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ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS PARA SIMULAÇÃO DE RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO ÉRICO ALMEIDA SANTOS MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL Orientador: Ivaldo Dário da Silva Pontes Filho Co-Orientador: Leonardo José do Nascimento Guimarães UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO RECIFE – 2002

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ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS

ELEMENTOS FINITOS PARA SIMULAÇÃO DE

RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO

ÉRICO ALMEIDA SANTOS

MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

Orientador: Ivaldo Dário da Silva Pontes Filho

Co-Orientador: Leonardo José do Nascimento Guimarães

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

RECIFE – 2002

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ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS

ELEMENTOS FINITOS PARA SIMULAÇÃO DE

RESERVATÓRIOS DE PETRÓLEO

Érico Almeida Santos

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL

Aprovada por:

Ivaldo Dário da Silva Pontes Filho, D.Sc.

Jaime Joaquim da Silva Pereira Cabral, Ph.D.

Lícia Mouta da Costa, D.Sc.

Leonardo José do Nascimento Guimarães, D.Sc.

Recife, PE - Brasil

Setembro de 2002

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Santos, Érico Almeida

Estudo de casos utilizando o método dos elementos finitos para

simulação de reservatórios de petróleo / Érico Almeida Santos. – Recife:

O Autor, 2002.

xviii, 92 p. il., fig., tab.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

CTG. Engenharia Civil, 2002.

Inclui bibliografia.

1. Engenharia civil. 2. Geotecnia. 3. Reservatórios de petróleo –

Simulação - Elementos finitos. I. Título.

624.13 CDU (2.ed.) UFPE

624.15136 CDU (21.ed.) BC2002-345

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iii

DEDICATÓRIA

Aos meus pais Elza e Eufrázio,

e à Ariane

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iv

AGRADECIMENTOS

A Ivaldo Pontes pela orientação e confiança na realização deste

trabalho por tratar-se de uma nova área de pesquisa dentro do

departamento.

À Lícia Mouta Costa pelo apoio na resolução dos diversos problemas

encontrados.

A Leonardo Guimarães pela inestimável ajuda com o programa bem

como pelas esclarecedoras explicações.

À Ana Paula Costa pela amizade, apoio, incentivo e ajuda quanto à

definição do tema deste trabalho.

À bolsista de graduação da ANP, Laisa Mery Maia, pela ajuda dada

nos exemplos do IMEX.

Ao Engenheiro Geraldo Martins pela amizade e sem o qual este

trabalho não poderia ter sido realizado dado ao seu apoio na obtenção da

minha licença da COMPESA.

Ao Engenheiro Antônio Carlos pelo apoio dado ao meu pedido de

licença da COMPESA.

Aos Engenheiros Daniel Genuíno, chefe do GERE e Fernando Lobo,

diretor de Operações, pelo apoio prestado na renovação da licença da

COMPESA.

Ao professor Fernando Jucá por ter me proporcionado a oportunidade

de ingressar, como bolsista de iniciação científica, no meio acadêmico e

também pela visão na minha aptidão à simulação numérica ao me colocar

para trabalhar junto com Ivaldo.

Aos professores de Geotecnia pelos conhecimentos transmitidos e por

toda ajuda, direta ou indireta.

À Laudenice pela ajuda na resolução dos mais diversos problemas

burocráticos da pós-graduação.

Aos funcionários do Laboratório de Solos e Instrumentação, Antônio,

Francisco, João e Severino.

Aos colegas do curso, especialmente Adriano, Krishnamara, Marília,

Carlúcio, Nilson, Issac, Samuel e Analice, pela amizade e companheirismo.

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v

À Sylvana, Stela, Juliana e Veruschka pela amizade e pelas úteis

dicas.

Aos funcionários do departamento de Geologia pelo apoio nas

questões burocráticas da bolsa.

Aos professores do Departamento de Geologia, Mário, Margareth,

Lúcia e Virgínio pelo apoio, pelas aulas e explicações que me familiarizaram

com a área de petróleo.

Aos colegas de Geologia, Danielle, Anna Rosa, Rodrigo, Vitor, Brayer,

Kleiton, Fabiana pela amizade e pelas memoráveis viagens a campo e farras

afins.

Aos amigos do GERE pelo apoio e incentivo.

À ANP pelo apoio financeiro.

Ao meu pai que sempre prezou pela minha formação pessoal e

profissional e que foi, é e será, sem dúvida, minha grande fonte de

inspiração.

À minha mãe pela compreensão, carinho e dedicação em todos os

momentos da minha vida.

À minha namorada Ariane pelo amor, carinho, companheirismo,

compreensão e incentivo para a conquista deste título.

A todos aqueles que injustamente não foram mencionados aqui, mas

que acreditaram e me apoiaram nessa conquista de mais uma etapa

vencida.

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vi

“Só sei que nada sei”

(Sócrates)

"Somente aquele que se dedica a uma causa com toda força e alma poderá

ser um verdadeiro mestre. Por esta razão o conhecimento demanda tudo de

uma pessoa”.

(Albert Einstein)

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RESUMO

A simulação de reservatórios de petróleo é a principal forma de descrever

quantitativamente o fluxo multifásico em um reservatório heterogêneo com

um esquema de produção determinado não somente pelas propriedades do

reservatório, mas também pela demanda do mercado, estratégias de

investimento e regulamentações governamentais (MATTAX, 1990). Neste

sentido, a simulação como ferramenta de previsão vem se tornando padrão

na indústria do petróleo devido principalmente ao avanço da capacidade

operacional dos computadores; das técnicas numéricas para resolução de

equações diferenciais parciais; das técnicas de caracterização dos

reservatórios e na generalização dos simuladores que podem modelar casos

reais de campo bem como considerar técnicas avançadas de recuperação. O

objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho do código computacional

CODE_BRIGHT (OLIVELLA et al., 1996a) para simular, nos casos

apresentados, a recuperação secundária de petróleo através da injeção de

água. Para tal foram utilizados um modelo unidimensional, com solução

analítica conhecida (BUCKLEY & LEVERETT, 1942), modelos bidimensionais

admitindo heterogeneidades no reservatório e o afloramento de Barreiras

do Boqueirão, considerado um análogo de reservatório. Para avaliar o

desempenho numérico do CODE_BRIGHT foi utilizado o IMEX, programa em

diferenças finitas amplamente utilizado e difundido na Engenharia de

Petróleo. Os resultados obtidos apresentaram boa concordância com a

solução analítica e com o IMEX, para o caso unidimensional e um bom

desempenho do código perante os problemas propostos nos casos

bidimensionais e no análogo, indicando desta forma, sua aplicabilidade para

problemas de engenharia de reservatórios.

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viii

ABSTRACT

Reservoir simulation is the main way to describe quantitatively the

multiphase flow in a heterogeneous reservoir having a production schedule

determined not only by the reservoir properties, but also by market

demand, investment strategy, and government regulations (MATTAX,

1990). Hence, the use of reservoir simulation as a predictive tool is

becoming standard in the petroleum industry. Its acceptance can be

attributed to advances in computing facilities; advances in numerical

techniques for solving partial-differential equations; advances in reservoir

characterization techniques; and the generality built into reservoir

simulators, which can make them useful in modeling field cases as well as

to consider complicated enhanced oil-recovery techniques. The aim of this

work is to evaluate the performance of the computer code CODE_BRIGHT

(OLIVELLA et al., 1996a) to simulate in the cases presented, the oil

secondary recovery by waterflooding. An one-dimensional reservoir, with a

known analytical solution (BUCKLEY & LEVERETT, 1942), and two-

dimensional reservoirs with heterogeneities and the Barreiras of Boqueirão

outcrop, considered a reservoir analogous, were simulated. The software

IMEX, a finite difference reservoir simulator widely used in petroleum

engineering, was used to evaluate CODE_BRIGHT numerical performance.

The one-dimensional results showed a good accordance with the analytical

solution and with the IMEX results. The two-dimensional and the analogous

cases results presented a satisfactory performance of the code, indicating

its applicability to reservoir engineering problems.

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ÍNDICE

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais___________________________________2

1.2 Objetivos e Organização da Tese__________________________3

CAPÍTULO II FLUXO EM MEIO POROSO MULTIFÁSICO

2.1 Introdução__________________________________________5

2.2 Equações Governantes ________________________________5

2.3 Equação da Continuidade ______________________________6

2.4 Equação de Fluxo ____________________________________7

2.5 Relações Constitutivas ________________________________8

2.5.1 Lei de Darcy ______________________________________9

2.5.2 Curva de Retenção ________________________________10

2.5.3 Permeabilidade Relativa ____________________________12

CAPÍTULO III - SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE RESERVATÓRIOS

DE PETRÓLEO

3.1 Introdução __________________________________________15

3.2 Descrição dos problemas na simulação de recuperação de óleo _17

3.3 Modelagem do Fluxo em Diferenças Finitas_________________19

3.3.1 Equação de Fluxo Bifásico ___________________________19

3.3.2 Discretização da Equação de Fluxo ____________________20

3.3.3 Condições de Contorno _____________________________29

3.4 Modelagem de Fluxo em Elementos Finitos_________________31

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CAPÍTULO IV - SIMULAÇÃO NUMÉRICA DA TEORIA DE

BUCKLEY & LEVERETT

4.1 Introdução __________________________________________37

4.2 Equação do Fluxo Fracionário ___________________________37

4.3 Teoria de Buckley & Leverett____________________________40

4.4 Validação do Modelo em Elementos Finitos _________________45

4.4.1 Descrição do CODE_BRIGHT _________________________45

4.4.2 Descrição do Caso Teórico___________________________47

CAPÍTULO V -SIMULAÇÃO DE FLUXO BIFÁSICO E

BIDIMENSIONAL

5.1 Introdução __________________________________________53

5.2 Casos Teóricos _______________________________________54

5.2.1 Caso 1 – Reservatório Homogêneo ____________________56

5.2.2 Caso 2 – Reservatório com canal _____________________60

5.2.3 Caso 3 – Reservatório com Barreira ___________________64

5.2.4 Caso 4 – Reservatório com Barreira e Fratura ___________68

5.3 Análise dos Resultados ________________________________72

CAPÍTULO VI - SIMULAÇÃO DE UM ANÁLOGO DE

RESERVATÓRIOS

6.1 Introdução_________________________________________74

6.2 Afloramentos de Alagoas: Barreiras do Boqueirão __________74

6.3 Modelagem de Fluxo no Análogo:_______________________78

6.3.1 Caso Base _______________________________________78

6.3.2 Caso Utilizando Óleo Pesado _________________________81

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CAPÍTULO VII - CONCLUSÕES

7.1 Introdução __________________________________________85

7.2 Conclusões das Simulações Realizadas ____________________85

7.3 Sugestões para Futuras Pesquisas________________________86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________________88

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Lista de Tabelas

CAPÍTULO IV

Tabela 4.1 – Resultados do CODE_BRIGHT (80 elementos) e do IMEX (80

blocos). _________________________________________________51

CAPÍTULO V

Tabela 5.1 – Resumo dos Resultados dos Casos Teóricos _____________73

CAPÍTULO VI

Tabela 6.1 – Descrição das fáceis relacionadas aos materiais considerados

nas análises _____________________________________________76

Tabela 6.2 – Propriedades dos materiais __________________________76

Tabela 6.3 – Propriedades dos fluidos ____________________________76

Tabela 6.4 – Condições Iniciais e de Contorno do Caso Base___________77

Tabela 6.5 – Condições Iniciais e de Contorno do Caso com Óleo Pesado_77

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Lista de Figuras

CAPÍTULO II

Figura 2.1 – Curva de Retenção característica para um sistema óleo/água

(Ertekin, 2001) ___________________________________________11

Figura 2.2 – Permeabilidade Relativa para um sistema óleo/água (Eterkin,

2001) __________________________________________________13

CAPÍTULO III

Figura 3.1 – Representação de uma célula em uma malha de Elementos

Finitos __________________________________________________31

CAPÍTULO IV

Figura 4.1 – (a) Curva de retenção; (b) Distribuição da saturação de água

em função da distância (Dake, 1978). _________________________39

Figura 4.2 – Curva típica do fluxo fracional em função da saturação de água

_______________________________________________________40

Figura 4.3 – Fluxo através de um volume linear dxA ⋅⋅ φ _____________41

Figura 4.4 – Avanço da Frente de Saturação (aplicação direta da equação

4.17) ___________________________________________________43

Figura 4.5 – Distribuição de saturações demonstrando a existência do

choque _________________________________________________44

Figura 4.6 – Determinação gráfica da Saturação na Frente de Choque ___44

Figura 4.7 – Malha 80 elementos (CODE_BRIGHT) __________________49

Figura 4.8 – Avanço da Frente de Saturação (CODE_BRIGHT) _________50

Figura 4.9 – Avanço da Frente de Saturação 2.000 dias (Pós-processamento

GID) ___________________________________________________50

Figura 4.10 – Avanço da Frente de Saturação 2.000 dias _____________51

CAPÍTULO V

Figura 5.1 – Geometria dos casos bidimensionais ___________________54

Figura 5.2 – Malha Reservatório Homogêneo _______________________56

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Figura 5.3 – Saturação de água em 10000 dias _____________________57

Figura 5.4 – Pressão de água em 10000 dias_______________________57

Figura 5.5 – Volume acumulado no poço produtor___________________58

Figura 5.6 – Vazão de fluidos no poço produtor _____________________59

Figura 5.7 – Pressão de água nos poços de injeção e produção_________59

Figura 5.8 – Malha Reservatório com Canal ________________________60

Figura 5.9 – Saturação de água em 10000 dias _____________________61

Figura 5.10 – Pressão de água em 10000 dias______________________61

Figura 5.11 – Volume acumulado no poço produtor__________________62

Figura 5.12 – Vazão de fluidos no poço produtor ____________________62

Figura 5.13 – Pressão de água nos poços de injeção e produção________63

Figura 5.14 – Reservatório com Barreira __________________________64

Figura 5.15 – Saturação de água em 10000 dias ____________________65

Figura 5.16 – Pressão de água em 10000 dias______________________65

Figura 5.17 – Volume acumulado no poço produtor__________________66

Figura 5.18 – Vazão de fluidos no poço produtor ____________________67

Figura 5.19 – Pressão de água nos poços de injeção e produção________67

Figura 5.20 – Malha Reservatório com Fratura e Barreira _____________68

Figura 5.21 – Saturação de água em 10000 dias ____________________69

Figura 5.22 – Pressão de água em 10000 dias______________________69

Figura 5.23 – Volume acumulado no poço produtor__________________70

Figura 5.24 – Vazão de fluidos no poço produtor ____________________70

Figura 5.25 – Pressão de água nos poços de injeção e produção________71

Figura 5.26 – Comparação dos Fatores de Recuperação dos Casos Teóricos

_______________________________________________________72

CAPÍTULO VI

Figura 6.1 – Afloramento de Barreiras de Boqueirão: (a) Foto-montagem;

(b) Geometria do modelo numérico para fluxo multifásico no Análogo 75

Figura 6.2 – Curva de Retenção _________________________________77

Figura 6.3 – Curva de Permeabilidade Relativa _____________________77

Figura 6.4 – Inclinação do tensor de permeabilidade intrínseca ________78

Figura 6.5 – Malha de Elementos Finitos __________________________79

Figura 6.6 – Evolução da saturação de água no Caso Base ____________79

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Figura 6.7 – Volume acumulado no poço produtor___________________80

Figura 6.8 – Vazões no poço produtor ____________________________81

Figura 6.9 – Pressão de água nos poços___________________________81

Figura 6.10 – Evolução da saturação de água no caso utilizando óleo pesado

_______________________________________________________82

Figura 6.11 – Volume acumulado no poço produtor__________________83

Figura 6.12 – Vazões no poço produtor ___________________________83

Figura 6.13 – Pressão de água nos poços__________________________84

Figura 6.14 – Comparativo dos Fatores de Recuperação ______________84

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Lista de Símbolos

Romanos

A – área da seção transversal ao fluxo

A1 - parâmetro de ajuste

Bo – fator volume de formação do óleo

Bw – fator volume de formação da água

cr – compressibilidade da rocha

fα - termo fonte/sumidouro na fase α

fw - fluxo fracionário

g - aceleração da gravidade

h - carga hidráulica

i - como subscrito indica número do bloco ou elemento

- gradiente hidráulico

I - erro global na formulação em elementos finitos

j - fluxo nodal na malha de elementos finitos

k - permeabilidade intrínseca

k - permeabilidade intrínseca média

krl - permeabilidade relativa da fase líquida

kro - permeabilidade relativa do óleo

krw - permeabilidade relativa da água

K - condutividade hidráulica

K(So) - condutividade hidráulica em função da saturação de óleo

K(Sw) - condutividade hidráulica em função da saturação de água

Kosat - condutividade hidráulica saturada do óleo

Kwsat - condutividade hidráulica saturada da água

N - função de interpolação

P - pressão

P - função aproximada da pressão

P0 - pressão inicial

Pb - pressão de fundo de poço

Pc - pressão capilar

Po - pressão de óleo

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Pw - pressão de água

q - velocidade de Darcy

Q - vazão

re - raio de influência do poço

rw - raio do poço

R - resíduo

Sα - saturação da fase α

Se - saturação efetiva

Sl - saturação da fase líquida

Srl - saturação residual da fase líquida

Sls - saturação máxima da fase líquida

So - saturação de óleo

Sro - saturação residual de óleo

Srw - saturação residual de água

Sw - saturação de água

t - tempo

T - temperatura

Tx - transmissibilidade

V - volume

Wi - função de resíduos ponderados

iW - função de resíduos ponderados

Wi - total de água injetada

x,y - coordenadas cartesianas

z - altura piezométrica

Gregos

α - coeficiente de expansão térmica volumétrica

β - compressibilidade

φ - porosidade

γ - peso específico

λ - como expoente indica parâmetro de ajuste

λo - mobilidade do óleo

λw - mobilidade da água

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µ - viscosidade

ρ - densidade

ω - fração mássica

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2

CAPÍTULO I

Introdução

1.1 Considerações Gerais

A análise dos fenômenos relacionados com escoamentos de fluidos

em meios porosos é de extrema importância no entendimento de inúmeros

processos que ocorrem na crosta terrestre. Transporte em meios porosos,

envolvendo transportes de massa ou de fluxos, é comum a várias áreas da

engenharia e ciências aplicadas, tais como engenharia de petróleo, meio

ambiente (dispersão de poluentes, contaminação), hidrogeologia (águas

subterrâneas), geotecnia (COSTA, L., 2000; GUIMARÃES, 2002; MACHADO,

2000), etc.

Nestas áreas, em muitas situações reais, freqüentemente é

necessário tomar decisões que afetam a operação ou a evolução de

sistemas constituídos por meios porosos rígidos ou deformáveis em cujos

espaços vazios fluem uma ou mais fases (escoamento multifásico) com uma

ou mais componentes (multicomponente) em cada fase.

No estudo de reservatórios de petróleo nos deparamos com uma

grande complexidade de fatores para caracterizar sua geometria e as

características físicas dos materiais envolvidos, nas fases sólida e líquida.

Neste sentido, a simulação de reservatórios combina física, matemática,

engenharia de reservatórios e programação computacional para o

desenvolvimento de uma ferramenta capaz de prever o desempenho de um

reservatório de petróleo nas mais diversas condições operacionais.

A necessidade da simulação de reservatórios provém da exigência

dos engenheiros de petróleo em obter previsões, mais próximas da

realidade, do desempenho de um reservatório submetido a diferentes

condições operacionais. Essa necessidade surge devido ao fato de que em

um projeto de recuperação de petróleo, que envolve geralmente

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3

investimentos muito altos, o risco associado ao plano de exploração

escolhido deve ser previsto e minimizado.

Os fatores associados a esse risco incluem a complexidade do

reservatório devido à heterogeneidade e anisotropia das propriedades da

rocha reservatório, às variações regionais das propriedades dos fluidos e à

complexidade do mecanismo de recuperação de petróleo.

A resposta de sistemas constituídos por meios porosos, como os

reservatórios de petróleo, é expressa pela distribuição espacial e temporal

das variáveis que descrevem o seu comportamento, tais como pressão,

velocidade, tensão, deformação, densidade, saturações de fases e

concentrações de componentes.

Diferentes modelos, com diferentes graus de refinamento ou

sofisticação podem ser construídos para representar um meio poroso

dependendo do objetivo da modelagem. Assim como nas demais áreas da

mecânica do contínuo, dada a complexidade dos sistemas, os modelos para

fenômenos de transporte em meios porosos são formulados, descritos e

analisados em níveis macroscópicos.

Desta modelagem resultam modelos matemáticos representados por

sistemas de equações diferenciais parciais. Dentro dos limites das hipóteses

simplificadoras adotadas a solução destes modelos matemáticos nos fornece

previsões para a resposta do sistema real. Entretanto na quase totalidade

das aplicações práticas as soluções só podem ser obtidas numericamente.

Os modelos numéricos que consideram fluxo em meios porosos na

zona não saturada utilizam normalmente a técnica de diferenças finitas ou

elementos finitos. Os modelos que utilizam a técnica de elementos finitos

permitem uma maior flexibilidade para a análise de problemas com

contorno irregular e de geometria multidimensional e também permitem a

inclusão de propriedades não homogêneas com maior facilidade.

1.2 Objetivos e Organização da Tese

O objetivo deste trabalho é analisar a aplicabilidade do código

CODE_BRIGHT (OLIVELLA et al 1996a) em problemas de simulação de

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reservatórios de petróleo através de modelos unidimensionais e

bidimensionais admitindo um problema de recuperação secundária por

injeção de água.

Este trabalho é dividido em 7 capítulos. O segundo capítulo tem como

objetivo a descrição dos problemas de fluxo em meios porosos multifásicos,

onde são apresentadas as equações básicas que regem o fenômeno através

da lei de conservação de massa complementada por equações constitutivas.

O terceiro capítulo descreve a simulação numérica do problema de

fluxo em meios porosos não saturados aplicado à engenharia de petróleo.

São apresentadas as formulações em Diferenças Finitas e Elementos Finitos

que correspondem respectivamente às utilizadas pelo IMEX, software

comercial da CMG e o CODE_BRIGHT, código desenvolvido pela

Universidade Politécnica da Catalunha (UPC).

No quarto capítulo, a teoria de BUCKLEY & LEVERETT (1942) é

descrita e a solução analítica do problema unidimensional de fluxo bifásico

de óleo e água é utilizada para validar o CODE_BRIGHT. Como comparação

dos métodos numéricos o mesmo problema é simulado também pelo IMEX.

O quinto capítulo apresenta uma série de casos teóricos usados para

avaliar o desempenho do código em elementos finitos frente a problemas de

heterogeneidade do reservatório.

Como aplicação prática para a avaliação do desempenho do código, o

sexto capítulo descreve a simulação do afloramento de Barreiras do

Boqueirão, da Formação Maceió (LIMA FILHO, 2002), considerado um

análogo de reservatório.

No sétimo capítulo são comentadas as conclusões obtidas nas

simulações e são sugeridas novas linhas de pesquisa para trabalhos futuros.

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CAPÍTULO II

Fluxo em Meio Poroso Multifásico

2.1 Introdução

O reservatório de óleo ou gás é uma formação geológica porosa que contém

nos poros além da água, pelo menos uma fase de hidrocarboneto no estado

líquido ou gasoso (óleo ou gás). Por isso, a simulação de reservatórios, para

a engenharia de petróleo, constitui invariavelmente um problema de fluxo

multifásico.

A descrição macroscópica desse sistema faz uso das propriedades dos

sólidos e dos fluidos definidos no meio poroso contínuo (BEAR, 1972) e

baseia-se nas leis de conservação de massa aplicadas a cada fase fluida

presente. Essas leis de conservação são complementadas por relações

constitutivas dos materiais; no caso da zona não saturada, são as relações

pressão capilar/saturação e permeabilidade relativa/saturação.

A combinação das equações de conservação e as relações

constitutivas apropriadas resultam nas equações governantes para o

sistema multifásico da zona não saturada. Neste capítulo, serão descritas as

equações que regem o fluxo em meios porosos multifásicos.

2.2 Equações Governantes

O movimento dos fluidos em meios porosos é governado pelas leis de

conservação de massa e momento das fases (e seus componentes) no

sistema. As equações governantes modelam o processo básico que ocorre

no sistema físico. Devido ao fato de normalmente não termos um

conhecimento total do comportamento do sistema, a maior dificuldade no

processo de modelagem é a escolha das equações governantes que

descrevam corretamente o complexo processo físico. Quanto mais complexo

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6

o processo físico mais complicado será o modelo matemático e

conseqüentemente mais difícil a solução e análise do problema.

2.3 Equação da Continuidade

Considerando um volume elementar representativo (VER) do meio

poroso V, então a conservação de massa diz que a quantidade de massa

acumulada em V é igual ao fluxo de massa que atravessa V mais a

quantidade de massa injetada em V através de fontes ou sumidouros

(poços). Antes de apresentar a equação da continuidade serão definidos

dois conceitos básicos: a porosidade e a saturação.

Porosidade ou porosidade volumétrica, uma propriedade

macroscópica do meio poroso (BEAR, 1972), pode ser expressa como a

razão entre o volume de vazios e o volume total.

Entretanto, para o estudo de fluxo em meio poroso, somente os

poros interconectados devem ser considerados na definição da porosidade,

uma vez que os poros isolados não constituem caminhos para o fluxo. Com

isso, o conceito de porosidade efetiva pode ser definido como sendo:

totalVolumetadosinterconecporosdeVolume

Neste trabalho somente a porosidade efetiva é considerada.

A saturação de uma fase pode ser definida como sendo a fração do

espaço disponível para o fluxo ocupada pela mesma.

A conservação de massa pode então ser descrita pela equação 2.1,

onde ρα é a densidade da fase por unidade de volume, ∂V é a fronteira de V

com vetor normal exterior n, qα é o fluxo de Darcy da fase e fα é a vazão

mássica por unidade de volume injetada ou produzida da fase em V.

( )∫ ∫∫ +⋅−=⋅⋅∂∂

∂V VV

dxfndsqtxdxtxSt

ααααα ρρφ ),(, , (Eq. 2.1)

onde α = w, o, representando água e óleo, respectivamente.

Sα = saturação da fase α

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7

Aplicando o teorema da divergência:

∫∫ ⋅⋅∇=⋅⋅∂ VV

dxqndsq )( αααα ρρ (Eq. 2.2)

Como o VER é fixo no espaço e no tempo (volume de controle):

∫∫ ∂⋅⋅∂

=⋅⋅∂∂

dxt

SdxtxS

t V

)(),( αα

ααρφρφ (Eq. 2.3)

Substituindo as equações 2.2 e 2.3 na equação 2.1, obtemos

( ) ( )[ ]∫∫ +⋅∇−=∂

⋅⋅∂

VV

dxfqdxt

S ααα

αα ρρφ (Eq. 2.4)

Admitindo que (Eq. 2.4) é válida para qualquer volume V,

caracterizamos a seguinte equação diferencial parcial

( ) ( ) ααα

αα ρρφfq

tS

+⋅⋅−∇=∂

⋅⋅∂ (Eq. 2.5)

2.4 Equação de Fluxo

Finalmente, a conservação de massa de cada fase fluida pode ser

representada por (BEAR, 1979):

( ) ( ) ααα

αα ρρφfq

tS

=⋅⋅∇+∂

⋅⋅∂, (Eq. 2.6)

onde:

α - indica a fase

φ - porosidade [L3/L3]

ρα - densidade da fase α [M][L]-3

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8

Sα - Saturação da fase α

qα - Fluxo de Darcy da fase α [L][T]-1

fα - Termo fonte / sumidouro na fase α [M][L]-3[T]-1

O primeiro termo da equação descreve a variação de massa com o

tempo em um volume de controle e o segundo o divergente do fluxo de

massa nesse volume. Essa equação é resultante da equação da

continuidade podendo ser escrita de diversas formas a depender das

variáveis e das relações constitutivas.

O tratamento do problema de fluxo em um meio poroso saturado é

relativamente simples e pode ser resolvido aplicando diretamente a Eq. 2.6,

considerando apenas uma fase fluida ocupando todo meio poroso.

2.5 Relações Constitutivas

As equações anteriormente descritas não são suficientes para modelar

fluxos multifásicos, sendo inicialmente necessário fazer algumas

considerações como: as fases fluem simultaneamente, os fluidos são

imiscíveis e não há transferência de massa entre as fases. Neste contexto,

será admitido um sistema bifásico composto pelos fluidos óleo (sub índice

o) e água (sub índice w). Na engenharia de reservatórios a água pode já

estar presente no meio poroso, sendo chamada de água conata ou

irredutível, ou ser injetada para deslocar o óleo e manter as pressões

atuantes no reservatório de petróleo. Essa técnica, utilizando a injeção de

água, é denomina recuperação secundária e será o tema dos casos

descritos nos capítulos seguintes.

A equação 2.6 descreve as condições de fluxo no sistema, sendo

necessário para a resolução do caso não saturado determinar as relações

constitutivas que relacionam as incógnitas do problema.

As relações constitutivas podem ser escritas de diversas formas

resultando em diferentes variáveis independentes no sistema. As opções

mais comuns para essas variáveis independentes são as pressões e as

saturações das fases (BINNING, 1994).

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9

2.5.1 Lei de Darcy

Possivelmente a lei ou correlação mais utilizada que pode ser

incorporada em modelos analíticos de fluxo em meio poroso é a Lei de

Darcy, desenvolvida em 1856 pelo engenheiro francês Henry D’Arcy. Apesar

dos experimentos de D’Arcy trabalharem somente com fluxo laminar de

água através de vários meios, eles estabeleceram as relações básicas entre

a vazão e o gradiente de pressão.

A Lei de Darcy estabelece que a vazão volumétrica Q de um fluido

homogêneo através de um meio poroso é proporcional à pressão ou ao

gradiente hidráulico e a área da seção transversal A na direção normal ao

fluxo e inversamente proporcional à viscosidade µ do fluido.

A lei apresenta o coeficiente de proporcionalidade K, que é chamado

de condutividade hidráulica do meio poroso. Em um meio isotrópico pode

ser definido como a descarga específica por unidade de gradiente hidráulico

(BEAR, 1972). Expressa a facilidade com que um fluido é transportado em

um meio isotrópico. É, portanto, um coeficiente que depende tanto das

propriedades da matriz sólida quanto das propriedades dos fluidos.

As propriedades relevantes para os fluidos são a densidade ρ e a

viscosidade µ, e para a matriz sólida são a granulometria, formato dos

grãos, tortuosidade, superfície específica e porosidade. Desta forma, a

condutividade hidráulica K pode ser definida como:

µρ gk

K⋅⋅

= (Eq. 2.7)

Na equação 2.7, ρ é a densidade do fluido, g é a magnitude da

aceleração devida à gravidade e k é a permeabilidade intrínseca do meio,

cuja unidade é dada em darcy (1D = 10-12 m2).

Podemos escrever o fluxo superficial do fluido q por

( )gpk

AQ

q ⋅−∇−== ρµ

, (Eq. 2.8)

onde, p é a pressão do fluido.

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10

2.5.2 Curva de Retenção

O primeiro termo da equação da continuidade (Eq. 2.6) diz respeito à

parcela de armazenamento de massa da fase. Para um meio poroso não

saturado é necessário definir a saturação de cada fase.

Admitindo um fluxo bifásico de óleo e água e considerando ainda que

ambas as fases estão fluindo, temos:

1=+ ow SS (Eq. 2.9)

Quando dois fluidos imiscíveis estão em contato, uma

descontinuidade na pressão surge na interface que separa os dois fluidos.

Isto é uma conseqüência da tensão superficial que existe entre as duas

fases em contato. A magnitude da diferença de pressão depende da

curvatura da interface naquele ponto, que por sua vez depende da

saturação (BEAR, 1987).

Em um sistema bifásico, a pressão capilar é por definição a equação

de Laplace (DAKE, 1978), dada pela pressão de óleo menos a pressão de

água, ou seja:

( ) wowc ppSp −= (Eq. 2.10)

A pressão capilar é função da saturação e do histórico da saturação

(drenagem ou umedecimento) para uma dada rocha reservatório e para os

fluidos a uma temperatura e composições constantes (ETERKIN, 2001).

Considerando que a pressão capilar é uma função não linear

dependente da saturação, essa relação pode ser descrita pela Curva de

Retenção (Figura 2.1).

A curva de retenção descreve a capacidade do meio poroso em reter

líquido para uma dada pressão capilar. Geralmente é modelada por uma

relação empírica como a de VAN GENUCHTEN (1980), adotada neste

trabalho como:

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11

λ

λ

−+=

−−

=11

0

1P

ppSSSS

S wo

rlls

rlle (Eq. 2.11)

Onde λ e P0 são parâmetros do modelo para uma dada série de

pressões capilares.

Figura 2.1 - Curva de Retenção característica para um sistema óleo/água

(ERTEKIN, 2001)

A saturação da água que não pode ser mais deslocada por um dado

gradiente de pressão durante a drenagem é representada por Srw,

denominada saturação de água irredutível ou água conata. A saturação de

óleo que não pode ser mais deslocada por um dado gradiente de pressão

durante o umedecimento é representada por Sro (Figura 2.1).

Nestas condições, a pressão capilar é usada para determinar a

distribuição vertical inicial da saturação do reservatório. Qualitativamente, a

curva de retenção indica o grau de saturação da rocha, a natureza da

distribuição dos poros e saturação de água conata (ETERKIN, 2001).

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12

2.5.3 Permeabilidade Relativa

No fluxo multifásico, os fluidos presentes interferem no escoamento

uns dos outros fazendo com que a permeabilidade efetiva seja menor ou

igual à permeabilidade intrínseca k do meio poroso para uma única fase.

Podemos então definir permeabilidade relativa como:

Água

1)(≤=

wsat

wrw K

SKk (Eq. 2.12)

Óleo

1)(≤=

osat

oro K

SKk (Eq. 2.13)

Onde K(Sw) e K(So) são as permeabilidades em função da saturação

das fases e Kwsat e Kosat, definidas pela equação 2.7, as condutividades

hidráulicas saturadas das fases.

Sabe-se que a variação da permeabilidade relativa é não linear e é

função do grau de saturação, como está representado na Figura 2.2.

A obtenção das curvas de permeabilidade nem sempre é possível

através de ensaios de laboratório para cada situação específica, o que

resulta na utilização de relações empíricas obtidas em campo ou laboratório.

Neste trabalho adotamos:

λerl SAk ⋅= 1 (Eq. 2.14)

Onde A1 e λ são parâmetros de ajuste da curva para uma dada série de

saturações e o sub índice indica a fase líquida (óleo ou água).

Usando a equação 2.8 e as relações constitutivas, a Lei de Darcy para

a água e para o óleo podem ser representadas respectivamente por:

( )gpkk

q www

rww ρ

µ−∇

⋅−= (Eq. 2.15)

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13

( )gpkk

q ooo

roo ρ

µ−∇

⋅−= (Eq. 2.16)

Figura 2.2 - Permeabilidade Relativa para um sistema óleo/água (ETERKIN,

2001)

Admitindo que os fluidos são imiscíveis e que não há transferência de

massa entre as fases, as equações governantes devem descrever a

conservação de massa das mesmas. Usando as mesmas considerações de

(Eq. 2.6) e incorporando as definições dadas pelas equações 2.16 e 2.17,

temos as equações de fluxo.

Água

( ) ( ) wwww

rwwww fgpkk

tS

+−∇⋅∇=∂⋅∂ ρ

µρρφ

(Eq. 2.17)

Óleo

( ) ( ) oooo

roooo fgpkk

tS

+−∇⋅∇=∂⋅∂ ρ

µρρφ

(Eq. 2.18)

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15

CAPÍTULO III

Simulação Numérica

de Reservatórios de Petróleo

3.1 Introdução

O objetivo da simulação numérica de reservatórios é prever o

desempenho de um reservatório e definir meios para otimizar, de forma

economicamente viável, sua recuperação final. Sua grande vantagem é

permitir a incorporação, na análise, de parâmetros relativos às

heterogeneidades geológicas do reservatório e ao fluxo dos fluidos. Através

dela é possível considerar parâmetros de produção e operação do campo

tais como: datas de abertura e fechamento dos poços, restrições de

produção, vazões limites e recompletações, tornando as previsões de

produção mais realistas (COSTA, A. 2002).

Uma caracterização ótima do reservatório nem sempre é a melhor

alternativa sob o ponto de vista econômico. O custo para a aquisição de

dados tem que ser compatível com o valor do reservatório e com os

benefícios que esses dados irão trazer para aumentar a confiabilidade da

previsão de produção. É necessário portanto, uma forte integração entre as

equipes de geologia e de reservatórios para avaliar a necessidade de

revisão do modelo, da aquisição de novos dados e de novas previsões de

produção.

A escolha do modelo para representação do reservatório é função

principalmente:

• Tamanho da estrutura

• Tipo de mecanismo atuante

• Fluidos presentes

• Heterogeneidades

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16

• Inclinação da formação

• Quantidade de dados disponíveis

• Urgência do estudo e recursos disponíveis

• Métodos de recuperação que serão utilizados

Existem quatro etapas cruciais no processo de modelagem para

simulação de reservatórios (EWING, 1983). Inicialmente, o modelo físico do

processo de fluxo é desenvolvido incorporando o máximo da física

necessária para descrever o fenômeno. Feito isso, uma formulação

matemática do modelo físico é adotado, geralmente envolvendo sistemas

acoplados de equações diferenciais parciais não lineares. Definida a

formulação matemática do modelo, utiliza-se uma técnica para resolver as

equações em derivadas parciais, discretizando-as segundo o método

numérico adotado (elementos finitos ou diferenças finitas).

A técnica numérica deve ser adotada considerando as propriedades

de acurácia e estabilidade para produzir soluções que representem a física

do fenômeno.

Finalmente, é necessário um código computacional capaz de resolver

de forma eficiente o sistema de equações resultante. O processo global da

modelagem envolve aspectos de cada uma dessas etapas. Uma vez

desenvolvido o código e este apresente resultados quantitativos coerentes

com o modelo, é necessário que estes resultados sejam testados com

resultados analíticos e/ou com dados reais do processo físico.

Atualmente existem simuladores numéricos bastante eficientes a

disposição dos engenheiros que permitem a análise de inúmeras opções

operacionais e consideram modelos de reservatórios de complexidade

crescente, possibilitando dessa forma, a obtenção de diversas informações

como:

• Previsão de produção

o Estudo de sensibilidade;

o Avaliação de campos

o Determinação do fator de recuperação

o Análise de métodos de simulação

• Ajuste de histórico

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17

• Auxílio na caracterização de reservatórios

o Identificação de barreiras

o Identificação de propriedades próximas aos poços

• Entender os mecanismos de fluxo

• Desenvolvimento de modelos e correlações

Neste capítulo serão apresentadas as formulações numéricas dos dois

códigos utilizados neste trabalho. O método das Diferenças Finitas utilizado

pelo IMEX da CMG (Computing Modeling Group) e o método dos Elementos

Finitos adotado pelo CODE_BRIGHT desenvolvido pela Universidade

Politécnica da Catalunha (UPC).

3.2 Descrição dos problemas na simulação de

recuperação de óleo

A fim de entender a complexidade no desenvolvimento de um modelo

físico para a simulação de reservatórios, uma breve descrição dos vários

fenômenos físicos envolvidos no fluxo em meios porosos será comentada.

É comum, para iniciantes, imaginar na recuperação de

hidrocarbonetos, que o óleo ou o gás encontra-se em enormes piscinas

dentro de cavernas subterrâneas e precisam ser bombeados de forma

similar ao bombeamento de líquidos dentro de tanques de armazenamento.

No entanto, em geral, os hidrocarbonetos encontram-se presos dentro de

poros microscópicos da rocha, como arenitos, e fluirão através do

reservatório quando submetidos a gradientes de pressão.

Uma grande porcentagem dos poros é conectada e os fluidos podem

passar por esses canais. Entretanto, os canais são pequenos, irregulares e

descontínuos. A razão entre o volume desses poros interconectados, que

permitem o fluxo, e o volume total de uma amostra de solo é denominada

porosidade efetiva da rocha, variando em geral entre 1% e 20%.

O tipo da rocha do reservatório pode influenciar a habilidade do

hidrocarboneto de fluir entre seus poros. Da mesma forma, as variações na

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18

geologia do reservatório produzem áreas de fluxo intenso bem como áreas

de fluxo reduzido.

Quando as pressões encontradas nos reservatórios são muito altas,

suficientes para mover os fluidos residentes através do meio poroso até os

poços produtores sem necessidade de bombeamento, a este tipo de

recuperação dá-se o nome de recuperação primária. Devido ao processo

produtivo, há uma redução das pressões atuantes no reservatório,

provocando uma redução do fluxo e um decréscimo na produção. A

recuperação primária normalmente retira de 20 a 30% dos hidrocarbonetos

do reservatório (Ewing, 1983).

Subseqüentemente, é possível utilizar técnicas de recuperação

secundárias. Entre elas destaca-se a injeção de água, que visa dois

objetivos: o primeiro de manter as altas pressões e vazões no reservatório

e o segundo de preencher o meio poroso para mover fisicamente o óleo

levando-o para os poços de produção. Neste processo a água não se

mistura ao óleo devido aos efeitos da tensão superficial, sendo então

denominado de deslocamento imiscível.

A injeção de água ainda não é um processo completamente efetivo e

quantidades significativas de hidrocarbonetos permanecem no reservatório

(50% ou mais). Devido às fortes tensões superficiais uma grande

quantidade de óleo fica aprisionada em pequenos poros com canais muito

estreitos impossibilitando sua retirada com técnicas usuais de injeção de

água.

Além disso, o processo de deslocar um óleo com alta viscosidade

através do meio poroso usando um fluido menos viscoso como a água é um

processo bastante instável. Caso a vazão seja suficientemente alta, a

interface entre o petróleo residente e a água de injeção torna-se instável e

tende a formar caminhos preferenciais de fluxo que crescem em direção aos

poços de produção chegando antes do hidrocarboneto.

A fim de aumentar de forma economicamente viável a recuperação

de hidrocarbonetos, diversos métodos avançados (Enhanced Oil Recovery -

EOR) envolvendo processos químicos e térmicos complexos vêm sendo

desenvolvidos. Essas técnicas são apenas algumas das chamadas

recuperações terciárias, existindo ainda os métodos por deslocamento

miscível e microbiológico. Basicamente, os métodos avançados EOR atuam

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19

no controle da mobilidade dos fluidos através da alteração das viscosidades,

tensões superficiais ou saturação dos mesmos.

3.3 Modelagem do Fluxo em Diferenças Finitas

Na indústria do petróleo, onde a simulação como ferramenta de

previsão tem se tornado imprescindível, a discretização das equações de

fluxo através do Método das Diferenças Finitas é uma das abordagens mais

utilizadas. Grande parte dos simuladores comerciais adota esse método de

discretização por ser bastante testado para problemas envolvendo o fluxo

de fluidos na engenharia de reservatórios. Será apresentada a discretização

segundo KLEPPE (2000) que é basicamente a mesma utilizada pelo IMEX.

3.3.1 Equação de Fluxo Bifásico

Na engenharia de simulação de reservatórios, é importante definir o

Fator Volume de Formação (Bα) que corresponde à razão entre o volume

que a fase líquida ocupa em condições de pressão e temperatura quaisquer

no reservatório e o volume que essa mesma fase ocupa nas condições de

superfície (COSTA, A. 1998). Tem como função fazer uma estimativa do

volume, em reservatório, necessário para uma determinada produção

desejada. É usado para corrigir o volume de óleo ou gás nas condições de

reservatório para as condições de superfície.

Esse fator entra em ambos os termos da equação de fluxo, no de

armazenamento de massa da fase líquida e no de fluxo, ou seja:

Óleo

⋅∂∂

=−

∂∂

⋅⋅

∂∂

o

oo

o

oo

ro

BS

tf

xP

Bkk

µ; (Eq. 3.1)

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20

Água

⋅∂∂

=−

∂∂

⋅⋅

∂∂

w

ww

w

ww

rw

BS

tf

xP

Bkk

µ, (Eq. 3.2)

onde cow PPP −=

1=+ wo SS

3.3.2 Discretização da Equação de Fluxo

Termo da esquerda

O termo

∂∂

⋅⋅

∂∂

xP

Bkk

xr

µ é da forma

∂∂

∂∂

xP

xfx

)( , que pode ser discretizado,

considerando blocos de tamanhos distintos, como:

( )( )

( )( ) ( )xO

xxx

PPxf

xxPP

xf

xP

xfx i

ii

iii

ii

iii

i

∆+∆

∆−∆−

−∆+∆

=

∂∂

∂∂ −

−−

+

++

1

121

1

121 )(2)(2

)(

Substituindo a função )(xf pelo termo apresentado acima, temos:

( )( )

( )( )

)(

221

1

211

1

21 xOx

xxPP

Bkk

xxPP

Bkk

xP

Bkk

x i

ii

ii

i

r

ii

ii

i

r

i

r ∆+∆

∆+∆−

⋅⋅

−∆+∆

⋅⋅

=

∂∂

⋅⋅

∂∂ −

−+

+

+ µµ

µ

Definindo a Transmissibilidade como

Transmissibilidade à direita

( )2112

12

+++

⋅⋅

∆+∆∆=

i

r

iiii Bkk

xxxTx

µ (Eq. 3.3)

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21

Transmissibilidade à esquerda

( )2112

12

−−−

⋅⋅

∆+∆∆=

i

r

iiii Bkk

xxxTx

µ (Eq. 3.4)

Dessa forma a discretização do termo da esquerda fica:

( ) ( )iii

iii

i

r PPTxPPTxxP

Bkk

x−+−≈

∂∂

⋅⋅

∂∂

−−

++

1211

21µ

(Eq. 3.5)

A transmissibilidade é composta de três grupos, tomando como

modelo a transmissibilidade à direita, temos:

Fator geométrico, função da malha

( ) ctexxx iii

=∆+∆∆ +1

2

Valor médio, função das propriedades do reservatório

)(21 xfkk

i==

+

Função das pressões e saturações atuantes

),()()(

)(

21

SPfPBP

SkB

k r

i

r =

=

⋅ + µµ

É necessário determinar a forma dos dois últimos grupos. Começando

pela Lei de Darcy

xP

BAk

q∂∂

⋅⋅

−=µ

Para o fluxo entre dois blocos da malha e admitindo que cteq = e k

é função da posição, temos:

BdP

Akdx

q⋅

−=µ

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22

Permeabilidade

Integrando a equação acima entre os centros dos blocos

∫∫++

⋅−=

11 i

i

i

i BdP

Akdx

∫+

+

+

∆+

∆=

1

1

1i

i i

i

i

i

kx

kx

qkdx

q

Admitindo permeabilidades constantes nos blocos. Definindo uma

permeabilidade média, k , temos:

k

xxq

kx

kx

q ii

i

i

i

i 1

1

1 +

+

+ ∆+∆=

∆+

∆,

Levando a

∆+

∆∆+∆

=

+

+

+

1

1

1

i

i

i

i

ii

kx

kx

xxk (Eq. 3.6)

Para os blocos da malha, temos:

i

i

i

i

ii

i

kx

kx

xxkk

∆+

∆∆+∆

==

+

+

+

+

1

1

1

21 e

i

i

i

i

ii

i

kx

kx

xxkk

∆+

∆∆+∆

==

1

1

1

21

Termo de mobilidade do fluido

Definindo B

kr

⋅=µ

λ como mobilidade, podemos dizer que

( )( )ii

iiii

i xxxx

∆+∆∆+∆

=+

++

+ 1

11

21

λλλ

(Eq. 3.7)

( )( )ii

iiii

i xxxx

∆+∆∆+∆

=−

−−

− 1

11

21

λλλ

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23

Com isso, a forma discreta do termo da esquerda fica:

( ) ( )iiiiiii

o

oo

ro PoPoTxoPoPoTxoxP

Bkk

x 1121

21 −−++

+−≈

∂∂

⋅⋅

∂∂

µ, (Eq. 3.8)

para o óleo e

( ) ( )iiiiiii

w

ww

rw PwPwTxwPwPwTxwxP

Bkk

x 1121

21 −−++

+−≈

∂∂

⋅⋅

∂∂

µ, (Eq. 3.9)

para a água

Onde, por exemplo:

∆∆∆

=

+

+

+

+

i

i

i

ii

i

i

kx

kx

x

oTxo

1

1

21

21

e

oo

ro

Bk

o⋅

λ

Observe que a mobilidade λ é função da pressão, pois a viscosidade

µ e do fator de volume de formação B dependem da pressão, e da

permeabilidade relativa rk , que por sua vez depende da saturação.

Termo da mobilidade “upstream”

Devido a dependência da mobilidade na saturação, é necessário um

maior cuidado na aproximação da mesma dada sua influência na resolução

das equações. Dois tipos de aproximação são propostos:

upstream iioo λλ =

+21

média ponderada 1

11

21

+

+++ ∆+∆

⋅∆+⋅∆=

ii

iiiii xx

oxoxo

λλλ

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24

Para blocos de pequenas dimensões a diferença entre os dois

métodos é insignificante. No entanto, para blocos de dimensões práticas,

usualmente adotadas em simulações, a diferença é significativa.

Pela média, a frente de saturação passa o primeiro bloco, mas na

realidade ainda não alcançou o segundo, causando um avanço mais rápido

da saturação. Segundo KLEPPE (2000) a explicação física para tal fato,

especialmente no caso da média ponderada, é que o fluxo que sai de um

bloco depende primeiramente da permeabilidade relativa em relação ao

óleo.

A mobilidade fica então (upstream)

<→≥→

=+

+++

iii

iiii PoPoo

PoPooo

1

11

21

λλ

λ (Eq. 3.10)

<→≥→

=+

+++

iii

iiii PwPww

PwPwww

1

11

21

λλ

λ

Termos da direita

Para o óleo

∂∂

+∂∂

=

⋅∂∂

oo

o

oo

o

BtS

tS

BBS

tφφφ

, (Eq. 3.11)

onde

tB

PBBt ∂

∂⋅+

∂∂

=

∂∂

11 φφφ

Sabendo que rcdPd

⋅= φφ,

onde cr é a compressibilidade da rocha.

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25

Então:

tP

dPB

d

tP

dPd

BtB

PBBt ∂∂

⋅+∂∂

=∂

∂⋅+

∂∂

=

∂∂

11

11 φφφφφ

tP

dPB

d

tP

Bc

Btr

∂∂

⋅+∂∂⋅

=

∂∂

1

φφφ

( )tP

dPBd

Bcr

∂∂

+1

φ é discretizado usando a diferença à direita

tPP

tP t

itt

i

i ∆−

∂∂ ∆+

. Definindo o termo de armazenamento como

( )i

rii dP

BdBc

tCp

+∆

=1φ

, então a aproximação fica:

( ) ( )ti

ttii

r PPCptP

dPBd

Bc

−≈∂∂

+ ∆+1φ

No que resulta, no caso do óleo:

( ) ( )too

o

B

o

ri

ioii

o PPdP

d

Bc

tBt−

+

∆≈

∂∂

1φφ

Substituindo oS por wS :

tS

tS ow

∂∂

−=∂∂

Usando a diferença à esquerda para a derivada no tempo:

( )tww

io

io

oii

SStBt

SB

−∆⋅

−≈

∂∂ φφ

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26

Com isso a forma discreta do termo da direita fica:

( ) ( )twwwo

toooo

io

oiiiiii

SSCsPPCpBS

t−+−≈

⋅∂∂ φ

(Eq. 3.12)

Onde:

( ) ( )

+

−⋅=

o

B

o

rwioo dP

d

Bc

t

SCp oi

i

11φ (Eq. 3.13)

io

iwo tB

Csi

i ∆⋅−=

φ (Eq. 3.14)

Para a água, da mesma forma, temos:

∂∂

+∂∂

=

⋅∂∂

ww

w

ww

w

BtS

tS

BBS

tφφφ

(Eq. 3.15)

Expandindo o segundo termo

∂∂

−∂∂

∂∂

=∂∂

∂∂

=

∂∂

tP

tP

BPtP

BPBtco

ww

w

www

φφφ

Como a pressão capilar é função somente da saturação

tS

dSdP

tP w

w

cc

∂∂

=∂∂

Usando os termos para o fluxo de uma fase e diferenças básicas para

as derivadas, o termo da direita para a água fica:

( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ]tiwiwiww

tioioiow

iw

w SSCsPPCpBS

t−+−≈

⋅∂∂ φ

(Eq. 3.16)

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27

Onde

( )

+

∆⋅

=w

B

w

riii dP

d

Bc

tSw

Cpow w

(Eq. 3.17)

iiw

ow

ii

ii Cpow

dSdPc

tBwCsww

∆⋅=

φ (Eq. 3.18)

As formas discretas para o óleo e a água ficam para o óleo e a água

respectivamente:

( ) ( ) ( )( )t

iii

tiiiiiiiiii

SwSwCswo

PoPoCpoooqPoPoTxoPoPoTxo

−+

−=′−−+− −−++ 1121

21

(Eq. 3.19)

( ) ( )[ ]( ) ( )[ ]

( ) ( )tiii

tiiii

iiiii

iiiii

SwSwCswwPoPoCpowwq

PcowPcowPoPoTxw

PcowPcowPoPoTxw

−+−=′−

−−−

+−−−

−−−

+++

11

11

21 , (Eq. 3.20)

onde:

∆+

∆∆

=

+

+

+

+

i

i

i

ii

i

i

kx

kx

x

oTxo

1

1

21

21

∆+

∆∆

=

i

i

i

ii

i

i

kx

kx

x

oTxo

1

1

21

21

∆+

∆∆

=

+

+

+

+

i

i

i

ii

i

i

kx

kx

x

wTxw

1

1

21

21

∆+

∆∆

=

+

+

+

+

i

i

i

ii

i

i

kx

kx

x

wTxow

1

1

21

21

e

oBo

roo

k

λ

Com mobilidades upstream

<→≥→

=+

+++

iii

iiii PoPoo

PoPooo

1

11

21

λλ

λ

<→≥→

=−

−−−

iii

iiii PoPoo

PoPooo

1

11

21

λλ

λ

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28

<→≥→

=+

+++

iii

iiii PwPww

PwPwww

1

11

21

λλ

λ

<→≥→

=−

−−−

iii

iiii PwPww

PwPwww

1

11

21

λλ

λ

Com coeficientes:

( ) ( )i

o

B

o

riii dP

d

Bc

tSw

Cpoo o

+

∆−⋅

=1

ii

ii tBo

Cswo∆

−=φ

( )i

w

B

w

riii dP

d

Bc

tSw

Cpow w

+

∆⋅

=1

φ

iiw

ow

ii

ii Cpow

dSdPc

tBwCsww

∆=

φ

As três derivadas que aparecem nas expressões acima,

( ) ( )i

w

B

io

B

dP

d

dP

dwo

11

, e iwdS

dPc

são computadas numericamente para cada

intervalo de tempo baseadas nas tabelas PVT e de pressão capilar.

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29

3.3.3 Condições de Contorno

Serão citadas apenas as condições de contorno utilizadas nos casos

estudados nos capítulos subseqüentes.

3.3.3.1 Vazão de injeção de água constante

Para uma vazão de superfície constante de iQw (negativo) em um bloco i:

i

ii xA

Qwqw

∆=

No final do intervalo de tempo, depois de resolvidas as equações, a

pressão de fundo de poço dever ser calculada através da equação de poço:

( )iiiii PbhPwoWCQw −⋅= λ (Eq. 3.21)

O índice de produtividade (ou índice do poço) é definida da mesma

forma que para o fluxo de uma fase

⋅⋅

=

w

e

ii

rr

hkWC

ln

Onde wr é o raio do poço. O raio de influência é definido teoricamente

(PEACEMAN, 1978) como:

πi

exy

r∆⋅∆

=

Entretanto, o fluido de injeção sofre resistência para deslocar os

fluidos presentes no bloco. Por esse motivo, é usualmente ou normalmente

aceito que se use o somatório das mobilidades dos fluidos presentes no

bloco na equação do poço.

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30

( )iii

i

i

iiii PbhPw

wkrw

okro

WCBwQw −

+=⋅

µµ

ou

( )iiiii

iii PbhPwwo

BwBo

WCQw −

+= λλ

Por esta aproximação, a injeção será controlada pela mobilidade do

óleo no estágio inicial quando há pouco ou nenhuma água no bloco. Passada

esta etapa inicial, a mobilidade da água tomará o controle.

Poços de injeção são geralmente limitados por um máximo de

pressão de fundo, a fim de evitar o fraturamento da formação. Isto deve ser

verificado ao final de cada intervalo de tempo, e se necessário, reduzir a

vazão de injeção ou convertê-la em pressão de fundo de poço constante.

Freqüentemente, a capilaridade é desprezada na equação do poço,

especialmente em simulações na escala do campo, portanto:

( )iiiii

iii PbhPowo

BwBo

WCQw −

+= λλ (Eq.3.22)

3.3.3.2 Produção a pressão de fundo de poço constante

Usando um poço de produção no bloco i com uma pressão de fundo

iPbh , como exemplo, temos:

( )iiiii PbhPooWCQo −⋅= λ (Eq. 3.23)

( )iiiii PbhPwoWCQw −⋅= λ

Substituindo nos termos de fluxo das equações de fluxo

( )iiii

ii PbhPoo

xAWC

qo −⋅⋅∆⋅

= λ (Eq. 3.24)

( )iiii

ii PbhPww

xAWC

qw −⋅⋅∆⋅

= λ

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31

3.4 Modelagem de Fluxo em Elementos Finitos

Será feita aqui uma descrição da formulação numérica do

CODE_BRIGHT e para tal, a equação do balanço de massa da água será

discretizada. A notação utilizada será a mesma adotada no manual do

programa e na tese de doutorado de OLIVELLA, (1995).

Os termos de acumulação ou de armazenamento são computados em

uma abordagem de massa conservativa. A conservação de massa no tempo

é obtida através da discretização em Diferenças Finitas e o método dos

Elementos Finitos garante a conservação de massa no espaço. Essa última

afirmação é facilmente verificada somando-se as equações nodais, onde os

termos de fluxo são cancelados (devido à definição das funções de forma) e

a equação resultante representa a acumulação de massa em todo o domínio

(OLIVELLA, 1995).

A aproximação em Elementos Finitos utilizada é a de Galerkin, onde o

método dos resíduos ponderados é aplicado seguido do teorema de Green

(ZIENKIEWICZ AND TAYLOR, 1989). Dessa forma, obtém-se a forma

discreta das equações, representando cada uma o balanço em uma célula

associada a um nó, por exemplo o nó i (Figura 3.1).

Figura 3.1 – Representação de uma célula em uma malha de Elementos

Finitos

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32

A equação de balanço de massa da água pode ser escrita como:

( ) ( ) lllll fqS

t=⋅•∇+⋅⋅

∂∂ ρρφ (Eq. 3.25)

Onde o sub índice l indica a fase líquida, no caso, a água, q é

representado pela Lei de Darcy:.

( )gPkk

q lll

rll ⋅+•∇⋅

⋅−= ρ

µ

A permeabilidade relativa, krl, é obtida para o elemento, podendo ser

calculada pela média de Pl nos nós ou pela média de Sl nos nós,

determinadas pela curva de retenção em função dos valores de Pl nos nós.

A média de Sl é a melhor forma de determinar krl no elemento, pois

sua variação é pequena (de 0 a 1) enquanto que a pressão Pl pode variar de

-∞ a +∞. Considerando uma frente de saturação chegando ao elemento a

permeabilidade relativa calculada através da média da pressão resulta em

valores muito pequenos e irreais quando comparada aos valores obtidos

pela média da saturação (OLIVELLA, 1995).

Nos casos apresentados nos capítulos seguintes, usando a formulação

do CODE_BRIGHT, as equações adotadas para descrever as propriedades

dos fluidos foram:

Densidade

( )[ ]hlllll TPP ωγαβρρ ⋅+⋅+−⋅⋅= 00 exp (Eq. 3.26)

Onde β é a compressibilidade do fluido em MPa-1; α é o coeficiente de

expansão térmica volumétrica para a água em oC-1; T é a temperatura em

oC; γ é a variação de soluto e hlω é a fração mássica de sal na fase líquida.

Viscosidade

+

⋅=T

BAl 15.273

expµ , (Eq. 3.27)

onde A e B são parâmetros de ajuste do modelo.

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33

Na formulação de Resíduos Ponderados temos que:

( ) 0=+⋅= pPPA ll δ em Ω (domínio do problema) (Eq. 3.28)

( ) 0=+⋅= vPPB ll η em Γ (fronteira do problema) (Eq. 3.29)

Onde δ e η são operadores diferenciais lineares e p e v são funções

conhecidas.

Devido à dificuldade em resolver essa equação de forma analítica, é

possível aproximá-la como:

( )∑=

⋅==M

iiilll NPPP

1

ˆ (Eq. 3.30)

Onde M é no número de nós da malha, (Pl)i são os valores da função

incógnita Pl nos nós da malha de elementos finitos e Ni são as funções de

interpolação.

Como toda aproximação implica em um erro, então podemos definir o

resíduo como:

( ) 0ˆ ≠=Ω lPAR (Eq. 3.31)

A minimização do erro global é feita resolvendo as seguintes intergrais

0=⋅+⋅= ∫∫Γ

ΓΩ

Ω RWRWI iii , Mi ..2,1= (Eq. 3.32)

Sendo Ii o erro global, Wi e iW funções de resíduos ponderados.

Aplicando o método dos Resíduos Ponderados na equação (Eq. 3.25).

( ) ( ) 0=−⋅•∇+⋅⋅∂∂

=Ωl

llll fqSt

R ρρφ (Eq. 3.33)

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34

A integral de RΩ no domínio Ω para o nó i se resume em integrar RΩ

nos elementos por i conectados (Figura 3.1) e considerando Galerkin, onde

Wi = Ni, temos:

( ) ( ) ( )∫∫∫∫ Ω⋅++Ω⋅+Ω⋅=Ω⋅ ΩΩΩΩ

Ωem

emie

eie

èii dRNdRNdRNdRN K2

21

1 (Eq. 3.34)

O termo de integral de contorno na fronteira Γ (Eq. 3.32) é

arbitrariamente substituído pelo fluxo nodal jl, que para o nó i fica:

( ) ( ) ( ) ( ) ( )[ ]ililiilil PPjj −⋅+= 00 β (Eq. 3.35)

Em (Eq. 3.35) 0lj e 0

lP são prescritos no nó.

Em resumo, o erro global Ii no nó i é dado por:

( ) 021

=−

Ω⋅++Ω⋅+Ω⋅=Ω⋅= ∫∫∫∫ ΩΩΩΩ

il

emi

ei

eiii

j

dRNdRNdRNdRNI K (Eq. 3.36)

Analisando a contribuição do elemento em para o erro global

( )[ ]

∫∫∫Ω⋅−

Ω⋅•∇⋅+Ω

⋅⋅∂∂

⋅=Ω⋅= Ω

em

li

emlli

emlli

emi

emi

dfN

dqNdSt

NdRNI ρρφ (Eq. 3.37)

Aplicando o teorema de Green no termo do gradiente

( )[ ] ( ) ∫∫∫Γ

Γ⋅⋅⋅+Ω⋅⋅∇−=Ω⋅•∇⋅em

lliem

lliem

lli MdqNdqNdqN ρρρ (Eq. 3.38)

O termo em integral de contorno do elemento se anula quando a

contribuição do elemento vizinho é considerada. As faces do elemento da

fronteira Γ cujos nós não têm fluxo prescrito ( )ilj , terão uma condição de

impermeabilidade ( 0=⋅ Mql ).

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35

A notação utilizada para discretização espacial e temporal pode ser

resumida como:

Discretização espacial (MEF)

(•)em: quantidade computada no centro do elemento através da média das

incógnitas nodais;

(•)i: quantidade computada no nó i como função das incógnitas deste nó;

(•)i,em: quantidade calculada no nó i, mas com as propriedades dos

materiais correspondentes ao elemento em.

Discretização temporal (MDF)

(•)K: quantidade computada no tempo K (já conhecida)

Termos de

Armazenament

o em φ (•)K+1: quantidade computada no tempo K+1 (desconhecida)

(•)K+ε: quantidade computada no tempo K+ε, utilizado para

avaliar os coeficientes dos termos em gradiente

Termos em

gradiente (•)K+θ: quantidade computada no tempo K+θ, utilizado para

avaliar a incógnita Pl nos termos em gradiente

Onde,

( ) ( ) ( )KlK

lK

l PPP ∆⋅+=+ θθ e ( ) ( ) ( )KlK

lK

l PPP −=∆ +1

A discretização do termo de armazenamento segue a aproximação da

massa conservativa

( ) ( ) ( )∫∫ Ω⋅

⋅−⋅⋅≈Ω⋅⋅

∂∂

⋅+

+

emiKK

Kemill

Kemill

emlli dN

tt

SSdS

tN

1,

1, ρρ

φρφ (Eq. 3.39)

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36

Desenvolvendo o termo em gradiente restante, temos:

∫∫

Ω⋅⋅

⋅⋅∇+

Ω∇⋅⋅

⋅⋅∇=Ω⋅⋅∇−

em l

rlli

eml

l

rlli

emlli

gdkk

N

dPkk

NdqN

µρ

µρρ

(Eq. 3.40)

Onde, realizando a discretização temporal em cada termo da equação

(Eq. 3.40)

( ) ( ) ( ) θε

µρ

µρ +

+

Ω∇⋅⋅∇⋅

⋅≈⋅Ω∇⋅

⋅⋅⋅∇ ∫∫ K

jlem

jKemi

K

eml

rll

emjlj

l

rlli PdNkN

kPdN

kkN

( ) ∫∫ Ω⋅∇⋅⋅⋅≈Ω⋅⋅

⋅⋅∇ +

emi

Kemrll

lem l

rlli kdNk

gdg

kkN ερ

µµρ (Eq. 3.41)

Resta ainda, a discretização do termo fonte / sumidouro, que pode,

de uma forma mais geral, ser escrito como ( )lll Pff = , então:

( ) ∫∫ Ω⋅−≈Ω⋅−+

emi

K

emil

em

li dNfdfN

ε, (Eq. 3.42)

Com as equações anteriormente descritas, tenho como incógnitas as

pressões ( ) 1+KlP de todos os nós da malha de elementos finitos.

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37

CAPÍTULO IV

Simulação Numérica da Teoria de Buckley &

Leverett

4.1 Introdução

Neste capítulo é apresentada a solução analítica da teoria de

BUCKLEY E LEVERETT (1942) bem como a simulação numérica através do

Método dos Elementos Finitos com o código computacional CODE_BRIGHT.

Para a validação do modelo foi utilizado um caso teórico, representado por

um reservatório homogêneo e linear com dois poços, um de injeção de água

e outro de produção de óleo e água. O fluxo é unidimensional e bifásico,

(óleo e água) com fluidos não miscíveis (SANTOS et al, 2001).

Serão apresentadas primeiramente as equações necessárias para a

formulação da teoria de BUCKLEY E LEVERETT. Em seguida será feita uma

descrição do caso teórico utilizado para a validação, com as características

do reservatório e os parâmetros da rocha e dos fluidos. No final os

resultados serão apresentados comparando-se a solução analítica com a

obtida pelo CODE_BRIGHT e pelo IMEX, software comercial da CMG cuja

formulação baseia-se no método das diferenças finitas.

4.2 Equação do Fluxo Fracionário

Admitindo que a saturação dos fluidos é uniformemente distribuída na

espessura do reservatório em qualquer ponto do fluxo, é possível descrever

matematicamente o fluxo unidimensional (DAKE, 1978).

Considerando o deslocamento de óleo pela água em um reservatório de

seção transversal A e aplicando a Lei de Darcy para fluxo unidimensional, as

equações para o fluxo simultâneo de óleo e água são:

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38

⋅−∂∂⋅⋅

−= gxpAkk

Q oo

o

roo ρ

µ (Eq. 4.1)

e

⋅−∂∂⋅⋅

−= gxpAkk

Q ww

w

rww ρ

µ (Eq. 4.2)

Sabendo que:

wto QQQ −= (Eq. 4.3)

Substituindo a equação (Eq. 4.3) nas equações (Eq. 4.1) e (Eq. 4.2),

e subtraindo a equação resultante, temos:

⋅∆−∂∂

⋅+⋅⋅

=

+⋅

gxP

Akk

Qkkkk

Q c

ro

ot

ro

o

rw

ww ρµµµ

(Eq. 4.4)

O fluxo fracional de água em qualquer ponto do reservatório é dado por:

wo

w

t

ww QQ

QQQ

f+

== (Eq. 4.5)

Substituindo (4.5) em (4.4), resulta:

o

ro

rw

w

c

ot

ro

w kk

gxP

qAkk

f

µµ

ρµ

⋅+

⋅∆−∂∂

⋅⋅⋅

+=

1

1 (Eq. 4.6)

O gradiente da pressão capilar pode ser escrito como:

xS

dSdP

xP w

w

cc

∂∂

⋅=∂∂

(Eq. 4.7)

Graficamente, é possível expressar os termos da direita como

representados na Figura 4.1.

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39

Pc

1-SorSwc Sw

(a)

+dSw

-dPc

(b)

-dSw

-dx

x

Swc

Sw

1-Sor

Swf

Figura 4.1 - (a) Curva de retenção; (b) Distribuição da saturação de água

em função da distância (DAKE, 1978).

Como é possível observar pela Figura 4.1, ambos os termos da direita

na equação 4.6 são negativos. Com isto o gradiente da pressão capilar é

sempre positivo aumentando assim o fluxo fracionário de água. Entretanto,

apesar da curva de retenção ser de fácil obtenção, a variação da saturação

com a distância (Figura 4.1b) é a solução que quer se obter pela equação

de Buckley & Leverett.

O gradiente da pressão capilar atinge seu máximo valor quando

Sw=Swf, ou seja, na frente de choque. De Swf até (1-Sor), a variação da

saturação é gradual e tanto wc dSdP quanto xSw ∂∂ neste trecho são

considerados pequenos, podendo xPc ∂∂ ser desprezado na equação do

fluxo fracional (DAKE, 1978), ou seja:

o

ro

rw

ww k

k

f

µµ

⋅+=

1

1 (Eq. 4.8)

Considerando que o deslocamento de óleo ocorre à temperatura

constante e que as viscosidades do óleo e da água são constantes, a

equação 4.8 é, através das permeabilidades relativas, função unicamente

da saturação (Figura 4.2).

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40

Figura 4.2 – Curva típica do fluxo fracional em função da saturação de água

A equação de fluxo fracional é usada para calcular a fração do fluxo

total devido à água em qualquer ponto do reservatório, admitindo que a

saturação é conhecida em qualquer ponto. A determinação de quando uma

dada saturação alcança determinado ponto é obtida através da teoria do

deslocamento (BUCKLEY & LEVERETT, 1942).

4.3 Teoria de Buckley & Leverett

Em 1942, BUCKLEY & LEVERETT desenvolveram a equação básica

que governa o deslocamento unidimensional de dois fluidos não miscíveis

através de um meio poroso linear e homogêneo. Considerando o

deslocamento do óleo pela água, a equação determina a velocidade de um

plano de saturação constante através de um sistema linear.

A conservação de massa de água que atravessa um elemento de

volume dxA ⋅⋅ φ (Figura 4.3) pode ser escrita como:

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41

Figura 4.3 – Fluxo através de um volume linear dxA ⋅⋅ φ

( )wwdxxwwxww St

dxAQQ ⋅∂∂

⋅⋅⋅=⋅−⋅+

ρφρρ (Eq. 4.9)

Que pode ser reduzido a:

( ) ( )wwww St

AQx

⋅∂∂

⋅⋅−=⋅∂∂ ρφρ (Eq. 4.10)

Considerando fluido incompressível teconsw tan≈ρ :

x

w

t

w

tS

AxQ

∂∂

⋅⋅−=∂∂ φ (Eq. 4.11)

A derivada total da saturação de água é:

dtt

Sdx

xS

dSx

w

t

ww ∂

∂+

∂∂

= (Eq. 4.12)

Considerando o movimento de um plano de saturação constante, ou

seja, dSw=0, então:

Swt

w

x

w

dtdx

xS

tS

⋅∂∂

−=∂∂

(Eq. 4.13)

Desta forma:

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42

t

w

w

w

t

w

xS

SQ

xQ

∂∂

⋅∂∂

=∂∂

(Eq. 4.14)

Substituindo as equações (Eq. 4.12) e (Eq. 4.11) na (Eq. 4.9), temos:

Swtw

w

dtdx

ASQ

⋅⋅=∂∂ φ (Eq. 4.15)

Como o fluido é incompressível, Qt é constante. Sabendo que

Qw=Qtfw, a equação (4.14) pode ser escrita como:

Sww

wt

SwSw dS

dfAQ

dtdx

qφ⋅

== (Eq. 4.16)

Esta é a equação de Buckley & Leverett. Integrando para o tempo

total da simulação, temos:

∫⋅=

t

tw

wSw dtQ

dSdf

Ax

0

ou

Sww

wSw dS

dfAWi

xφ⋅

= (Eq. 4.17)

Onde Wi é o total de água injetada. Com isto, a localização de

diferentes planos de saturação pode ser traçada usando a equação (4.17).

Existe, entretanto uma dificuldade matemática em aplicar esta equação

usando a função de fluxo fracionário, representada pela Figura 4.2. Devido

ao ponto de inflexão da curva surgem pontos de iguais velocidades, o que

acarretaria na existência de dois planos de saturações diferentes ocupando

a mesma posição no espaço (Figura 4.4), o que fisicamente não é correto.

Na realidade, esse efeito não ocorre porque os valores intermediários de

saturação possuem velocidades máximas e tendem a avançar inicialmente

mais rapidamente que as outras frentes de menor saturação, resultando na

formação de uma descontinuidade de saturações, normalmente denominada

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43

“choque”. Como conseqüência a equação de BUCKLEY & LEVERETT é

aplicada somente no intervalo:

orwwf SSS −<< 1

Onde Swf é a saturação na frente de choque.

0

50

100

150

200

250

300

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Sw

Dis

tân

cia (

m)

0

30

60

90

180

365

730

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

Figura 4.4 – Avanço da Frente de Saturação

WELDGE (1952) integrou o perfil de saturações da Figura 4.5,

introduzindo o conceito de saturação média atrás da frente. Com isso,

obteve uma relação entre a saturação de água na frente (Swf), o fluxo

fracionário (fw), a derivada do fluxo fracionário (fw’), a saturação média

atrás da frente ( wS ) e a saturação de água conata (Swc), dada por:

( )wcwwfw

Swfw

Swfw

w

SSSS

f

dSdf

−=

−=

11 (Eq. 4.18)

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44

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 50 100 150 200 250 300

Distâncias (m)

Sw

Buckley & Leverett

Figura 4.5 Distribuição de saturações demonstrando a existência do choque

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.90

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Saturação

Fluxo

Fra

cionário

fw Sw( )

fwcons

fwc Sw( )

Sw

Figura 4.6 - Determinação gráfica da Saturação na Frente de Choque

A equação 4.18 sugere que a derivada do fluxo fracionário da frente

de avanço (choque) pode ser obtida traçando-se uma linha reta passando

pelo ponto (Swc,fw=0) e tangente à curva de fluxo fracionário (DAKE, 1978),

como está representado na Figura 4.6.

Uma vez obtida a posição da frente de avanço, as saturações são

calculadas pela equação 4.17 até a frente de choque. A partir deste ponto, a

saturação é constante (Sw=Swc) até o poço produtor. Após o

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45

“breakthrough”, tempo no qual ocorre a chegada de água no poço produtor,

a equação é válida para todas as posições do reservatório.

4.4 Validação do Modelo em Elementos Finitos

4.4.1 Descrição do CODE_BRIGHT

O CODE_BRIGHT, desenvolvido na Universidade Politécnica da

Catalunha, cujo nome significa COupled DEformation, BRIne, Gás and Heat

Transport, é um código escrito em FORTRAN que utiliza o Método dos

Elementos Finitos para a solução de problemas Termo-Hidro-Mecânicos

(THM) de forma acoplada em um meio poroso.

A formulação THM foi proposta por OLIVELLA (1995) e OLIVELLA et al

(1994) e implementada no código computacional CODE_BRIGHT. Apesar de

recente, o acoplamento (T-H-M) vem sendo testado com êxito por alguns

pesquisadores (SCHREFLER E XIAOYONG, 1993; SCHREFLER et al, 1995) e

sua implementação no CODE_BRIGHT vem sendo testada e aplicada em

problemas reais de engenharia (GENS, VAUNAUT e LEDESMA, 1995;

THOMAS et al, 1995; OLIVELLA et al, 1996a;OLIVELLA et al, 1996b; GENS

et al, 1996; LINS e COSTA, 2000; LINS, COSTA e SOBREIRA, 2001; COSTA,

PONTES FILHO e FERREIRA, 2001; COSTA, SANTOS e MAIA, 2001; COSTA,

PONTES FILHO e FERREIRA, 2002; GUIMARÃES, 2002).

A formulação baseia-se nas equações de conservação de massa para

as fases sólida, líquida e gasosa, utilizando-se ainda, a hipótese da

composição de espécies para as equações de balanço de massa (PANDAY E

CORAPCIOGLU, 1989), caracterizando a equação básica para cada espécie

em cada fase. Na metodologia já adotada por OLIVELLA (1995), as

equações das fases são obtidas através das equações de balanço de todas

as espécies contidas em cada fase. Além de vantajosa para a representação

dos termos de fluxo advectivo e não advectivo (BEAR, 1972), a hipótese da

composição de espécies torna natural o acoplamento.

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46

A formulação THM considerada nesse trabalho é um caso particular,

adaptada a meios porosos com as fases fluidas água e óleo (PONTES FILHO,

2002), da formulação THM mais geral proposta por OLIVELLA (1995) e

também descrita por GUIMARÃES (2002). Algumas hipóteses básicas da

formulação THM adotada estão listadas a seguir:

• O meio poroso é trifásico com duas fases líquidas (água e óleo) mais

fase sólida;

• O equilíbrio térmico entre as fases é admitido, o que implica que a água,

o óleo e o sólido têm a mesma temperatura;

• As variáveis de estado (também chamadas de incógnitas) são:

velocidade da fase sólida; pressão de água, Pw; pressão de óleo, Po; e

temperatura, T.

• A conservação de quantidade de movimento do meio como um todo é

reduzido à equação de equilíbrio, complementado com o modelo

constitutivo mecânico relacionando incrementos de tensões e

deformações;

• A conservação de quantidade de movimento para as fases fluidas se

reduz à lei de Darcy;

• Os parâmetros físicos nas leis constitutivas são função da temperatura e

pressão. Por exemplo: concentração de vapor sobre uma superfície

planar (lei psicométrica); tensão superficial (na curva de retenção);

viscosidade dinâmica (na lei de Darcy), dependem fortemente da

temperatura.

Em relação à abordagem numérica, tem-se:

• Funções de interpolação linear para segmentos, triângulos,

quadriláteros, tetraedros, prismas triangulares e prismas

quadrangulares. Integração analítica é aplicada em segmentos,

triângulos e tetraedros. Integração numérica é usada para quadriláteros,

prismas triangulares (6 pontos) e primas quadrangulares (8 pontos).

Para todos os elementos as equações de fluxo são resolvidas usando

aproximações no elemento e na célula.

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47

• Diferenças Finitas e um esquema implícito são utilizados para a

integração no tempo

• Aplicadas as discretizações espaciais e temporais, o método de Newton-

Raphson é usado para resolver o sistema de equações algébricas não

lineares

• Para solução do sistema de equações lineares resultantes da aplicação

do método de Newton-Raphson é usado decomposição LU ou o método

dos gradientes conjugados

• Discretização automática do tempo. Redução ou acréscimo do

incremento de tempo dependendo dos critérios de convergência

adotados;

As principais características do programa apresentadas em OLIVELLA

(1995), COSTA, L. (2000) e GUIMARÃES (2002) são:

• Opções para solução de problemas acoplados ou não (mecânico, fluxo

em meio poroso, calor, hidro-mecânico, termo-mecânico, hidro-térmico,

termo-hidro-mecânico);

• Análise unidimensional, bidimensional ou tridimensional;

• Diversos tipos de elementos;

• Leis constitutivas definidas por uma série de parâmetros;

• As condições de fronteira para o problema hidráulico são: vazão e

pressão em qualquer nó.

• Os critérios de convergência são impostos com tolerância de erro

absoluto ou relativo para cada incógnita. Tolerância para convergência

residual de cada problema (mecânico, hidráulico, térmico);

• Saída dos resultados: evolução temporal das variáveis nos nós ou

elementos. O usuário informa na entrada de dados as variáveis que

deseja que sejam escritas nos arquivos de saída. Mapas de contorno das

variáveis nodais ou nos elementos.

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48

4.4.2 Descrição do Caso Teórico

O caso analisado constitui um modelo bifásico unidimensional para

um problema de recuperação secundária de óleo através da injeção de água

com tempo de simulação de 10.000 dias.

O reservatório do caso teórico possui as seguintes características:

Comprimento: 304,8 m

Permeabilidade intrínseca: 300 mD

Porosidade: 20%

Parâmetros do Modelo de VAN GENUCHTEN (1980) para Curva de

Retenção:

P0 (MPa) σ0 (N/m) λ Srl Sls

Valores

Adotados

0,002 0,07121 0,6 0,01 0,99

Os fluidos presentes no modelo bifásico são óleo e água com as

seguintes propriedades:

Parâmetros para o modelo da curva de permeabilidade relativa (Eq. 2.16)

para água e para o óleo

A λ

Água 1 2

Óleo 1 2

Densidade, dada pela equação 3.26

ρ0 (Kg/m3) β (MPa-1) P0 (MPa)

Água 996,319 61004,3 −⋅ 0.1

Óleo 739,913 51092,1 −⋅ 0.1

Viscosidade

Água: 1 cp

Óleo: 1 cp

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49

As condições de poço podem ser resumidas como:

Vazão de injeção de água = 41049,1 −⋅ Kg/s

Pressões no poço produtor:

Pw = 9,4 MPa e Po = 9,6 MPa

As pressões iniciais do reservatório foram admitidas como sendo:

Pw = 9,4 MPa e Po = 9,6 MPa

Para a simulação numérica foi utilizada uma malha estruturada com

80 elementos quadrangulares e 162 nós (Figura 4.7), gerada no GiD,

programa de pré e pós-processamento desenvolvido pelo CIMNE (Centre

Internacional de Mètodes Numèrics em la Enginyeria).

Figura 4.7 – Malha 80 elementos (CODE_BRIGHT)

O objetivo da simulação era obter as curvas da frente de saturação

com o tempo (Figura 4.8) e comparar os resultados, para a situação em

2000 dias (Figura 4.9), com a solução analítica de BUCKLEY & LEVERETT

(1942) e a solução numérica do IMEX (Figura 4.10).

Como comparação para a solução numérica, o mesmo problema foi

simulado no IMEX, software comercial desenvolvido pela CMG (Computing

Modeling Group) e consiste em um simulador black-oil trifásico com termos

de gravidade e capilaridade. O grid pode ser cartesiano, cilíndrico ou função

da profundidade ou espessura do reservatório, podendo ser aplicado tanto

para sistemas bidimensionais ou tridimensionais. A formulação pode ser

explicita, totalmente implícita ou adaptativa (AIM). A presença de gás é

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50

controlada por alterações nas variáveis da entrada de dados (IMEX, User’s

Guide 2001).

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

0 50 100 150 200 250 300

Distância (m)

Sw

0 dias

60 dias

365 dias

1000 dias

2000 dias

3000 dias

4000 dias

10000 dias

Figura 4.8 – Avanço da Frente de Saturação (CODE_BRIGHT)

Figura 4.9 – Avanço da Frente de Saturação 2.000 dias (Pós-processamento

GID)

O caso unidimensional foi simulado no IMEX admitindo a formulação

totalmente implícita e pressões superiores à pressão de bolha, impedindo

desta forma a liberação de gás, garantindo um sistema bifásico de óleo e

água. Como os valores da pressão capilar são baixos e a formulação no

IMEX não exige a entrada desses dados para resolução do problema eles

não foram considerados. Os demais dados são semelhantes aos adotados

para o CODE_BRIGHT fazendo as devidas conversões de unidade para o

sistema de campo utilizado no IMEX.

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51

Os resultados dos simuladores numéricos são apresentados na Tabela

4.1 e na Figura 4.10. A saturação da frente de choque para a solução

analítica foi obtida graficamente através da Figura 4.6.

Tabela 4.1 – Resultados do CODE_BRIGHT (80 elementos) e do IMEX (80

blocos).

Produção

Acumulada (m3) Software

Água Óleo

Fator de

Recuperação

“Breakthrough”

(dias)

CODE_BRIGHT 75,41 53,79 89,22% 3916

IMEX 71,07 49,44 91,10% 3534

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0 50 100 150 200 250 300

Distâncias (m)

Sw

Buckley & LeverettCODE_BRIGHT 80 elementosIMEX 80 Blocos

Figura 4.10 – Avanço da Frente de Saturação 2.000 dias

É possível observar, na Figura 4.10, a concordância dos resultados

numéricos com a solução analítica. No caso do CODE_BRIGHT, devido à

curva de retenção adotada, a frente de choque é bastante próxima da

obtida por Buckley & Leverett.

O IMEX apresenta um “breakthrough” em tempo inferior ao obtido no

CODE_BRIGHT (Tabela 4.1), fato provavelmente causado pela dispersão

numérica que provoca um avanço da frente de saturação a blocos onde

fisicamente a água ainda nem chegou.

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52

Apesar do “breakthrough”, que pode causar uma diminuição da

produção de óleo, no IMEX ocorrer antes do CODE_BRIGHT, o fator de

recuperação do primeiro, 91,10% é superior ao obtido pelo segundo

89,22%, possivelmente devido à vazão de injeção ser alta para a extensão

do reservatório fazendo com que a influência da chegada de água não

comprometa significativamente a produção de óleo.

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53

CAPÍTULO V

Simulação de Fluxo Bifásico e Bidimensional

5.1 Introdução

Neste capítulo serão apresentados os resultados de casos teóricos

bidimensionais, analisando questões como a heterogeneidade do

reservatório.

Os reservatórios analisados nos casos teóricos foram classificados da

seguinte forma:

Caso 1- Homogêneo

Reservatório com apenas 1 material

Caso 2 – Com Canal

Mesmo material presente no caso homogêneo com a introdução de

um canal de material mais permeável.

Caso 3 – Com Barreira

Idêntico ao com canal, só que o material é menos permeável que o

do reservatório.

Caso 4 – Com Fratura

Caso com barreira com a introdução de uma fratura

Primeiramente serão apresentadas as propriedades comuns a todos

os casos. Depois os resultados obtidos para cada caso serão analisados de

forma individual e posteriormente no aspecto mais geral. O primeiro caso

serve de referência para os demais por se tratar de um reservatório

homogêneo, sem canais preferenciais de fluxo ou barreiras.

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54

5.2 Casos Teóricos

A geometria básica para todos os casos está ilustrada na Figura 5.1,

onde é indicada também a localização dos poços de produção e de injeção,

cujas condições de contorno na malha de elementos finitos foi admitida nos

nós.

Figura 5.1 – Geometria dos casos bidimensionais

O tempo de simulação foi de 10000 dias e as propriedades comuns a

todos os exemplos são descritas abaixo:

Propriedades do Reservatório

Porosidade = 30%

Curva de Retenção

Parâmetros P0 (MPa) σ0 (N/m) λ Srl Sls

0,02 0,07121 0,7 0,2 0,8

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55

Permeabilidade Relativa

Parâmetros A λ

1 2

Propriedades dos Fluidos

Densidade

ρ0 (Kg/m3) β (MPa-1) P0 (MPa)

Água 996,319 61004,3 −⋅ 0,1

Óleo 739,913 51092,1 −⋅ 0,1

Viscosidade

Água: 1 cp

Óleo: 50 cp

Condições Iniciais e de Contorno

Para um maior controle operacional dos poços, foram implementadas

no CODE_BRIGHT condições de contorno mistas. Inicialmente são adotadas

uma condição de vazão ou pressão e uma condição limite, também de

vazão ou pressão. Durante a simulação, caso a condição limite seja

atingida, a nova condição de contorno é adotada.

No poço injetor

Pressão máxima de água: Pwmáx = 10,0 MPa

Vazão de Injeção de Água = 41040,2 −⋅ Kg/s

No Poço Produtor

Pressão de fundo de poço (BHP): Po=Pw= 9,3 MPa

Vazão Máxima de produção = 41040,2 −⋅ Kg/s

No reservatório foram admitidas as pressões iniciais:

Po = 9,6 MPa e Pw = 9,4 MPa

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56

5.2.1 Caso 1 – Reservatório Homogêneo

Esse caso representa um caso hipotético de um reservatório

totalmente homogêneo onde a produção de óleo será influenciada somente

pelas pressões atuantes e a vazão de injeção de água.

A malha com 326 nós e 564 elementos, com maior refinamento nos

poços de injeção e produção, utilizada neste caso está representada na

Figura 5.2. O único material presente neste caso tem permeabilidade

intrínseca de 300 mD.

Figura 5.2 Malha Reservatório Homogêneo

As Figuras 5.3 e 5.4 demonstram a situação final (10000 dias) da

saturação e pressão de água respectivamente. A produção acumulada de

água (WP) e óleo (NP) é representada na Figura 5.5.

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57

Figura 5.3 Saturação de água em 10000 dias

Figura 5.4 Pressão de água em 10000 dias

Devido à alta viscosidade do óleo ( sMPa100,1 10 ⋅⋅ − = 50 cp), quando

comparada a da água (1cp), o fator de recuperação é de 12,40% e o

“breakthrough”, admitindo uma produção de 1m3 de água, ocorre a 5267

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58

dias (Figura 5.5). Esse caso será tomado como base para comparação dos

demais apresentados a seguir.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Vo

lum

e A

cum

ula

do

(m

³)

WP

NP

Figura 5.5 Volume acumulado no poço produtor

A Figura 5.6 apresenta o fluxo de óleo e água no poço produtor, onde

através de implementação no código, a vazão da água é limitada a um valor

igual ao do poço de injeção que é mantido constante. É possível notar que

para manter constante a pressão no poço de produção, a vazão de óleo

tende a diminuir a medida que a de água aumenta logo após o

“breakthrough”. Como a viscosidade da água é 50 vezes menor que a do

óleo, nos casos aqui simulados, é esperado que a vazão de água aumente e

conseqüentemente sua produção acumulada no poço produtor, como está

representada na Figura 5.5.

Na Figura 5.7 como era esperado, a pressão de água, inicialmente de

9,6 MPa, tende a cair no poço de injeção a medida que a saturação de água

aumenta facilitando o fluxo de água no reservatório.

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59

0,00000

0,00005

0,00010

0,00015

0,00020

0,00025

0,00030

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Va

zão

(K

g/

s)

Fluxo Água

Fluxo Óleo

Figura 5.6 Vazão de fluidos no poço produtor

9,00

9,10

9,20

9,30

9,40

9,50

9,60

9,70

9,80

9,90

10,00

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Pre

ssão

(M

Pa)

Poço Injeção

Poço Produção

Figura 5.7 Pressão de água nos poços de injeção e produção

No poço produtor a pressão de água permanece constante devido à

condição de manutenção da pressão. Essa condição de contorno foi

implementada no CODE_BRIGHT para permitir um maior controle

operacional tanto para o poço produtor quanto para o injetor.

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60

5.2.2 Caso 2 – Reservatório com canal

O canal constitui uma heterogeneidade na formação do reservatório

com permeabilidade intrínseca de 300.000 mD, maior portanto que o do

restante do reservatório (300 mD), indicando desta forma um canal

preferencial para o fluxo. Nesse caso é esperado um avanço mais rápido da

frente de saturação com possível antecipação do “breakthrough” em relação

ao Caso 1. A malha adotada é a mesma do caso anterior, com 326 nós e

564 elementos (Figura 5.8).

Figura 5.8 Malha Reservatório com Canal

Na Figura 5.9, que indica o avanço da saturação de água no

reservatório, é possível notar que o canal acelera o avanço da água e faz

com que a pressão desse líquido diminua mais rapidamente, fato este

observado comparando-se as figuras 5.10 e 5.4.

Page 78: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

61

Figura 5.9 Saturação de água em 10000 dias

Figura 5.10 Pressão de água em 10000 dias

Comparando-se a Figura 5.11 com a Figura 5.5, é possível notar que

a existência do canal causa um “breakthrough” em 5095 dias e provoca um

fator de recuperação de 12,23%, inferior ao caso homogêneo, devido

principalmente à chegada antecipada de água no poço produtor.

Page 79: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

62

A queda na vazão de óleo (Figura 5.12) e conseqüentemente após

algum tempo, a queda na produção acumulada em relação ao caso anterior,

refletem a influência do canal que provoca, ainda que de forma discreta,

uma maior produção de água pelo poço produtor

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Volu

me A

cum

ula

do (

m³)

WP

NP

Figura 5.11 Volume acumulado no poço produtor

0,00000

0,00005

0,00010

0,00015

0,00020

0,00025

0,00030

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Va

o (

Kg

/s)

Fluxo Água

Fluxo Óleo

Figura 5.12 Vazão de fluidos no poço produtor

Page 80: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

63

Na Figura 5.13 é possível observar o mesmo comportamento da

Figura 5.7, só que na primeira, devido à presença do canal, a queda da

pressão de água ocorre mais rapidamente.

9,00

9,10

9,20

9,30

9,40

9,50

9,60

9,70

9,80

9,90

10,00

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Pre

ssão

(M

Pa)

Poço Injetor

Poço Produtor

Figura 5.13 Pressão de água nos poços de injeção e produção

Page 81: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

64

5.2.3 Caso 3 – Reservatório com Barreira

De geometria semelhante ao Caso 2, mas ao invés do canal, com

permeabilidade maior que do restante do reservatório, o material utilizado

tem comportamento de uma barreira, com permeabilidade menor (0,3 mD)

que o do reservatório. Com esta modificação a recuperação de óleo e a

produção de água devem ser reduzidas quando comparadas aos casos

anteriores.

A malha adotada possui 969 nós e 1818 elementos (Figura 5.14),

sendo portanto mais refinada que as malhas dos casos anteriores. Esse

refinamento foi utilizado para minimizar problemas numéricos decorrentes

das altas pressões provocadas pela esperada redução de fluxo devido à

barreira.

Figura 5.14 Reservatório com Barreira

Nas figuras 5.15 e 5.16 é possível notar claramente que a barreira

impede o fluxo. Na Figura 5.15, a distribuição das saturações de água é, em

média, bem inferior aos casos anteriormente apresentados. O impedimento

Page 82: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

65

do fluxo torna-se evidente ao analisar a Figura 5.16 onde há um aumento

significativo da pressão de água no trecho anterior à barreira.

Figura 5.15 Saturação de água em 10000 dias

Figura 5.16 Pressão de água em 10000 dias

Page 83: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

66

Como era esperada, na Figura 5.17, a produção acumulada de água

não aparece no gráfico por possuir valores muito pequenos, inferiores a

1m3, valor este admitido para o “breakthrough” que neste caso nem ocorre.

Esse fato também pode ser constatado analisando a Figura 5.18 onde o

fluxo de água é praticamente nulo e o fluxo de óleo está praticamente

constante. Os valores iniciais da vazão de óleo devem ter sido provocados

pela injeção de água e pela estabilização das pressões no reservatório.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Volu

me A

cum

ula

do (

m³)

WP

NP

Figura 5.17 Volume acumulado no poço produtor

A produção de óleo é pequena, fator de recuperação de 5,2%,

quando comparada aos Casos 1 e 2, pois a barreira impede tanto o fluxo de

água quanto de óleo.

Devido à condição de contorno implementada no código, limitando a

pressão de água em 10 MPa no poço injetor, a pressão inicial logo atinge o

valor máximo estabelecido (Figura 5.19). Isso se deve à barreira que ao

impedir o fluxo de óleo e água provoca um rápido aumento das pressões no

interior do reservatório (Figura 5.16).

Page 84: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

67

0,00000

0,00002

0,00004

0,00006

0,00008

0,00010

0,00012

0,00014

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Va

zão

(K

g/

s)

Fluxo Água

Fluxo Óleo

Figura 5.18 Vazão de fluidos no poço produtor

9,00

9,20

9,40

9,60

9,80

10,00

10,20

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Pre

ssã

o (

MP

a)

Poço Injetor

Poço Produtor

Figura 5.19 Pressão de água nos poços de injeção e produção

Page 85: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

68

5.2.4 Caso 4 – Reservatório com Barreira e Fratura

Neste caso, tendo em vista os resultados obtidos no Caso 3,

procurou-se analisar a influência de uma descontinuidade no reservatório de

forma a gerar um canal preferencial de fluxo através da barreira. Foi então

considerada uma fratura muito permeável (300.000 mD) com espessura de

10 cm.

A malha de 522 nós e 976 elementos (Figura 5.20), possui um maior

refinamento próximo à fratura, para melhor simular o comportamento da

descontinuidade.

Figura 5.20 Malha Reservatório com Fratura e Barreira

A fratura realmente possibilita o fluxo através da barreira, como

indicado na Figura 5.21, onde pode-se notar a frente de saturação seguindo

exatamente o caminho da fratura. Na Figura 5.22, a distribuição da pressão

de água mostra um alívio em comparação com o Caso 3. Os pontos de

maior pressão estão localizados na barreira e distantes da fratura.

Page 86: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

69

Figura 5.21 Saturação de água em 10000 dias

Figura 5.22 Pressão de água em 10000 dias

A produção acumulada de óleo (Figura 5.23) indica um aumento

significativo quando comparada ao resultado obtido no caso somente com a

barreira (Figura 5.17), basta comparar os fatores de recuperação: 10,58%

para esse caso e 5,20% no caso anterior.

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70

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Volu

me A

cum

ula

do (

m³)

WP

NP

Figura 5.23 Volume acumulado no poço produtor

Apesar do aumento significativo da produção de óleo em relação ao

caso anterior, a Figura 5.24 mostra que o fluxo de óleo cai bem antes que

em todos os casos analisados anteriormente, fato comprovado pelo

“breakthrough” em 3172 dias (Figura 5.23), explicado pela alta

permeabilidade da fratura.

0,00000

0,00005

0,00010

0,00015

0,00020

0,00025

0,00030

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Va

o (

Kg

/s)

Fluxo Água

Fluxo Óleo

Figura 5.24 Vazão de fluidos no poço produtor

Page 88: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

71

A influência da descontinuidade fica evidente comparando as Figuras

5.25 e 5.19, onde no primeiro a pressão de água no poço injetor cai

rapidamente devido ao alívio causado pela possibilidade de fluxo através da

fratura enquanto no segundo como só existe a barreira, ocorre rapidamente

um aumento de pressões.

9,00

9,20

9,40

9,60

9,80

10,00

10,20

0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000

Tempo (dias)

Pre

ssã

o (

MP

a)

Poço Injetor

Poço Produtor

Figura 5.25 Pressão de água nos poços de injeção e produção

Page 89: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

72

5.3 Análise dos Resultados

Comparando os resultados dos casos apresentados com o problema

unidimensional, a recuperação de óleo foi baixa, chegando no Caso 1 a

12,40% (Figura 5.26). Os parâmetros do reservatório foram praticamente

os mesmos alterando somente a geometria e a viscosidade do óleo.

A redução pode ser explicada tanto pela geometria bidimensional que

tende a um espalhamento do fluxo, mas principalmente por tratar-se de um

óleo com uma viscosidade cinqüenta vezes superior à viscosidade da água.

Nesse caso uma alternativa para aumentar a produção de óleo pode ser a

adoção de um método de recuperação avançada que reduza a viscosidade

do óleo facilitando seu deslocamento.

12,40% 12,23%

5,20%

10,58%

0,00%

2,00%

4,00%

6,00%

8,00%

10,00%

12,00%

14,00%

FR (%)

Caso 01 Caso 02 Caso 03 Caso 04

Fator de Recuperação

Figura 5.26 – Comparação dos Fatores de Recuperação dos Casos Teóricos

A heterogeneidade também aparece como fator importante na

recuperação de óleo tendo em vista os resultados apresentados na Tabela

5.1, onde a depender do tipo de material, seja uma barreira, um canal, os

resultados podem diferir significativamente.

Em nenhum dos casos apresentados, o tempo de simulação (10000

dias) foi suficiente para que a produção de água no poço produtor

excedesse o volume de óleo.

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73

Tabela 5.1 – Resumo dos Resultados dos Casos Teóricos

Casos “Breakthrough”

(dias)

Volume Produzido

NP (m3)

Fator de

Recuperação

Homogêneo 5267 172,85 12,40%

Canal 5095 170,46 12,23%

Barreira Não ocorreu 72,41 5,20%

Fratura 3172 147,50 10,58%

O Caso 3 foi o de maior demanda numérica devido à barreira que

impede o fluxo causando um aumento significativo das pressões o que

dificultava a convergência, fato este amenizado pela implementação da

condição operacional de pressão máxima no poço de injeção.

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74

CAPÍTULO VI

Simulação de um Análogo de Reservatórios

6.1 Introdução

Como aplicação do CODE_RIGHT para um caso prático, será

apresentada a simulação numérica de fluxo multifásico em condições

isotérmicas no Afloramento de Barreiras do Boqueirão (Formação Maceió),

considerado aqui como um análogo de reservatórios de hidrocarbonetos.

As análises realizadas correspondem a um estudo preliminar que

procurou incorporar o máximo de informações obtidas nos trabalhos de

caracterização dos afloramentos de turbiditos da Formação Maceió (LIMA

FILHO, 2002). A partir da caracterização faciológica do Afloramento de

Barreiras do Boqueirão, foram determinados a geometria e os diferentes

conjuntos de materiais que compõem o modelo numérico de fluxo de fluidos

(água e óleo) do análogo. Com relação aos dados petrofísicos como

porosidade e permeabilidade, não fornecidos no estudo de caracterização do

afloramento, e às propriedades dos fluidos utilizados na modelagem, foram

adotadas propriedades correspondentes às rochas e fluidos de reservatórios

brasileiros de mesma evolução diagenética da Formação Maceió.

Neste capítulo, serão simuladas duas situações para o análogo, a

primeira chamada de Caso Base e outra de Caso Utilizando Óleo Pesado,

objetivando avaliar a evolução das saturações, fluxos e pressões, assim

como o fator de recuperação para o período de injeção de água de 5 anos

de exploração.

6.2 Afloramentos de Alagoas: Barreiras do Boqueirão

A foto-montagem do Afloramento de Barreiras do Boqueirão, a partir

da qual definiu-se a geometria para os modelos numéricos utilizados nas

Page 92: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

75

análises é apresentada na Figura 6.1a. Na Figura 6.1b são apresentados a

geometria e os distintos materiais considerados na simulação de fluxo

multifásico no análogo. A Tabela 6.1 apresenta uma breve descrição das

fácies e a associação destas aos materiais, definidos a partir da

caracterização faciológica, considerados nas análises.

Figura 6.1 Afloramento de Barreiras de Boqueirão: (a) Foto-montagem; (b)

Geometria do modelo numérico para fluxo multifásico no Análogo

Os valores adotados nas simulações numéricas para os dados

petrofísicos bem como a permeabilidade e porosidade dos materiais e as

propriedades dos fluidos estão descritos nas Tabelas 6.2, 6.3 e 6.4

respectivamente.

As propriedades dos fluidos, apresentadas na Tabela 6.3 e nas

Figuras 6.2 e 6.3, consideram um reservatório a uma profundidade de

2040m. A permeabilidade vertical (Kv) corresponde a 40% da

permeabilidade horizontal (Kh).

As condições inicias e de contorno para as simulações dos casos base

e com óleo pesado no CODE_BRIGHT estão resumidas nas Tabelas 6.4 e 6.5

respectivamente. A temperatura admitida foi de 30oC e o fator volume de

formação do óleo considerado é de 1,42 para ambos os casos simulados.

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76

Tabela 6.1 Descrição das fácies relacionadas aos materiais considerados nas

análises

Fácies Descrição Materiais

Cf2 Arenito rico em feldspato muito grosso

a conglomerático Arenito Grosso

G Arenito médio a grosso Arenito Médio

C8 Arenito rico em feldspato muito grosso

a conglomerático Arenito Grosso

Argila Argila Argila

Tabela 6.2 Propriedades dos materiais

Materiais Porosidade

(%)

Kh

(mD)

Arenito Grosso 19,7 50,0

Arenito Médio 25,0 100,0

Argila 30,0 0,30

Tabela 6.3 Propriedades dos fluidos

Água Óleo

Densidade (Kg/m3) 1000,0 888,7

Compressibilidade (Kg/cm2)-1 5108,4 −⋅ 41026,3 −⋅

Viscosidade (cp) 0,5 0,5

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77

0,00

0,01

0,02

0,03

0,04

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1

Sw

Pc

=P

o-P

w (

MP

a)

Figura 6.2 Curva de Retenção

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

0 0,25 0,5 0,75 1

Sw

Kr

Água

Óleo

Figura 6.3 Curva de Permeabilidade

Relativa

Tabela 6.4 Condições Iniciais e de Contorno do Caso Base

Água Óleo

Pressões Iniciais (MPa) 30,00 30,15

Pressão Máxima no Poço Injetor (MPa) 60,00

Pressão de Fundo de Poço (Mpa) 22,00

Vazão máxima de injeção (Kg/s) 310308,1 −⋅

Vazão máxima de produção (Kg/s) 310627,1 −⋅

Tabela 6.5 Condições Iniciais e de Contorno do Caso com Óleo Pesado

Água Óleo

Pressões Iniciais (MPa) 30,00 30,30

Pressão Máxima no Poço Injetor (MPa) 60,00

Pressão de Fundo de Poço (Mpa) 22,00

Vazão máxima de injeção (Kg/s) 310447,1 −⋅

Vazão máxima de produção (Kg/s) 310447,1 −⋅

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78

6.3 Modelagem de Fluxo no Análogo:

As duas simulações realizadas para o afloramento de Barreiras do

Boqueirão utilizaram as mesmas propriedades para os materiais

modificando somente as condições de iniciais e de contorno (Tabelas 6.4 e

6.5) assim como a viscosidade do óleo. No caso base, a viscosidade de óleo

será igual a da água. No caso seguinte, a viscosidade adotada será

característica de um óleo pesado.

6.3.1 Caso Base

As fronteiras superior e inferior do modelo do análogo são

consideradas impermeáveis e não foi considerado o efeito da gravidade nos

fluxos de água e óleo. As inclinações com a horizontal das direções

principais de anisotropia do tensor de permeabilidade intrínseca estão

indicadas na Figura 6.4

Figura 6.4 Inclinação do tensor de permeabilidade intrínseca

Explorando uma das principais características do Método dos

Elementos Finitos, foi possível obter com o CODE_BRIGHT uma

discretização do domínio bastante fiel à geometria real do análogo (Figura

6.5), possibilitando a identificação detalhada dos diferentes regimes de

fluxo durante os 5 anos de explotação.

A malha de elementos finitos utilizada no caso base é bidimensional e

relativamente fina com 1907 elementos e 1046 nós. Na Figura 6.5 está

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79

ilustrada também a completação dos poços de injeção (de água) e produção

(de água e petróleo).

Figura 6.5 Malha de Elementos Finitos

A Figura 6.6 ilustra o deslocamento do petróleo no reservatório

provocado pela água injetada e apresenta a distribuição da saturação de

água no Caso Base obtida pelo CODE_BRIGHT para 105, 209 e 1825 dias (5

anos).

Figura 6.6 Evolução da saturação de água no Caso Base

Apesar da injeção de água ser realizada na camada superior de

arenito grosso, esta percola preferencialmente pela camada de arenito

médio, que é a mais permeável de todas. Na distribuição da saturação de

Page 97: ESTUDO DE CASOS UTILIZANDO O MÉTODO DOS ELEMENTOS … · estudo de casos utilizando o mÉtodo dos elementos finitos para simulaÇÃo de reservatÓrios de petrÓleo Érico almeida

80

água a 209 dias também pode-se verificar que a camada de argila funciona

como uma barreira para os fluidos devido a sua baixa permeabilidade.

Quando ocorre a chegada de água no produtor (“breakthrough”), é

possível notar na Figura 6.8 que a vazão de óleo cai rapidamente a medida

que a de água aumenta, fato que pode ser comprovado pela Figura 6.7

onde a produção de óleo tende a se estabilizar após o “breakthrough”

enquanto a produção de água aumenta.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Tempo (dias)

Pro

duçã

o a

cum

ula

da (

m³)

WP

NP

Figura 6.7 Volume acumulado no poço produtor

Apesar do “breakthrough” ocorrer a 300 dias e a produção de água

mostrar-se superior à de óleo (Figura 6.7 e 6.8), o fator de recuperação foi

de 65% explicado basicamente pela baixa viscosidade adotada para o óleo,

o que facilita o deslocamento pela água, como pode ser comprovado

analisando a Figura 6.6 em 5 anos onde a saturação média de água fica em

torno de 0,65.

Na Figura 6.9, próximo ao tempo de “breakthrough”, há uma queda

na pressão de água no poço injetor provocada pela maior facilidade do fluxo

uma vez que a água já chegou ao poço produtor.

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81

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

0,0016

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Tempo (dias)

Vazã

o (

Kg/s)

Água

Óleo

Figura 6.8 Vazões no poço produtor

21,90

22,00

22,10

22,20

22,30

22,40

22,50

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800Tempo (dias)

Pre

ssã

o (

MP

a)

Injetor

Produtor

Figura 6.9 Pressão de água nos poços

6.3.2 Caso Utilizando Óleo Pesado

Para este caso, além das alterações mencionadas na Tabela 6.5, foi

admitida uma viscosidade para o óleo de 500 cp, ou seja 1000 vezes

superior a do caso base. Com isso, espera-se uma menor recuperação de

óleo e um aumento das pressões atuantes no reservatório.

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Figura 6.10 Evolução da saturação de água no caso utilizando óleo pesado

A Figura 6.10 mostra que apesar da vazão de injeção de água ser

maior que a do caso base (Tabela 6.5), o avanço da saturação de água é

bem menor quando comparado aos obtidos na Figura 6.6, como era

esperado devido à alta viscosidade do óleo.

Analisando as Figuras 6.11 e 6.12 é possível verificar que o

“breakthrough” ocorre a 3 dias, provocando uma queda na vazão de óleo no

poço produtor (Figura 6.12) e conseqüentemente o volume acumulado de

óleo tende a estabilizar-se (Figura 6.11) enquanto o volume de água

aumenta a medida que a frente de saturação avança. Esse fato pode ser

explicado pela alta viscosidade do óleo em relação à água que por ser

menos viscosa, percola mais facilmente pelos poros não saturados de óleo

até o poço produtor.

Devido à dificuldade da água em deslocar o óleo, a pressão aumenta

significativamente no início da simulação, não atingindo no entanto o valor

máximo estabelecido (60 MPa). Isso se deve à maior facilidade do fluxo da

água dentro do reservatório, que chega ao produtor em 3 dias, provocando

uma estabilização das pressões (Figura 6.13).

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0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Tempo (dias)

Pro

duçã

o a

cum

ula

da (

m³)

WP

NP

Figura 6.11 Volume acumulado no poço produtor

0,0000

0,0002

0,0004

0,0006

0,0008

0,0010

0,0012

0,0014

0,0016

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800

Tempo (dias)

Vazã

o (

Kg

/s)

Água

Óleo

Figura 6.12 Vazões no poço produtor

Verifica-se que há uma redução de aproximadamente 46% (Figura

6.14) comparando-se o fator de recuperação do caso base com o obtido

para óleo pesado (com alta viscosidade) em condições isotérmicas.

Analisando conjuntamente os casos aqui apresentados, constata-se a

coerência dos resultados utilizando o CODE_BRIGHT para simulações

práticas da engenharia de reservatórios.

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15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800Tempo (dias)

Pre

ssã

o (

MP

a)

Injetor

Produtor

Figura 6.13 Pressão de água nos poços

65%

35%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Fato

r d

e R

ecu

pera

ção

Caso Base Caso com Óleo Pesado

Figura 6.14 Comparativo dos Fatores de Recuperação

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CAPÍTULO VII

Conclusões

7.1 Introdução

Neste capítulo serão discutidas as conclusões obtidas nos exemplos

de validação do código em elementos finitos CODE_BRIGHT, bem como os

resultados obtidos na simulação dos casos teóricos e do análogo. Serão

também sugeridas questões para futuras pesquisas.

7.2 Conclusões das Simulações Realizadas

O resultado da simulação em elementos finitos ficou bem próximo da

solução analítica proposta por BUCKLEY & LEVERETT (1942), principalmente

no trecho da frente de choque devido basicamente à curva de retenção

adotada.

O comparativo dos resultados do IMEX e do CODE_BRIGHT para o

caso unidimensional com a mesma malha, mostra que no primeiro, a

aproximação da saturação no termo da mobilidade sugere um avanço maior

que a realidade. Esse fato explica o menor tempo de chegada de água no

produtor obtido pelo IMEX. Nesses casos ocorreram dispersões numéricas,

no IMEX, e oscilações, no CODE_BRIGHT, quando a frente de saturação

atingia o poço produtor. A minimização pode ser obtida através do

refinamento da malha.

Os resultados obtidos nos casos bidimensionais indicam uma boa

resposta do código face às heterogeneidades encontradas em casos reais.

As simulações realizadas no Afloramento de Barreiras do Boqueirão,

considerado um análogo de reservatórios, mostraram a aplicabilidade do

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código em casos práticos, permitindo a reprodução bastante fiel da

geometria do problema bem como a consideração de parâmetros

operacionais reais.

A flexibilidade geométrica da malha em elementos finitos possibilita a

introdução de diversas heterogeneidades bem como a consideração de

diversas condições de contorno possíveis para o problema de simulação de

reservatórios.

A adoção de controles operacionais na pressão e vazão dos poços de

injeção e produção através das condições de contorno do problema, são

extremamente importantes na correta simulação de reservatórios.

Dificuldades numéricas foram encontrados quando este tipo de controle não

foi considerado.

O refinamento da malha próximo aos pontos onde condições de

pressão e vazão são prescritos é essencial para evitar distorções causadas

por erros numéricos.

Os modelos disponíveis no CODE_BRIGHT para a determinação das

propriedades tanto do reservatório quanto dos fluidos mostraram-se

satisfatórios tendo em vista a obtenção de resultados coerentes.

7.3 Sugestões para Futuras Pesquisas

Implementação de modelos de poços como o de PEACEMAN (1978)

no CODE_BRIGHT nas condições de contorno para poços, a fim de simular

melhor as condições operacionais na produção de hidrocarbonetos.

Estudos de casos tridimensionais reais para atestar a eficiência do

código face a casos práticos da engenharia de reservatórios.

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Estudos de métodos de recuperações avançadas visando um aumento

da produção utilizando outras implementações do CODE_BRIGHT como os

métodos térmicos e químicos.

Estudo do problema de subsidência (deformação por extração de

fluidos) utilizando o módulo mecânico do CODE_BRIGHT resolvendo o

problema acoplado HM (Hidro-mecânico).

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