estudo preliminar de ocorrência de plantas espontâneas em dois sistemas agroflorestais do acre

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O presente trabalho objetivou identificar as plantas espontâneas em termos de família, espécie e nome comum presentes em dois SAFs em área de pesquisa do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Acre (UFAC), e analisar as espécies presentes através da interação solo-planta, bem como outras variáveis responsáveis pelo aparecimento e dispersão de plantas espontâneas e alguns aspectos relacionados ao seu manejo e controle.

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Page 1: Estudo preliminar de ocorrência de plantas espontâneas em dois Sistemas Agroflorestais do Acre

  Estudo preliminar de ocorrência de plantas espontâneas em dois Sistemas 

Agroflorestais no Estado do Acre 

 

Edson Alves de ARAÚJO (1), Andrea Silva ALECHANDRE (2), Maria do Socorro PAIVA(3) 

 

(1) Universidade Federal de Viçosa (UFV); Secretaria de Produção do Estado do Acre 

(SEPRO/AC). (2) Universidade Federal do Acre. (3) Governo do Acre 

 

 Os sistemas de manejo e uso atual da terra no Acre por pequenos produtores se baseiam, em grande 

parte, no processo de derruba e queima da floresta primária e/ou secundária (capoeira), seguida do plantio 

de culturas anuais como arroz, milho,  feijão e mandioca por um período médio de um a dois anos. Após 

esse período de uso, a depender das condições ambientais e edáficas, o produtor deixa a terra em descanso 

(pousio) para  a  recuperação da  sua  fertilidade  e/ou  incorpora  às pastagens  extensivas,  enquanto novas 

áreas são desmatadas para utilização com culturas. 

Um dos principais entraves para a manutenção desses agroecossistemas é o  controle das plantas 

espontâneas  (anteriormente  designada  como  erva  daninha  ou  invasora),  que  com  a  derruba  da mata 

primária e/ou secundária, diversificam‐se e multiplicam‐se de forma muito intensiva. Um dos métodos mais 

utilizados para o  controle de plantas espontâneas é a capina manual, que onera os custos dos produtos 

agrícolas, quando o uso dessa energia utilizada na forma de mão‐de obra deveria ser canalizado para outras 

atividades produtivas. 

Embora as plantas espontâneas, em determinadas ocasiões, causem danos econômicos à  lavoura, 

por outro  lado elas podem assumir em alguns casos  importância econômica, bem como na melhoria das 

características físico‐químicas do solo e na sua conservação. 

O presente  trabalho objetivou  identificar as plantas espontâneas em  termos de  família, espécie e 

nome  comum  presentes  em  dois  SAFs  em  área  de  pesquisa  do  Departamento  de  Ciências  Agrárias  da 

Universidade  Federal do Acre  (UFAC),  e  analisar  as  espécies presentes  através da  interação  solo‐planta, 

bem como outras variáveis responsáveis pelo aparecimento e dispersão de plantas espontâneas e alguns 

aspectos relacionados ao seu manejo e controle. 

O objeto de estudo foram dois SAFs, tendo o SAF 1 sido  implantado em  janeiro de 1993, com uma 

área de 42 x 84 m (0,35 ha) e com as seguintes culturas: açaí‐de‐touceira (Euterpe oleracea), castanha‐do‐

brasil  (Bertholletia  excelsa),  cedro  (Cedrela  odorata),  graviola  (Anonna  muricata)  e  pupunha  (Bactris 

gassipae). O  SAF 2,  implantado em  fevereiro de 1993,  com uma  área de 60  x 78 m  (0,47 ha) e  com  as 

seguintes  culturas:  castanha‐do‐brasil  (Bertholletia  excelsa),  grumixama  (Eugenia  brasiliensis),  cupuaçu 

(Theobroma gradiflorum), ingá (Inga edulis), manga (Mangifera indica) e mogno (Swetenia macrophilia). 

O  solo nos  SAFs 1  e 2  foi  classificado  como  sendo um ARGISSOLO VERMELHO AMARELO plíntico 

(anteriormente  designado  como  Podzólico  Vermelho  Amarelo  Plíntico  –  COELHO,  1982).  As  análises 

químicas de solo foram realizadas de acordo com metodologia preconizada pela EMBRAPA (1979). 

1 Engenheiro Agrônomo., Mestrando em Solos e Nutrição de Plantas (UFV), SEPRO/AC. Rua do Aviário s/n, Rio Branco-AC. E-mail: [email protected]

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Como citar este artigo: ARAÚJO, E. A. ; ALEXANDRE, A. S. ; PAIVA, M. S. Estudo preliminar de ocorrência de plantas espontâneas em dois sistemas agroflorestais no estado do Acre. In: III Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, 2000, Manaus. III Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais III. Sistemas Agroflorestais: manejando a biodiversidade e compondo a paisagem rural. Manaus: Embrapa, 2000. p. 186-188.
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Para  identificação  das  plantas  espontâneas,  foram  realizadas  coletas  de  material  fértil  (com 

inflorescência),  nos meses  de  novembro  a  dezembro  de  1993. As  plantas  coletadas  foram  identificadas 

segundo a sistemática adotada por LEITÃO et al. (1972) e ALBUQUERQUE (1978). 

Foram identificadas, nos SAFs 1 e 2, 19 espécies de plantas espontâneas pertencentes a 15 gêneros, 

englobados em 8 famílias (Figura 1). Vale salientar que 4 espécies foram  identificadas somente a nível de 

família (sp1 a sp4) e outras 4 espécies, somente a nível de gênero. Constatou‐se a presença de 2 famílias de 

monocotiledôneas  (Gramineae  e  Cyperaceae)  e  6  famílias  de  dicotiledôneas.  As  famílias  mais 

representativas  foram  Gramineae  (8  espécies),  Cyperaceae  (2  espécies),  Verbenaceae  (2  espécies), 

Malvaceae (2 espécies), Compositae ou Asteraceae ( 2 espécies), Euphorbiaceae (1 espécie), Leguminosae 

(1 espécie). 

Foram  coletadas  outras  espécies,  mas  não  foi  possível  sua  identificação,  dado  à  ausência  de 

inflorescência nas mesmas. Constatou‐se no SAF 1 a presença de calopogônio (Calopogonium mucunoides) 

e mucuna preta (Stilozobium aterrinum) que não foram  listados na figura 1, porque  já se encontravam na 

área  antes  da  implantação  do  referido  sistema  e  atualmente  funcionam  como  melhoradoras  das 

características físico‐químicas do solo. 

 

Figura 1 – Relação das plantas espontâneas encontradas nos SAFs 1 e 2  

Família  Nome científico  Nome popular  Ocorrência 

(SAF) 

Compositae  Emilia sonchifolia   Falsa serralha, serralha  1 

  sp1  ‐  1 

Cyperaceae  Scleria pterota   Capa cachorro, tiririca  1 

  Cyperus sp  Tiririca  1 

Euphorbiaceae  Phyllanthus niruri.  Quebra‐pedra  1 

Gramineae  Imperara 

brasiliensis  

Sapé  1 e 2 

  Hyparrhenia rufa  Capim‐jaraguá  1 e 2 

  Sorghum 

arundinaceum 

Capim‐arroz  1 

  Panicum sp  Capim colonião  1 

  Brachiaria sp  Braquiária  1 

  sp2  ‐  2 

  sp3  ‐  2 

  sp4  ‐  2 

Leguminosae  Mimosa pudica  Sensitiva  1 

Malvaceae  Urena lobata  Malva  1 e 2  

  Sida sp  Guanchuma  1 

Solonaceae  Physalis angulata  Bucho de rã  1 

Verbenaceae  Stachytarphetta 

cayenensis 

Rinchão  2 

  Lantana camara  Cambará  2 

 

As análise de solo para o SAF 1 revelam características químicas mais favoráveis ao uso agrícola em 

relação ao SAF 2 (Figura 2). Observa‐se que o solo do SAF 1 possui um teor médio de matéria orgânica (2,2 

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dag.kg‐1), é eutrófico (V=57%) e teor baixo de alumínio trocável (0,25 cmolc.dm‐3), de onde se pode inferir 

que  o  solo  do  referido  SAF  possui menor  densidade, maior  porosidade  e maior  CTC,  condições  físicas 

propícias para o desenvolvimento do sistema radicular das plantas e por conseguinte melhor absorção de 

água e nutrientes, aliado a sua textura argilo‐siltosa. Em detrimento do solo do SAF2, que possui baixo teor 

de matéria orgânica (1,2 dag.kg‐1), é distrófico (V=38%) e possui um teor de alumínio trocável médio, mas 

que pode tornar‐se tóxico para as plantas, além de sua textura argilo‐arenosa, que condicionou uma menor 

CTC (5,92 cmolc.dm‐3). 

 

 

Figura 2 – Resultados da análise química do solo nos dois SAFs 

 Deve‐se atentar para o fato de que ambos os SAFs foram utilizados anteriormente com pastagens, 

porém o SAF 1, passou por um período de pousio maior, ao passo que o SAF 2 foi submetido a sucessivas 

gradeações para o  cultivo de  culturas  anuais.  Por  conseguinte,  tem‐se um  solo quimicamente  exaurido, 

conforme pode‐se constatar no Figura 1. 

Verifica‐se que das 19 espécies encontradas nos SAFs 1 e 2, 11 espécies predominaram no SAF 1, 5 

espécies no SAF 2 e somente 3 espécies estavam presentes em ambos os SAFs. Presume‐se que a maior 

diversidade e quantidade de espécies presentes no SAF 1 indique uma relação direta com as características 

físico‐químicas do solo mais favoráveis à ocorrência de plantas espontâneas. Assim, a partir de estudos mais 

aprofundados, pode‐se usar as plantas espontâneas como  indicadoras de características edáficas. Espera‐

se, portanto, que este trabalho contribua de alguma forma para estudos mais aprofundados no tocante ao 

ciclo de vida das plantas espontâneas, bem como seu manejo eficaz. 

 

Bibliografia 

 

ALBUQUERQUE,  J.M.  Identificação  de  plantas  invasoras  de  culturas  na  região  de  Manaus.  Manaus. 

Manaus:INPA. 1978. 124p. (Tese de mestrado em Agronomia) 

 

COELHO, M.A.  Levantamento  detalhado  dos  solos  do  campus  da  Universidade  Federal  do  Acre.  Rio 

Branco:UFAC /CNPq., 1982. 40 p. 

 

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Manual de métodos de análise de solo. 

Rio de janeiro,1979. 271p.  

 

LEITÃO, et al. Plantas invasoras de culturas. São Paulo: HUCITEC, 1972. 3v. 

SAF Prof. pH Ca Mg K Na Al Al+H SB CTC V M.O Pcm H2O ---------------------------------cmolc.dm-3-------------------- % dag.kg-1 mg.dm-3

1 0-20 5,3 1,25 2,25 0,18 0,01 0,25 2,76 3,69 6,45 57 2,2 52 0-20 4,9 1,10 1,05 0,07 0,01 0,6 3,35 2,24 5,92 38 1,2 2