais e a União Europeia estão a oferecer às micro, pequenas e

médias empresas, em termos de apoios. Visa promover o empreendedorismo, para que cada vez mais

jovens encarem o negócio por conta própria como uma carreira e estilo de vida, e reconhece a

contribuição que os empreendedores distinguidos depositam na empregabilidade, inovação,

competitividade e bem-estar europeu.

O ano de estreia da iniciativa foi 2009. No ano passado, houve 1500 eventos em 37 pa íses. Em Viena,

Áustria, pfoi promovida a conferência sobre "Processos Inovadores de alimentos Artesanais", enquanto

em Barcelona e Valência se organizou "Os Dias do Empreendedor". No Porto, esteve houve o evento

"SME & a Corrida do Empreendedorismo e em Belgrado decorreram os prémios "Flores de Sucesso",

para as melhores empreendedoras, entre outros.

"Estou convicto de que estas PME serão uma fonte inesgotável de inspiração para todas as pessoas, de

todas as idades, que aspiram à criação do seu próprio emprego. O percurso de 36 dirigentes de PME

prova-nos que não existe uma resposta única, mas sim um grande conjunto de opções que um esp írito

curioso, empreendedor e aventureiro deve equacionar", afirma Antonio Tajani, vice-presidente da

Comissão Europeia, responsável pela indústria e pelo empreendedorismo, na "Brochura do Sucesso" de

2010.

As PME criam 80% de novos postos de trabalho e representam 99% da totalidade das empresas

europeias, segundo o responsável. Para António Tajani, um dos efeitos fundamentais da crise financeira

foi a redescoberta do papel central que as PME e os empresários desempenham na economia europeia.

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas nossas sociedades".

Dois anos, duas conquistas

Miguel Pina Martins reunia as caracter ísticas impostas pela Comissão Europeia. A Science4You tinha

apenas dois anos de existência, tinha recorrido a um programa de financiamento gerido pelo IAPMEI -

Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e á Inovação, o Finicia, o seu fundador tinha apenas

25 anos e a empresa empregava entre duas a 50 pessoas.

"Não estava à espera, porque não há concurso. A Comissão Europeia escolhe algumas empresas que

em Portugal tenham tido destaque e em conjunto com o IAPMEI distinguem um empreendedor que

preencha os seus requisitos: ser jovem, ter financiamento através da União Europeia e do Estado." E

acrescenta: "mais importante do que ter sido distinguido, foi ter tido a honra de representar Portugal na

Semana Europeia das PME."

Não é por acaso que a Science4You utiliza o s ímbolo do "compre o que é nosso". "Sermos uma empresa

portuguesa é fundamental íssimo para nós e não abdicamos disso por nada", revela. Contudo, ainda não

foi desta que Miguel Pina Martins se sentiu com o dever cumprido. Para que isso aconteça, quer criar

mais emprego, mudar a vida de mais pessoas, desenvolver a sua actividade e contribuir mais para a

balança comercial portuguesa, no que toca às exportações e importações.

Em 2009, primeira edição do galardão europeu, foi António Câmara, da YDreams, que levou para casa

o reconhecimento europeu. O projecto, lançado em 2000 com Eduardo Dias, Edmundo Nobre, Miguel

Remédio e Nuno Correia, começou por se dedicar apenas a projectos na área dos telemóveis. "O

primeiro projecto foi o Canal Mapas, para a Vodafone", conta António Câmara.

Há mais de dez anos, o objectivo dos cinco promotores era o de criar uma empresa global de tecnologia

portuguesa. Conseguiram-no. A YDreams tornou-se um grupo de empresas que emprega cerca de 130

pessoas globalmente e divide-se em três áreas: a YDrems Life, que desenvolveu mais de 600 projectos

em 25 pa íses, YDreams DOOH, que vende produtos de "digital signage" em 20 pa íses e o Ylabs, que

assegura a investigação do grupo. É parceira tecnológica e acionista de referencia na Audience

Entertainment, sediada em Nova Iorque e criou quatro "spin-offs": a YVision, na área da Realidade

Aumentada, a Ynvisible, cotada na bolsa de Frankfurt e que desenvolve superfícies interactivas através da qu ímica, a YDreams Robotics, que vai lançar em 2012 "robots" para o grande consumo e a YDreams

Atlantic, que se vai orientar para a exploração marinha nos Açores.

Depois de todas as mudanças, o que é que se manteve? "A ênfase na investigação, criação de

propriedade intelectual e a ambição de tornar este grupo numa referência mundial", respondeu António

Câmara ao Negócios. E explica: "Não sei exactamente porque fui nomeado directamente pela Comissão

Europeia, apenas que o factor determinante foi a visita de uma pessoa chave na definição de pol íticas

de inovação na Europa." Apesar de já ter recebido vários galardões nacionais e internacionais ao longo

da sua carreira, como o Prémio Pessoa em 2006, este distingue-se pelo seu carácter empreendedor. "A

maioria dos prémios que recebi deveu-se a contribuições espec íficas em inovação", afirma.

Aumentar a realidade

A YDreams é especialista em tecnologias de interacção, com foco na área de Realidade Aumentada. Nos

últimos anos, tem vindo a desenvolver ambientes interactivos, de lojas a exposições, e produtos

inovadores que combinam tecnologia e design. A empresa já implementou mais de 500 projectos em

todo o mundo e está a arrancar com processos de "spin-off" das suas tecnologias. E investiga e

desenvolve tecnologia proprietária e patenteada em áreas como processamento de Imagem, Realidade

Aumentada, interfaces activadas por gestos e computação invis ível.

Tudo começou em 2000, quando os cinco colegas do GASA, um laboratório de investigação da

Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciência e Tecnologia, resolveram fundar a Ideias

Interactivas S.A. Em Abril de 2001, a empresa começa a desenvolver jogos móveis baseados em

localização real, combinando a posição geográfica dos jogadores com o enredo do jogo.

No ano seguinte, os fundadores mudam o nome da empresa para YDreams e lançam o primeiro jogo

móvel, Roskstar, na Vodafone Live. Em Janeiro de 2003, a empresa cria o Cubo Interactivo de 4x4

metros para a sede da Vodafone em Lisboa, em conjunto com a IDEO e, em Julho, começa a trabalhar

em Realidade Aumentada. Este Cubo venceu o prémio da Industrial Design Society of America.

É em 2004 que a empresa começa a expandir-se. Abre um escritório em Barcelona e cria ambientes

interactivos para clientes como PT; Fundação Portuguesa das Comunicações, Museu da Presidência,

Trienal de Milão, entre outros. Em 2005, instala o primeiro virtual Sightseeing, em Pinhel, e um ano

depois lança o jogo para telemóveis "Cristiano Ronaldo Underworld Footbal", em colaboração com a

Gestifute/PolarisSport, distribu ído no mundo inteiro.

Dois anos depois, recebe investimento da ES Tech Venture (Grupo Espirito Santo) e da Herrick Partners,

uma empresa norte-americana, no valor de 8,5 milhões de euros, e lança o maior projecto internacional

da empresa até à data, a Adidas Eye Ball. Em 2007, cria a primeira experiência de publicidade

interactiva em cinema, em pa íses como Portugal, Espanha e Brasil e, no final desse ano, é referida na

revista "The Economist" como a empresa pioneira em tecnologias de Realidade Aumentada.

No ano seguinte, lança o produto Architek - Criador de Soluções Alternativas, uma rede empresarial

para o desenvolvimento de produtos revolucionários e abre um escritório nos Estados Unidos da

América. Em Fevereiro, cria a campanha interactiva, Fábrica da Felicidade, da Coca-Cola, no Brasil.

Em 2009, a YDreams torna-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas globais pioneiras no

desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada. Quanto à presença da empresa

na Semana Europeia do Empreendedorismo, António Câmara afirma que foi uma "excelente iniciativa",

mas lamenta que a sua comunicação seja insuficiente a n ível europeu. A quem quer seguir as suas

pisadas, só dá um conselho: nunca desistir do sonho.

Produzir brinquedos cient íficos

Quando o Negócios falou pela última vez com Miguel Pina Martins, a Science4You tinha 12 brinquedos à venda e três campos de acção. Agora, vende mais 30. "Temos vindo a fazer uma aposta grande na

área das actividades: campos de férias, festas de aniversário, "workshops" nas escolas, actividades

extra-curriculares, entre outras." O empreendedor acredita que vai ser possível ter resultados muito

positivos nesta área, sobretudo no próximo ano-lectivo.

"Em termos de brinquedos já estamos praticamente em todos os s ítios onde queremos estar. E somos

líderes de mercado, é praticamente unânime, apesar de não haver dados sobre este tipo de mercado".

Miguel Pina Martins sublinha que a Science4You não pretende ser uma marca de brinquedos cient íficos,

mas sim um conceito de ciência. Quer oferecer aos seus clientes um vasto leque de opções, que

permitem o desenvolvimento cognitivo e experimental das crianças. Como?

A criança compra o brinquedo, tem direito a uma oferta para os museus da ciência e esta visita irá estimulá-lo para este tipo de interacção e experimentação. "É precisamente a í que queremos chegar:

fazer com que as crianças se interessem pela ciência não propriamente pelo estudo, mas pelo carácter

didático, educativo, mais a brincar, que a ciência pode ter." Às festas de aniversário juntam-se os

campos de férias, no Verão ou no Natal e as actividades promovidas nas escolas.

Em três anos, muita coisa mudou: a sala no ICAT - Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia é maior, o

armazém deixou de ser um cub ículo para ocupar outras duas salas, têm mais colaboradores, mais

cientistas e uma equipa muito própria. "A coisa tem funcionado muito melhor, porque apesar de

continuarmos a trabalhar com a faculdade, fazemo-lo de uma forma mais independente, o que nos

permite criar novos produtos."

Além da autonomia, a Sciencie4You tem ganho dimensão. Abriu um escritório em Madrid e está a

apostar "em grande" no mercado espanhol, muito maior do que o português em termos comerciais e de

vendas. "É um mercado com mais poder de compra e com mais população, acima de tudo, o que

permite sonhar um bocadinho mais do que aquilo que se faz cá", adianta.

Planos não faltam. Miguel Pina Martins quer abrir outros escritórios na União Europeia, fabricar

brinquedos noutras l ínguas e internacionalizar-se cada vez mais. Já são cinco os pa íses que a

Science4You conquistou: Espanha, Brasil, Angola, Moçambique e Finlândia.

"Temos muitos parceiros que têm lojas em Angola e Moçambique e acabam por levar os brinquedos de

uma forma natural para lá", explica. Um dos ex-colaboradores da empresa emigrou para o Brasil, onde

abriu uma firma e representa a Science4You no pa ís do samba.

A surpresa vem da Finlândia. "Um finlandês que estava em Portugal viu os nossos brinquedos num s ítio

qualquer, achou gir íssimo, voltou para a Finlândia, meteu-se novamente num avião, veio até cá e quer

levar os brinquedos para o seu pa ís", explica. Neste momento, a equipa de colaboradores da empresa

encontra-se a fazer as traduções de todos os brinquedos para que o negócio se concretize. "O projecto

está um bocadinho atrasado em relação às nossas expectativas, mas está a andar. Não vale a pena

estarmos com pressas, porque o que é importante é as coisas ficarem bem feitas."

O futuro está em Espanha

Quanto às vendas, só há aspectos positivos a destacar. Angola e Brasil têm corrido ao seu ritmo

natural, apesar do último sofrer por ser um pa ís muito burocrático e proteccionista, segundo o jovem. O

objectivo é ter todos os brinquedos posicionados no mercado brasileiro na altura do Natal.

De Espanha, chega uma facturação de 25% a 35%, o que "acaba por ser bom, tendo em conta que a

empresa ainda não tem três anos de vendas". A ambição do empreendedor é que esta atinja os 50% no

próximo ano. "Esperemos que Portugal comece a representar cerca de 40% em 2012, tendo em conta

que os outros pa íses ainda não têm uma expressão muito grande."

Miguel Pina Martins não poderia estar mais satisfeito. Apesar da crise que o pa ís vive, a Scinece4You

cresceu 100% em relação ao ano passado. Começou com 50 mil euros no primeiro ano, no segundo

aumentou para 195 mil, no terceiro para 250 mil e o objectivo de 2011 é chegar aos 500 mil euros.

"Neste momento, já temos 200 mil. Tendo em conta que a época do ano que começa em Setembro é normalmente muito forte, esperamos conseguir alcançar entre os 400 e os 500 mil euros." Em 2012, se

tudo correr como o empreendedor prevê, vai conseguir chegar a um milhão de euros, "um objectivo

que apesar de ambicioso, é realista", comenta.

A internacionalização continua a ser uma prioridade, os brinquedos continuam a ter o mesmo conceito e

a aposta na ciência é a mesma. Toda a missão e visão da empresa se mantêm. Os colaboradores

continuam a trabalhar e a dedicarem-se e é isso que consegue que faz com que a Science4You cresça.

"Sem trabalho e dedicação, é praticamente imposs ível fazer-se seja o que for, a não ser que se tenha

muita sorte na vida."

Uma multinacional em três anos

"Mais importante do que ter uma ideia, é preciso ter vontade de trabalhar, porque projectos não

faltam." Para o vencedor da última edição do prémio da Comissão Europeia, empreender foi a melhor

decisão que tomou até ao momento. Chega mesmo a afirmar que aprendeu muito mais nestes três anos do que se tivesse estado 20 anos na faculdade. Miguel Pina Martins arriscou numa altura em que

não tinha muito a perder: não tinha filhos, carro ou casa própria. Se algo corresse mal, perdia um ano

da sua vida.

Não só não correu mal, como não poderia ter corrido melhor. conseguiu montar uma multinacional em

36 meses. "Não é preciso ter pais ricos nem ir ao banco para criar uma empresa. Eu sou um exemplo

disso." Miguel Pina Martins refere-se às capitais de risco, apoios com garantia mútua e outros

mecanismos de incentivo às pequenas e médias empresas presentes no Estado português. Só é preciso

que todos os sonhadores estejam atentos.

Em três anos, a Science4You criou 42 brinquedos, está presente em cinco pa íses e aumentou a facturação

em cerca de 100% por ano. Quando a Comissão Europeia se reuniu com o IAPMEI, Miguel Pina Martins

foi eleito o Empreendedor do Ano 2010.

Empresa Science4You

Cargo que ocupa Administrador

Início de actividade 2008

Área de actividade Brinquedos e actividades de ciência

Número de colaboradores 18

Número de brinquedos 42

Objectivo de facturação para 2011 500 mil euros

Desde que António Câmara lançou a YDreams, criou quatro "spin-offs" da sua tecnologia: a YVision,

Ynvisible, YDreams Robotics e a YDreams Atlantic. Em 2009, foi reconhecido pela Comissão Europeia

como Empreendedor do Ano e a YDreams tornou-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas

globais pioneiras no desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada.

Empresa YDreams

Cargo que ocupa Presidente executivo)

Início de actividade 2000

Área de actividade Novas tecnologias

Número de colaboradores 130

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas suas sociedades" , afirma Antonio Tajani .

Page 4: Europa em busca da renovação

Jornal de Negócios Online País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Online

Pag.: 4 de 4ID: 37730876 29-09-2011

PME

Europa em busca da renovação29 Setembro 2011 | 11:06Ana Pimentel -

António Câmara e Miguel Pina Martins foram os dois empresários distinguidos pela Comissão Europeia para representarem Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Os Empreendedores do Ano 2009 e 2010 contam como lançaram a YDreams e a Science4You. Em Outubro, decorre a edição de 2011 desta iniciativa.Miguel Pina Martins tinha apenas 25 anos quando a Comissão Europeia o nomeou "Empreendedor do

Ano 2010" e o convidou a representar Portugal na Semana do Empreendedorismo Europeu. Foi o

segundo português que mostrou à Europa que por cá também se inova. Em causa, estava a

Science4You, um projecto empresarial que começou por ser um trabalho final de um curso de Finanças

do ISCTE e que acabou por tornar-se um sucesso de vendas em três anos. Foi o que bastou.

Antes de a Comissão lhe ter reconhecido o mérito, o jovem de 26 anos já tinha sido distinguido com o

"Prémio Empreendedor Finicia Jovem", em 2009, e com o primeiro lugar da "European Entreprise

Awards", na categoria "Internacionalização", a n ível nacional.

A próxima edição do galardão europeu é já em Outubro, sendo que a semana Europeia SME 2011 vai

decorrer de três a nove desse mês. O evento pretende informar os empreendedores do que é que as

autoridades locais, regionais, nacionais e a União Europeia estão a oferecer às micro, pequenas e

médias empresas, em termos de apoios. Visa promover o empreendedorismo, para que cada vez mais

jovens encarem o negócio por conta própria como uma carreira e estilo de vida, e reconhece a

contribuição que os empreendedores distinguidos depositam na empregabilidade, inovação,

competitividade e bem-estar europeu.

O ano de estreia da iniciativa foi 2009. No ano passado, houve 1500 eventos em 37 pa íses. Em Viena,

Áustria, pfoi promovida a conferência sobre "Processos Inovadores de alimentos Artesanais", enquanto

em Barcelona e Valência se organizou "Os Dias do Empreendedor". No Porto, esteve houve o evento

"SME & a Corrida do Empreendedorismo e em Belgrado decorreram os prémios "Flores de Sucesso",

para as melhores empreendedoras, entre outros.

"Estou convicto de que estas PME serão uma fonte inesgotável de inspiração para todas as pessoas, de

todas as idades, que aspiram à criação do seu próprio emprego. O percurso de 36 dirigentes de PME

prova-nos que não existe uma resposta única, mas sim um grande conjunto de opções que um esp írito

curioso, empreendedor e aventureiro deve equacionar", afirma Antonio Tajani, vice-presidente da

Comissão Europeia, responsável pela indústria e pelo empreendedorismo, na "Brochura do Sucesso" de

2010.

As PME criam 80% de novos postos de trabalho e representam 99% da totalidade das empresas

europeias, segundo o responsável. Para António Tajani, um dos efeitos fundamentais da crise financeira

foi a redescoberta do papel central que as PME e os empresários desempenham na economia europeia.

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas nossas sociedades".

Dois anos, duas conquistas

Miguel Pina Martins reunia as caracter ísticas impostas pela Comissão Europeia. A Science4You tinha

apenas dois anos de existência, tinha recorrido a um programa de financiamento gerido pelo IAPMEI -

Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e á Inovação, o Finicia, o seu fundador tinha apenas

25 anos e a empresa empregava entre duas a 50 pessoas.

"Não estava à espera, porque não há concurso. A Comissão Europeia escolhe algumas empresas que

em Portugal tenham tido destaque e em conjunto com o IAPMEI distinguem um empreendedor que

preencha os seus requisitos: ser jovem, ter financiamento através da União Europeia e do Estado." E

acrescenta: "mais importante do que ter sido distinguido, foi ter tido a honra de representar Portugal na

Semana Europeia das PME."

Não é por acaso que a Science4You utiliza o s ímbolo do "compre o que é nosso". "Sermos uma empresa

portuguesa é fundamental íssimo para nós e não abdicamos disso por nada", revela. Contudo, ainda não

foi desta que Miguel Pina Martins se sentiu com o dever cumprido. Para que isso aconteça, quer criar

mais emprego, mudar a vida de mais pessoas, desenvolver a sua actividade e contribuir mais para a

balança comercial portuguesa, no que toca às exportações e importações.

Em 2009, primeira edição do galardão europeu, foi António Câmara, da YDreams, que levou para casa

o reconhecimento europeu. O projecto, lançado em 2000 com Eduardo Dias, Edmundo Nobre, Miguel

Remédio e Nuno Correia, começou por se dedicar apenas a projectos na área dos telemóveis. "O

primeiro projecto foi o Canal Mapas, para a Vodafone", conta António Câmara.

Há mais de dez anos, o objectivo dos cinco promotores era o de criar uma empresa global de tecnologia

portuguesa. Conseguiram-no. A YDreams tornou-se um grupo de empresas que emprega cerca de 130

pessoas globalmente e divide-se em três áreas: a YDrems Life, que desenvolveu mais de 600 projectos

em 25 pa íses, YDreams DOOH, que vende produtos de "digital signage" em 20 pa íses e o Ylabs, que

assegura a investigação do grupo. É parceira tecnológica e acionista de referencia na Audience

Entertainment, sediada em Nova Iorque e criou quatro "spin-offs": a YVision, na área da Realidade

Aumentada, a Ynvisible, cotada na bolsa de Frankfurt e que desenvolve superfícies interactivas através da qu ímica, a YDreams Robotics, que vai lançar em 2012 "robots" para o grande consumo e a YDreams

Atlantic, que se vai orientar para a exploração marinha nos Açores.

Depois de todas as mudanças, o que é que se manteve? "A ênfase na investigação, criação de

propriedade intelectual e a ambição de tornar este grupo numa referência mundial", respondeu António

Câmara ao Negócios. E explica: "Não sei exactamente porque fui nomeado directamente pela Comissão

Europeia, apenas que o factor determinante foi a visita de uma pessoa chave na definição de pol íticas

de inovação na Europa." Apesar de já ter recebido vários galardões nacionais e internacionais ao longo

da sua carreira, como o Prémio Pessoa em 2006, este distingue-se pelo seu carácter empreendedor. "A

maioria dos prémios que recebi deveu-se a contribuições espec íficas em inovação", afirma.

Aumentar a realidade

A YDreams é especialista em tecnologias de interacção, com foco na área de Realidade Aumentada. Nos

últimos anos, tem vindo a desenvolver ambientes interactivos, de lojas a exposições, e produtos

inovadores que combinam tecnologia e design. A empresa já implementou mais de 500 projectos em

todo o mundo e está a arrancar com processos de "spin-off" das suas tecnologias. E investiga e

desenvolve tecnologia proprietária e patenteada em áreas como processamento de Imagem, Realidade

Aumentada, interfaces activadas por gestos e computação invis ível.

Tudo começou em 2000, quando os cinco colegas do GASA, um laboratório de investigação da

Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciência e Tecnologia, resolveram fundar a Ideias

Interactivas S.A. Em Abril de 2001, a empresa começa a desenvolver jogos móveis baseados em

localização real, combinando a posição geográfica dos jogadores com o enredo do jogo.

No ano seguinte, os fundadores mudam o nome da empresa para YDreams e lançam o primeiro jogo

móvel, Roskstar, na Vodafone Live. Em Janeiro de 2003, a empresa cria o Cubo Interactivo de 4x4

metros para a sede da Vodafone em Lisboa, em conjunto com a IDEO e, em Julho, começa a trabalhar

em Realidade Aumentada. Este Cubo venceu o prémio da Industrial Design Society of America.

É em 2004 que a empresa começa a expandir-se. Abre um escritório em Barcelona e cria ambientes

interactivos para clientes como PT; Fundação Portuguesa das Comunicações, Museu da Presidência,

Trienal de Milão, entre outros. Em 2005, instala o primeiro virtual Sightseeing, em Pinhel, e um ano

depois lança o jogo para telemóveis "Cristiano Ronaldo Underworld Footbal", em colaboração com a

Gestifute/PolarisSport, distribu ído no mundo inteiro.

Dois anos depois, recebe investimento da ES Tech Venture (Grupo Espirito Santo) e da Herrick Partners,

uma empresa norte-americana, no valor de 8,5 milhões de euros, e lança o maior projecto internacional

da empresa até à data, a Adidas Eye Ball. Em 2007, cria a primeira experiência de publicidade

interactiva em cinema, em pa íses como Portugal, Espanha e Brasil e, no final desse ano, é referida na

revista "The Economist" como a empresa pioneira em tecnologias de Realidade Aumentada.

No ano seguinte, lança o produto Architek - Criador de Soluções Alternativas, uma rede empresarial

para o desenvolvimento de produtos revolucionários e abre um escritório nos Estados Unidos da

América. Em Fevereiro, cria a campanha interactiva, Fábrica da Felicidade, da Coca-Cola, no Brasil.

Em 2009, a YDreams torna-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas globais pioneiras no

desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada. Quanto à presença da empresa

na Semana Europeia do Empreendedorismo, António Câmara afirma que foi uma "excelente iniciativa",

mas lamenta que a sua comunicação seja insuficiente a n ível europeu. A quem quer seguir as suas

pisadas, só dá um conselho: nunca desistir do sonho.

Produzir brinquedos cient íficos

Quando o Negócios falou pela última vez com Miguel Pina Martins, a Science4You tinha 12 brinquedos à venda e três campos de acção. Agora, vende mais 30. "Temos vindo a fazer uma aposta grande na

área das actividades: campos de férias, festas de aniversário, "workshops" nas escolas, actividades

extra-curriculares, entre outras." O empreendedor acredita que vai ser possível ter resultados muito

positivos nesta área, sobretudo no próximo ano-lectivo.

"Em termos de brinquedos já estamos praticamente em todos os s ítios onde queremos estar. E somos

líderes de mercado, é praticamente unânime, apesar de não haver dados sobre este tipo de mercado".

Miguel Pina Martins sublinha que a Science4You não pretende ser uma marca de brinquedos cient íficos,

mas sim um conceito de ciência. Quer oferecer aos seus clientes um vasto leque de opções, que

permitem o desenvolvimento cognitivo e experimental das crianças. Como?

A criança compra o brinquedo, tem direito a uma oferta para os museus da ciência e esta visita irá estimulá-lo para este tipo de interacção e experimentação. "É precisamente a í que queremos chegar:

fazer com que as crianças se interessem pela ciência não propriamente pelo estudo, mas pelo carácter

didático, educativo, mais a brincar, que a ciência pode ter." Às festas de aniversário juntam-se os

campos de férias, no Verão ou no Natal e as actividades promovidas nas escolas.

Em três anos, muita coisa mudou: a sala no ICAT - Instituto de Ciência Aplicada e Tecnologia é maior, o

armazém deixou de ser um cub ículo para ocupar outras duas salas, têm mais colaboradores, mais

cientistas e uma equipa muito própria. "A coisa tem funcionado muito melhor, porque apesar de

continuarmos a trabalhar com a faculdade, fazemo-lo de uma forma mais independente, o que nos

permite criar novos produtos."

Além da autonomia, a Sciencie4You tem ganho dimensão. Abriu um escritório em Madrid e está a

apostar "em grande" no mercado espanhol, muito maior do que o português em termos comerciais e de

vendas. "É um mercado com mais poder de compra e com mais população, acima de tudo, o que

permite sonhar um bocadinho mais do que aquilo que se faz cá", adianta.

Planos não faltam. Miguel Pina Martins quer abrir outros escritórios na União Europeia, fabricar

brinquedos noutras l ínguas e internacionalizar-se cada vez mais. Já são cinco os pa íses que a

Science4You conquistou: Espanha, Brasil, Angola, Moçambique e Finlândia.

"Temos muitos parceiros que têm lojas em Angola e Moçambique e acabam por levar os brinquedos de

uma forma natural para lá", explica. Um dos ex-colaboradores da empresa emigrou para o Brasil, onde

abriu uma firma e representa a Science4You no pa ís do samba.

A surpresa vem da Finlândia. "Um finlandês que estava em Portugal viu os nossos brinquedos num s ítio

qualquer, achou gir íssimo, voltou para a Finlândia, meteu-se novamente num avião, veio até cá e quer

levar os brinquedos para o seu pa ís", explica. Neste momento, a equipa de colaboradores da empresa

encontra-se a fazer as traduções de todos os brinquedos para que o negócio se concretize. "O projecto

está um bocadinho atrasado em relação às nossas expectativas, mas está a andar. Não vale a pena

estarmos com pressas, porque o que é importante é as coisas ficarem bem feitas."

O futuro está em Espanha

Quanto às vendas, só há aspectos positivos a destacar. Angola e Brasil têm corrido ao seu ritmo

natural, apesar do último sofrer por ser um pa ís muito burocrático e proteccionista, segundo o jovem. O

objectivo é ter todos os brinquedos posicionados no mercado brasileiro na altura do Natal.

De Espanha, chega uma facturação de 25% a 35%, o que "acaba por ser bom, tendo em conta que a

empresa ainda não tem três anos de vendas". A ambição do empreendedor é que esta atinja os 50% no

próximo ano. "Esperemos que Portugal comece a representar cerca de 40% em 2012, tendo em conta

que os outros pa íses ainda não têm uma expressão muito grande."

Miguel Pina Martins não poderia estar mais satisfeito. Apesar da crise que o pa ís vive, a Scinece4You

cresceu 100% em relação ao ano passado. Começou com 50 mil euros no primeiro ano, no segundo

aumentou para 195 mil, no terceiro para 250 mil e o objectivo de 2011 é chegar aos 500 mil euros.

"Neste momento, já temos 200 mil. Tendo em conta que a época do ano que começa em Setembro é normalmente muito forte, esperamos conseguir alcançar entre os 400 e os 500 mil euros." Em 2012, se

tudo correr como o empreendedor prevê, vai conseguir chegar a um milhão de euros, "um objectivo

que apesar de ambicioso, é realista", comenta.

A internacionalização continua a ser uma prioridade, os brinquedos continuam a ter o mesmo conceito e

a aposta na ciência é a mesma. Toda a missão e visão da empresa se mantêm. Os colaboradores

continuam a trabalhar e a dedicarem-se e é isso que consegue que faz com que a Science4You cresça.

"Sem trabalho e dedicação, é praticamente imposs ível fazer-se seja o que for, a não ser que se tenha

muita sorte na vida."

Uma multinacional em três anos

"Mais importante do que ter uma ideia, é preciso ter vontade de trabalhar, porque projectos não

faltam." Para o vencedor da última edição do prémio da Comissão Europeia, empreender foi a melhor

decisão que tomou até ao momento. Chega mesmo a afirmar que aprendeu muito mais nestes três anos do que se tivesse estado 20 anos na faculdade. Miguel Pina Martins arriscou numa altura em que

não tinha muito a perder: não tinha filhos, carro ou casa própria. Se algo corresse mal, perdia um ano

da sua vida.

Não só não correu mal, como não poderia ter corrido melhor. conseguiu montar uma multinacional em

36 meses. "Não é preciso ter pais ricos nem ir ao banco para criar uma empresa. Eu sou um exemplo

disso." Miguel Pina Martins refere-se às capitais de risco, apoios com garantia mútua e outros

mecanismos de incentivo às pequenas e médias empresas presentes no Estado português. Só é preciso

que todos os sonhadores estejam atentos.

Em três anos, a Science4You criou 42 brinquedos, está presente em cinco pa íses e aumentou a facturação

em cerca de 100% por ano. Quando a Comissão Europeia se reuniu com o IAPMEI, Miguel Pina Martins

foi eleito o Empreendedor do Ano 2010.

Empresa Science4You

Cargo que ocupa Administrador

Início de actividade 2008

Área de actividade Brinquedos e actividades de ciência

Número de colaboradores 18

Número de brinquedos 42

Objectivo de facturação para 2011 500 mil euros

Desde que António Câmara lançou a YDreams, criou quatro "spin-offs" da sua tecnologia: a YVision,

Ynvisible, YDreams Robotics e a YDreams Atlantic. Em 2009, foi reconhecido pela Comissão Europeia

como Empreendedor do Ano e a YDreams tornou-se membro do AR Consortium, um grupo de empresas

globais pioneiras no desenvolvimento de tecnologia e ferramentas de Realidade Aumentada.

Empresa YDreams

Cargo que ocupa Presidente executivo)

Início de actividade 2000

Área de actividade Novas tecnologias

Número de colaboradores 130

"Para continuar a ser competitiva, a Europa deve mobilizar todo o seu potencial humano dispon ível e

estimular o esp írito empresarial nas suas sociedades" , afirma Antonio Tajani .