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Escola MEGA CURSOS – Apostila de PORTUGUÊS – 1ª Ano do Ensino Médio
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ESCOLA MEGA CURSOS DE EDUCAÇÃO BÁSICA
1ª ANO DO ENSINO MÉDIO
PORTUGUÊS
Escola MEGA CURSOS – Apostila de PORTUGUÊS – 1ª Ano do Ensino Médio
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Sumário 1. COMUNICAÇÃO ..................................................................................................................... 5
1.1. Os vários códigos ........................................................................................................... 6
1.2. Signo, significante, significado ...................................................................................... 6
2. NÍVEL DE LINGUAGEM ........................................................................................................... 8
Padrão Formal Culto e Padrão Coloquial ..................................................................... 11
3. FUNÇÕES DA LINGUA .......................................................................................................... 13
As funções da linguagem são seis: ............................................................................... 13
a) Função referencial ou denotativa; ............................................................................. 13
b) Função emotiva ou expressiva; ................................................................................. 13
c) Função Fática; .............................................................................................................. 13
d) Função conativa ou apelativa; ................................................................................... 13
e) Função metalinguística; .............................................................................................. 13
f) Função poética, ............................................................................................................ 13
Leia os textos a seguir: .................................................................................................... 13
No texto A, a finalidade é apenas informar o receptor sobre um fato ocorrido. A
linguagem é objetiva, não admitindo mais de uma interpretação. Quando isso
acontece, predomina a função referencial ou denotativa da linguagem. ................ 16
B – Função emotiva ou expressiva ................................................................................ 16
C – Função Fática ............................................................................................................ 17
D – Função conativa ou apelativa .................................................................................. 17
E – Função metalinguística ............................................................................................. 17
F – Função Poética .......................................................................................................... 18
4. GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS ............................................................................................... 20
4.1. Os gêneros textuais ................................................................................................. 20
4.2. Tipos Textuais ........................................................................................................... 21
5. CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO ............................................................................................... 23
6. FIGURAS DE LINGUAGEM .................................................................................................... 28
Paradoxo ................................................................................................................................ 28
6.1. Pleonasmo ................................................................................................................... 28
6.2. Metáfora ..................................................................................................................... 29
6.3. Metonímia ................................................................................................................... 29
6.4. Eufemismo ................................................................................................................... 29
6.5. Elipse ........................................................................................................................... 30
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6.6. Onomatopeia .............................................................................................................. 30
6.7. Ironia ........................................................................................................................... 30
6.8. Hipérbole ..................................................................................................................... 31
6.9. Sinestesia ..................................................................................................................... 31
6.10. Antítese ................................................................................................................... 31
6.11. Prosopopeia ou personificação ............................................................................... 32
6.12. Comparação ............................................................................................................ 32
6.13. Aliteração ................................................................................................................ 32
6.14. Catacrese ................................................................................................................. 33
6.15. Silepse...................................................................................................................... 33
6.16. Anacoluto ................................................................................................................ 33
6.17. Zeugma .................................................................................................................... 34
6.18. Gradação ................................................................................................................. 34
6.19. Hipérbato ................................................................................................................ 34
6.20. Anáfora .................................................................................................................... 35
6.21. Assonância ............................................................................................................... 35
6.22. Apóstrofe ................................................................................................................. 35
6.23. Polissíndeto ............................................................................................................. 36
6.24. Assíndeto ................................................................................................................. 36
6.25. Sinédoque ................................................................................................................ 36
6.26. Paronomásia ............................................................................................................ 37
6.27. Perífrase .................................................................................................................. 37
6.28. Alegoria ................................................................................................................... 37
6.29. Anástrofe ................................................................................................................. 38
6.30. Hipálage ................................................................................................................... 38
6.31. Sínquise ................................................................................................................... 38
7. CONCORDÂNCIA VERBAL E CONCORDÂNCIA NOMINAL .................................................... 41
Exemplos de concordância verbal ................................................................................. 41
Exemplos de concordância nominal .............................................................................. 41
Casos particulares de concordância verbal ..................................................................... 41
Casos particulares de concordância nominal .................................................................. 44
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UNIDADE 1
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1. COMUNICAÇÃO
O homem um ser social, daí sua necessidade de comunicação, como
emissor ou como receptor de mensagens. Para que haja comunicação, é
necessário que ele utilize um sistema qualquer de sinais – os signos –
devidamente organizado.
Nos vários exemplos de atos de comunicação, desde o “bom-dia” até o
“boa-noite”, o homem comum emite e recebe uma série de mensagens, ora
gestuais, ora sonoras ou escritas e até mesmo visuais. Isso nos permite
concluir que nos utilizamos de diversos códigos de comunicação, sendo língua
o mais importante deles.
Toda mensagem se refere a um contexto, a uma situação, e para ser
transmitida necessita de um meio físico concreto. Esse meio é chamado de
canal de comunicação.
Sistematizando, temos:
EMISSO, DESTINADOR OU REMETENTE – aquele que emite a
mensagem; pode ser uma firma, uma pessoa, um jornal (no caso de editorial)
etc.
RECETOR OU DESTINATÁRIO – aquele que recebe a mensagem;
pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas (Os leitores de um jornal, os
alunos de uma sala, etc).
MENSAGEM – o conjunto das informações transmitidas.
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CÓDIGO – o conjunto de signos e regras de combinação desses signos,
utilizados na transmissão de uma mensagem. A comunicação só será efetiva
se o receptor souber decodificar a mensagem.
CANALDE COMUNICAÇÃO OU CONTATO –o meio concreto pelo qual
a mensagem é transmitida. Voz, livro, revista, emissora de TV, jornal,
computador, etc.
TEXTOU REFERENTE – a situação a que a mensagem se refere
1.1. Os vários códigos
Diversos são os códigos utilizados na comunicação, mas sem dúvida o
mais importante é a língua, o que nos permite reconhecer dois sistemas de
signos.
LINGUAGEM VERBAL – aquela que utiliza a língua (falada ou escrita).
LINGUAGEM NÃO-VERBAL – aquela que utiliza qualquer código que
não seja a palavra.
Cada código se vale de signos específicos para transmitir uma
mensagem: nas placas de trânsito; símbolos gráficos convencionais; nos rituais
indígenas, a pintura corporal, em que as cores e sua distribuição pelo corpo
remetem a crenças e mitos da comunidade; na pintura, as linhas e cores, que
cada artista combina de modo pessoal para transmitir sua particular visão do
mundo.
1.2. Signo, significante, significado
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A linguagem, por ser uma atividade intelectual, é exclusiva do homem;
ao pronunciar uma palavra, o homem está expressando um determinado
estado mental.
Entretanto, para que a linguagem cumpra sua função social no processo
de comunicação, é necessário que as palavras tenham um significado, ou seja,
que cada palavra represente um conceito.
A LINGUÍSTICA - a ciência da linguagem – chama de signo a essa
combinação de conceito e palavra (escrita ou falada).
Em outras palavras, o signo linguístico une um elemento concreto,
material perceptível – um som ou letras impressas – chamado significante, a
um elemento inteligível (o conceito), ou imagem mental, chamado significado.
Portanto, o signo é a somo de:
SIGNIFICANTE – som ou letras (material, concreto) e SIGNIFICADO –
conceito (ideia inteligível)
É comum a comparação entre um signo linguístico e uma moeda. Assim
como esta apresenta duas faces – a cara e a coroa -, também ele é formado
por duas partes – o significado e o significante.
Nos dois exemplos de comunicação cima, podemos perceber que uma
pessoa (o emissor) escreveu alguma coisa a outra ou outras (o destinatário),
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dando uma informação (a mensagem). Para isso precisou de papel ou da tela
do computador, transformou o que tinha a dizer em um código, (a língua – no
texto A, a língua portuguesa; no texto B, a língua russa). Além disso, o emissor,
precisou selecionar um conjunto de vocábulos (ou de sinais) no código que
escolheu. Todo o sistema de comunicação é constituído por esse conjunto de
elementos, que entram em jogo em cada ato de comunicação para assegurar a
troca de informações. Em um esquema, os elementos de comunicação podem
ser representados assim:
Nem sempre a troca de informações é bem sucedida. Denomina-se
ruído aos elementos que perturbam, dificultam a compreensão pelo destinador,
como por exemplo, o barulho ou mesmo uma voz muito baixa. O ruído pode ser
também de ordem visual, como borrões, rabisco, etc.
2. NÍVEL DE LINGUAGEM
Texto: Aí, Galera
“Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por
exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo „estereotipação‟?
E, no entanto, por que não?
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_Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
_Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas,
aqui presentes ou no recesso de seus lares.
_Como é?
_Aí, galera.
_Quais são as instruções do técnico?
_Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção
coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as
probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe
agudo, com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos na
desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão
inesperada do fluxo da ação.
_Ahn?
_É pra dividir no meio e ir pra cima pra pega eles sem calça.
_Certo. Você quis dizer mais alguma coisa?
_Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal,
talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado
por razões, inclusive, genéticas?
_Pode.
_Uma saudação para a minha progenitora.
_Como é?
_Alô, mamãe!
Estou vendo que você é um, um…
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_Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à
expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de
expressão e assim sabota a estereotipação?
_Estereoquê?
_Um chato?
_Isso.”
(Luis Fernando Veríssimo)
A primeira gramática da língua portuguesa foi publicada em Portugal, no
ano de 1536. Reflexo do momento histórico – a Europa vivia o auge do
movimento renascentista -, apresentava um conceito clássico de gramática: “a
arte de falar e escrever corretamente”. Em outras palavras: só falava e escrevia
bem quem seguisse o padrão imposto pela gramática normativa, o chamado
nível ou padrão formal culto. Quem fugisse desse padrão incorria em erro, não
importando o que, para quem e para que se estava falando. Qualquer que
fosse o interlocutor, o assunto, a situação, a intenção do falante, era o padrão
formal culto que deveria ser seguido.
Hoje, entende-se que o uso que cada indivíduo faz da língua depende
de várias circunstâncias: do que vai ser falado e de que forma, do contexto, do
nível social e cultural de quem fala e de para quem se está falando. Isso
significa que a linguagem do texto deve ser adequada à situação, ao
interlocutor e a intencionalidade do falante.
Voltemos ao texto acima (Aí, galera). As falas do jogador de futebol são
inadequadas ao contexto: a seleção vocabular, a combinação das palavras, a
estrutura sintática e a frase extensa (releia, por exemplo, a terceira resposta do
jogador, num único longo período) fogem da situação a que a fala está
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relacionada, ou seja, uma entrevista dada ainda no campo de jogo durante um
programa esportivo. E o mais curioso é que o jogador tem nítida consciência de
qual é a linguagem de qual é o seu papel como falante, tanto que, ante a
surpresa do entrevistador, passa do padrão formal culto para o padrão
coloquial, mais adequado àquela situação:
“_ Uma saudação para a minha progenitora. ”
Tradução, em linguagem coloquial: “_Alô, mamãe! ”
Assim, podemos reconhecer em uma mesma comunidade que utiliza um
único código – a língua portuguesa, por exemplo – vários níveis e formas de
expressão.
Padrão Formal Culto e Padrão Coloquial
De maneira geral, podemos distinguir o padrão coloquial do padrão
formal culto.
Padrão Formal Culto – é a modalidade de linguagem que deve ser
utilizada em situações que exigem maior formalidade, sempre tendo em conta
o contexto e o interlocutor. Caracteriza-se pela seleção e combinação das
palavras, pela adequação a um conjunto de normas, entre elas, a
concordância, a regência, a pontuação, o emprego correto das palavras quanto
ao significado, a organização das orações e dos períodos, as relações entre
termos, orações, períodos e parágrafos.
Padrão Coloquial – faz referência à utilização da linguagem em
contextos informais, íntimos e familiares, que permitem maior liberdade de
expressão. Esse padrão mais informal também é encontrado em propagandas,
programas de televisão ou de rádio, etc.
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UNIDADE 2
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3. FUNÇÕES DA LINGUA
As funções da linguagem são seis:
a) Função referencial ou denotativa;
b) Função emotiva ou expressiva;
c) Função Fática;
d) Função conativa ou apelativa;
e) Função metalinguística;
f) Função poética,
Leia os textos a seguir:
Texto A
A índia Everon, da tribo Caiabi, que deu a luz a três meninas, através de
uma operação cesariana, vai ter alta depois de amanhã, após ter permanecido
no Hospital Base de Brasília desde o dia 16 de março. No início, os índios da
tribo foram contrários à ideia de Everon ir para o hospital, mas hoje já aceitam
o fato e muitos já foram visitá-la. Everon não falava uma palavra de Português
até ser internada e as meninas serão chamadas de Luana, Uiara e Potiara.
Jornal da Tarde, 13 jul. 1982
Texto B
Uma morena
Não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida
entre as páginas de um livro, sou definida e clara como o jarro com a bacia de
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ágata no canto do quarto – se tomada com cuidado, verto água limpa sobre as
mãos para que se possa refrescar o rosto, mas, se tocada por dedos bruscos,
num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho
pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos
muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas
delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia,
mesmo assim insisto: meus gestos, minhas palavras são magrinhos como eu, e
tão morenos, que esboçados a sombra, mal se destacam do escuro, quase
imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre
sobre tapetes, impressentida, mãos tão leves que uma carícia minha, se
porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Para beber,
além do chá, raramente admito um cálice de vinho branco, mas que seja seco
para não esbrasear em excesso minha garganta em ardores…
ABREU, Caio Fernando. Fotografias. In: Morangos mofados. 2. ed. São Paulo,
Brasiliense, 1982. p. 93
Texto C
_ Você acha justo que se comemore o Dia Internacional da mulher?
_ Nada mais justo! Afinal de contas, você está entendendo, a mulher há
séculos, certo, vem sendo vítima de exploração e discriminação, concorda? Já
houve alguns avanços, sabe, nas conquistas femininas. Você percebeu?
Apesar disso, ainda hoje a situação da mulher continua desfavorável em
relação à do homem, entende?
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Texto D
Mulher, use o sabonete X.
Não dispense X: ele a tornará tão bela quanto à estrelas de cinema.
Texto E
Mulher. [Do lat. Muliere.] S. f. 1. Pessoa do sexo feminino após a
puberdade. [Aum.: mulherão, mulheraça, mulherona.] 2. Esposa.
Texto F
A mulher que passa
Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacia e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Teus sentimentos, são poesia.
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.
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Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Vinício de Morais
Todos os textos lidos, o tema é um só: mulher. No entanto, a maneira de
cada autor varia. O que provoca essa diversificação é o objetivo de cada
emissor, que organiza sua mensagem utilizando uma fala específica. Portanto,
cada mensagem tem uma função predominante, de acordo com o objetivo do
emissor.
A – Função Referencial ou denotativa
No texto A, a finalidade é apenas informar o receptor sobre um fato
ocorrido. A linguagem é objetiva, não admitindo mais de uma interpretação.
Quando isso acontece, predomina a função referencial ou denotativa da
linguagem.
Função referencial ou denotativa é aquela que traduz objetivamente a
realidade exterior ao emissor.
B – Função emotiva ou expressiva
No texto B, descrevem-se as sensações da mulher, que faz uma
descrição subjetiva de si mesmo. Nesse caso, em que o emissor exterioriza
seu estado psíquico, predomina a função emotiva da linguagem, também
chamada de função expressiva.
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Função emotiva ou expressiva é aquela que traduz opiniões e emoções
do emissor.
C – Função Fática
No texto C, o emissor utiliza expressões que tentam prolongar o contato
com o receptor, testando frequentemente o canal
Neste caso, predomina a função fática da linguagem.
Função fática é aquela que tem por objetivo iniciar, prolongar ou
encerrar o contato com o receptor.
D – Função conativa ou apelativa
A mensagem do primeiro texto contém um apelo que procura influir no
comportamento do receptor. Messe caso , predomina a função conativa ou
apelativa.
São características dessa função:
a) verbos no imperativo;
b) presença de vocativos;
c) pronomes de 2ª pessoa.
Função conativa ou apelativa é aquela que tem por objetivo influir no
comportamento do receptor, por meio de um apelo ou ordem.
E – Função metalinguística
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O texto E, é a transição de um verbete de um dicionário.
Essa mensagem explica um elemento do código – a palavra mulher – utilizando
o próprio código nessa explicação. Quando a mensagem visa a explicar o
próprio código ou utiliza-o como assunto, predomina a função metalinguística
da linguagem.
Função metalinguística é aquela que utiliza o código como assunto ou
para explicar o próprio código.
F – Função Poética
A preocupação intencional do emissor com a mensagem, ao elabora-la,
caracteriza a função poética da linguagem
Função poética é aquela que enfatiza a elaboração da mensagem, de
modo a ressaltar seu significado.
É importante observar que nenhum texto apresenta apenas uma única
função da linguagem. Uma função sempre predomina num texto, mas nunca é
exclusiva.
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4. GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS
4.1. Os gêneros textuais
Ao depararmos com um texto que se inicia com “Querido Fulano,
escrevo…”, sabemos que se trata de um bilhete ou de uma carta de caráter
pessoal. Se o texto se iniciar com “Prezados Senhores, venho por meio…”,
sabemos que se trata de uma correspondência formal. Se você colocar na
situação de remetente, saberá como iniciar a carta, porque todos nós temos um
modelo de carta na mente; isso é tão marcante que uma pessoa não
alfabetizada tem interiorizado esse modelo e, se tiver de ditar uma carta para
que o outro escreva, saberá o que precisa ser dito e como deve ser dito. O
filme Central do Brasil, em que uma professora aposentada vive de escrever
cartas ditadas por pessoas não alfabetizadas, exemplifica muito bem essa
situação.
Da mesma forma, se depararmos com um texto que se inicia com “Alô?
Quem fala? ”, sabemos que se trata de uma conversa telefônica. O mesmo
ocorre ao lermos uma bula de remédio, as instruções de uso de um produto
qualquer, um horóscopo, um cardápio de restaurante, etc.
Como já vimos, os textos desempenham papel fundamental em nossa
vida social, já que estamos nos comunicando o tempo todo. No processo
comunicativo, os textos têm função e cada esfera de utilização de língua, cada
campo de atividade, elabora determinados tipos de textos que são estáveis, ou
seja, se repetem tanto no assunto, como na função, no estilo, na forma. É isso
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que nos permite reconheceram texto como carta, ou bula de remédio, ou
poesia, ou notícia jornalística, por exemplo.
O que é falado, a maneira como é falado e a forma que é dada ao texto
são características diretamente ligadas ao gênero. Como as situações de
comunicação em nossa vida social são inúmeras, inúmeros são os gêneros
textuais: bilhete, carta pessoal, carta comercial, telefonema, notícia jornalística,
editorial de jornais e revistas, horóscopo, receita culinária, texto didático, ata de
reunião, cardápio, palestra, resenha crítica, bula de remédio, instruções de uso,
e-mail, aula expositiva, piada, romance, conto, crônica, poesia, verbete de
enciclopédias e dicionários, etc.
Identificar o gênero textual é um dos primeiros passos para uma
competente leitura de texto. Pense numa situação bem corriqueira: um colega
se aproxima e começa a contar algo que, em determinado momento, passa a
soar esquisito, até que um dos ouvintes indaga “è piada ou você está falando
sério?”. Observe que o interlocutor quer confirmar o gênero textual, uma vez
que, dependendo do gênero, temos um ou outro entendimento.
4.2. Tipos Textuais
Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se
constituem de sequências com determinadas características linguísticas, como
classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de
determinados tempos e modos verbais, relações lógicas. Assim, dependendo
dessas características, temos os diferentes tipos textuais.
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Como já vimos, os gêneros textuais são inúmeros, dependendo da
função de cada texto e das diferentes situações comunicacionais. O mesmo
não acontece com os tipos textuais, que são poucos:
Texto narrativo: Narrar é discorrer dos fatos. É contar. Consiste na
elaboração de um texto que relate episódios, acontecimentos.
“O fiscal da alfândega não podia entender por que aquela velhinha
viajava tanto. A cada dois dias, vinha ela pilotando uma motocicleta e
ultrapassava a fronteira. Fora interceptada inúmeras vezes, fiscalizada e nada.
O fiscal alfandegário não se conformou com aquilo.
_Que traz a senhora aí?
_Nada não, senhor!
A cena que se repetia com tanta frequência intrigava o pobre homem.
Não se conteve:
_Não é por nada, não; me faz um favor, dona: Não vou lhe multar, nem
nada; é só por curiosidade, a senhora está contrabandeando o quê?
_Seu fiscal, o senhor já desmontou a moto e nada achou, que quer
mais?
_Só pra saber, dona!
_Ta bem, eu conto: o contrabando é a moto, moço! ”
Texto Descritivo: Descrever é traduzir com palavras aquilo que se viu e
observou. É a representação, por meio das palavras, de um objeto ou imagem.
“O céu era verde sobre o gramado, a água era dourada sob as pontes,
outros elementos eram azuis, róseos, alaranjados”
(Carlos Drummond de Andrade)
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Texto dissertativo: Dissertar é tratar com desenvolvimento um ponto
doutrinário, um tema abstrato, um assunto genérico. Ou seja, dissertar é expor
ideias em torno de um problema qualquer.
Os meios de comunicação de massa devem alterar, nas próximas duas
ou três décadas, uma boa parte da fisionomia do mundo civilizado e das
relações entre os homens e povos.
5. CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO
A linguagem é o maior instrumento de interação entre sujeitos
socialmente organizados. Isso porque ela possibilita a troca de ideias, a
circulação de saberes e faz intermediação entre todas as formas de relação
humanas. Quando queremos nos expressar verbalmente, seja de
maneira oral (fala), seja na forma escrita, recorremos às palavras, expressões
e enunciados de uma língua, os quais atuam em dois planos de sentido
distintos: o denotativo, que é o sentido literal da palavra, expressão ou
enunciado, e o conotativo, que é o sentido figurado da palavra, expressão ou
enunciado.
DENOTAÇÃO - Quando a linguagem está no sentido denotativo,
significa que ela está sendo utilizada em seu sentido literal, ou seja, o sentido
que carrega o significado básico das palavras, expressões e enunciados de
uma língua. Em outras palavras, o sentido denotativo é o
sentido real, dicionarizado das palavras.
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De maneira geral, o sentido denotativo é utilizado na produção de textos
que tenham função referencial, cujo objetivo é transmitir informações,
argumentar, orientar a respeito de diversos assuntos, como é o caso
da reportagem, editorial, artigo de opinião, resenha, artigo
científico, ata, memorando, receita, manual de instrução, bula de remédios,
entre outros. Nesses gêneros discursivos textuais, as palavras são utilizadas
para fazer referência a conceitos, fatos, ações em seu sentido literal.
Exemplos:
A professora pediu aos alunos que pegassem o caderno de Geografia.
A polícia capturou os três detentos que haviam fugido da penitenciária
de Santa Cruz do Céu.
O hibisco é uma planta que pode ser utilizada tanto para ornamentação
de jardins quanto para a fabricação de chás terapêuticos a partir das
suas flores.
Amor: forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de
consanguinidade ou de relações sociais.
CONOTAÇÃO
Quando a linguagem está no sentido conotativo, significa que ela está
sendo utilizada em seu sentido figurado, ou seja, aquele cujas palavras,
expressões ou enunciados ganham um novo significado em situações e
contextos particulares de uso. O sentido conotativo modifica o sentido
denotativo (literal) das palavras e expressões, ressignificando-as.
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De maneira geral, é possível encontrarmos o uso da linguagem
conotativa nos gêneros discursivos textuais primários, ou seja, nos diálogos
informais do cotidiano. Entretanto, são nos textos secundários, ou seja, aqueles
mais elaborados, como os literários e publicitários, que a linguagem
conotativa aparece com maior expressividade. A utilização da linguagem
conotativa nos gêneros discursivos literários e publicitários ocorre para que se
possa atribuir mais expressividade às palavras, enunciados e expressões,
causando diferentes efeitos de sentido nos leitores/ouvintes.
Exemplo:
Leia um trecho do poema Amor é fogo que arde sem se ver, de Luiz Vaz
de Camões, e observe a maneira como o poeta define a palavra/sentimento
'amor' utilizando linguagem conotativa:
Amor é fogo que arde sem se ver
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente.
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
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Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís Vaz de Camões, séc. XVI)
Sintetizando:
Conotação: Sentido mais geral que se pode atribuir a um termo abstrato, além
da significação própria. Sentido figurado, metafórico.
Denotação: Significado de uma palavra ou expressão mais próximo do seu
sentido literal. Sentido real, denotativo.
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UNIDADE 4
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6. FIGURAS DE LINGUAGEM
Figuras de linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são
recursos estilísticos utilizados na linguagem oral e escrita que aumentam a
expressividade da mensagem.
Existem várias figuras de linguagem: umas são mais conhecidas; outras,
menos conhecidas. Umas são mais utilizadas na linguagem oral; outras, na
linguagem escrita. Umas são mais usadas na prosa; outras, na poesia.
Paradoxo
No paradoxo (ou oxímoro) ocorre a associação de conceitos
contraditórios na representação de uma só ideia, passível de ser real, mesmo
que antagônica.
“É ferida que dói e não se sente./É um contentamento descontente.”
(Luís de Camões)
“Sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão.” (Vinicius de Moraes)
6.1. Pleonasmo
No pleonasmo (ou redundância) ocorre repetição de ideias, havendo um
uso excessivo de palavras na transmissão de uma mensagem. Sendo um
pleonasmo literário, a repetição de ideias é intencional, visando intensificar o
valor expressivo das palavras.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal! ”
(Fernando Pessoa)
“E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)
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6.2. Metáfora
Na metáfora ocorre uma comparação entre dois elementos com
características em comum. Essa característica não se encontra, contudo,
salientada, estando a comparação implícita.
“As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo
lentamente.” (Mário Quintana)
“Mas a girafa era uma virgem de tranças recém-cortadas.” (Clarice
Lispector)
6.3. Metonímia
Na metonímia ocorre a substituição de palavras com sentidos próximos,
ou seja, que partilham uma relação de contiguidade ou proximidade de sentido.
Pode haver troca do efeito pela causa, da parte pelo todo, do autor pela obra,
da marca pelo produto.
“E o médico veio de Chevrolé” (Oswaldo de Andrade)
“Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos de Czerny.
” (Murilo Mendes)
6.4. Eufemismo
No eufemismo ocorre a utilização de palavras agradáveis em
substituição de outras mais chocantes, de forma a suavizar o discurso e evitar
assuntos desagradáveis.
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“Quando a Indesejada das gentes chegar (…)” (Manuel Bandeira)
“Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia
enfim... Descolorirá”. (Vinicius de Moraes)
6.5. Elipse
Na elipse ocorre a omissão de termos da oração. Essa omissão não
prejudica, contudo, a compreensão da mensagem. Pode haver elipse de
sujeito, elipse de verbos, elipse de preposições.
“No mar, tanta tormenta e tanto dano.” (Luís de Camões)
“Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.” (Antônio Olavo Pereira)
6.6. Onomatopeia
Onomatopeias são palavras que reproduzem sons, indicando de forma
escrita os ruídos produzidos pelo ser humano, pelos animais, por objetos e na
natureza.
O bum da explosão foi ouvido em toda a cidade.
O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão.
6.7. Ironia
Através da ironia transmite-se, de forma intencional, o oposto do que se
pretende realmente transmitir, visando satirizar uma determinada situação.
“Moça linda bem tratada, /três séculos de família, /burra como uma
porta: um amor! ” (Mário de Andrade)
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“A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.”
(Monteiro Lobato)
6.8. Hipérbole
Na hipérbole ocorre a intensificação de um sentimento ou ação, que se
traduz num grande exagero da realidade.
“Rios te correrão dos olhos, se chorares!.” (Olavo Bilac)
Já te disse um milhão de vezes para irmos embora.
Estou morrendo de fome.
6.9. Sinestesia
Na sinestesia ocorre a combinação de diferentes sensações numa só
sensação, ou seja, ocorre a mistura de sensações provenientes de diferentes
sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição).
“É uma sombra verde, macia e vã. ” (Carlos Drummond de Andrade)
“Vem da sala de linotipos a doce música mecânica. ” (Carlos Drummond
de Andrade)
6.10. Antítese
Na antítese ocorre a aproximação de conceitos contrários, sendo
enfatizada essa relação de antagonismo.
“Tristeza não tem fim, /Felicidade, sim. ” (Vinicius de Moraes)
“O mito é o nada que é tudo. ” (Fernando Pessoa)
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6.11. Prosopopeia ou personificação
Na prosopopeia ou personificação ocorre a atribuição de características,
sentimentos e ações humanas a seres inanimados e/ou irracionais.
“O cipreste inclina-se em fina reverência/e as margaridas estremecem,
sobressaltadas. ” (Cecília Meireles)
“A água não para de chorar. ” (Manuel Bandeira)
6.12. Comparação
Na comparação (ou símile) ocorre, como o nome indica, a comparação
entre elementos que apresentam uma característica em comum. São utilizados
conectivo comparativo (como, feito, tal qual, que nem, igual a,…).
“Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela flecha de
um caçador. ” (Cecília Meireles)
“A Via Láctea se desenrolava/Como um jorro de lágrimas ardentes. ”
(Olavo Bilac)
6.13. Aliteração
Na aliteração ocorre a repetição ritmada e harmônica de sons
consonantais. Aparece, predominantemente, nos fonemas iniciais das palavras.
“Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...” (Eugênio de Castro)
“Chove chuva, chove sem parar.” (Jorge Bem Jor)
O rato roeu a roupa do rei de Roma. (Trava-língua popular)
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6.14. Catacrese
Na catacrese são utilizadas palavras no seu sentido figurado por falta de
outra palavra que corresponda ao conceito que se pretende nomear.
Frequentemente são atribuídas características de seres vivos a seres
inanimados.
“Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos)
Você não retirou a pele do tomate?
6.15. Silepse
Na silepse ocorre uma concordância com termos subentendidos ou com
a ideia que se pretende transmitir, não com as palavras que compõem a frase.
Pode haver silepse de gênero, silepse de número e silepse de pessoa.
“Conheci uma criança... mimos e castigos pouco podiam com ele.”
(Almeida Garret)
“O casal de patos nada disse, (…). Mas espadanaram, ruflaram e
voaram embora.” (Guimarães Rosa)
6.16. Anacoluto
O anacoluto é uma frase partida, ou seja, que apresenta uma quebra na
sua estrutura sintática, sendo concluída de forma alternativa.
“Eu, porque sou mole, você fica abusando.” (Rubem Braga)
Crianças, como ter paciência para elas?
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6.17. Zeugma
No zeugma ocorre a omissão de um termo da oração anteriormente
mencionado. Assim, essa omissão não prejudica o entendimento da oração.
“O meu pai era paulista/Meu avô, pernambucano/O meu bisavô,
mineiro/Meu tataravô, baiano.” (Chico Buarque)
“Um deles queria saber dos meus estudos; outro, se trazia coleção de
selos (...)” (José Lins do Rego).
6.18. Gradação
Na gradação (ou clímax) ocorre a intensificação ou suavização
progressiva da mensagem através do encadeamento crescente ou decrescente
de ideias.
“Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz,
outros ensanguentados.” (Machado de Assis)
“Eu era pobre. Era subalterno. Era nada.” (Monteiro Lobato)
6.19. Hipérbato
No hipérbato ocorre uma inversão brusca na ordem normal das palavras
numa frase.
“Mas, como o dele, batia/Dela o coração também.” (Manuel Bandeira)
“Não te esqueças daquele amor ardente/que já nos olhos meus tão puro
viste.” (Camões)
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6.20. Anáfora
Na anáfora ocorre a repetição de palavras no início de versos, orações
ou períodos.
“É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço, é o
anzol.” (Tom Jobim)
“Era uma estrela tão alta!/Era uma estrela tão fria!/Era uma estrela
sozinha/Luzindo no fim do dia.” (Manuel Bandeira)
6.21. Assonância
Na assonância ocorre a repetição harmônica e regular de sons
vocálicos. Aparece, predominantemente, na sílaba tônica da palavra.
A pálida lágrima da Flávia.
“Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...” (Eugênio de
Castro)
6.22. Apóstrofe
A apóstrofe é o chamamento ou invocação de alguém ou de algo
personificado. Equivale, sintaticamente, ao vocativo.
“Pai, afasta de mim esse cálice, Pai” (Chico Buarque de Holanda)
“É, Senhor, o contrário que mais temo!” (Bocage)
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6.23. Polissíndeto
No polissíndeto ocorre o uso excessivo e repetitivo de conjunções entre
palavras e orações.
“Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge,
nem muge.” (Rubem Braga)
“(…) e os desenrolamentos, e os incêndios, e a fome, e a sede; e dez
meses de combates, e cem dias de cancioneiro contínuo; e o
esmagamento das ruínas..." (Euclides da Cunha)
6.24. Assíndeto
No assíndeto ocorre a ausência marcada de elementos de ligação entre
palavras e orações, como conectores e conjunções.
“Luciana, inquieta, subia à janela da cozinha, sondava os arredores,
bradava com desespero, até ouvia duas notas estridentes, localizava o
fugitivo, saía de casa como (…)” (Graciliano Ramos)
“A tua raça quer partir,/guerrear, sofrer, vencer, voltar.” (Cecília Meireles)
6.25. Sinédoque
Na sinédoque ocorre a substituição de um termo por outro com sentido
mais reduzido ou mais amplo, havendo uma substituição desigual, como o
singular pelo plural, a classe pelo indivíduo,
O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca.
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Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói.
6.26. Paronomásia
Na paranomásia são utilizadas palavras parônimas na realização de
jogos de palavras.
“Exportar é o que importa.” (Delfim Netto)
O passarinho pousou e posou, sentindo-se uma águia.
6.27. Perífrase
Na perífrase (ou antonomásia) ocorre a identificação indireta de um ser
ou objeto através da sua caracterização, que é mais extensa e simbólica do
que a simples utilização do termo correto.
“Cidade maravilhosa/Cheia de encantos mil/Cidade
maravilhosa/Coração do meu Brasil.” (Rio de Janeiro, por Caetano
Veloso)
“Leia mais repercussões sobre a morte da Dama de Ferro.” (Margaret
Thatcher, por Globo)
6.28. Alegoria
A alegoria é conjunto simbólico que visa transmitir uma mensagem com
um segundo sentido, além do sentido literal das palavras.
“A vida é uma ópera, é uma grande ópera. [...] Há coros numerosos,
muitos bailados, e a orquestra é excelente…” (Machado de Assis)
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Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas. (provérbio popular)
6.29. Anástrofe
Na anástrofe (ou inversão) ocorre uma leve inversão na ordem normal
das palavras numa frase.
“Passarinho, desisti de ter.” (Rubem Braga)
“Memória em nós do instinto teu.” (Fernando Pessoa)
6.30. Hipálage
Na hipálage ocorre a atribuição de uma característica de um ser ou
objeto a outro ser ou objeto que se encontra relacionado com ele ou próximo
dele.
“Fumando um pensativo cigarro. ” (Eça de Queirós)
“O silêncio desaprovador dos meus colegas. ” (Camilo Castelo Branco)
6.31. Sínquise
Na sínquise ocorre uma inversão de tal forma violenta na ordem normal
das palavras na frase que leva à desconstrução dessa frase.
“A grita se alevanta ao Céu, da gente. ” (Camões).
“Enquanto manda as ninfas amorosas grinaldas nas cabeças pôr de
rosas.” (Camões)
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Classificação das figuras de linguagem: Conforme o aspecto da linguagem
a que se referem (fonológico, semântico ou sintático), as figuras de linguagem podem
ser classificadas em: figuras de palavra, figuras de construção, figuras de pensamento
e figuras de som.
Figuras de palavras: As figuras de palavras (ou semânticas, ou tropos) dão
ênfase ao aspecto semântico da linguagem. Caracterizam-se principalmente pela
substituição, comparação e associação de palavras, enfatizando o seu sentido
figurado. São: alegoria; perífrase ou antonomásia; catacrese; comparação ou
símile; metáfora; metonímia; sinédoque; sinestesia.
Figuras de construção: As figuras de construção (ou de sintaxe, ou de criação)
dão ênfase ao aspecto sintático da linguagem. Caracterizam-se principalmente por
criarem uma mudança na estrutura natural da oração, como inversão, repetição ou
omissão de termos. São: anacoluto; anáfora; anástrofe ou inversão; hipérbato;
sínquise; assíndeto; polissíndeto; elipse; zeugma; silepse; hipálage; pleonasmo
ou redundância.
Figuras de pensamento: As figuras de pensamento dão ênfase ao aspecto
semântico da linguagem. Caracterizam-se principalmente pela exploração do sentido
das palavras, usando-os para provocar emoções no leitor através de: suavização de
termos, enfatização de termos, junção de conceitos opostos. São: antítese;
apóstrofe; eufemismo; gradação ou clímax; hipérbole; ironia; paradoxo ou
oxímoro; prosopopeia ou personificação.
Figuras de som: As figuras de som (ou de harmonia) dão ênfase ao aspecto
fonológico da linguagem. Caracterizam-se principalmente pela repetição ou imitação
de sons. São: aliteração; assonância; onomatopeia; paronomásia.
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UNIDADE 5
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7. CONCORDÂNCIA VERBAL E CONCORDÂNCIA NOMINAL
Concordância verbal é a concordância em número e pessoa entre o
sujeito gramatical e o verbo.
Concordância nominal é a concordância em gênero e número entre os
diversos nomes da oração, ocorrendo principalmente entre o artigo, o
substantivo e o adjetivo.
Concordância em gênero indica a flexão em masculino e feminino.
Concordância em número indica a flexão em singular e plural.
Concordância em pessoa indica a flexão em 1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa.
Exemplos de concordância verbal
Eu li;
Ele leu;
Nós lemos;
Eles leram.
Exemplos de concordância nominal
O vizinho novo;
A vizinha nova;
Os vizinhos novos;
As vizinhas novas.
Casos particulares de concordância verbal
Concordância com pronome relativo que
O verbo estabelece concordância com o antecedente do pronome: sou
eu que quero, somos nós que queremos, são eles que querem.
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Concordância com pronome relativo quem
O verbo estabelece concordância com o antecedente do pronome ou
fica na 3.ª pessoa do singular: sou eu quem quero, sou eu quem quer.
Concordância com: a maioria, a maior parte, a metade,...
Preferencialmente, o verbo estabelece concordância com a 3.ª pessoa
do singular. Contudo, o uso da 3.ª pessoa do plural é igualmente aceitável: a
maioria das pessoas quer, a maioria das pessoas querem.
Concordância com um dos que
O verbo estabelece sempre concordância com a 3.ª pessoa do plural:
um dos que ouviram, um dos que estudarão, um dos que sabem.
Concordância com nem um nem outro
O verbo pode estabelecer concordância com a 3.ª pessoa do singular ou
do plural: nem um nem outro veio, nem um nem outro vieram.
Concordância com verbos impessoais
O verbo estabelece sempre concordância com a 3.ª pessoa do singular,
uma vez que não possui um sujeito: havia pessoas, houve problemas, faz dois
dias, já amanheceu.
Concordância com a partícula apassivadora se
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O verbo estabelece concordância com o objeto direto, que assume a
função de sujeito paciente, podendo ficar no singular ou no plural: vende-se
casa, vendem-se casas.
Concordância com a partícula de indeterminação do sujeito se
O verbo estabelece sempre concordância com a 3.ª pessoa do singular
quando a frase é formada por verbos intransitivos ou por verbos transitivos
indiretos: precisa-se de funcionário, precisa-se de funcionários.
Concordância com o infinitivo pessoal
O verbo no infinitivo sofre flexão sempre que houver um sujeito definido,
quando se quiser definir o sujeito, quando o sujeito da segunda oração for
diferente do da primeira: é para eles lerem, acho necessário comprarmos
comida, eu vi eles chegarem tarde.
Concordância com o infinitivo impessoal
O verbo no infinitivo não sofre flexão quando não houver um sujeito
definido, quando o sujeito da segunda oração for igual ao da primeira oração,
em locuções verbais, com verbos preposicionados e com verbos imperativos:
eles querem comprar, passamos para ver você, eles estão a ouvir.
Concordância com o verbo ser
O verbo estabelece concordância com o predicativo do sujeito, podendo
ficar no singular ou no plural: isto é uma mentira, isto são mentiras; quem é
você, quem são vocês.
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Casos particulares de concordância nominal
Concordância com pronomes pessoais
O adjetivo estabelece concordância em gênero e número com o
pronome pessoal: ela é simpática, ele é simpático, elas são simpáticas, eles
são simpáticos.
Concordância com vários substantivos
O adjetivo estabelece concordância em gênero e número com o
substantivo que está mais próximo: caderno e caneta nova, caneta e caderno
novo. Pode também estabelecer concordância com a forma no masculino
plural: caneta e caderno novos, caderno e caneta novos.
Concordância com vários adjetivos
Quando há dois ou mais adjetivos no singular, o substantivo permanece
no singular apenas se houver um artigo entre os adjetivos. Sem a presença de
um artigo, o substantivo deverá ser escrito no plural: o escritor brasileiro e o
chileno, os escritores brasileiro e chileno.
Concordância com: é proibido, é permitido, é preciso, é necessário,
é bom
Estas expressões estabelecem concordância em gênero e número com
o substantivo quando há um artigo que determina o substantivo, mas
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permanecem invariáveis no masculino singular quando não há artigo: é
permitida a entrada, é permitido entrada, é proibida a venda, é proibido venda.
Concordância com: bastante, muito, pouco, meio, longe, caro e
barato
Estas palavras estabelecem concordância em gênero e número com o
substantivo quando possuem função de adjetivo: comi meio chocolate, comi
meia maçã, há bastante procura, há bastantes pedidos, vi muitas crianças, vi
muitos adultos.
Concordância com menos
A palavra menos permanece sempre invariável, quer atue como
advérbio ou como adjetivo: menos tristeza, menos medo, menos traições,
menos pedidos.
Concordância com: mesmo, próprio, anexo, obrigado, quite, incluso
Estas palavras estabelecem concordância em gênero e número com o
substantivo: resultados anexos, informações anexas, as próprias pessoas, o
próprio síndico, ele mesmo, elas mesmas.
Concordância com um e outro
Com a expressão um e outro, o adjetivo deverá ser sempre escrito no
plural, mesmo que o substantivo esteja no singular: um e outro aluno
estudiosos, uma e outra pergunta respondidas.