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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ENVOLVIMENTO DO NÚCLEO PRÉ-ÓPTICO MEDIANO NA REGULAÇÃO AUTONÔMICA E CARDIOVASCULAR
ALINE ANDRADE MOURÃO
GOIÂNIA-GO
2015
ALINE ANDRADE MOURÃO
ENVOLVIMENTO DO NÚCLEO PRÉ-ÓPTICO MEDIANO NA REGULAÇÃO AUTONÔMICA E CARDIOVASCULAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas do Instituto de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de
Goiás, como requisito parcial para obtenção do título
de Mestre em Ciências Biológicas.
Área de Concentração: Farmacologia e Fisiologia
Orientador: Prof. Dr. Gustavo Rodrigues Pedrino
GOIÂNIA-GO
2015
TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES E
DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG)
a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG),
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da produção científica brasileira, a partir desta data.
1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese
2. Identificação da Tese ou Dissertação
Autor (a): Aline Andrade Mourão
E-mail: [email protected]
Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ X ]Sim [ ] Não
Vínculo empregatício do autor Bolsista
Agência de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior
Sigla: CAPES
País: Brasil UF:GO CNPJ: 00889834/0001-08
Título: Envolvimento do Núcleo Pré-Óptico Mediano na regulação
autonômica e cardiovascular
Palavras-chave: MnPO, Pressão Arterial, SHR, Simpatoinibição Renal
Título em outra língua: Involvement of the Median Preoptic Nucleus in autonomic and
cardiovascular regulation
Palavras-chave em outra língua: MnPO, Arterial Pressure, SHR,
Renal Sympathoinhibition
Área de concentração: Biologia Celular
Data defesa: (dd/mm/aaaa) 25/02/2015
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia
Orientador (a): Gustavo Rodrigues Pedrino
E-mail: [email protected]
Co-orientador
(a):*
E-mail: *Necessita do CPF quando não constar no SisPG
3. Informações de acesso ao documento:
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________________________________________ Data: ____ / ____ / _____ Assinatura do (a) autor (a) 1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa
junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo.
ALINE ANDRADE MOURÃO
ENVOLVIMENTO DO NÚCLEO PRÉ-ÓPTICO MEDIANO NA REGULAÇÃO AUTONÔMICA E CARDIOVASCULAR
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Gustavo Rodrigues Pedrino Universidade Federal de Goiás
_____________________________________________
Prof. Dr. Daniel Alves Rosa Universidade Federal de Goiás
_____________________________________________
Prof. Dr. Daniel Breseghello Zoccal Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Aprovada em: ____/____/________
1
Dedicatória
Aos meus pais Sebastião de Almeida Mourão Neto e Maria Elena Andrade Mourão,
por absolutamente tudo! Por terem me educado, me ensinado a viver. Por terem me
ensinado o que são valores, o que é ter fé em Deus e fé na vida!
Às minhas irmãs, Ângela Priscilla Andrade Mourão e Amanda Andrade Mourão por
todos os momentos de companheirismo, de carinho e amor. Sei que passamos por
muita coisa juntas e que sabermos que tínhamos uma à outra foi primordial para
seguirmos em frente.
A todos meus familiares e amigos que verdadeiramente torceram por mim e pela
concretização desse passo importante em minha vida.
2
Agradecimentos
À Deus por mais essa grande vitória em minha vida. O Senhor foi minha
fortaleza e me manteve firme no meu propósito e me ajudou a seguir em frente.
Obrigado Senhor por ter me amparado em tantas batalhas. Louvo a Deus todas as
coisas!!
Aos meus pais, minhas irmãs e meu sobrinho Pedro. Obrigada por tanto
carinho. Por saber que pude contar com vocês em todos os momentos... mesmo sem
querer ou com aquele grilo de ter que ir no ponto me buscar da facu. Mas que sim,
estavam ali sempre me apoiando e me encorajando cada um à sua maneira.
À turma maravilhosa do EaD. Obrigada Profa. Gláucia por ter me acolhido, por
todos os ensinamentos e pela consideração. Obrigada Ruthinha, Paulo, Julinho,
Flávia, Cris e Cléver.
Ao Prof. Dr. Gustavo Rodrigues Pedrino pela oportunidade de fazer parte do
Laboratório, por sua confiança, por permitir que eu fizesse parte desse grande projeto
que é construir o nome da Fisiologia na UFG!
Aos colegas do Departamento de Ciências Fisiológicas.
À Universidade Federal de Goiás e à Capes pelo apoio financeiro.
À Gleice linda. Obrigada por sempre ser essa pessoa gentil e, principalmente,
por seu profissionalismo e cuidado para com os alunos.
Ao Prof. Dr. Carlos Henrique Xavier Custódio pelos seus ensinamentos e
atenção.
3
À família Bom Pastor por todos os momentos em que passamos juntos e por
mudarem meu modo de pensar a vida. Obrigada Clarice, Eleuzinha, Sr Lico, Anderson,
Socorro, Souza, Maria Célia, Raimundo, Igor, Allan, Marcela, Bia, Ju, Léo, Amanda,
Angela, Clóvis, Pedro, Elena, Pe Aurélio.
Às minhas amigas irmãs Mikita e Rosana. Obrigada por serem as mais lindas
do mundo e por serem aquelas pessoas que não importa onde esteja ou quanto
tempo passemos afastadas que ainda assim serão as melhores companhias que
alguém pode ter! Amo vocês.
As amigas especiais que fizeram e fazem parte da minha vida e que me
apoiaram cada uma a sua maneira em praticamente tudo. Obrigada Elisa, Lud e
Carolzinha.
À turma topíssima do Centro de Neurociência e Fisiologia Cardiovascular.
Obrigada Iza Tesouro, Aryanne Gorduxa, Marineras, Elaine Bretinho, Oda, Larinha,
Neide, Thais Bagaça, Lari, Kellen, Carol, Paulinho e Jaminhos. Obrigada por todos os
momentos que passamos juntos, bons ou ruins. Obrigada pelos almoços no RU da
pobreza. Por todos os bolos e festinhas na pamonharia. Por todas as gargalhadas e
por serem a melhor turma de ararajubas que alguém pode trabalhar. Obrigada pela a
amizade e carinho que cada um a sua maneira depositou em mim!
4
Sumário
Lista de Abreviaturas e Siglas. 6
Lista de Figuras 8
Lista de Tabelas 11
Resumo 12
Abstract 14
1. Introdução 18
2. Objetivos 22
2.1. Objetivo Geral 23
2.2. Objetivo Específico 23
3. Materiais e Métodos 24
3.1. Modelo Animal Utilizado 25
3.2. Grupos Experimentais 25
3.3. Desnervação Sinoaórtica 25
3.4. Teste de Sensibilidade Barorreflexa e Quimiorreflexa 26
3.5. Procedimentos Cirúrgicos Gerais 26
3.6. Registro da Pressão Arterial e do Eletrocardiograma 27
3.7. Registro da Atividade Nervosa Simpática Renal 27
3.8. Nanoinjeções no MnPO 28
3.9. Histologia 28
3.10. Análise Estatística 29
5
4. Resultados 30
4.1. Histologia 31
4.2. Participação do Núcleo Pré-Óptico Mediano no controle dos
parâmetros cardiovasculares e da atividade nervosa simpática renal em
ratos normotensos e hipertensos 32
4.2.1. Nanoinjeções de muscimol no terceiro ventrículo de ratos
normotensos e hipertensos 36
4.3. Participação dos aferentes sinoaórticos nas respostas
autonômicas e cardiovasculares induzidas pelo bloqueio farmacológico do
MnPO em ratos normotensos e hipertensos 38
4.3.1. Análise da desnervação sinoaórtica (DSA) sobre a
sensibilidade barorreflexa e quimiorreflexa em ratos normotensos 38
4.3.2. Nanoinjeções de muscimol no MnPO de ratos normotensos
submetidos à desnervação sinoaórtica (DSA) 39
4.3.3. Análise da desnervação sinoaórtica (DSA) sobre a
sensibilidade barorreflexa e quimiorreflexa em ratos hipertensos 42
4.3.4. Nanoinjeções de muscimol no MnPO de ratos
espontaneamente hipertensos submetidos à desnervação sinoaórtica
(DSA) 43
4.4. Participação da neurotransmissão glutamatérgica no MnPO sobre
o controle cardiovascular e autonômico em ratos normotensos e
hipertensos 47
5. Discussão 49
6. Considerações Finais 56
7. Referências Bibliográficas 58
6
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Ang II Angiotensina II
ANSR Atividade Nervosa Simpática Renal
AP5 Ácido 2-amino-5-fosfonovalerico
AV3V Região Anteroventrolateral do Terceiro Ventriculo
bpm Batimentos por Minuto
commNTS Núcleo do Trato Solitário Comissural
DSA Desnervação Sinoaórtica
ECG Eletrocardiograma
EPM Erro Padrão da Média
FC Frequência Cardíaca
ƒANSR Integral de Atividade Nervosa Simpática Renal
IB Índice de Barorreflexo
IML Medula Intermédio Lateral
Kg Kilograma
mM Milimolar
MnPO Núcleo Pré-Óptico Mediano
Na+ Sódio
NaCl Cloreto de Sódio
nl Nanolitro
NMDA N-Metil-Aspartato
NTS Núcleo do Trato Solitário
OVLT Órgão Vasculoso da Lâmina Terminal
7
PA Pressão Arterial
PAM Pressão Arterial Média
PAP Pressão Arterial Pulsátil
PVN Núcleo Paraventricular
RVLM Região Rostroventrolateral do Bulbo
SFO Órgão Subfornicial
SHR Rato Espontaneamente Hipertenso
SNA Sistema Nervoso Autônomo
SNC Sistema Nervoso Central
WT Wistar
V Volts
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática das vias envolvidas no controle da
pressão arterial. MnPO: núcleo pré-óptico mediano; mPVN: subnúcleo
magnocelular do PVN ; pPVN: subnúcleo parvocelular do PVN; RVLM:
região rostroventrolateral do bulbo; CVLM: região caudoventrolateral do
bulbo; NTS: núcleo do trato solitário; SFO: órgão subfornical; OVLT: órgão
vasculoso da lâmina terminal; NH: neurohipófise; OT: ocitocina; VP:
vasopressina; Ang II: angiotensina II; Na+: íon sódio. (Modificado de
Pedrino et al., 2015, em redação). 19
Figura 2. Verificação histológica dos animais que receberam
nanoinjeções de soro 150mM, muscimol 4mM e ácido quinurênico 50mM
no MnPO (seta); ca (Comissura Anterior). Fotomicrografia de um corte
coronal (40 μm) do cérebro corado pela técnica de vermelho neutro (A).
Imagens coronais sequenciais que mostram o espalhamento das drogas
nanoinjetadas no MnPO (B); área escura (espalhamento máximo); área
azul (espalhamento mínimo). 31
Figura 3. Traçado representativo mostrando as alterações na pressão
arterial pulsátil (PAP); eletrocardiograma (ECG); atividade nervosa
simpática renal (ANSR) e integral de ANSR (u.a.) induzidas por
nanoinjeções de soro fisiológico (150 mM) e muscimol (4mM) no MnPO e
administração intravenosa de hexametônio em WT (A) e SHR (B).. 29
Figura 4. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM;
A), frequência cardíaca (∆ FC; B) integral de atividade nervosa simpática
(Δ ANSR; C) induzidas pela nanoinjeção de soro fisiológico (150 mM) e
muscimol (4mM) no MnPO em WT e SHR. * diferente da nanoinjeção de
soro fisiológico; † difere do grupo; p < 0,05.. 30
9
Figura 5. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM;
A), frequência cardíaca (Δ FC; B) e integral de atividade nervosa
simpática (Δ ANSR; C), induzidas pelas naninjeções de soro fisiológico
(150 mM) e de muscimol (4 mM) no terceiro ventrículo em WT e SHR 37
Figura 6. Média ± EPM do índice de barorreflexo (IB; bpm•mmHg-1)
mediante infusões de fenilefrina dos animais controles e submetidos à
DSA. † diferente do controle. p < 0,05. 38
Figura 7. Média ± EPM da variação da pressão arterial média (PAM; A) e
da frequência cardíaca (FC; B) após o teste de quimiorreflexo nos animais
controles e submetidos à DSA. † diferente do controle. p < 0,05. 39
Figura 8. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM;
A), frequência cardíaca (∆ FC; B) integral de atividade nervosa simpática
(Δ ANSR; C) induzidas pela nanoinjeção de muscimol (4mM) no MnPO
em WT (traço vertical em preto no tempo 0). * difere do tempo 0; p < 0,05..
41
Figura 9. Média ± EPM do índice de barorreflexo (IB; bpm·mmHg-1)
mediante infusões de fenilefrina dos animais SHRs controles e
submetidos à DSA. † diferente do controle. p < 0,05. 42
Figura 10. Média ± EPM da variação da pressão arterial média (PAM; A)
e da frequência cardíaca (FC; B) após o teste de quimiorreflexo nos
animais SHRs controles e submetidos à DSA. † diferente do controle. p <
0,05. 43
Figura 11. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM;
A), frequência cardíaca (∆ FC; B) integral de atividade nervosa simpática
(Δ ANSR; C) devido à nanoinjeções de muscimol (4mM) no MnPO em
SHR (traço vertical em preto no tempo 0). * difere do tempo 0; † difere do
grupo; p < 0,05. 45
10
Figura 12. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM;
A), frequência cardíaca (∆ FC; B) integral de atividade nervosa simpática
(Δ ANSR; C) devido à nanoinjeções de muscimol (4mM) no MnPO em WT
e SHR (traço vertical em preto no tempo 0). * difere do tempo 0; † difere
do grupo; # difere do WT; p < 0,05. 46
Figura 13. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM;
A), frequência cardíaca (∆ FC; B) integral de atividade nervosa simpática
(Δ ANSR; C) devido a nanoinjeções de soro fisiológico (150 mM) e ácido
quinurênico (50mM) no MnPO em WT e SHR. * diferente da nanoinjeção
de soro fisiológico; p < 0,05. 48
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Valores basais médios ± EPM da pressão arterial média (PAM),
frequência cardíaca (FC) e integral da atividade nervosa simpática renal
(ƒANSR) dos ratos wistar que receberam nanoinjeções de muscimol 4mM
no MnPO (WT) ou no terceiro ventrículo (WT – 3V), e de ratos
espontaneamente hipertensos (SHRs) que receberam nanoinjeções de
muscimol 4mM no MnPO (SHR) ou no terceiro ventrículo (SHR – 3V).. 32
12
RESUMO
Estudos têm demonstrado que os neurônios do núcleo pré-óptico mediano
(MnPO) desempenham um importante papel na regulação cardiovascular e
hidromineral, principalmente, por meio de suas projeções para o núcleo
paraventricular (PVN) do hipotálamo. O PVN, por sua vez projeta-se para a região
rostroventrolateral do bulbo (RVLM) um dos principais núcleos geradores da
atividade simpática vascular, renal e cardíaca. Todavia, as respostas autonômicas
frente a inibição do MnPO, bem como vias centrais e/ou mecanismos envolvidos
nessas respostas permanecem desconhecidos. O presente estudo buscou
determinar a participação do MnPO na regulação autonômica e cardiovascular em
ratos wistar (WT) e espontaneamente hipertensos (SHR). Para tanto, ratos das
linhagens WT e SHR, pesando entre 250 e 350g foram anestesiados com uretano
(1,2 g/kg, iv.) após a indução com halotano (2% em O2 100%). A artéria e veia
femorais direitas foram canuladas para o registro da pressão arterial média (PAM), e
a infusão de drogas, respectivamente. A frequência cardíaca (FC) foi calculada
como frequência instantânea do sinal de eletrocardiograma (ECG). Os animais
foram posicionados em um aparelho estereotáxico e instrumentalizados para registro
da atividade nervosa simpática renal (ANSR), e nanoinjeções (100nl) de soro
fisiológico (NaCl; 150mM); ácido quinurênico (antagonista glutamatérgico; 50mM) e
muscimol (agonista gabaérgico; 4mM) no MnPO. Como esperado, as nanoinjeções
de soro não alteraram os valores da PAM (WT: 0,4 ± 0,2 mmHg; SHR: 0,2 ± 0,4
mmHg), FC (WT: 0,7 ± 0,9 bpm; SHR; 1,1 ± 1,4 bpm) e da ANSR (WT: 0,4 ± 0,2 %;
SHR: -0,2 ± 1,3 %).Em ratos WT (n=6), o bloqueio farmacológico do MnPO com
muscimol promoveu queda na PAM (-17,0 ± 1,2 mmHg), bradicardia (-55,4 ± 12,3
bpm) e redução na ANSR (-37,5 ± 3,9 %). As nanoinjeções de muscimol no MnPO
dos SHR (n=6) promoveram hipotensão (-31,6 ± 5,0 mmHg), bradicardia (-18,3 ± 7,2
bpm), e simpatoinibição renal (-54,4 ± 6,2 %). As variações dos parâmetros
autonômicos e cardiovasculares induzidas pela inibição do MnPO também foram
avaliadas em ratos WT e SHR submetidos à desnervação dos aferentes
sinoaórticos. Nos ratos normotensos, a inibição do MnPO com muscimol promoveu
queda na PAM nos ratos inervados (n=6) e desnervados (-19,4 ± 1,9 vs. -20,9 ± 4,3
mmHg, respectivamente; 3min; n=6), sendo esta mantida por todo período
experimental (-13,5 ± 2,0 vs. -22,5 ± 4,3 mmHg; 30min). Também não foram
13
evidenciadas diferenças na redução da ANSR nos ratos WT inervados (-23,0 ± 1,5
%; 3min) e desnervados (-21,0 ± 4,9 %; 3min). Nos ratos hipertensos desnervados
(n=5), o bloqueio do MnPO promoveu uma progressiva redução na PAM (-31,1 ±
6,7; -38,7 ± 9,7 e -44,7 ± 7,1 mmHg; respectivamente 3, 15 e 30 min após o bloqueio
do MNPO). As alterações promovidas na FC (-1,3 ± 3,3; -21,5 ± 12,6 e -24,9 ± 12,2
bpm; respectivamente 3, 15 e 30 min após o bloqueio do MNPO) e ANSR (-16,4 ±
8,8; -37,3 ± 10,1 e -45,1 ± 8,7 %; respectivamente 3, 15 e 30 min após o bloqueio do
MNPO) também seguiram esse padrão de resposta. Por fim para identificarmos a
participação da neurotransmissão glutamatérgica no MnPO sobre o controle
cardiovascular e autonômico, nanoinjeções de ácido quinurênico foram realizadas
neste núcleo. O bloqueio glutamatérgico no MnPO promoveu queda na PAM (WT: -
18,2 ± 4,1 mmHg vs. SHR: -21,0 ± 2,5 mmHg), bradicardia (WT: -7,1 ± 1,9 bpm vs.
SHR: -9,0 ± 6,0 bpm e simpatoinibição renal (WT: -19,7 ± 2,4 % vs. SHR: -24,7 ± 2,4
%). Em conjunto, os resultados obtidos nesse estudo demonstraram que o bloqueio
agudo do MnPO reduz a pressão arterial (PA), corroborando com dados recentes
que indicam que esse núcleo participa do controle tônico da PA. Nossos dados
sugerem o envolvimento do MnPO na regulação tônica da atividade simpática em
WT e SHR. Ademais, sugerem a participação desse núcleo no aumento da atividade
simpática e consequente hipertensão arterial observada em SHR. Os resultados
evidenciaram ainda, que os aferentes aórticos e carotídeos participam na modulação
das respostas autonômicas e cardiovasculares induzidas pelo bloqueio do MnPO em
SHR. Além disso, nossos dados sugerem que a neurotransmissão glutamatérgica no
MnPO é importante para a regulação tônica da PA, FC e ANSR trazendo assim
novas evidências de que esse núcleo participa do controle autonômico e
cardiovascular.
14
ABSTRACT
Studies have demonstrated that neurons in the median pre-optic nucleus (MnPO)
play a key role in the organization of cardiovascular responses induced by changes
in circulating volume mostly through their projections to the paraventricular nucleus
(PVN) of the hypothalamus. PVN in turn, projects to the rostroventrolateral medulla
(RVLM) one of the main generators nucleus of vascular sympathetic, renal and
cardiac activity. However, the autonomic response of blocked of the MnPO and
central pathways and / or mechanisms involved in these responses remains
unknown. The present study sought to determine the involvement of the MnPO in
cardiovascular and autonomic regulation in Wistar (WT) and spontaneously
hypertensive rats (SHR). For these, rats of the lineages WT (n = 6) and SHR (n = 6),
weighing between 250 and 300g were anesthetized with urethane (1.2 g / kg, iv.)
after induction with halothane (2% in O2 100%). The right femoral artery and vein
were cannulated for recording of mean arterial pressure (MAP), and infusion of
drugs, respectively. Heart rate (HR) was calculated as instantaneous frequency
signal electrocardiogram (ECG). The animals were positioned in a stereotaxic
apparatus, and instrumented for recording renal sympathetic nerve activity (RSNA).
The nanoinjections of saline (NaCl; 150 mM), kynurenic acid (glutamate receptor
antagonist; 50 mM) and muscimol (GABA agonist; 4 mM) were also performed. As
expected, saline nanoinjections did not change the values of MAP (WT: 0.4 ± 0.2
mmHg; SHR: 0.2 ± 0.4 mmHg), HR (WT: 0.7 ± 0.9 bpm; SHR, 1.1 ± 1.4 bpm) and
RSNA (WT: 0.4 ± 0.2%; SHR: 0.2 ± 1.3%). In WT (n=6) rats, the blockade of the
MnPO with muscimol promoted fall in MAP (-17.0 ± 1.2 mmHg), bradycardia (-55,4 ±
12,3 bpm) and reduces in RSNA (-37.5 ± 3.9 %). The muscimol nanoinjections into
the MnPO in SHR (n=6) promoted hypotension (-31.6 ± 5.0 mmHg), bradycardia (-
18.3 ± 7.2 bpm), and renal sympathoinhibition (-54.4 ± 6.2 %). The changes in
cardiovascular and autonomic parameters were evaluated in WT and SH rats
submitted to sinoartic denervation. In normotensive rats, the inhibition of the MnPO
by muscimol promoted decrease of MAP in innervated rats (n=6) and denervated (-
19.4 ± 1.9 vs. 20.9 ± 4.3 mmHg, respectively; 3min; n=6), which was maintained
throughout the experimental period (13.5 ± 2.0 vs. 22.5 ± 4.3 mmHg, 30 min). Also
did not evidenced differences in RSNA in WT innervated (-23.0 ± 1.5%; 3min) and
denervated (-21.0 ± 4.9%; 3min) rats. In denervated hypertensive rats (n=5), the
15
blocked of MnPO resulted in progressive decrease in MAP (-31.1 ± 6.7, ± 9.7 and -
38.7 ± 7.1 -44.7 mmHg, respectively 3, 15 and 30 min after MnPO blockade). The
changes observed in the HR (-1.3 ± 3.3; -21.5 ± 12.6 and -24.9 ± 12.2 bpm,
respectively 3, 15 and 30 min after MnPO blockade) and RSNA (-16.4 ± 8.8; -37.3 ±
10.1 and -45.1 ± 8.7%, respectively 3, 15 and 30 min after MnPO blockade) also
followed this pattern of response. Finally to identify the involvement of glutamatergic
neurotransmission in the MnPO on the cardiovascular and autonomic control,
nanoinjections of kynurenic acid were performed in this nucleus. The glutamatergic
blockade promoted decrease in MAP (WT: -18.2 ± 4.1 mmHg; SHR: -21.0 ± 2.5
mmHg), bradycardia (WT: -7.1 ± 1, 9 bpm; SHR: -9.0 ± 6.0 bpm) and renal
simpathoinhibition (WT: -19.7 ± 2.4%; SHR: -24.7 ± 2.4%) in normotensive and
hypertensive rats. In summary, the results obtained on this study demonstrated that
acute blockade of MnPO reduces blood pressure (BP), confirming recent data that
indicate that this nucleus participates of tonic control on BP. Our data suggest the
involvement of MnPO the tonic regulation of sympathetic activity in WT and SHR. In
addition, suggest the participation of this nucleus in increased sympathetic activity
and consequent arterial blood pressure in SHR. The results demonstrated that aortic
and carotid afferent participates in the modulation of autonomic and cardiovascular
responses induced by blockade the MnPO in SHR. Furthermore, our data suggest
that glutamatergic neurotransmission in the MnPO is important for the tonic
regulation of BP, HR and RSNA thus, bringing new evidence that this nucleus
participates of the autonomic and cardiovascular control.
16
1. Introdução
17
O sistema nervoso central (SNC) possui núcleos e regiões que desempenham
papeis importantes na regulação cardiovascular bem como manutenção da
homeostase do fluido corporal. O núcleo paraventricular (PVN) do hipotálamo e as
regiões anteroventrolateral do terceiro ventrículo (AV3V) e rostroventrolateral do
bulbo (RVLM) representam exemplos destes centros regulatórios (Brody et al., 1968;
De Luca & Menani, 1996; Colombari & Cravo, 1999; Pedrino et al., 2005; Stocker et
al., 2006; Toney et al, 2003; Toney & Stocker, 2010; Vieira et al., 2004).
A região AV3V constitui um dos principais centros envolvidos no controle da
osmolaridade do fluido corporal. Esta, por sua vez, possui estruturas capazes de
perceber alterações na osmolaridade plasmática e concentração de hormônios
circulantes, como a angiotensina II (ANG II) (Brody & Johnson, 1980; Bealer, 2002).
Estudos demonstraram que esta região, possui papel crucial na manutenção do
equilíbrio hidroeletrolítico, regulação da atividade nervosa simpática, além de fazer
conexões com circuitos envolvidos na regulação cardiovascular (Brody et al., 1968;
De Luca & Menani, 1996; Colombari & Cravo, 1999; Vieira et al., 2004; Pedrino et
al., 2005).
Dentre as principais estruturas que compõem AV3V, destacamos o núcleo
pré-óptico mediano (MnPO) (Johnson & Edwards, 1991; Johnson et al., 1996). O
MnPO também constitui um dos centros regulatórios e desempenha um importante
papel no controle da osmolaridade e volume extracelular (Stoker & Tonney, 2005). O
MnPO localiza-se na lâmina terminal adjacente à comissura anterior e recebe
densas projeções excitatórias de osmorreceptores centrais, como do Órgão
Vasculoso da Lamina Terminal (OVLT; Chiba & Murata, 1985) e do Órgão
Subfornicial (SFO; Miselis et al., 1979). Em sua maioria, estas projeções excitatórias,
são de natureza glutamatérgica (Johnson et al., 1996; Johnson e Lowevy, 1990;
Kolaj et al., 2004). De fato, estudos realizados por Tanaka et al. (1995)
evidenciaram aumentos da frequência de deflagração de potenciais de ação dos
neurônios do MnPO em resposta a estimulação do SFO.
O papel do MnPO tem sido funcionalmente estabelecido utilizando lesões
teciduais da área pré-óptica ventral. Lesões do tecido que envolve o MnPO e o
OVLT reduziram ingestão de sódio (Na+) causada por aumento sistêmico desse íon
(Fitts et al., 1990; Gardiner et al., 1986; De Luca et al., 1992). Ademais, lesões do
18
MnPO atenuaram a secreção de vasopressina pela neuro-hipófise em resposta a
hiperosmolalidade (Mangiapane et al., 1983; Mckinley et al., 2004).
Estudos demonstram a participação dos neurônios do MnPO na regulação
hidromineral e cardiovascular (Amaral et al., 2014; Johnson et al., 1996; Llewellyn et
al, 2012; McKin; ley et al., 1996; Stocker e Toney, 2005; Yasuda et al., 2000; Pedrino
et al., 2009). No entanto, os neurônios do MnPO não são estimulados de forma
homogênea, o que sugere uma complexa organização deste núcleo e sua
heterogeneidade em termos de populações neuronais (Voisin et al., 2012). Nesse
contexto, registros in vivo demonstraram que hiperosmolalidade plasmática aumenta
a frequência de disparos de potenciais de ação em uma subpopulação de neurônios
que se projetam para o PVN, mas não tem efeito em outras subpopulações que se
projetam para o mesmo núcleo (Stoker & Tonney, 2005). Registros in vitro de
neurônios do MnPO revelaram que soluções extracelulares hiperosmóticas ou
hiposmóticas afetam de forma diferenciada a atividade nervosa nesse núcleo.
Enquanto as soluções hiposmóticas reduzem a frequência de disparo dos neurônios
do MnPO, soluções hiperosmóticas as aumentam (Travis & Johnson,1993). De
modo geral, estes estudos ilustram a heterogeneidade das populações neuronais
que respondem de forma diferente às mudanças na osmolalidade sistêmica ou local.
Como mencionado anteriormente, o MnPO pode ser considerado um centro
de integração, uma vez que este recebe informações sobre a osmolaridade
plasmática de osmorreceptores centrais (OVLT e SFO), e através de suas projeções
para o PVN, modula respostas autonômicas e endócrinas fundamentais para a
manutenção da composição e/ou volume do líquido extracelular. O MnPO recebe
ainda, aferências de neurônios catecolaminérgicos do núcleo do trato solitário (NTS;
grupamento A2) e da região ventrolateral do bulbo (grupamentos A1 e C1; Saper et
al., 1983; Tucker et al., 1987) regiões, conhecidas por participarem da modulação
cardiovascular, recebem informações dos aferentes carotídeos e aórticos
(baroceptores e quimioceptores periféricos) e projetam-se para principalmente para
o MnPO (Saper et al., 1983; Tucker et al., 1987). De fato, estudos evidenciaram que
estímulos elétricos destes aferentes aumenta a atividade dos neurônios A1 que
projetam-se para o PVN (Chiba & Murata, 1985; Fernandez-Galaz, 1994; Tanaka et
al., 1992; Figura 1). Ademais, em estudo recente, Moreira et al (2009) demonstraram
a importância da integridade de estruturas hipotalâmicas (AV3V) e de estruturas
19
bulbares envolvidas no baro e quimiorreflexo, como o núcleo do trato solitário (NTS)
na manutenção da hipertensão arterial em SHR. Indicando assim, a importância das
conexões entre as regiões bulbares e hipotalâmicas para o desenvolvimento da
hipertensão arterial.
Figura 1. Representação esquemática das vias envolvidas no controle da pressão arterial. MnPO:
núcleo pré-óptico mediano; mPVN: subnúcleo magnocelular do PVN ; pPVN: subnúcleo parvocelular
do PVN; RVLM: região rostroventrolateral do bulbo; CVLM: região caudoventrolateral do bulbo; NTS:
núcleo do trato solitário; SFO: órgão subfornical; OVLT: órgão vasculoso da lâmina terminal; NH:
neurohipófise; OT: ocitocina; VP: vasopressina; Ang II: angiotensina II; Na+: íon sódio. (Traduzido de
Pedrino et al., 2015, em redação).
20
O PVN pode ser funcional e anatomicamente subdividido nas porções
magnocelular e parvocelular (Sawchenko & Swanson, 1981). A porção magnocelular
é constituída por neurônios secretores de vasopressina (região magnocelular
posterior) e de ocitocina (regiões magnocelulares anterior e medial). A porção
parvocelular é constituída de neurônios que regulam a atividade nervosa simpática,
através de projeções para os neurôios pré-gânglionares simpáticos localizados na
coluna intermédio lateral da medula espinal (IML), e para os nerônios pré-motores
simpáticos localizados na região rostroventrolateral do bulbo (RVLM; Stocker et al.,
2006; Toney et al, 2003;. Toney & Stocker, 2010). Assim, o aumento do drive
exitatório, proveniente do MnPO, para o PVN poderia resultar em aumentos na
secreção de peptídeos vasoativos e da atividade simpática.
Em conjunto, esses estudos propõem que o MnPO participe da integração de
informações acerca de variações da composição do fluido corporal e pressão
sanguínea e, ainda, que promova respostas humorais e cardiovasculares através,
principalmente, de suas projeções para o PVN. Esse por sua vez, se projeta para a
região RVLM um dos principais núcleos geradores da atividade nervosa simpática
(Miselis et al., 1979; Pyner & Coote., 1999; Stoker & Tonney, 2005; Toney &
Stocker, 2010; Ross et al., 1981; Tucker et al., 1987; Figura 1).
Nesse contexto, várias evidências na literatura apontam a participação do
SNC no desenvolvimento e manutenção da Hipertensão arterial (HA) (Blanch et al.,
2013; Silveira et al., 2014; Toney et al., 2010). A participação do SNC parece
ocorrer, principalmente, através da divisão simpática do sistema nervoso autônomo
que inerva regiões responsáveis pelo controle cardiovascular como coração, vasos,
rins e a glândula adrenal (Guyenet, 2006).
Dados recentes de nosso laboratório apontaram para a participação tônica do
MnPO no controle da PA (Silveira et al., 2014). Nesse estudo, nanoinjeções do
agonista GABAA muscimol promoveram quedas na PA de ratos normotensos e SHR.
Ademais, a resposta hipotensora observada nos SHR foi significativamente maior
quando comparada à observada nos ratos normotensos. Em conjunto, estes
resultados sugerem uma possível hiperatividade neuronal do MnPO em animais
SHR.
De fato, estudos evidenciam o aumento da atividade simpática em diversos
modelos de HA (Guyenet, 2006; Oliveira-Sales et al., 2014; Toney et al., 2010) . Em
21
ratos com HA renovascular ou SHR foram observados aumentos do tônus simpático
e da concentração plasmática de noradrenalina (Linz et al., 2014; Oliveira-Sales et
al., 2014; Tsyrlin et al., 2013). Em conjunto esses estudos sugerem a direta
participação do sistema nervoso simpático no desenvolvimento e manutenção desta
patologia.
A região RVLM é a principal área do SNC onde estão localizados os
neurônios pré-motores simpáticos responsáveis pelo controle cardiovascular. Estes
neurônios recebem projeções inibitórias (gabaérgicas) e excitatórias
(glutamatérgicas; Ito et al 2000; Schreihofer et al 2000; Sved et al 2002). As
projeções excitatórias são mediadas principalmente pela liberação de glutamato, que
atuando sobre receptores NMDA e não-NMDA, é responsável pelas respostas
simpatoexcitatórias viscerais (Wang et al 2007; Zhou et al 2006). A partir do exposto
é lícito supor que excitações provenientes de eferentes do MnPO para o PVN e,
consequentemente para o RVLM, poderiam contribuir para o controle tônico da
atividade simpática. Assim, o estudo de regiões que se projetem para regiões
geradoras do tono simpático, como o RVLM, se faz necessário para o entendimento
da gênese e manutenção da HA neurogênica.
22
2. Objetivos
23
2.1. Objetivo Geral
Determinar a participação do núcleo pré-óptico mediano (MnPO) na regulação
autonômica e cardiovascular em animais normotensos e hipertensos.
2.2. Objetivos Específicos
2.2.1. Avaliar a participação do MnPO no controle da pressão arterial média
(PAM), frequência cardíaca (FC) e atividade nervosa simpática renal (ANSR) em
ratos normotensos (WT) e espontaneamente hipertensos (SHR).
2.2.2. Avaliar a participação dos aferentes sinoaórticos nas respostas
cardiovasculares e autonômicas promovidas pelo bloqueio do MnPO em ratos
normotensos (WT) e espontaneamente hipertensos (SHR).
2.2.3. Avaliar a participação da neurotransmissão glutamatérgica do MnPO
sobre o controle cardiovascular e autonômico de ratos normotensos (WT) e
espontaneamente hipertensos (SHR).
24
3. Materiais e Métodos
25
3.1. Modelo Animal Utilizado
Todos os experimentos foram realizados em ratos normotensos da linhagem
Wistar (WT) e ratos espontaneamente hipertensos (SHR), pesando entre 250 e
350g. Os animais foram fornecidos pelo biotério central da Universidade Federal de
Goiás (UFG), mantidos com água e ração ad libitum. Todos os protocolos utilizados
neste projeto foram previamente submetidos à aprovação do comitê de ética da UFG
(processo número: 34/12).
3.2. Grupos Experimentais
Os ratos utilizados no presente estudo foram divididos randomicamente em
quatro grupos:
Grupo Muscimol (WT, n=6; SHR, n=6) – Submetidos ao bloqueio dos
receptores GABAA no MnPO.
Grupo Terceiro Ventrículo (WT – 3V, n=4; SHR – 3V, n=4) –
Utilizados como controle negativo, foram realizadas nanoinjeções de
Muscimol no terceiro ventrículo desses animais.
Grupo Desnervação Sinoaórtica (DSA; WT – DSA, n=6; SHR – DSA,
n=5) – Submetidos à cirurgia de desnervação sinoaórtica.
Grupo Ácido Quinurênico (WT, n=6; SHR, n=6) – Submetidos ao
bloqueio dos receptores Glutamatérgicos no MnPO.
3.3. Desnervação Sinoaórtica
Para a realização da DSA foi utilizada a técnica descrita por Krieger, 1964. Os
animais foram anestesiados com Ketamina (100 mg/Kg) e Xilazina (20 mg/Kg) pela
via intraperitoneal (i.p) e em seguida, foram colocados em decúbito ventral. Uma
incisão mediana na região cervical anterior foi realizada, de modo a expor os
músculos que cobrem a traqueia. Após separação dos músculos pré-traqueais, o
feixe vásculo nervoso (constituído pela artéria carótida, nervo vago e tronco
26
simpático) foi cuidadosamente separado em seus componentes. As fibras
pressoreceptoras aórticas que trafegam junto ao tronco simpático ou como fibras
isoladas foram seccionadas, bem como o nervo laríngeo superior e o nervo
depressor aórtico. Logo após, a região da bifurcação carotídea foi extensamente
exposta e dissecada dos nervos e tecido conectivo a sua volta, para retirada do
gânglio cervical superior e do corpúsculo carotídeo. Após a DSA, os animais foram
suturados, artéria e veia femoral foram canuladas e em seguida, as cânulas foram
exteriorizadas para o dorso do animal.
Após um dia de recuperação, foi realizado o teste de barorreflexo e
quimiorreflexo para confirmar a desnervação.
3.4. Teste de Sensibilidade Barorreflexa e Quimiorreflexa
Os animais foram submetidos aos testes de barorreflexo e quimiorreflexo
mediante infusões em bólus (0,1 ml) de fenilefrina (1 g, 1,5 g and 2 g; agonista
α1 adrenérgico; Sigma-Aldrich, St Louis, MO, EUA) e cianeto de potássio (40 g;
Sigma-Aldrich, St Louis, MO, EUA), respectivamente. Para comparar a sensibilidade
barorreflexa dos grupos, foi calculado o índice de barorreflexo (IB), dado como a
razão entre a variação da frequência cardíaca e a variação da pressão arterial média
(ΔFC·ΔPAM-1) mediante a infusão dos fármacos acima citados. Todas as injeções
foram realizadas com intervalos de 5 min entre cada injeção ou até que os
parâmetros cardiovasculares retornassem a valores semelhantes ao basal.
3.5. Procedimentos Cirúrgicos Gerais
Os animais de todos os grupos foram anestesiados com halotano (2% em O2
100%; Tanohalo; Cristália, SP, Brasil). A artéria e veia femorais foram canuladas
para o registro da PA, e infusão de drogas, respectivamente. Após a canulação, a
anestesia foi mantida pela administração de uretano (1,2 g/kg, i.v.; Sigma-Aldrich,
MO, EUA). Foi realizada a traqueostomia a fim de diminuir o esforço respiratório dos
animais. Os animais foram posicionados em um aparelho estereotáxico (David Kopf
Inst., CA, EUA) para realização da craniectomia e posterior nanoinjeção no MnPO.
Para registro da atividade nervosa simpática renal (ANSR), o nervo renal esquerdo
27
foi localizado e cuidadosamente posicionado sobre um par de eletrodos bipolar de
prata acoplado a um micromanipulador e conectado ao sistema de aquisição e
registro da ANSR. A temperatura dos animais foi mantida entre 36º e 37º com o
auxilio de uma mesa térmica.
3.6. Registro da Pressão Arterial e do Eletrocardiograma
A pressão arterial pulsátil (PAP) foi registrada continuamente acoplando-se a
cânula arterial a um transdutor de PA acoplado a um amplificador (ETH-200;
CBSciences, Dover, NH, EUA) conectado a um sistema de aquisição de dados
(PowerLabSystem; ADInstruments, Colorado Springs, CO, EUA). A pressão arterial
média (PAM) foi calculada a partir do sinal pulsátil utilizando o programa LabChart
(Chart 7 v7.3.7; ADInstruments, Colorado Springs, CO, EUA).
Os sinais analógicos do eletrocardiograma (ECG) obtidos através dos
eletrodos posicionados nos membros anteriores foram amplificados em 1.000 vezes
e filtrados entre 100 e 1.000 Hz (ECG100C; ADInstruments, Colorado Springs, CO,
EUA). A frequência cardíaca (FC) foi calculada como frequência instantânea do sinal
de ECG (Chart 7 v7.3.7; ADInstruments, Colorado Springs, CO, EUA).
3.7. Registro da Atividade Nervosa Simpática Renal
Para o registro da ANSR, o nervo renal foi localizado com o auxílio do
microscópio, cuidadosamente dissecado e posicionado sobre um par de eletrodos
bipolar de prata acoplado a um micromanipulador, conectado ao sistema de
aquisição e registro da ANSR. A ANSR foi amplificada em 20.000 vezes e filtrada
entre 30 e 1.000 Hz (Grass Tecnologies, P511 AC amplifier; Warwick, EUA).
Posteriormente, os sinais amplificados e filtrados foram digitalizados em uma
frequência de 2.000 amostras∙ s-1 utilizando-se um conversor analógico digital
(PowerLab System; ADInstruments, Colorado Springs, CO, EUA). Durante o
experimento, foi adicionado ao campo cirúrgico da ANSR óleo mineral (Nujol –
Schering-Plough, SP, Brasil) a ± 37,5° C, para evitar ressecamento e isolar a
captação de ruídos externos. Para quantificarmos o ruído do sinal obtido, ao final do
experimento, foi administrado o bloqueador ganglionar hexametônio (30 mg · kg-1
i.v.; Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, EUA). O sinal de ANSR foi quantificado através da
28
integração do valor absoluto em intervalos de 1s (Chart 7 v7.3.7; ADInstruments,
Colorado Springs, CO, EUA).
3.8. Nanoinjeções no MnPO
Para a realização das nanoinjeções no MnPO, os animais foram posicionados
em decúbito ventral em um aparelho estereotáxico e foi realizada a craniectomia e
posterior posicionamento de uma nanopipeta de vidro acopladas a uma seringa,
formando um sistema de nanoinjeção sob pressão. As coordenadas estereotáxicas
utilizadas para a localização do sítio de nanoinjeção foram obtidas e modificadas a
partir do Atlas de Paxinos & Watson (1998).
Antero-Posterior = 0,6 mm rostral ao bregma
Latero-Medial = 0,0 mm lateral ao seio venoso sagital
Dorso-Ventral = 7,1 mm ventral ao seio venoso sagital
Após este procedimento, os animais receberam nanoinjeções de 100 nL de
soro fisiológico (NaCl; 150mM) no MnPO. Em seguida, foram realizadas as
nanoinjeções de Muscimol (agonista GABAérgico; Sigma-Aldrich, MO, EUA) 4 mM e
Ácido Quinurênico (antagonista glutamatérgico; Sigma-Aldrich, MO, EUA) 50 mM.
Nos animais utilizados como controle negativo (n=4) foram realizadas nanoinjeções
de soro e Muscimol 4mM diretamente no terceiro ventrículo de ratos WT e SHR a 0,0
mm rostral ao bregma e 7,1 mm de profundidade. Ao término do período
experimental foram injetados 100 nL de uma solução de azul de Evans (2%; Sigma-
Aldrich, MO, EUA) no mesmo sítio em que foram realizadas as nanoinjeções
anteriores para posterior confirmação histológica.
3.9. Histologia
Ao final dos experimentos os animais foram perfundidos com uma solução de
soro fisiológico (0,15M), seguido por formaldeído 10% (LabSynth, SP, Brasil). Para
tanto, o coração foi exposto e uma cânula, acoplada a uma bomba de perfusão, foi
introduzida no ventrículo esquerdo. Em seguida, o encéfalo foi removido e fixado na
mesma solução de formaldeído e, posteriormente, armazenado por um período de
29
48 horas em solução de sacarose 30%. Os cérebros foram então seccionados em
cortes coronais de 40 µm com auxílio de um micrótomo de congelamento (Leica;
Wetzlar, Alemanha). Para determinarmos os sítios de nanoinjeção no MnPO, os
cortes obtidos desta região hipotalâmica foram corados pela técnica do vermelho
neutro.
3.10. Análise Estatística
As análises estatísticas e confecção dos gráficos foram realizadas utilizando o
software GraphPad Prism (v 5.01). Todos os resultados foram expressos como
média ± EPM (erro padrão da média). Os valores basais de PAM, FC e ANSR dos
grupos foram analisados utilizando-se teste t não pareado. As alterações nas médias
de PAM, FC e ANSR dos ratos que receberam nanoinjeções de soro, muscimol ou
ácido quinurênico no MnPO,foram analisadas utilizando-se análise de variância de
uma via (ANOVA one way). As alterações nas médias de PAM, FC e ANSR após a
nanoinjeção no MnPO dos animais submetidos à DSA foram analisadas utilizando-
se análise de variância de duas vias (ANOVA two way). Foi utilizado o pós teste de
Newman Keuls. Assumiu-se nível de significância p < 0,05.
30
4. Resultados
31
4.1. Análise histológica
A figura 2A contém uma fotomicrografia de um caso típico onde se visualiza a
marcação com azul de Evans da região onde ocorreram as nanoinjeções de
muscimol 4mM, ácido quinurênico 50 mM ou de soro 150mM. Apenas os resultados
obtidos em experimentos em que a nanoinjeção de azul de Evans esteve confinada
ao MnPO foram considerados para análise (Figura 2 B).
Figura 2. Verificação histológica dos animais que receberam nanoinjeções de soro 150mM, muscimol
4mM e ácido quinurênico 50mM no MnPO (seta) Fotomicrografia de um corte coronal (40 μm) do
cérebro corado pela técnica de vermelho neutro (A). Imagens coronais sequenciais que mostram o
espalhamento das drogas nanoinjetadas no MnPO (B); área azul escuro (espalhamento máximo);
área azul claro (espalhamento mínimo). ca (Comissura Anterior).
32
4.2. Participação do Núcleo Pré-Óptico Mediano no controle tônico dos
parâmetros cardiovasculares e da atividade nervosa simpática renal em ratos
normotensos e hipertensos
A média de massa corpórea e os valores basais médios de PAM, FC e
ƒANSR dos ratos normotensos e hipertensos que receberam nanoinjeções no
MnPO, estão representados na tabela 1.
Tabela1. Valores basais médios ± EPM da pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC) e
integral da atividade nervosa simpática renal (ƒANSR) dos ratos wistar que receberam nanoinjeções
de muscimol 4mM no MnPO (WT) ou no terceiro ventrículo (WT – 3V), e de ratos espontaneamente
hipertensos (SHRs) que receberam nanoinjeções de muscimol 4mM no MnPO (SHR) ou no terceiro
ventrículo (SHR – 3V).
Os resultados representam as médias ± EPM. n, número de animais. * p < 0.05 comparado com o
grupo normotenso.
Como esperado, as nanoinjeções de soro fisiológico (NaCl, 150 mM) no
MnPO não promoveram alterações na PAM (WT: 0,4 ± 0,2 mmHg; SHR: 0,2 ± 0,4
mmHg), FC (WT: 0,7 ± 0,9 bpm; SHR: 1,1 ± 1,4 bpm) e ANSR (WT: 0,4 ± 0,2 %;
SHR: -0,2 ± 1,3 %; Figuras 3 e 4A).
A inibição do MnPO promovida pela nanoinjeção de Muscimol alterou os
parâmetros cardiovasculares e autonômicos nos grupos de animais normotensos
(n=6) e hipertensos (n=6). A Figura 3 apresenta um traçado representativo das
Grupo n Massa
(g)
PAM
(mmHg)
FC
(bpm)
ƒANSR
(u.a.)
WT 6 278,6 ± 9,8 108,4 ± 2,6 367,5 ± 15,1 0,0457 ± 0,0091
WT – 3V 4 274,1 ± 3,1 105,3 ± 4,5 324,2 ± 18,3 0,0402 ± 0,0078
SH 6 287,8 ± 18,7 124,0 ± 0,7* 378,2 ± 15,7 0,0790 ± 0,0185*
SH – 3V 4 290,0 ± 3,4 128,6 ± 1,5* 375,2 ± 21,1 0,0883 ± 0,0067*
33
alterações cardiovasculares e autonômicas promovidas por nanoinjeções no MnPO
de WT e SHR (Figura 3A e 3B, respectivamente).
Figura 3. Traçado representativo mostrando as alterações na pressão arterial pulsátil (PAP);
eletrocardiograma (ECG); atividade nervosa simpática renal (ANSR) e integral de ANSR (u.a.)
induzidas por nanoinjeções de soro fisiológico (150 mM) e muscimol (4mM) no MnPO e administração
intravenosa de hexametônio em WT (A) e SHR (B).
34
A inibição do MnPO promoveu queda na PAM dos ratos normotensos (-17,0 ±
1,2 mmHg). Todavia, essa resposta foi significativamente maior nos ratos
hipertensos (-31,6 ± 5,0 mmHg; Figuras 3 e 4A). Contrária à resposta de pressão, a
faixa de cronotropismo negativo em resposta à nanoinjeção de muscimol no MnPO
foi maior em WT (-55,4 ± 12,3 bpm; Figuras 3A e 4B) comparado ao SHR (-18,3 ±
7,2 bpm; Figuras 3B e 4B).
A inibição dos neurônios do MnPO induzida por muscimol resultou em
simpatoinibição renal em ambos os grupos WT e SHR. O bloqueio farmacológico
resultou em diminuição da ANSR, sendo essa resposta maior em SHR (-54,4 ± 6,2
%; Figuras 3B e 4C) quando comparado aos ratos WT (-37,5 ± 3,94 %; Figuras 3A e
4C), destacando assim, que o MnPO controla tonicamente a PA, FC e ANSR
durante condições basais em animais normotensos e hipertensos.
35
Figura 4. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM; A), frequência cardíaca (∆
FC; B) integral de atividade nervosa simpática (Δ ANSR; C) induzidas pela nanoinjeções de soro
fisiológico (150 mM) e muscimol (4mM) no MnPO em WT e SHR. * diferente da nanoinjeção de soro
fisiológico; † difere do grupo; p < 0,05.
36
4.2.1. Nanoinjeções de muscimol no terceiro ventrículo de ratos
normotensos e hipertensos
A figura 5 apresenta a média ± EPM das variações da PAM, FC e integral de
ANSR devido a nanoinjeções de soro 150mM e muscimol 4mM no terceiro ventrículo
de ratos normotensos (WT – 3V, n=4) e hipertensos (SHR – 3V, n=4).
As nanoinjeções desse agonista GABAA não promoveram alteração na PAM
(WT – 3V: 0,5 ± 1,6 mmHg; SHR – 3V: -1,8 ± 0,2 mmHg; Figura 5A), FC (WT – 3V:
1,4 ± 1,5 bpm; SHR – 3V: -0,4 ± 2,1 bpm; Figura 5B) e ANSR (WT – 3V: 0,5 ± 0,8 %;
SHR – 3V: -1,6 ± 1,0 %; Figura 5C), evidenciando que as respostas observadas no
MnPO não se devem a aproximação desse núcleo com o terceiro ventrículo, e
possível espalhamento do muscimol para este ventrículo.
37
Figura 5. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM; A), frequência cardíaca (Δ
FC; B) e integral de atividade nervosa simpática (Δ ANSR; C) induzidas pelas nanoinjeções de soro
fisiológico (150 mM,) e de muscimol (4 mM) no terceiro ventrículo em WT e SHR.
38
4.3. Participação dos aferentes sinoaórticos nas respostas autonômicas
e cardiovasculares induzidas pelo bloqueio farmacológico do MnPO em ratos
normotensos e hipertensos
4.3.1. Análise da desnervação sinoaórtica (DSA) sobre a sensibilidade
barorreflexa e quimiorreflexa em ratos normotensos
Após a cirurgia, os animais submetidos à DSA (n=6), apresentaram
aumento nos valores basais de PAM (126,4 ± 3,3 vs. 113,3 ± 2,9 mmHg) e FC
(390,0 ± 12,2 vs. 338,8 ± 10,6 bpm) comparados ao grupo controle (n=6).
A partir de infusões em doses crescentes de fenilefrina, o IB dos animais
com DSA se mostrou reduzido (-0,7370 ± 0,0390 bpm·mmHg-1, Figura 6) em
comparação com os animais controle (-2,10 ± 0,07 bpm·mmHg-1 ;Figura 6).
Figura 6: Média ± EPM do índice de barorreflexo (IB; bpm·mmHg-1) mediante infusões de fenilefrina
dos animais controles e submetidos à DSA. † diferente do controle. p < 0,05.
Os gráficos da figura 7 apresentam as médias ± EPM das variações na PAM
e FC registradas durante o teste de quimioreflexo nos ratos normotensos. Nos
animais controles (n=6), a infusão de cianeto de potássio promoveu aumento na
39
PAM (63,0 ± 5,1 mmHg) e bradicardia (-198,0 ± 21,2 bpm). Nos ratos DSA (n=6) as
variações da PAM (8,0 ± 2,7 mmHg) e FC (-13,0 ± 4,2 bpm) foram abolidas (Figuras
7A e 7B).
Figura 7: Média ± EPM da variação da pressão arterial média (PAM; A) e da frequência cardíaca
(FC; B) após o teste de quimiorreflexo nos animais controles e submetidos à DSA. † diferente do
controle. p < 0,05.
4.3.2. Nanoinjeções de muscimol no MnPO de ratos normotensos
submetidos à desnervação sinoaórtica (DSA)
Os resultados obtidos nos ratos normotensos inervados (n=6) demonstraram
que o bloqueio farmacológico por muscimol provocou sustentada resposta
hipotensora (-19,4 ± 1,9 e -13,5 ± 2,0 mmHg em relação ao basal, 3 e 30 minutos
após a nanoinjeção no MnPO, respectivamente; Figura 8A). A inibição no MnPO
promoveu bradicardia inicial (-40,3 ± 10,2 bpm em relação ao basal, 3 minutos após
a nanoinjeção; Figura 8B), seguido por uma tendência de retorno aos valores basais
(-21,9 ± 5,9 bpm em relação ao basal, 30 min após a nanoinjeção; Figura 8B).
Ademais, o bloqueio do MnPO promoveu simpatoinibição renal (-23,0 ± 1,5 % em
relação ao basal, 3 minutos após a nanoinjeção; Figura 8C), seguido por um retorno
próximo aos valores basais (-1,6 ± 3,2 % em relação ao basal, 30 minutos após a
nanoinjeção; Figura 8C).
Nos ratos normotensos submetidos à DSA (n=6), a nanoinjeção de muscimol
promoveu queda na PAM semelhante ao observado nos ratos inervados (-20,9 ± 4,0
40
e -22,5 ± 4,3 mmHg em relação ao basal, 3 e 30 minutos após a nanoinjeção no
MnPO, respectivamente; Figura 8A). As nanoinjeções de muscimol promoveram
sustentada resposta bradicardica (-21,1 ± 9,0 e -16,2 ± 7,8 bpm em relação ao basal,
3 e 30 minutos após a nanoinjeção no MnPO, respectivamente; Figura 8B) e queda
da ANSR (-21,0 ± 4,9 % em relação ao basal, 3 minutos após a nanoinjeção no
MnPO; Figura 8C), seguida de retorno aos valores basais (-1,2 ± 5,2 % em relação
ao basal, 30 min após a nanoinjeção no MnPO; Figura 8C).
Comparando os dois grupos de ratos normotensos, observa-se que as
respostas cardiovasculares e autonômicas após a inibição do MnPO não
apresentaram diferenças significativas entre os animais invervados e os animais
submetidos à DSA.
41
Figura 8: Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM; A), frequência cardíaca (∆
FC; B) integral de atividade nervosa simpática (Δ ANSR; C) induzidas pela nanoinjeção de muscimol
(4mM) no MnPO em WT (traço vertical em preto no tempo 0). * difere do tempo 0; p < 0,05.
42
4.3.3. Análise da desnervação sinoaórtica (DSA) sobre a sensibilidade
barorreflexa e quimiorreflexa em ratos hipertensos
Os animais submetidos à DSA hipertensos (SHR – DSA; n=6),
apresentaram aumento nos valores basais de PAM (153,6 ± 4,0 vs. 171,0 ± 6,7
mmHg), semelhante ao observado nos animais normotensos. Todavia, ao contrário
dos ratos WT, os valores basais de FC (389,2 ± 8,9 vs. 390,7 ± 14,9 bpm), não
apresentaram diferença em comparação ao grupo inervado (SHR; n=6).
O teste de barorreflexo em SHRs apresentou diferenças significativas entre
os animais controles (-1,52 ± 0,10 bpm·mmHg-1 , n=6) e os desnervados (-0,39 ±
0,05 bpm·mmHg-1, n=6; Figura 9).
Figura 9: Média ± EPM do índice de barorreflexo (IB; bpm·mmHg-1) mediante infusões de fenilefrina
dos animais SHRs controles e submetidos à DSA. † diferente do controle. p < 0,05.
As médias ± EPM das variações na PAM e FC registradas durante o teste
de quimioreflexo nos ratos hipertensos estão apresentadas na Figura 10.
Semelhante ao observado nos animais inervados normotensos, nos animais
inervados hipertensos (n=6), o teste promoveu aumento na PAM (76,0 ± 3,1 mmHg)
e bradicardia (-126,0 ± 14,7 bpm). Todavia, nos ratos DSA (n=6) as alterações na
PAM (9,0 ± 2,8 mmHg) e FC (-11,0 ± 2,2 bpm) foram abolidas (Figuras 10A e 10B).
43
Figura 10: Média ± EPM da variação da pressão arterial média (PAM; A) e da frequência cardíaca
(FC; B) após o teste de quimiorreflexo nos animais SHRs controles e submetidos à DSA. † diferente
do controle. p < 0,05.
4.3.4. Nanoinjeções de muscimol no MnPO de ratos espontaneamente
hipertensos submetidos à desnervação sinoaórtica (DSA)
Nos animais hipertensos inervados (n=6) a inibição por muscimol no MnPO
promoveu grande hipotensão (-28,0 ± 6,4 mmHg em relação ao basal, 3 minutos
após a nanoinjeção no MnPO), sendo esta, sustentada ao final do registro (-20,0 ±
5,5 mmHg em relação ao basal, 30 minutos após a nanoinjeção no MnPO; Figura
11A). O bloqueio do MnPO também promoveu uma redução inicial na FC (-15,6 ±
7,9 e -19,9 ± 10,6 bpm em relação ao basal, 3 e 6 minutos após a nanoinjeção no
MnPO, respectivamente), seguida por um retorno aos valores basais (-4,5 ± 6,8 bpm
em relação ao basal, 30 minutos após a nanoinjeção no MnPO; Figura 11B). Quanto
ao tônus simpático renal, a nanoinjeção de muscimol no MnPO promoveu queda na
ANSR (-35,6 ± 7,6 % em relação ao basal, 3 minutos após a nanoinjeção no MnPO),
seguida por retorno aos valores basais (-3,9 ± 2,8 % em relação ao basal, 30
minutos após a nanoinjeção no MnPO; Figura 11C).
Nos ratos hipertensos desnervados (SHR - DSA; n=5), o bloqueio
farmacológico do MnPO promoveu uma progressiva redução na PAM (-31,1 ± 6,7; -
38,7 ± 9,7 e -44,7 ± 7,1 mmHg em relação ao basal; 3, 15 e 30 minutos após a
nanoinjeção, respectivamente; Figura 11A). As alterações promovidas na FC (-1,3 ±
44
3,3; -21,5 ± 12,6 e -24,9 ± 12,2 bpm em relação ao basal; 3,15 e 30 minutos após a
nanoinjeção, respectivamente; Figura 11B) e ANSR (-16,4 ± 8,8; -37,3 ± 10,1 e -45,1
± 8,7 % em relação ao basal; 3, 15 e 30 minutos após a nanoinjeção,
respectivamente; Figura 11C) também seguiram esse padrão de resposta.
A partir desses resultados, é possível observar que a inibição por muscimol
promoveu alteração nos parâmetros cardiovasculares e autonômicos em todos os
grupos, normotensos e hipertensos, inervados e desnervados. Como observado
anteriormente, nos SHRs ocorre maior hipotensão e simpatoinibição renal. Todavia,
a recuperação dos parâmetros cardiovasculares e autonômico à valores próximos
aos basais, mostrou-se dependente dos aferentes sinoaórticos apenas nos animais
hipertensos (Figura 12).
45
Figura 11: Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM; A), frequência cardíaca (∆
FC; B) integral de atividade nervosa simpática (Δ ANSR; C) devido à nanoinjeções de muscimol
(4mM) no MnPO em SHR (traço vertical em preto no tempo 0). * difere do tempo 0; † difere do grupo;
p < 0,05.
46
Figura 12: Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM; A), frequência cardíaca (∆
FC; B) integral de atividade nervosa simpática (Δ ANSR; C) devido à nanoinjeções de muscimol
(4mM) no MnPO em WT e SHR (traço vertical em preto no tempo 0). * difere do tempo 0; † difere do
grupo; # difere do WT; p < 0,05.
47
4.4. Participação da neurotransmissão glutamatérgica no MnPO sobre o
controle cardiovascular e autonômico em ratos normotensos e hipertensos
Para avaliar o papel das aferências glutamatérgicas excitatórias para o MNPO
foram realizadas nanoinjeções do antagonista glutamatérgico ácido quinurênico
50mM neste núcleo em ratos WT e SHR.
O bloqueio glutamatérgico promoveu quedas semelhantes da PAM (WT: -18,2
± 4,1 mmHg; SHR: -21,0 ± 2,5 mmHg; Figura 13A), bradicardia (WT: -7,1 ± 1,9 bpm;
SHR: -9,0 ± 6,0 bpm; Figura 13B) e simpatoinibição renal (WT: -19,7 ± 2,4 %; SHR: -
24,7 ± 2,4 %; Figura 13C) entre os ratos normotensos e hipertensos.
48
Figura 13. Média ± EPM das variações da pressão arterial média (Δ PAM; A), frequência cardíaca (∆
FC; B) integral de atividade nervosa simpática (Δ ANSR; C) devido a nanoinjeções de soro fisiológico
(150 mM) e ácido quinurênico (50mM) no MnPO em WT e SHR. * diferente da nanoinjeção de soro
fisiológico; p < 0,05.
49
5. Discussão
50
Os resultados obtidos nesse estudo demonstraram que a inibição aguda do
MnPO reduz a PA, corroborando com dados recentes que indicam que esse núcleo
participa do controle tônico da pressão arterial. Nossos dados sugerem o
envolvimento do MnPO na regulação tônica da atividade simpática em WT e SHR.
Ademais, observamos a participação desse núcleo no aumento da atividade
simpática e consequente HA observada em SHR. Os resultados evidenciaram ainda,
que os aferentes aórticos e carotídeos participam na modulação das respostas
autonômicas e cardiovasculares induzidas pelo bloqueio do MnPO nos SHR. Além
disso, nossos dados sugerem que a neurotransmissão glutamatérgica do MnPO é
importante para o controle tônico da PAM, FC e ANSR .
Localizado no prosencéfalo, na lâmina terminal adjacente à comissura
anterior, o MnPO tem sido descrito na literatura como parte integrante do controle
hidromineral e cardiovascular (Amaral et al., 2014; Johnson et al., 1996; Llewellyn et
al, 2012; McKin; ley et al., 1996; Stocker e Toney, 2005; Yasuda et al., 2000; Pedrino
et al., 2009). De fato, evidências experimentais demonstraram que tal papel exercido
pelo MnPO se deve, principalmente ao fato de que seus neurônios se projetam para
regiões magnocelulares e parvocelulares do PVN (Sawchenko & Swanson,
1983; Zardetto-Smith et al., 1993; Tanaka et al., 1995; Stocker et al., 2005; Llewellyn
et al., 2012).
Em um desses estudos, Llewellyn e cols (2012) demonstraram que a ativação
do MnPO via nanoinjeções de N-Metil-Aspartato (NMDA) promoveram aumentos
naPAM, a FC e a ANSR em ratos anestesiados, respostas que foram atenuadas
após a nanoinjeção de Ácido 2-amino-5-fosfonovalerico (AP5), um antagonista
seletivo de receptores glutamatérgicos NMDA, no PVN. No mesmo estudo, os
autores evidenciaram, em registros neuronais, que a ativação do MnPO aumenta a
atividade dos neurônios do PVN. Ademais, nesse estudo, a desinibição do MnPO
com bicuculina (antagonista GABAA) também foi atenuada com nanoinjeção prévia
de AP5 no PVN. Estes resultados sugerem que, em condições normais, os
neurônios no MnPO podem ser inibidos por aferentes gabaérgicos. Por fim, o estudo
aponta que a ativação do MnPO estimula os neurônios pré-motores simpáticos do
PVN, por mecanismos glutamatérgicos.
Investigações de nosso laboratório corroboram com esses dados uma vez
que a inibição do MnPO promoveu hipotensão de ratos normotensos e hipertensos,
51
sendo que a resposta hipotensora foi maior nos animais hipertensos (Silveira et al.,
2014). Consistentes com estes resultados, no presente estudo evidenciamos que a
inibição do MnPO promove hipotensão tanto em ratos normotensos como
hipertensos. Ademais, nossos resultados estendem os achados anteriores, uma vez
que também demonstramos que a inibição farmacológica do MnPO induz
simpatoinibição renal, indicando o envolvimento deste núcleo na regulação tônica da
atividade nervosa simpática.
Evidenciamos em nosso estudo, diferenças nas respostas entre WT e SHR.
Corroborando com o presente trabalho, diversos autores tem demonstrado que os
SHR possuem aumento na ANSR basal quando comparado aos ratos normotensos
Em relação à inervação simpática para os rins, estudos evidenciam que aumentos
na atividade simpática produzem: (i) vasoconstrição renal através da ativação de
receptores α-1 adrenérgicos levando a reduções no fluxo simpático renal e taxa de
filtração glomerular (TFG); (ii) aumentos na reabsorção tubular renal de água e sódio
em todo o néfron através da ativação de receptores α-1 adrenérgicos do epitélio
tubular e da bomba de sódio e potássio (Na-K-ATPase); e (iii) aumento da taxa de
secreção de renina mediado por receptores β-1-adrenérgicos das células
justaglomerulares (DiBona & kopp, 1997; Wyss & Carlson, 1999). Em conjunto,
estes resultados demonstram que o aumento da atividade nervosa renal, contribui
para ativação do sistema renina angiotensina, aumento da resistência vascular
periférica e aumento da volemia, resultando em aumento da PA.
De fato, estudos demonstram que em SHR a atividade simpática esta
aumentada mesmo antes da hipertensão se desenvolver (Simms et al., 2009).
Ademais, vários autores têm destacado que o aumento persistente do tônus
simpático é um dos principais contribuintes tanto para a iniciação quanto
manutenção do estado de hipertensão (Yamada et al 1988;. Grassi, 2004b; Smith et
al., 2004; Guyenet, 2006; Fisher & Paton, 2012). Outra evidência da literatura mostra
que o aumento da atividade simpática pode contribuir para a hipertrofia do músculo
liso vascular e músculo cardíaco, inflamação e hipoperfusão cerebral, levando a HA
de origem neurogênica nestes animais (Zubcevic et al. 2011).
Localizado no hipotálamo, o PVN é uma das principais áreas envolvidas no
controle autonômico e cardiovascular. Estudos anatômicos e eletrofisiológicos
demonstraram que neurônios do PVN projetam-se diretamente para a medula
52
espinhal ou para a região RVLM (Coote, 2007; Toney et al, 2003;. Toney & Stocker,
2010), modulando assim a atividade simpática e a PA (Hosoya et al 1991;. Loewy,
1991; Coote, 1995, 2005; Ranson et al. 1998; Motawei et al. 1999; Pyner & Coote,
1999, 2000; Badoer, 2001). Estudos evidenciaram que a atividade neuronal desta
área encontra-se aumentada em SHR (Allen, 2002). Consistente com estes
achados, a lesão eletrolítica ou a inibição farmacológica do PVN promoveram
reduções na ASNR e na PA (Takeda et al. 1991; Allen, 2002). Estes resultados
indicam o importante papel do PVN na manutenção da hiperatividade simpática e
consequente HA observadas nestes ratos.
Como mencionado anteriormente, estudos neuroanatômicos demonstram que
os neurônios parvocelulares do PVN projetam-se sobre neurônios pré-motores
simpáticos presentes na região RVLM. Esta região representa a principal área na
regulação do tônus simpático cardiovascular. Assim, o aumento da atividade das
eferências do PVN para o RVLM, poderia resultar no aumento do tônus simpático,
levando ao aumento do débito cardíaco, da resistência vascular periférica e
consequente, elevação da PA (Miselis et al., 1979; Pyner & Coote., 1999; Stoker &
Tonney, 2005; Toney & Stocker, 2010; Ross et al., 1981; Tucker et al., 1987).
A PA é constantemente regulada por variáveis hemodinâmicas como o débito
cardíaco e a resistência vascular periférica total. O SNC exerce o controle desses
parâmetros momento a momento via reflexos neuronais, onde podemos destacar o
barorreflexo. Localizados no arco aórtico e no seio carotídeo, os barorreceptores
arteriais são estimulados por variações bruscas da PA que, em consequência,
causarão deformações na parede destes vasos, sendo por isso, usualmente
considerados pressorreceptores. O mecanismo pelo qual os barorreceptores atuam
na manutenção da PA ocorre através do controle reflexo da atividade do sistema
nervoso autônomo. Os sinais aferentes provenientes da estimulação dos
barorreceptores são dirigidos ao SNC, onde fazem sua primeira sinapse no NTS. Os
neurônios do NTS por sua vez, conectam-se com os neurônios do complexo vagal e
das regiões caudoventrolateral do bulbo (CVLM) e RVLM, sendo este complexo
neuroanatômico chamado de centro vasomotor (Vasquez et al., 1997). Além de
receber informações do braço aferente do barorreflexo, o NTS também recebe
entrada direta via nervo vago dos quimiorreceptores periféricos. A ativação dos
quimiorreceptores periféricos, localizados nos corpúsculos carotídeos e arco aórtico
53
por hipóxia e hipercapnia provoca aumento generalizado da atividade das eferências
simpáticas quimiossensíveis. Anormalidades das entradas aferentes de baro ou
quimiorreceptores, ou de seu processamento no NTS, podem contribuir para várias
formas de hipertensão neurogênica (Guyenet, 2006).
Uma vez verificado que as nanoinjeções no MnPO promoveram hipotensão,
bradicardia e simpatoinibição renal em ratos normotensos e hipertensos e sabendo-
se que os aferentes sinoaórticos são responsáveis por parte da modulação de
respostas cardiovasculares e autonômicas, buscamos então verificar a participação
desses aferentes nas respostas observadas após o bloqueio por muscimol.
Observamos em nossos resultados que um dia após a cirurgia de DSA os ratos
normotensos e hipertensos apresentaram PAM elevada durante o registro acordado,
comparada aos seus pares do grupo controle. Esses dados corroboram com a
literatura, uma vez que foi observado que após a cirurgia os animais apresentaram
variabilidade na PA e hipertensão e taquicardia transitória (Osborn & England, 1990;
Barres et al., 1992; Cowley et al., 1973). Outros estudos demonstraram que cinco
dias após a DSA os níveis de PA e FC retornaram ao normal, todavia a variabilidade
na pressão arterial é permanente (Barres et al., 1992; Schreihofer and Sved, 1992).
Estudos demonstram que os animais de diversos modelos de HA apresentam
redução na função barorreflexa (Judy & Farrell, 1979; Moreira et al., 2014; Oliveira-
Sales et al., 2014; Schenk & McNeill, 1992). Em SHRs, além da função barorreflexa
comprometida, apresentam também sensibilidade quimiorreflexa aumentada em
relação aos ratos normotensos (Fukuda et al., 1987; Kato et al., 2012; Tan et al.,
2010), o que poderia contribuir para o desenvolvimento e manutenção da HA nesse
modelo (Abdala et al., 2012; Przybylski, 1981) provavelmente desencadeada por
hiperativação simpática devido ao aumento da atividade quimioceptora.
As respostas evocadas pela inibição do MnPO foram semelhantes no grupo
WT (inervados e desnervados) indicando que as respostas agudas e tardias (retorno
aos valores basais) são independentes dos aferentes sinoaórticos. Todavia,
observamos que no grupo SHR, houve diferença entre os ratos inervados e os
desnervados. A integridade dos barorreceptores e quimiorreceptores mostrou-se um
fator crucial para recuperação dos valores basais após o bloqueio do MnPO em
SHR.
54
Sabendo-se que os aferentes sinoaórticos fazem sua primeira comunicação
com o SNC via NTS e que o MnPO é parte integrante da região AV3V, ao
desnervarmos esses aferentes periféricos e inibirmos o MnPO, realizamos então um
duplo bloqueio. Nesse contexto, nossos resultados estão consistentes aos
observados por Moreira e cols (2009). Esses autores demonstraram que a lesão no
NTS comissural (commNTS) combinada à lesão da AV3V reduziu a PAM dos SHRs
não anestesiados por até quarenta dias após a lesão, sendo que nos primeiros cinco
dias os valores de pressão foram reduzidos a níveis semelhantes aos de animais
normotensos. Nos animais normotensos, a lesão do commNTS combinada à lesão
AV3V produziu apenas redução transitória na PAM. Em conjuntos estes trabalhos
demonstram que a integridade dos aferentes sinoaórticos, do NTS e do MnPO é
fundamental para simpato-excitação e consequente hipertensão arterial observada
em SHR.
Dentre os neurotransmissores que medeiam à comunicação neuronal, tem-se
o glutamato como principal neurotransmissor excitatório do SNC. Estudos
eletrofisiológicos demonstraram que conexões entre o SFO e o MnPO (Kolaj &
Renauld, 2010), e via MnPO e PVN (Llewellyn et al., 2012) são mediadas, ao
menos em parte, por neurotransmissão glutamatérgica. Nesse sentido, nossos
resultados corroboram e ampliam esses dados, pois o bloqueio da neurotrasmissão
glutamatérgica no MnPO com ácido quinurênico promoveu quedas na PAM, e
ANSR de ratos normotensos e hipertensos indicando a importância dos aferentes
glutamatérgicos para o MnPO no controle tônico da PA. Em conjunto os resultados
apresentados trazem novas evidências que apontam para a participação do MnPO
no controle autonômico e cardiovascular.
55
6. Considerações Finais
56
Em conjunto, os resultados obtidos no presente trabalho demontraram que a
inibição aguda do MnPO promoveu alterações na PAM, FC e ANSR em animais
normotensos e hipertensos, indicando a participação dos neurônios do MnPO no
controle tônico da PA e ANSR. Uma vez que essas respostas foram maiores em
animais hipertensos, esses resultados apontam para a importância do MnPO na
manutenção da HA em SHR.
Ademais, demonstramos que a inibição do MnPO nos ratos Wistar
submetidos à DSA promoveu alterações nos parâmetros avaliados sendo que essas
respostas foram semelhantes às observadas nos ratos inervados. Entretanto, a
recuperação dos parâmetros cardiovasculares e autonômicos avaliados após a
inibição do MnPO mostrou-se dependente dos aferentes sinoaórticos em SHR. Por
fim, nossos dados apontam para a importância da neurotransmissão glutamatérgica
no MnPO na regulação cardiovascular e autonômica.
57
7. Referências Bibliográficas
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