estudo de tensão de restabelecimento transitória
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Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Engenharia Elétrica e Informática
Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica
Projeto de Engenharia Elétrica
Estudo de Tensão de Restabelecimento
Transitória: Avaliação e Medidas
Mitigadoras
Luiz Gianini Bezerra de Melo
Campina Grande, outubro de 2010.
II
Universidade Federal de Campina Grande
Centro de Engenharia Elétrica e Informática
Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica
Projeto de Engenharia Elétrica
Estudo de Tensão de Restabelecimento Transitória:
Avaliação e Medidas Mitigadoras
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação de Graduação em Engenharia Elétrica da
UFCG, como parte dos requisitos para obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.
Damásio Fernandes Júnior, D.Sc.
Orientador
Campina Grande, outubro de 2010.
III
Luiz Gianini Bezerra de Melo
Estudo de Tensão de Restabelecimento Transitória:
Avaliação e Medidas Mitigadoras
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Coordenação de Graduação em Engenharia Elétrica da
UFCG, como parte dos requisitos para obtenção do título
de Engenheiro Eletricista.
Aprovado em _____ de _______________ 2010.
Banca Examinadora
_____________________________________
Orientador: Damásio Fernandes Júnior, D.Sc.
_____________________________________
Examinador:
IV
Agradecimentos
Agradeço a toda minha família, especialmente aos meus pais, Lamarck Bezerra
de Melo e Eleny Gianini, por todos os princípios éticos e de caráter que me foram
ensinados, pela educação que me foi dada, dedicação, companheirismo e amor que
nunca me faltaram. A meu grande irmão Artur, um grande orgulho para mim, que a
cada dia vejo como um exemplo a ser seguido.
A todos os meus verdadeiros amigos que estiveram comigo nos momentos bons
e ruins que passamos ao longo da graduação, principalmente a Ângelo, Antônio
Alberto, Flávio, Huno, Rodrigo, Saulo e Frederico. Todos contribuíram para meu
crescimento pessoal e profissional.
Aos professores Washington Neves e Damásio Fernandes, pelos conhecimentos
passados, orientação e a inestimável oportunidade que me foi dada. Ao amigo Wilker
Azevêdo, por toda a disponibilidade em me ajudar na realização deste trabalho.
A todos os professores do Departamento de Engenharia Elétrica, pela excelência
do ensino que me foi passado, contribuindo de forma significativa para meu
aprendizado acadêmico, possibilitando realizar o sonho de me tornar engenheiro
eletricista.
V
Sumário
Agradecimentos ................................................................................................. IV
Lista de Figuras ............................................................................................... VII
Lista de Tabelas .................................................................................................. X
1. Introdução ................................................................................................. 1
1.1. Motivação .............................................................................................. 1
1.2. Objetivos ................................................................................................ 2
2. Tensão de Restabelecimento Transitória ............................................... 3
2.1. Considerações Preliminares ................................................................. 3
2.2. Tipos de Faltas Avaliadas ..................................................................... 4
2.2.1. Faltas Quilométricas......................................................................... 4
2.2.2. Faltas Trifásicas não Aterradas ........................................................ 5
2.3. Especificações Técnicas ........................................................................ 7
2.3.1. IEC 62271-100 (2006) ..................................................................... 7
2.3.2. Normas ANSI ................................................................................. 10
2.3.3. Normas IEEE ................................................................................. 12
2.4. Aferição ................................................................................................ 13
3. Representação da Rede Elétrica ............................................................ 14
3.1. Plataforma EMTP ............................................................................... 14
3.2. Modelagem de Componentes ............................................................. 14
3.2.1. Linhas de Transmissão ................................................................... 14
3.2.2. Cabos .............................................................................................. 14
3.2.3. Cargas ............................................................................................. 15
3.2.4. Bancos de Capacitores ................................................................... 15
3.2.5. Transformadores ............................................................................ 16
3.2.6. Disjuntores e Chaves ...................................................................... 17
VI
3.3. Equivalentes de Rede .......................................................................... 17
4. Mitigação da TRT ................................................................................... 19
4.1. Redução da TCTRT ............................................................................ 19
4.2. Redução do Pico da TRT .................................................................... 20
4.2.1. Dispositivo Limitador da TRT ....................................................... 21
5. Estudo da TRT no Sistema Piloto ......................................................... 24
5.1. Sistema Piloto ...................................................................................... 24
5.2. Representação da Rede Teste ............................................................ 27
5.3. Avaliação dos Equipamentos ............................................................. 28
5.3.1. Eliminação de Falta Trifásica Não Aterrada .................................. 29
5.3.2. Eliminação de Falta Quilométrica .................................................. 32
5.4. Medidas Mitigadoras .......................................................................... 34
5.4.1. Instalação de Células Capacitivas .................................................. 34
5.4.2. Utilização de Varistores de ZnO .................................................... 35
6. Conclusões ............................................................................................... 40
Bibliografia ........................................................................................................ 41
VII
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Redes elétricas conectadas através de disjuntor. .............................. 3
Figura 2.2 – Extinção da corrente de falta e surgimento da TRT. ........................ 3
Figura 2.3 – Característica da TRT para faltas quilométricas. ............................. 5
Figura 2.4 – Característica da TRT para faltas trifásicas não aterradas. .............. 6
Figura 2.5 – Circuito simplificado para análise de TRT oscilatória. .................... 6
Figura 2.6 – Envoltória a dois parâmetros da TRT de ensaio definida pela IEC. 8
Figura 2.7 – Circuito simplificado para análise do fator de primeiro pólo. .......... 9
Figura 2.8 – Forma característica da TRT de referência da norma ANSI para
disjuntores de classe igual ou inferior a 72,5 kV. ........................................................... 10
Figura 2.9 – Representação da TRT presumida por dois parâmetros. ................ 13
Figura 3.1 – Representação de cabos curtos (<100 m): modelo PI a parâmetros
concentrados. .................................................................................................................. 14
Figura 3.2 – Modelo RL série utilizado para representação de cargas no sistema.
........................................................................................................................................ 15
Figura 3.3 – Modelo utilizado para representar um capacitor. ........................... 15
Figura 3.4 – Representação dos transformadores de potência. ........................... 16
Figura 3.5 – Sistema de potência com suas redes e fronteiras. ........................... 17
Figura 3.6 – Recomendação do CCON para delimitação de redes. .................... 18
Figura 3.7 – Recomendação do ONS para delimitação de redes. ....................... 18
Figura 3.8 – Efeito do comprimento da rede simulada na forma de onda da TRT.
........................................................................................................................................ 19
Figura 4.1 – Efeito das células capacitivas nos terminais do disjuntor sobre a
freqüência da TRT. ......................................................................................................... 20
Figura 4.2 – Localização das células de surto para redução da TCTRT. ........... 20
Figura 4.3 – Característica V-I não-linear típica de um varistor de ZnO. .......... 21
Figura 4.4 – Arranjo para limitação do pico da TRT com dispositivo a varistores
de ZnO. ........................................................................................................................... 22
Figura 5.1 – Diagrama simplificado das seccionais João Pessoa e Mangabeira do
sistema Energisa-PB. ...................................................................................................... 24
Figura 5.2 – Unifilar do setor de 69 kV da subestação Cruz do Peixe (CPX). ... 25
Figura 5.3 – Unifilar do setor de 13,8 kV da subestação Cruz do Peixe (CPX). 25
VIII
Figura 5.4 – Unifilar do setor de 69 kV da subestação João Pessoa (JPS). ........ 26
Figura 5.5 – Unifilar do setor de 13,8 kV da subestação João Pessoa (JPS). ..... 27
Figura 5.6 – Formas de onda para a TRT nas três fases do religador 21L1 da SE
CPX sob falta trifásica não aterrada. .............................................................................. 29
Figura 5.7 – Formas de onda para a corrente nas três fases do religador 21L1 da
SE CPX sob falta trifásica não aterrada.......................................................................... 29
Figura 5.8 – TRT presumida e especificada na fase B do religador 21L1 da SE
CPX. ............................................................................................................................... 30
Figura 5.9 – Formas de onda para a TRT nas três fases do religador 21L6 da SE
TBU sob falta trifásica não aterrada. .............................................................................. 30
Figura 5.10 – Formas de onda para a corrente nas três fases do religador 21L6 da
SE TBU sob falta trifásica não aterrada. ........................................................................ 31
Figura 5.11 – TRT presumida e especificada na fase B do religador 21L6 da SE
TBU sob falta trifásica não aterrada. .............................................................................. 31
Figura 5.12 – TRT presumida e especificada na fase A do religador 21L1 da SE
CPX sob falta quilométrica. ........................................................................................... 32
Figura 5.13 – Detalhe da TRT presumida e especificada na fase A do religador
21L1 da SE CPX sob falta quilométrica. ........................................................................ 32
Figura 5.14 – TRT presumida e especificada na fase A do religador 21L6 da SE
TBU sob falta quilométrica. ........................................................................................... 33
Figura 5.15 – Detalhe da TRT presumida e especificada na fase A do religador
21L6 da SE TBU sob falta quilométrica. ....................................................................... 33
Figura 5.16 – Efeito na TRT após inserção de células capacitivas à jusante do
religador 21L1 da SE CPX sob falta quilométrica. ........................................................ 34
Figura 5.17 – Efeito na TRT após inserção de células capacitivas à jusante do
religador 21L6 da SE TBU sob falta quilométrica. ........................................................ 35
Figura 5.18 – Efeito na TRT após inserção de células varistoras de ZnO em
paralelo ao religador 21L6 da SE TBU sob falta trifásica não aterrada. ........................ 36
Figura 5.19 – Efeito na TRT após inserção de células varistoras de ZnO em
paralelo ao religador 21L1 da SE CPX sob falta quilométrica....................................... 36
Figura 5.20 – Efeito na TRT após inserção de células varistoras de ZnO em
paralelo ao religador 21L6 da SE TBU sob falta quilométrica. ..................................... 37
Figura 5.21 – Energia absorvida pelo dispositivo de ZnO (3 e 4 pastilhas) em
paralelo com o Religador 21L6 (TBU) sob falta trifásica não aterrada. ........................ 38
IX
Figura 5.22 – Corrente no dispositivo de ZnO (3 e 4 pastilhas) em paralelo com
o Religador 21L6 (TBU) sob falta trifásica não aterrada. .............................................. 39
X
Lista de Tabelas
Tabela 2.1. Fator de amplitude kaf para disjuntores de classe inferior a 100 kV. . 9
Tabela 2.2. Parametrização das envoltórias da TRT especificada para faltas
trifásicas não aterradas.................................................................................................... 10
Tabela 2.3 – Parâmetros de referência da norma ANSI para TRT especificada de
equipamentos de classe 15 kV. ....................................................................................... 11
Tabela 2.4 – Valores padrões da norma ANSI para parametrização das
envoltórias da TRT especificada no escopo de faltas trifásicas não aterradas. .............. 12
Tabela 4.1 – Característica técnicas dos elementos varistores a base de ZnO. .. 22
Tabela 4.2 – Característica V-I para dispositivo limitador com 3 e 4 pastilhas
varistoras de em série. .................................................................................................... 23
Tabela 5.1 – Parâmetros de referência da TRT especificada para equipamentos
de classe 15 kV – norma ANSI C37.06. ......................................................................... 28
Tabela 5.2 – Síntese dos resultados obtidos para os religadores submetidos a
falta quilométrica. ........................................................................................................... 33
Tabela 5.3 – Resultados obtidos após inserção de células capacitivas à jusante
dos religadores 21L1 (CPX) e 21L6 (TBU) sob falta quilométrica. .............................. 35
Tabela 5.4 – Resultados obtidos após inserção de pastilhas de ZnO em paralelo
aos religadores 21L1 (CPX) e 21L6 (TBU). .................................................................. 37
1
1. Introdução
1.1. Motivação
A crescente expansão dos sistemas elétricos interligados vem a fomentar a
análise das conseqüências que as operações de chaveamento, e mudança da topologia da
rede, trazem no âmbito dos estudos de transitórios eletromagnéticos. É imprescindível
que, para a operação confiável de todo sistema, seja feita uma avaliação no contexto das
sobretensões de manobra de disjuntores e religadores por Tensão de Restabelecimento
Transitória (TRT), evidenciando os requisitos impostos a estes equipamentos frente à
nova configuração da rede.
A utilização de plataformas de simulações digitais de fenômenos
eletromagnéticos do tipo EMTP (Electromagnetic Transients Program) para analisar o
sistema, na busca por maior confiabilidade no diagnóstico da TRT, traz consigo uma
exigência ininterrupta do aprimoramento dos modelos e técnicas utilizadas,
minimizando os gastos financeiros consequentes do mau dimensionamento dos
mesmos.
Além disso, é de suma importância a avaliação dos equipamentos seccionadores
frente à TRT visando sua integridade durante a eliminação de faltas na rede elétrica.
Para a superação térmica do meio extintor, quando a taxa de crescimento da TRT
ultrapassa o limite estabelecido por norma, normalmente é recomendada a instalação de
células capacitivas visando reduzir a frequência de oscilação da TRT (Colclaser et al,
1971). Geralmente a substituição do equipamento por outro de classe de tensão superior
é indicada quando este se encontra superado pelo valor de pico da TRT, levando o meio
de extinção a estresses dielétricos elevados. Alternativas para redução do valor de pico
utilizando dispositivos de óxido de zinco (ZnO) foram sugeridas por estudos recentes
(Nobre et al, 2001).
Ainda como motivação, este trabalho se insere em pesquisas do Grupo de
Sistemas Elétricos (GSE) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em um
projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) financiado pela ENERGISA.
2
1.2. Objetivos
Este trabalho tem como objetivo avaliar a adequabilidade de dois religadores de
classe 15 kV encontrados em subestações do Regional Mussuré II da ENERGISA (PB)
quanto às solicitações de TRT que lhes são impostas.
São eles o Religador 21L1 da Subestação Cruz do Peixe (CPX) e o Religador
21L6 da Subestação Tambaú (TBU), que por meio de simulações digitais realizadas
com o programa ATP (Alternative Transients Program), foram analisados em relação a
aspectos como redução da Taxa de Crescimento da Tensão de Restabelecimento
Transitória (TCTRT), utilizando células capacitivas, mitigação do valor de pico da TRT
com a instalação de dispositivos varistores de ZnO, estando os equipamentos
submetidos a supressão de faltas trifásicas não aterradas e faltas monofásicas
quilométricas.
3
2. Tensão de Restabelecimento Transitória
2.1. Considerações Preliminares
Durante o processo de eliminação de faltas no sistema elétrico, no momento em
que a corrente é interrompida, as duas redes separadas redistribuem sua energia
adequando-se ao novo estado elétrico. A Figura 2.1 ilustra a separação das duas redes
conectadas através de disjuntor no sistema elétrico.
Figura 2.1 – Redes elétricas conectadas através de disjuntor.
Como resultado, a tensão que surge entre os pólos do disjuntor apresentará
oscilações transitórias de acordo com a frequência natural do sistema até que o regime
estacionário seja atingido. Essa componente transitória é chamada de Tensão de
Restabelecimento Transitória (TRT), ilustrada na Figura 2.2.
Figura 2.2 – Extinção da corrente de falta e surgimento da TRT.
Durante o período inicial que procede a separação mecânica dos contatos, a
solicitação térmica na câmara de extinção do disjuntor é de grande severidade. Após a
4
extinção da corrente, os mecanismos internos tentam recuperar as características do
meio de interrupção de um estado anterior de bom condutor para um outro estado com
atributos de bom dielétrico, ao passo que, concomitantemente, a solicitação de tensão
entre os contatos atua de forma contrária, podendo provocar a reignição do arco ou
disrupção do meio. Se o meio não se recuperar mais rapidamente que a TRT, o arco é
restabelecido, outro meio ciclo de corrente ocorre, e o processo de interrupção é mais
uma vez tentado até que a interrupção ocorra ou haja a falha do disjuntor (Swindler et
al, 1997).
O processo de reignição ocorre pelo fato de que durante os primeiros micro
segundos após a extinção do arco, o meio de interrupção ainda apresenta uma
condutância relativamente alta, de forma que se a TRT apresentar uma alta taxa de
crescimento durante esse instante, a corrente pode ser suficiente para aquecer a coluna
do arco e restaurar a condução, se o aquecimento exceder a capacidade de remover calor
e resfriar o arco da câmara de extinção (Swindler et al, 1997).
A disrupção ocorre pela superação dielétrica do meio e pode acontecer a
qualquer momento no ciclo de TRT, embora seja usualmente mais freqüente nas
dezenas a centenas de micro segundos do ciclo, quando a TRT apresenta uma amplitude
suficientemente alta (Swindler et al, 1997).
Desta forma, o disjuntor pode ser superado tanto por taxa de crescimento
(reignição do arco) quanto por amplitude da TRT (disrupção do meio).
2.2. Tipos de Faltas Avaliadas
Avaliando os efeitos dos diferentes tipos de falta sobre a TRT presumida, em
face das severas solicitações térmicas e dielétricas que provocam no meio de extinção
do arco elétrico, faltas monofásicas quilométricas e faltas trifásicas não aterradas são
recomendadas pelas normas de referência (IEC 62271-100, 2007; ANSI/IEEE C37.011,
2005) para análise da suportabilidade dos equipamentos face à TRT.
2.2.1. Faltas Quilométricas
Faltas monofásicas quilométricas são curto-circuitos localizados em linhas de
transmissão a alguns quilômetros () dos equipamentos seccionadores, como ilustra
Figura 2.3a. A forma de onda da TRT, neste caso, apresenta geralmente uma
característica do tipo dente de serra (Figura 2.3b), devido à componente v2(t) do lado da
linha, com freqüência superior ao correspondente espectro da componente v1(t) do lado
5
da fonte, que geralmente é da forma exponencial-cosseno, podendo ser do tipo um
menos cosseno dependendo do sistema considerado.
Figura 2.3 – Característica da TRT para faltas quilométricas.
Este tipo de falta apresenta um alto gradiente de TRT nos primeiros
microssegundos (<100 μs) que sucedem a separação física dos pólos do disjuntor,
proporcionando considerável elevação térmica ao meio de extinção do arco,
ocasionando em uma maior possibilidade de ruptura durante aproximadamente os 10 μs
após a interrupção da corrente, período em que o equilíbrio térmico ainda não tem sido
restabelecido (Garzon, 1997).
A distância do ponto em que ocorre a falta até o disjuntor em que a TCTRT é
mais severa não apresenta um perfil linear, desta forma, normalmente são avaliados
diversos locais de falta (entre 1 e 5 km) ao longo da linha à jusante do equipamento
seccionador.
2.2.2. Faltas Trifásicas não Aterradas
Faltas trifásicas não aterradas nos terminais dos equipamentos incidem nas
maiores solicitações dielétricas ao meio de extinção do arco, apresentando um valor de
pico da TRT superior ao caso das faltas quilométricas. Neste caso, dá-se maior atenção
durante o restabelecimento dielétrico do meio no intervalo de tempo de
aproximadamente 20 µs a 1 ms após a interrupção da corrente (Garzon, 1997).
No caso de existirem transformadores adjacentes ao equipamento seccionador e
não se constatem linhas de transmissão ou cabos conectados na barra sob falta, como
mostra Figura 2.4a, a TRT apresenta uma característica oscilatória ilustrada na Figura
2.4b (Colclaser et al, 1976).
6
Figura 2.4 – Característica da TRT para faltas trifásicas não aterradas.
Considerando o circuito simplificado da Figura 2.5, algumas considerações
podem ser tomadas quanto ao perfil da TRT após a eliminação da falta terminal pelo
disjuntor.
Figura 2.5 – Circuito simplificado para análise de TRT oscilatória.
Uma vez que a tensão v2(t) no lado da carga é nula, a TRT neste caso equivale à
tensão Vc sob a capacitância parasita Ceq, oriunda dos cabos, buchas do transformador e
do próprio disjuntor. Considerando e e admitindo-se o
perfil de tensão senoidal da fonte equivalente, a soma das tensões no
circuito fornece:
. (1)
Se as reflexões nos pontos de descontinuidade da rede forem desprezíveis
perante a TRT, a solução da equação apresentará a seguinte forma a depender das
características do circuito:
Oscilatória, para ;
7
Exponencial, para .
Desprezando as perdas no circuito e seu efeito de amortecimento para o caso de
Req = 0, a TRT entre os contatos do disjuntor será:
, (2)
em que é a frequência natural de oscilação do circuito.
Como normalmente , e a defasagem angular t tende a zero pelo fato da
análise da se dar na ordem dos microssegundos, obtém-se a forma aproximada da TRT
dada por:
. (3)
Pelo que foi anteriormente exposto, pode-se concluir que as características e
severidades da TRT são função do tipo e localização da falta, assim como da topologia e
carregamento do sistema.
2.3. Especificações Técnicas
As normas técnicas vigentes estabelecem os requisitos específicos para TRT
considerando faltas nos terminais do disjuntor ou a pequena distância deles. Faz-se
necessária a distinção entre a TRT presumida, devida às características elétricas do
sistema e obtida por meio de ensaio ou simulações de curto-circuito, e a TRT
especificada, a qual seus parâmetros são considerados como valores de referência.
2.3.1. IEC 62271-100 (2006)
A norma IEC 62271-100 (2006) define duas envoltórias para a TRT
especificada:
Disjuntores de tensão nominal maior ou igual a 100 kV, localizados em
pontos do sistema com elevada razão entre corrente de curto-circuito e sua
máxima capacidade de interrupção do dispositivo (% CNI), a TRT
normalmente apresenta uma alta taxa de crescimento inicialmente, seguido
de um período de redução da taxa. Esta envoltória é definida por três
segmentos de reta ou quatro parâmetros.
8
Disjuntores de tensão nominal menor ou igual a 100 kV, a TRT
normalmente apresenta uma componente fundamental acrescida de uma
onda oscilatória de frequência única, sendo sua envoltória definida por meio
de dois segmentos de reta, especificada pelo método dos dois parâmetros.
Também tem sido comumente aplicada para disjuntores com tensão nominal
acima de 100 kV cuja relação entre corrente de curto-circuito e capacidade
nominal de interrupção seja inferior a 30%.
O método baseia-se em um primeiro segmento de reta que parte da origem e
demora um tempo t3 para atingir o valor de pico da TRT uc, e um segundo segmento que
se mantém constante no mesmo valor, conforme mostrado na Figura 2.6. O segmento de
reta definindo um retardo é considerado somente para testes de ensaio. Parte de um
ponto correspondente ao retardo nominal (td) e se desenvolve paralelamente ao primeiro
segmento de reta do traçado de referência da TRT até as coordenadas de tensão (u´)
(correspondente a um terço do valor de pico uc) e de tempo t´.
Figura 2.6 – Envoltória a dois parâmetros da TRT de ensaio definida pela IEC.
Os parâmetros da TRT especificadas são então definidos como função da classe
de tensão do disjuntor (ur), do fator de primeiro pólo (kpp) e do fator de amplitude (kaf).
O fator de primeiro pólo kpp é definido como sendo a razão entre a componente
fundamental da tensão do primeiro pólo do disjuntor a eliminar a corrente de curto,
antes que os outros pólos atuem suprimindo a falta, e seu valor correspondente em
regime após a supressão total da falta por todos os pólos do disjuntor.
A norma IEC 62271-100 (2006) considera kpp igual 1,5 e 1,0 para faltas
trifásicas não aterradas e faltas quilométricas respectivamente, mostradas na Figura 2.7
9
(a) e (b). O valor unitário para faltas quilométricas torna-se evidente uma vez que a
tensão entre os pólos do disjuntor tem como referência o valor da tensão fase-terra na
fase atingida pela falta.
Figura 2.7- Circuito simplificado para análise do fator de primeiro pólo.
O fator de amplitude kaf é definido como a relação entre o maior valor de pico
que atinge a TRT em seu regime transitório e seu valor em regime estacionário.
Depende do tipo de falta a qual está submetido o disjuntor assim como da razão entre a
corrente de curto-circuito no ponto de falta e a máxima capacidade de interrupção
%CNI do mesmo. Os valores sugeridos para o kaf de acordo com o tipo de falta e %CNI
são apresentados na Tabela 2.1, sendo válida apenas para sistemas cujos cabos que
conectam disjuntores e equipamentos adjacentes apresentem um comprimento inferior a
100 m (Dufournet e Montillet, 2005).
Tabela 2.1. Fator de amplitude kaf para disjuntores de classe inferior a 100 kV.
Tipo da Falta %CNI kaf
Trifásica não aterrada
100 1,54
60 1,65
30 1,74
10 1,80
Quilométrica - 1,54
Outro parâmetro que também depende do nível da corrente de curto-circuito é o
tempo para alcançar o valor de pico da TRT especificada (t3), fatores de 0,67 (60%
CNI) e 0,40 (10 e 30% CNI) em comparação com o valor especificado para 100% CNI.
O valor de pico da TRT especificado por norma é dado por:
. (4)
10
Os parâmetros para formação das envoltórias da TRT especificada para faltas
trifásicas não aterradas em equipamentos de classe 15,0 e 72,5 kV são exibidos na
Tabela 2.2 abaixo.
Tabela 2.2. Parametrização das envoltórias da TRT especificada para faltas trifásicas não aterradas.
Classe de tensão (ur)
%CNI
Fator de primeiro pólo kpp
Fator de amplitude kaf
Valor de Pico uc (kV)
Tempo t3 (µs) TCTRT
(kV/µs)
15
100 1,5 1,54 28,3 31,0 0,91
60 1,5 1,65 30,3 21,0 1,44
30 1,5 1,74 30,0 12,5 2,56
10 1,5 1,80 33,1 12,5 2,67
72,5
100 1,5 1,54 137 93,0 1,47
60 1,5 1,65 146 62,0 2,35
30 1,5 1,74 155 37,0 4,19
10 1,5 1,80 160 37,0 4,32
2.3.2. Normas ANSI
Na atualização da norma ANSI C37.06-1979 do ano 2000 (Kirkland e
Dufournet, 2007) são definidas duas envoltórias para a TRT. Para disjuntores
localizados em redes aéreas e de classe de tensão menor ou igual a 72,5 kV, representa-
se a TRT especificada pela envoltória do tipo (1-cos), tendo o valor de crista da onda E2
o valor de 1,88 vezes a máxima tensão nominal do disjuntor. A Figura 2.8 ilustra a
forma de onda característica da norma ANSI.
Figura 2.8 – Forma característica da TRT de referência da norma ANSI para disjuntores de classe
de tensão igual ou inferior a 72,5 kV.
11
Para este caso tem-se:
, (5)
sendo a frequência de oscilação da TRT.
O fator multiplicativo de 1,88 no valor de E2 tem origem nos fatores da equação
(5), sendo neste caso o fator de amplitude considerado independente da amplitude da
corrente de falta e da capacidade nominal de interrupção do equipamento, de valor
constante igual a 1,54. A taxa de crescimento da TRT de referência da norma é obtida
não somente pela simples razão direta entre o valor de pico E2 e o tempo T2, existindo
neste caso um fator de valor igual a 1,138 representando uma correção referente ao
cálculo da tangente da envoltória do tipo (1-cos). A Tabela 2.3 apresenta os parâmetros
de referência da TRT especificada para equipamentos de classe 15 kV.
Tabela 2.3 – Parâmetros de referência da norma ANSI para TRT especificada de equipamentos de classe 15 kV.
Tipo da Falta Valor de pico E2
(kV) Tempo de Crista T2 (µs)
TCTRT (kV/µs)
Trifásica não aterrada 28,2 36,0 0,89
Quilométrica 18,8 36,0 0,59
Com intuito de adequar a parametrização das envoltórias como função da
corrente de curto-circuito e da capacidade nominal de interrupção do disjuntor, foram
realizadas atualizações na norma a partir do início da última década (ANSI Std C37.06,
2000). Um fator multiplicativo de correção K foi adicionado, e os fatores associados ao
tempo para a TRT atingir o valor de pico em função da %CNI correspondem aos
apresentados na norma IEC 62271-100. A Tabela 2.4 apresenta os parâmetros
associados a alguns disjuntores de classe inferior a 100 kV, para o caso de faltas
trifásicas não aterradas.
12
Tabela 2.4 – Valores padrões da norma ANSI para parametrização das envoltórias da TRT especificada no escopo de faltas trifásicas não aterradas.
Tensão nominal ur (kV)
% CNI
E2 (kV) C37.06/1979
Fator K
E2 (kV) C37.06/2000
Tempo t3 (µs)
Tempo corrigido
(µs)
TCTRT (kV/µs)
C37.06/1979
C37.06/2000
15
100 28,2 1,00 28,2 36,0 36,0 0,89 0,78
60 28,2 1,07 30,2 36,0 24,1 0,89 1,24
30 28,2 1,13 31,9 36,0 14,4 0,89 2,19
10 28,2 1,17 33,0 36,0 14,4 0,89 2,28
72,5
100 136,0 1,00 136,0 106,0 106,0 1,46 1,46
60 136,0 1,07 145,5 106,0 71,0 1,46 2,33
30 136,0 1,13 153,7 106,0 42,4 1,46 4,13
10 136,0 1,17 159,1 106,0 42,4 1,46 4,27
2.3.3. Normas IEEE
No ano de 2005 o IEEE publicou uma reedição da norma C37.011, constando de
atualizações das referências IEEE Std C37.04, ANSI C37.06 e IEEE Std C37.09. De
maneira geral, as principais diferenças que servirão como referência para os estudos
contidos neste trabalho, foram citadas por Wagner et al (2007):
Para definição das características da TRT especificada utilizam-se as
envoltórias da norma IEC;
Estudo de faltas trifásicas não aterradas em sistemas com tensão igual ou
inferior a 72,5 kV, considerando fator de primeiro pólo e de amplitude de
acordo com as disposições da norma IEC;
Atribuição dos fatores de pólo em todas as fases para análise de TRT frente
à faltas trifásicas não aterradas.
Nesta norma, o fator de amplitude Kaf, para definição do valor de pico da TRT, é
igual e constante a 1,54 em todos os casos, havendo um fator adicional Kuc dependente
da relação da %CNI, e compensa a variação do fator de amplitude conforme a norma
IEC propõe. O fator de primeiro pólo Kpp é exatamente o mesmo definido pela norma
IEC, desta maneira obtém-se o valor de pico da TRT mostrado na equação (6).
. (6)
13
Os fatores de referência para o tempo em que a TRT atinge seu pico (t3) também
são os mesmos apresentados na norma IEC. Conclusivamente, para disjuntores de classe
inferior a 100 kV, a série C37 da norma IEEE segue requisitos bastante semelhantes aos
adotados pela IEC. A menos dos termos utilizados para descrevê-la, as envoltórias da
TRT especificadas são idênticas.
Outra premissa é que os valores de TRT definidos por norma não levam em
consideração a representação do arco elétrico Wagner et al (2007), ou seja, o disjuntor
apresenta característica ideal: uma resistência nula quando em condução, e com
amplitude tendendo a infinito quando da abertura de seus contatos.
2.4. Aferição
Diante do que foi exposto, os parâmetros representativos da TRT presumida
serão as coordenadas dos pontos de interseção dos segmentos de reta que foram a
envoltória, t3 e uc no caso da envoltória de dois segmentos como mostra a Figura 2.9.
Figura 2.9 – Representação da TRT presumida por dois parâmetros.
O procedimento mais adotado para a análise de superação consiste em comparar
em um mesmo gráfico o oscilograma da TRT propriamente dita com a envoltória
prevista nas principais normas ou especificada pelo fabricante (valores de referência).
Como já discutido, para faltas nos terminais do disjuntor dá-se maior atenção durante o
restabelecimento dielétrico do meio, no intervalo de tempo de aproximadamente 20 µs a
1 ms após a interrupção da corrente (Garzon, 1997). Para faltas quilométricas, o meio
dielétrico apresenta maior possibilidade de reignição durante seu restabelecimento
térmico, verificado nos primeiros 10 µs após a interrupção da corrente, período em que
o equilíbrio térmico ainda não tem sido restabelecido (Garzon, 1997).
14
3. Representação da Rede Elétrica
3.1. Plataforma EMTP
Para realizar toda a modelagem e representação da rede elétrica em estudo, e
realizar as simulações dos casos que serão estudados, foi utilizado um software baseado
na plataforma EMTP (Electromagnetic Transients Program), o ATP (Alternative
Transients Program).
3.2. Modelagem de Componentes
Estudos de TRT podem abranger uma faixa de freqüência desde a fundamental
da tensão da rede em estudo, a até dezenas de kHz, fazendo-se necessário uma
representação apropriada de modelos de componentes da rede elétrica tais como linhas
de transmissão, cabos, transformadores, cargas, disjuntores, chaves seccionadoras,
bancos de capacitores.
3.2.1. Linhas de Transmissão
O modelo a parâmetros distribuídos de Bergeron (Dommel, 1996), apresenta boa
precisão no espectro da TRT representando circuitos que não se encontram diretamente
ligados ao ramal de alimentação da subestação que se pretende realizar os estudos
(Durbak et al, 2009). O passo de tempo da simulação deve ser adotado com critério,
visando respeitar o tempo de trânsito das ondas que se propagam no circuito de menor
comprimento.
3.2.2. Cabos
A grande maioria dos cabos presentes em subestações das redes de distribuição
possui comprimento inferior a 100 m, sendo suficiente sua representação por meio do
modelo PI a parâmetros concentrados, mostrado na Figura 3.1.
Figura 3.1 – Representação de cabos curtos (< 100m): modelo PI a parâmetros concentrados.
15
3.2.3. Cargas
Maiores níveis de sobretensão são observados quando se realiza o
seccionamento de trechos do sistema elétrico sob o patamar de carga leve (Jones, 1988).
O modelo RL série para representação da carga é adotado, pois provoca maior nível de
severidade de TRT do que o modelo RL paralelo. Esse fato é decorrente da filtragem de
sinais de alta freqüência realizado pela reatância do elemento série, fazendo com que se
comporte como um circuito aberto para essas componentes de alta freqüência, inibindo
assim parte das atenuações provocadas pela componente resistiva da carga. O modelo
para representação de cargas no sistema é mostrado na Figura 3.2.
Figura 3.2 – Modelo RL série utilizado para representação de cargas no sistema.
3.2.4. Bancos de Capacitores
Os bancos de capacitores presentes em cada subestação são representados por
sua própria capacitância C, indutância L (indutância intrínseca do capacitor devido aos
seus fios e eletrodos) e resistência Rp (resistência resultante da resistividade do meio
dielétrico, bem como de suas perdas) e Rs (resistência série dos fios, terminações e
eletrodos) (Whitaker, 1999), como ilustrado na Figura 3.3.
Figura 3.3 – Modelo utilizado para representar um capacitor.
16
A capacitância C pode ser obtida diretamente através da potência reativa Q
nominal do banco e do nível de tensão entre fases V do barramento ao qual se encontra
conectado. A indutância L advém do equivalente entre a indutância intrínseca do banco
e o reator limitador de corrente, sendo seus valores típicos 5 µH e 100 µH,
respectivamente (Zanetta, 2003). As perdas no banco podem ser representadas por um
único resistor equivalente RESR (Whitaker, 1999), e seu valor é da ordem de 0,44
W/kVAr (D’Ajuz et al, 1987). A modelagem completa é fundamental para avaliar com
maior eficácia os cenários de operação, sob condições em que as margens de segurança
relativa ao pico e taxa de crescimento de TRT se encontram reduzidas a abaixo de 10%
(Azevêdo, 2010).
3.2.5. Transformadores
Transformadores podem ser modelados basicamente dispondo-se das
resistências e indutâncias no lado de baixa (RL e LL) e no de alta (RH e LH) sem
acoplamentos entre fases, e das capacitâncias intrínsecas dos enrolamentos e buchas
tanto para cada lado do transformador (CL e CH), quanto para a de capacitância de
transferência entre as buchas do primário e secundário (CHL), as quais são relevantes
para transitórios com espectro de freqüência de dezenas de kHz. A Figura 3.4 mostra a o
modelo adotado para representação de transformadores de potência.
Figura 3.4 –Representação dos transformadores de potência.
As capacitâncias shunt incorrem nas respectivas freqüências naturais de
oscilação do circuito ligado ao primário e secundário do transformador (Wang et al,
2005). A capacitância de transferência representa o caminho de propagação do surto
entre o lado de alta e de baixa tensão do mesmo (Durbak et al, 2009).
Para estudos de TRT, a característica própria de saturação do núcleo dos
transformadores pode ser dispensada (Nobre, 1999), pois embora haja uma elevação nos
17
níveis de corrente antes da abertura dos contatos do disjuntor para suprimir a falta, os
transformadores não operarão em saturação.
3.2.6. Disjuntores e Chaves
São modelados simplesmente como chaves controladas no tempo, sem a
representação do arco elétrico (IEEE Std C37.011, 1995; IEC 62271-100, 2006). Desta
forma, os disjuntores e chaves são modelados como um elemento ideal, apresentando
impedância nula ao estar conduzindo, e infinita instantaneamente quando da abertura de
seus contatos. As capacitâncias concentradas em cada lado dos dispositivos podem ser
representadas.
3.3. Equivalentes de Rede
Para a realização de simulações dos fenômenos transitórios em sistemas de
potência por meio de softwares, faz-se necessário representar em detalhes apenas o
subsistema em foco (rede interna e fronteiras), já o restante do sistema (rede externa)
representa-se por meio de equivalentes.
Figura 3.5 – Sistema de potência com suas redes e fronteiras.
Comumente, a definição das barras de fronteira é realizada de forma
independente das distâncias entra as barras no sistema, e da composição da TRT frente
às características das reflexões das ondas viajantes no sistema. Segundo o Comitê
Coordenador de Operações Norte-Nordeste (CCON, 1991), o ponto mínimo para
representar os equivalentes encontra-se na segunda barra após àquela em que o disjuntor
em estudo está instalado, como mostra a Figura 3.6.
18
Figura 3.6 – Recomendação do CCON para delimitação de redes.
Já para o Operador Nacional do Sistema (ONS, 2007), as premissas para
delimitação da rede de estudo são que entre as barras de estudo e as barras de fronteira
haja no mínimo duas outras barras. A Figura 3.7 ilustra esse arranjo.
Figura 3.7 – Recomendação do ONS para delimitação de redes.
A delimitação do sistema levando em consideração apenas o número de barras
entre as redes interna e externa, pode levar a imprecisões consideráveis nos resultados
obtidos nas simulações e testes. À medida que os equivalentes são estabelecidos em
pontos mais próximos ao disjuntor, as imprecisões decorrentes da representação de
equivalentes simplificados calculados à freqüência nominal podem elevar os valores de
pico da TRT presumida, acarretando erros de dimensionamento (Azevêdo et al, 2009).
A Figura 3.8 exibe o efeito do comprimento da rede simulada L sob a forma de
onda da TRT presumida (simulada), note que quanto menor o comprimento da rede em
questão, os respectivos picos de TRT para cada caso tendem a apresentar um valor mais
elevado.
19
Figura 3.8 – Efeito do comprimento da rede simulada na forma de onda da TRT.
4. Mitigação da TRT
4.1. Redução da TCTRT
Estudos baseados na teria de ondas viajantes, realizados por Conclaser et al
(1971), demonstraram como influencia a presença de células capacitivas nos terminais
do disjuntor na componente transitória da tensão a qual este está submetido, frente a
solicitação de faltas quilométricas. Pôde ser verificado que a instalação das células
acarretou em uma medida eficaz para a redução da taxa de crescimento da TRT. No
mesmo estudo, algumas avaliações foram realizadas quanto à disposição típica de
barramentos em subestações, constatando-se que pode haver certa distinção na potência
reativa e número de células capacitivas a serem utilizadas para minimizar a taxa de
crescimento da TRT em um ou mais equipamentos. Em nível de 13,8 kV normalmente
são utilizadas células da ordem de 150 a 250 nF ou provisoriamente bancos de
capacitores da ordem de 50 kvar (Alves, 2006). Apesar de não proporcionar alterações
consideráveis no valor de pico da TRT, o ponto de localização das células capacitivas
deve ser avaliado tecnicamente, buscando uma maior eficácia em seu propósito de
utilização.
Através de simulações utilizando programas do tipo EMTP, Swindler et al
(1997) puderam discutir e avaliar a instalação de células capacitivas em estudos de TRT
sobre equipamentos de uma subestação de uma refinaria de óleo. A instalação de células
capacitivas incorrem na redução da freqüência natural de oscilação da tensão de
20
restabelecimento no sistema, , evitando-se assim variações bruscas em sua
taxa de crescimento, conforme mostra a Figura 4.1.
Figura 4.1 – Efeito das células capacitivas nos terminais do disjuntor sobre a freqüência da TRT.
A localização das células de surto a montante ou a jusante do disjuntor, mostrada
na Figura 4.2, é de extrema relevância quanto ao cenário de superação evidenciado. Na
superação por TCTRT sob condições de falta trifásica não aterrada, recomenda-se a
instalação das mesmas nos pólos do disjuntor localizados a montante, reduzindo assim a
freqüência de oscilação da tensão v1(t) do lado da fonte. Já no caso de superação por
TCTRT, a instalação deve ser realizada nos pólos do equipamento localizados a jusante,
ou seja, no lado da carga, deste modo minimizando as oscilações de alta freqüência da
tensão v2(t) características deste tipo de falta.
Figura 4.2 – Localização das células de surto para redução da TCTRT.
4.2. Redução do Pico da TRT
A prática mais comum quando o disjuntor encontra-se superado pelo valor de
pico da TRT é, além das restrições impostas ao circuito em relação a patamares de
21
carregamento do sistema e transferência de comando de abertura (trip), a substituição
do equipamento por outro de classe de tensão superior que suporte o nível de TRT ao
qual está submetido no sistema.
Frente à severidade das condições encontradas em um estudo de revalidação de
dimensionamento dos disjuntores de classe 15 kV da subestação Angelim (sistema
CHESF), quanto à solicitação de TRT, foi proposto o uso de varistores de óxido de
zinco (ZnO) para redução do pico da TRT (Nobre et al, 2001). Simulações digitais
foram realizadas, e os resultados mostraram que a característica de não linearidade entre
tensão e corrente das pastilhas de ZnO podem se tornar uma alternativa viável e efetiva
quanto a superação do equipamento por valor de pico da TRT.
De fato, o nível de energia absorvido pelas pastilhas frente a mitigação de faltas
trifásicas não aterradas de dezenas de kHz encontrava-se bem abaixo do que estas
poderiam dissipar.
4.2.1. Dispositivo Limitador da TRT
Varistores de óxido de zinco são dispositivos semicondutores que apresentam
característica altamente não linear entre a tensão e corrente a qual estão submetidos. Em
condições de operação normal, comporta-se praticamente como um circuito aberto,
apresentando uma resistência elevadíssima, que faz circular pelo mesmo apenas uma
corrente residual. Quando submetido a sobretensões, muda suas características elétricas
internas à matéria, diminuindo consideravelmente sua resistência e desta maneira
absorvendo boa parte da energia injetada por surtos na rede. A característica típica de
um dispositivo de ZnO de padrão comercial é mostrada na Figura 4.3.
Figura 4.3 – Característica V-I não-linear típica de um varistor de ZnO.
22
Sob o escopo de estudos de TRT, visando limitar o nível que alcança a
sobretensão entre os pólos de um disjuntor superado por valor de pico, é proposto o uso
de dispositivo a base de pastilhas varistoras de Zno em paralelo ao equipamento de
seccionamento, conforme mostrado na Figura 4.4.
Figura 4.4 – Arranjo para limitação do pico da TRT com dispositivo a varistores de ZnO.
O correto dimensionamento do número de pastilhas necessárias para reduzir o
evento transitório a níveis seguros de operação deve ter como requisitos de análise a
energia possível de ser absorvida pelo dispositivo limitador de ZnO e a máxima corrente
que o atravessa em operação.
Para simular o dispositivo neste trabalho, são utilizados varistores de ZnO cilíndricos com cilíndricos com espessura de 23 mm e diâmetro igual a 62 mm (padrão comercial). Os dados dados técnicos de cada elemento não linear, assim como as características V-I do dispositivo
dispositivo formado com três e quatro pastilhas de varistores em série são mostradas na Tabela 4.1 e
Tabela 4.2, respectivamente.
Tabela 4.1 – Característica técnicas dos elementos varistores a base de ZnO.
Característica Valor
Condutividade Térmica 23 W/m°C
Calor Específico 456 J/kg°C (a 0
°C)
Variação do Calor Específico com a Temperatura 4,4 (J/kg°C)/°C
Densidade 5258 kg/m3
Tensão Nominal 3,5 kV
Corrente Nominal de Descarga 10,0 kA
23
Tabela 4.2 – Característica V-I para dispositivo limitador com 3 e 4 pastilhas de varistores em série.
I (A) V (kV)
3 Pastilhas 4 pastilhas
0,0008 6,78 9,04
0,0030 11,95 15,92
0,7000 14,37 19,13
1,0000 15,24 20,32
100,00 16,80 22,40
200,00 17,10 22,80
1000,0 19,20 25,60
5000,0 21,00 28,00
10000,0 22,50 30,00
24
5. Estudo da TRT no Sistema Piloto
5.1. Sistema Piloto
O sistema escolhido para realização dos estudos e simulações foi o Regional
Mussuré II da concessionária de energia elétrica ENERGISA-PB. Nele encontram-se as
subestações Cruz do Peixe (CPX) e Tambaú (TBU), localizadas na região da grande
João Pessoa, que foram escolhidas como casos base pelo fato de que a superação de
alguns disjuntores por TRT havia sido acusada em estudos anteriores realizados no ano
de 2007 (SAELPA, 2007).
Conforme mostra a Figura 5.1, o Regional Mussuré II é concebido por meio de
três ramais principais conectados a partir do barramento de 69 kV da subestação
Mussuré (MRD 69), fazendo a ligação até as seccionais Mangabeira (MGB) e João
Pessoa (JPS), que por sua vez alimentam todo o sistema piloto.
Figura 5.1 – Diagrama simplificado das seccionais João Pessoa e Mangabeira
do sistema Energisa-PB.
Os perfis da TRT dos disjuntores e religadores das subestações em estudo foram
avaliados frente à suportabilidade em suprimir faltas não aterradas trifásicas nos seus
terminais. Para o caso dos disjuntores e religadores com linhas de transmissão
conectadas imediatamente à jusante, também foi analisado a supressão de faltas
quilométricas.
Os diagramas unifilares das subestações Cruz do Peixe (CPX) e Tambaú (TBU),
com os setores de 69 e 13,8 kV são mostrados em detalhes abaixo.
25
Figura 5.2 – Unifilar do setor de 69 kV da subestação Cruz do Peixe (CPX).
Figura 5.3 – Unifilar do setor de 13,8 kV da subestação Cruz do Peixe (CPX).
26
Figura 5.4 – Unifilar do setor de 69 kV da subestação João Pessoa (JPS).
27
Figura 5.5 – Unifilar do setor de 13,8 kV da subestação João Pessoa (JPS).
5.2. Representação da Rede Teste
Os critérios relevantes para a representação dos componentes e características da
rede elétrica teste utilizada nas simulações, foram:
A rede elétrica foi modelada em detalhes, incluindo capacitâncias parasitas,
bancos de capacitores e cargas das subestações;
O equivalente da rede externa foi alocado no barramento de 230 kV da
subestação de Goianinha, sendo o módulo da tensão pré-falta do sistema
obtido segundo as avaliações do estudo de fluxo de carga;
Os cabos que conectam linhas de transmissão, barramentos,
transformadores das subestações foram representados por circuitos PI a
parâmetros concentrados;
Transformadores foram modelados a elementos concentrados RL série sem
acoplamento entre fases, incluindo as capacitâncias de buchas e
28
enrolamentos, e capacitância de transferência entre primário e
secundário;
Os bancos de capacitores foram representados por elementos concentrados;
As cargas no sistema foram modeladas por circuitos RL série,
proporcionando um modelo conservativo nas respostas obtidas em
comparação com o circuito RL paralelo. Será avaliado o cenário de
carregamento leve do sistema, que se caracteriza por condições
transitórias mais severas (Jones, 1988; Costa et al, 2009);
A representação utilizada para linhas de transmissão foi o modelo a
parâmetros distribuídos de Bergeron (Dommel, 1996).
5.3. Avaliação dos Equipamentos
Simulações digitais serão realizadas para a avaliação de dois equipamentos
presentes no sistema piloto: o religador 21L1 da Subestação Cruz do Peixe (CPX) de
fabricante Cooper Power, tipo ESV-1516, com capacidade de interrupção de 16 kA; e o
religador 21L6 da Subestação Tambaú (TBU) do fabricante Alston, tipo 22017/1/26,
também com capacidade de interrupção de 16 kA.
Ambos serão submetidos a estudo para condição de supressão de faltas trifásicas
não aterradas nos seus terminais e faltas monofásicas quilométricas. Para o segundo
caso, as condições mais adversas para a taxa de crescimento da TRT foram observadas
para faltas localizadas no ramal de distribuição a 2 km de distância do equipamento
avaliado (Azevêdo, 2010). Os dois religadores em estudo apresentam os valores de
referência para a TRT presumida estabelecidos pela norma ANSI, apresentados na
Tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Parâmetros de referência da TRT especificada para equipamentos de classe 15 kV – norma ANSI C37.06.
Tipo de Falta Valor de Pico E2
(kV) Tempo de Crista T2 (µs) TCTRT
(kV/µs)
Trifásica não aterrada
28,2 36,0 0,89
Quilométrica 18,8 36,0 0,59
29
5.3.1. Eliminação de Falta Trifásica Não Aterrada
As formas de onda obtidas da tensão entre os contatos do Religador R1L1 da
Subestação Cruz do Peixe (CPX) e a corrente sob condição de falta trifásica não
aterrada são mostradas na Figura 5.6 e Figura 5.7, respectivamente.
(f ile cpx_21l1_3f_r_13kv_sc.pl4; x-var t) v:D1L14A-DJ_69A v:D1L14B-DJ_69B v:D1L14C-DJ_69C
0 5 10 15 20 25 30[ms]
-20
-10
0
10
20
30
[kV]
Figura 5.6 – Formas de onda para a TRT nas três fases do religador 21L1 da SE CPX sob falta
trifásica não aterrada.
(f ile cpx_21l1_3f_r_13kv_sc.pl4; x-var t) c:D1L14A-DJ_69A c:D1L14B-DJ_69B c:D1L14C-DJ_69C
0 4 8 12 16 20[ms]
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
[kA]
Figura 5.7 – Formas de onda para a corrente nas três fases do religador 21L1 da SE CPX sob falta
trifásica não aterrada.
Analisando as formas de onda obtidas, constata-se que o primeiro pólo a abrir do
religador 21L1 é o da fase B, estando seus contatos submetidos à maior solicitação de
TRT em relação aos demais pólos. Desta forma, uma avaliação criteriosa deve ser feita
30
na fase B do equipamento. A Figura 5.8 mostra as aferições dos valores presumidos e
especificados da TRT na fase B sob condições de falta trifásica não aterrada.
(f ile cpx_21l1_3f_r_13kv_sc.pl4; x-var t) v:D1L14B-DJ_69B m:REFB
5 6 7 8 9 10[ms]
-2
2
6
10
14
18
22
26
30
*103
Figura 5.8 – TRT presumida e especificada na fase B do religador 21L1 da SE CPX.
A análise da forma de onda obtida demonstra que o religador 21L1 encontra-se
apropriado para suprimir faltas trifásicas não aterradas em seus terminais. O valor de
pico de 26,4 kV apresenta nível de segurança de 6,4% relativo aos valores de norma. A
taxa de crescimento de 0,04 kV/µs encontra-se bem abaixo do valor especificado.
Para o religador 21L6 da subestação Tambaú (TBU), as seguintes formas de
onda obtidas da tensão entre seus pólos e corrente de são mostradas na Figura 5.9 e
Figura 5.10, respectivamente.
(f ile tbu_21l6_3f_r_13kv_sc.pl4; x-var t) v:D1L62A-DJ_69A v:D1L62B-DJ_69B v:D1L62C-DJ_69C
0 5 10 15 20 25 30[ms]
-20
-10
0
10
20
30
40
[kV]
Figura 5.9 – Formas de onda para a TRT nas três fases do religador 21L6 da SE TBU sob falta
trifásica não aterrada.
31
(f ile tbu_21l6_3f_r_13kv_sc.pl4; x-var t) c:D1L62A-DJ_69A c:D1L62B-DJ_69B c:D1L62C-DJ_69C
0 4 8 12 16 20[ms]
-8000
-6000
-4000
-2000
0
2000
4000
6000
8000
[A]
Figura 5.10 – Formas de onda para a corrente nas três fases do religador 21L6 da SE TBU sob falta
trifásica não aterrada.
Analogamente ao caso do religador 21L1 da Subestação CPX, o primeiro pólo
do equipamento a extinguir a corrente da falta é o da fase B, estando submetido aos
maiores esforços térmicos e dielétricos frente à onda de TRT, que é mostrada na Figura
5.11 em comparação com a referência da norma ANSI.
(f ile tbu_21l6_3f_r_13kv_sc.pl4; x-var t) v:D1L62B-DJ_69B m:REFB
5 6 7 8 9 10[ms]
-2
4
10
16
22
28
34
40
*103
Figura 5.11 – TRT presumida e especificada na fase B do religador 21L6 da SE TBU sob falta
trifásica não aterrada.
Como pode ser visto, o religador 21L6 da Subestação TBU encontra-se superado
por valor de pico da TRT, estando o meio isolante extintor do arco submetido a esforços
dielétricos maiores do que pode suportar. O valor do pico da onda de 30,2 kV encontra-
se 7,1% acima do valor especificado. A TCTRT encontrada de 0,034 kV/µs está bem
abaixo da especificada de 0,89 kV/µs, estando o religador adequado a suportar os
esforços térmicos ao qual está submetido.
32
5.3.2. Eliminação de Falta Quilométrica
Para o caso da eliminação de falta monofásica quilométrica na fase A do
religador 21L1, a Figura 5.12 mostra a forma de onda obtida para a TRT em
comparação com valor de referência da norma ANSI. A Figura 5.13 mostra em detalhe
a forma de onda observada.
(f ile cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km.pl4; x-var t) v:D1L13A-D1L14A m:REFA
8.0 8.4 8.8 9.2 9.6 10.0[ms]
-25.0
-20.5
-16.0
-11.5
-7.0
-2.5
2.0
*103
Figura 5.12 – TRT presumida e especificada na fase A do religador 21L1 da SE CPX
sob falta quilométrica.
(f ile cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km.pl4; x-var t) v:D1L13A-D1L14A m:REFA
8.10 8.14 8.18 8.22 8.26 8.30[ms]
-25.0
-20.5
-16.0
-11.5
-7.0
-2.5
2.0
*103
Figura 5.13 – Detalhe da TRT presumida e especificada na fase A do religador 21L1 da SE CPX
sob falta quilométrica.
As formas de onda aferidas para o religador 21L6 da Subestação Tambaú sob
falta quilométrica são mostradas na Figura 5.14 e Figura 5.15.
33
(f ile tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km.pl4; x-var t) v:D1L61A-D1L62A m:REFA
8.0 8.4 8.8 9.2 9.6 10.0[ms]
-25.0
-19.7
-14.4
-9.1
-3.8
1.5
*103
Figura 5.14 – TRT presumida e especificada na fase A do religador 21L6 da SE TBU
sob falta quilométrica.
(f ile tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km.pl4; x-var t) v:D1L61A-D1L62A m:REFA
8.28 8.30 8.32 8.34 8.36 8.38[ms]
-25.0
-19.7
-14.4
-9.1
-3.8
1.5
*103
Figura 5.15 – Detalhe da TRT presumida e especificada na fase A do religador 21L6 da SE TBU
sob falta quilométrica.
Uma síntese dos resultados obtidos nas simulações em comparação com os
valores de referência é mostrada na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 – Síntese dos resultados obtidos para os religadores submetidos a falta quilométrica.
Equipamento (SE)
Simulação Referência
Uc (kV) TCTRT (kV/µs)
Uc (kV) TCTRT (kV/µs)
21L1 (CPX) 21,3 0,74 18,8 0,59
21L6 (TBU) 20,7 0,73 18,8 0,59
Constata-se que para o cenário de supressão de faltas quilométricas os
religadores 21L1 da Subestação CPX e 21L6 da Subestação TBU encontram-se
superados tanto pelo valor de pico (superação dielétrica do meio isolante), quanto pela
34
taxa de crescimento da TRT (superação térmica do meio extintor do arco). O religador
21L1 (CPX) apresentou valores de 13,3 e 25,4% acima dos valores de referência para o
valor de pico e taxa de crescimento da TRT, respectivamente. Já para o religador 21L6
(TBU) foram obtidos valores de 10,1 e 23,7% acima dos mesmos.
5.4. Medidas Mitigadoras
Para os equipamentos que apresentaram superação tanto por valor da taxa de
crescimento, quanto pelo valor de pico da TRT, serão avaliadas medidas mitigadoras
para que estes possam vir operar com segurança sem que seja necessária a troca dos
dispositivos por outros de classe superior, procedimento bastante oneroso para as
concessionárias de energia.
5.4.1. Instalação de Células Capacitivas
Como alternativa para minimizar a TCTRT encontrada para os religadores em
estudo, foi proposta a instalação de células capacitivas de 150 nF nos terminais dos
equipamentos. Como a superação por taxa de crescimento ocorreu quando da supressão
de faltas quilométricas pelos dois dispositivos, as células capacitivas foram instaladas à
jusante dos mesmos, visando assim diminuir a alta frequência da tensão do lado da
carga.
Os resultados desses testes para os religadores 21L1 da Subestação CPX e 21L6
da Subestação TBU, com a instalação de uma célula capacitiva (150 nF) e duas células
em paralelo (300 nF), são mostrados em comparação com a forma de onda encontrada
sem dispositivo mitigador na Figura 5.16 e Figura 5.17.
cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km.pl4: v:D1L13A-D1L14A m:REFA
cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km_150nf.pl4: v:D1L13A-D1L14A
cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km_300nf.pl4: v:D1L13A-D1L14A
8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 10.5 11.0[ms]
-25.0
-20.5
-16.0
-11.5
-7.0
-2.5
2.0
*103
Figura 5.16 – Efeito na TRT após inserção de células capacitivas à jusante do religador 21L1 da SE
CPX sob falta quilométrica.
35
tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km.pl4: v:D1L61A-D1L62A m:REFA
tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km_150nf.pl4: v:D1L61A-D1L62A
tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km_300nf.pl4: v:D1L61A-D1L62A
8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 10.5 11.0[ms]
-25.0
-20.5
-16.0
-11.5
-7.0
-2.5
2.0
*103
Figura 5.17 – Efeito na TRT após inserção de células capacitivas à jusante do religador 21L6 da SE
TBU sob falta quilométrica.
Uma síntese dos resultados obtidos após a inserção de células capacitivas à
jusante dos religadores 21L1 (CPX) e 21L6 (TBU), submetidos a falta quilométrica,
pode ser vista na Tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Resultados obtidos após inserção de células capacitivas à jusante dos religadores 21L1 (CPX) e 21L6 (TBU) sob falta quilométrica.
Equipamento (SE)
Células Capacitivas
(150 nF)
Simulação Referência
Uc (kV) TCTRT (kV/µs)
Uc (kV) TCTRT (kV/µs)
21L1 (CPX) 1 19,7 0,02
18,8 0,59 2 18,3 0,014
21L6 (TBU) 1 21,4 0,084
18,8 0,59 2 17,9 0,02
Uma análise dos resultados obtidos mostra que, apesar da utilização mínima de
células capacitivas de 150 nF nos equipamentos levarem a resultados satisfatórios
quanto a taxa de crescimento da TRT, ficando bem abaixo do valor de referência, eles
ainda continuam superados pelo valor de pico. Desta forma, a utilização de duas células
em paralelo (300 nF), de forma complementar à redução da TCTRT, também garante
operação satisfatória dos religadores em relação ao valor de pico, com uma margem de
segurança de 2,7 e 4,8% para o 21L1 e 21L6, respectivamente.
5.4.2. Utilização de Varistores de ZnO
Aproveitando-se da propriedade altamente não linear entre tensão e corrente que
os varistores possuem, uma solução avaliada para reduzir o valor de pico da TRT foi a
36
instalação de uma associação série de pastilhas de varistores de óxido de zinco (ZnO)
em paralelo com os terminais dos religadores avaliados no estudo.
Simulações foram realizadas utilizando 3 e 4 pastilhas de varistores para os
casos em que os religadores apresentavam superação por valor de pico da TRT, sob a
perspectiva de falta trifásica não aterrada e falta quilométrica. Nos casos das faltas
quilométricas, quando os religadores também apresentavam superação por taxa de
crescimento, foram utilizadas células capacitivas de 150 nF em conjunto com as
pastilhas de varistores. Os resultados são mostrados nas Figura 5.18 a Figura 5.20.
tbu_21l6_3f_r_13kv_sc.pl4: v:D1L62B-DJ_69B m:REFB
tbu_21l6_3f_r_13kv_sc_4zno.pl4: v:D1L62B-DJ_69B
tbu_21l6_3f_r_13kv_sc_3zno.pl4: v:D1L62B-DJ_69B
5 6 7 8 9 10[ms]
-2
4
10
16
22
28
34
40
*103
Figura 5.18 – Efeito na TRT após inserção de pastilhas de varistores de ZnO em paralelo com os
terminais do religador 21L6 da SE TBU sob falta trifásica não aterrada.
cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km_150nf.pl4: v:D1L13A-D1L14A m:REFA
cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km_150nf_4zno.pl4: v:D1L13A-D1L14A
cpx_21l1_1f_r_13kv_cl_2km_150nf_3zno.pl4: v:D1L13A-D1L14A
8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 10.5 11.0[ms]
-20.0
-15.6
-11.2
-6.8
-2.4
2.0
*103
Figura 5.19 – Efeito na TRT após inserção de pastilhas de varistores de ZnO em paralelo com os
terminais do religador 21L1 da SE CPX sob falta quilométrica.
37
tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km_150nf.pl4: v:D1L61A-D1L62A m:REFA
tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km_150nf_4zno.pl4: v:D1L61A-D1L62A
tbu_21l6_1f_r_13kv_cl_2km_150nf_3zno.pl4: v:D1L61A-D1L62A
8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 10.5 11.0[ms]
-25.0
-20.5
-16.0
-11.5
-7.0
-2.5
2.0
*103
Figura 5.20 – Efeito na TRT após inserção de pastilhas de varistores de ZnO em paralelo com os
terminais do religador 21L6 da SE TBU sob falta quilométrica.
Na Tabela 5.4 é mostrada uma síntese dos resultados obtidos nas simulações
utilizando as o dispositivo mitigador de ZnO para os religadores 21L1 da SE CPX e
21L6 da SE TBU.
Tabela 5.4 – Resultados obtidos após inserção de pastilhas de ZnO em paralelo aos religadores 21L1 (CPX) e 21L6 (TBU).
Equipamento (SE)
Tipo de Falta Pastilhas de ZnO Simulação Referência
Uc (kV) TCTRT (kV/µs)
Uc (kV) TCTRT (kV/µs)
21L1 (CPX) Quilométrica
3 + células capacitivas
17,4 0,02 18,8 0,59
4 + células capacitivas
19,7 0,02
21L6 (TBU)
Trifásica 3 19,2 0,034
28,2 0,89 4 24,5 0,034
Quilométrica
3 + células capacitivas
17,5 0,084 18,8 0,59
4 + células capacitivas
21,2 0,084
Analisando os religadores submetidos à falta quilométrica, percebe-se que com a
utilização de 4 pastilhas de varistores os equipamentos continuam superados por valor
de pico, não havendo redução significativa deste valor aos encontrados sem dispositivo
mitigador. Já quando são utilizados 3 discos de ZnO, são encontrados valores de pico da
TRT abaixo da referência, com margem de segurança de 7,4 e 6,9 % para os religadores
21L1 (CPX) e 21L6 (TBU), respectivamente. Os valores para TCTRT não sofrem
alterações significativas. A energia dissipada e a corrente que passa no dispositivo
38
mitigador para esse caso assume valores muito baixos, não sendo necessária uma
avaliação mais criteriosa em seu dimensionamento.
Para falta trifásica não aterrada nos terminais do religador 21L6 da Subestação
Tambaú (TBU), percebe-se uma significativa redução do valor de pico da TRT em
relação ao valor obtido na simulação sem nenhum dispositivo mitigador. Com a
utilização de 3 pastilhas de ZnO obteve-se um valor de pico de 19,2 kV, e uma margem
de segurança de 31,9 % em relação à referência. Os valores utilizando-se 4 pastilhas
foram 24,5 kV, com margem de segurança respectiva de 13,1 %. Os valores para
TCTRT não sofrem alterações significativas.
Para este caso, torna-se necessário o dimensionamento do número de pastilhas
de varistores a serem utilizadas, levando em conta a energia absorvida e corrente no
dispositivo. As formas de onda observadas para a energia e corrente nos dispositivos
mitigadores utilizando 3 e 4 pastilhas de ZnO são mostradas nas Figura 5.21 e 5.22,
respectivamente.
Figura 5.21 – Energia absorvida pelo dispositivo de ZnO (3 e 4 pastilhas) em paralelo com os
terminais do religador 21L6 (TBU) sob falta trifásica não aterrada.
39
tbu_21l6_3f_r_13kv_sc_3zno.pl4: c:D1L62B-DJ_69B
tbu_21l6_3f_r_13kv_sc_4zno.pl4: c:D1L62B-DJ_69B
6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0[ms]
0
200
400
600
800
1000
[A]
Figura 5.22 – Corrente no dispositivo de ZnO (3 e 4 pastilhas) em paralelo com os terminais do
Religador 21L6 (TBU) sob falta trifásica não aterrada.
Pode ser constatado que o uso do dispositivo mitigador do valor de pico da TRT
formado por 4 pastilhas apresenta valores para corrente e energia absorvida abaixo do
caso em que é constituído por 3 pastilhas, sendo mais apropriada e segura a sua
aplicação. Os valores de corrente residual de regime encontrados foram de 2,68 e 1,58
mA utilizando-se 3 e 4 pastilhas, além disso a tensão sobre cada pastilha de varistor é de
aproximadamente 6,1 kV utilizando-se 4 pastilhas, abaixo do valor de 6,4 kV
encontrado com 3 pastilhas.
40
6. Conclusões
Foi realizado um diagnóstico do religador 21L1 da Subestação Cruz do Peixe
(CPX) e do religador 21L6 da Subestação Tambaú (TBU) frente à solicitação de Tensão
de Restabelecimento Transitória, no qual foi constatada a superação do segundo
equipamento mediante a eliminação de falta trifásica não aterrada em seus terminais, e
de ambos frente a faltas monofásicas quilométricas.
A superação dos dois equipamentos avaliados submetidos a falta quilométrica se
deu tanto por valor de pico quanto pela taxa de crescimento da TRT, um cenário
bastante grave para o sistema. Alternativas de instalação de células de surto capacitivas
sozinhas para redução da TCTRT, e aliadas a dispositivos de ZnO entre os terminais dos
religadores se mostraram eficazes levando tanto o valor de pico quanto a taxa de
crescimento a valores abaixo da referência de norma. Desta forma, a utilização desses
dispositivos pode vir a permitir operações antes proibitivas, aumentar a vida útil dos
equipamentos e minimizar os recursos investidos pelas concessionárias de energia na
aquisição de novos religadores e disjuntores de classe de tensão superior.
Pelas características intrínsecas da forma da TRT quando da supressão de faltas
trifásicas não aterradas, o religador 21L6 (CPX) mostrou-se superado apenas por valor
de pico. Neste caso foi também avaliado a utilização de dispositivo de ZnO, que
efetivamente reduziram o valor para limites seguros abaixo do valor de referência. Um
dimensionamento do número de pastilhas a serem utilizadas também foi realizado,
constatando-se que neste caso o uso de dispositivos constituídos de 4 pastilhas em série
é mais apropriado e seguro, mantendo os requisitos de segurança tanto do dispositivo
quanto da operação do religador, em níveis confiáveis.
41
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