espectrofotômetro e cabine de luz

77
CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE CLAUDEMIR OLIVEIRA MOREIRA ESPECTROFOTÔMETRO E CABINE DE LUZ: FERRAMENTAS PARA O CONTROLE DE QUALIDADE DE MASTERBATCHES São Paulo 2009

Upload: kaio-max

Post on 29-Jan-2016

22 views

Category:

Documents


15 download

DESCRIPTION

TCC

TRANSCRIPT

Page 1: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

CLAUDEMIR OLIVEIRA MOREIRA

ESPECTROFOTÔMETRO E CABINE DE LUZ: FERRAMENTAS PARA O CONTROLE DE

QUALIDADE DE MASTERBATCHES

São Paulo

2009

Page 2: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

CLAUDEMIR OLIVEIRA MOREIRA

ESPECTROFOTÔMETRO E CABINE DE LUZ: FERRAMENTAS PARA O CONTROLE DE

QUALIDADE DE MASTERBATCHES

Monografia apresentada no curso de Tecnologia em Produção com ênfase em plásticos na FATEC ZL como requerido parcial para obter o Título de Tecnólogo em Produção com ênfase em Plásticos Orientador: Prof. Lucio César Severiano

São Paulo

2009

Page 3: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

CENTRO TECNOLÓGICO DA ZONA LESTE

FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE

CLAUDEMIR OLIVEIRA MOREIRA

ESPECTROFOTÔMETRO E CABINE DE LUZ:

FERRAMENTAS PARA O CONTROLE DE QUALIDADE DE MASTERBATCHES

Monografia apresentada no curso de Tecnologia em Produção com ênfase em Plásticos na FATEC ZL como requerido parcial para obter o Título de Tecnólogo em Produção com ênfase em Plásticos.

COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________________

Prof. Lucio César Severiano Faculdade de Tecnologia da Zona Leste

______________________________________

Me. Givanildo Alves dos Santos ITA - Instituto de Tecnologia da Aeronáutica

______________________________________

Eng. Marcelo Augusto Gonçalves Bardi IPEN/CNEN/USP - Instituto de Pesquisas

Energéticas e Nucleares

São Paulo, ____ de________ de 2009.

Page 4: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

A Deus, a minha esposa e aos meus amigos e familiares...

companheiros de todas as horas...

Page 5: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo plano de vida que ele tem para

comigo, pelos caminhos que ele tem me feito trilhar, proporcionando-me conhecer

pessoas maravilhosas que contribuíram para a minha formação pessoal e

profissional.

A minha esposa e família, pela confiança, apoio e motivação.

Aos amigos e professores do Curso, pois juntos trilhamos uma etapa

importante de nossas vidas.

Page 6: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

“Se existe uma forma

de fazer melhor, descubra-a.”

Thomas Edison

Page 7: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

RESUMO

O masterbatche ou máster é comumente conhecido como um composto

utilizado para a coloração ou aditivação de resinas termoplásticas, sendo constituído

de uma resina veículo, que deverá ser compatível com a resina de aplicação, e

pigmentos ou aditivos, na proporção que dê a proteção necessitada da resina, a

cobertura e cor desejada.

É importante que não haja grandes variações neste produto, ou será

perceptível aos olhos de um observador a diferença entre os produtos fabricados

com lotes diferentes de um máster, fazendo-se necessário um rigoroso controle de

qualidade sobre os mesmos, utilizando-se de ferramentas como o espectrofotômetro

e a cabine de luz, equipamentos para a avaliação das cores, onde profissionais

treinados interpretam os dados da leitura, seja ela visual ou computadorizada,

fazendo as devidas correções se necessárias para se manter uma uniformidade do

masterbatche.

Palavras-chave: masterbatches, espectrofotômetro, cabine de luz, cores e

pigmentos.

Page 8: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

ABSTRACT

The Masterbatch is commonly known as a compound used to color or

additive for thermoplastic resins, consisting of a resin vehicle, which should be

compatible with the resin, and pigments or additives, in proportion to result the

necessary protection of resin, the desired coverage and color.

It is important that there are not large variations in this product, or be

perceived in the eyes of an observer the difference between products with different

batches of a masterbatch, making it necessary to a strict quality control on them,

using tools like spectrophotometer and the cabin light, equipment for the evaluation

of color, where trained professionals interpret data from the reading, be it visual or

computerized, making the necessary corrections if necessary to maintain uniformity

of the masterbatch.

Key-words: masterbatches, spectrophotometer, cabin light, colors and pigments.

Page 9: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comprimento de onda emitidas pelas cores.............................................28

Tabela 2 – Temperatura de cor aparente..................................................................29

Tabela 3 – Exemplos típicos de valores de temperatura de cor aparente.................30

Tabela 4 – Comparação entre pigmentos orgânicos e inorgânicos ..........................40

Tabela 5 – Distribuição do consumo de pigmentos....................................................43

Tabela 6 – Requisitos de qualidade dos colorantes para alguns polímeros..............46

Page 10: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Interação entre a luz, objeto e observador................................................17

Figura 2 - Tipos de rugosidade utilizados em acabamentos superficiais...................17

Figura 3 – Representação da formação das cores por subtração e adição...............22

Figura 4 – Representação de cor por saturação versus luminosidade......................25

Figura 5 – Espaço das cores......................................................................................25

Figura 6 – Faixa de freqüência de radiação...............................................................26

Figura 7 – Gráfico do espectro de cores emitidas pelos iluminantes: Luz do dia,

fluorescente e incandescente....................................................................................27

Figura 8 – Exemplo de metamerismo.........................................................................32

Figura 9 – Representação da reflexão.......................................................................33

Figura 10 – Representação da refração.....................................................................33

Figura 11 – Representação da transmissão...............................................................34

Figura 12 – Representação da difusão......................................................................35

Figura 13 – Representação da absorção...................................................................35

Figura 14 – Exemplo de gráficos de cores via espectrofotômetro.............................36

Figura 15 – Classificação dos colorantes...................................................................39

Figura 16 - Círculo colorimétrico................................................................................45

Figura 17 – Tipos de concentrados............................................................................49

Figura 18 – Máquina industrial Banbury....................................................................49

Figura 19 – Máquina de laboratório – Drays..............................................................50

Page 11: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

Figura 20 – Fluxograma de obtenção de concentrados granulados..........................55

Figura 21 – Fluxograma de obtenção de concentrados em pó (dry blend)................56

Figura 22 – Fluxograma de obtenção de concentrados universais............................56

Figura 23 – Máquina injetora......................................................................................60

Figura 24 – Representação do processo de sopro....................................................60

Figura 25 – Máquina básica para os processos de extrusão.....................................61

Figura 26 – Representação do funcionamento do espectrofotômetro.......................65

Figura 27 – Geometrias de medição d/0 e 0/d, com componente especular incluída e

excluída......................................................................................................................66

Figura 28 – Representação da luz especular.............................................................67

Figura 29 – Geometria de medição 45/0 e 0/45.........................................................67

Figura 30 – Plano geométrico das cores....................................................................68

Figura 31 – Diagrama de cromaticidade....................................................................69

Figura 32 – Sólido colorimétrico do espaço CIElab....................................................69

Figura 33 – Laudo de análise de via espectrofotômetro............................................74

Page 12: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................14

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................15

1.2 METODOLOGIA..............................................................................................15

2. A COR...................................................................................................................16

2.1 Como trabalham os olhos.............................................................................18

2.1.1 Visão diurna/noturna ..............................................................................20

2.1.2 Daltonismo...............................................................................................20

2.2 Cores primárias e secundárias.....................................................................20

2.3 Cores terciárias ..........................................................................................23

2.4 QUALIDADES DA CORES .............................................................................24

2.4.1 Tonalidade ...............................................................................................24

2.4.2 Luminosidade ..........................................................................................24

2.4.3 Saturação ou pureza ...............................................................................24

3. A LUZ....................................................................................................................26

3.2 Metameria .......................................................................................................31

4. APARÊNCIA DA SUPERFÍCIE ............................................................................33

5.0 PIGMENTOS E CORANTES ..............................................................................38

5.1 Características dos colorantes.....................................................................41

5.2 Aspectos colorísticos....................................................................................44

6. 0 MASTERBATCHES ...........................................................................................48

6.1 Etapas do processo de dispersão................................................................53

6.2 Processos de fabricação dos concentrados ...............................................55

7. CONTROLE DE QUALIDADE EM MASTERBATCHES ......................................58

Page 13: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

7.1. Cabine de luz.................................................................................................62

7.2 Espectrofotômetro.........................................................................................64

8. ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DE LOTES APROVADOS VISUALMENTE VIA

ESPECTROFOTÔMETRO........................................................................................73

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................75

REFERÊNCIAS.........................................................................................................76

Page 14: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

14

1. INTRODUÇÃO

As cores aplicadas aos produtos são um forte apelo ao consumo do

cliente. Ela tem por função a estética visual do produto, sinalização, fortalecimento

da marca, além de exercer influências psicológicas sobre o consumidor. Dessa

forma, se dá a importância do controle das variações entre lotes de masterbatches.

Estas variações, além de demonstrar a ineficiência do controle de

qualidade de uma empresa fornecedora de masterbatches, afetam o produto final

podendo ocorrer que, produtos com lotes diferentes quando expostos na prateleira,

sofram variações perceptíveis aos olhos dos consumidores, causando ao mesmo a

desconfiança da qualidade do produto. Isto acontece mesmo que a diferença, muitas

vezes, seja apenas na cor da embalagem e não no produto envazado, por exemplo,

como no caso de frascos.

Vale ressaltar que há variações de cores causadas por outros

motivos além do máster, como por exemplo a utilização de uma temperatura de

processamento acima da especificação do composto de pigmentos ou a resina de

aplicação ser reciclada.

Então se torna relevante a busca por conhecimentos sobre um

produto comumente utilizado na indústria de transformação de materiais plásticos

como os masterbatches, no que ele consiste, suas aplicações, suas vantagens e

desvantagens. Também se mostra prudente o estudo de algumas ferramentas

utilizadas no controle de qualidade, tais como o espectrofotômetro, que é um

aparelho que juntamente com um software de computador realiza leituras e

apresenta graficamente as diferenças entre padrão e amostra, e o método visual,

feito por pessoas especializadas e responsáveis pela leitura, análise das cores e

Page 15: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

15

correção para a produção do lote conforme o padrão.

Esta última análise é realizada geralmente dentro de uma cabine de

luz, que consiste em uma caixa com quatro iluminantes, ou seja, lâmpadas que

simulam a luz do dia (D65), luz fluorescente fria (luz de ambientes internos), luz

incandescente e luz de emissão de raios de ultravioleta.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo apresentar conceitos sobre os

masterbatches, produtos muito utilizados nos diversos ramos de transformação de

materiais plásticos, bem como das ferramentas utilizadas no seu controle de

qualidade: espectrofotômetro e cabine de luz.

1.2 METODOLOGIA

Para realização deste trabalho será utilizada a metodologia de estudo

de caso e ainda a metodologia de pesquisa bibliográfica na internet, em catálogos e

artigos para revisão da literatura do tema proposto.

Page 16: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

16

2. A COR

As cores estão presentes em todo o nosso dia a dia e há muito tempo

elas fascinam o ser humano. Desde os nossos antepassados, tentamos reproduzir

as cores da natureza, visto que elas nos transmitem sensações e agimos

instintivamente quando expostos a elas.

Estudos vêm sendo realizados a este respeito proporcionando a

escolha da cor ideal para um produto ou ambiente, segundo VALCAPELLI (2001, p.

11), as cores reúnem em si uma série de sugestões visuais, que despertam as

condições psico-emocionais, contribuindo assim para despertar algum tipo de

sentimento nas pessoas.

Podemos observar que em ambientes como hospitais são utilizadas

cores verdes e azuis claros, que nos dão a sensação de paz e tranqüilidade, já em

ambientes como lanchonetes é forte a presença de cores quentes como o laranja e

o vermelho, nos deixando agitados e estimulando a fome, nos mercados podemos

observar o festival de cores nos produtos, tática muito utilizada em produtos de

menor conhecimento da população, tentando através de cores vivas e chamativas

conquistarem o cliente para o seu consumo.

Hoje compramos o que agrada aos nossos olhos, e especificamente

no setor de plásticos, em vista da complexidade crescente do mercado, a escolha e

desenvolvimento das cores ideais envolvem aspectos mais complexos que os

tradicionalmente considerados, como estética e efeitos psicológicos. (CROMEX,

2005, p. 5)

A obtenção da cor envolve a coordenação de diversos elementos,

tais como utilização da peça, níveis de tolerância, resina utilizada, temperatura de

Page 17: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

17

processamento, atoxicidade entre outros. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 5)

A cor é o resultado da interação entre o iluminante (1 - fonte de luz),

o objeto iluminado (2) e o observador (3), conforme Figura 1.

Figura 1 – Interação entre a luz, objeto e observador

Fonte: Qmc.ufsc (2009)

A cor será interpretada ou visualizada de forma diferente mudando-se

qualquer um desta interação (luz, objeto, observador), ou seja, a mesma cor não

será enxergada da mesma maneira se mudarmos o tipo de luz que ilumina o objeto

em análise ou se alterarmos o tipo de acabamento do objeto, por exemplo, inserindo

texturas ou um acabamento espelhado. (Figura 2)

Figura 2 - Tipos de rugosidade utilizados em acabamentos superficiais

Fonte: Konica (1998, p. 49)

A rugosidade segundo os autores de SENAI MARIO AMATO (2003b,

p. 132) é o conjunto de irregularidades, isto é, pequenas saliências e reentrâncias

que caracterizam uma superfície.

Page 18: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

18

Já a interpretação de uma cor varia significativamente de um

observador para outro, e dependendo de fatores como ângulo, distância, cansaço,

fadiga, experiência de vida do observador, o cérebro proporcionará a ele uma

sensação única, diferente de outra pessoa. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO,

2004)

2.1 Como trabalham os olhos

As ondas de luz penetram nos olhos através da córnea que transmite

essas ondas de luz a um ponto (da retina) onde se localiza a fóvea, um ponto de

concentração das células captadoras de estímulos luminosos. Essas ondas são

finamente difusas quando passam através das lentes que se encontram atrás da

córnea. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 26)

A íris atua como um diafragma que expande ou contrai a pupila,

controlando a quantidade de luz que é permitida entrar no olho. Os bastonetes e os

cones são os últimos a receber cada parte da imagem, os quais transformam a

imagem ótica recebida de energia radiante em impulsos que estimulam milhões de

terminais nervosos.

Os cones da visão são conhecidos como fotópicos ou visores

diurnos. Existem outros receptores de luz, chamados bastonetes, que estão também

presentes dentro do olho, mas não se envolvem na visão das cores. Os bastonetes

servem para dar uma idéia geral do quadro e da fidelidade da paisagem, e são

sensíveis somente quanto à quantidade de ondas de luz que entra no olho. (SENAI

FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 27)

Vários bastonetes são ligados a um só terminal nervoso, e não tem

capacidade para perceber pequenos detalhes. Os bastonetes são sensíveis à baixos

Page 19: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

19

índices de iluminação e permitem ver à noite, sob extremas condições de baixa

iluminação. Entretanto, os objetos que se apresentam com cores brilhantes à luz do

dia, quando vistas pelos cones sensíveis, as cores aparecem somente como formas

descoloridas à luz da lua, porque somente os bastonetes são estimulados. Este

fenômeno é conhecido como visão noturna. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO,

2004, p. 27)

O sistema ótico inicia, nesse ponto uma série de impulsos elétricos

que passam através de um grupo de nervos, que está ligado ao nervo ótico. Os

nervos óticos (um para cada olho) combinam e transmitem os impulsos selecionados

para o cérebro que o interpreta, criando-se então a percepção visual. (FARKAS, 20--

, p. 11)

Existem muitas teorias que procuram explicar o fenômeno da visão

das cores. A mais simples é a teoria de três componentes de Young, que admite três

grupos de elementos (receptores) sensíveis à luz conhecidos como cones, de modo

que cada grupo é dirigido à cada uma das cores primárias: um para o espectro

vermelho, um para espectro violeta e um para o verde. (SENAI FRANCISCO

MATARAZZO, 2004, p. 27)

O número de cones em cada olho é de cerca de sete milhões, e

estão localizados basicamente na porção central da retina, num local denominado

fóvea, e são altamente sensíveis a cor. As pessoas podem se deter em pequenos

detalhes porque cada um desses cones está conectado no extremo de seu próprio

nervo. Por fim os músculos controlam os olhos, sempre ajustando o globo ocular até

que a imagem do objeto de nosso interesse esteja em enfoque da fóvea.

Page 20: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

20

2.1.1 Visão diurna/noturna

Os olhos não têm a mesma sensibilidade a todos os comprimentos

de onda e, particularmente sob uma luz de baixa intensidade, tomam um tempo

determinado para a percepção do brilho entre diferentes cores. Isto foi descoberto

por Johannes Vom Purkinje, durante um passeio em um fim de tarde, onde ele

observou que as flores azuis se apresentavam mais brilhantes que as vermelhas e

que durante o dia pleno estavam mais brilhantes. Isto hoje é chamado de efeito de

Purkinje, e é particularmente importante em fotometria, ou seja, na medição da luz.

(SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 28)

2.1.2 Daltonismo

Há pessoas que possuem determinada dificuldade na identificação

das cores, algumas não identificam o verde e o vermelho, mas vêem perfeitamente o

amarelo e o azul. Este é um tipo de doença que afeta parcial ou totalmente e é

conhecida por Daltonismo.

É um defeito na visão transmitida através de características genéticas

[...] uma pessoa totalmente daltônica, tem total visão das coisas que a cercam, mas

sempre variando dentro da escala dos ‘Cinzas’, da mesma forma que uma pessoa

que está apreciando um programa de TV colorido mas vendo somente em branco e

preto. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 28)

2.2 Cores primárias e secundárias

A cor nos é perceptível sob duas formas: através da sua formação

com luz e através de partículas (material colorante). E para cada uma delas há uma

Page 21: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

21

classificação das cores primárias.

Nas cores formadas com luz, por exemplo, no monitor de

computador, o processo de formação é baseado no sistema RGB, da abreviação das

palavras em inglês, Red (vermelho), Green (verde) e Blue (azul), representadas

pelos valores de X, Y e Z, respectivamente, e conhecidas também como valores

trístimulos. Segundo FARKAS (20--, p. 12) quando uma luz colorida atinge o olho ela

sensibiliza X cones sensíveis ao vermelho (R), Y cones sensíveis ao verde (G) e Z

cones sensíveis ao azul (B), sendo enviada para o cérebro uma mensagem (X,Y,Z).

Estas são consideradas as três cores primárias para este sistema de formação de

cores, onde misturando-as obteremos as seguintes cores secundárias:

Magenta = vermelho + azul

Ciano = verde + azul

Amarelo = vermelho + verde

De acordo com SENAI FRANCISCO MATARAZZO (2004, p. 29)

chamamos as cores da luz de aditivas. Uma cor secundária da luz misturada nas

devidas proporções com sua cor primária oposta, produzirá a luz branca. Por

exemplo, misturando-se luz amarela e azul obteremos luz branca, e assim dizemos

então que a luz azul e a amarela são complementares entre si.

Dessa forma, para este sistema de geração de cores podemos dizer

que a luz branca é a mistura de todas as cores e a escuridão (preto) é a ausência de

luz e cor. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO,2004, p. 29)

Para as cores obtidas pela mistura física de pigmentos e tintas, as

cores primárias são: amarelo limão, vermelho magenta e azul ciano, exatamente as

cores secundárias da luz, e são consideradas primárias porque absorveram uma cor

Page 22: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

22

primária da luz e refletem ou transmitem as outras duas. (FARKAS, 20--, p. 17)

Elas são tidas como puras, pois não se formam pela mistura das

outras, mas é a partir delas que todas as cores são formadas. De acordo com

FARKAS (20--, p. 17) esta natureza subtrativa dos pigmentos é facilmente

demonstrada utilizando-se três filtros pigmentados com margenta, ciano e amarelo,

sob uma fonte de luz branca disposta na forma da Figura 3.

Como podemos observar na Figura 3 e analisando-se o que foi dito

anteriormente e tomando como base a teoria já apresentada, podemos concluir que

na sobreposição dos filtros surgem como cores secundárias o vermelho, o azul e o

verde.

(a) cores subtrativas (b) cores aditivas Figura 3 – Representação da formação das cores por subtração e adição Fonte: Farina(2006, p. 64)

Para exemplificar o que ocorre para o surgimento destas cores,

vamos aplicar a teoria aos filtros amarelo e magenta iluminados por uma luz branca,

o que resulta em sua sobreposição o vermelho.

Como já discutido, a luz branca emite todos os comprimentos de

onda, e os filtros absorvem os comprimentos de ondas diferentes de sua cor,

deixando passar apenas os comprimentos filtrados. Na nossa análise, a luz amarela

é composta por luz vermelha e verde, sendo estas duas as que passarão pelo filtro

Page 23: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

23

amarelo, enquanto que o azul é absorvido pelo filtro. Quando estas duas chegam ao

filtro magenta, que é formado por faixas de vermelho e azul, a luz azul é filtrada e

absorvida pelo processo anterior, não havendo assim faixas deste tipo para serem

transmitida pelo filtro magenta. Então, o comprimento de faixas de ondas verde é

absorvido por este filtro restando somente a faixa vermelha, que é emitida na

intersecção dos filtros amarelo e magenta. Por isso o processo é tido como

subtrativo, tal como também ilustrado na Figura 3 (a).

Nota-se ainda que na intersecção dos três filtros aparece o preto, o

que ocorre porque não há faixas de luz passando por este ponto, sendo que todas

foram filtradas e absorvidas pelos filtros, em outras palavras, há a ausência de luz

neste ponto.

2.3 Cores terciárias

As cores terciárias são todas as cores que não se encaixam nas

descritas no item 2.2 e que podem ser obtidas pela mistura de duas cores primárias

em proporções diferentes, ou seja, uma em maior quantidade do que a outra, ou

misturando as três cores primárias em proporções iguais ou não.

Um laranja, por exemplo, pode ser obtido pela mistura do amarelo

com o vermelho, ou um marrom que pode ser obtido pela mistura das três cores

primárias ou ainda da mistura de amarelo, vermelho e preto. (SENAI FRANCISCO

MATARAZZO, 2004, p. 33)

Quando falamos da cor pigmento, a mistura de três cores primárias

em proporções exatamente iguais obtemos o preto cromático. Portanto, o preto não

é uma cor, mas a mistura de todas elas. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004,

Page 24: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

24

p. 34)

Já na mistura da cor luz o resultado seria o branco. Lembrando que

aqui estamos falando sobre a cor pigmento (mistura cromática).

2.4 QUALIDADES DA CORES

2.4.1 Tonalidade

É a grandeza que caracteriza a qualidade da cor ou a cor

propriamente dita permitindo-nos diferenciar as cores. A tonalidade de uma cor está

associada a um certo comprimento de onda do espectro visível. (SENAI

FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 36)

2.4.2 Luminosidade

Segundo SENAI FRANCISCO MATARAZZO (2004), é a qualidade

que caracteriza o grau de claridade da cor, sendo as mesmas classificadas em

claras ou escuras. A claridade de uma cor está associada à sensação produzida por

uma superfície dessa cor quando iluminada por luz branca de intensidade constante

e depende da refletância (porcentagem da luz refletida) da cor:

Cor escura – sensação intensa

Cor clara – sensação fraca

2.4.3 Saturação ou pureza

Segundo SENAI FRANCISCO MATARAZZO (2004), é a qualidade

que caracteriza a quantidade da cor, indicando a proporção em que ela está

Page 25: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

25

misturada com o branco, preto ou cinza. Quando uma cor não está misturada com

outra acromática diz-se que ela é pura ou saturada e caso contrário, pálida ou

acinzentada, que na prática é mais conhecido como limpo ou sujo (Figura 4).

Figura 4 – Representação de cor por saturação versus luminosidade

Fonte: Dbd.puc-rio (2009) A cromaticidade em terceira dimensão é função da distância do eixo

neutro e o ângulo dentro do espaço das cores, ou seja, quanto mais afastado do

eixo neutro, mais saturada será em cor e de mais alta luminosidade (limpo/vivo), e

quanto mais próximo do eixo dos cinzas mais insaturado (mais sujo/apagado), tal

como demonstrado na Figura 5.

Figura 5 – Espaço das cores Fonte Dbd.puc-rio (2009)

Page 26: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

26

3. A LUZ

Há uma tendência em pensarmos que os objetos já possuem cores

definidas. Na verdade, a aparência de um objeto é resultado da iluminação incidente

sobre o mesmo. (SCRIBD, 2009)

A luz vem sendo estudada há muitos anos, como por exemplo, o

experimento de Isaac Newton em 1666, com o prisma de cristal e um feixe de luz,

onde conseguiu demonstrar que a luz é policromática. (SENAI FRANCISCO

MATARAZZO, 2004)

Ela é estudada pela física no campo da óptica, estudando todos os

fenômenos da energia radiante, que se propaga através do espaço por meio de

ondas eletromagnéticas. O conjunto destas ondas eletromagnéticas denomina-se

espectro eletromagnético, dividido em uma enorme faixa de freqüências de

radiações, conforme Figura 6. (BONJORNO, 1998, p. 136)

Figura 6 – Faixa de freqüência de radiação Fonte: Farina (2006, p. 59)

Page 27: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

27

Dentro deste espectro de radiação, a luz visível captada pelo olho

humano situa-se em uma faixa muito estreita, em torno de 4000 a 7000 Ǻ (angstron),

onde seus comprimentos de onda são menores que os infravermelhos e maiores

que os ultravioletas.

Todos os corpos visíveis são fontes de luz e se classificam em: fonte de luz primária ou corpo luminoso, que são aqueles que emitem luz própria como o Sol, a vela, metal superaquecido, porém o Sol é permanente outros não, e fonte de luz secundária ou corpo iluminado, que são aqueles que refletem a luz de um corpo luminoso, como a Lua que reflete a luz do Sol e os objetos de um ambiente iluminado. (BONJORNO, 1998, p.137)

A luz emitida pelo Sol (luz branca) é formada por várias luzes

monocromáticas, das quais podemos destacar sete cores principais, conforme

também podemos observar no céu com o arco-íris. Este é formado pelos raios do

Sol que atravessam as partículas de água, ocorrendo a dispersão luminosa das

cores em: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

O espectro é continuo, isto é, há um degradê entre cada cor.

(TRAMONTANO, 2005, p. 06)

Estas cores visíveis possuem diferentes comprimentos de onda, e

cada fonte de luz emite cores diferentes nas diversas freqüências de onda. A luz

incandescente emite mais comprimento de onda de luz vermelha, enquanto a luz

fluorescente emite todos os comprimentos de onda irregularmente. Já a luz branca

há a emissão de todas as faixas de ondas mais distribuidamente, conforme Figura 7.

Figura 7 – Gráfico do espectro de cores emitidas pelos iluminantes: Luz do dia, fluorescente e incandescente. Fonte: Plenicor (2009)

Page 28: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

28

Segundo Bonjorno (1998, p. 167), a cor de um corpo depende da luz

incidente e é determinada pela luz que ele reflete difusamente.

Por exemplo, um corpo iluminado com uma luz branca será verde se

ele absorver todos os outros comprimentos de onda com exceção das ondas da

faixa verde; um corpo será branco se ele refletir todos os comprimentos de onda; e

preto se ele absorver todos os comprimentos. Porém, como foi dito, estes corpos

estão sendo expostos a luz branca e se expormos um objeto verde a uma luz

vermelha o objeto representará ser preto, pois absorve a luz incidente e não há

verde para ele refletir, ou também quando exposto a um iluminante com baixa

emissão de um determinado comprimento a que o objeto reflete, podemos também

ter este fenômeno, ocasionando uma falsa percepção da cor. (FARKAS, 20--)

Então, a sensação de cor é formada quando um conjunto de ondas

atinge um objeto qualquer que absorve determinadas ondas com determinados

comprimentos e reflete outras, sendo que as ondas refletidas causam o efeito da cor.

A Tabela 1 mostra os comprimentos de onda e suas cores características.

Tabela 1 – Comprimento de onda emitidas pelas cores

TONALIDADE COMPRIMENTO DE ONDA

APROXIMADO (nm)∗

COMPRIMENTO DE ONDA APROXIMADO (Ǻ)**

Violeta e Azul 380 – 480 4300 - 4850

Verde 480 – 560 5000

Amarelo 560 – 590 5850

Laranja 590 – 630 6100

Vermelho 630 – 760 7000

Fonte: Senai Mario Amato (2003a, p. 06) _____________ ∗ Nanômetro nm = 10-9 m

** Ângstron Ǻ = 10-10 m

Page 29: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

29

3.1 Temperatura de cor

Em aspecto visual, admite-se que é bastante difícil a avaliação

comparativa entre a sensação de tonalidade de cor de diferentes lâmpadas. Para

estipular um parâmetro, foi definido o critério temperatura de cor (Kelvin) para

classificar a luz. (SCRIBD, 2009) As temperaturas das cores são expressas em

valores absolutos da escala Kelvin.

Em 1900, Max Planck estudou a relação entre objeto e o seu

aquecimento, elaborando a teoria do corpo negro.

Um corpo negro é definido como aquele que absorve toda e qualquer

radiação incidente sobre ele. Essa lei é utilizada para designar a temperatura relativa

da cor de qualquer objeto aquecido. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p.

12),

Assim tomando como base o corpo negro à temperatura ambiente e

aquecendo-o, temos a temperatura de cor aparente conforme demonstrado na

Tabela 2 abaixo.

Tabela 2 – Temperatura de cor aparente

Cor Temperatura (K)

Negro Temperatura ambiente (298)

Vermelho 800

Branco 5000

Azul pálido 8000

Azul Brilhante 60000 Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p. 12)

Os objetos poderão emitir cor se submetidos a um aquecimento

suficiente, e esta é alterada aumentando-se a temperatura. Por exemplo: uma barra

de ferro submetida a um aquecimento aparecerá vermelha em um primeiro instante.

Page 30: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

30

Porém aumentando-se a temperatura, ela ganhará um tom alaranjado e continuando

a aquecer, passará para branco. Alcançando seu limite de aquecimento, assumirá

um tom de branco azulado.

Semelhante a barra de ferro, o filamento de tungstênio, em lâmpadas

incandescentes, emite certa quantidade de luminosidade e sua cor varia conforme a

corrente que passa pelo filamento. Lâmpadas deste tipo trabalham a uma

temperatura de cor na faixa de 2000 a 3400 K, dependendo do ambiente e

iluminação necessária. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 13)

A designação temperatura de cor deveria ser aplicada somente a

lâmpadas incandescentes, devido a mudança na cor do filamento conforme o seu

aquecimento, entretanto de acordo com SENAI FRANCISCO MATARAZZO (2004, p.

13) o termo ‘temperatura de cor aparente’ é normalmente utilizado para especificar o

grau de brancura de outras fontes de luz como as fluorescentes, tipo de luz do céu,

as de vapor de mercúrio, etc. Alguns exemplos de temperaturas de cor para alguns

iluminantes são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Exemplos típicos de valores de temperatura de cor aparente

Fontes de luz artificiais K Fontes de luz naturais K

Fontes fluorescentes (branca quente) 3000 Luz do dia ao amanhecer 1800

Fluorescente (branca) 3500 Luz do céu plano

(uniformemente nublado)

6500

Fontes fluorescentes (branca fria) 4200 Luz do dia ao entardecer 5000

Fluorescente (luz do dia) 7000 Céu extremamente azul e

claro a Noroeste

25000

Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p. 13)

Convém ressaltar que, do ponto de vista psicológico, quando

dizemos que um sistema de iluminação apresenta luz quente, não significa que a luz

apresenta maior temperatura de cor, mais sim que a luz apresenta uma tonalidade

Page 31: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

31

mais amarelada. (SCRIBD, 2009)

Um exemplo deste tipo de iluminação é a utilizada em salas de estar,

quartos ou locais onde se deseja tornar um ambiente mais aconchegante. Da

mesma forma, quanto mais alta for a temperatura de cor, mais fria será a luz. Um

exemplo deste tipo de iluminação é a utilizada em escritórios, cozinhas ou locais em

que se deseja estimular ou realizar alguma atividade. Esta característica é muito

importante na escolha de uma lâmpada, pois dependendo do tipo de ambiente há

uma temperatura de cor mais adequada para esta aplicação. (SCRIBD, 2009)

A Comissão Internacional de Iluminação (C.I.E), com sede na França,

é o órgão que regulamenta o setor de iluminação e classifica os diversos tipos de

lâmpadas do mercado. De acordo com a organização apesar de duas lâmpadas

receberem a mesma classificação, elas podem emitir um espectro de luz diferente.

3.2 Metameria

Metameria é o fenômeno pelos quais duas cores, padrão e amostra,

aparentam ser iguais visualmente sob um determinado iluminante, mas se tornam

diferentes quando as observamos sob outro iluminante. Este fenômeno está

relacionado intimamente a composição cromática das cores avaliadas, ou seja,

composição de pigmentos e/ou corantes, se estas composições não apresentarem

as mesmas características espectrais, principalmente em termos de reemissão

relativa. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 39)

Um colorista, profissional que atua no desenvolvimento de cores para

diversas aplicações como tintas, plásticos e impressão, sabe que é possível alcançar

uma determinada tonalidade mediante a combinações de colorantes totalmente

Page 32: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

32

divergentes. Se não fosse assim, também não seria possível imitar padrões de cor,

cujas receitas não fossem conhecidas, partindo do fato que combinações

divergentes de colorantes geralmente apresentam curvas de reemissão divergentes,

mesmo que a tonalidade resultante seja igual.

Com curvas de reemissão totalmente divergentes, podemos obter os

mesmos valores trístimulos X, Y, Z e com isso tonalidades idênticas em

determinados iluminantes, ou seja, mesmo sendo divergentes podem ser obtidas a

mesma soma de valor cromático sobre todo o espectro visível.

Cores que apresentam curvas de refletância divergentes, mas que

tem valores trístimulos próximos são chamados cores metaméricas (Figura 8).

Ainda, cores com curvas de refletância idênticas, em comparação com o padrão, são

consideradas cores não metaméricas.

Figura 8 – Exemplo de metamerismo

Fonte: Konica (1998, p. 43)

Page 33: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

33

4. APARÊNCIA DA SUPERFÍCIE

A cor é um aspecto da aparência; assim tomando um concentrado

de cor padrão e aplicando-o em corpos de prova com texturas e acabamentos

diferentes, ao compararmos estes corpos de prova, teremos a impressão de que são

cores diferentes, porém o que ocorre é que quando um feixe de luz encontra uma

superfície, este constitui-se um meio de propagação da luz, mudando o aspecto de

emissão da luz e da cor em cada uma das superfícies.

Segundo Bonjorno (1998, p.138), as substâncias ou meios

encontrados na natureza se comportam de diferentes maneiras em relação à

propagação da luz, e na interface do feixe de luz com a superfície ocorrem

simultaneamente os seguintes fenômenos:

- Reflexão: ocorre quando a superfície de separação é bastante lisa,

polida e opaca à luz. Os raios que incidem à superfície mudam de direção,

retornando para o mesmo meio, conforme Figura 9. (SENAI FRANCISCO

MATARAZZO, 2004, p. 17)

Figura 9 – Representação da reflexão

Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p.17)

- Refração: ocorre quando a luz atravessa um meio transparente. O

raio incide mudando de direção, como demonstrado na Figura 10.

Figura 10 – Representação da refração

Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p. 17)

Page 34: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

34

Índice de refração de uma substância é a razão entre a velocidade da radiação eletromagnética no vácuo (3 X 1010 cm/s) e a velocidade em um dado meio. O que se determina é a diminuição da velocidade da luz quando passa do vácuo para um meio transparente e oticamente isotrópico. O índice de refração está relacionado ao desvio que ocorre quando o raio de luz passa em um ângulo inclinado de um meio para outro; é definido pela razão entre os senos dos ângulos de incidência e de refração. (MANO, 2003, p. 32)

- Transmissão: a luz atravessa o material praticamente sem

alteração. A luz é transmitida através do material que descrevemos como

transparente. Conforme se acrescenta algum concentrado de cor, este interferirá na

transmissão e parte da luz será transmitida e parte é absorvida, conforme Figura 11.

Figura 11 – Representação da transmissão

Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p. 18)

Segundo BONJORNO (1998, p.138), meio transparente é aquele que

permite a propagação da luz através de si por distâncias consideráveis, isto é,

permite a visualização nítida dos objetos através dele. Como por exemplo, podemos

citar o ar, o vidro, a água etc.

Há alguns termoplásticos que podem ser considerados meios

transparentes, igualando-se ao vidro e em alguns casos até o substituindo, neste

caso são classificados como polímeros amorfos.

Segundo MICHAELI (2005), os termoplásticos amorfos, como o

policarbonato (PC), polimetilmetacrilato ou acrílico como é comumente conhecido

(PMMA), policloreto de vinila (PVC), não se diferenciam consideravelmente em sua

transparência dos vidros.

Segundo BONJORNO (1998, p.139), meio translúcido é aquele que

Page 35: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

35

permite a propagação da luz através de si, mas a espalha, de modo que os objetos

vistos através dele não podem ser identificados, isto é, não permite a visualização

nítida. Por exemplo: vidro fosco, papel de seda, etc.

- Difusão: ocorre quando a superfície de separação não é totalmente

lisa ou polida. Os raios incidentes retornam em direções quaisquer. A difusão é

responsável pela visão dos objetos que nos cercam, como representado na Figura

12. (SENAI FRANCISCO MATARAZZO, 2004, p. 18)

Figura 12 – Representação da difusão

Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p. 18)

Absorção; ocorre quando a luz incide sobre a superfície de

separação e não retorna ao meio e nem se propaga no meio, ela é absorvida na

superfície, como representado na Figura 13. Como a luz é uma forma de energia,

isto acarreta um aquecimento da superfície. A intensidade destes fenômenos

depende das propriedades dos meios e da superfície. (SENAI FRANCISCO

MATARAZZO, 2004, p. 18)

Figura 13 – Representação da absorção

Fonte: Senai Francisco Matarazzo (2004, p. 18)

Segundo BONJORNO (1998, p.139) meio opaco é aquele que

impede a propagação da luz através de si, não permitindo a visualização dos

objetos. Por exemplo: madeira, concreto etc.”

Page 36: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

36

Com relação à luz incidente em um objeto, parte é absorvida pela

superfície e parte é refletida para todas as direções. Geralmente, quanto mais clara

for a amostra, menor será a absorção e maior será a luz refletida, nos dando a

sensação de clareza na amostra. Já se a amostra apresentar-se intensa com menor

luminosidade, maior será a absorção de luz e consequentemente uma reflexão muito

baixa.

Através do espectrofotômetro podemos medir a quantidade de luz

refletida pelo objeto, em relação a quantidade de luz incidente, para todos os

comprimentos de ondas que sejam de interesse (faixa espectral visível 400 nm a 700

nm).Os valores encontrados são chamados de reflexão espectral.

O espectrofotômetro transforma estes dados em um gráfico

percentual de reflexão, nos dando uma curva de reflexão e através dela podemos

definir a cor de uma amostra, conforme Figura 14. Supondo-se que uma amostra

reflita totalmente a luz incidente, a respectiva curva de reflexão seria uma reta

horizontal a 100% e a amostra representaria um branco ideal, mas se absorvesse

toda a luz incidente em seus diversos comprimentos de onda, resultaria em uma reta

horizontal a 0% de reflexão, representando um preto ideal.

Figura 14 – Exemplo de gráficos de cores via espectrofotômetro

Fonte: Dbd.puc-rio (2009)

Page 37: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

37

Observe a faixa do espectro visível da Figura 14 e compare com os

gráficos apresentados, no caso da cor verde, por exemplo, o pico do gráfico

corresponde exatamente com a posição do verde na faixa do espectro.

O preto como podemos observar no gráfico da Figura 14, apresenta

uma pequena reflexão, fugindo da teoria apresentada para o preto ideal. Esta

variação pode ser fruto da interferência do meio de aplicação, devido a uma gama

muito grande de tipos de resinas termoplásticas, cada uma com suas características

e propriedades intrínsecas.

Uma resina de ABS, (mistura ou blenda de três polímeros,

acrilonitrila, butadieno e estireno). RABELLO (2000, p. 223) possui uma cor

amarelada característica, diferente de uma resina de polipropileno (PP), que

apresenta uma cor leitosa como a parafina. Estas diferenças de cor das resinas,

farão com que o mesmo composto usado para o tingimento, sendo aplicado nas

duas e realizando uma leitura de espectrofotômetro para a obtenção do gráfico das

mesmas, o gráfico incorporará a cor da resina a do composto, causando uma

diferença entre os dois gráficos.

Page 38: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

38

5.0 PIGMENTOS E CORANTES

Os materiais plásticos, em geral, não apresentam um aspecto muito

atraente ao consumidor, fazendo-se necessário o tingimento dos mesmos através

dos colorantes, que são os pigmentos ou os corantes. Segundo RABELLO (2000, p.

143), são aditivos utilizados para conferir tonalidades de cor aos materiais

poliméricos.

Os primeiros pigmentos sintéticos surgiram no século XVIII, mas

apenas no século XIX é que surgiram as primeiras fábricas para a produção em

escala industrial, com aplicações principalmente na indústria têxtil. A utilização de

pigmentos em polímeros coincide com o surgimento destes, a partir das resinas

fenólicas, no início do século passado. (RABELLO, 2000, p. 143)

Os pigmentos e corantes são internacionalmente identificados por

meio de um sistema de catalogação e numeração denominado Colour Index,

normalmente abreviado como C.I. Por exemplo, a ftalocianina de cobre (β), pigmento

azul de amplo uso, é identificado como Pigment Blue C.I. 15:3. (BRASKEM, 2006, p.

126)

As substâncias colorantes podem ser classificadas em duas

categorias: os corantes e os pigmentos, estes por sua vez divide-se em mais duas

categorias, orgânicos e inorgânicos, conforme representado na Figura 15.

Page 39: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

39

Figura 15 – Classificação dos colorantes

Fonte: Senai Mario Amato (2003a, p. 07)

Para a classificação como corante ou pigmento, leva-se em conta as

características de solubilidade do colorante. Conforme BRASKEM (2006, p. 125),

pigmentos e corantes são distinguidos primariamente pela solubilidade no meio de

aplicação. Pigmentos são insolúveis no polímero, enquanto os corantes são

completamente solubilizados quando misturados ao polímero fundido.

Os pigmentos podem ser classificados como:

Orgânicos: possuem bom poder tintorial, alto brilho, boa

transparência, variável solidez a luz e ao calor; (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p.

08)

Inorgânicos: Boa opacidade ou cobertura, pouco brilho, boa solidez

a luz e variável solidez ao calor; (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 08)

Especiais: consistem de uma mistura de pigmentos visando efeitos

como fluorescência, aspecto metálico, efeito perolizado ou perolado, etc. (SENAI

MARIO AMATO, 2003a, p. 08)

Os corantes segundo a CROMEX (2005, p. 08) são colorantes

orgânicos solúveis no meio de aplicação. Possuem baixo índice de refração, elevado

poder tintorial, variável solidez à luz e a temperatura e alto brilho.

Page 40: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

40

Os pigmentos são colorantes insolúveis. Possuem alto índice de

refração e não são afetados química ou fisicamente pelo meio de aplicação. (SENAI

MARIO AMATO, 2003a, p. 07)

Além de conferir cor, os pigmentos podem aumentar o brilho, aumentar a opacidade ou ter outros efeitos aditivos como, por exemplo, estabilidade à radiação ultravioleta. Este último é o caso do negro de fumo, que atua simultaneamente como pigmento preto, estabilizante de luz e reforço em muitos polímeros. (RABELLO, 2000, p. 144)

O negro de fumo é basicamente um pó de cor preta que é usado

como pigmento em termoplásticos e como agente de reforço em borracha

vulcanizada. (BRASKEM, 2006)

Apresenta-se na Tabela 4 um comparativo entre os pigmentos

orgânicos e inorgânicos

Tabela 4 – Comparação entre pigmentos orgânicos e inorgânicos Critério Inorgânico Orgânico

Custo baixo elevado

Propriedades óticas opaco translúcido

Dispersabilidade fácil difícil

Estabilidade à luz e ao calor excelente limitada

Brilho fosco brilhoso

Poder de recobrimento fraco forte

Tendência à migração reduzida elevada Fonte: Rabello (2000, p. 144)

Os colorantes na forma pura apresentam-se normalmente na forma

de pó fino, sendo os corantes e os pigmentos orgânicos mais leves que os

pigmentos inorgânicos, possuindo características intrínsecas, tais como solubilidade

e tamanho de partículas, que influenciam diretamente a cor.

Page 41: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

41

5.1 Características dos colorantes

- Poder tintorial: é a propriedade de um colorante conferir mais ou

menos cor a um substrato. Esta é uma característica própria de cada tipo de

pigmento/corante. (Cromex, 2005, p. 23)

Os colorantes utilizados na formulação dos concentrados, bem como

o grau de dispersão dos mesmos, interferirá diretamente no seu poder tintorial.

Normalmente os corantes possuem poder tintorial superior aos pigmentos orgânicos

e estes são mais intensos que os pigmentos inorgânicos.

- Poder de cobertura: é a capacidade de um colorante não deixar

transmitir a luz através de um determinado meio onde é aplicado. Isto significa que,

quanto maior for a quantidade de luz que atravessa uma peça, menor é o poder de

cobertura dos colorantes que a tingiram. A cobertura está diretamente associada

com o espalhamento de luz, sendo esta controlada pelo tamanho e forma das

partículas de pigmento e pela diferença de índice de refração entre o pigmento e o

meio. Normalmente, os pigmentos inorgânicos possuem elevado poder de cobertura

(são opacos devido ao alto índice de refração), enquanto os corantes são

praticamente transparentes. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, P. 17)

- Atoxicidade: especialmente importante quando se trata da

coloração de embalagens e outros produtos que tenham potencialmente contato

com alimentos ou produtos farmacêuticos, além de brinquedos e produtos infantis.

Para essas condições de utilização exige-se a característica de atoxicidade. (SENAI

MARIO AMATO, 2003a, P. 18)

Neste caso, os colorantes/aditivos utilizados na formulação do

concentrado devem ser atóxicos, o que limita o número de opções de matéria-prima

possíveis e torna o produto final mais caro.

Page 42: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

42

São considerados tóxicos colorantes à base de metais pesados

como, cádmio, chumbo, cromo etc. Existem testes capazes de detectar esses

elementos no concentrado ou produto final, como as técnicas de infravermelho e

espectroscopia a raio X.

Ainda as altas temperaturas e taxas de cisalhamento envolvida na

mistura e no processamento de polímeros podem provocar alterações nos

pigmentos, modificando suas características geradoras de cor. (SENAI MARIO

AMATO, 2003a, p. 12)

A resistência térmica é determinada pela temperatura mais alta a que

um colorante ou concentrado pode ser exposto por cinco minutos, no cilindro de uma

injetora, sem mudança significativa da cor.

Os pigmentos inorgânicos são os mais estáveis podendo resistir

entre 300° a 1000°C, como por exemplo, os pigmentos de cádmio. Os pigmentos

orgânicos com exceção do negro de fumo e alguns de aplicações especiais,

resistem por poucos minutos a temperatura de 200°C. Esta exposição por tempo

prolongado pode levar a alteração de cor, ocorrendo a decomposição térmica do

pigmento, o escurecimento do mesmo ou a sublimação, que é a vaporização do

colorante, ocorre geralmente com corantes. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 12)

Se ocorrer a decomposição do pigmento durante o processamento,

os radicais livres gerados podem acelerar a degradação do polímero-base,

resultando em redução nas propriedades mecânicas. (SENAI MARIO AMATO,

2003a, p. 12)

“A solidez ao calor do concentrado nem sempre pode ser determinada pela solidez do pigmento menos resistente, uma vez que a mistura de colorantes, ou grande diferença de concentração entre eles, pode causar efeitos antagônicos, isto é, um deles pode diminuir as propriedades dos outros. Por essa razão, todo concentrado desenvolvido deve ter sua própria resistência térmica medida.” (CROMEX, 2005, p. 24)

Page 43: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

43

As aplicações em ambientes sujeitos à luz/intempéries exigem o uso

de concentrados com colorantes/aditivos de alta estabilidade a esses fatores, ainda

sob o risco de acontecerem variações sensíveis de tonalidade.

O Teste de solidez à luz de plásticos coloridos é um processo

demorado, que pode levar dois anos ou mais. Existem equipamentos de

envelhecimento acelerado que podem ser utilizados tais como Xenotest, Fade-O-

Meter ou o Weather-O-Meter.

Para a escolha dos pigmentos a serem utilizados, a norma DIN

53388 especifica uma escala de solidez à luz para colorantes, variando de 1 a 8

onde 1 é resistência muito baixa e 8 excepcional. Nos casos mais críticos, é

necessário também levar em consideração a degradação da resina a ser tingida,

além da seleção de colorantes com alta solidez à luz (7/8), é necessário também a

aditivação da resina com aditivos anti- UV.

A Tabela 5 ilustra os principais tipos de pigmentos utilizados no

mercado e os percentuais de consumo.

A terminologia empregada em muitos tipos (como ‘amarelo de cromo’) é simplificada, referindo-se ao metal base e à cor obtida, para se evitar termos mais complicados. Informações detalhadas sobre propriedades físicas e químicas dos diversos tipos, índice de cor (colour index) e aplicabilidade devem ser obtidas na literatura especializada, como em Damm & Herrmann (1995) e Radian Corporation (1987), além de catálogos de fabricantes. (RABELLO, 2000, p. 145)

Tabela 5 – Distribuição do consumo de pigmentos

Tipo Percentual de Consumo

Pigmentos inorgânicos 75,2

Dióxido de titânio 68,2

Óxido de ferro 2,4

Compostos de cádmio 1,4

Amarelo de cromo 1,4

Page 44: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

44

Laranja de molibdato 1,0

Outros 0,8

Pigmentos orgânicos 23,1

Negro de fumo 19,8

Azul de ftalocianina 1,1

Vermelhos orgânicos 1,0

Verde de ftalocianina 0.6

Outros 0,6

Pigmentos solúveis 1,7 Fonte: Rabello (2000, p. 145)

5.2 Aspectos colorísticos

Para o desenvolvimento de uma determinada cor, deve-se

primeiramente selecionar o colorante adequado para a confecção da mesma. Cada

colorante possui um tom principal e um secundário ou sub-tom. Assim, imaginemos

o círculo colorimétrico como um relógio Figura 16, onde o ponteiro indica a cor do

colorante, se o ponteiro estiver sobre a casa do amarelo ele poderá estar em uma

posição mais alaranjada ou mais esverdeada, temos então:

- Colorantes amarelo com sub-tom avermelhado ou esverdeado;

- Colorantes vermelho com sub-tom amarelado ou azulado;

- Colorantes azul com sub-tom avermelhado ou esverdeado;

- Colorantes verde com sub-tom amarelado ou azulado.

Page 45: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

45

Figura 16 - Círculo colorimétrico

Fonte: Farina (2006, p.69)

O colorista, quando pretende reproduzir uma determinada cor, leva

em consideração as especificações do projeto, como exposição ao tempo,

temperatura, atoxicidade entre outros, e seleciona entre a gama de pigmentos o

mais adequado para a confecção da cor.

Os efeitos produzidos pelos pigmentos dependem da forma de fabricação dos mesmos. Pigmentos de uma mesma constituição química podem ter grandes diferenças se possuem formas cristalinas diferentes, estados de oxidação diferentes, etc. A atuação dos pigmentos também pode ser alterada por modificações superficiais visando facilidade de dispersão, melhoria na resistência à luz etc. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 09)

A escolha baseada apenas na cor, poder de recobrimento e

transparência/opacidade pode ser muito problemático. A Tabela 6 mostra os critérios

de escolha de pigmentos para diversos polímeros comerciais.

Page 46: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

46

Tabela 6 – Requisitos de qualidade dos colorantes para alguns polímeros

Polímero Requisitos do colorante

ABS Estabilidade térmica; resistência a luz;

boa dispersabilidade.

Poliacetal Alta pureza; estabilidade térmica.

Acrílicos Moderada estabilidade térmica;

resistência a luz e ao intemperismo;

resistência a oxidação durante a

polimerização.

Fluorados Excelente estabilidade ao calor, a ácidos

e álcalis; os pigmentos orgânicos não

são recomendados.

Poliamidas Excelente estabilidade ao calor; boa

dispersabilidade; dos orgânicos apenas

os ftalatos podem ser empregados.

Polietileno Resistência a luz e a migração;

pigmentos de zinco e manganês não são

recomendados, pois aceleram o

processo de oxidação.

PVC Boa resistência a luz e migração; a

maioria dos orgânicos e inorgânicos são

adequados, exceto os sensíveis a

condições ácidas.

Poliéster termofixo Resistência aos inibidores

(hidroquinonas); resistência aos agentes

de reticulação (peróxidos).

Fonte: Rabello (2000 p. 148)

Na escolha do colorante deve-se levar em consideração também

aspectos como a abrasão causada pelas partículas de colorantes e cargas nos

equipamentos de processamento, facilidade de dispersão e efeitos na cristalização

Page 47: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

47

de alguns polímeros. (RABELLO, 2000, p. 149)

Com relação a cristalização, os pigmentos podem atuar como

agentes de nucleação, acelerando a solidificação de polímeros semicristalinos, mas

se o aumento na cristalinidade for muito significativo poderá resultar em um polímero

com baixa resistência ao impacto. (RABELLO, 2000, p. 149)

Page 48: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

48

6. 0 MASTERBATCHES

Existem diversas técnicas de coloração de resinas termoplásticas

para a obtenção de peças coloridas, desde a obtenção da resina colorida no reator,

o tingimento da resina virgem, passando-a pela extrusora homogeneizada com

masterbatches ou concentrados em pó, obtendo-se por estes dois métodos produtos

com uma melhor homogeneidade da cor.

Ou ainda adicionando diretamente na extrusora/injetora ou outro

processo para a obtenção do produto final, sendo que os masterbatches granulados

se destacam, pois oferecem muitas vantagens aos transformadores que o utilizam.

Apesar da simplicidade de utilização, os concentrados para serem

formulados, devem ser rigorosamente analisadas as restrições de processo e

aplicação bem como as características dos colorantes, sendo que estas

especificações de projeto delineará a gama de colorantes que poderá ser utilizado

na confecção da formulação.

Segundo SENAI MARIO AMATO (2003a, p. 21) recomenda-se que

uma formulação não ultrapasse em sua constituição, cinco colorantes diferentes,

pois como já vimos estes pigmentos funcionam como filtros e neste processo surge

o preto. Assim, quanto mais tipos de pigmentos, mais suja será a cor obtida,

lembrando que todos devem ser compatíveis com a resina a colorir, e obedeçam as

restrições de processo e utilização final do produto.

Segundo a CROMEX (2005, p. 09), os concentrados ou

masterbatches são produtos da incorporação de altas quantidades de colorantes

e/ou aditivos em veículo combatível com o polímero de aplicação, destinados a

Page 49: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

49

colorir e/ou aditivar as resinas termoplásticas em geral.

Os concentrados podem aparecer nas formas, apresentadas na

Figura 17.

Figura 17 – Tipos de concentrados

Fonte: Senai Mario Amato (2003a, p. 22)

Os concentrados granulados são obtidos através da incorporação

dos colorantes ou aditivos em uma resina termoplástica, denominada veículo, que

deve ser compatível com a resina de aplicação. Esta incorporação é realizada em

máquinas próprias para a função como Banbures (Figura 18), Drays (Figura 19), ou

Henschel’s.

Figura 18 – Máquina industrial Banbury

Fonte: Divermaq (2009)

Page 50: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

50

Figura 19 – Máquina de laboratório - Drays

Fonte: Mh (2009) Estas máquinas promovem a dispersabilidade da alta concentração

de colorantes e cargas minerais, que também são utilizadas com fins de

proporcionar estabilidade dimensional da peça ou reduzir o custo das formulações,

esta concentração pode chegar até a oitenta por cento quando se tem uma

extrusora para o processamento dos masterbatches com corte na cabeça. Que

permitem alto nível de incorporação com boa dispersão, como os inorgânicos que

atingem níveis de até 80%, enquanto alguns concentrados de pigmentos orgânicos

e/ou corantes atingem níveis máximos de apenas 30%. (SENAI MARIO AMATO,

2003a, p. 27)

A concentração dos colorantes e aditivos depende de alguns fatores

como as características do padrão desejado. Por exemplo, espessura, um filme e

uma peça com mesmo percentual de aplicação de um concentrado parecerá ser

cores diferentes. Resina de aplicação, mais opaca (cristalina) ou mais transparente

(amorfo), se pretende ou não manter esta transparência ou deseja uma cor mais

Page 51: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

51

pastel ou mais viva na resina cristalina.

As principais características dos concentrados são:

Aplicáveis de dois a cinco por cento, ou partes por cem de resina

(PCR);

- Fácil dosagem e manuseio;

- Excelente dispersão de colorantes;

- Uniformidade de cor;

- Elevado poder de tingimento, proporcionando maior rendimento;

- Permite a troca de cores de forma rápida e econômica;

- Proporciona a redução dos estoques de matéria prima;

- Baixo custo por quilo de material tingido;

- Não interfere nas propriedades do produto final;

- Instalações limpas.

Os concentrados em pó ou Dry-blends, são obtidos via dispersão

dos colorantes e/ou aditivos em veiculo não polimérico na forma de pó. Possuem a

propriedade de aderir uniformemente ao polímero de aplicação, proporcionando uma

melhor homogeneização se os colorantes estiverem bem dispersos, caso contrário

poderá ocorrer a presença de pintas no produto. Podem ser obtidos também por

micronização dos concentrados granulados. (CROMEX, 2005, p. 10) Suas principais

características são:

- Aplicação normalmente inferior a 2% ou PCR;

- Indicado para aplicação em resina micronizada (pó);

Page 52: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

52

- Permite a agregação de alto teor de colorantes, com uma aplicação

inferior a dos concentrados granulados, já que estes geralmente não possuem a

resina que enche a formulação;

- Boa homogeneização com a resina de aplicação;

- Menor dispersão de colorantes com relação aos concentrados

granulados;

- Máquinas e instalações impregnadas pelo pó.

Os concentrados universais, segundo a CROMEX (2005, p. 11) são

uma dispersão de colorantes e/ou aditivos em veiculo aglomerante, gerando um

produto de granulometria irregular. Suas características são:

- Aplicáveis de 1 a 5% ou PCR em peso;

- Não contaminante

- Compatível com várias resinas, embora a cor natural delas interfira

na cor do produto final;

- Possuem baixa viscosidade de fundido, o que pode levar a boa

homogeneização com alguns polímeros e regular com outros;

- O veiculo aglomerante pode interferir nas propriedades do produto

final

- Pode ocorrer a variação de tonalidade devido a granulometria ser

irregular.

Page 53: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

53

6.1 Etapas do processo de dispersão

O processo de dispersão é realizado em algumas etapas que são:

- Desagregação: esta etapa é essencial, pois o pigmento não é

fornecido no tamanho de partícula adequado para o efetivo poder de recobrimento.

A desagregação é conseguida pelo contato da partícula com o equipamento de

mistura, a frio ou a quente, e pelo atrito partícula-partícula. (RABELLO, 2000, p.154)

- Molhamento: depende da tensão e energia superficiais do

colorante e da fluidez do material, além da área especifica e a geometria da

partícula. O molhamento melhora com o aumento da temperatura. (RABELLO, 2000,

p.154)

- Distribuição: a boa distribuição das partículas desagregadas e

molhadas é alcançada em altas temperaturas de processamento (baixa

viscosidade), tempos longos e fluxo turbulento. Os requisitos de produtividade tem

levado ao desenvolvimento de equipamentos com unidades eficientes de mistura

para evitar tempos longos. (RABELLO, 2000, p.154)

Estabilização: as forças de atração entre as partículas devem ser

superadas por energia externa fornecida durante a dispersão. As partículas menores

(alta área superficial) são termodinamicamente instáveis e exibem tendência de

reaglomeração. No material fundido, isso é mais difícil devido a alta viscosidade,

mas em plástisois, mistura de 50% de PVC com ±50% de plastificante, ou em

presença de solventes, a reaglomeração pode ocorrer e é extremamente

dependente da polaridade do líquido. Agentes superficiais aplicados podem reduzir

esta tendência. (RABELLO, 2000, p.154)

O grau de dispersão alcançado com uma determinada mistura

Page 54: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

54

polímero-colorante depende dos seguintes fatores:

- Constituição química, tamanho de partícula e forma das partículas

do pigmento;

- Viscosidade do polímero fundido, que também depende da

temperatura de mistura;

- Presença de outros aditivos, especialmente auxiliares de

processamento;

- Interações específicas entre as moléculas do colorante e grupos

funcionais do polímero;

- Eficiência do equipamento de mistura e processamento.

A má dispersão dos colorantes pode trazer alguns transtornos como:

- Variações na intensidade e tonalidade da cor;

- Obstrução da tela de filtragem da extrusora;

- Instabilidade do balão na extrusão de filmes;

- Quebra dos monofilamentos e fitas durante a extrusão

- Fragilizações.

Os pontos de má dispersão dos colorantes atuam como agente

nucleante e concentradores de tensões, podendo gerar falhas e perdas das

propriedades mecânicas dos materiais, que dependendo da peça e aplicação pode

ser catastrófico, principalmente em processos onde não ocorre um cisalhamento

mais intenso, como na moldagem rotacional. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 17)

Page 55: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

55

6.2 Processos de fabricação dos concentrados

A produção dos concentrados de cor, masterbatches, envolve

processos e equipamentos específicos, sendo necessário o controle da produção

para suprir as especificações. Segue abaixo os fluxogramas de produção dos

masterbatches granulados (Figura 20), em pó (Figura 21) e concentrados universais

Figura 22.

Figura 20 – Fluxograma de obtenção de concentrados granulados Fonte: Senai Mario Amato (2003a, p. 23)

Page 56: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

56

Figura 21 – Fluxograma de obtenção de concentrados em pó (dry blend) Fonte: Senai Mario Amato (2003a, p. 24)

Figura 22 – Fluxograma de obtenção de concentrados universais Fonte: Senai Mario Amato (2003a, p. 24)

A homogeneização, segundo a CROMEX (2005, p. 21), é o grau de

facilidade de distribuição do concentrado sobre a resina de aplicação, durante o

processo de transformação. Dependendo basicamente de dois fatores, a

concentração dos colorantes/aditivos no masterbatche e o comportamento do fluxo

Page 57: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

57

entre o concentrado e o polímero de aplicação.

A capacidade de homogeneização do equipamento envolve

configurações de rosca, tamanho do cilindro de plastificação e tempo de mistura no

cilindro. Ciclos muito rápidos pode não permitir uma boa dispersão do masterbatche

na resina, estas deficiências ou necessidades de produção requer para ser

contornadas, uma aplicação maior do concentrado, faz se então um máster menos

concentrado para ser aplicado em uma quantidade maior, facilitando a sua

homogeneização na resina.

A concentração deve permitir que os colorantes/aditivos dispersem

perfeitamente, obtendo assim o máximo do potencial dos colorantes, principalmente

para evitar a má dispersão e cuja aplicação esteja entre 2 a 5 %, masterbatches com

alto teor de concentração e aplicação inferior a 1% resultará um uma distribuição

espacial deficiente do concentrado na resina de aplicação, dificultando a

homogeneização.

O comportamento do fluxo varia de acordo com a viscosidade do

concentrado, para um bom desempenho do mesmo em termos de homogeneização,

a sua viscosidade deve ser um pouco inferior a da resina, dessa forma durante a

plastificação da mistura na rosca, o concentrado fundirá primeiro, homogeneizando-

se rapidamente no polímero de aplicação. Se o concentrado for mais viscoso, alguns

pontos podem conter maior concentração que outros, além de riscos e manchas

causadas pelo masterbatche. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 27)

Page 58: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

58

7. CONTROLE DE QUALIDADE EM MASTERBATCHES

Como visto, o controle de qualidade dos masterbatches é primordial

para o bom desempenho do produto, seja ele para aplicação técnica, onde a peça

não pode falhar resistindo aos esforços solicitados ou a função de marketing,

melhorando a aparência do produto, tornando-o mais apresentável, agradando e

conquistando os clientes.

O ponto mais crítico está relacionado à má dispersão dos colorantes

e a degradação térmica dos mesmos, o que pode interferir nas propriedades

mecânicas do material, constituindo potencialmente uma falha técnica. (SENAI

MARIO AMATO, 2003a)

Já a variação de tonalidade, que não deixa de ser importante,

implicará, principalmente se as aplicações forem em subconjuntos formados por

várias peças diferentes, em reclamações dos clientes, que pode trazer a insatisfação

do cliente perante o fornecedor impelindo-o para a busca de novos fornecedores, e

também o prejuízo de retrabalhar o concentrado e restituir o cliente de eventuais

perdas como:

- Misturas já homogeneizadas de resina e concentrado;

- Horas homem/máquina de trabalho;

- Multas contratuais por paradas de linhas de produção, etc.

A linha de produção dos masterbatches, deve ser dotada de

equipamentos que possibilitem a obtenção do máximo aproveitamento dos

colorantes e uma granulometria padronizada, além de funcionários bem treinados

para a identificação e resolução de eventuais problemas no processo.

Page 59: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

59

Segundo a CROMEX (2005, p. 27) a granulometria refere-se a

uniformidade, regularidade e ao tamanho dos grãos.

Sua uniformidade e regularidade são características desejáveis, pois influenciam diretamente na homogeneização e são indispensáveis para uma dosagem constante. A granulometria deve ser mais próxima possível (com relação à dimensão) da granulometria do polímero de aplicação. Os grânulos muito grandes são indesejáveis para uma homogeneização, enquanto que os pequenos não são aconselháveis, devido á possibilidade de sedimentação no funil do equipamento. (SENAI MARIO AMATO, 2003a, p. 18)

Os técnicos do laboratório de controle da qualidade devem também

ser capazes de identificar os problemas e corrigi-los, contando para esta

identificação e verificação da qualidade com equipamentos de análise, como por

exemplo, máquinas de laboratório que simulam o processo do cliente como:

- Máquinas injetoras (Figura 23), é um equipamento utilizado para

fabricação descontínua de produtos moldados, pela injeção de material plastificado

no molde, que contém uma ou mais cavidades, em que o produto é formado. O

material é armazenado em um funil e este é transferido por uma rosca para dentro

de um cilindro aquecido com resistências elétricas, a temperatura das resistências

juntamente com o atrito do polímero com o metal, funde a massa, sendo esta

homogeneizada e transferida pela rosca para o interior da(s) cavidade(s) do molde,

onde recebe o formato da peça desejada, após o resfriamento o molde é aberto e a

peça já acabada é extraída, sendo esta a grande vantagem deste processo. (SENAI

MARIO AMATO, 2003c, p. 7)

Page 60: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

60

Figura 23 – Máquina injetora

Fonte: Senai Mario Amato (2003c, p. 7)

- Máquinas sopradoras, são capazes de produzir artigos ocos

fechados inteiros e de uma só vez, como por exemplo, frascos e potes para

cosméticos, garrafas de bebidas em geral, além de muitas outras aplicações que

vem sendo desenvolvidas. O processo de fusão do polímero neste processo é igual

ao do processo de injeção, porém difere sendo este processo contínuo, o material

fundido é extrusado no perfil/formato de uma mangueira denominada parizon, por

um cabeçote continuamente. (SENAI MARIO AMATO, 2003c)

O parizon é abraçado por um molde e depois cortado, então este se

desloca para outra posição onde um ou mais pinos de sopro, dependendo do

número de cavidades do molde, injeta o ar comprimido no interior do parizon,

forçando-o contra as paredes da cavidade e mantendo a pressão até o seu completo

resfriamento, o molde é então aberto e o frasco extraído, repetindo continuamente

este ciclo, conforme representado na Figura 24.

Figura 24 – Representação do processo de sopro

Fonte: Senai Mario Amato (2003c, p. 142)

Page 61: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

61

- Máquinas extrusoras (Figura 25), assim como a sopradora, é um

processo contínuo, onde o material é transferido do funil para dentro do cilindro

sendo este fundido e forçado a passar por um cabeçote, daí provém o nome

extrusão, extrudar significa empurrar ou forçar a sair. Estas máquinas podem ser

monorosca, com uma rosca somente, ou corrotantes/dupla-roscas com duas roscas,

as quais promovem uma melhor homogeneização em relação a monorosca. Pelo

processo de extrusão podemos obter diversos tipos de perfis, filmes, chapas/lâminas

e filamentos, diferindo para estas aplicações apenas o formato e o sistema do

cabeçote juntamente com os seus periféricos. (SENAI MARIO AMATO, 2003c, p. 85)

Figura 25 – Máquina básica para os processos de extrusão

Fonte: Senai Mario Amato (2003c, p. 86)

Ainda temos alguns equipamentos analíticos como:

- Balanças, utilizadas para pesagem das misturas e aplicações;

- Plastômetros, utilizados na medição do índice de fluidez das resinas

e dos concentrados;

- Viscosímetros, utilizado para análise da viscosidade um polímero

diluído em um solvente.

- Mufla, para calcinação dos concentrados, que é um teste realizado

Page 62: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

62

para saber o teor de carga de inorgânicos nos concentrados, onde utiliza-se de um

cadinho com peso conhecido e uma amostra (± 5g) do material em análise também

de peso conhecido, submete-se este cadinho com a amostra a temperatura de

700°C da mufla por 1 hora, após este tempo retira-se o cadinho e deposita ele

dentro de um desumidificador ou em local protegido para o seu resfriamento. O

resultado é obtido pesando-se o cadinho com a amostra calcinada, subtrai-se do

valor encontrado o peso do cadinho vazio e divide o restante pelo peso da amostra

colocada dentro do cadinho, tem-se então o resultado em porcentagem

multiplicando o valor encontrado por 100.

- Medidores de teor de umidade, normalmente utilizados quando os

processos não suportam a presença de água gerando alguns problemas

característicos relacionados com a umidade.

Estes equipamentos juntamente com outros constituem ferramentas

para análise e simulação de resultados, fechando o cerco no controle da qualidade

sobre as variáveis do processo de produção dos masterbatches.

Já para a análise da cor em si, os equipamentos utilizados são a

cabine de luz e o espectrofotômetro, além do profissional apto a identificar a

variação de tonalidade e corrigi-la se necessário. Este analista utiliza-se de sua

percepção sobre a cor e experiência com colorantes para avaliar como e o que

alterar na formulação para atingir o padrão de cor desejado.

7.1. Cabine de luz

A cabine de luz é um equipamento embora simples, de grande

utilidade para a avaliação de cores, é um equipamento básico dentro de laboratórios

Page 63: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

63

onde se necessita avaliar as mesmas, é um método de análise visual onde o

colorista analisa a amostra e o padrão sob algumas lâmpadas, contando com sua

percepção.

Constituída por uma câmara pintada em uma cor neutra, cinza

Munsell entre N6 e N7, com brilho menor que 20 a 60°, contém normalmente de três

a quatro iluminantes, D 65, CWF, incandescente A e luz emissora de ultravioleta

(UV). (PLENICOR, 2009)

Vejamos a descrição de cada componente:

- A luz D 65 simula a luz do dia, é o iluminante mais utilizado e tem

uma distribuição espectral mais adequada para a visualização de cor, possui uma

temperatura de cor correlata de 6500 K ±200 k. (PLENICOR, 2009)

- A luz CWF representa a luz fluorescente, considerada luz fria, pois

apresenta temperatura de cor correlata acima de 4150 k ±200 k. (PLENICOR, 2009)

- A luz A é uma lâmpada incandescente, considerada uma luz

quente, com temperatura aproximada de 2800 k ±200 k. (PLENICOR, 2009)

- A lâmpada emissora de luz UV é utilizada para verificação da

presença de branqueadores ópticos ou pigmentos fluorescentes, onde sob esta luz

ficam com a aparência de estarem acesas.

A importância da cabine de luz é permitir a verificação da cor

independente do turno de trabalho, sob condições iguais, permitindo a simulação

dos diversos ambientes onde podem ser expostas as peças, bem como avaliar se a

cor não apresenta metameria.

Por se tratar de uma avaliação visual, realizada e interpretada pelo

observador, a cor pode apresentar variações devido a percepção psico-visual, fadiga

Page 64: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

64

ou mudança de observador.

Meios mais sofisticados de análise vêm sendo desenvolvidos para

auxiliar o analista na tomada de decisões quanto à cor como, por exemplo, o

espectrofotômetro.

7.2 Espectrofotômetro

Tradicionalmente as cores são avaliadas visualmente, utilizando-se

a cabine de luz. Mas devido às exigências cada vez mais crescentes dos

consumidores, a utilização de instrumentos de medição da cor está ganhando

importância nas indústrias.

Principalmente para se evitar as deficiências no campo da

subjetividade natural do avaliador visual, a falta de rastreabilidade e a ausência de

definições claras quanto a tolerância, que pode ser supridas pela medição

instrumental da cor como uma ferramenta de auxilio à decisão. (DBD.PUC-RIO,

2009)

O espectrofotômetro é um equipamento encontrado em vários

tamanhos e formatos, desde equipamentos de bancada até os portáteis, que medem

a transmitância e refletância de uma superfície ou amostra em função do

comprimento de onda, podendo ser usado também para formulação de receitas

quando associado a um software próprio. A Figura 26 apresenta esquematicamente

o seu funcionamento.

Um feixe de luz policromática e difusa, inicialmente, ilumina a

amostra. Essa luz refletida passa pelo prisma, grade ou outro dispositivo apropriado,

e sofre uma difração, e os componentes monocromáticos chegam nos detectores

Page 65: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

65

espectrais, cada um no lugar correspondente ao seu comprimento de onda (λ). Cada

um dos detectores manda um sinal correspondente à energia relativa recebida

naquele comprimento de onda (λ) e finalmente o fator de refletância, em

porcentagem, fica registrado. (DBD.PUC-RIO, 2009)

Figura 26 – Representação do funcionamento do espectrofotômetro Fonte: Dbd.puc-rio (2009)

A geometria de medição é a condição de iluminação/observação que

descreve o ângulo ou a maneira na qual o instrumento de medição da cor ilumina a

amostra e observa (recebe) a luz refletida resultante da iluminação.

As principais geometrias de medição utilizadas na indústria, de

acordo com o sistema de iluminação, apresentadas na Figura 27 e 29, são as

seguintes:

1) Sistema de Iluminação difusa com esfera de integração. Usa

uma esfera revestida internamente com material branco, tal como sulfato de bário,

para que a luz permaneça uniformemente difusa em todas as direções para iluminar

e visualizar a amostra.

Geometria d/0: a amostra é iluminada com luz difusa e o receptor

Page 66: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

66

detecta a luz na direção normal (0°). (KONICA, 1998, p. 47)

Geometria 0/d: um instrumento com esta geometria ilumina a

amostra no ângulo da normal (0°) e coleta a luz refletida em todas as direções. A luz

refletida em ±5° do ângulo especular pode ser incluída ou excluído usando-se a

função SCE/SCI. (KONICA, 1998, p. 47)

Figura 27 – Geometrias de medição d/0 e 0/d, com componente especular incluída e excluida

Fonte: Konica (1998)

A luz quando incide sobre um objeto angularmente, reflete

aproximadamente com o mesmo ângulo de incidência, mas no sentido contrário,

como uma bola de tênis atirada ao chão, conforme demonstrado na Figura 28, esta

luz refletida é chamada de luz especular, no caso dos modos de leitura SCE e SCI e

está relacionado diretamente com este tipo de reflexão, que nada mais é do que o

brilho, incluindo-o ou excluindo-o da leitura.

Page 67: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

67

Figura 28 – Representação da luz especular

Fonte: Konica (1998)

2) Sistema de Iluminação unidirecional. Esse método provê

iluminação de uma direção de 45°.

Geometria 45/0: fornece iluminação de 45° ±2° sobre a amostra com

relação a normal e recepção de 0° ±10° para medição do fator de refletância difusa,

comumente designado de 45/0.

Geometria 0/45: inverte-se as posições de iluminante e receptor com

relação a geometria 45/0.

Figura 29 – Geometria de medição 45/0 e 0/45

Fonte: Konica (1998)

Os dados recebidos da leitura são convertidos e representados

graficamente, onde os comprimentos de ondas são expressos percentualmente. Os

resultados obtidos também podem ser expressos numericamente, existem vários

Page 68: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

68

métodos desenvolvidos para a representação das cores, normalmente o mas

utilizado é o espaço psicométrico desenvolvido pelo C.I.E, chamado de CIE L* a* b*.

As cores são representadas e descritas por:

- L, que é o eixo da luminosidade, quanto mais clara a amostra o L

será mais próximo de 100;

- Eixo a, neste eixo sendo o valor positivo significará que a cor está

mais avermelhada ou menos esverdeada, e negativo o inverso;

- Eixo b, já neste eixo, positivo significa que a amostra está mais

amarelada ou menos azulada, valores negativos lê-se o inverso;

Podemos melhor visualizar estes parâmetros na Figura 30.

Figura 30 – Plano geométrico das cores

Fonte: Dbd.puc-rio (2009)

As cores representadas neste plano, alternam subindo ou descendo

no eixo L de luminosidade (value). Angularmente indicando a tonalidade h° (Hue), e

C* que significa ou grau de saturação (chroma), uma cor mais ou menos viva.

Na Figura 31, podemos verificar esta variação angular quando se

muda a tonalidade, neste diagrama também pode ser observado que quanto mais

próximo da extremidade do círculo mais intensa e viva é a cor, a Figura 32

representa um sólido do espaço colorimétrico.

Page 69: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

69

Figura 31 – Diagrama de cromaticidade

Fonte: Konica (1998)

Figura 32 – Sólido colorimétrico do espaço CIElab Fonte: Konica (1998)

O valor de C* inicia-se em 0 no centro e aumenta conforme se

distancia deste, o ângulo de tonalidade h inicia-se no eixo +a* sendo a posição da

cor vermelha, andando no sentido anti-horário, sendo 90° amarelo no +b*, 180°

Page 70: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

70

verde em -a*, 270° azul em -b*.

O olho humano é capaz de identificar a diferença, porém não

quantificá-la. Com o espectrofotômetro isto se torna fácil, possibilitando o

estabelecimento de tolerâncias para os produtos, o processo de leitura se dá pela

comparação entre as amostras padrão e lote, realizando primeiramente a leitura do

padrão que servirá como referência para a definição da diferença, os valores

encontrados da amostra serão subtraídos dos valores padrão, podendo os

resultados ser positivos ou negativos.

Para um melhor entendimento tomemos um exemplo, uma amostra

padrão de valores L* = 43.31, a* = 47.63, b* = 14.12 e um lote com L* = 47.34, a* =

44.58 e b* = 15.16, os valores apresentados de diferença será:

∆L* = 4.03, luminosidade;

∆a* = -3.05, - verde + vermelho;

∆b* = 1.04, + amarelo – azul;

∆E* = 5.16, diferença total da cor;

∆C* = -2.59, saturação (viva ou suja);

∆H* = 1.92, ângulo de tonalidade.

O símbolo ∆ significa variação dos eixos.

Os resultados obtidos é uma relação da amostra com o padrão,

sendo ela mais ou menos alguma coisa com relação ao padrão, no exemplo acima,

a amostra está mais clara que o padrão, mais esverdeada ou menos avermelhada,

mais amarelada ou menos azulada.

Page 71: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

71

A diferença total da amostra é expressa pelo ∆E*, que é obtido

através da equação 1:

Equação 1- Fórmula para cálculo da diferença total da cor

A diferença de tonalidade ∆C*, pode ser obtida pela equação 2:

∆ H* =S (∆ E*)2 - (∆ L*)2 - (∆ C*)2

Equação 2- Fórmula para cálculo da diferença da saturação

Conhecendo o cliente e sua tolerância se torna fácil controlar os seus

produtos, estabelecendo o critério de aceitação no próprio software de leitura,

emitindo assim o laudo de aprovação ou reprovando o lote, mas com base na leitura,

este auxiliará na decisão de quais ações tomar para a correção.

Sempre haverá variações devido a quantidade de componentes com

que são formulados os masterbatches, mas estas devem estar em níveis aceitáveis,

o ideal é trabalhar com uma tolerância nos eixos entre 0,5 e 1, principalmente para a

diferença total da cor ∆E*. Valores mais próximos de zero significam maior

conformidade com o padrão. Assim é importante conhecer o cliente para não

estreitar demais as tolerâncias, onerando o processo produtivo.

Vale também salientar, que cuidados especiais devem ser tomados

com a preparação da amostras para a leitura, como, por exemplo:

- Espessuras iguais de padrão e amostra;

- Homogeneidade da cor;

- Superfícies planas, e de texturas iguais, preferencialmente lisas;

Page 72: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

72

- Isentas de riscos e sujeiras;

- Climatização da amostra, no mínimo 10 minutos no ambiente de

leitura.

O treinamento dos analistas quanto a forma de aplicação também é

importante para prevenir a reprodutividade da amostra; estas devem ser iguais

independente de quem as aplicou. Se não forem seguidos estes procedimentos,

incorrerá na obtenção de resultados incorretos, causando transtornos de acertos na

produção desnecessários ou envio de lotes, apesar de aprovados pelo

espectrofotômetro, fora de especificação. (DBD.PUC-RIO, 2009)

Page 73: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

73

8. ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DE LOTES APROVADOS VISUALMENTE VIA

ESPECTROFOTÔMETRO

Neste estudo será apresentada uma análise de um composto de

polietileno verde, onde os lotes foram aprovados visualmente pela empresa X, em

uma época onde ainda não possuía a tecnologia de leitura da cor. Agora os mesmos

lotes foram reavaliados via espectrofotômetro para efeito de comparação com o

método visual.

No laudo de leitura (Figura 33), pode-se ver que todas as amostras

aprovadas visualmente foram re-aprovadas pelo espectrofotômetro, comprovando a

eficácia do método visual. O importante é possuir uma equipe qualificada e apta a

identificar e corrigir se necessário uma cor, sendo esta liberada dentro dos padrões

de qualidade especificados.

Todas as amostras avaliadas apresentam uma diferença de cor total

∆E*, abaixo de 0,5 estando elas dentro de uma tolerância ótima, muito semelhante

ao padrão.

Um olho bem treinado consegue identificar a diferença entre as

amostras, mas não quantificá-la; o método de leitura veio auxiliá-los na tomada de

decisões, tornando-se uma ferramenta que proporciona agilidade no processo

quando a diferença é pequena, ou seja, quando surge a dúvida se está ou não

dentro da tolerância.

Page 74: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

74

Figura 33 – Laudo de análise de via espectrofotômetro Fonte: Empresa X (2009)

Page 75: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

75

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância de se interar no assunto auxilia-nos a compreender e

interpretar com maior precisão os dados fornecidos pelo laudo de leitura, bem como

validar o processo visual, como um método de análise rápido e prático.

Por fim, este trabalho veio contribuir para divulgar a ciência das cores

e aplicação da tecnologia de leitura de cor em polímeros, através do

espectrofotômetro, sendo este utilizado juntamente com a cabine de luz como

ferramentas para o controle de qualidade dos concentrados de cor (masterbatches).

Page 76: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

76

REFERÊNCIAS

BONJORNO, J. R. et al. Temas de física 2. São Paulo: FTD , 1998.

BRASKEM. Tecnologia do PVC. São Paulo: ProEditores, 2ª edição revista e

ampliada, 2006.

CROMEX. Os bastidores da cor. São Paulo, 2005, 46p.

FARINA, M. et al.Psicodinâmica das cores em comunicação. São Paulo: 5ª edição,

Edgard Blücher, 2006.

FARKAS, C. (Comp.) Curso sobre tecnologia instrumental em colorimetria e

aparência, São Paulo: Tecnocor serviços S/C Ltda.

MANO, E. B. Polímeros como materiais de engenharia. São Paulo: Edgard Blücher,

2003.

MICHAELI, W. et al. Tecnologia dos plásticos. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.

KONICA. Manual Comunicação precisa da cor. Konica minolta sensing INC.

PLENICOR. Manual cabine quadrivision. Cotia: Plenicor e comércio Ltda.

RABELLO, M. S. Aditivação de Polímeros. São Paulo: Ed. Artliber, 2000.

SENAI FRANCISCO MATARAZZO. Beneficiamento têxteis: colorimetria. São Paulo,

2004. 68p

SENAI MARIO AMATO. Aditivo e compostos II. São Paulo, 2003a. 79p.

SENAI MARIO AMATO. Metrologia. São Paulo, 2003b. 155p.

SENAI MARIO AMATO. Tecnologia da transformação dos plásticos. São Paulo,

2003c. 267p.

Page 77: Espectrofotômetro e Cabine de Luz

77

TRAMONTANO, R. Óptica física, Faculdade de Tecnologia Oswaldo Cruz, São

Paulo, 2005.

VALCAPELLI. As cores e suas funções. São Paulo: Ed. Roka, 2001.

SITES CONSULTADOS:

<http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/dye/corantes.html> acessado em 19. abril.

2009, 22:14.

<http://www.scribd.com/doc/15829162/osram-manual-luminotecnica> acessado em

19. abril. 2009, 22:56.

<http://www.mh.ind.br/> acessado em 18. junho. 2009, 19:25.

<http://www.divermaq.com.br/html/maquinas-setor-borracha.htm#borracha4>

acessado em 18. junho. 2009, 19:30.

<http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/teseabertas/0212156_04_cap_02.pdf>

acessado em 22. abril. 2009, 22:10.