espiral do tempo 30
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A revista de quase todos os relógiosTRANSCRIPT
03Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Editorial ]Director• Hubert de Haro • [email protected]
Editor • Paulo Costa Dias • [email protected]
Editor técnico • Miguel Seabra • [email protected]
Design gráfico • Paulo Pires • [email protected]
Jornalista • Cesarina Sousa • [email protected]
Fotografia • Kenton Thatcher • Nuno Correia
Colaboraram nesta edição• Fernando Campos Ferreira• Fernando Correia de Oliveira• Isabel Stilwell• Miguel Esteves Cardoso• Rui Cardoso Martins
Traduções • Maria Vieira • [email protected]
Contabilidade • Elsa Filipe • [email protected]
Coordenação de publicidade e assinaturas • Patrícia Simas • [email protected]
Revisão • Letrário - Serviços de Consultoria e Revisão de Textos [email protected] • www.letrario.com
ParceirosAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo • Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro • Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar • Clube VII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • Golfe Aroeira • Golfe Montebelo • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Ponte de Lima • Golfe Quinta da Barca • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortaleza do Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotel Melia – Gaia • Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto • Hotel Palácio Estoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon Sports Club • Morgado do Reguengo Golfe • Museu do Relógio de Serpa • Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Pestana Hotels & Resorts • Portugália Airlines • Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP Portugal • Tróia Golf • Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort • Vila Monte Resort • Vintage House • Westin Campo Real
Ficha técnicaCorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa • Fax: 21 811 08 [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a protecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcialmente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 – 1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colabo radores.
• Digitalização: ZL - Zonelab • Distribuição: VASP • Impressão: Soctip Periodicidade: trimestral• Tiragem: 52.000 exemplares • Registo pessoa colectiva: 502964332• Registo no ICS: 123890• Depósito legal Nº 167784/01• Venda exclusiva na Livraria Bertrand
Fundador: Pedro Torres
No excelente site relojoeiro www.horlogerie-suisse.com, o nosso colega Jean-Philippe Arm, editor da revista
Watch Around, intitula a sua última crónica “a bomba com retardador do Serviço Após Venda (S.A.V.)”. O tema
começa a ser recorrente nas várias revistas e sites da especialidades (ver a análise de Christophe Roulet no site
www.hautehorlogerie.org: Le SAV, la prochaine migraine horlogère), sinal de uma crescente preocupação da
indústria relojoeira suíça. O que justifica essas preocupações e qual é a situação em Portugal?
Dois factores, um histórico e o outro económico, convergem na origem do “caso SAV”.
Historicamente, o aparecimento do quartzo nos anos 70 (ver o artigo de Fernando Correia de Oliveira nesta
edição “Os tempos estavam mesmo a mudar”) arrasou a quase totalidade da indústria mecânica suíça. Numa
década, perto de 80% dos 400.000 empregados do sector ficaram sem emprego. Como consequência, as
escolas relojoeiras perderam o seu charme perante os mais jovens, e deixaram de atrair novas vocações.
Hoje, três décadas depois, constatamos que os relojoeiros nas grandes manufacturas têm uma idade perto da
reforma (formaram-se antes da ‘era do quartzo’) ou menos de quarenta anos (formaram-se a partir dos anos 90).
É toda uma geração, que teria hoje entre quarenta e sessenta anos, que desertou do sector.
O segundo factor de ordem económica prende-se com uma euforia de vendas nunca vista na história da relo-
joaria Suíça: os crescimentos, ano após ano, das exportações de relógios suíços ultrapassam os dois dígitos.
A única excepção neste “céu azul” serão os modelos mais económicos, a sofrerem com a forte concorrência
das marcas de moda italianas e dos produtores americanos.
Hoje, as nomes mais sonantes da relojoaria de qualidade suíça ampliaram as suas fábricas e contrataram
centenas de novos empregados. A título de exemplo, a Grande Maison Jaeger-LeCoultre, que se prepara para
celebrar os seus 175 anos este ano, recrutou 157 novos funcionarios, só no ano de 2007. Consequentemente,
a já escassa quantidade de relojoeiros para o S.A.V. tem tendência a “migrar” para a produção. “O S.A.V. é
o cancro de todas as marcas” explica François-Paul Journe no artigo de Jean-Philippe Arm. E o inconformado
mestre relojoeiro explica: “os estudos apontam para que 10% da produção anual volte, durante o ano, para o
serviço. Imaginamos uma marca que vendeu 2 milhões de relógios em 20 anos; significa que fabrica 100.000
relógios por ano e receberá para o S.A.V. 200.000 relógios! Isto é, vai trabalhar duas vezes mais para a assis-
tência do que para a produção!”
Algumas marcas souberam antecipar esse previsível tsunami. É o caso da Rolex que apoia e desenvolve, em
quase todos os países do mundo, um serviço de qualidade investindo em infraestruturas, equipamentos e
relojoeiros. Mais: a marca suíça financia, também, escolas relojoeiras como foi o caso, no início do ano 2000,
da Lititz Watch Technicum School, na Pensilvânia.
Em Portugal, no início de 2009, a Rolex terá o seu próprio centro de reparação, liderado pelo relojoeiro Vítor
César. Este atelier vai concentrar as suas actividades nas garantias e na gestão de furnituras para os outros
relojoeiros que consertam os relógios da marca em Portugal.
Por fim, ainda em Portugal, o Grupo TORRES optou por renovar a sua assistência técnica, ao adquirir um prédio
inteiro, no 41 da Avenida Almirante Reis, em Lisboa. Esta nova oficina, aberta ao público, passou a ser chefiada
pelo relojoeiro Pedro Ribeiro, antigo professor da Casa Pia em Lisboa e da Escola Relojoeira do Locle, na Suíça
(ver o artigo de Miguel Seabra, nesta edição, intitulado “Clínica do Tempo”).
Boa leitura e os nossos agradecimentos pela vossa fidelidade.c
“As marcas vão trabalhar duas vezes mais para a assistência que para a produção”François-Paul Journe
Onde fomos Edição 30 | Outono 2008
Numa altura em que os tons dourados vão começando a anunciar a chegada do Outono, esta edição brilha com presenças de destaque. Na capa, Joaquim de
Almeida, uma das estrelas presentes na Mostra de Veneza, revela-nos o seu interesse pelo mundo dos relógios e um pouco de si mesmo. Em tempo de surpresas
e de mudanças, fomos até à Áustria entrevistar Patrick Schwartz, rosto da parceria entre a Porsche Design e a Eterna. Por outro lado, tivemos ainda a oportunidade
de fazer uma viagem fantástica ao estúdio onde as artes mágicas da Porsche Design acontecem. A propósito de artes, e de regresso a Lisboa, apresentamos Pedro
Ribeiro, um mestre na arte da relojoaria e o novo rosto da SAV do Grupo Torres. E como as novidades não ficam por aqui, a inauguração da nova relojoaria Torres
Joalheiros no CascaiShopping foi uma das muitas razões que nos levaram a conversar com Rita Torres e conhecer o percurso que a levou até ao mundo
da alta-relojoaria. Finalmente, um convite à descontracção: atrevemo-nos a Saborear o Tempo no Real Villa Spa e no restaurante japonês Aya em Carnaxide.
Lisboa
ReportagemClínica do Tempo
58
Sintra
Entrevista de capaJoaquim de Almeida
14
Cascais
PerfilTorres Joalheiros
88
Cascais
Saborear o TempoReal Spa Marine
96Carnaxide
Saborear o TempoAya
94
Sumário
Grande Plano 8
Grande Entrevista - Franck Muller 12
Crónica Miguel Esteves Cardoso 18
Crónica Rui Cardoso Martins 20
Crónica Fernando Correia de Oliveira 22
Correio do leitor 24
Reportagens
Inovação - Chronometre à Resonance 28
Breves 30
Entrevista - Patrick Schwartz 46
História - Maio de 68 52
Reportagem - Clínica do Tempo 58
Reportagem - Porsche Design Studio 62
Técnica
GMT
RolexGMT Master II 68
Audemars PiguetRoyal Oak Duatime 70
ChopardMille Miglia XL GMT 72
Franck Muller Master Banker Lune 74
Graham Grand Silverstone Luffield 76
Jaeger-LeCoultre Reverso Squadra Hometime 78
Laboratório TAG Heuer - Grand Carrera GMT 84
Raymond Weil Nabucco GMT 80
Fortis B-42 Diver GMT 82
Perfil Torres Joalheiros 88
Saborear o Tempo
Restaurante Aya 94
Real Spa Marine 96
Moda - Feitiço do Tempo 100
Acontecimentos 106
Internet 112
Assinaturas 113
Crónica Fernando Campos Ferreira 114
Prazeres
07Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Grenchen
EntrevistaPatrick Schwartz
46
Zell am Zee
ReportagemStudio Porshe Design
62
09Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Franck MullerO brilho de uma noite única
Para celebrar o seu 50.º aniversário e presidir à
apre sentação da Edição Limitada Pride of Portu-
gal, Franck Muller deslocou-se propositadamente
a Lisboa, por alguns dias. Numa soirèe na Torre de
Belém, foram vários os pormenores que tornaram
este momento inesquecível e cheio de glamour.
Depois da apresentação da magnífica edição limi-
tada de tributo a Portugal feita pela Casa Franck
Muller, os convidados maravilharam-se com um
concerto exclusivo dos Sal. Antes, uma espectacu-
lar iluminação da Torre de Belém, com os célebres
números característicos da marca, surpreendeu to-
dos os que se encontravam dentro e fora do monu-
mento. Terminado muito depois do previsto, este
momento ficará certamente na memória de todos
os privilegiados que a ele assistiram.
11Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Audemars PiguetJules Audemars Equação do Tempo
Para a mítica casa relojoeira Audemars Piguet,
uma dificuldade não é motivo para andar para
trás, mas antes uma oportunidade de surpreender
o futuro através de grandes e fascinantes criações.
A prova é este Equação do Tempo da colecção
Jules Audemars que nos leva a encarar os dias e
as noites com outros olhos. No branco ou negro do
mostrador o tempo vive de diversas e delicadas
formas. Vale a pena parar por instantes e descobrir
nas horas, nos minutos, no calendário perpétuo,
na indicação das fases da lua e da hora solar todos
os pormenores que fazem desta peça uma obra
digna de admiração. O Equação do Tempo é uma
viagem a alguns dos mais delicados segredos da
alta-relojoaria.
[ Entrevista ]
Isabel Stilwell: Durante a mostra de Veneza, utilizou
um relógio Jaeger-LeCoultre, marca patrocinadora do
evento. Feliz acaso ou contrato?
Joaquim de Almeida: Herdei do meu pai o gosto pelos relógios de qualidade. Como grande colec-cionador, tinha um Jaeger-LeCoultre. Quando a marca entrou em contacto com o meu agente para usar um relógio durante o festival, aceitei.
IS: De noctívago confesso passou a madrugador. O que
alterou o seu ritmo biológico?
JdA: A idade (risos). Quer saber a sério? O facto de ser obrigado a trabalhar constantemente em latitudes diferentes, e de ter tanto que fazer que não posso perder tempo a dormir. Ainda agora, cheguei da África do Sul, onde começávamos a filmar às 4h30 da manhã, porque precisávamos de aproveitar todas as horas de luz. Mas hoje em dia gosto mesmo das manhãs. Só consigo decorar guiões de manhã, e agora até já odeio filmagens à noite. Eu bem digo que é da idade...
IS: Levantava-se de madrugada para filmar...
JdA: … para filmar uma série de televisão sobre o Robinson Crusoe. Faço o papel de um almirante da Armada espanhola que começa por ser inimi-go de Crusoe, mas depois se liga a ele, e se decide a salvá-lo. Mas entretanto tem uma trombose, não pode voltar à ilha, e está desesperado...
IS: O que quer dizer que podemos esperar pela conti-
nuação?
JdA: Julgo que sim. É possível que volte em De-zem bro para filmar mais nove episódios.
IS: Como é que as propostas de trabalho surgem?
JdA: O trabalho chega por convites directos: um realizador que me escolhe para um papel e me contacta nesse sentido, ou graças ao trabalho da minha manager e dos meus agentes. Tenho agentes nos EUA, em Itália e em Espanha. A minha manager está comigo há 24 anos, fui o seu primeiro cliente...
IS: Setenta filmes depois, continuam juntos. Como é
que se deu esse encontro de almas?
JdA: Encontrou-me no portefólio de uma agên-cia. Veio ter comigo e disse-me que me achava o Jean-Paul Belmondo da Era Moderna (risos) e que se ia iniciar neste ramo, se eu queria ser o seu primeiro cliente. Aceitei e, pouco depois, estava a fazer ‘Desperado’, seguiu-se ‘Perigo Iminente’, e ‘Only You’ veio logo a seguir...
IS: Aí percebeu que se tinha de mudar para os EUA?
JdA: Nessa altura, o meu filho Lourenço era pe-quenino e tentei manter a minha residência prin-cipal na Europa; mas depois percebi que não podia mesmo ser. Quando um realizador escolhe alguém para um papel, quer falar com ele, al-moçar, perceber que tipo de personalidade tem, antes de fazer o convite. Se a pessoa estiver do outro lado do mundo, pode ser fantástica, mas ele passa ao próximo candidato... Hoje vivo em Santa Mónica, em Los Angeles.
Joaquim de Almeida conhecido ‘ao vivo’ não tem nada do macho-latino que tantas vezes
representa no cinema. Os caracóis pretos e o ar de galã ninguém lhe tira, nem sequer o tempo que passa, mas
frente-a-frente é caloroso, divertido e irrequieto. Na sua casa em Sintra, garante que apesar do passaporte
norte-americano, o seu país continua a ser Portugal. De relógio novo no pulso, deixa bem claro que odeia que
o façam esperar...
13Entrevista Joaquim de Almeida
entrevista Isabel Stilwell | fotos Kenton Thatcher
IS: O mundo do cinema mudou? As séries, pelo menos
em Portugal, parecem conquistar cada vez mais fãs. Nos
EUA, sente-se o mesmo? Afinal acaba de filmar uma...
JdA: Há dois fenómenos. Por um lado, a televi-são paga melhor do que o cinema, e, por isso, os grandes argumentistas estão a escrever séries. Esse facto torna os papéis em televisão mais atra-en tes, o que por sua vez explica porque é que ac-tores conhecidos os fazem. Por outro lado, a tec-nologia tornou os próprios televisores cada vez mais sofisticados, a que se somam coisas fabulo-sas como o Dolby Surround, sendo possível ver em casa um filme com toda a garantia de quali-dade. Mas lá, como cá, há verdadeiros viciados em séries, gente que grava ou compra em DVD e vê seis horas seguidas ao fim-de-semana.
IS: Os actores também recebem mais?
JdA: Pagam melhor, mas é um trabalho exigente. Caso se desempenhe um papel relevante, é pre-ciso um compromisso total durante muito tempo, e todos os dias há novo material para aprender... Mas os actores são empurrados para ali também, porque no mundo de Hollywood se criou um sistema de super-estrelas, que ganham quantias astronómicas, mas à custa da desvalorização dos papéis secundários. Aliás, já vi usar a mesma tác-tica em Portugal, quando dizem a alguém que en-tra num filme comigo: «Como temos o Joaquim de Almeida neste filme, temos que te pagar me-nos...». Mas eu continuo a preferir o cinema.
Felizmente há sotaque
IS: Sente pessoalmente essa crise?
JdA: Não tenho muita concorrência, felizmente. Não há muitos actores que falem inglês correcta-mente, mas com sotaque (o ‘acento’ é fundamen-tal), já tenham muita experiência e ainda por cima dominem também várias outras línguas.
IS: Envelhecer no cinema não deve ser tão mau como
nas outras profissões – há sempre papéis para os mais
velhos...
JdA: Para um homem, não é dramático, e muitos dos grandes do cinema voltam de forma recor-rente. O Gene Hackman, com que trabalhei, por exemplo, e o Anthony Hopkins, que está sempre a dizer que se reforma, mas que depois se deve chatear de morte de ficar em casa. As mulheres sofrem muito mais, mas, quando superam a “per-da da juventude”, fazem-no muito bem. Olhe agora para Meryl Streep (em Mamma Mia), e
para a Glenn Close – estão de novo a trabalhar imenso e a fazer um trabalho de qualidade.
IS: Tem medo de um dia se “chatear de morte”, se tiver
que ficar em casa?
JdA: Fico nervoso quando não vejo um aeropor-to durante muito tempo... Apesar de os odiar, representam trabalho, trabalho novo.
IS: Não o irrita acabar por desempenhar sempre papéis
muito estereotipados...
JdA: Completamente. Sou eternamente o mau da fita nos filmes americanos. A crítica, quando estive na série 24 horas, dizia o «always reliable Joaquim de Almeida», ou seja aquele com que se pode sempre contar. É isso que os realizadores pensam quando procuram alguém para o papel de latino mau: para quê arriscar testá-lo noutro tipo de papel, se ele faz este tão bem? Houve uma altura em que recusei alguns papéis, mas depressa percebi que não fazia sentido arriscar, até porque tenho a compensação do cinema europeu, onde represento todo o tipo de personagens, sem con-dicionalismos.
IS: O seu mais recente papel em ‘The Burning Plain’,
short-listed para o Festival de Veneza, é de amante de
Kim Basinger...
JdA: É verdade! Foi um dos concorrentes ao Leão de Ouro em Veneza, onde estive até há dias.
IS: Cenas tórridas, diz a crítica. De preferência, com Kim
Basinger ou Soraia Chaves?
JdA: (risos) A Kim Basinger é uma mulher ma-dura, e o meu papel era de amante da senhora... A Soraia Chaves é muito nova, e além disso no filme com ela, fazia o papel de um homossexual (risos).
Nacionalidade americana
IS: O coração palpita quando ouve o hino americano?
JdA: Nem por isso, continuo a sentir-me portu-guês; sempre fiz um esforço para não deixar de falar bom português. É em Portugal que estão os meus dois filhos. Na altura, vi escrito que eu tinha traído a Pátria, o maior disparate que já ouvi. Todos os portugueses que estão nos EUA se naturalizam ao fim de cinco anos, não tem nada a ver com patriotismo ou falta dele.
IS: Até porque não perde a nacionalidade portuguesa...
JdA: Claro que não, tenho os dois passaportes.
Naturalizei-me americano há uns anos e já o de-veria ter feito há muitos mais. Podia tê-lo feito a partir de 1982, e assim os meus filhos seriam já americanos também, em lugar de se verem obri-gados a entrar e sair com uma carta verde.
IS: E não o fez, porquê?
JdA: Por preguiça. Mesmo quando me natura-lizei foi só porque na fronteira me estavam sem-pre a dizer que tinha de ir renovar a carta verde porque a fotografia já estava desactualizada. Não mudei, até me terem explicado que, se não o fi- zesse, não entrava, porque a indicação já esta va no computador. Quando ia tratar disso da re novação, pensei: «que estupidez, porque não naturalizar-me americano e resolver esta questão de uma vez por todas?». Tinha, além disso, duas razões fortes: sou furiosamente anti-Bush e queria votar (votei e tornarei a votar no Obama) e, além disso, é ali que vou receber a minha reforma, que tem logo um desconto de 15 por cento, se não for nacional. Agora quando chego dizem «welcome home», é agradável. Lá fui eu com mais três mil pessoas jurar a bandeira...
IS: É assim em grupo?
JdA: Uma cerimónia solene. Por acaso, pescaram-me logo nas bichas da repartição, porque me con-sideraram um public person, pessoas que têm um estatuto especial e podem fugir das confusões. Jurei a bandeira entre os VIP e os militares, e lá à frente mais três mil pessoas...
IS: Os americanos parecem aceitar melhor essas dife-
renças de estatuto. Acho que em Portugal se punham
logo a refilar que lá por ser conhecido não podia passar
à frente na fila...
JdA: Pois é, mas eles são muito mais claros nisso. Pode ligar-se para um número, mandar os dados e receber o estatuto de public person, se acharem que reúne as condições. Mas o que está inerente a isso é uma questão de segurança. Não vão deixar uma estrela de cinema conhecida no meio de uma multidão, porque acaba esmagada pelas pessoas que lhe querem falar e gera um distúrbio público, e nos EUA há uma obsessão com a segurança.
«Somos pagos para esperar»
IS: Qual é a situação em que sente que o tempo mais
lhe custa a passar?
JdA: Nesta profissão, somos pagos para esperar. As roulottes nos locais onde se está a filmar não
14 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
são um capricho, mas uma necessidade. Espera-se imenso tempo entre cenas, e as filmagens podem durar doze horas seguidas. É preciso ter para onde ir nos intervalos. Em Portugal, acham que é um capricho, mas eu não me ralo – sempre que aqui filmo exijo uma roulotte. Mas fora esta situação específica, onde mais odeio esperar é nos aeroportos.
IS: Por ter que passar por todos aqueles sistemas de
segurança e controlo?
JdA: Acho que a culpa foi do Bush, com a ob-sessão pela insegurança. Tornou uma coisa que todos achávamos emocionante e agradável – apanhar um avião, viajar – num pesadelo. Espe-ram-se horas, as companhias arranjam desculpas para atrasar os voos porque não têm passageiros suficientes e querem juntar dois num só... Aliás, as companhias de aviação não têm, regra geral, respeito nenhum pelos clientes.
IS: E o que é que passa mais depressa?
JdA: A vida em geral. Quando éramos crianças, passava tão devagar – a minha filha perguntava todos os dias quando é que fazia anos, e agora, que acabou de os fazer, pergunta quando é que é o Natal. Mas para mim, os verões passam ainda mais depressa, sobretudo porque é quando estou a trabalhar e a viajar de um lado para o outro. Os invernos na Califórnia são mais lentos...
IS: A Marilyn Monroe dizia que queria ser pontual, mas
não era capaz porque todas as coisas que a impediam
de chegar a horas eram absolutamente irresistíveis! A
pontualidade americana é como a britânica – a tradição
ainda é o que era?
JdA: Por acaso, os americanos não são assim tão pontuais, mas eu sou! O Joaquim de Almeida é extremamente pontual, e considera uma prova de má educação fazer alguém esperar. Provocam- -me uma certa irritação aquelas pessoas que, por sistema, não respeitam as horas. Detesto estar à espera. E não é só de aviões...
“Herdei do meu pai o gosto pelos relógiosde qualidade. Como grande coleccionador, tinha um Jaeger-LeCoultre.
Quando a marca entrou em contacto com o meu agente para usar um
relógio durante o festival, aceitei”
Joaquim de Almeida
IS: Ainda é do tempo em que um relógio era o presente
de passagem da quarta classe?
JdA: Completamente. Eu e o meu irmão João fizemos a quarta classe no mesmo ano e recebe-mos os dois um relógio. O meu pai deu-me um Tissot prateado, um dos primeiros que tinha bra-celete em metal – aliás, tenho-o ali em cima da mesa neste momento para o levar ao relojoeiro porque está sem pilha. O do meu irmão era dou- rado. Deve ter sido um presente que o meu pai gostou de dar, porque adora relógios e tem uma colecção enorme.
IS: Onde é que fez a quarta classe?
JdA: Na Escola Alemã. Mais tarde acabei por sair, chumbei a alemão, e eles felizes, de certeza, porque sempre me chamaram de «aquele rapaz irrequieto».
IS: Tenho que fazer a pergunta. O que é que acha do
cinema português?
JdA: Já somos um país pequeno e sem dinheiro para o cinema; e depois nem os portugueses vêem os próprios filmes. Para mim, há duas correntes. A mais intelectual, em que o Manuel Oliveira é o expoente mais alto, que tem obviamente o seu lugar, mas nunca terá muito público porque não conta uma história, e para mim os filmes têm de contar histórias. As pessoas vão vê-los para se identificarem. Depois, há o cinema de inspiração mais popular, mas que também não tem conse- guido atingir os seus objectivos. No meu caso,
por exemplo, sou muito mais conhecido em Es-panha do que em Portugal.
IS: Os espanhóis consomem o que é espanhol?
JdA: É verdade que são 50 milhões de habitantes, o que faz logo toda a diferença, mas, como diz, os espanhóis são grandes consumidores dos fil- mes espanhóis. Muitos dos seus filmes, e não es tou só a falar do Almódovar, conseguem saltar a fron teira, e os bons realizadores espanhóis tra-balham em Hollywood, como, aliás, acontece com os melho res brasileiros. São convidados a fa-zer filmes.
O Joaquim é o nosso único actor ‘internacional’. Onde
está o segredo – no talento, na sorte?
Numa juventude rebelde que queria a todo o custo fazer cinema num país onde não se fazia cinema, e que por isso arriscou sair de Portugal e tentar concretizar os seus projectos noutros sítios. Não foi fácil, tive que trabalhar como empregado de bar, em restaurantes, tudo para poder frequen-tar um curso de teatro em Nova Iorque que durou quatro anos. É preciso ir tentando fazer caminho, sem desistir. Leio muitos jovens a dizerem que saíram durante três meses, que fizeram um curso, mas que, como não deu, voltaram para Portugal, porque aqui pelo menos fazem dinheiro com as telenovelas. Agora há esse atractivo nacional, mas quem quiser mesmo fazer bom cinema tem que aguentar, ter muita paciência e não voltar a correr para a terrinha...
16 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Veneza nos olhos, Jaeger-LeCoultre no pulso.
Joaquim de Almeida estava fascinado com o glamour
do 65.º Festival de Veneza, e não é propriamente um
menino facilmente deslumbrável. Mas para além da
beleza do local, as festas e cerimónias sucediam-se,
com a presença dos nomes (para além do dele!) que
mais corações fazem palpitar. Durante a semana da
Mostra, o outro grande herói, que Joaquim de Almei-
da teve no pulso, foi o novo Master Géographic da
Jaeger-LeCoutre: «tive um contacto excelente com
o Jérôme Lambert, CEO da marca. É uma pessoa
acessí vel e ex tre mamente dinâmica. Toda a equipa
da Jaeger mos trou muita simpatia». A marca é par-
ceira da Mos tra italiana há quatro anos.
“O meu segredo estánuma juventude rebelde que queria a
todo o custo fazer cinema num país
onde não se fazia cinema e que por
isso arriscou sair de Portugal”
Joaquim de Almeida
Como nunca tive avós, vai ser um prazer inteiramente novo. Não tenho preconceitos
nem modelos nem contas para ajustar ou
dí vidas para pagar. Vou ter de me inven tar
como avô dos pés à cabeça. Isso é mui to
bom. Vou ser um avô livre; um avô intei-
ramente dedicado ao neto; que não está
sem pre a aborrecê-lo com blablablás acerca
dos avôs dele e da vez que foram ao Rossio
ver a primeira locomotiva a vapor e come-
ram um caldo de camarão e uma tigela de
aletria estragada.
Saltar uma geração é sempre uma boa
ideia, mas saltar duas ainda vai ser melhor.
Em geral, dou-me mal com as pessoas no-
vas, mas, com uma diferença de idades de
53 anos, os nossos universos vão ser total-
mente idênticos.
As coisas que preocuparão o António –
pois é assim que o meu neto se vai chamar
– são precisamente as que hoje mais me
preo cupam a mim: comer, dormir e estar o
mais tempo possível perto da mulher amada.
O resto é supérfluo. É isso que as pessoas
com idades intermédias – entre os dois e os
52 – já ou ainda não compreendem.
Não vou cair na asneira – para a qual to-
dos me empurram, com os seus incessantes
conselhos de cácárácá – de basear o meu
de sem penho avoengo na minha experiência
como pai. Quem não conhece a débil lenga-
lenga do avô ser um pai com açúcar; um pai
sem responsabilidades; um pai só para os
prazeres; um pai sem “stress”? Porque nos
esfregam sempre com esses ásperos con-
ceitos na cara?
Não. Tenho para mim que ser filho e ser
pai – sim, há uma certa relação. Embora muito
mais pequena do que se julgue. Ser-se filho
não nos prepara para ser pai simplesmente
porque nós não fomos educados para sermos
pais – fomos educados para sermos filhos.
Essas coisas já não me interessam nada.
Agora só me interessa ser o avô perfeito.
E sei exactamente como fazer. Não vou ler
livros sobre como ser avô; nem ouvir o que
dizem os avôs em exercício e muito menos
aturar as fantasias de actuais netos acerca
do avô que nunca tiveram, sempre parecido
com o carpinteiro que construiu o Pinóquio,
em mais rico e alcoólico.
O meu plano é revolucionário. Vou espe rar
que nasça o puto e só a partir desse momen-
to, da pessoa que ele for mostrando ser, é
que eu vou começar a modelar-me – não
como avô em geral, mas como avô dele. Vou
ser um avô à medida dele; o avô do António;
daquele António apenas; mudando quando
ele muda; adaptando-me às variações das
necessidades; acompanhando o rapaz como
um escudeiro. Ou, mais concretamente, como
um mordomo. Nomeadamente, o mordomo
do Batman, o Alfred.
18 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Crónica ]
Já fui muitas coisas nesta vida – algumas delas más e algumas repetidas –, mas
em Fevereiro, se Deus quiser, vou ser finalmente uma coisa que nunca fui
e que sempre quis ser: avô. Depois só me faltará a coisa que não
me faz falta nenhuma e pela qual estou disposto a esperar
uma eternidade – morrer.
Não vou dar conselhos – vou fornecer in-
for mações a pedido. Não vou sugerir ideolo-
gias ou morais – vou apenas ajudar a erguer
(e defender dos mais velhos) as ideologias e
as morais dele, por muito infantis, irres pon-
sáveis e até eticamente dúbias que sejam.
Tudo depende dele, claro. Ele pode não
que rer um avô assim. Nesse caso, não serei
um avô assim. Pode ser que lhe apeteça um
avô clássico, um pouco xexé, daqueles que
não dizem nada, mas têm sempre um sorriso
calmante nos lábios. Também se arranja.
Tam bém serei.
A verdade é que um miúdo nem sempre
é coerente no tipo de avô que quer. Ainda
bem! Porquê forçá-lo a carregar com essa
chatice adulta, de valor tão discutível mesmo
na melhor das idades?
De manhã, o meu neto poderá requerer
um cúmplice poderoso. De noite, pode ser
19Espiral do Tempo 30 Crónica
“Vou ser um avô à medida dele; o avô do António; daquele António apenas; mudando quando ele muda; adaptando-me às variações
das necessidades: acompanhando o rapaz como um escudeiro.
Ou, mais concretamente, como um mordomo. Nomeadamente,
o mordomo do Batman, o Alfred”
um bom funcionário. Ou um palhaço. Ou
um super-herói. Ou um aparelho para ler
livros. Ou uma máquina de fazer barulhos en-
graçados.
Serei sempre aquilo que ele quiser
naquela altura. Quando se fartar dessa
personificação, não tentarei prolongá-la. Por
exemplo, se eu estiver na função de contador
de histórias e ele fartar-se mesmo antes de
vir a parte boa, eu não pedirei para continuar
só mais um bocadinho. Saltarei logo para o
papel seguinte.
E que prazer hei-de ter de ser assim!
Aliás, é por isso que isto fica aqui tudo
escrito, para ele um dia ler e poder atirar-me
à cara, citando-me as passagens que mais
lhe interessarem, para melhor servir os seus
nobres ou pândegos propósitos.
António, meu querido neto, rapaz da
minha alma: despacha-te! Ou vem com cal-
ma! Desculpa; esqueci-me. É contigo!
E é assim, sem tirar nem pôr, que eu quero e
hei-de sempre estar também: contigo.
M.E.C.
As cidades desertas favorecem as epifanias. Uma pessoa que esteve em Fatehpur Sikri, na Índia,
disse-me que teve uma impressão tão grande que ainda
não a pode dizer, «a não ser que foi muito importante e
que mudou a minha vida». As revelações deste género,
poderosas, estão, por vezes, ligadas a pormenores
ligeiros, para não dizer insignificâncias, e, neste caso,
a pessoa recorda que «a posição em que estava era a
balançar a perna e a olhar a praça da cidade, mas não
gosto de falar nestas coisas».
Fatehpur Sikri é um bom exemplo de morte de uma
cidade, e de como o tempo é implacável quando se alia
a outros problemas. Foi, de raiz, o centro administrativo
do imperador Akbar que, no final do século XVI, mandou
construir magníficos palácios em grés vermelho: uma
espécie de argila muito bonita, de grão fino, plástico.
Cozido, fica impermeável e duro, como a porcelana, e é
isso que os edifícios da cidade parecem nas fotografias,
uma sucessão de cerâmicas e filigranas vermelhas
e gigantes. Em 1585, isto é, apenas 14 anos depois
da fundação, a cidade foi abandonada, esvaziada de
habitantes e é fácil explicar: falta de água. Catorze anos
sem água.
Voltaram todos para Agra, onde havia nascentes.
Fatehpur Sikri, cidade do estado de Uttar Pradesh,
património da humanidade, expoente do estilo indo-
-islâmico, morreu quando entrava na adolescência. Mas
ficou o esqueleto e continua de pé, perfeita, de serta,
junto dum lago meio vazio, com as piscinas secas, reve-
lando caminhos novos aos corações desam parados que
a visitam.
Lembrei-me disto ao ver os exemplos contrários:
as metrópoles devastadas pelas cheias e pelos fura-
cões. Quando observo imagens de Nova Orleães, ou de
Camaguey, em Cuba, terras onde bebi, no devido tempo
da sede juvenil, um bourbon e um mojito (ou vários),
e que vejo, agora, pela TV, encerradas para receber o
próximo furacão, de força cada vez maior. Com sorte,
o vértice assassino de ventos passa ao lado, ou perde
força. Em Nova Orleães, não chegou a ser o segundo
Katrina, mas também pode rebentar fundações,
depósitos, paredes, e mandar as vidas das pessoas pelo
rio abaixo. E o mesmo no Haiti, na República Dominicana
ou, do outro lado do mundo, vejo agora nos jornais, na
Índia, pátria de Fatehpur Sikri, a cidade seca. Parece
que uma barragem no Nepal cedeu e o rio Saptakoshi
juntou-se ao Kosi, para invadir a Índia, e estas são as
piores cheias do último meio século, com centenas de
vítimas e milhões de deslocados.
Como é possível aguentar isto quase ano sim, ano
não? Ouvi entrevistados de Nova Orleães dizerem que era
a última vez que aturavam aquilo, e que se iam embora.
Se não há outro remédio, claro que se aguenta, mas a
história vai mostrando, nos seus registos subterrâneos,
cidades que desistiram.
Conheço, no sopé de Marvão, a cidade romana
da Ammaia, que a tradição indica como precursora de
Portalegre. Foi uma cidade bela e importante, com 20
hectares de área habitada, grandes pórticos de entrada,
anfiteatros, banhos públicos forrados de mármore,
casas decoradas de mosaicos, agricultura, comércio,
artes, en fim, uma cidade romana. Talvez servisse de
nú cleo de repouso estival aos nobres de Mérida, nas
mar gens frescas do rio Sever, afluente do Tejo. Era,
se guramente, uma cidade que prestava homenagem
ao Imperador Cláudio, no século I, como comprovam
inscrições. Resta um bom espólio (moedas, cerâmica
etc.), no museu local. Mas nada que se compare ao
que existiu até ao século XVI, quando foi esventrada e
as suas lajes foram material de construção para obras
em Castelo de Vide, Marvão e Portalegre. No século
XIX, sabe-se da venda para Inglaterra das últimas vinte
estátuas de mármore. Só se salvou uma, um torso, que
está em casa do poeta José Régio.
E como é que isto começou? Com o rompimento de
uma barragem, dizem as escavações. Uma tem pes tade,
um desastre de lama, talvez no século V.
Em português, dá-se a coincidência de que ao falar-
mos de tempo, falamos dos anos que passam, mas tam-
bém do clima, da meteorologia.
O tempo está muito seco, o tempo está húmido e
ventoso, faz bom tempo, está mau tempo, que tempo
vai estar amanhã?
Também há, para as cidades, um tempo de vida e
um tempo de morte.
Rui Cardoso Martins
Rui Cardoso Martins
Chegar a horas
O tempo está muito seco, o tempo está húmido e ventoso, faz bom tempo,está mau tempo, que tempo vai estar amanhã? Também há, para as cidades, um tempo de vida e um tempo de morte.
20 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Crónica ]
Fernando Correia de Oliveira*
Utopia mecânica
Piotr Kropotkin, o «Príncipe Anarquista» II
22 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Crónica ]
Na sua obra, é recorrente Kropotkin socorrer-se do que viu em Sonvillier e outras comunas de relojoeiros
do Jura para daí tirar exemplo para um governo mundial
sem Estado.
«O trabalho de relojoeiro organiza-se de maneira inde-
pendente, sem horário nem constrangimentos que não
sejam o de produzir quanto baste para viver», diz o anar-
quista russo nas suas Memórias. «Pago à tarefa, de forma
muito desigual segundo a sua especialização, o salário
depende cruelmente da conjuntura. Mas, mesmo assim,
neste sector, as condições de vida são muito melho-
res do que na generalidade dos outros, e os viajantes
ad miram estas famílias de relojoeiros bem alojadas e
bem vestidas».
Sobre a actividade em Saint-Imier, outro pólo relojoeiro
tra dicional helvético, onde existe uma escola profissional
de relojoaria desde 1866 e está localizada uma das mais
antigas marcas do sector, a Longines, Kropotkin faz notar
que «apesar das confusões provocadas pela Re vo lução
Francesa, o sector continua a desenvolver-se bem».
Isso mesmo «sabendo-se que os entraves aduaneiros
impostos pela França desde 1797 provocaram o encerra-
mento de muitas oficinas de relojoaria e que apenas o
contrabando permite manter as relações com a Suíça e
as montanhas de Nêuchatel», escreve Kropotkin, para
quem «o novo sistema de patentes, imposto a que os
relojoeiros estão sujeitos, os obriga frequentemente ao
regresso à agricultura».
«O trabalho relojoeiro efectua-se em casa, exigindo mais
habilidade manual do que esforço físico, e é melhor re-
munerado do que o trabalho nas fábricas, atraindo de
imediato as mulheres», faz notar o anarquista. E dá como
exemplo o caso do mestre relojoeiro Adam Jaquet, que
«ensina o ofício tanto aos irmãos quanto às irmãs Ma-
dalena e Suzana».
No século XIX, o desenvolvimento industrial funda-se no
liberalismo económico mais puro. Os operários não são
pro tegidos e recebem tradicionalmente dois salários por
ano – por alturas de São Jorge (a 23 de Abril), e pelo São
Martinho (a 11 de Novembro). Entretanto, vivem ‘do rol’,
ou seja, do crédito. Muitas vezes, o dinheiro recebido
não chega para pagar as dívidas acumuladas. Mas,
desde o aparecimento das manufacturas, nomeadamente
relojoeiras, os salários são pagos à semana, à quinzena
ou ao mês.
Não é por acaso que o sector relojoeiro atrai Kropotkin e
outros pensadores – foi nele que a divisão do trabalho e
a produção em linha começou, inspirando depois outras
indústrias (poucos sabem, mas Henry Ford foi relojoeiro
antes de fundar a empresa com o seu nome, e levou para
a indústria automóvel os métodos que viu na relojoaria).
Embora as manufacturas relojoeiras suíças oferecessem
melhores condições do que a generalidade da indústria,
também aí havia especializações apenas entregues
a mulheres – as de menor exigência em formação, as
mais mal pagas (polimento, feitura de ponteiros, etc.); e
outras interditas a elas, pois os homens (e os próprios
sindicatos) temiam a concorrência com salários mais
baixos. Essa situação prolonga-se até mesmo ao início
do século XX.
Só nessas pequenas comunidades de relojoeiros do Jura
Kropotkin viu solidariedade, coesão social, liberdade,
igualdade entre sexos, dignidade nas condições de vida.
Um exemplo que ele queria transportar para o modo de
vida nas cidades.
Resume Kropotkin nas suas Memórias: «Os princípios
igualitários que encontrei nas montanhas do Jura, a
independência de pensamento e de linguagem que vi
desenvolverem-se entre os operários, tudo isso exerceu
sobre os meus sentimentos uma influência cada vez mais
forte; e quando deixei essas montanhas, as minhas ideias
sobre o socialismo estavam fixadas. Era anarquista».
Depois de uma primeira visita à Suíça, em 1872,
Kropotkin volta ao país cinco anos depois, trabalhando
para a Federação Anarquista do Jura e escrevendo no seu
Boletim. Expulso do país por ter defendido o assassinato
do czar Alexandre II (uma explosão social é mais efectiva
que o voto para encorajar os trabalhadores à revolução,
disse ele), vai para França, onde é preso e libertado sob
condição de não voltar. Vai para Inglaterra, em 1886, e
visita o Canadá e os Estados Unidos no ano seguinte.
Regressa à Suíça em 1909, sob a condição de limitar as
suas actividades políticas. Quando se inicia a I Guerra
Mun dial, muda-se de novo para Inglaterra, apoiando pu-
bli camente o combate à Alemanha, posição que o isolou
de muitos anarquistas.
Passando pela Suécia, Kropotkin voltou à Rússia natal
depois da Revolução de 1917, tendo colaborado com o
Governo de Kerensky. Mas afastou-se quando os Bol-
che viques tomaram o poder. Crítico do autoritarismo
comunista, escreveu a Lenine em Março de 1920, de-
nun ciando o desvio totalitário que estava a ocorrer.
Em Junho, publica a Carta Aberta aos Trabalhadores do
Ocidente, alertando para o rumo que estava a levar a
Revolução Soviética. Em Dezembro, escreve nova carta a
Lenine, criticando, mais uma vez, a situação. Morre a 8
de Fevereiro de 1921. O seu funeral, com a aprovação de
Lenine, constitui a última grande manifestação anarquista
na Rússia.
Pormenor esquecido no tempo: o príncipe Kropotkin este-
ve para acabar os seus dias em Portugal ou, pelo menos,
achar refúgio temporário num país que, em 1911, tinha
forte tradição anarquista entre os operários e acabava de
derrubar a Monarquia.
(Continua)
Fernando Correia de Oliveira
* Investigador do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades
24 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Correio do Leitor ]
Uma questão que parece simples… mas que tem muito que se lhe diga. Em princípio, um relógio
mecânico deve ser usado exaustivamente – de modo a que os seus lubrificantes sejam devida-
mente redistribuídos e o mecanismo entre numa salutar rotina. Para que um relógio mecânico
mantenha um grau de precisão consistente, é necessário que tenha uma reserva de potên-
cia suficiente na sua corda para que seja proporcionada uma força regular às engrenagens do
mecanismo. Se a maior parte da energia cinética armazenada na corda apresentar níveis baixos
ou estiver praticamente no fim, o relógio pode começar a atrasar ligeiramente. Se um modelo
mecânico de carga automática parou de funcionar porque não foi usado durante algum tempo,
é aconselhável que receba manualmente corda através da coroa (basta rodar a coroa cerca de
20 vezes ou mais, nalguns casos; mas nunca abaná-lo!) antes de ser colocado no pulso. Depois
disso, a reserva de marcha rapidamente atingirá um nível elevado graças ao movimento do
braço e do pulso: esse movimento faz com que a massa oscilante (rotor) do mecanismo rode
sobre si mesmo e distribua energia ao mecanismo. Ao contrário dos relógios mecânicos de carga
manual (de corda exclusivamente fornecida através da rotação manual da coroa), os modelos
automáticos não correm o risco de sofrer uma tensão perniciosa sobre a sua corda porque apre-
sentam um dispositivo no tambor que faz com que a mola deslize em vez de prender. Para que
isso aconteça, o relógio tem de estar bem lubrificado – daí a necessidade de uma manutenção
regular. Mas atenção: dar corda manual a um relógio automático que já esteja carregado pode
colocar o mecanismo sob demasiada tensão. Basta dar ocasionalmente algumas voltas de coroa aos seus relógios automáticos (e nem é preciso fazê-lo
diariamente) para redistribuir os lubrificantes no mecanismo e os vedantes; se for sentida uma crescente resistência da coroa no acto de dar corda, isso
significa que o relógio está a precisar de lubrificação. Há também moinhos concebidos para relógios automáticos e que são programados para rodar o
relógio em várias posições (simulando o movimento do pulso) e parar de vez em quando.
A palavra rubi é utilizada na relojoaria mecânica para designar pedras sintéticas de cor rosácea que
são engastadas nas palhetas da âncora e na elipse para atenuar o atrito nos suportes essenciais de
um mecanismo. Um relógio mecânico (de corda manual ou automática) necessita de pelo menos 15
rubis: 10 de suporte, dois de cobertura para o balanço, dois de palhetas para a âncora e um de ala-
vancagem. Quanto maior for o número de complicações associado ao mecanismo, maior é o número
de rubis. No léxico relojoeiro anglo-saxónico, os rubis sintéticos são referenciados como ‘jóias’.
Na imagem, um moinho executando testes num relógio, no atelier de François-Paul Journe
CORDA E DISCóRDIA
PEDRAS PRECIOSAS
Há uma dúvida que gostaria de finalmente esclarecer. Tenho o hábito diário de dar corda
manual a todos os meus relógios, sejam os de corda manual (evidentemente), sejam os de
corda automática. Mas tenho amigos – e até lojistas – que me dizem que não se deve dar corda
manual aos relógios automáticos. Afinal… deve dar-se corda ou não?
Há mesmo rubis dentro do mecanismo de um relógio? Mas na maior parte dos relógios vê-se
no mostrador a inscrição jewells (jóias). Afinal, os relógios são tão caros devido à utilização de
pedras preciosas?
PEDRO MIGUEL ALVES, CARCAVELOS
VASCO SARAIVA - PORTO
26 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Correio do Leitor ]
É uma questão muito pertinente e cada vez mais actual. A tendência foi estreada já na década pas-
sada pela Rolex; Rolesor e Rolesium não são ligas, são conjugações/ designações que a Rolex utiliza
nos seus relógios bicolores – sendo Rolesor a mescla de ouro amarelo de 18 quilates e aço inoxidável,
ao passo que Rolesium é a mescla de platina e de aço inoxidável. A designação tem a ver com a legis-
lação britânica, que impede a utilização da palavra ‘ouro’ a não ser quando se trata de ouro maciço… e
não de uma associação de ouro com aço. Todos os relógios Rolex modernos que são bicolores, em ouro
ou em platina, não são plaqué. Quanto ao Hublonium e ao Zenithium, são também ligas que as mar-
cas em questão utilizam – aliás, hoje em dia há muitas marcas a vangloriarem-se de utilizar metais
raros em ligas de ponta inéditas e dignas da conquista do espaço; na maior parte dos casos trata-se
de uma estratégia de marketing, sendo que noutros casos as ligas são mesmo vanguardistas.
Terminada a época estival, convém sempre recordar um conjunto de conselhos
domésticos que permitirão ao seu relógio recuperar o seu melhor aspecto. No seu
caso particular, o Fortis B-42 é concebido em aço inoxidável de elevada qualidade e
resistente aos mais diversos materiais de limpeza, mas mesmo assim há regras a
seguir. É que no verão, com o calor e a humidade, torna-se mais fácil suar – e o suor é
extremamente pernicioso e corrosivo, sobretudo para relógios baratos feitos em aço
que não é inoxidável (como os modelos falsos). Qualquer relógio de qualidade é à
prova de suor, se bem que seja necessário confirmar os níveis de estanquicidade. Se
o relógio (com a devida estanquicidade) tiver estado em contacto com água salgada
ou mesmo utilizado apenas num barco, tem de ser passado a água fresca logo de
seguida; o mesmo acontece se esteve em contacto com a areia. E se tem uma luneta
giratória, deve-se fazer rodar a luneta enquanto se procede à limpeza para remoção
de quaisquer partículas de sujidade ou grãos de areia – caso contrário, podem travar
a capacidade rotativa da luneta. A limpeza da carrosseria do relógio deve ser efectuada com uma velha escova de dentes e água com sabão, o mesmo
acontecendo com as braceletes de metal – que acumulam areia e sujidade entre os elos. As braceletes de borracha vulcanizada também devem ser limpas
da mesma maneira, já que o sal, a transpiração e os cremes solares são particularmente corrosivos. Como é evidente, as correias de pele sem tratamento
impermeável são desaconselhadas para o uso sistemático em meios aquáticos ou na praia, já que a pele seca e perde as suas qualidades.
LIGAS ‘ESQUISITAS’...
CONSELHOS DE LIMPEZA
A partir do momento em que o meu escritório passou a receber a Espiral do Tempo, comecei
a interessar-me muito por relógios e procuro informar-me o mais possível, recorrendo à inter-
net ou mesmo a livros que vou comprando. E há algo que me tem intrigado muito: o material
empregue por algumas marcas em alguns relógios. Por exemplo, a Rolex – nalguns casos há
relógios em Rolesor, noutros em Rolesium. A Hublot tem o Hublonium e a Zenith tem modelos
em Zenithium. São ligas metálicas mesmo especiais ou… estratégia de marketing?
Uso muito o meu relógio, um cronógrafo Fortis B-42 com bracelete de aço, mesmo a praticar
desporto e até muitas vezes na praia. E no fim do Verão ele apresenta-se algo sujo; gostaria
de pedir conselhos de limpeza, porque não quero arriscar limpá-lo com algum detergente que
seja mais corrosivo.
MIGUEL FERNANDES MARTINS, ESTORIL
FREDERICO MARQUES, LISBOA
É um dos mais cobiçados relógios de pulso existentes: com a genial assinatura do mestre François-Paul Journe,
o exclusivo Chronomètre à Résonance abriu novas fronteiras para a técnica de medir o tempo
graças ao princípio da ressonância.
[ I-novação ]
28 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Não foi propriamente a pensar num modelo dual-time que o genial François-Paul Journe
idealizou o seu fabuloso Chronomètre à Résonance,
mas a fabulosa complicação relojoeira que abri-
lhan ta o relógio também permite que os dois
sub mostradores possam funcionar em dois fusos
horários diferentes. Na verdade, o protagonismo
mecânico do relógio assenta no fenómeno da…
ressonância.
O conceito é genial, empregando o princípio físico
da ressonância como meio de auto- regulação.
François-Paul Journe adaptou os efeitos positivos
da ressonância e idealizou um movimento com
dois mecanismos manuais distintos e dois balanços
diferentes, que se movem segundo o pressuposto
de que um corpo animado transmite uma vibração
ao espaço circundante e que outro corpo capta essa
energia para vibrar com a mesma frequência. Os
dois mecanismos vigiam-se mutuamente e auto-
compensam-se de modo a assegurar uma precisão
óptima; se qualquer choque ou aceleração súbita
fizer com que um balanço aumente a frequência,
“As minhas pesquisas permitiram-me, passadosquinze anos, adaptar o fenómeno da ressonância a um relógio de pulso”
François-Paul Journe
texto Miguel Seabra
o outro balanço desacelera na mesma ordem – e
ambos os balanços retomam seguidamente a sua
frequência comum!
A dois tempos
Os ponteiros das horas e minutos dos dois sub-
mos tradores do Chronomètre à Résonance podem
ser regulados para dois fusos diferentes através
de uma mesma coroa localizada às 12 horas; os
dois pequenos ponteiros dos segundos podem ser
colocados automaticamente no zero através da
coroa localizada às quatro horas.
Tradição e Inovação
Quando se pensava que (quase) tudo estava in-
ven tado, François-Paul Journe surpreendeu o mun-
do com a apresentação de dois modelos espec ta-
culares em 1999: o Tourbillon Souverain (com um
sistema de ‘corda de igualdade’) e o Chronomètre
à Résonance (que abriu novas fronteiras para a
técnica de medir o tempo graças ao princípio da
ressonância).
Calibre único em ouro
O fundo transparente revela os dois mecanismos
siameses, com os dois balanços em destaque na
parte inferior do original calibre – que, como todos
os modelos de François-Paul Journe concebidos a
partir de 2004, é construído maioritariamente em
peças de ouro maciço para se atingir o máximo
prestígio. Foi necessário adaptar máquinas e formar
artesãos para se conseguir o Toque de Midas! ET
Mostrador clássico
As soluções estéticas (submostradores aparafusados em
pra ta maciça guilloché, ponteiros azulados) são típicas de
François-Paul Journe e surgem harmoniosamente ex pla na-
das num mostrador (cinza ou cobre) de grande per sonalida-
de que inclui ainda um indicador de reserva de marcha. O
Chro nomètre à Résonance surge declinado numa elegante
caixa de platina ou ouro com 38 ou 40 milímetros de diâmetro
e que é acompanhada de uma coroa estilizada colocada às
quatro horas; uma outra, mais discreta, surge integrada às 12
horas. O fundo transparente desvela uma técnica sofisticada
e embelezada por uma arquitectura única.
Royal Oak
O requinte da simplicidadeCom a inconfundível luneta octogonal fixada por
pa rafusos hexagonais e o tradicional padrão quadri-
cu la do Grande Tapisserie no mostrador, disponível
em branco e preto, o Royal Oak surge numa versão
em aço, com bracelete e fecho de báscula em aço.
Destacando-se pela simplicidade, esta peça inclui as
funções de horas, minutos, segundos e data às três
horas. Está equipado com vidro em safira e tem uma
estanquicidade de 50 metros.
Preço: 9.820 euros
Master Compressor Chronograph
Edição limitada «46» Valentino RossiO Master Compressor Chronograph dedicado a Valen-
ti no Rossi não brinca em serviço. Não é por acaso
que o mostrador inclui o número fétiche de ‘Il Dot-
tore’. Com uma performance e fiabilidade excepcion-
ais, o modelo faz jus ao piloto que homenageia: o
movimento mecânico de corda automática JLC 741C
permite cronometragens precisas; a carrosseria em
aço, com vidro em safira e estanquicidade a 100
metros, é personalizada com a gravação ‘Valentino
Rossi’. Disponível com correia em pele de jacaré com
fecho de báscula em aço ou cauchu.
Preço: 7.500 euros
Luminor Regatta Chronograph
Precisão em todas as situaçõesEste cronógrafo com movimento mecânico de corda
manual foi lançado no âmbito da regata Classic Yachts
Challenge, uma competição internacional reservada a
barcos clássicos. A típica caixa, de 44 milímetros em
aço inoxidável com acabamentos acetinados, tem o
centro em aço polido igual aos botões do cronógrafo
e do protector da emblemática coroa que garante a
total estanquicidade dos modelos Luminor. No fundo
está gravado o ano de celebração do acon tecimento
que comemora e o número individual da edição.
Preço: 5.950 euros
30 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Breves ]
Cartier Roadster
O perfume das horasA Cartier lançou um perfume que pretende
romper com conformismos e marcar pela di-
ferença. O Roadster foi criado por Mathil de
Laurent e pensado para o homem multi-
fa cetado que procura novidades olfativas
exal tadas e calorosas. Inspirado no relógio
Roadster, o frasco, de design masculino e
sur preendente, ostenta linhas fluidas e di-
nâ micas. A tampa evoca o botão de ajuste
do relógio que lhe dá o nome. Uma combi-
nação inesperada de uma fragrância original
com uma peça relojoeira de sucesso.
Acessórios Porsche Design
Pura elegânciaA gama de acessórios Porsche Design apre-
sen ta peças de linhas puras e de design úni-
co que vão ao encontro da função essencial
a que se destinam. São diversos os acessóri-
os disponíveis para o público masculino:
botões de punho, porta-chaves, braceletes,
anéis e óculos.
Preço: desde 260 euros para os botões de
punho apresentados
Dottore RossiRosto jovem, olhar traquina de quem está
sem pre a tramar alguma… Valentino Rossi tem
um estilo inconfundível. Aos 29 anos, é con-
siderado um dos melhores pilotos de motoci-
clismo de todos os tempos. A Jaeger-LeCoultre
não se mostrou indiferente ao talento do jo-
vem italiano, razão pela qual foi convidado
para embaixador da marca. Como campeão
mun dial, teria direito ao número 1 para a sua
mota, no entanto, Rossi prefere o 46, o seu
número da sorte e o número com que o pai, o
piloto Grazziano Rossi, venceu a primeira cor-
rida. Reconhecido pelo seu profissionalismo,
boa disposição e excentricidade dentro e fora
das pistas, Valentino Rossi, de cognome ‘Il
Dottore’, reflecte o que de mais notável o des-
por to motorizado pode oferecer.
Octa Automatique Lune
A olhar o céuO Octa Automatique Lune de F.P.Journe é uma peça de carácter único pela forma como explora minu-
ciosamente a indicação das fases do satélite da Terra: a Lua e as estrelas em ouro branco, surgem
num fundo azul que combina com os ponteiros das outras funções. Com uma caixa em platina de
30,80 milímetros de diâmetro por 5,86 milímetros de espessura, mostrador em ouro branco de 18
quilates, e mecanismo manufacturado em ouro rosa, a nova versão surge agora com os ponteiros
das horas e minutos ao centro, sendo que os pequenos segundos se mantiveram num submostrador
entre as quatro e as cinco horas. Inclui ainda as funções de data e indicação de reserva de marcha
às nove horas. A correia é em pele de jacaré com fivela em platina. Preço: 35.440 euros
O Grande Lange 1
Inovação e distinçãoA A. Lange & Söhne surpreende em cada modelo
pela tendência bem alemã de inovar a partir de um
esti lo clássico. O Grande Lange 1 não é excepção,
es treando um novo e maior formato de de 41,9 mi-
límetros de diâmetro para o emblemático modelo
Lange 1 (de 38,5 milímetros de diâmetro) que relan-
çou a histórica manufactura de Glashütte. A distinta
caixa com vidro em safira alberga as funções das ho-
ras, minutos e pequenos segundos numa descentra-
da composição harmoniosa que deixa espaço para a
data panorâmica e indicação da reserva de marcha
sem gerar confusões. As diferentes versões incluem
caixa em platina, ouro amarelo e ouro rosa e mostra-
dor negro, casca de ovo ou branco.
Preço: a partir de 36.600 euros
[ Breves ]
Que análise faz da comercialização de peças de
alta relojoaria em centros comerciais?
As marcas de alta relojoaria devem, tenden-
cialmente, ser apresentadas onde haja um
fluxo maior de potenciais clientes, sendo na
grande maioria das cidades mundiais numa
zona dedicada quase exclusivamente aos
produtos e marcas do luxo. Em Portugal,
os centros comerciais têm sido as zonas de
maior frequência de consumidores nos últi-
mos anos, logo faz todo o sentido as mar-
cas de alta-relojoaria estarem presentes.
Torres Joalheiros
32 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
PAC Portugal
Porsche Design em portuguêsNuma edição limitada a 100 exemplares, exclusiva para Portugal, o Porsche Design PAC inclui um modelo de
cronógrafo mecânico de corda automática que aposta no contraste entre o característico negro da marca e
retoques de amarelo. O relógio apresenta-se com as seguintes funções: horas, minutos, segundos, data e
cronógrafo. A sua caixa, de 42 milímetros em titânio e alumínio, integra uma escala taquimétrica, tem vidro em
safira em ambos os lados e é estanque a 100 metros. Está disponível com bracelete em cauchu, com fecho de
báscula em titânio. Esta peça apresenta-se num elegante estojo e faz-se acompanhar de uma miniatura de um
modelo Porsche 911. Preço: 4.100 euros
EBEL - 1911 Tekton Calibre 139
Aquitectura do tempoO cronógrafo 1911 TEKTON é certificado pela COSC e
revela o estilo arquitectónico inconfundível da marca
no âmbito da relojoaria. Com um calibre EBEL 139
que se destaca por um novo conceito de exibição das
funções cronométricas, este modelo ostenta uma res-
peitável caixa de 48,5 milímetros de diâmetro de de-
sign sofisticado. A construção em múltiplas camadas,
sustentada por seis parafusos de ambos os lados
dispostos de forma regular que acentuam a forma
hexa gonal do aro, aumenta a estanquicidade.
Preço: 7.590 euros
Master Compressor Diving Chronograph
Vocação submarinaO relógio Master Compressor Diving Chronograph é um dos raros cronógrafos mecânicos de mergulho,
dispondo de botões de pressão protegidos por válvulas de compressão. Resistindo a uma pressão de
1000 metros, tem as funções de cronógrafo, horas, minutos, data, indicador de funcionamento, pulsímetro
e luneta de mergulho. Com uma caixa de 44 milímetros, este modelo está disponível em ouro rosa e com
braceletes em cauchu articulado, cauchu e titânio.
Preço: 17.050 euros
[ Breves ]
34 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Breves ]Panerai aposta numa bússola de pulso
Revisitar a HistóriaÀ primeira vista parece invulgar que uma mar-
ca de relógios apresente um modelo de bús-
sola de pulso. No entanto, a Panerai desde
sempre que mantém uma relação pró xima
com o mundo do mar, pelo que o lançamento
de uma bússola enquadra-se per feitamente
no contexto Panerai.
«Trata-se de uma peça essencialmente para
coleccionadores, não apenas pela sua rari-
dade, 300 peças para o mundo inteiro, mas
por ser um instrumento que reproduz um
mode lo original dos anos 40 encomendada
à família Panerai pela Marinha Real Italiana.
Estas bússolas eram destinadas aos mergu-
lhadores da referida marinha, que a par dos
lendários relógios Officine Panerai cons ti-tuíam os instrumentos de precisão com que
aquele corpo de elite era equipado».
anselmo 1910
Master Compressor Extreme World Chronograph
Desportista absolutoÉ um instrumento do tempo, especialmente construí do
a pensar nos desportistas globe-trotters que gos tam do
extremo. O mecanismo crono gráfico de corda automática
JLC 752 garante o accionamento do cronógrafo sem os
habituais saltos iniciais fornecendo também a indicação
dos fusos horários no mundo. A sua caixa dupla de 46.3
milímetros em aço e titânio é estanque a 100 metros
com a ajuda do sistema de ‘válvulas de compressão’
para coroa e botões. O ‘rosto’ é inconfundível devido ao
movimento que a combinação dos diversos indicadores
e o disco dos segundos contínuos lhe confere.
Preço: 10.500 euros
Chronofighter Oversize Diver Orange Seal
Uma granada nas profundezasO Chronofighter apresenta uma nova versão voca cio-
nada para as profundezas. O mecanismo automático
é o calibre G1734, com uma base mecânica alterada
devido ao original sistema de accionamento do cro-
nógrafo através da emblemática alavanca. Enriqueci-
da com a função data às sete horas. O Diver Oran-
ge Seal surge agora com uma caixa em aço de 47
milímetros de diâmetro e uma estanquicidade de 300
metros. A luneta giratória unidireccional é estilizada,
sobressaindo em relevo e permitindo o realce dos
algarismos e índices laranjas no mostrador negro.
Preço: 6.350 euros
Master Date
Tipicamente masculinoA caixa cintrée curvex sobredimensionada, disponível em
ouro branco e ouro rosa, não engana: o Master Date é
uma peça Franck Muller por excelência. Este relógio de
mo vimento mecânico de corda automática é caracterizado
pelo enquadramento de destaque dos indicadores de ca-
lendário – data panorâmica às 12 horas, dia da semana
retrógrado e mês. A correia é em pele de crocodilo.
Preço: 28.500 euros
36 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Edição Limitada Carrera Motoracing
Especial de corridaA TAG Heuer lançou, numa edição limitada, o
mode lo Carrera Tachymetre que se distin gue
pelo carácter desportivo acentuado pela brace-
lete em cauchu semi perfurada. O mos trador
preto inclui índices biselados, ponteiro dos se-
gundos do cronógrafo em laranja forte e data
às três horas. Saliente-se que os ponteiros das
horas e dos minutos são luminescentes, as-
se gurando uma excelente visibilidade em am -
bientes mais obscu ros. Limitada a 100 estojos
a nível mundial, a edi ção limitada Motoraci ng
vem acompanhada de um estojo especial, ócu-
los e luvas.
37Espiral do Tempo 30 Breves
[ Breves ]
Júri português em GenebraEditor Técnico da Espiral do Tempo integra o
júri do Grand Prix d´Horlogerie de Genebra
No dia 13 de Novembro de 2008, o Grande
Teatro de Genebra vai dar lugar, pela oitavo
ano consecutivo, à cerimónia de entrega
dos prémios do Grand Prix d’Horlogerie de
Genebra. Pela primeira vez no âmbito deste
evento, o Júri estabelecido – cuja presidên-
cia é assumida por Cäsar Menz, director dos
Museus de Arte e História de Genebra – ,
inte gra um membro português: Miguel Sea-
bra, jornalista e editor da revista Espiral do
Tempo. O Grande Prémio de Relojoaria de
Genebra reúne anualmente a comunidade
profissional e jornalística do universo relo-
joeiro, sendo a mais prestigiada das recom-
pensas atribuídas às marcas, aos relógios e
criadores desta indústria. O ponto mais alto
compreende o galardão L’Aiguille d’Or, atri-
buído no ano passado a Richard Mille.
Rolex Awards Prémios para projectos inovadores
No próximo dia 18 de Novembro, numa ce-
rimónia a realizar no Dubai, serão anunciados
os nomes dos dez vencedores da edição de
2008 dos Prémios Rolex para Espíritos Em-
preendedores. Esta iniciativa foi criada em
1976 por André J. Heiniger. A cada dois anos,
a Rolex oferece uma contribuição monetária
e um relógio Rolex em ouro, com certificado
de cronómetro, a individualidades de todo
o mundo pelos seus esforços no sentido de
estimular o conhecimento e contribuir para
uma melhoria da vida no nosso planeta.
Este programa financia projectos inovadores
em cinco diferentes áreas, nomeadamente,
Ambiente, Património Cultural, Ciência e Me-
dicina, Tecnologia e Inovação, Exploração e
Descoberta.
Cronógrafo B-42 Jaguares
A voar com a FortisMais um modelo Fortis a dar que falar, desta vez
com o novo lançamento de uma inédita série limi-
tada portuguesa. A edição dedicada ao esquadrão
Jaguares apresenta-se com caixa em titânio, vidro em
safira com tratamento anti-reflexo dos dois la dos,
luneta rotativa unidireccional, botões revestidos a
cauchu e pulseira igualmente em cauchu. No mostra-
dor negro, realce para o emblema da Esquadra 301
às 9 horas.
Preço: 2.380 euros
L.U.C Chrono One Flyback
Técnica de respeitoÀ primeira vista O L.U.C Chrono Flyback da Chopard
destaca-se pela sua respeitável presença e elevado
tecnicismo do mostrador. Mas depois atenta-se nos
elementos que o constituem e conclui-se que o resul-
tado possante é fruto de uma rigorosa combinação
entre forma e função. A viril caixa de 42 milímetros,
em ouro rosa, inclui vidro de safira e uma estanqui-
cidade de 30 metros; lá dentro bate o excepcional
mecanismo cronográfico concebido na manufactura
da marca em Fleurier. Com precisão cronométrica
certificada pelo COSC, esta peça tem como funções
as horas, os minutos e os segundos às seis horas,
cronógrafo de retorno instantâneo (flyback) e data.
Preço: sob consulta
HL08
O mistério do tempoÉ no encontro entre ideias inovadoras para a repre-
sentação do tempo e a exploração de variadas con-
cepções mecânicas que a Hautlence se distingue.
O HL08 é uma peça misteriosa e um desafio para
consultar as horas. A caixa quadrangular negra, com
um generoso perímetro de 45 por 43,5 milímetros,
é suportada por quatro parafusos que lhe conferem
um toque de requinte industrial. Com uma reserva
de corda de 40 horas, tem como funções horas sal-
tantes, minutos e pequenos segundos. Disponível
em correia de pele de jacaré e cauchu negro.
Preço: 44.000 euros
38 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Breves ]
Montblanc
Colecção Villeret 1858Há cerca de dois anos, com o intuito de preservar a sua
auten ticidade, a Minerva aliou-se à Montblanc. Desde en-
tão, o interesse da Montblanc pela criação de cronógrafos
com mecanismos de manufactura teve correspondência no
alargar da sua colecção de prestígio. Agora, no âmbito da
comemoração do 150º aniversário da fundação da pequena
manufactura, a Montblanc acrescenta novos modelos à sua
Colecção Villeret 1858, entre os quais o Grand Chronogra-
phe Email Grand Feu, um cronógrafo monopulsante com
roda de colunas e mostrador em esmalte. Com um calibre
Minerva 16-29, este cronógrafo de corda manual inclui pon-
tes e platina em prata alemã que podem ser admiradas
através do fundo de tampa na caixa em ouro branco.
Preço: 61.800 euros
Cronógrafo Pride of Portugal
Espírito PortuguêsIntegrado na edição limitada que homenageia Portugal, o
cronógrafo Pride of Portugal alia a algumas características
das peças Franck Muller um sabor bem lusitano: as qui-
nas no centro do mostrador e a cor vermelho-velho das
camisolas da selecção de 1966 que parece vibrar no seu
contraste com o mostrador negro e os algarismos e pon-
teiros em branco. Com as funções das horas, dos minutos,
dos segundos, de cronógrafo e da data, a edi ção li mi tada
declina-se em exemplares de ouro rosa ou aço polido. Os
botões e a coroa têm um tratamento especial em PVD e a
bracelete é exclusiva do modelo.
Preço: 17.900 euros
Freelancer Chrono
A discrição do estilo urbanoDiscreto, urbano, contemporâneo: em traços gerais é as-
sim que a linha Freelancer se define. O Freelan cer Chrono,
com mecanismo de corda automática, man tém um espíri-
to de simplicidade e distinção. A caixa de grandes dimen-
sões joga com o contraste entre o negro do mostrador e
o amarelo dos respectivos ponteiros do cronógrafo. Inclui
as funções das horas, minutos, pequenos segundos, data
e dia de se mana às três horas. Pormenores a destacar:
o círculo que rodeia os pequenos segundos e os ín dices
aplicados enquadram-se harmoniosamente para uma lei-
tura eficiente do tempo.
Preço: 2.350 euros
40 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
TAG Heuer e o charme no feminino
Carrera Diamonds A reconhecida série TAG Heuer Carrera apresenta uma edi-
ção exclusiva para senhora. A elegante caixa de 27 milí-
metros apresenta duas versões: luneta polida ou cravejada
com 54 diamantes Top Wesselton. O centro do mostrador
em madrepérola ou preto mate é ladeado por estrias em
padrão soleil e índices em diamante. Com movimento au-
tomático TAG Heuer Calibre 4, vidro em safira e bracelete
com cinco fiadas de elos cujo acabamento alterna entre o
aço polido e escovado, este modelo é ideal para desfrutar
nas mais diversas ocasiões.
Preço: 3.390 euros (modelo diamantes na luneta)
e 2.390 euros (modelo sem diamantes na luneta)
Millenary
Elegância a preto e brancoA linha Millenary da Audemars Piguet parece que se move numa ilusão de óptica.
A excêntrica combinação de algarismos árabes e romanos de diferentes dimen-
sões num misto de linhas circulares e ovais confere a esta peça um ritmo fora do
vulgar. As funções das horas, dos minutos, dos segundos e da data às três horas
enquadram-se numa caixa ergonómica em ouro branco inspirada no Coliseu de
Roma e estão resguardados por um vidro em safira.
Preço: 10.590 euros
Happy Sport Mark II Chrono All Black
O brilho do negroDesde o seu lançamento, em 1993, a linha Happy Sport da Chopard
tem-se revelado um sucesso. Inspirado no modelo Happy Diamonds, o
novo membro da família surge agora com pormenores originais e moder-
nos: destinado ao público feminino, a versão apresentada desfruta da
intensidade do negro. A caixa em aço escurecido, o mostrador negro e
os cinco diamantes que se passeiam pelo mostrador conferem ao relógio
um toque inesperado. O modelo Happy Sport Mark II Chrono All Black
vem equipado com luneta giratória e tem as seguintes funções: horas,
minutos, pequenos segundos, data e cronógrafo.
Preço sob consulta.
[ Breves ]
42 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Cronógrafo Royal Oak Offshore Lady
Le sport et la vie en roseO Cronógrafo Royal Oak Offshore para senho-
ra joga com os contrastes e combina o ouro
rosa com distintas tonalidades de branco. A
bracelete é em cauchu branco. O mostrador é
decorado com o característico Mega Tapisserie
em branco e com oito diamantes dispostos no
lugar dos índices. A esta harmonia de cores,
uniu-se a célebre caixa totalmente engastada
com diamantes. Uma peça fascinante, elegante
e actual. Este modelo Royal Oak Offshore in-
clui as funções das horas e dos minutos, dos
pequenos segundos às seis horas, da data às
quatro horas e do cronógrafo com totaliza-
dores de 30 minutos e 12 horas. A colecção
inclui também anéis, braceletes e outras jóias
de inspiração Royal Oak.
Preço: (Relógio) 64.130 euros
(Anel) 4.390 euros • (Bracelete) 3.960 euros
37Espiral do Tempo 30 Breves
[ Breves ]
44 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Apple iPhone 3G
Toque de MidasLançado em Portugal em Julho de 2008, o iPhone 3G da Apple surgiu como um telefone fora de série que fez
com que muitas pessoas o quisessem adquirir de imediato. Para além do seu design sofisticado de linhas
minimalistas (11,5 cm x 6,2 x 1,2), a diferença, face a outros aparelhos, reside no ecrã táctil e interface grá-
fica que resultam numa utilização bastante intuitiva. Por outro lado, o iPhone 3G destaca-se pela facilidade
de navegação na internet, permitindo visualizar diversas páginas em simultâneo, na horizontal ou vertical,
bastando um simples toque para ampliá-las ou reduzi-las. Inclui um sistema operativo OS X 2.0, máquina
fotográfica de 2 megapixels e lei tor multimédia.
LEICA M8.2
Um sonho para fotógrafosO novo modelo LEICA M8.2 é uma versão actuali-
zada da rangefinder LEICA M8, surgindo agora mais
discre ta, mais intuitiva e mais robusta. Este novo
modelo complementa o anterior, sendo que muitos
dos ele men tos que a compõem podem ser incor-
porados na M8. Saliente-se que a LEICA M8.2 é a
primeira câ mara digital profissional a usar um cristal
de safira ultra resistente aos riscos como vidro de
cobertura do monitor LCD da câmara. A excepcional
qualidade de imagem resulta da combinação das
objectivas M com um sensor de imagem CCD conce-
bido para os requisitos do sistema LEICA M e para o
processamen to de imagem de alta qualidade.
PVP sugerido: 4.995 euros
Sony LCD Bravia
Séries X4500 e W4500Os novos televisores LCD Bravia da Sony aliam a tecnologia mais avançada a um design de cortar a respiração:
não são apenas televisores LCD, com qualidades de som e imagens excepcionais, mas também peças que
não com prometem a decoração de uma casa. As cores, contraste e definição são soberbos, garantindo ainda
uma niti dez e estabilidade nas imagens de acção rápida impressionantes. As duas novas gamas BRAVIA são a
garan tia de uma experiência inigualável de cinema em casa.
Preço aproximado: Bravia W 4500: 2.021 euros • Bravia X 4500: 4300 euros
Denon AVP +POA-A1HD
À prova do Tempo…A Denon lançou um sistema high-end surpreendente
para cinema em casa que integra um processador de
áudio e vídeo com suporte para todos os modernos
formatos de alta-definição (o AVP-A1HD) e um ampli-
ficador de 10 canais com uma capacidade de 3 KW
de amplificação numa topologia de 10x300 Watts (o
POA-A1HD). A separação dos componentes de pro-
cessamento e de amplificação do sinal em dois equi-
pamentos separados resolve o problema das inter-
ferências entre os circuitos de tratamento de vídeo
e de áudio. O suporte integral de todos os formatos
de áudio e vídeo actuais e a possibilidade de ligação
directa à Internet para actualização do seu firmware
interno, permite o suporte de futuros formatos de
processamento e descodificação.
Preço: 8.159 euros
A que se deve o impacto do iPHONE em Portugal?
O iPhone 3G suscitou um grande interesse mesmo antes de estar disponível. Esse
interesse gerou um nível muito interessante de pré-registos nas lojas e website da
Vodafone, sendo as vendas verificadas até ao momento uma excelente confirmação
de que os resultados comerciais farão jus à expectativa criada. O iPhone faz parte de
uma nova geração de telefones que trazem valiosas novas funcionalidades; trata-se
de um conjunto de características distintas e uma lógica de interacção com o utilizador
que o equipamento possui que o tornam único e, por isso, muito interessante, como
o demonstra a procura verificada. Pelas características revolucionárias que apresenta,
o iPhone 3G está completamente em linha com o posicionamento de liderança e
inovação da Vodafone. Por outro lado, trata-se da ligação de duas marcas fortes, ino-
vadoras, e que primam por uma grande proximidade com os seus clientes e por uma
grande preocupação com a experiência que lhes é proporcionada em cada contacto.
O que representam para o nosso mercado os novos gadgets que a indústria das
comunicações proporciona?
O iPhone 3G veio, sem dúvida, colocar uma nova fasquia em termos de experiência de
utilização que, por certo, não deixará de ser uma referência para, cada vez mais, um
maior número de novos equipamentos a disponibilizar pelos diferentes fabricantes.
Qual a apetência, e o peso efectivo, por produtos topo de gama no nosso mercado?
A apetência do mercado português por produtos topo de gama pode ser medida pelo
peso dos equipamentos deste tipo no total do volume de equipamentos comerciali-
zados, o que se cifrará em cerca de 4-5 por cento se tomarmos como referência o
peso das vendas de equipamentos com preço superior a 200 euros no total dos tele-
fones vendidos.
Qual dos factores é o mais determinante: funcionalidade, preço, marca, design,
tecnologia...
Não é possível isolar um factor como sendo o único responsável pelo sucesso de um
equipamento, independentemente da gama de produtos que esteja em questão. Na
verdade, é a combinação de todos eles que define o quão apelativo qualquer telefone
acaba por ser, muito embora existam segmentos de utilizadores que valorizam de
diferentes formas os atributos referidos.
37Espiral do Tempo 30 Breves
Patrick Schwartz é o homem que conduz os destinos da Porsche Design e da Eterna
– e tem sido o responsável por uma nova abordagem nas colecções de duas
marcas de personalidade quase antagónica, mas que, no entanto,
fazem parte da mesma família…
[ Entrevista ]
entrevista Miguel Seabra | fotos Nuno Correia | Grenchen, Suíça
46 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Um presidente, uma única infra-estrutura, duas escu-
derias completamente distintas. De um lado, a sóbria
Eterna – nome relojoeiro assente em valores tradicio-
nais que saiu um pouco do centro das atenções dos
aficionados em detrimento de outras marcas que se
trans formaram em acessórios mecânicos de moda ou
brin quedos temáticos ultracomplicados. Do outro, a es-
tilizada Porsche Design – que beneficia auréola mís tica
da casa-mãe e que apresenta relógios de estética con-
temporânea sempre muito populares junto de adeptos
do automobilismo ou de puristas do design.
Tal dicotomia não é fácil de gerir… nem de digerir. Em
2003, a família Porsche nomeou o austríaco Ernst F. Seyr
para presidir aos destinos da infra-estrutura relojoeira
localizada em Grenchen e que serve de base à Eterna e
à Porsche Design; foi ele que lançou o rotor em forma
de jante que caracteriza a colecção Dashboard e levou
a cabo o audacioso projecto Indicator, mas descurou o
património da Eterna e, sobretudo, não soube conquis-
tar a facção francófona tão importante na indústria do
sector. Em 2006, foi substituído por um sagaz adminis-
trador bilingue, com maior sentido diplomático e que
rapidamente assumiu o volante rumo a novas metas.
Em 2007, sob a batuta de Patrick Schwartz, sentiu-se
sangue novo na feira de Basileia: novos mecanismos
de manufactura da Eterna e o inovador Worldtimer da
Porsche Design. Na edição deste ano da Baselworld,
a Eterna voltou a investir no seu património históri-
co com o lançamento de novos modelos KonTiki, e a
Porsche Design desvelou versões do Indicator e do
Worldtimer em ouro rosa, bem como novos mostrado-
res na popular linha Dashboard.
Espiral do Tempo: Depois de uma era marcada por Ernst
F. Seyr, surge como o novo presidente da Eterna/Pors-
che Design. Como é que se processou a transferência?
Patrick Schwartz: Estava há algum tempo na Mau-rice Lacroix quando me transferi à boa maneira suíço-alemã: fui abordado pela família Porsche, que queria alguém novo que estivesse relativa-
mente fora da indústria e que desse sobretudo um novo rumo à Eterna. Na altura, eu já conhe-cia o nome pela reputação que tinha, mas tive de aprender mais sobre a marca – a Eterna estava transformada numa espécie de Bela Adormecida e há mais de dez anos que não surgia com vigor no mercado… Fizeram-se vários erros, mas o pior já passou. A marca foi perdendo peso len-tamente, depois de ter estado presente em todo o mundo na sequência da sua invenção do rotor com rolamentos de esferas, em 1948. Quando cheguei a Grenchen, a Eterna só tinha seis mer-cados que pudessem ser considerados activos e o meu desafio foi recuperar a marca e introduzir a sua herança técnica na Porsche Design a partir do início de 2006.
ET: Atendendo à diferente personalidade das duas
marcas, tratou-se igualmente de um grande desafio
porque a manufactura está numa área da Suíça em
48 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
“Aprendi que se pode mudar gente de marketingou de finanças... mas nunca os relojoeiros – eles ficam
colados ao solo onde estão”
Patrick Schwartz
Portento da engenharia relojoeira, o Indicator é a peça por excelência da Porsche Design.
Equipado com o Calibre 6036 desenvolvido pela Eterna, ostenta no mostrador a orgulhosa
parceria INDICATOR BY ETERNA. São necessários dois meses para montar um destes colossos
e foi este ano apresentada em Basileia a nova versão em ouro rosa de 18 quilates.
49Entrevista Patrick Schwartz
Porsche preparou futuroCriado a partir do sucesso da Porsche no domínio da mecânica automóvel, o atelier Porsche Design foi fundamental
na transição para o denominado estilo de luxo contemporâneo. Investindo em novos exercícios de estilo ergonómico,
os relógios Porsche Design foram os primeiros a adoptar um visual urbano escurecido e materiais como o titânio, o
alumínio ou a borracha vulcanizada para as braceletes de cauchu integradas tão em voga actualmente. O Indicator
é um portento de engenharia mecânica e insere-se na linhagem de instrumentos de excepção ligados ao universo
automobilístico, enquanto o Worldtimer é um exemplo claro de modernismo prestigiante. A forma segue a função
para a obtenção de algo com substância: os relógios têm todos uma aparência técnica, apurada e desportiva – mas
igualmente despojada e minimalista.
que é necessário lidar com a parte francesa e a parte
alemã. Como é que se lida com todas essas diferentes
sensibilidades?
PS: Como trabalhei cinco anos para a Maurice Lacroix, já me tinha adaptado a esta zona geo-gráfica. Além disso, tenho a vantagem de poder comunicar em francês e em alemão. Para se ser bem-sucedido no meio relojoeiro é necessário perceber francês e a mentalidade da Suíça francófona; é de lá que vêm 80 por cento das companhias e dos fornecedores do sector. Sendo conhecedor da cultura local, já se sabe que um ‘francês’ nunca irá falar alemão apesar de até o aprender na escola… mas prefere morder a lín-gua a falar alemão.
Gosto de trabalhar com o lado francês, em-bora seja necessário aprender o modo como eles fazem as coisas – eles dizem sempre ‘pas de pro- blème’, mesmo quando há problemas! Os suíço- -alemães são mais estritos, pragmáticos, precisos. A zona de Grenchen é claramente um dos fo-
cos da indústria relojoeira, já que alberga grandes especialistas da relojoaria. Eu, tendo nascido em Schaffhausen e conhecendo a IWC numa zona que fica um pouco fora do radar da indústria, sei que eles tiveram necessidades de pessoal e re-solveram-nas no seu seio, ensinando e formando novos relojoeiros. Ou seja, aprendi que se pode mudar gente de marketing ou de finanças… mas nunca os relojoeiros – eles ficam colados ao solo onde estão.
ET: Foi Ferdinand Alexander Porsche, autor do design
do mítico Porsche 911 e criador do estúdio Porsche De-
sign em Zell am See, quem esteve por trás da criação
dos primeiros relógios Porsche Design e da compra da
Eterna em 1995. Ainda tem voz na condução das em-
presas?
PS: O Professor Porsche ainda anda por aí. Está a gozar a sua reforma bem merecida, trabalha um pouco menos, mas é a terceira geração que está a tomar conta do negócio. O que é bom é que
a família Porsche tem um background industrial e eles sabem que, se algo for feito hoje, as coisas po dem não estar completamente prontas ama- nhã. Essa compreensão ajuda no desenvolvimen-to da marca Porsche Design. A minha relação com a família é franca, falamos pelo menos uma vez por semana ao telefone, eles acreditam na marca – uma marca forte que, na relojoaria, tam-bém representa a paixão… senão nunca teriam comprado a companhia; sente-se a paixão deles e, assim, tudo se torna mais fácil. O melhor de tudo é o apoio incondicional e a filosofia: pode-se de-morar o dobro do tempo, mas mais vale fazer as coisas da melhor maneira. Os produtos Porsche Design não são mainstream nem têm uma filoso-fia mainstream – e o mesmo se aplica aos carros Porsche. O pensamento é o mesmo: são marcas exclusivas com distribuição selectiva.
ET: A Porsche Design não é uma marca mainstream,
mas o seu conceito de luxo contemporâneo e as suas
O primeiro cronógrafo totalmente negro
desenhado por F. A. Porsche em 1971
e as cé lebres braceletes em cauchú tão
carac te rísticas da Porsche Design.
50 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
ideias já podem ser encontradas em muitas marcas –
desde os novos materiais à adopção do preto sofisti-
cado, passando pela conotação com o automobilismo.
Como analisa a colecção actual?
PS: O Indicator é o ex-libris da marca e um produ-to tipicamente Porsche que está directamente ligado ao universo dos automóveis: temos os bo tões inspirados nos pedais, muitos pormeno-res de design e as complicações do mecanismo re querem dois meses de montagem a um relo-joeiro. É um produto especial porque nem todos o podem comprar e porque não temos relojoeiros suficientes para o montar. É um relógio que re-flecte a filosofia da Porsche Design – que sempre teve cronógrafos desde o início, relógios relacio-nados com a velocidade e a medição do tempo, ideias associadas aos carros Porsche e às corridas. O Worldtimer é um produto que não tem essa ligação directa ao carro, mas que reflecte, para o consumidor, a filosofia Porsche Design através de outras funções que não as habituais dos relógios Porsche Design, cujos primórdios remontam aos anos 70, com o lançamento de um cronógrafo preto sob a égide da Orfina. Até essa altura, era
a IWC que os fazia e eram todos cronógrafos… à excepção do modelo Ocean, que tinha um compasso. Com o Worldtimer, utilizamos uma função diferente do cronógrafo habitual – um relógio a integrar numa linha performance, que reflecte a filosofia de função. O Worldtimer não pretende destronar o Indicator – o Indicator é a obra-prima devido às suas especificidades únicas, como o cronógrafo em formato digital alimen-tado de maneira mecânica e um excepcional nível de complicação patenteado. É nesse ângulo que também queremos trabalhar o Worldtimer.
ET: Como caracteriza o Worldtimer, que, de facto, é um
relógio que se distingue na colecção Porsche Design?
PS: O Worldtimer parece um relógio fácil, uma vez que o segundo fuso horário é facilmente manejado através de um botão sem que o meca- nismo pare de funcionar, como sucede noutros modelos. Trata-se de um produto técnico de grande dificuldade e complexidade mecânica que foi desenhado precisamente para promover a facilidade de utilização. Também uma viatura Porsche parece de fácil utilização, porque só temos
de nos preocupar em fazer a revisão de 30 em 30 mil quilómetros, mas não vemos a comple xida- de mecânica porque está envolvida num design atraente. O Worldtimer está intimamente iden-tificado com a filosofia Porsche Design; mes-mo que o Indicator permaneça a obra-prima da colecção, o Worldtimer é igualmente uma mon-tra daquilo que somos capazes… sem sequer ne-ces sitar da habitual conotação com as corridas que os cronógrafos proporcionam.
ET: E o que se pode esperar mais da Porsche Design
num futuro próximo?
PS: Aqui tomamos o nosso tempo e testamos intensamente os nossos produtos para só então acharmos que estão prontos para serem apresen-tados. Este ano trabalhámos mais na tradicional linha Dashboard, que necessitava de algumas ac-tualizações no mostrador após cinco anos, e acho que o resultado é encorajador. Para mais, não queremos sobrecarregar os nossos parceiros com demasiadas novidades consecutivas. Na verdade, até tenho de travar um pouco o nosso departa-mento técnico: eles têm demasiadas ideias!
51Entrevista Patrick Schwartz
“Os produtos Porsche Designnão são ‘mainstream’ nem têm uma filosofia ‘mainstream’
– e o mesmo se aplica aos carros Porsche. O pensamento
é o mesmo: são marcas exclusivas com
distribuição selectiva”
Patrick Schwartz
As novas declinações do célebre Kontiki, da Eterna,
apresentadas em Basileia este ano, reforçam o
sen timento expresso por Patrick Schwartz de que o
grupo está a fazer todos os esforços para dar novo
fôlego a uma marca que é a “Bela Adormecida”.
A tradicional linha Dashboard recebeu também lu-
gar de destaque no leque de novidades apresen-
tada pela Porsche Design. Novos mostradores com
acabamento em favos de mel e um novo trata-
mento em DLC (Diamond Like Coating).
www.porsche-design.com
www.eterna.ch
40 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
A Auto-Quartzo reabriu em novas instalações e sob a batuta do mestre Pedro Ribeiro. Desde rápidos
‘serviços de enfermaria’ até ‘intervenções cirúrgicas’ mais complexas, a clínica do tempo
da Av. Almirante Reis, em Lisboa, está acessível a todo o tipo de relógios.
[ Reportagem ]
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia
Costuma dizer-se que um relógio é umaentidade viva – comparando-se frequentemente o seu mecanismo a um coração que, tal como sucede com os seres vivos, tem de estar continu-amente a trabalhar. E, como qualquer pessoa, também o relógio necessita de periódicas super-visões médicas para se aferir que tudo está a cor-rer bem…
Em Lisboa, (re)abriu uma clínica do tempo especializada e cada vez mais apetrechada para prestar todo o tipo de assistência médica para qualquer tipo de relógio – desde primeiros so-corros até à cirurgia plástica, passando por inter-venções cirúrgicas e trabalho de reconstrução. Há relógios que são mais simples e há instrumentos do tempo ultra-complicados, mas é necessário um conhecimento técnico profundo até mesmo para os check-ups mais simples. Desde a sua criação até ao momento em que uma peça é adquirida pelo consumidor, a sua assistência deverá ser sempre garantida através de equipas especializadas.
Consciente dessa realidade, o Grupo Torres inves tiu recentemente na melhoria do seu serviço de assistência técnica através do alargamento das instalações e do reforço da equipa de relojoeiros com um nome de destaque: Pedro Ribeiro, que as-sume o cargo de director técnico. Antigo aluno e depois professor da Escola de Relojoaria da Casa Pia de Lisboa, tem estado a leccionar nos últimos
anos em escolas relojoeiras suíças de referência e regressou a Portugal para abraçar a reestruturação da Auto-Quartzo – que assegura o serviço de as-sistência técnica de todas as marcas representadas pela Torres Distribuição e ainda algumas comer-cializadas directamente pela Torres Joalheiros. O investimento está a ter tão bem sucedido e a procura é tanta que a clínica está aberta somente a essas marcas; os outros pacientes terão de ter paciência, ou recorrer aos serviços pós-venda do importador da marca em questão.
MultidisciplinaridadeAs instalações da Auto-Quartzo no número 39 da Avenida Almirante Reis estão abertas ao pú-blico em geral, das 9 h 30 m às 18 h 30 m. No piso térreo, existem três salas de atendimento per-sonalizado ao público e há sempre um relojoeiro destacado para um diagnóstico inicial e resolução imediata de pequenas maleitas, como a substitui-ção de correias e braceletes, troca de fivelas ou de fechos de báscula, mudanças de pilha e até de vidro. O primeiro andar é para os serviços admin-istrativos e para o relojoeiro de piquete. O segun-do piso inclui a oficina principal de relojoaria com todo o staff especializado do serviço pós-venda e salas complementares (uma para todo o tipo de lavagens de caixas, braceletes e me ca nismos; outra para o polimento de caixas e braceletes).
Pedro Ribeiro: mestre da companhiaÉ o director técnico da Auto-Quartzo. Cumpre, neste
mês de Outubro, 39 anos e apresenta um currículo
relojoeiro digno de registo. Começou por fazer o
curso de formação na Escola de Relojoaria da Casa
Pia (quatro anos), depois foi para a Suíça adquirir o
Certificat Federal de Capacite de Horloger Rhabilleur
ao cabo de quatro anos e efectuou mais dois de
formação como restaurador de relojoaria antiga no
Museu Internacional de Relojoaria de La Chaux-de-
Fonds. Voltou ao país-natal para leccionar na Casa
Pia com os mestres Américo Henriques e Vítor Lopes
de 1993 a 2000; seguidamente embar cou num
projecto independente de reparação e restauro até
que foi novamente para a Suíça for mar relojoeiros de
todo o mundo no Wostep e na Esco la de Relojoaria
de Le Locle… até ao regresso a Portugal.
53Reportagem Auto-Quartzo
A equipa liderada por Pedro Ribeiro contem-pla sete relojoeiros (Luís Simão, Vítor Rosa, Víc-tor Serrão, Tiago Teixeira, Pedro Teixei ra, Luís Andrade) e o técnico de polimento (Hugo Mota). Alguns dos relojoeiros têm forma ção específica para determinadas marcas, mas as suas competên-cias são abrangentes e vão desde as interven ções mais banais em modelos simples até às reconstru-ções de vulto em altas complica ções. Mas, qualquer que seja a complexidade, é sempre necessário ter muito cuidado com a saúde do relógio.
Numa era em que o grande público se habi-tuou ao equivalente relojoeiro da fast food (reló-gios baratos de usar e deitar fora), aqueles que passam a adoptar relógios mecânicos podem con-si derar que não é necessária manutenção devi do à melhor qualidade desses relógios ou até que a assistência é desnecessária se não estiverem em andamento… mas essa ideia é errada – a esmaga-dora maioria dos relógios mecânicos precisa de uma revisão a cada três/quatro anos para manter todas as suas qualidades intrínsecas. A explicação é simples e pode ser sublinhada com uma ana-logia concreta: utilizado diariamente, um relógio mecânico funciona 24 horas por dia, enquanto um automóvel anda raramente acima das quatro horas diárias – pelo que os componentes de um mecanismo relojoeiro são muito mais solicitados do que os de um motor, que exige uma revisão periódica. Ou seja: mais do que ao motor de uma máquina, o mecanismo de um relógio deve ser comparado a um coração humano… que está em actividade permanente.
Sempre a bombarUm relógio mecânico que tenha uma frequência de balanço de quatro hertz (28.800 alternâncias/
hora) completa 1,26 biliões de semi-oscilações no espaço de cinco anos, podendo-se imaginar o trabalho que os componentes do mecanismo têm de executar para manter níveis de precisão eleva-dos. A fricção causada pelas peças em movimen-to produz pequenas partículas de pó metálico que têm de ser devidamente retiradas mediante uma limpeza periódica; para além disso, as peças têm de ser lubrificadas e as juntas verificadas para que se mantenha o seu papel na calafetagem e estan-quicidade do relógio.
As revisões podem ser efectuadas sensivelmen-te de dois em dois anos para o controlo da estan-quicidade e de quatro em quatro anos para uma revisão completa.
É claro que o serviço de manutenção periódi-co pode variar muito consoante as características do mecanismo. Os relógios de quartzo devem ser verificados para substituição da pilha e limpeza antes da colocação de uma nova bateria; os reló-gios mecânicos, de corda automática ou manual, requerem um processo mais moroso e delicado. Começa-se com a retirada do mecanismo da cai xa e o seu desmantelamento total para que cada peça seja inspeccionada e limpa com uma solução química ou através de uma máquina de ultra-sons; qualquer peça ligeiramente danificada é substituída por uma nova de origem. Depois passa-se à fase de lubrificação de todas as partes móveis do mecanismo e, seguidamente, à mon-tagem e regulação. Há igualmente um controlo estético, com o cuidadoso polimento da caixa e da fivela (ou fecho de báscula) ou a eventual subs tituição da correia. Finalmente, a fiabilidade e a reserva de marcha são testadas durante alguns dias – até que o relógio fica como novo e pronto para a entrega.
54 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Os sete mandamentosOs relógios tradicionais mecânicos devem ser regi-
dos por um certo número de conselhos que podem
pro mover o seu óptimo funcionamento – e são sete
esses ‘mandamentos’:
1. Se não usar um relógio mecânico diariamente,
dê-lhe corda pelo menos três vezes por semana,
de modo a manter as rodagens em movimento e
o óleo fluído.
2. Fazer sempre andar os ponteiros para a frente na
altura de acertar o relógio.
3. Evitar ajustar o calendário entre as 22 horas e as
2 horas, porque nesse período o mecanismo en con-
tra-se em fase de transição de data.
4. Nos relógios mecânicos de corda manual, dar
corda sempre na mesma altura do dia: a rotina é
boa para o mecanismo.
5. Nos relógios mecânicos automáticos que este jam
parados, nunca recorrer a abanões para colo car o
rotor em funcionamento; basta utilizar o proce di-
mento de um relógio de corda manual e dar cerca
de 30 voltas à coroa até começar a andar.
6. Fazer sempre uma revisão periódica (a cada três/
/quatro anos) para limpeza do mecanismo, verifica-
ção da impermeabilidade das juntas, mudança de
óleos ou eventual substituição de peças.
7. Recorrer sempre a agentes autorizados, já que
estão mais familiarizados com as especificidades de
cada marca.
O facto do trabalho de pós-venda ser efectua-do por relojoeiros devidamente certifi ca dos e es-pecializados justifica o preço, sem esque cer que cada revisão implica a desmontagem e mon tagem de todas as peças do relógio. Afinal de contas, com a saúde (do relógio) não se brinca…
55Reportagem Auto-Quartzo
Mecanismo relojoeiro: um esforço sobre-humanoOs relógios tradicionais mecânicos (de corda manual ou automática) são objectos de culto dotados de vida própria
– máquinas do tempo que executam tarefas de gigante ao longo de décadas ou gerações.
Algumas curiosidades:
• Num relógio mecânico com uma frequência de balanço de 28.800 alternâncias por hora, o escape permite à
engrenagem avançar 691.200 vezes por dia (24 horas) – o que faz com que, ao cabo de quatro anos, se ultra-
passem os mil milhões de impulsos transmitidos através do escape. Um esforço seis vezes superior ao efectuado
pelo coração humano.
• A espiral de um relógio mecânico é três a quatro vezes mais fina do que um cabelo humano, pesando cerca de
0,002 gramas e sendo capaz de suportar uma tensão de mais de 600 gramas sem partir (um cabelo partiria com
um peso de apenas 100 gramas). Uma espiral contrai-se e expande-se mais de 200 milhões de vezes por ano.
• A velocidade de oscilação do balanço de um relógio mecânico é equivalente à alcançada pelas rodas de uma
locomotiva que se desloque a uma velocidade de 90 km por hora.
A 3 de Março de 1969, a nata da imprensa es-pecializada é convocada para viver um momen to único: à mesma hora, num salão do Hotel Conti-nental de Genebra e no Copter Club do edifício da PAN-AM, em Nova Iorque, é apresentado ao mundo o primeiro cronógrafo de pulso com corda automática.Depois de quatro anos de intenso trabalho, sur-gia um calibre com micro-rotor, revolucionário, e que iria equipar modelos Breitling, Hamilton- -Buren e Heuer.
O extraordinário desenvolvimento micro- -me câ nico tinha saído dos ateliês de relojoaria e engenharia de Bienne, na Suíça. Isto num mo-mento em que a indústria se debatia com a es-tagnação nas vendas dos cronógrafos de corda
manual e se perfilava no horizonte um fantasma poderoso: o movimento de quartzo.
É no início dos anos 60 que Jack Heuer entra em acordo com o seu grande rival, Willy Bretil-ing. A aliança vai incluir, dentro de pouco tempo, Hans Kocher, director-técnico da Buren Watch S. A., e a Dubois-Dépraz S. A. De fora fica a Zenith, que também está a trabalhar num calibre cronógrafo automático. No Japão, de onde viria, dentro em pouco, a ofensiva maciça do quartzo, os gigantes Seiko e Citizen também estavam na corrida do cronógrafo automático.
O consórcio a quatro, iniciado em 1965, tem para o seu plano secreto um nome de código: “99”. Em 1966, os americanos da Hamilton Watch Company juntam-se na prática ao grupo,
ao ficarem com a maioria do capital da Buren. Na Primavera de 1968, são efectuados os primei-ros ensaios conclusivos e experimentados os pro-tótipos. Tinha nascido o calibre 11 “Chronoma- tic”, de 31 mm de diâmetro e 7,7 mm de altura. Mesmo em condições extremas, a sua precisão não estava longe da exigida aos cronómetros. (Nes ta altura talvez seja conveniente explicar uma confusão frequente entre cronómetro e cronó- grafo: o primeiro tem de obedecer a determi-nados requisitos de exactidão, mesmo em situa- ções extremas; o segundo tem a função suplemen-tar de medir tempos intermédios. Há cronóme- tros que não são cronógrafos e a maioria dos cronógrafos não exibe a qualidade de cronóme- tro certificado).
Havia qualquer coisa no ar. Os filhos da geração que tinha sobrevivido à II Guerra Mundial, do chamado
baby boom, entravam na adolescência e não se sentiam bem na realidade que lhes era imposta.
A verdade estava no vento, mas os mais velhos não queriam ouvi-la. E os tempos estavam a mudar,
quer se quisesse, quer não, como vaticinava um Bob Dylan febril. Na Relojoaria, o quartzo não iria
deixar pedra sobre pedra, apesar da resistência heróica da tradicional escola mecânica, que lançava
então os primeiros cronógrafos automáticos de pulso.
[ História ]
texto Fernando Correia de Oliveira
57História Maio de 68
Mas voltemos à saga “99”, consi de rada como um dos projectos in dustriais mais secretos que alguma vez ocorreu no sector relojoeiro. O acordo entre os parceiros estipulava que, depois de conseguido o calibre, cada um ia à sua vida. A Heuer lançou-se na batalha comer-cial com três modelos diferen-tes, o Autavia (“para aqueles a quem a vida e o gosto de aventura são apenas e só uma realidade), o Carrera (mais elegante, integrando uma escala taquimétri-ca que permitia a medição de velocidades médias) e o Monaco (o modelo mais avant-gard, equi-pado com a primeira caixa quadrada estanque). Em todos os modelos, a coroa estava situada no lado esquerdo da caixa. No mostrador, a inscrição “Chronomatic” vai figurar até 1970, seguindo-se depois “Automatic Chronograph”.
Quanto à Zenith, iria lançar pouco depois o mítico El Primero. Seria o primeiro cronógrafo automático capaz de medir intervalos de tempo até um décimo de segundo. Desenvolvido em 1969, e com o nome em Esperanto, pretendendo assim traduzir um espírito universalista, este cali-bre, que continua hoje em produção, tem como característica principal uma frequência de 36 000 alternâncias por hora. A sua exactidão permitiu- -lhe, desde o início, passar nos testes de cronome-tria do COSC (autoridade suíça independente
de controlo de cronómetros, que emite um certificado com o mesmo nome).
Quanto a um dos mais fa-mosos cronógrafos do mundo,
o Rolex Cosmograph Day-tona, lançado em 1961, ape nas em 1988 passaria a ter um calibre automático
(exac tamente o El Primero, da Zenith), e a partir de 2000
um da própria Rolex.Há 40 anos atrás e
para além da preocupação com um cronógrafo automático, as grandes manufacturas tenta-vam melhorar a estanquicida-de dos seus relógios. Enquan-to a Rolex lançava, em 1968, uma série de variações auto-máticas dos seus modelos Oys-ter Perpetual, a Jaeger-LeCoultre apresentava, no mesmo ano, o Memo-vox Polaris, relógio de mergulho cujo design ins-piraria em 2002 a linha Master Compressor (e que teve este ano uma reedição histórica).
Chegariam estes esforços da micro-mecânica para fazer sobreviver um sector ‘ameaçado’ pelo quartzo? Os relógios mecânicos quase iam mor-rendo; a Suíça, tradicionalmente na vanguarda, deixou-se ultrapassar pela ofensiva nipónica. Mas, desde há aproximadamente 20 anos, assis-tiu-se ao regresso do mecânico, gloriosamente e
em força, de novo com a Suíça a comandar. Mas, de 1968 a 1988, foram vinte anos muito difí-ceis… se não, vejamos:
Há precisamente 40 anos, o cantão suíço de Neuchâtel recebia de volta, e em festa, o seu mais ilustre ’cidadão’, o relógio atómico Oscilatom, fabricado pela principal empresa de então no sector, a Ebauches S. A., em colaboração com o Laboratório Suíço de Investigação Relojoeira, sediado na região.
O Oscilatom tinha partido no ano ante-rior, para uma viagem à volta do mun-
do ‘em oito milhões de segundos‘, num périplo que o levou a
Paris, Nova Iorque, Greenbelt (NASA), Washington, Ota-va, Montreal (onde decor-ria uma Exposição Mun-
dial), Hong Kong, Singapura, Tóquio, Manila e, finalmente,
de regresso a Neuchâtel.O Oscilatom era, à altura, o mais
preciso relógio do mundo, um exemplar atómico que levava consigo a célebre Hora do Observató- rio Astronómico de Neuchâtel, e que ia sendo com parada com relógios atómicos seus pares. Tra tado como um verdadeiro passageiro VIP, o Osci latom fez a sua volta ao mundo a bordo de aviões da Swissair (recentemente desaparecida), que lhe reservava sempre dois lugares.
Com esta iniciativa, a Suíça pretendia de- monstrar ao mundo que continuava na vanguarda
58 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
O mítico Daytona da Rolex. Peça emblemática que foi lançada após
esta evolução dos mecanismos mecânicos, nomedamente dos
cronógrafos. O El Primero também chegou a equipar este modelo
da Rolex.
Nikki Lauda, Jack Heuer e Clay Ragazzoni.
O envolvimento da TAG Heuer no desporto automóvel, nomeada-
mente na Fórmula 1, fazia-se ao mais alto nível e foram criadas
relações que ainda hoje se mantêm.
Desenho de estudo do “El Primero”, famoso movimento que viria
a equipar alguns dos mais famosos cronógrafos.
Em baixo: O El Primero e o Calibre 11 da TAG Heuer, que equipava
o primero Carrera Chrono
da medição do tempo, posição praticamente in-contestada em que se encontrava desde meados do século XIX, destronando a pouco e pouco as duas anteriores potências do Tempo: a Inglaterra e a França. Mas os tempos estavam a mudar…
No 28.º Salão de Relógios e Jóias de Gene-bra, noticiava em 1968 a revista Belora, a tendên-cia era para «o relógio grande, até mesmo quase gigante», na forma predominava «o oval ou o quadrado arqueado», nos mostradores, as cores dominantes eram o azul ou o cinzento. Mas a grande feira do sector era a que se realizava em Basileia, que, em 1968, ia na sua 38.ª edição e que hoje continua a liderar à escala global, agora com o nome de Baselworld.
A Suíça, que em 1968 detinha cerca de meta-de da produção mundial, em termos de valor, era de longe o maior fabricante e exportador, com as suas marcas a serem as de maior prestígio. A seguir, vinham a União Soviética (onde a in-dústria de relojoaria fazia parte do estratégico e secreto Complexo Industrial Militar), o Japão e os Estados Unidos, que, em conjunto, represen-tavam 35 por cento da produção mundial. Mas, enquanto a Suíça exportava praticamente tudo o que produzia, os outros três consumiam pratica-mente todos os relógios que fabricavam. Mesmo assim, um país despontava no horizonte como exportador: o Japão, que já tinha à sua conta seis por cento do mercado.
O Jornal Português de Economia e Finanças fazia, numa das suas edições de 1968, uma análise
59História Maio de 68
do sector relojoeiro mundial, fazendo notar a onda de fusões a que se estava a assistir no te-cido empresarial helvético, de que a concentração Movado / Zenith era o exemplo mais recente.
Tudo isto porque já apareciam nuvens no hori-zonte – falta de liquidez, concorrência nipónica em relógios baratos e em métodos de produção inovadores. Todo este fenómeno de adaptação da indústria iria ter como pano de fundo o reló-gio de quartzo. Uma história que já tinha alguns anos, mas que estava agora finalmente a chegar à boca de cena, ao consumidor final.
O cristal de quartzo é usado na relojoaria de vi do às suas propriedades piezoeléctricas. O efeito piezoeléctrico foi descoberto em França, em 1880, pelos Curie. Bombardeado um cristal de quartzo por uma carga de uma determinada frequência, ele vibra de forma constante, poden-do assim ser usado como órgão oscilador (em vez
do pêndulo ou do balanço-espiral empregues na relojoaria mecânica), dando uma precisão muito superior ao relógio.
Em finais de 1949, a Ebauches S. A. tinha criado um departamento a que deu o nome de Oscilo-quartzo, dando continuidade a trabalhos de investigação levados a cabo pelo Professor E. Baumannn na Escola Politécnica Federal, com o apoio da empresa. No ano anterior, tinha apare-cido na exposição marcando o 100.º aniversário da República e Cantão de Neuchâtel o primeiro relógio de quartzo de fabricação suíça e um dos primeiros fabricados na Europa. Esse relógio foi posto ao serviço do Observatório de Neuchâtel e um outro exemplar semelhante foi fornecido aos Correios e Telégrafos Suíços, destinado à sua es-tação de recepção e medição de Châtonnnaye.
A Ebauches S. A. produzia anualmente mais de 41 milhões de “ébauches” (movimentos ou
calibres base, por acabar), fornecendo só por si mais de 60 por cento das necessidades do mer-cado suíço de relojoaria e mais de 30 por cento do mercado mundial.
Em 1961 a Ebauches S. A. deposita no Obser vatório de Neuchâtel o seu primeiro cro-nó metro de marinha, de quartzo. A miniaturiza-ção avançava. Em 1966, aparecem os protótipos de pulso Beta 1, da Ebauches S. A., e o X-8, da Seiko. Nesse ano, Eiichi Yamada, o presidente da Seiko (segundo maior fabricante nipónico, atrás da Citizen), previa que o Japão seria, dentro de cinco anos, o maior fabricante mundial de relógi-os. Iria acertar Acertiu. Há 40 anos, fabricavam-
se cerca de 135 milhões de relógios no mundo, dos quais 52,5 milhões na Suíça.
Em 1967, o Centre Electronique Horloger (CEH), de Neuchâtel, desenvolvia aquilo que se considera ser o primeiro movimento de quartzo para relógio de pulso comercial, o célebre Beta 21. Na mesma altura, no Japão, a Seiko desen-volvia o mesmo projecto, e ainda hoje se discute a primazia na invenção de um objecto que iria transformar radicalmente a realidade da indústria relojoeira mundial.
De qualquer modo, em finais de 1969, a Seiko lançava no mercado o Astron 355Q, en-quanto o Beta 21 tardava em aparecer ao público,
pelo menos em quantidades suficientes e a preços competitivos para um consumidor sedento de relógios mais fiáveis e mais baratos (começou a ser comercializado em 1970, nos Estados Unidos, sob a marca Pulsar, e apenas mil exemplares).
De qualquer modo, no filme Vive e Deixa Morrer, nesse mesmo ano, o agente secreto britânico James Bond, 007, ostenta no pulso um Beta 21, cujo ecrã de diodos electroluminescentes se activa mediante o carregar de um botão. Os espectadores murmuram de admiração, a pilha sofre uma descarga imensa… mas, mesmo assim, terá sido a última e efémera vitória do quartzo suíço face ao ‘inimigo’ nipónico.
60 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Há 40 anos, manifestações estudantis ocorriam no México, na Polónia, na Jugoslávia,
na Alemanha. Maio, em França, tinha feito com que os sonhos se soltassem debaixo
das pedras da calçada. A Primavera de Praga iria ser esmagada pelos tanques do Pacto
de Varsóvia, comandados por Moscovo e com o apoio expresso do Partido Comunista
Português, Robert Kennedy e Martin Luther King eram assassinados. O mundo estava
em brasa.
Em Portugal, o ano de 1968 começava também com manifestações estudantis, em
Lisboa e no Porto, contra a presença norte-americana no Vietname e contra a guerra
colonial que Lisboa mantinha em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Mário Soares era preso e deportado para São Tomé e Príncipe, Salazar comemorava em
Abril 40 anos no poder, mas em Agosto caía da cadeira e, com o seu estado de saúde a
agravar-se, é substituído em Setembro à frente do Governo por Marcello Caetano.
Nesse ano, dá-se num país parado, isolado, pacóvio e pobre um evento de que ainda
hoje se fala: Antenor Patiño, magnata do estanho, organizou uma festa na sua quinta
em Colares, para a qual convidou a «fina-flor da alta sociedade internacional». Portugal
ficou de boca aberta perante tanta gente rica e bonita.
Na fugaz Primavera Marcelista, Mário Soares é autorizado a regressar, mas o ano termina
com vigílias de católicos contra a política africana do Governo e com o encerramento do
Um modelo de Quartzo da Patek Philippe
e respectivo mecanismo. Mesmo um dos
maiores gigantes da relojoaria mecânica
suíça fez uma incursão no mundo dos
relógios de quartzo. A sobrevivência da
marca assim o ditou.
61História Maio de 68
A guerra dos relógios de quartzo passava há 40 anos pelos concursos de cronometria, sendo os mais famosos os realizados nos observatórios de Neuchâtel ou de Besançon (França). Há 40 anos, os helvéticos cilindravam os nipónicos, obtendo os dez primeiros lugares em termos de precisão. Mas isso não chegaria para vencer as próximas batalhas, nem muito menos a guerra…
Num dos seus números de 1968, a revista Europa Star, um título que ainda hoje existe e que é um dos mais respeitados entre os da imp-rensa relojoeira especializada, publicava um ar-tigo de um tal J. Hanhart, onde se vaticinava que os movimentos electrónicos iriam, num futuro mais ou menos breve, suplantar os movimentos mecânicos.
As primeiras tentativas de colocar no pulso um relógio electrónico fizeram-se nessa época com o revolucionário Acutron, da Bulova. Trat-ava-se de um relógio eléctrico, movido a pilha, e onde o órgão oscilatório era um diapasão. Esse relógio, extremamente preciso, se comparado com os relógios mecânicos, não chegaria a vingar – pelo preço, elevado, e pela chegada maciça dos relógios de quartzo.
Rémy Chopard, engenheiro da Ebauches S. A., escrevia em 1968 um artigo interessante,
interrogando-se sobre os resultados obtidos pe-los relógios de pulso que iam a concurso nos ob-servatórios, autênticos protótipos. Seria que es-sas iniciativas teriam qualquer valor do ponto de vista industrial?
Ele fazia o paralelo com a indústria automó- vel, onde os desenvolvimentos nos carros de com-petição chegavam, mais cedo ou mais tarde, aos carros de série. «É necessária uma grande pre-cisão para um relógio corrente?», interrogava-se o técnico. «É frequente ouvir observações como esta: ‘para mim, o segundo não tem interesse, basta que o meu relógio esteja certo ao minuto’».
Mas talvez, quem faz tal observação se queixe ao seu relojoeiro, dizendo que o seu relógio já não está certo ao fim de um mês de marcha, «esque-cendo-se que um minuto por mês não representa mais do que uma variação de dois segundos por dia», sublinhava.
E prosseguia, agora claramente na defesa do relógio do quartzo: «Se se disser ‘o vosso relógio não variará mais de 0,15 de segundo por dia’, não haverá qualquer reacção contra este elemento de precisão; mas se, pelo contrário, se disser: ‘não será preciso acertar o vosso relógio electrónico senão uma vez por ano, quando se mudar a pilha, e du-rante esse lapso de tempo ele não variará mais
de um minuto’, esse relógio terá, certamente, um grande êxito; e, contudo, a precisão exigida é a mesma».
A revolução do quartzo foi tão grande que, em 1968, o Observatório de Neuchâtel suspen-deu os concursos de precisão para relógios de pulso. Os relógios de quartzo tinham batido no ano anterior todos os recordes, obtendo classifi-cações de precisão 12 vezes superiores aos mel-hores mecânicos e seis vezes superiores aos tipo Acutron (com oscilador eléctrico, de diapasão). Dizem as más-línguas que os concursos de pre-cisão foram suspensos quando os suíços viram que os japoneses iriam passar a ganhar tudo…
Depois, foi o descalabro. A indústria suíça foi caindo no declínio, mercê da feroz competição japonesa, que fornecia os mercados com milhões de relógios de pulso baratos, fiáveis. As falências iriam suceder-se, o desemprego afectaria dezenas de milhares de operários especializados, a agonia iria prolongar-se, adivinhando os observadores uma morte final. Só que vinha aí um fenómeno helvético, também ele baseado na tecnologia do quartzo e, há precisamente 25 anos, a indústria suíça de relojoaria começaria a dar os primeiros passos para um renascimento, qual Fénix me-cânica. Mas isso já é outra história.
Instituto Superior Técnico, em Lisboa, por o regime o considerar como local de subversão.
A Academia de Lisboa decretava o luto académico.
E, em termos de relojoaria, o que se passava em Portugal há 40 anos? Desde logo,
a importação e o retalho debatiam-se com um problema endémico, provocado por
fronteiras fechadas e direitos aduaneiros demasiado elevados: o contrabando. O país
estava inundado de relógios de pulso Cauny, uma marca que nunca chegou sequer a
ter representação oficial. Depois, o sector debatia-se com outro mal endémico: a falta
de formação profissional. A Escola de Relojoaria da Casa Pia, que tinha sido fundada em
1894, mas que nunca funcionara regularmente, estava aberta desde 1950 sob direcção
de mestres suíços, mediante um acordo entre Portugal e a Indústria Relojoeira Helvética.
Em 1968, ela era dirigida pelo mestre suíço Jean-Pierre Delay, que ia fazendo o que
podia, formando relojoeiros e dando cursos de formação por todo o país.
A Belora, título especializado que se manteve décadas sozinho no mercado, falava em
1968 da guerra que houve quando os relojoeiros foram incluídos no Regulamento de
Carteira Profissional dos Oficiais de Ourives e Ofícios Correlativos. Apesar dos protestos,
os relojoeiros não conseguiram uma Carteira Profissional à parte.
Um ano antes tinha decorrido em Lisboa, no Hotel Ritz, uma ‘Jornada do Relógio Francês‘,
e onde esteve exposto ’o relógio mais complicado do mundo‘, o exemplar de bolso L1,
da firma Le Roy, uma encomenda do milionário português Carvalho Monteiro, peça que
hoje se encontra no Museu do Tempo, em Besançon.
No mercado nacional, onde os relógios de bolso estavam a desaparecer rapidamente do
uso quotidiano – as ‘cebolas‘ – o relógio de pulso começava a chegar a camadas mais
desfavorecidas da população, mas apenas os tais exemplares de contrabando, e numa
altura em que um relógio ainda era um investimento de vulto, para ser estimado e
usado toda a vida, e deixado em herança…
Os relógios de quartzo ainda não tinham aparecido em 1968 no mercado nacional,
havia apenas exemplares de corda manual (os relojoeiros queixavam-se dos maus
tratos do utilizador luso, que partia cordas atrás de cordas, talvez por excesso de força),
automáticos (demasiado caros para o comum dos cidadãos), alguns electrónicos, tipo
Bulova Acutron.
Para fintar a Alfândega, importadores compravam calibres na Suíça e fabricavam em
Portugal caixas em ouro para esses movimentos, pois os direitos aduaneiros para metais
preciosos eram proibitivos. Em artigo publicado em 1969, a Belora perguntava: «Vai
aparecer no mercado o relógio de pulso de quartzo?». Ia, de facto, aparecer, e em força.
Conseguindo colocar relógios no pulso de gente que nunca julgara ter dinheiro para isso.
Era a democratização do tempo, mesmo em Portugal.
Dois anúncios da Jaeger-LeCoultre e um outro da Rolex.
Capitalizando a evolução da relojoaria mecânica, com a criação
do cronógrafo automático e querendo reagir face ao quartzo a in-
dústria relojoeira suíça nunca abandonou a sua alma: a relojoaria
mecânica.
Os responsáveis da Porsche Design já habituaram os
seus convidados a um tratamento VIP nestas acções
com a imprensa.
[ Reportagem ]
Para se saber se um determinado design teve sucesso, é preciso esperar pela prova
do tempo. Se as suas formas são perenes, se resiste a modas e gostos passageiros, eis ‘o objecto’.
Numa sociedade cada vez mais voltada para o ‘usar e deitar fora’, há poucos assim. O Porsche 911 é,
porém, um deles – um ícone do século XX. Fomos conhecer o espírito por detrás da forma.
63Reportagem Porsche Design Studio
texto Fernando Correia de Oliveira | Zell am See, Áustria
Coração dos Alpes austríacos. No discreto relógio de sol de uma das torres do Schloss Prielau, a sombra do gnómon marca um pouco para lá das 9h00. Feitos os descontos, transportados do tempo natural para o tempo dos humanos, a nossa aventura começa cerca das 10h30. Cá em baixo, alinhados para o desafio, 12 exemplares do que há de mais mítico no que respeita a carros desportivos. Os motores roncam e o rally Porsche Design vai começar. Os Alpes austríacos e as suas estradas sinuosas são o quadro perfeito.
O Schloss (castelo) Prielau remonta a 1492 e é hoje propriedade da família Porsche, que nele instalou um hotel e um restaurante de luxo, rodeados por um parque com árvores centená- rias. Deixemos para trás a tradição e, durante um dia, experimentemos as potencialidades dos vá rios modelos Porsche, distribuídos ao grupo de jornalistas, entre eles a equipa da Espiral do Tempo. Nas paragens obrigatórias, apreciámos ou tras máquinas tão admiráveis quanto eles – os relógios Porsche Design, instrumentos de design
apurado, premiados pelo seu equilíbrio, sentido estético e fiabilidade.
A família Porsche adquiriu a fábrica suíça Eter na e é esta manufactura relojoeira, cheia de história, quem equipa os relógios Porsche Design nos seus modelos Dashboard, World Timer ou Indicator. Se o coração mecânico está na helvética Grenchen, o fato feito à medida é criado em Zell am See. Um dos mais famosos estúdios de design do mundo abre-nos as suas portas e a forma ganha conteúdo, seja num par de ténis, num cachimbo,
64 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Os acessórios Porsche Design vão ganhando im-
portância estratégica dentro da gama de produtos da
marca. A aceitação do público é um dos factores de
motivação para a continuidade da aposta.
“Todos os produtos que saem do estúdio de Zell am See se caracterizam por linhas claras e funcionais, escolha cuidadosa
de materiais e alta qualidade de acabamentos, combinando
tradição com tecnologia da mais avançada”
Roland Heiler
numa raquete, num canivete ou numa torradeira. É um edifício composto por duas partes, uma mais moderna, mas sem sobressair de forma alguma de entre os outros do quarteirão. «Muitos clientes ja poneses vêem-se aflitos para nos encontrar», brin ca Roland Heiler, Director Executivo do Estúdio Porsche Design. «Até nisto o nosso estilo se declara – sóbrio, depurado».
O estúdio Porsche Design foi fundado em Es tu garda, em 1972, por Ferdinand Alexander Porsche. Dois anos mais tarde, as instalações são transferidas para Zell am See, na Áustria, onde a família tinha, desde há longos anos, uma ligação (durante a II Guerra Mundial, as crianças Porsche refugiaram-se no campo, como muitas outras, para fugir aos perigos dos bombardeamentos, e ficaram instaladas numa quinta que ainda hoje lhes pertence e onde Ferdinand mantém a sua co-lec ção de carros antigos).
Ferdinand Alexander Porsche, nascido em 1935, em Estugarda, iniciou a carreira em 1958, na fábrica de automóveis Porsche que o avô (in-ventor do Volkswagen Carocha) e o pai tinham fundado. Nos anos 60 desenhou o célebre Porsche 911, para além de outros carros desportivos. Foi quando a família decidiu abrir o capital da Porsche ao público e retirar-se da Administração da empresa que Ferdinand Alexander Porsche fundou a sua própria companhia.
A pequena localidade de Zell am See fica situada nas margens do lago Zeller, bem no coração dos Alpes austríacos, a 180 quilómetros de Munique. Desde 1974, Ferdinand Alexander Porsche, rodeado de uma vintena de criadores, tem desenhado acessórios clássicos para homem, como relógios, óculos de sol e instrumentos de escrita, vendidos em todo o mundo sob a marca Porsche Design.
65Reportagem Porsche Design Studio
Os esboços do departamento criativo e uma das
novas declinações para o Dashboard apresentadas
em Basileia este ano.
A nova boutique da Porsche Design no aeroporto
de Munique, um espaço requintado mas ao mesmo
tempo moderno que apresenta no mesmo espaço
toda a gama de produtos da marca.
Paralelamente, a equipa por ele liderada de se-nhou uma imensa quantidade de produtos in dus-triais, aparelhos domésticos e artigos de uso diário para uma série de clientes de renome internacio- nal, incluindo carruagens de transportes públicos para Viena. Em ambiente descontraído e familiar, os cer ca de 20 criativos do estúdio usam, hoje, o ecrã do computador para desenhar e simular a três dimensões os objectos que vão criando. A única prancha de desenho tradicional que actualmente existe no estúdio da Porsche Design está no gabinete de Ferdinand Alexander Porsche, onde ele ainda vai com regularidade, embora tenha cedido ao filho, Ferdinand Oliver Porsche, a sua posição na Administração.
Todos os produtos que saem do estúdio de Zell am See caracterizam-se por terem linhas claras e funcionais, pela escolha cuidadosa de materiais e
pela alta qualidade de acabamentos, combinando tradição com a mais avançada tecnologia.
Há sete boutiques Porsche Design e 21 lojas em franchising (na Alemanha, na Suíça, na China, na Grécia, no Japão, no Koweit, no Lí- bano, na Malásia, no Vietname, na Tailândia, nos Emirados e na Rússia).
Se os relógios Porsche Design são fabricados na Eterna, ficando pois a produção ‘em casa’, os restantes produtos da marca são licenciados aos melhores especialistas dos respectivos ramos, como a Poggenpohl no caso das cozinhas, da Bosch ou da Siemens no dos electrodomésticos, da Adidas no calçado desportivo, da Faber- -Castell quanto a instrumentos de escrita.
Nos últi mos objectos a saírem do estúdio da Porsche Design inclui-se um telemóvel esculpido num bloco de alumínio (operado em França pela
Sagem) ou frascos de perfumes com uma mistura de essências, desenvolvida pela Clarins.
Enquanto designer, Ferdinand Alexander Porsche é tido como um dos expoentes da escola ‘fun cionalista’. Segundo ele, «o design deve ser funcional, e essa funcionalidade deve ser vi sual-mente transformada numa criação estética – sem artifícios que tenham que ser explicados pri-meiro».
O purismo das peças Porsche Design exige autenticidade e desmascara qualquer coisa desne-cessária e supérflua. De novo, a palavra a F. A. Porsche: «Um produto harmonioso não precisa de adornos; a sua forma, e apenas ela, deve fazê--lo sobressair». A forma deve ser clara na sua apresentação e não deve distrair o produto e res-pectiva função. «O bom design deve ser ho nesto», defende.
RolexGMT Master II [68]
Audemars PiguetRoyal Oak Dual Time [70]
ChopardMille Miglia GT XL GMT [72]
Franck MullerMaster Banker Lune [74]
GrahamGrand Silverstone Black Racer [76]
Jaeger-LeCoultreReverso Squadra Hometime [78]
Raymond WeilNabucco GMT [80]
FortisB-42 Diver GMT [82]
LaboratórioGrand Carrera GMT [84]
PerfilTorres Joalheiros [88]
67Espiral do Tempo 30 GMT
Aqueles que estão constantemente em movimento ou comunicação já se
aperceberam das dificuldades em efectuar cálculos imediatos para deter-
minar as diferentes horas em distintos locais do globo – para mais havendo a
necessidade de calcular se a ‘outra’ hora é diurna ou nocturna, de modo a não
interromper o sono de outrem ou saber o horário de funcionamento dos vários
mercados financeiros. E mudar para um diferente fuso num relógio normal requer
bom toque e boa memória, porque é necessário pará-lo; já os relógios com múlti-
plos fusos horários resolvem o problema com o recurso a métodos mais ou menos
aperfeiçoados e de fácil leitura.
Foi a partir de 1880 que o conceito do engenheiro canadiano Stanford Fleming –
de criar um tempo universal baseado no tempo solar e dividindo o globo em 24
fusos horários – começou a acolher gradual aceitação; a ideia consistia em acres-
centar uma hora por cada 15 graus de longitude, começando a partir do zero no
meridiano de Greenwich: em cada um desses fusos apenas uma hora prevaleceria
e atravessar uma zona de tempo para outra implicava que os relógios fossem
adiantados ou atrasados em uma hora.
A partição oficial do mundo constituiu um desafio para os relojoeiros, que se
lançaram na concepção de mecanismos. Nos anos que se seguiram à adopção do
Tempo Universal Coordenado assistiu-se à proliferação de exemplares que incor-
poravam dois calibres num mesmo relógio, embora a exiguidade de espaço nos
modelos de pulso dificultasse então a viabilidade do produto final e os mecanis-
mos tivessem de ser constantemente acertados devido à disparidade de funciona-
mento entre ambos. A melhor solução para poupar espaço e ganhar precisão foi
desenvolver uma complicação adicional para o calibre de base.
Os mais simples mecanismos de múltiplos fusos horários indicavam a hora de
duas diferentes localidades com o recurso a dois ponteiros – para a hora de origem
(ponto de partida) e a hora do destino (ponto de chegada). Em 1935, o relojoeiro
genebrino Louis Cottier inventa para a Patek Philippe um engenhoso dispositivo
de apresentação do tempo universal que permitia indicar a hora simultaneamente
em diversas cidades do mundo através de um disco comandado por uma segunda
coroa, mas a complicação worldtimer faz-se pagar cara…
Complicações simples
O sistema relojoeiro de complicação mais simples é apelidado de GMT (Greenwich
Mean Time) e possibilita a visualização imediata de dois fusos horários através de
dois ponteiros das horas a partir do centro – o ponteiro principal e um suplemen-
tar, geralmente com leitura sobre uma escala de 24 horas situada na luneta ou no
mostrador. É uma tipologia que não requer grande apuro técnico e está presente nas
colecções da maior parte das casas relojoeiras. O procedimento é simples: o ponteiro
principal das horas pode ser alterado para o tempo local no destino, mantendo-se o
ponteiro secundário com o tempo de origem na escala de 24 horas.
Outro sistema popularizado apresenta um submostrador com um segundo fuso (sis-
tema Dual Time) – por vezes com um único ponteiro das horas, outras vezes com
ponteiros das horas e dos minutos. Na maior parte dos casos, só se consegue ajustar
o ponteiro das horas porque o dos minutos está sincronizado com o ponteiro prin-
cipal dos minutos... mas há casos em que ambos os ponteiros são independentes,
dando muito jeito em fusos horários tão bizarros como os da Índia ou do Nepal.
Se a revolução dos transportes forçou à divisão do globo em meridianos horários no século XIX, a revolução das comunicações transformou o planeta
numa mera aldeia global. Desde cedo que a indústria relojoeira aceitou o desafio de ajudar a resolver a charada dos fusos múltiplos e actualmente o
viajante moderno pode confiar em elegantes instrumentos do tempo para atravessar o mundo – fisicamente ou virtualmente.
Companheiros de viagem
Em Foco Oyster Perpetual GMT-Master II Rolex
Idealizado em 1955, o Oyster Perpetual GMT-Master é o relógio do viajante por excelência e o primeiro
com um segundo ponteiro das horas ajustável independentemente a partir da coroa. Foi concebido pela Rolex
em parceria com a companhia aérea Pan- Am no advento da era do jacto – sendo inicialmente usado apenas por
pilotos para logo depois ser adoptado por intrépidos aventureiros e acabar por se transformar num instrumento
de culto para as massas, com a sua inconfundível escala bicolor de 24 horas na luneta (azul escuro para indicar a
noite, vermelho para o dia). Nos últimos anos, a Rolex tem vindo a reactualizar os seus modelos mais iconográ-
ficos – e aproveitou as Bodas de Ouro do GMT-Master II para lançar uma luxuosa versão comemorativa em ouro
que antecipou as melhorias programadas para o modelo regular. Desde o início da segunda metade do século
transacto que a aparência dos relógios mais conhecidos da Rolex parece a mesma, mas esse é precisamente
um dos segredos do sucesso da marca: a evolução na continuidade, mantendo as principais linhas estruturais e
renovando-as de modo praticamente imperceptível.
Caixa forte
A característica robustez da caixa (de 40 milímetros de diâ-
metro e protectores laterais) foi embelezada com a suaviza-
ção das arestas e a adopção de uma coroa mais manejável,
enquanto a bracelete Oysterlock estreia os novos elos maciços
e um sistema aperfeiçoado de fecho de segurança com dis-
positivo de extensão rápida. O vidro de safira ostenta a ha-
bitual lupa Cyclops sobre a janela da data; o fundo de rosca
e o sistema Triplock na coroa permitem uma estanquicidade
até 100 metros.
Nova luneta bidireccional
Uma das mais recentes novidades no GMT-Master II consiste
no novo material adoptado para a luneta bidireccional de 24
horas que também pode servir para calcular um terceiro fuso
horário: a cerâmica, resistente aos raios ultra-violeta e à prova
de risco. Os algarismos são gravados. A luneta do anterior mo-
delo era bi-color como indicação de noite/dia.
Coroa de um soberano
Desenvolvida pela Rolex para os seus modelos profissionais, a
coroa Triplock aguenta profundidades superiores às da maior
parte dos submarinos e a sua complexa concepção assenta
em mais de dez peças e três juntas diferentes – que garantem
uma perfeita inviolabilidade perante pressões aquáticas supe-
riores a meia tonelada por centímetro quadrado.
Ficha técnica
Oyster Perpetual GMT-Master II
Rolex
Referência: 116710 LN
Dimensão: 40 mm
Caixa: Ouro amarelo de 18 quilates.
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento: Mecânico de corda automática,
calibre Rolex 3186.
Funções: Horas, minutos, segundos, data,
luneta rotativa e 2.º fuso horário.
Estanquicidade: 100 metros.
Braceletes: Ouro amarelo de 18 quilates
com fecho de báscula.
Preço: 5.440 euros
Depois da difícil decisão de fazer a transição no modelo GMT mais
emblemático das últimas duas décadas,
visando a modernidade dos gostos actuais,
a Rolex atingiu o seu objectivo de manter um
“best seller”. Relógio de maiores dimensões,
escala rotativa em cerâmica e nova pulseira
com fecho inovador são apenas alguns dos
novos atributos desta maravilhosa peça.
Paulo TorresTorres Joalheiros
68 Espiral do Tempo 30 Em Foco
Mostrador característico
Disponível em branco, azul ou preto, o mostrador do
Dual Time assume o habitual padrão quadriculado
Grande Tapisserie omnipresente na colecção Royal
Oak e que oferece uma noção de tridimensionali-
dade ao conjunto. Os indicadores têm facetas dou-
radas para um discreto toque de luxo suplementar.
71Espiral do Tempo 30 Em Foco
Em Foco Royal Oak Dual Time Audemars Piguet
Os progressos da aviação banalizaram as viagens intercontinentais efectuadas num ápice; a definitiva
globalização das comunicações, dos meios audiovisuais e da actividade financeira no século XXI implica uma
constante interactividade multinacional de exigências imediatas que requer uma absoluta mestria do tempo.
Fazendo jus ao seu estatuto de manufactura de referência, a Audemars Piguet esteve sempre na vanguarda
dos mecanismos dotados de múltiplos fusos horários. Um dos seus modelos vocacionados para o viajante do
tempo é o Dual Time – um elegante relógio desportivo de luxo em aço com o inconfundível código genético da
mítica colecção Royal Oak, lançada em 1972 e que desde logo revolucionou o panorama relojoeiro. O Royal Oak
Dual Time afigura-se como um companheiro ideal para os jet-setters com estilo: o seu prestígio dá-lhe classe
em qualquer circunstância e como complemento especializado apresenta um segundo fuso horário em dois
ponteiros e indicação dia/noite; para além disso, inclui um indicador de reserva de corda e um submostrador
com data analógica.
Detalhes de um ícone
Os parafusos hexagonais – tradicionalmente em ouro nos
modelos mais ‘clássicos’ da linha, como o Dual Time – que
seguram a luneta octogonal à estrutura de base da caixa são
essenciais no código genético da família Royal Oak. Outro por-
menor incontornável: as superfícies da caixa e da bracelete
alternadamente polidas e escovadas.
Motor de excepção
O Royal Oak Dual Time está equipado com o calibre automático
de manufactura 2329/2846, alimentado por um rotor perso-
nalizado em ouro de 21 quilates e finamente decorado (Côtes
de Genève, perlage, anglage) nos ateliers da secular manu-
factura de Le Brassus. Este modelo já existe numa nova versão
em ouro rosa acompanhada de correia em pele de crocodilo.
Vocação de viajante
Um submostrador com ponteiro das horas e dos minutos
referente a um segundo fuso horário é o complemento prin-
cipal do Royal Oak Dual Time, mas faz-se acompanhar de
outras funções úteis: um indicador dia/noite acoplado, um
manómetro que indica a reserva de corda e a data noutro sub-
mostrador analógico.
Ficha técnica
Royal Oak Dual Time
Audemars Piguet
Referência: 26120ST.00.122OST.01
Diâmetro: 39 mm
Caixa: Aço e parafusos da luneta em ouro.
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento: Mecânico de corda automática
Calibre 2329/2846 com rotor em ouro de 21
quilates.
Funções: Horas, minutos, 2.º fuso-horário com
indicação dia/noite, data e reserva de corda.
Estanquicidade: 50 metros.
Bracelete: Aço com fecho de báscula.
Preço: 13.990 euros
É um dos mais notáveis conceitos relojoeiros colocado à disposição
do cidadão do mundo. O notável assinalar
da hora local e simultaneamente a hora de
uma qualquer cidade do mundo. O aliar da
informação 24h, indicação dia/noite, assim
como a apresentação da reserva de corda e
da data, tudo no mostrador do inconfundível
Dual Time, apresentado no lendário formato
octogonal Royal Oak da Audemars Piguet.
José FariaRelojoaria Faria
O tamanho conta
As novas caixas da gama Mille Miglia apresen-
tam um diâmetro de 44 milímetros com protec-
ções laterais da coroa e uma lupa sobre a data
no vidro de safira anti-reflexo. Um anel interior
com a escala dos minutos aumenta a noção de
tridimensionalidade num mostrador estilizado
com elementos gráficos desportivos e o incon-
fundível logótipo Mille Miglia.
73Espiral do Tempo 30 Em Foco
Em Foco Mille Miglia Gran Turismo XL GMT Chopard
Criada em 1988 na sequência da parceria estabelecida entre a Chopard e o rali nostálgico que reedita
a lendária corrida transalpina de mil milhas (Bréscia-Roma-Bréscia), a colecção Mille Miglia não tem parado
de crescer. De início, a marca genebrina editava anualmente um instrumento do tempo comemorativo com a
assinatura Mille Miglia que gerava sempre enorme entusiasmo entre os saudosistas das viaturas clássicas e os
aficionados da bela relojoaria tradicional; afinal de contas, relógios e automóveis provocam paixões semelhan-
tes nos adeptos da bela mecânica, sobretudo quando existe uma associação histórica de contornos míticos!
O sucesso foi tal que a Chopard passou a conceber mais do que um modelo por ano. O Gran Turismo XL GMT,
com o seu segundo fuso horário num ponteiro suplementar ao centro, é um dos relógios introduzidos em 2008
e actualmente o conceito Mille Miglia estende-se a uma gama de acessórios (canetas, botões de punho, óculos,
marroquinaria) inspirados na textura da inconfundível bracelete de borracha.
Uma bela máquina
A original representação gráfica do globo e um pequeno pon-
teiro ao centro numa escala de 24 horas permite a leitura de
um segundo fuso horário. Debaixo do mostrador funciona o
maior calibre automático do mercado: o mecanismo Valgran-
ges, com 46 horas de reserva de marcha e certificado de pre-
cisão atribuído pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros,
complementado com uma placa GMT.
‘Corsa più bella del mondo’
O fascínio Mille Miglia está directamente relacionado com o
facto de evocar a lendária corrida transalpina dos primórdios
do automobilismo e que, de 1927 a 1957, atraiu os melhores
pilotos do mundo e juntou centenas de milhar de espectadores
ao longo das estradas do Centro e Norte de Itália. A presença
entusiástica dos tifosi originou várias tragédias que determi-
naram a suspensão da prova até à sua reabilitação duas déca-
das mais tarde, sob um carácter mais lúdico e social.
Duas versões
O Mille Miglia Gran Turismo GMT surge declinado em duas
ver sões: o modelo em aço apresenta um mostrador negro;
o modelo em ouro rosa ostenta um mostrador acinzentado.
Em ambos os casos, tanto os ponteiros como os algarismos e
os índices são preenchidos com Superluminova luminescente,
para uma melhor leitura nocturna.
A emblemática bracelete reminiscente dos pneus Dunlop Ra-
cing dos anos 60 tornou-se no símbolo da colecção Mille
Miglia – e as típicas ranhuras podem ser actualmente encon-
tradas em acessórios, tais como canetas, botões de punho ou
carteiras em pele. Mas, em alternativa à bracelete em cauchu,
pode optar-se por uma correia de pele Barenia.
Ficha técnica
Mille Miglia Gran Turismo XL GMT
Chopard
Referência: 161277-5001
Diâmetro: 37,2 mm
Caixa: Ouro rosa de 18 quilates.
Coroa: Personalizada com o logo Mille Miglia
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento: Mecânico de corda automática.
Funções: Horas, minutos, segundos, data e 2.º
fuso horário.
Estanquicidade: 100 metros.
Bracelete: Pele de “Barenia” com fecho de
báscula em ouro rosa de 18 quilates.
Preço: Sob consulta.
O ícone da marca, o Mille Miglia, passa a ter a sua primeira versão com
GMT, uma função sempre útil para quem viaja.
A especificidade deste GMT é a indicação do
segundo fuso horário, num disco central, de
24 horas. Na sua versão em aço continua com
a imagem da marca da colecção: a correia em
cauchú inspirada nos pneus Dunlop Racing,
tão característica destes modelos.
Pedro RosasDavid Rosas
74 Espiral do Tempo 30 Em Foco
Em Foco Master Banker Lune Franck Muller
Em 1996, um banqueiro londrino pediu a Franck Muller que lhe concebesse um relógio original com
três fusos de leitura simples e que lhe permitisse, em simultâneo, visualizar os horários das bolsas de Londres
(FTSE), Nova Iorque (Dow Jones) e Tóquio (Nikkei). O mestre genebrino correspondeu ao desafio e gostou tanto
do resultado final que o protótipo acabaria posteriormente por integrar a colecção regular sob a designação de
Master Banker, com um elegante mostrador dotado de dois pequenos submostradores adicionais. O mecanismo
automático dotado de três fusos horários podia ser acertado através de uma única coroa para a manutenção
do equilíbrio do conjunto e foi objecto de patente; quase uma década depois, a casa Franck Muller resolveu
actualizar a emblemática linha Master Banker e dotá-la de novas declinações. O Master Banker Lune ostenta
os habituais três fusos horários e um submostrador suplementar para a indicação analógica da data que inclui
uma janela para as fases da Lua – provando que o tempo é e será mais precioso com a prestigiada assinatura
de Franck Muller.
Unhas e dentes
O mecanismo automático, com rotor de platina 950 de grande
densidade para optimizar a circulação, está equipado com uma
roda de 60 dentes para uma maior precisão na disposição das
fases da Lua. A placa com o sistema Master Banker dos múlti-
plos fusos horários permite um acerto horizontal no complexo
trem de rodagem.
Formas opulentas
Num relógio dedicado à alta finança, a opulência é transmitida
através das generosas formas da emblemática caixa Cintrée
Curvex em ouro ou platina e da elevada qualidade dos seus
componentes – desde o mostrador à mecânica interior. Actual-
mente, o modelo também está declinado no formato rectan-
gular e conjugado com cronógrafo ou turbilhão.
Sistema patenteado
O Master Banker Lune está dotado de um mecanismo paten-
teado em que os dois fusos horários suplementares estão
sincronizados com a hora central; os ajustes são efectuados
através de uma única coroa e os ponteiros dos minutos
avançam de meia em meia hora para fazer face a algumas
bizarrias: por exemplo, quando bate o meio-dia em Portugal,
são 15h30 no Irão e 17h30 na Índia!
Ficha técnica
Master Banker Lune
Franck Muller
Referência: 8880 MBL DT
Dimensão: Comprimento 55mm, largura 40mm.
Caixa: Ouro rosa de 18 quilates.
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro: Safira bombeado.
Movimento: Mecânico de corda automática
com rotor em platina 950.
Funções: Horas, minutos, segundos, data, triplo
fuso horário com indicação dia/noite e fases
da Lua.
Estanquicidade: 30 metros.
Bracelete: Pele de jacaré com fivela em ouro
rosa de 18 quilates.
Preço: 29.850 euros
O Master Banker é uma peça com importantes complicações entre as quais
triplo fuso horário regulável a partir de uma
única coroa. Pelas suas caracteristicas tem
a vantagem de proporcionar uma informação
rápida de três diferentes horários, bastante
útil para pessoas que viajam com frequência
em negócios ou em lazer. Definitivamente
uma peça exclusiva e intemporal que o fará
sentir-se especial.
Paulo MirandaPaulo Miranda Joalheiro
Vidro e mostrador
O vidro em safira convexo é de complicada
concepção e incrementa a tridimensiona-
lidade do conjunto, a par do sofisticado
mos trador – que tem nuances em guil-
loché frappé soleil, contrastes de cores,
ponteiros azulados ou luminescentes e
algarismos estilizados. Por baixo dos sub-
mostradores, dois pequenos orifícios indi-
cam se é dia (amarelo) ou noite (azul es-
curo) no res pec tivo fuso horário.
Em Foco Grand Silverstone Luffield Black Racer Graham
A Suíça pode ter a fama, mas os relógios de precisão nasceram na Grã-Bretanha. Aliando o melhor dos
dois mundos, a Graham associa a mestria contemporânea da relojoaria helvética à inspiração histórica do mes-
tre relojoeiro inglês George Graham (inventor do cronógrafo, em 1695) e apresenta uma colecção baseada em
versões cronográficas originais. As mais conhecidas pertencem às linhas Chronofighter e Swordfish, mas a gama
Silverstone é igualmente carismática e apresenta vários modelos com complicações adicionais, como o Grand
Silverstone Luffield Black Racer, um relógio desportivo extremamente completo com cronógrafo, data grande
e segundo fuso horário – mas com a tal fleuma britânica que o torna adequado até para ocasiões mais
solenes. Esse charme inglês está-lhe nos genes e na própria nomenclatura, já que o seu baptismo deve-se
ao célebre circuito britânico de Fórmula 1 com o mesmo nome: Silverstone é um templo da mais avançada
disciplina do desporto automóvel e o seu traçado (que tem uma zona denominada Luffield) proporciona mo-
mentos de rara beleza.
Forma e função
O conjunto está reunido numa caixa em aço dotada de um
viril diâmetro de 44 milímetros, estanque a 100 metros e dis-
ponível em mostradores preto (Black Racer) e branco (White
Racer) sob um vidro de safira com tratamento anti-reflexo. O
calibre G1721 de corda automática bate a 28.800 alternân-
cias/hora com 42 horas de reserva de marcha e está decorado
com Vagas de Genève, perlage e parafusos azulados.
O factor Fly-back
A função de retorno instantâneo (fly-back; retour en vol) foi
inventada para facilitar o manuseamento dos cronógrafos por
parte dos pilotos de aviação, que com um único carregar de
botão faziam regressar o ponteiro cronográfico dos segundos
ao zero e retomar instantaneamente uma nova contagem. Em
vez da tradicional paragem com o botão de cima, retorno ao
zero com o botão de baixo e recomeço com o botão de cima,
basta carregar no botão de baixo e o ponteiro dos segundos
retorna ao zero para retomar uma nova contagem.
Para além do cronógrafo fly-back, o Silverstone Luffield Black
Racer está dotado de um segundo fuso horário (pequeno
ponteiro ao centro sobre uma escala de 24 horas) e de um
sistema de data grande particularmente visível (assente em
discos separados que mostram o dia através de uma janela
dupla às seis horas).
Escala taquimétrica
Permite medir a velocidade de um veículo cronometrando o
tempo necessário para se percorrer um quilómetro; acciona-se
o cronógrafo e, um quilómetro depois, o ponteiro cronográfico
dos segundos indica a média da velocidade desse quilómetro
na escala taquimétrica circular gravada na luneta da caixa. A
escala do Silverstone Luffield Black Racer vai de 60 a mais de
400 km/h.
Ficha técnica
Grand Silverstone Luffield Black Racer
Rolex
Referência: 2GSIUS.B05A.K07B
Dimensão: 44 mm
Caixa: Aço.
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos de
ambos os lados.
Movimento: Cronógrafo mecânico de corda
automática G1721.
Funções: Horas, minutos, segundos, data
pano râmica, segundo fuso horário e cronógrafo.
Estanquicidade: 50 metros.
Braceletes: Cauchu com fivela em aço.
Preço: 6.350 euros
O circuito britânico de F1,Silverstone, continua a ser uma fonte de in-
spiração para a Graham. Nesta surpreendente
edição limitada, Luffield, todos os pormenores
convergem para um modelo elegantemente
desportivo. À função de cronógrafo fly-back
tão necessária a um relógio de inspiração
automobilística junta-se a indicação de um
segundo fuso horário, pois nunca se sabe em
que país será a próxima corrida.
António MachadoMachado Joalheiro
76 Espiral do Tempo 30 Em Foco
Especial de corrida
Limitado a 500 exemplares, o Silverstone Luffield Black Racer
é caracterizado pelo seu espírito racing: escala taquimétrica
inserida numa luneta em fibra de carbono, mostrador em fi-
bra de carbono com personalidade de painel de instrumentos,
botões do cronógrafo com superfície picotada para especial
aderência, bracelete em borracha vulcanizada ao estilo de
pneus de corrida.
Paixão latina
Jérôme Lambert, CEO da Jaeger-LeCoultre, explica o
baptismo: «A denominação Squadra é uma home-
nagem ao contributo da Itália no regresso do Rever-
so à ribalta no final dos anos 70 graças ao papel
do então importador da marca; quisemos exprimir
essa ligação ao espírito latino e ao design italiano.
O Reverso Squadra é um relógio que tem em conta
as necessidades estéticas e funcionais do homem
contemporâneo.»
Em Foco Reverso Squadra Hometime Jaeger-LeCoultre
Depois do rectângulo, o quadrado. Exactamente 75 anos após o lançamento de um dos incontornáveis
ícones da relojoaria, a Jaeger-LeCoultre teve a ousadia de estrear uma variante sobredimensionada e mais con-
temporânea do Reverso – cujo lendário perfil reversível se vinha mantendo inalterado desde o seu advento no
início da década de 30, com as respectivas proporções escrupulosamente respeitadas aquando do lançamento de
novos tamanhos (desde a versão de senhora até ao mais recente Extra Grande Taille). Curiosamente, a patente
inicial do relógio reversível idealizado por César de Trey e René-Alfred Chauvot abrangia dois formatos: o rectan-
gular, sobejamente utilizado desde 1931, e um outro – mais quadrado – que foi recuperado para surpreender o
mundo nas comemorações do 75.º aniversário do Reverso. Foi assim que nasceu a família Reverso Squadra, com-
posta por modelos de múltiplos fusos horários e proporções distintas do Reverso original; entre eles, o Squadra
Hometime afigura-se como um paradigma do charme discreto da Jaeger-LeCoultre.
Nova geração mecânica
Para uma linha de espírito moderno, a Jaeger-LeCoultre optou
exclusivamente por calibres de nova geração: corda automáti-
ca, rotor sobre rolamento de esferas em cerâmica que não
necessitam de lubrificação, regulação à base de quatro mas-
selottes na orla exterior do balanço, e extremidades da espiral
presos ao pitão e à virola através de soldadura a laser.
o Reverso Squadra Hometime assenta mecanicamente no
Calibre 977 – composto por 234 peças e 29 rubis, com uma
frequência do balanço de 28.800 alternâncias por hora e 48
horas de reserva de corda. A janela da data está associada ao
ponteiro principal das horas, ao passo que a indicação a.m./
/p.m. está ligada ao segundo fuso horário.
Opções múltiplas
O Squadra Hometime está declinado em dois diferentes tipos
de mostrador (branco ou preto) e apresenta também grande
variedade de escolha entre correias e braceletes: pode-se
optar por pele de crocodilo cosida à mão preta ou chocolate,
borracha vulcanizada ou bracelete em metal de acordo com a
caixa (aço ou ouro).
Nova dimensão
O estilo geométrico da caixa mantém a inspiração Art Déco
do Reverso original e o sistema reversível é o mesmo, mas a
reinterpretação estética assume características bem diferentes
graças a proporções mais próximas do quadrado. Composta
por 50 peças e com vidro de safira também no fundo, a caixa
apresenta uma dimensão de 50,5 por 35 milímetros.
79Espiral do Tempo 30 Em Foco
Ficha técnica
Reverso Squadra Hometime
Jaeger-LeCoultre
Referência: Q7008420
Dimensão: 50,5 x 35 mm
Caixa: Aço.
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos de
ambos os lados.
Movimento: Mecânico de corda automática
JLC 754.
Funções: Horas, minutos, pequenos segundos,
data, indicação AM/PM do 2º fuso horário
Estanquicidade: 50 metros.
Braceletes: Pele de jacaré com fecho
de báscula em aço.
Preço: 4.950 euros
Clássico e intemporal, com roupagem actual, dirigido a um público jovem
e actualizado que devido aos seus afazeres
profissionais viaja constantemente, podendo
disfrutar de todas as vantagens de um GMT.
A qualquer hora e em qualquer parte, a
informação horária certa e sempre presente
em dois pontos do globo no seu Squadra
Hometime.
José TeixeiraTeixeira Joalheiros
Rosto simples
Um vidro de safira com tratamento anti-reflexo em ambos
os lados cobre o mostrador negro (existe versão em branco),
dominado por dois algarismos árabes luminescentes (12 e
seis) de grandes dimensões e dotado de parafusos ornamen-
tais na placa do mostrador com a marca. A janela para a data
fica situada entre as quatro e as cinco horas.
81Espiral do Tempo 30 Em Foco
Em Foco Nabucco GMT Raymond Weil
Há muito que os nomes das colecções da Raymond Weil apresentam uma conotação melómana
– e Nabucco é o nome da grandiosa ópera de Verdi, estreada no Scala de Milão, em 1844, que exalta a men-
sagem de libertação e independência do povo hebreu, sendo igualmente a abreviação do nome de um monarca
assírio famoso pela sua personalidade. De facto, a linha Nabucco evoca imponência e vigor. A sua força advém
de uma pujante caixa em aço declinada em três modelos: o cronógrafo é o mais imponente, com um diâmetro
de 46 milímetros, sendo que os restantes (um relógio simples de três ponteiros e uma versão GMT) apresentam
um diâmetro de 44 milímetros. Na versão GMT, a Raymond Weil optou por uma simples complicação relojoeira
que não altera a estética do mostrador nem confunde o utilizador: permite a visualização imediata de dois fusos
horários através de dois ponteiros das horas a partir do centro – o ponteiro principal e um suplementar, diferen-
ciado por ser mais fino e dotado de um triângulo na ponta com leitura sobre uma escala de 24 horas na luneta.
Hermetismo
A caixa com 44 milímetros de diâmetro e 12,40 de espessura
é esculpida em aço e embelezada pela adição das nuances a
negro da fibra de carbono. A coroa, de rosca, está protegida
por braços laterais; o fundo em aço maciço, também de rosca,
ostenta o monograma Raymond Weil. É uma poderosa estru-
tura que permite estanquicidade até 200 metros.
Complicação descomplicada
A base mecânica assenta no calibre automático 2893/2, de
função GMT integrada, e permite a visualização imediata de
dois fusos horários através de dois ponteiros das horas a partir
do centro – o ponteiro principal e um suplementar, diferen-
ciado através de um triângulo na ponta e com leitura sobre a
escala de 24 horas na luneta. O ponteiro principal das horas
pode ser alterado para o tempo local no destino, mantendo-se
o secundário com o tempo de origem.
Bracelete ou correia
A fibra de carbono presente na parte lateral da caixa também
surge conjugada com o aço numa original bracelete com fecho
duplo de segurança – mas também existem, em alternativa,
uma bracelete apenas em aço e uma sumptuosa correia em
couro perfurado.
Ficha técnica
Nabucco GMT
Raymond Weil
Referência: 3800-SCF-05207
Diâmetro: 44 mm
Caixa: Aço.
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento: Mecânico de corda automática.
Funções: Horas, minutos, segundos, data
e 2.º fuso horário.
Estanquicidade: 200 metros.
Braceletes: Aço e fibra de carbono com fecho
de báscula.
Preço: 3.190 euros
A linha Nabucco representa a afirmação da Raymond Weil nos relógios
desportivos, quebrando a imagem clássica
associada à marca. A introdução de materiais
como a fibra de carbono e a estética robusta
e agressiva do relógio permite a atracção de
um cliente mais jovem e que valoriza uma
forma de estar na vida mais dinâmica, sendo
este um dos alicerces actuais da marca.
Álvaro CasacaJóia Pura
82 Espiral do Tempo 30 Em Foco
Em Foco B-42 Diver Automatic GMT 3 Time Zones Fortis
Desde 1912 que a Fortis se tem distinguido na concepção dos chamados ‘instrumentos de precisão
para profissionais’ com especial inspiração aeronáutica – sobretudo a partir da década de 90, quando passou a
equipar os pulsos dos cosmonautas das missões EuroMir. Têm sido vários os modelos emblemáticos lançados
pela Fortis na última década e meia, mas a linha que actualmente mais se destaca na sua colecção é a B-42, que
deve a sua designação ao pujante diâmetro de 42 milímetros e que começou por integrar apenas cronógrafos.
Devido à arquitectura especialmente robusta e excelentemente proporcionada da carrosseria B-42 e também
porque há sempre um público que prefere relógios de preço mais acessível e sem os totalizadores cronográficos
a encherem o mostrador, a marca lançou uma versão GMT tanto na gama Diver (mostradores brancos) como na
Official Cosmonauts (mostradores negros). A assinalável dimensão do relógio permite uma leitura exímia das
diversas indicações – horas, minutos, segundos, ponteiro para segundo fuso horário e luneta rotativa de 24 horas
que permite calcular um terceiro fuso horário.
Ficha técnica
B-42 Diver Automatic GMT 3 Time Zones
Fortis
Referência: 650.10.12 M
Dimensão: 42 mm
Caixa: Aço.
Coroa: Personalizada com o logótipo da marca.
Vidro: Safira com tratamento anti-reflexos.
Movimento: Mecânico de corda automática
ETA 2823-2.
Funções: Horas, minutos, segundos, data e
triplo fuso horário.
Estanquicidade: 200 metros.
Bracelete: Aço ou borracha vulcanizada com
fecho de báscula.
Preço: 1.490 euros
Uma marca que prima pela fiabilidade e robustez dos seus modelos e que
está intimamente ligada à aviação, náutica e
mesmo à indústria espacial. Este modelo B-42
Diver GMT apresenta uma complicação útil
para quem, profissional ou a título pessoal,
gosta de viajar. Aprecio bastante o vidro
safira anti-reflexo dos dois lados que permite,
como é habitual nos modelos Fortis, uma
excelente leitura das horas, dos minutos
e, claro, dos fusos horários.
Fernando CarvalhoFerdior Jóias
Mecanismo e coroa
O interior alberga o fiável calibre automático ETA 2893-2, com paragem dos se-
gundos para acerto preciso das horas, 21 rubis, frequência de 28.800 alternân-
cias por hora e sistema antichoque Incabloc; todas as funções são controladas
através da coroa, incluindo as do ponteiro do segundo fuso horário. As setas no
mostrador indicam o sentido em que se deve rodar a coroa para o ajuste do
fuso horário suplementar e da data.
Ar e mar
Estanque até 200 metros de profundidade, a majestosa caixa está requintada-
mente acabada em aço escovado e faz-se acompanhar de uma coroa de rosca
sobredimensionada e personalizada com o logótipo da marca, de um vidro de
safira anti-reflexo em ambas as faces e de fundo de rosca com vidro mineral
para apreciação do mecanismo.
Opções múltiplas
Depende sempre dos gostos pessoais e do tipo de utilização – mas, seja com
bracelete de aço escovado, com correia de couro pespontada ou com bracelete
de borracha vulcanizada, o B-42 Diver Automatic GMT é um instrumento do
tempo vincadamente masculino e preparado para as situações mais extremas.
Assente numa caixa de 42 milímetros que é simultaneamente poderosa devi-
do às suas grandes dimensões e elegante pelas proporções canónicas, o B-42
(cujo nome está directamente relacionado com o seu diâmetro) rapidamente
se tornou na estrela da companhia na colecção da Fortis. Está declinado nas
gamas Diver, Official Cosmonauts, Flieger, Pilot Professional e Marinemaster.
Ponteiros e escala
O B-42 Diver Automatic GMT apresenta quatro ponteiros ao
centro – horas, minutos, segundos e segundo fuso horário; a
luneta rotativa unidireccional com uma escala de 24 horas per-
mite calcular um terceiro fuso horário. Os algarismos oferecem
um perfeito contraste com o mostrador prateado; os ponteiros
e os índices luminescentes são tratados com Superluminova
para uma visibilidade perfeita.
84 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
O cronógrafo Carrera ganhou fama na década de 60 e a animada era do disco sound só começou nos anos 70, mas a TAG Heuer voltou a reinventar um dos seus ícones relojoeiros e investiu no disco para lançar o Grand Carrera já bem dentro do século XXI. Neo-retro? Mo-
dern vintage? Idealizada como gama de topo na colecção da celebrada marca suíça de relógios de inspiração desportiva e automobilística, a nova linha apresenta resquícios de um passado glo-rioso e toques contemporâneos que a tornam ex-tremamente apelativa.
Curiosamente, apesar de intimamente ligado ao desporto automóvel, o Carrera original foi concebido em plena era da conquista do espaço. Jack Heuer, presidente da marca, sabia então que a legibilidade seria determinante para os cronó-grafos da nova geração e optou por um mostra-dor simples, mas acompanhado de uma escala até ao quinto de segundo e um vidro bombeado para proporcionar um efeito tridimensional. O nome seria encontrado numa animada conversa de Jack Heuer com o piloto mexicano Pedro Rodriguez; Rodriguez recordou então um famoso rali que
atravessava o México nos anos 50 e que deixou de existir devido à sua extrema periculosidade: o ‘Carrera Panamericana Mexico’. A prova era destinada a promover a nova auto-estrada pana-mericana, mas alguns acidentes fatais levaram ao seu definitivo cancelamento.
Acabou-se a corrida, mas ficou a lenda – que deu origem a outro mito. Ao longo da década de 60 foram surgindo interessantes variações do Carrera que foram fazendo as delícias dos colec-cionadores até que, em 1996, o mítico cronógrafo da TAG Heuer foi relançado. Mais de uma déca-
[ Laboratório ]
85Laboratório TAG Heuer Grand Carrera GMT
Sempre inspirada no universo automobilístico, a TAG Heuer lançou o Grand Carrera como linha de prestígio da sua
colecção – assentando num visual retro-moderno e numa mecânica onde se destaca o sistema
indicador rotativo. Entre o cronógrafo e o modelo simples encontra-se um modelo
com segundo fuso horário e data grande.
JEAN-CHRISTOPHE BABIN, CEO DA TAG HEUER
«A linha Grand Carrera constitui a gama mais alta da TAG Heuer e
inclui um relógio, um relógio com segundo fuso horário e grande data,
e um cronógrafo – tendo como particularidade uma nova geração de
mecanismos que mostra o tempo em discos. A vantagem do Rotating
System situa-se na legibilidade, porque os discos rodam e vão de
encontro ao olhar, ao passo que nos ponteiros são os olhos que rodam
para os acompanhar. E é esse o segredo dos relógios da linha Grand
Carrera: um segredo que oferece melhor visibilidade mas sobretudo
uma identidade muito forte ao produto, porque o Grand Carrera é um
produto que se reconhece de imediato a cinco ou seis metros».
Nova geração de mecanismos
texto Miguel Seabra | fotos Nuno Correia
86 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Mais do que um objecto de culto, o essencial é que
o relógio seja preciso nas mais diversas condições
de utilização. Os testes de estanquicidade ao Grand
Carrera Calibre 8 RS Grande-Date GMT permitiram
confirmar uma resistência à água até 100 metros,
enquanto a análise ao funcionamento também
revelou a fiabilidade do mecanismo numa avaliação
em seis posições (VB, coroa para baixo; VG, coroa à
esquerda; VH, coroa para cima; VD, coroa à direita;
HB, horizontal com mostrador para baixo; HH, ho ri-
zontal com mostrador para cima) e precisão digna
do certificado COSC que ostenta.
Os testes
da depois, a onda de revivalismo chega ao Grand Carrera.
Tamanho do meio A conotação com os bólides Gran Turismo (GT) está bem patente no visual da linha Grand Car-rera, declinada em três versões de três tamanhos diferentes e todas elas apresentando um sistema indicador rotativo em vez dos habituais ponteiros. A gama começa no relógio automático Calibre 6 RS de 40,2 milímetros de diâmetro, que apre-senta um disco em vez do ponteiro dos peque-nos segun dos; depois surge o relógio automáti-co Cali bre 8 RS Grande-Date GMT de 42,5 milímetros com um disco em vez de ponteiro de segundo fuso horário; o cronógrafo automático Calibre 17 RS de 43 milímetros apresenta discos para os pequenos segundos contínuos e para o acumulador de minutos.
Escolheu-se o Grand Carrera Calibre 8 RS Grande-Date GMT de mostrador chocolate (exis tem também as versões negra e prateada) para uma apreciação mais cuidada nos ateliers da Auto-Quartzo, a empresa da Torres Distribuição dedicada ao serviço pós-venda e manutenção. «A base mecânica assenta num calibre automático de função GMT integrada através de um disco das horas e data grande composta por dois discos», revela o mestre relojoeiro Pedro Ribeiro.
O Calibre 8 RS da TAG Heuer baseia-se no calibre 2892-A2 da ETA, que por sua vez per- tence à família do histórico 2892 – um mecanis-
mo preciso, potente e fiável que tem dado provas desde o seu advento em 1975, sendo frequente-mente aperfeiçoado desde então e apresentando actualmente numerosas variantes e complicações adicionais. A principal complicação do Grand Carrera GMT pode parecer um mero exercício estético, mas constituiu um desafio para a TAG Heuer: foi necessário melhorar a precisão do disco do segundo fuso horário e a tarefa não se revelou fácil, porque a diferença de massa e peso entre o ponteiro tradicional e o disco é signifi-cativa, sendo necessário calcular a inércia suple-mentar e garantir um óptimo funcionamento mesmo após anos a fio de utilização. «Em vez do eixo com ponteiro suplementar das horas, está cravado um disco numa roda que recebe o movi-mento directamente do mecanismo de dar corda e acertar», explica Pedro Ribeiro.
Para além disso, o ‘motor’ do Grand Car-rera GMT teve de ser afinado e testado ardua-mente para ganhar o certificado de cronómetro do COSC – como todos os relógios que inte-gram a linha Grand Carrera; a sua precisão fi-cou evidente nos testes de marcha efectuados na Auto-Quartzo. A decoração do mecanismo inclui personalização do rotor, Côtes de Genève, perlage, Côtes circulares, rhodiage e efeito soleil
no tambor.
Estética cuidada No exterior, a caixa assenta numa estrutura de 42,5 por 13 milímetros de espessura e é embele-
zada pela alternância entre acabamentos polidos e escovados. A coroa de rosca, com protecções laterais, tem quatro posições: uma enroscada para garantir a estanquicidade; uma para a corda man-ual; outra para correcção rápida da data, rodando a coroa em sentido anti-horário; e outra para o acerto dos ponteiros das horas e dos minutos e também do disco do segundo fuso horário.
Um vidro de safira convexo com tratamen-to anti-reflexo em ambos os lados cobre o belo mostrador castanho-escuro com três nuances: zona central lisa, ladeada por linhas concêntricas e uma escala no perímetro com outra tonalidade. O logótipo TAG Heuer em relevo é aplicado à mão, tal como os índices facetados; à semelhança da janela dupla para a data sobredimensionada, o aço da janela do segundo fuso horário contrasta com a cor do mostrador e também é embelezado com um parafuso e decoração Côtes de Genève. No lado oposto, o fundo da caixa apresenta duas aberturas em vidro de safira e é preso com seis parafusos.
A correia em pele de crocodilo de escamas grandes apresenta pespontos ton sur ton e bordos ligeiramente arredondados para acompanhar a curvatura da caixa, fazendo-se acompanhar de um fecho de báscula com botões de segurança; está também disponível uma bracelete de três elos em aço com superfície alternadamente poli-da e escovada.
Um relógio com muito estilo e substância – e com uma cor verdadeiramente original.
87Laboratório TAG Heuer Grand Carrera GMT
O motor do Grand Carrera GMT tevede ser afinado e testado arduamente para ganhar o certificado
de cronómetro COCS – como todos os relógios que integram
a linha Grand Carrera; a sua precisão ficou evidente
nos testes de marcha efectuados na Auto-Quartzo.
Prata e preto
Para além da versão com o mostrador ‘chocolate’, o Gand Carrera
está também disponível com mostradores prateado e preto.
Em todas as declinações é possível optar por correia
em pele ou bracelete em aço.
A propósito da recente abertura da nova e impressionante loja Torres Joalheiros no CascaiShopping, fomos falar com
a gerente, Rita Torres. Com um trajecto profissional rico, iniciado no mundo da joalharia, converteu-se
à paixão relojoeira ao entrar para a família que dá o nome à empresa. Fomos saber as implicações
que a abertura desta loja teve para uma organização que é quase centenária, e aprender
até que ponto mudar é importante para o futuro das casas de referência.
[ Perfil ]
89Perfil Torres Joalheiros
Rita Torres começou a trabalhar em joalharia com vinte e poucos anos numa casa de referência em Lisboa, mas, conta-nos, «sempre tive uma relação de amor com as jóias. Quando era pequena, gostava de jóias e vestidos de prin- cesa, como qualquer menina, mas nunca fui de usar bijutaria, sempre usei materiais nobres. Ter a oportunidade de trabalhar a sério com jóias desenvolveu este gosto de forma exponencial. Adquiri um background significativo e um gosto especial por jóias Art Déco, que conheço bem. Trabalhei muito com elas». Como um azar nunca vem só, passou a fazer parte daquela que é, quiçá, a família portuguesa há mais tempo ligada ao fas-cinante mundo das jóias e dos relógios. E eis que se volta a abrir, qual gruta de Ali-Babá, «um novo espectro de coisas fascinantes, no qual descobri a paixão da alta-relojoaria».
Rita Torres é o rosto desta loja que revolu-ciona o conceito de comércio e de exposição da alta-relojoaria em Portugal. «Para já, são 26 me- tros de montra», atira a gerente. Mas o «próprio conceito é diferente do que temos nos outros es-paços que possuímos. Pretendemos abrir a loja para fora, convidando e motivando o público a entrar, indo nós ao seu encontro». De facto, a enorme transparência que a loja oferece sugere ao eventual passeante, curioso pelas montras, a presença no seu interior. «As relojoarias, sobretu-do as que vendem gama alta, são muito fechadas sobre si, por compreensíveis razões de segurança. Mas atrevemo-nos a lançar este conceito que tem outra particularidade interessante – é que é um espaço mutável, já que todas as vitrinas têm rodas e, por isso, podemos deslocá-las criando múltiplas opções de exposição. Nada é estático, o
que nos oferece inúmeras possibilidades de trans-formação e adaptação do espaço disponível». O videowall de vários ecrãs reforça esta sensação. Os cinco corners, que proporcionam um espaço de atendimento razoavelmente reservado, dis-tinguem as marcas a que se pretendeu dar mais relevo, com a curiosidade de reservar dois dos cinco nichos disponíveis a marcas de joalharia. As big five são a Rolex, marca incontornável para a Torres Joalheiros, a Jaeger-LeCoultre, paradigma do que é a alta-relojoaria, a TAG Heuer, a mais pujante e apelativa marca de relojoaria desportiva e, depois, o classicismo e arte da joalharia Cho- pard e a contemporaneidade da H. Stern. É uma tendência crescente nas casas de alta-relojoaria, esta de juntar os ambientes da alta-relojoaria e da joalharia fina, mas, neste caso, é de supor que não será alheio ao facto a formação e o con-
texto Paulo Costa Dias | fotos Nuno Correia
90 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Torres Joalheiros
CascaisShoppingT: 214603008 • www.torres.pt • [email protected]
91Perfil Torres Joalheiros
hecimento da nossa anfitriã. Além destas marcas que usufruem do destaque proporcionados pelos corners, outras preenchem o portfólio da loja, como a Franck Muller, a A.Lange & Sohne ou, numa gama acessível a mais bolsas, a Raymond Weil. «Ao termos esta estratégia para esta loja, estamos a fazer uma selecção de produtos e uma selecção de clientes».
Este conceito seria impensável numa loja de rua onde «já fomos muito penaliza dos, há qua-tro anos, com vários assaltos que obri gam, hoje, a uma presença permanente da polícia à porta, arrastando evidentes custos». Mas o resultado da estratégia adoptada já se reve lou suficientemen-te interessante para que a sua transposição para outras lojas Torres Joalheiros vá avançar em bre-ve, nomeadamente na loja que detêm no Cen-tro Comercial Colombo. Uma remodelação ge-ral das lojas é, no entanto, um dos objectivos da em presa, a curto prazo. Com presenças assi-naláveis tanto em lojas de rua como em cen- tros comerciais, Rita Torres defende as duas situ-ações ponderados os prós e contras: «a verdade é que os hábitos de consumo estão cada vez mais direccionados para os centros comerciais. É uma questão de facilidade incontornável». Mesmo considerando o consumidor de alta-relojoaria, pergunto? «As elites também têm de ir ao super-mercado! Há pessoas que não gostam de centros comercias, é verdade, e são sempre clientes bons, mas hoje é inevitável haver oferta nestes espaços porque mesmo quem não seja grande fã acaba por vir. E depois, é uma área onde há muita gente a passar cons tan temente».
“Ao termos esta estratégia para esta loja
estamos a fazer uma selecção
de produtos e uma selecção de clientes”
Detentores há anos de uma loja na ‘baixa’ de Cascais, em plena Rua Direita, esta nova oferta proporcionada pela Torres Joalheiros no Cas-caiShopping é, sobretudo, complementar, «na rua temos muitos turistas e os clientes que são avessos aos centros comerciais. Repare que, no entanto, a dimensão da loja do centro de Cas-cais é equivalente à dimensão desse centro ou seja, relativamente pequena. Ora, o concelho de Cascais, com a importância económica que representa, não tinha nenhuma loja dedicada à alta-relojoaria com esta dimensão».
Questionada sobre se o esforço financeiro envolvido se justificaria, Rita Torres responde de forma peremptória: «Esta orientação é favoreci-da pelo extraordinário momento que a indústria relojoeira atravessa. É um período de grande di nâ mica e desenvolvimento técnico, estando a indústria a puxar pelos consumidores. Há muita diferenciação das marcas, muitas novidades e complicações fabulosas que são um dos maiores apelos dos grandes coleccionadores e consumi-dores portugueses. Há muitos coleccionadores, cada vez mais. Imensas pessoas sabem tudo so-bre as marcas, a história, os modelos, os aspec-tos técnicos… E depois, um bom relógio é cada vez mais um acessório essencial para quem tem ou pretende mostrar um determinado estatuto, para quem tem um determinado estilo de vida, para quem tem a paixão dos gadgets ou admira a mestria mecânica envolvida. É um universo maioritariamente masculino, claro, até porque o homem português usa poucos adereços além do relógio. É que o relógio para a vida desapareceu.
Hoje vivemos numa sociedade de consumo que tem coisas fantásticas para oferecer».
À beira dos 100 anos, em 2010, esta é a al-tura de projectar o futuro da Torres Joalheiros, na opinião de Rita Torres. O ano do centenário «será um ano de acordo com os nossos pergami- nhos. Haverá muitos lançamentos e muitas novi-dades numa comemoração cheia de actividades». Refreando o entusiasmo, vale a pena a visita.
Quatro dos espaços ‘privados’ dentro da nova loja
Torres Joalheiros no CascaisShopping, quatro nomes
de topo da relojoaria e joalharia, que também conta
com a H. Stern.
107Espiral do Tempo 24 Primavera 2007 93Espiral do Tempo 30 Prazeres
Saborear o TempoReal Spa Marine [96]
AcontecimentosSugestões de leitura [106]
Saborear o TempoRestaurante Aya [94]
ModaFeitiço do Tempo [100]
“No Japão já gostavade relógios. Aqui, em Portugal há
clientes que me desafiam...”
Takashi YoshitakeEMPRESÁRIO HOTELEIRO
94 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Aya - Restaurante Típico Japonês
R Aníbal Bettencourt 71, Alto Barronhos-Carnaxide
T: 214181684 • http://www.ayarestaurante.com
Horário: Todos os dias das 12:30 às 15:00 e das
19:30 às 23:00
[ Saborear o tempo ]
Graham
Swordfish Big 12-6 • € 5.550
95Saborear o Tempo Aya
Foi em 1543 que os portugueses chegaram ao
Japão, deixando marcas indeléveis, como testemunha a
presença de múltiplos vocábulos lusos usados ainda hoje
na língua nipónica. Terá mesmo sido um português a es-
crever a primeira gramática de japonês. No entanto, a
chegada do bom sashimi a Portugal deu-se apenas em
1992, quando Takashi Yoshitake se deixou encantar pelo
País e pelas oportunidades que este oferecia. Bastou uma
semana de férias para, embalado pelo nosso sol e pela
riqueza que vem da nossa costa, perceber o potencial
existente. Dezasseis anos depois de ter aberto o seu pri-
meiro restaurante, concretizou um sonho antigo, abrindo
este novíssimo espaço para 150 pessoas com serviço
ao balcão, à mesa ou em salas privadas, ao melhor es-
tilo oriental. A decoração, parcialmente concebida com
matérias-primas trazidas do Japão e montada por artesãos
daquele país, conta com réplicas perfeitas de vários arte-
factos que fazem parte da cultura tradicional japonesa.
Destaca-se um fantástico carro usado no transporte da
nobreza, raro fora do Japão, a armadura de um lendário
samurai, ou barricas de sake, como se usa à porta das
destilarias tradicionais. À pergunta sobre o que mudou
em Portugal nos últimos 16 anos, o nosso interlocutor dá
a resposta mais ‘oriental’ que ouvi a uma questão seme-
lhante: «comecei sozinho, e, hoje, tenho mais de trinta
colaboradores»… Talvez por isso Takashi Yoshitake não
perca a boa disposição. Por isso e porque «os portugueses
gostam muito de peixe»…
[ Saborear o tempo ]
A frase o «tempo pára aqui» encima um mostrador de relógio colocado em relevo numa das pare-
des deste spa, recentemente certificado como um dos
raros Leading Spa of the World. Não podia haver frase
mais indicada ao espaço. A decoração e localização dentro
do hotel sugerem, imediatamente, os banhos romanos
e tudo o que a nossa imaginação àqueles associa, da
civilidade à sensualidade. Em plena construção do hotel,
descobriram que o subsolo guardava uma preciosidade:
uma pedreira de um mármore que se julgava extinto, o
‘azulino de Cascais’. Daí até convidarem Graça Viterbo
a repensar a decoração do hotel, aproveitando a pedra
existente, foi um passo que conferiu ao hotel uma riqueza
que, em circunstâncias normais, só estaria ao alcance
do investimento de um príncipe árabe. Com 1000 m2, o
Real Spa Marine utiliza exclusivamente água do mar, num
sistema de talassoterapia, proporcionando ainda uma ex-
tensa gama de tratamentos e equipamentos com uma
qualidade ímpar em Portugal. Tem, ainda, uma parceria
com uma clínica de nutrição que completa a oferta àque-
les que precisam de algo mais que descontracção. Na opi-
nião do director do hotel, Manuel Tamagnini, «um spa é
uma amenity incontornável num 5 estrelas», estando este
disponível aos cascalenses e não só. Avesso a rotinas, é,
talvez por isso, o director que provavelmente mais hotéis
abriu em Portugal: «acompanhar um projecto desde o seu
início, de raiz, criar as rotinas necessárias para o imple-
mentar e pôr a funcionar acaba por me fazer chegar ao
ponto de… desejar estabelecer novas rotinas com novos
projectos».
Real Spa Marine - Grande Real
Villa Itália Hotel & Spa
Rua Frei Nicolau de Oliveira, 100 - Cascais
T: 210 966 000
http://www.hoteisreal.com
96 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Jaeger-LeCoultre
Reverso Grande Date • € 7.370
97Saborear o Tempo Real Spa Marine
“As qualidades elevadas, refinadas, são sempre de criador, têm alma,
e são fruto do tempo.”
Luís PatoVITIVINICULTOR
“O meu primeiro relógiofoi um Cauny, que me foi oferecido
quando fiz a quarta classe.”
Manuel TamagniniDIRECTOR DE HOTEL
Um fotógrafo cria e recria… tem o dom de descobrir o que mais ninguém
descobre, de contemplar o mundo como se fosse a primeira vez, consegue
fazer com que um momento dure para sempre, um feitiço que nos devolve o
que um dia passou. Perante a fugacidade do tempo, lugares, rostos, encontros,
instantes, peças fascinantes sob o olhar do fotógrafo passam a existir outra
vez e ainda com mais encanto. Um fotógrafo tem o tempo nas suas mãos:
cumplicidade e harmonia entre mulheres fantásticas e criações de excepção.
Uma Thurman para TAG Heuer16 de Abril 2008: Nova Iorque • Fotógrafo: Marco Grob
Embaixadora TAG Heuer, Uma Thurman é uma mulher do
presente, uma mulher independente e a sua multifacetada
elegância vai ao encontro da versatilidade da marca.
Formula 1 Glamour Diamonds ChronoA fusão perfeita do desporto e da elegância: enaltecida com as funções de
cronógrafo, a nova versão é agora uma peça ainda mais deslumbrante
com caixa de 37 mm e luneta cravejada com 120 diamantes.
Anna Netrebko para Chopard2007 • Fotógrafo: Vanessa Von Zitzewitz
Com uma voz única, rosto fascinante e marcada presença,
Anna Netrebko é o rosto ideal para as extraordinárias criações
de alta joalharia de Chopard.
Colecçãode Alta JoalhariaQualquer uma das peças da colecção de Alta Joalharia da Chopard se
distingue pelo seu design requintado e detalhes que merecem atenção
redobrada.
Maria Sharapova para TAG Heuer6 de Fevereiro 2008: Los Angeles • Fotógrafo: Marco Grob
Uma personalidade forte, uma presença de destaque, uma
mulher vitoriosa que surpreende sempre pela atitude positiva:
caracte rísticas da tenista Embaixadora da TAG Heuer.
Aquaracer Lady JoallerieDesportivo e muito feminino, este modelo foi repensado e desenhado
para reflectir a personalidade incontornável da sua embaixadora: uma
caixa maior, agora de 32 milímetros, que integra um mostrador em ma-
drepérola branca cravejado com diamantes.
[ Acontecimentos ]
No terceiro trimestre deste ano o destaque vai para a 65.ª edição da Mostra de Veneza que primou,mais uma vez, pela distinta presença da Jaeger-LeCoultre. No momento em que comemora o 175º aniversário, a Grande Maison fez questão de reforçar a sua
posição enquanto patrocinadora oficial do carismático festival internacional. Este período também foi marcado pelos excelentes resultados alcançados em
competições por diversos dos embaixadores que são imagem de diversas marcas. Por fim, salientamos que vai sendo cada vez mais evidente a preocupação
de grandes nomes da alta-relojoaria em apoiar causas culturais, humanitárias e ecológicas, pelo que registámos algumas dessas importantes iniciativas.
Audemars PiguetVijay Singh vence segundo título consecutivo no PGA
Vijay Singh obteve o seu segundo título consecu-
ti vo no PGA Tour com a vitória alcançada no Cam-
peo nato Deutsche Bank (a segunda volta dos
play offs da Taça FedEx). Em Boston, o embaixa-
dor da Audemars Piguet conseguiu 63 pancadas,
22 abaixo do par e cinco a menos do que o ca-
nadiano Mike Weir. Com esta sua terceira vitória
em cinco eventos, Singh garantiu uma subida de
duas posições no ranking, sendo agora o número
três do mundo.
TAG HeuerLewis Hamilton e Tiger Woods brilham em Knights of Modern Time
A 27 de Agosto e a 1 Setembro Lewis Hamilton e Tiger Woods estiveram envolvidos num projecto pro-
movido pela TAG Heuer que será apresentando em finais de Outubro: Knights of Modern Time. Com o
objectivo de salientar a força, persistência e luta pela perfeição comuns aos seus dois embaixadores, a
marca vai lançar um vídeo onde Hamilton e Woods falam um do outro, comentam as suas conquistas
e partilham a visão TAG Heuer. Numa bandeira oferecida por Tiger Woods a Lewis Hamilton, o famoso
golfista escreveu: «Para Lewis, Continua com o teu incrível sucesso».
Jaeger-LeCoultre no Festival de VenezaO 65º Festival Internacional de Cinema de Veneza,
organizado pela Bienal de Veneza e dirigido por
Marco Müller, decorreu durante o período de 27
de Agosto a 6 de Setembro, com o objectivo de
premiar e promover diversos aspectos ligados ao
cinema internacional com base num espírito de
tolerância e liberdade. No ano em que celebra o
seu 175º aniversário, a Jaeger-LeCoultre celebrou
também o seu quarto ano de parceria com o Fes-
tival de Cinema, primando com uma presença de
destaque ao longo de todo o evento. Até ao dia
6 de Setembro de 2008, a prestigiada marca
esteve activamente envolvida em todos os mo-
mentos, desde a cerimónia de entrega do Leão
de Ouro até à celebração do património cin-
ematográfico, reservando para cada estrela de
cinema uma peça exclusiva de alta relojoaria. No
dia 31 de Agosto, Jérôme Lambert, CEO da Jaeger-
-LeCoultre, recebeu diversas celebridades num
jantar que ocorreu na Fundação Cini, no qual
também esteve presente Joaquim de Almeida. O
actor português integra, juntamente com Charlize
Theron e Kim Bassinger, o elenco de “The burn-
ing plain”um dos cinco filmes de produção norte-
-americana a concurso.
À esquerda: Diane Kruger, embaixadora da Jaeger-LeCoultre.
Em baixo: O lounge da casa suíça em terras de Itália e Abbas
Kiarostami exibindo o Reverso exclusivamente criado para os
vencedores do Certame, com Takeshi Kitano.
107Acontecimentos
108 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Acontecimentos ]
Embaixador TAG Heuer tornou-se no
mais jovem piloto a vencer um GP F1
A TAG Heuer revelou desde sempre ter visão
no momento de escolher os seus embaixa-
dores. Em Julho passado, a prestigiada marca
anunciou a sua aposta em Sebastian Vettel,
para embaixador. Até então, o jovem piloto
alemão ainda não tinha assinado contrato
com uma marca de relógios.
A 14 de Setembro, o novo embaixador faz
história: após de ter conquistado a pole po-
sition, à frente de nomes como Kovalainen e
Webber, o piloto de Fórmula 1 conseguiu, em
Monza, o primeiro lugar no pódio do Grande
Prémio de Itália. Com esta vitória, e sempre
na companhia do seu Professional Watch,
Sebastian Vettel tornou-se no mais jovem pi-
loto de sempre a vencer um Grande Prémio
de Fórmula 1.
Raymond Weil apoia Acção Irlandesa
de Autismo
A Raymond Weil, juntamente com dez artis-
tas irlandeses de topo, promove uma ex-
posição intitulada ‘Raymond Weil Timeless
Creations’ que visa a angariação de fundos e
a consciencialização para o autismo na Irlan-
da. Artistas famosos como Graham Knuttel,
Pauline Bewick Orpen, Bernadette Madden,
Helen Steele e Carmel Mooney apresentam
o Tempo de acordo com a sua interpretação.
O tema seleccionado procura salientar a im-
portância da detecção atempada do autis-
mo, tendo em conta o sofrimento que advém
até ao diagnóstico e respectivo tratamento.
Após a inauguração em Dublin, no clube pri-
vado Residence, a exibição estará patente
ao público em geral, seguindo para diversas
joalharias reconhecidas. O seu regresso a
Dublin coincidirá com um leilão das obras
expostas para angariação de fundos para a
Acção Irlandesa de Autismo (IAA).
Celebridades brilham com criações H.SternAs criações de H.Stern destacam-se pela constante renovação e procura de novas fontes de
inspiração, estando presentes em momentos de destaque do mundo das celebridades. Fo-
ram muitas as estrelas da música, da moda ou do cinema que usaram peças de joalharia da
H. Stern em Los Angeles, Nova Iorque e Toronto em diversos eventos. Britney Spears recebeu
o prémio para melhor vídeo feminino pela sua canção Piece of Me, usando uma pulseira de
diamantes Deco e uns brincos de diamantes Golden Stones em ouro branco. No Festival de
Toronto, Jennifer Hudson deslumbrou com uma pulseira em ouro e diamantes Hera, salien-
tada por um anel Hera em diamantes e brincos Stars também em diamantes. A estrela de
música country, Taylor Swift, brilhou na passadeira vermelha dos Prémios de Música MTV
com uma pulseira Celtic Dunes e um pendente Tudor.
Em cima: Jennifer Hudson e Taylor Swift
Em baixo: Britney Spears
A Lange & Söhne
Abertura da sua primeira boutique na China
A primeira loja A. Lange & Söhne na China
abriu portas a 1 de Julho deste ano em Xan-gai, apenas uns meses depois da inauguração
da primeira boutique em Dresden, Alemanha.
Neste novo espaço os visitantes são convida-
dos a deambular pela história e filosofia que
estão na base das criações A. Lange & Söhne.
As instalações estão situadas num his tó rico
edifício, património da Unesco, e reflectem
o espírito de tradição e inovação tec nológica
que definem a marca. A inauguração coin-
cidiu com o lançamento do recente Cabaret
Tourbillon na China, assina lando a entrada da
A. Lange & Söhne no mercado chinês.
Patek Philippe relança campanha publicitária
A Patek Philippe relançou a sua reconheci da
campanha publicitária, Generations, junta-
men te com uma nova campanha exclusi va
para senhoras. Ambas as campanhas pro cu-
ram ir ao encontro da excelência da manu-
factura de Genebra. O forte e emocional con-
ceito de Generations parte do slogan “Begin
Your Own Tradition” e é reforçado por autên-
ticos retratos de pais e filhos. A campanha
de senhoras centra-se em imagens fortes a
cores de mulheres bonitas e sofisticadas com
os seus relógios sob o slogan “Begin na en-
during love affair”. A nova imagem da Patek
Philippe pretende reforçar a alta posição da
mar ca no contexto de grande competitivida-
de da indústria relojoeira.
PaneraiPatrocina Expedição PANGAEA
Mike Horn é conhecido como sendo um dos
grandes exploradores modernos, revelando uma
constante preocupação face aos problemas am-
bientais do planeta. Com a ajuda de patrocina-
dores, inclusive a Panerai, Horn construiu um
barco e promove uma expedição destinada à
sensibilização dos jovens para as questões ambi-
entais: Programa Jovens Exploradores. Em 2009
serão convidados jovens dos 13 aos 20 anos, de
todos os continentes, para acompanharem Mike
Horn em diferentes etapas da expedição de qua-
tro anos que parte de três princípios específicos:
Explorar, aprender e actuar.
Janet Jackson com Eclissi da VersaceJanet Jackson usou um Eclissi, exemplo de sofisti-
cação contemporânea com a assinatura Versace. A
sua caixa giratória em aço, yellow gold-plated ou
pink gold-plated é caracterizada por um design
arrojado e elegante. Do mostrador com padrão
guilhoché sobressaem, às 12 horas, dois dia-
mantes. A bracelete é ornamentada com um friso
grego e a Medusa, insígnias clássicas da mar ca.
Janet Jackson preferiu a versão preciosa com 53
diamantes na caixa.
F.P.Journe Relojoaria por uma boa causa
A 18 de Junho de 2008, François-Paul Journe jun-
tou-se aos membros fundadores do ICM (Institute
for Brain and Spinal Cord Disorders) em Paris,
para lançar a primeira pedra do futuro edíficio
ICM, com vista a apoiar a luta contra doenças do
cérebro e da espinal medula. Com o lançamento
da sua última criação relojoeira– o cronógrafo
mecânico Centigraphe Souverain – François-Paul
pretende apoiar as investigações médicas ao
doar 30% do valor de cada peça vendida a esta
instituição. Nas palavras de François-Paul Journe:
«Ao adquirir um Centrigraphe, cada pessoa está
a apoiar o ICM. As doenças cerebrais e da espinal
medula afectam, actualmente, uma em cada oito
pessoas, constituindo, por isso, um verdadeiro
problema de saúde pública e eu estou orgulhoso
por me comprometer, ao lado de pessoas por
quem nutro grande estima, com uma causa que
diz respeito a cada um de nós».
[ Acontecimentos ]
110 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
Jaeger-LeCoultre Presente no Torneio Internacional
de Pólo de Sotogrande
A Jaeger-LeCoultre, pelo segundo ano consecuti-
vo, acompanhou o mais importante torneio de
pólo da Europa: O Torneio Internacional de Pólo
de Sotogrande, em Espanha. No dia 31 de Agosto,
o CEO, Jérôme Lambert, recebeu distintas cele-
bridades locais e internacionais num jantar de
gala que decorreu no Clube de Pólo de Santa Ma-
ria. Durante a tarde, os melhores jogadores do
mundo de pólo, incluindo os cinco embaixadores
do Squadra, participaram numa competição que
ajudou a angariar 16.000 Euros, uma contribuição
substancial para a Nuevo Futuro, uma associação
de apoio a crianças desfavorecidas. Com a apre-
sentação da colecção Reverso Squadra Lady, a
Jaeger-LeCoultre tornou-se um dos principais pa-
trocinadores de alguns dos melhores jogadores
de pólo, nomeadamente, Adolfo Cambiaso, Juan
Martin Nero ou Eduardo Novillo Astrada, que es-
tiveram presentes em Sotogrande. Este último
teve, a 7 de Julho, a oportunidade de visitar a
Manufactura a convite de Jérôme Lambert.
Montblanc Parceria com Projecto Jovens Cantores
Desde 2002 que a Montblanc patrocina o Projecto Jovens Encenadores, uma iniciativa internacional que
premeia os encenadores de teatro e respectivos grupos e que decorre no âmbito do Festival de Salz-
burgo. Este projecto foi criado pelo Director do Festival de Salzburgo, Jürgen Flimm, e a sua concretização
ficou a dever-se à participação da Montblanc. Tendo em conta o sucesso do evento, a Montblanc lançou
um novo projecto internacional de ópera, o Projecto Jovens Cantores, orientado por Michael Schade e
Barbara Bonney, nomes de destaque no mundo da ópera. Onze jovens cantores, seleccionados criteriosa-
mente, tiveram a oportunidade de participar em ensaios e receber tutoria de grandes mestres. O ponto
mais alto desta iniciativa foi o concerto final que ocorreu a 27 de Agosto no Mozarteum em Salzburgo,
onde os participantes foram apresentados na companhia da Orquestra Mozarteum de Salzburgo.
Novo Porsche 911 Targa
Com lançamento previsto para o Outono, a
Porsche apresenta o novo 911 Targa e pre-
coniza a mais rápida mudança de sempre na
gama 911: duas novas unidades de potência
com injecção directa melhoram a perform-
ance e economia do novo modelo e, para
além disso, a caixa de velocidades PDK de
dupla embraiagem substitui a transmissão
automática Tiptronic S. O Porsche Traction
Management (PTM) é controlado electronica-
mente, assumindo a lugar da antiga tracção
às quatro rodas. O novo modelo 911 surge
em duas versões: 911 Targa e 911 Targa 4S.
111Acontecimentos
Paulo MirandaInaugura joalharia em Faro
No passado dia 30, Paulo Miranda, referência no
sector da joalharia no Algarve, inaugurou a sua
nova loja em Faro. O evento contou com pre sen-
ças ilustres como José Apolinário, o Presidente
da Câmara Municipal de Faro, que cortou a fita
de abertura do espaço, e Mituxa Jardim, Relações
Públicas do Nikki Beach. A nova joalharia reflecte
um conceito de inovação e reforça o portefólio de
produtos Paulo Miranda Joalheiro com novas mar-
cas de alta-relojoaria e joalharia, nomeadamen te,
com a Audemars Piguet, a Dior, a Franck Muller
e a Chaumet.
Manuel dos Santos Jóias
no Torneio de Golf Banif
No dia 21 de Junho, Manuel dos Santos Jóias
esteve presente no IX Torneio de Golf Banif
que ocorreu no Ocean Golf Course em Vale
do Lobo, Algarve. Na classificação final, Roger
Morris conseguiu o primeiro pré mio com 28
pontos no Geral Cross. Como prémio especial
Nearest to the Pin, atribuído a Jorge Rodrigues,
Manuel dos Santos Jóias ofereceu um relógio
TAG Heuer Golf. Os prémios Guialmi e Manuel
dos Santos Jóias, para o Hole in One, que in-
cluíam um conjunto de es critório e um relógio
Jaeger-LeCoultre, não foram atribuídos.
La Varzea conquista Taça Pedro Domecq
de la Riva
No âmbito do Torneio Internacional de Soto-
gran de, em Espanha, a equipa portuguesa
La Varzea, liderada por Tiago Gallego, foi a
grande vencedora da Taça Pedro Domecq de
la Riva, disputada de 27 a 30 de Agosto em
Sotogrande. A Taça foi disputada por quatro
equipas – Villa Real, Scapa-Valdeparras, La
Varzea e Juan Valdéz Café. No jogo da final
a equipa portuguesa defrontou Scapa-Valde-
parras e sagrou-se campeã com uma vitória
de 15 contra 8. La Varzea esteve represen-
tada pelos jogadores Tiago Gallego (1hcp),
Sebastián Harriott (7hcp), Sebastián Merlos
(10hcp) e Diogo Gallego (2hcp).
Manuel dos Santos JóiasParceria exclusiva com a marca de relógios HD3.
No passado dia 10 de Setembro, Manuel dos Santos Jóias fez a apresentação da marca HD3 no res-
taurante Eleven com algumas surpresas: além da exposição dos modelos da marca exclusiva, foi apre-
sentada uma exposição de pintura em que cada modelo de relógios estava representado na tela. Os
quadros foram pintados pela equipa designer da Hd3, Jorg Hysek, Fabrice Gonet e Valerie Ursenbacher.
Esta foi a primeira exposição de pintura e relógios da marca no mundo, sendo Portugal o primeiro país
a receber o espólio de dez quadros Hd3 Complication.
José Apolinário, Margarida Miranda e Paulo Miranda.
[ Internet ]
www.jaeger-lecoultre.com
www.torresdistrib.com
www.fpjourne.com
www.raymond-weil.com
www.chopard.com
www.porsche-design.com
www.thebritishmasters.com
www.audemarspiguet.com
112 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
www.jaeger-lecoultre.com
65.ª edição da Mostra no site oficial Jaeger-LeCoultreNo âmbito da 65.ª edição da Mostra de Cinema de Veneza, a Jaeger-LeCoultre disponibiliza, no seu site oficial, um espaço
ex clu sivo – que se destaca, de imediato na página inicial – para a apresentação de todos os eventos deste festival interna-
cional nos quais esteve envolvida. Aliando a elegância da imagem – de cores discretas e requintadas – à funcionalidade de
navegação, o site reflecte as características essenciais da marca. Neste portal estão disponíveis informações sobre as inúmeras
estrelas que desfilaram na célebre passadeira vermelha e a relação com o filme que protagonizaram.
Podem, ainda, encontrar-se informações sobre as peças Jeager-LeCoultre que exibiram e sobre um dos momentos mais ines-
quecíveis do evento: a grande festa organizada pela marca, que decorreu no dia 31 de Agosto, na Fundação Cini – ilha San
Georgio – na qual compareceram muitos dos protagonistas dos filmes a concurso. A galeria de imagens que acompanha as
informações permite ainda viajar pelos momentos mais glamorosos e conhecer em pormenor a colecção criada especifica-
mente para o efeito. Os interessados podem, também, desfrutar de uma retrospectiva da edição do ano passado, tendo acesso
a fotografias e a um pequeno vídeo que contempla alguns dos instantes de maior relevo. Numa altura em que celebra o seu
175.º aniversário, e com a disponibilização deste espaço na página de abertura do seu site oficial, a Jaeger-LeCoultre reforça a
sua posição enquanto patrocinadora oficial de um dos mais carismáticos festivais de cinema, pelo quarto ano consecutivo.
[ Assinaturas ]
Caso queira encomendar um número anterior da Espiral do Tempo, envie-nos uma carta para: Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa, juntando a quantia respectiva em cheque.
Assinatura para 8 edições (dois anos): • Portugal € 28 • Europa € 60 • Resto do Mundo € 80
Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque endereçado a: Company One, Publicações Lda. • Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - Portugal
AssinaturasA assinatura deverá ser feita em nome de:
Morada: C.Postal: –
Localidade: Profissão: Data de nascimento:
Cont.: Tel: Tm.: E-mail:
Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive) Cheque n.º: Banco:
Nº 2 • € 5 Nº 4 • € 5 Nº 5 • € 5 Nº 6 • € 5
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Nº 1 • € 5 Nº 3 • € 5
Nº 8 • € 5 Nº 9 • € 5 Nº 10 • € 5 Nº 11 • € 5 Nº 12 • € 5
Nº 14 • € 5Nº 13 • € 5
Nº 25 • € 3,5 Nº 26 • € 3,5 Nº 27 • € 3,5 Nº 28 • € 3,5 Nº 29 • € 3,5
Nº 23 • € 3,5Nº 22 • € 3,5 Nº 24 • € 3,5Nº 20 • € 3,5 Nº 21 • € 3,5Nº 19 • € 3,5
Nº 16 • € 3,5 Nº 17 • € 3,5Nº 15 • € 5
Nº 18 • € 3,5
Fernando Campos Ferreira
Quotidianos
114 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Crónica ]
Junho, 23h 50’Nalgum momento que me escapou da história da mú-
sica moderna, o disc jockey deixou de ser um empre-
gado toca-discos por conta de outrem para virar DJ
(dee jay), artista profissional, na definição dada pela
insuspeita Wikipédia. No princípio, os DJ arranhavam
as músicas atrasando ou adiantando as rotações dos
velhinhos pratos gira-discos. Hoje, dão concertos (há
quem vá assistir...) compondo música a partir das mú-
sicas de outros, através de uma parafernália de mesas
de mistura e de outros equipamentos sofisticados. Os
meus filhos gostam e não compreendem para que ser-
viam os tais disc jockeys.
Junho, 21h 45’A pergunta habitual: que relógios actuais poderão, um
dia, vir a ter valor ajustado ao estatuto de clássico co-
leccionável? Na verdade, não tenho nem faço a mínima
ideia. Uma coisa parece quase certa: aqueles que se
pré-anunciam como tal dificilmente o virão a ser, pela
seguinte singela razão: se assim fosse tudo seria mais
fácil e previsível mas desinteressante, digo, sem valor.
Julho, 22hEnterradas as vãs certezas de uma prestação vitoriosa
da nossa selecção do chuto na bola, o País do futebol –
antes exuberantemente fantasioso e fanfarrão – assis-
tiu acrítico e resignado à humilhante derrota seguida da
debandada para férias dos seus endeusados craques,
incólumes e já de olho em transferências milionárias.
Nada de novo, portanto.
Agosto, 19h 30’...mas como a malta não é de se ficar, os nossos
Olímpicos comeram a dobrar. Por eles e pelos sobre-
ditos craques, que a esses colectivamente ninguém
aponta o dedo. Foi o azar, foi o Filipão, foi...
Feito o balanço, ganhámos. Fomos às meias-finais e
tivemos o melhor resultado de sempre nos Olímpicos.
O País reconforta-se, os responsáveis desportivos
perpetuam-se e novos testes só daqui a anos. Então
sim, vai chegar a hora dos louros e da sublimação de
todos os recalcamentos.
Nos nossos antípodas, a Espanha amealha sucessos
de uma política desportiva não hipotecada ao futebol
e aos interesses que o minam. A medalha olímpica de
prata dos ‘campeones’ em natação sincronizada não
aconteceu por obra do acaso. Só lá se chega ao fim
de muitos anos e depois de muito se ter investido em
piscinas colectivas!
It’s the politics, stupid.
Agosto, 15h 40’Cacela-a-Velha, Monsanto, Castelo Novo... este País
ainda tem muitas pérolas relativamente intactas que
se impõe preservar.
Agosto, 10h 25’O meu amigo PT que me desculpe a inconveniência no
plano dos interesses comerciais, mas alguma coisa me
diz que germina, por aí, nestes tempos cinzentos do
malfadado credit crunch, algum revivalismo à volta da
relojoaria de pilha de lítio, com altímetro, compasso,
meteorologia e outras amenities do género. Um tal
revivalismo poderá ter sido potenciado pelas últimas
criações e protótipos das grandes manufacturas tradi-
cionais, que têm vindo a inovar em domínios antes re-
servados à indústria relojoeira oriental. Pense-se, por
exemplo, no Jaeger-LeCoultre AMVOX 2 cronograph,
accionado através de pressão no vidro, ou no modelo
DBS Transponder, com um circuito integrado que ’lê
e comunica’ com o Aston Martin DBS do duplamente
sortudo e não ‘crunchado’ proprietário, realizações
notáveis da moderna, se bem que tradicional, indús-
tria relojoeira Suíça.
O meu feeling estará certamente errado e, em qual-
quer caso, o fenómeno do revivalismo nunca tem o
impacto da primeira vez. Valha ainda que what goes
up must come down e que o cliente moderno não
é homem/mulher de um só relógio, com ‘crunch’ ou
sem ele.
Um tal revivalismo poderá ter sido potenciado pelas últimascriações e protótipos das grandes manufacturas tradicionais, que têm vindo a inovar
em domínios antes reservados à indústria relojoeira oriental.
Fernando Campos Ferreira
Quotidianos
114 Espiral do Tempo 30 Outono 2008
[ Crónica ]
Junho, 23h 50’Nalgum momento que me escapou da história da mú-
sica moderna, o disc jockey deixou de ser um empre-
gado toca-discos por conta de outrem para virar DJ
(dee jay), artista profissional, na definição dada pela
insuspeita Wikipédia. No princípio, os DJ arranhavam
as músicas atrasando ou adiantando as rotações dos
velhinhos pratos gira-discos. Hoje, dão concertos (há
quem vá assistir...) compondo música a partir das mú-
sicas de outros, através de uma parafernália de mesas
de mistura e de outros equipamentos sofisticados. Os
meus filhos gostam e não compreendem para que ser-
viam os tais disc jockeys.
Junho, 21h 45’A pergunta habitual: que relógios actuais poderão, um
dia, vir a ter valor ajustado ao estatuto de clássico co-
leccionável? Na verdade, não tenho nem faço a mínima
ideia. Uma coisa parece quase certa: aqueles que se
pré-anunciam como tal dificilmente o virão a ser, pela
seguinte singela razão: se assim fosse tudo seria mais
fácil e previsível mas desinteressante, digo, sem valor.
Julho, 22hEnterradas as vãs certezas de uma prestação vitoriosa
da nossa selecção do chuto na bola, o País do futebol –
antes exuberantemente fantasioso e fanfarrão – assis-
tiu acrítico e resignado à humilhante derrota seguida da
debandada para férias dos seus endeusados craques,
incólumes e já de olho em transferências milionárias.
Nada de novo, portanto.
Agosto, 19h 30’...mas como a malta não é de se ficar, os nossos
Olímpicos comeram a dobrar. Por eles e pelos sobre-
ditos craques, que a esses colectivamente ninguém
aponta o dedo. Foi o azar, foi o Filipão, foi...
Feito o balanço, ganhámos. Fomos às meias-finais e
tivemos o melhor resultado de sempre nos Olímpicos.
O País reconforta-se, os responsáveis desportivos
perpetuam-se e novos testes só daqui a anos. Então
sim, vai chegar a hora dos louros e da sublimação de
todos os recalcamentos.
Nos nossos antípodas, a Espanha amealha sucessos
de uma política desportiva não hipotecada ao futebol
e aos interesses que o minam. A medalha olímpica de
prata dos ‘campeones’ em natação sincronizada não
aconteceu por obra do acaso. Só lá se chega ao fim
de muitos anos e depois de muito se ter investido em
piscinas colectivas!
It’s the politics, stupid.
Agosto, 15h 40’Cacela-a-Velha, Monsanto, Castelo Novo... este País
ainda tem muitas pérolas relativamente intactas que
se impõe preservar.
Agosto, 10h 25’O meu amigo PT que me desculpe a inconveniência no
plano dos interesses comerciais, mas alguma coisa me
diz que germina, por aí, nestes tempos cinzentos do
malfadado credit crunch, algum revivalismo à volta da
relojoaria de pilha de lítio, com altímetro, compasso,
meteorologia e outras amenities do género. Um tal
revivalismo poderá ter sido potenciado pelas últimas
criações e protótipos das grandes manufacturas tradi-
cionais, que têm vindo a inovar em domínios antes re-
servados à indústria relojoeira oriental. Pense-se, por
exemplo, no Jaeger-LeCoultre AMVOX 2 cronograph,
accionado através de pressão no vidro, ou no modelo
DBS Transponder, com um circuito integrado que ’lê
e comunica’ com o Aston Martin DBS do duplamente
sortudo e não ‘crunchado’ proprietário, realizações
notáveis da moderna, se bem que tradicional, indús-
tria relojoeira Suíça.
O meu feeling estará certamente errado e, em qual-
quer caso, o fenómeno do revivalismo nunca tem o
impacto da primeira vez. Valha ainda que what goes
up must come down e que o cliente moderno não
é homem/mulher de um só relógio, com ‘crunch’ ou
sem ele.
Um tal revivalismo poderá ter sido potenciado pelas últimascriações e protótipos das grandes manufacturas tradicionais, que têm vindo a inovar
em domínios antes reservados à indústria relojoeira oriental.