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Escola Focus Curso de Fotografia Fotografia no Teatro Fellipe Rodrigues Neves Oliveira São Paulo 2017

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Escola Focus

Curso de Fotografia

Fotografia no Teatro

Fellipe Rodrigues Neves Oliveira

São Paulo

2017

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SUMÁRIO

Introdução.........................................................................................................1

Revolução das Artes no século XIX.................................................................2

Teatro e Fotografia inicio do século XX...........................................................4

Vanguarda, fotografia e teatro no Brasil...........................................................9

Fotografia de Teatro........................................................................................12

Iconografia Teatral..........................................................................................13

Fotógrafos importantes....................................................................................15

Perspectiva de Mercado..................................................................................29

Conclusão.........................................................................................................29

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Introdução

Com esse trabalho pretende-se aclarar todo a fronteira entre a fotografia e o teatro, um a derradeira encarnação da presença radicada no tempo e a fotografia vista como seu total oposto.

O teatro representando uma arte efêmera, por que ele tem local e hora para acontecer, passando o tempo e o espaço ele deixa de ser a expressão artística na forma pura, restando apenas vestígios. Usando de recursos lúdicos ou não para envolver seus mais famintos expectadores, abordando temáticas politicas, sociais, ambientais, familiares, religiosas, sexuais e mais uma infinidade de gênero da qual essa belíssima arte pode si adaptar, representando dentro de suas 3, 4 ou nenhuma parede toda forma de expressão humana e inumana.

A Fotografia sendo uma arte perene é uma palavra que vem do grego; Foto(Fós)= Luz+ Grafia(Grafis)= escrita, escrever com a luz, tem a característica de congelar o instante temporal perpetuando o momento, e assim usando de varias técnicas para congelar a imagem, desde a primeira câmara escura de Leonardo Da Vinci, passando pelas placas de estanho cobertas de betume de Joseph Nicéphore Niépce, as placas de prata impressionadas de Daguerre até as câmaras digitais facilmente encontradas na atualidade, são utilizadas para perpetuar o frame de uma linha temporal vivenciada pelo artista fotografo.

Essas duas artes tem o mesmo berço de origem, vem da classe pensadora filosófica grega, ao mesmo tempo em que criaram as bases da estética teatral que conhecemos nos dias atuais, beiraram discursões sobre conceitos de luz e escrita, Aristóteles com seu conto sobre a imagem refletida dentro da caverna é um dos seus precursores. As duas si desenvolveram e si adaptaram com o tempo, espaço e necessidade do seu público.

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Revolução das Artes no século XIX.

Para A. Fabris, o êxito da Fotografia está relacionado com as necessidades da Revolução Industrial. No século XIX, grande parcela da população é analfabeta e há uma demanda por informação visual. A litografia funda uma espécie de “novo estatuto da imagem” e é, entre outras coisas, a demanda social por imagens que culmina no advento da daguerreotipia.

Entre todas suas funções até aquele momento, as que mais si destacavam eram as de caráter informativo e documental, uma pratica clássica são as expedições fotográficas que provocavam em seus fascinados expectadores uma viagem imaginaria, dando-lhe acesso a monumentos, paisagens e costumes dos lugares mais remotos do planeta, provocando um sentimento de posse simbólica de múltiplos ângulos e características do mundo para um publico que ansiava por novidade.

Fernanda Polido comenta que depois da revolução a sociedade si movimenta em maior velocidade, surge um movimento entre os pintores chamado ("en plein air"), que si define pela derrubada das paredes do ateliê a procura por representar imagens mais vivas e mundanas, a criação da tinta a base de óleo em tubo provoca um liberdade de locomoção possibilitando a ida desses artistas para ruas e praças, a onde busca captar a sensação de um momento efêmero ou fugaz, isso provoca mudança nas próprias técnicas pictóricas, para atingir os resultados desejados a agilidade torna-se um elemento fundamental na criação das telas e disso ocorrem as pinceladas urgentes quase rusticas da nova pintura. Mas foi a fotografia quem reforçou essa obsessão, eram os resultados fotográficos que indicavam o encanto das cenas efêmeras ou triviais, tudo se mostrando igualmente digno de serem retratados.

Nesse mesmo período surgem os primeiros ensaios fotográficos, com nomes que si ressaltam como Gustave Le Gray, Julia Cameron, Félix Nadar e outros fotógrafos, cujas obras revelam esforço notável de imaginação e fantasia, de dramaticidade e criação poética, em torno do simples registro.

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G. Le Gray - Grande Lame, Mediterranée (1857)

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F. Nadar - Sarah Bernhard, Lady Macbeth dans Macbeth (1884)

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Teatro e Fotografia inicio do século XX

A imagem fotográfica desempenhou um papel importante no curso da historia do teatro, redefinindo a essência da própria representação teatral. A imagem fotográfica é uma fonte privilegiada para qualquer historiador que si debruce sobre a historia do teatro, nos finais do século XIX inicio do século XX a fotografia de teatro desenvolveu-se para uma área de pratica artística quase autônoma, a própria fotografia pode influenciar a prática teatral, pode servir como matéria dramatúrgica em bruto ou pode ser absolutamente performática por direito próprio.

Segundo Karel Vanhaesebrouck existem duas grandes fontes fotograficas teatrais da segunda metade do século XIX, uma são os chamados Quadros Vivos (tableaux vivants), funciona mais especificamente como um indicador da transformação no papel social do ator e no imaginário popular em torno dessa profissão, a outra fonte é o Sistema das Estrelas (star system) do teatro, através da representação fotográfica o ator tornou-se posse pública, tornou-se numa estrela, a separação rigorosa entre a presença física do ator e a personagem que representa tornou-se extremamente porosa.

Um tableau vivant de exterior sobre a corrida ao ouro em Paramaribo, 1892.

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O primeiro livro bibliografo ilustrado do teatro foi Rachel et la tragédie, com fotografias de Henri de la Blanchère (Janin 1858), na mesma época surgiram os portrait mosaic com fotografias de divas famosas da ópera durante as atuações, mas também nas respectivas vidas privadas, fotografadas como cidadãs da moda, exibindo os seus novos trajes informais. Não podemos falar sobre essa época sem mencionar Sarah Bernard que foi eximia em usar os meios de massa no seu tempo, usou a fotografia para elevar a sua vida ao plano do divino, transformou a sua vida em arte, através da fotografia, e possibilitou, ao espectador do seu tempo, um rápido vislumbre da sua vida aparentemente supramundana.

Sarah Bernard

Segundo a lógica de Fried, tanto o teatro como a fotografia funciona por via de uma interferência permanente, já que ambos fazem uso de uma gramática visual comum, na qual a teatralidade e a performatividade são palavras-chave, não só o impacto de uma máquina fotográfica é fundamentalmente teatral, logo a partir do momento em que seleciona um fragmento da realidade, como toda a sociedade e respectiva organização cotidiana também seguem linhas teatrais.

Por volta de 1870-1880, a indústria retratista sofre uma crise com o surgimento dos cartões de visita, só que na mesma época outra faceta da fotografia tornam-se mais relevantes como a fotografia cientifica mais amplamente usada na área psiquiátrica, por uma necessidade de expressão ilustrativa das doenças, porem ao analisar fotografias do Hospital Salpêtrière na França (Didi-Huberman 1982), si nota uma teatralidade muito forte em suas fotografias categorizadas, sendo discutido em sua época como uma imagem teatral da enfermidade, e

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amplamente usado no meio teatral como esboço para interpretação da mesma.

Ainda no fim do século XIX, os fotógrafos tentavam estabelecer seu ofício como artístico. As discussões eram centradas naquela distância criativa (máquina/intelecto) e argumentava-se que a produção fotográfica não abria brecha para a criação ou a expressão. Os artistas declaravam que a fotografia não contribuía para as artes e que ela não era tradução, mas mera imitação e reprodução. Ou seja, que a fotografia referia-se diretamente ao objeto e não a qualquer forma de criação. A máquina seria, então, intransponível e indomável por seu operador.

Mas logo no inicio do século XXI surge uma vanguarda experimentalistas e queriam uma quebra radical com a tradição. A obra Fonte de Duchamp é como um separador de aguas sinalizando uma renovação na discursão a cerca da arte, dando seu parecer sobre tudo àquilo que é a mesma, ou seja, arte como um ato de nominação. Segundo ele os próprios tubos de tinta industrializados fazem parte do grande processo de criação que se resume a escolhas. Fazer arte é escolher que materiais usar, que suportes utilizar, como trabalhar com eles, definir o tema, escolher estilos, como representar, como fotografar...

Segundo Diana de Abreu Dobranszky "O campo estava aberto como nunca às experimentações, à mistura dos meios próximos ao artista para criar e à exploração de tudo o que fosse restrito a um único meio. Se uma obra seria ou não legitimada como arte, caberia à jurisdição do gosto e do tempo. O que as vanguardas fizeram foi contar com a legitimação futura em seu ato de romper com a tradição da arte. A fotografia participou desse processo e foi beneficiada por ele pelo fato de não mais importar quais os aparatos

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empregados na produção artística, mas sim o próprio ato de criar. Ao mesmo tempo, nenhuma forma de expressão rompia de forma tão drástica com a tradição como a fotografia: um novo sistema de representação.; A percepção da fotografia como meio expressivo teve como marco sua aceitação nos museus de arte. Em 1933, o MoMA (Museum of Modern Art) de Nova York abrigou a primeira exposição fotográfica da história realizada dentro desse tipo de espaço institucional reservado estritamente para obras de arte. O fotógrafo escolhido foi Walker Evans. Dessa forma, o MoMA recebeu a fotografia em seu campo de criação puro e afirmou categoricamente: fotografia é arte."

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Vanguarda, fotografia e teatro no Brasil.

No início do século XX a fotografia si auto afirmando arte juntamente com os movimentos vanguardista da época dadaístas, surrealistas e construtivistas espelhando-se dessas estéticas para expressão amplamente usada nas fotomontagens. O teatro por outro lado passa por um período critico no inicio do século, os autores da época enveredaram por caminhos que os conduziram à verbosidade antiteatral, contra esse teatro acadêmico surge o movimento modernista do teatro brasileiro, em 1922, com Eugênia e Álvaro Moreira, fundadores do Teatro de Brinquedo; Joracy Camargo, cuja peça "Deus Lhe Pague" é considerada a primeira tentativa de teatro social no país. Outro grande representante do modernismo no pais é Oswald de Andrade com suas experiências dadaístas e surrealistas.

No ano de 1943 é inaugurado, em São Paulo, o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC); inicialmente uma casa de espetáculos criada para abrigar os trabalhos de grupos amadores. Dois desses grupos estão à frente da renovação do teatro brasileiro: o Grupo de Teatro Experimental (GTE), de Alfredo Mesquita, e o Grupo Universitário de Teatro (GUT), de Décio de Almeida Prado. E 10 anos depois é fundado o Teatro Arena de São Paulo, Sob a liderança de Augusto Boal, o Arena forma novos autores e adapta textos clássicos para que mostrem a realidade brasileira. Chega à implantação do sistema curinga, no qual desaparece a noção de protagonista. É logo cinco anos depois surge o teatro Oficina fundado por Zé Celso, Renato Borghi, Carlos Queiroz Telles e Amir Haddad, entre outros; Seus integrantes passam por uma fase stanislavskiana.

Com a fundação dessa base teatral localizada principalmente na cidade de São Paulo, o fotografo começa a ganhar espaço no palco, são só pela existência da necessidade de ilustrações para suas divulgações, mas também documentação, criação e influencia ideologia fotográfica sobre essa arte que chamamos de teatro, porque parte dos fotógrafos que atuavam nessa área fotográfica estava intrinsicamente envolvido com o teatro, seja atuante, produzindo, discutindo alguns deles tiveram o privilegio de chegar fundo em suas camadas. É nessa época que surge os primeiros fotógrafos de teatro fixos das companhias, destacando nomes como Fredi Kleemann, Carlos Moskovics , Derly Marques...

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Fredi Kleemann (Berlim, Alemanha 1927 - São Paulo SP 1974)

Alfred Kleeman Alemão nascido em Berlim em 1927 migra para o Brasil em 1933, ator e fotografo, trabalha avidamente com duas grandes companhias de São Paulo, Teatro Brasileiro de Comedia (TBC) e Teatro Cacilda Becker, deixando um legado fotográfico inestimável dessas companhias.

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Derly Marques

Derly Marques além de ocasionar a 1º Feira Antropofágica de Opinião, fotografou o Teatro Arena e Oficina tendo calculado mais de mil registros desse coletivo tendo dos anos de 60-70 e de grupos de teatro universitário.

Anos de trabalho artístico fotográfico levou o desenvolvimento de três vertentes da fotografia de teatro, a de espetáculo com um olhar mais de divulgação, tem o intuito de venda de um produto, comumente usado por todas as companhias que pretendem levar sua obra diretamente para o publico; Retrato de teatro a onde o protagonista único e principal posa para uma foto refletiva sua ou do seu personagem no teatro, nomes contemporâneos si destacam como é o caso de Bob Souza; E documentação teatral que consta em exposição de toda a construção teatral, de sua criação como obra em discursões grupais dos participantes até sua montagem e apresentação valorizando cada luz, momento e ápice desse vislumbre efêmero que é o teatro.

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Fotografia de Teatro

Analisando a questão das pinturas de imagens teatrais, chama esse fenômeno da dupla representatividade, em suas palavras: If painted images are representations so are dramatic characters, actions and events; the implications os this Doublerepresentationality […] (WOODFIELD, 2002, p. 54)

A fotografia de teatro não vaga longe dessa definição já que é só um dos seguimentos desse desenvolvimento artístico, ao representar o "real" a imagem do espetáculo expõe o imaginário ficcional ou não do diretor da obra.

Uma das definições de teatro segundo o dicionário Aurélio é ilusão, que significa algo que afigura ser o que não é, só que para criação de um personagem todo ator tende utiliza um vertente criacionaria , assim fazendo o personagem existir e seu publico acreditar em sua existência, e a fotografia ao congelar esse momento de deleite do personagem afirma sua presença em meio às pessoas.

"Existe algo de magico em fotografar operários da cena. Retratá-los é converte em pixels corpos e mentes permanentemente empenhados em vender ilusão, como quem desvenda os truques de um prestidigitador. Há magia, também, na proeza de registra para sempre algo fugaz por definição. uma vez que o teatro, como a dança, tem como principio ser uma arte efêmera, presencial e irreplicável, imune a artimanhas de videoteipe e controle remoto" Camilo Vannuchi- Retratos do Teatro- Bob Souza

Em meio a esse caos de ideias, ideologias e pensamentos que a arte de fotografar teatro surge desde os primeiros tableaux vivants, até suas inúmeras vertentes de hoje, com o teatro de si consolidado nos anos de 1920, que os primeiros nomes do teatro começam a aparecer como Fredi Kleemann, Carlos Moskovics, Derly Marques, Emidio Luisi entres outros.

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Iconografia Teatral

É a disciplina que estuda a imagem e os seus sentidos; e coleção de imagens entendidas (Corpus Iconográfico Teatral) como fontes históricas para a investigação da arte do teatro. Essa área de estudo exige por si só uma interdisciplinaridade para sua total compreensão, já que a diversidade de material visual e seus respectivos contexto de criação implicam em diversas disciplinas com suas próprias linguagens, assim proporcionando novos encontros entres a historia da arte, historia do espetáculo, sociologia, antropologia etc.

A fotografia de teatro não tem um necessário vinculo com a historia do espetáculo, já que varias fotografias de teatro tem como autor e local desconhecido, mas sim com o registro histórico de fatos de uma narrativa literal ou poética produzida ou contaminada de um determinado contexto escolhido pelo fotografo. Então um historiador ao ter acesso a essas imagens tem acesso a imaginários, discursos estéticos, subjetividade e marcas do tempo criadas em momentos de atuações artísticas.

Segundo Balme, “existe três níveis epistemológicos da documentação iconográfica relevante para a história do teatro: direto, indireto e o que constitui o conceito ideal de teatro”; assim ludificando as possíveis "armadilhas" que uma imagem pode provocar em um observador não preparado. Podemos afirmar que os documentos diretos são aqueles que estabelecem relação direta com o evento teatral especifico; os indiretos que são aquele cuja referencia iconográfica não si limita ao teatral, embora possa si perceber por via indutiva um reflexo de linguagem cênica em dado momento da historia; e, por último, aqueles que constituem um conceito ideal de teatro, como, por exemplo, os livros de peças teatrais, cujas ilustrações podem não refletir nenhuma performance verdadeira, mas nos fazem vislumbrar essa “possibilidade” performática.

Um dos primeiros temas a ser levantado é quanto à veracidade do documento como acontecimento, por que é claro quanto a uso como atalho para memoria da pessoa que estava presente é inegável sua utilidade, só que uma imagem totalmente verídica só pode ser feita de algo que também contenha dois dimensões como seu material de linguagem que é a foto, uma fotografia só pode ser totalmente a realidade si for fotografado um quadro, por exemplo, já não podemos dizer o mesmo de uma estatua, por tentar representar três dimensões em um material que reproduz duas, ele vai indicar o angulo, a sombra, a altura e filme ou configuração desejado pelo fotografo, assim reproduzindo a sua realidade sobre a estatua. Entendendo-se que as fotografias jamais representam o fato acontecido, e sim um ponto de vista a respeito desse fato.

Por isso e outras discursões que é impossível ter um parecer histórico real da peça por uma única foto, é necessário existir um Corpus iconográfico teatral para sua total compreensão, assim estabelecendo comparações, criação de um estudo de influencia e trocas, e todas a possíveis analises históricas. Molinari chama atenção para o fato de que uma imagem única

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nunca é auto referencial – “o lugar e a época de um evento capturado por uma fotografia [por exemplo] não podem ser reconhecidos sem alguma base: ou experiência precedente do observador, ou possível dedução lógica, ou indicação externa que se possa considerar confiável”.

"A fotografia de cena em teatro deve representar o espetáculo, deve traduzir o espaço cênico, a cenografia, a iluminação, os figurinos, as personagens. Deve, quando surge na imprensa, representar uma forma semelhante à que o espectador vê na sala. Mas o espetáculo pode ser interpretado de várias formas, então precisamos especificar o nosso olhar e devemos fazê-lo sob o olhar do encenador (...) A sua ideia de espetáculo deve ser reproduzida nas fotografias. (...) Jamais interfiro no que se passa no palco, não faço pedidos aos atores nem ao técnico de luz, o objetivo é fotografar o espetáculo como ele é, sem alterações para a fotografia". Tuna, 2003

Tuna revela a opinião geral do que deve ser fotografia de cena, e através desse tipo de fotografia si é possível como elas eram produzidas, qual esforço elas exerciam, que momento histórico elas perpetuaram, entres outras funções possíveis a serem analisadas pelo historiador da arte.

Para Balme (1997), se estudarmos a evidência pictorial puramente em termos de sua “documentalidade”, isto é, sua função em reconstituir o passado teatral, destituímos dos objetos iconográficos muito de seu potencial discursivo. Não se trata, segundo o autor, de usar as lentes do historiador da arte, mas antes sugere que pode haver mais interesse para o historiador do teatro no potencial iconológico, ou seja, interpretativo das imagens. Assim as imagens estariam no centro da pesquisa, como o ponto radial no qual as tentativas historiográficas podem prosseguir (Balme, 1997).

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Fotógrafos importantes.

Carlos Moskovics

Carlos Moskovics húngaro nascido no dia 10 de abril de 1916, filho de Samuel Moskovics e Rosa Newman Moskovics, migrou para o Brasil no ano de 1927 e naturalizou-se brasileiro em 1948, aos 14 anos tornou-se assistente de fotografo no Rio de Janeiro, trabalhou no Foto Studio Rembrandt, localizado na Rua do Passeio, de propriedade de Stefan Gal, e na Revista Sombra, editada por Walter Quadros. Desde então não parou de fotografar até o ano de 1988 em que faleceu no Rio, deixando um prolífico profissional de mais de 150 mil imagens. Incorporado em 2004 ao conjunto de coleções fotográficas do IMS.

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Clarice Lispector, Glauce Rocha e Dirce Migliaccio posam para Carlos Moskovics

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Com Osvaldo Loureiro em “Mary, Mary” de Jean Kerr. Direção de Adolfo Celi, 1963. Foto de Carlos Moskovics - Estúdio Carlos.

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Emidio Luisi

Emidio Luisi italiano naturalizado brasileiro começa sua carreira fotográfica em 1978, como fotografo do Diário do Grande ABC em São Paulo. Concentrando seu trabalho em duas vertentes: fotografia de teatro e os documentários de cunho etnográficos. 1985 trabalha como fotografo da Veja tendo acesso a vários espetáculos.

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“Batucada” – Ballet Stagium – Direção: Márika Gidali e Décio Otero - Foto Emidio Luisi

Foto Emidio Luisi

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Bob Souza

Bob Souza paulistano nascido em 1972, profissionalizou-se na área da fotografia no ano de 2002, principalmente no registro de fotografia de teatro vanguardista, na ultima década registrou os mais importantes espetáculos de teatro da cidade de São Paulo, atualmente é colunista no portal da SP escola de teatro, no site e na publicação da revista CULT, possui um acervo pessoal de mais de 300 espetáculos.

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A atriz Laura Cardoso é fotografada por Bob Sousa

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A diva automática Phedra D. Córdoba (1938, Havana, Cuba – 2016, São Paulo, Brasil)

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Annie Leibovitz

Anna-Lou (Annie) Leibovitz fotografa estadunidense, especializada em fotografia de retrato de celebridades, conhecida como a queridinha dos famosos, fotografando os mais privilegiados do mundo.

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Angelina Jolie by Annie Leibovitz

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John Lennon com Yoko Ono by Annie Leibovitz - Rolling Stone

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Brassai

Brassai nasce na Transilvânia em 1899, mas si renoma como fotografo na França, exímio em fotografias noturnas, brilhante com efeitos de luz, si especializou em fotografia de retrato de celebridades, Entre os famosos fotografados por Brasaai estão seus amigos Salvador Dalí, Pablo Picasso, Henri Matisse, Jean Genet e Michaux Henri e etc.

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Salvador Dali, 1932-33

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Picasso e os retratos de Dora Maar, 1939

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Perspectiva de Mercado

Existe um nicho fotográfico no mercado de divulgação teatral, do qual que é possível ser adentrado através de contatos, de exímio talento fotográfico e de muito estudo sobre o meio artístico e histórico referente a base compositoria. Pela necessidade de uma rapidez na entrega do taralho o mercado é basicamente digital fugido da regra em poucos vislumbres, e com relação ao retorno financeiro é uma boa área a ser explorada já que existem grandes vertentes ligadas a ela.

Conclusão

Pelos fatos aqui expostos ficou nítido a relação histórica entre a fotografia e o teatro de como tiveram relação desde o seu surgimento até como uma influenciou a outra em seu crescimento e de como si desenvolve seus laços nos dias atuais.

Desde o surgimento da fotografia o teatro bebeu dessa fonte de linguagem para si aprimorar e em muitos casos si completar, da criação com base em fontes fotográficas ate seu uso como objeto em cena com linguagem própria.

E suas analogias entre a pintura, a fotografia e o teatro com suas diferentes linguagens lutando para representar algo, com modos, linguagens e aparatos distintos.

Muito além disso, si tornou uma fonte inestimável para todo historiador da arte, que si debruça sobre sua historia.

Que também foi muito criticado inicialmente por falta de arte e sim de simples documentação, já que seria um retrato premeditado pelo diretor, mas vemos que todo o ângulo diz algo diferente e que cada fotografo tem uma bagagem para com sigo e suas fotos.

Com tanta influencia entre essas duas vertentes artísticas é inegável o quanto ainda podem si complementar e quanto iram si desenvolver com as novas vanguardas que viram.

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BIBLIOGRAFIA

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