ensino do esporte no ensino fundamental: o voleibol … · o voleibol, de forma rápida, foi...
TRANSCRIPT
ENSINO DO ESPORTE NO ENSINO FUNDAMENTAL: O VOLEIBOL POR MEIO
DE INTERVENÇÕES LÚDICAS
Autora: Ivonete Costa Carvalho1
Orientador: MS Fábio Mucio Stinghen2
RESUMO
A inserção da criança à prática desportiva é de suma importância para o desenvolvimento da coordenação motora, físico e do aprimoramento da interação social, de modo que a disciplina de Educação Física é um instrumento crucial para que essas perspectivas se efetivem, no entanto, para que isso efetive, é necessário que a criança tenha um contato inicial com as singularidades que envolvem uma modalidade como as regras e fundamentos, assim, propiciar aos alunos o primeiro contato por meio de atividades lúdicas e uma forma modificada da modalidade são meios que permitem a criança a ter o primeiro contato com uma modalidade esportiva específica. Assim sendo, o objetivo desse artigo foi o de assegurar a aprendizagem da modalidade de voleibol por intermédio da estratégia de ensino focada no minivoleibol e da adoção de atividades lúdicas. A metodologia utilizada para a elaboração desse artigo foi o da pesquisa bibliográfica para a exposição teórica e da observação da realidade para a investigação do público alvo. Esse trabalho se justificou no sentido de se constituir um material rico em informações para a área de Educação Física no Programa de Desenvolvimento Educacional, fornecendo novos materiais para outros estudos que venham a ser realizados no mesmo sentido, outrossim, para aprimoramento do conhecimento docente, a fim de que sejam aplicados na prática cotidiana.
Palavras-chave: Educação Física. Minivoleibol. Voleibol.
1. INTRODUÇÃO
A prática de uma modalidade de esporte requer do praticante o domínio
de seus fundamentos e regras, essa condição somente se consegue com
treinamentos e disciplina. Para a inserção de uma criança na prática de uma
modalidade esportiva a conjuntura exigida é a mesma, contudo, propiciar a ela
informações de modo informal é de suma importância para que a mesma possa ter
os primeiros contatos com a modalidade, assim, utilizar das atividades lúdicas e
dinâmicas que envolvam as peculiaridades do esporte são meios para que ela possa
1 Professora da Rede Educacional de Ensino do município de Ribeirão Claro – PR - NRE - Jacarezinho - PR2 Professor orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE
1
ir se familiarizando com a modalidade, consequentemente, dominar as técnicas que
são inerentes a ele.
Diane dessa perspectiva, o objetivo desse artigo é o de assegurar a
aprendizagem da modalidade de voleibol por intermédio da estratégia de ensino
focada no minivoleibol e da adoção de atividades lúdicas.
A metodologia utilizada para a elaboração deste artigo foi o da pesquisa
bibliográfica para a exposição teórica e da observação da realidade para a análise
da realidade por meio da aplicação da Unidade Didática, posteriormente,
relacionando-a com a concepção teórica dos autores utilizados, propiciando uma
posição subjetiva em torno da proposta do projeto.
Assim sendo, esse trabalho se justifica no sentido de proporcionar aos alunos
uma nova metodologia de se aprender e uma modalidade esportiva a partir de sua
versão modificada de modo informal e lúdica, para que, paulatinamente, possa ser
inseido na modalidade conhecendo todos seus fundamentos e regras de forma
eficiente.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO
O voleibol é um esporte secular criado nos Estados Unidos no ano de
1895 por Willian George Morgan. Segundo Briner e Benjamin (1999), ao longo dos
anos o voleibol passou por algumas transformações ao que se refere à regras, no
entanto, de origem, a dinâmica do jogos ainda é a mesma.
O nome original do esporte era “mintonette”, que se tornou uma opção ao
basquetebol, esporte praticado na época. A princípio, de acordo com Briner e
Benjamim (1999), o basquetebol se mostrou um esporte de muito esforço para
homens mais velhos, desta forma, o voleibol foi adaptado por Morgam para que
integrantes mais velhos da Associação Cristã de Moços pudessem praticar, assim,
uma câmara de bola de basquete foi utilizada, bem como uma rede de tênis
colocada à uma altura de quase dois metros, surgindo, com isso o Voleibol.
Observam Briner e Benjamim (1999) que a princípio, a bola de
basquetebol se mostrou muito pesada, desta forma foi solicitada à fabricante que
criasse uma bola para a prática do referido esporte, sendo criada no ano seguinte.
2
Colocam Briner e Benjamim (1999) que nos quatro primeiros anos o
voleibol ficou restrito à cidade de sua origem, após uma demonstração de duas
equipes da cidade de Holpoke, na universidade de Springfield, o esporte
disseminou-se por todo os Estados Unidos.
Segundo Briner e Benjamim (1999) a federação internacional do esporte
foi fundada somente no ano de 1947 na França, contando com os seguintes países
federados: Brasil, Bélgica, Egito, França, Holanda, Hungria, Itália, Polônia, Portugal,
Romênia, Checoslováquia, Iugoslávia, Estados Unidos e Uruguai. Contudo, como
esporte olímpico somente foi disputado no ano de 1964 nas Olimpíadas de Tóquio
no Japão.
Melo (apud. SILVA et. al. 2003) que desde a sua criação, no ano de 1895,
o voleibol, de forma rápida, foi ganhando praticantes, secundando incisivamente no
contexto mundial no curso do tempo; contemporaneamente, há uma estimativa que
há mais de duzentos mil praticantes do esporte em todo o mundo.
Cada equipe de voleibol é constituída de seis jogadores, distribuídos 3 ao
fundo e 3 à frente, basicamente, um time de voleibol é composto de ataque, os que
estão na frente, sendo os dois laterais atacantes e o do meio o levantador.; e
defesa, os localizados no fundo da quadra. Teoricamente, cada jogador não tem
uma função definida, no entanto, o líbero, é um atleta especializado em recepção e
defesa e se situa na linha do fundo da quadra; de acordo com Viera et. al (2007), o
líbero, por ter uma função específica, não pode atacar, bloquear ou sacar, cabendo
estas funções aos outros jogadores.
Conforme se observa, o voleibol é uma prática desportiva dinâmica que
exige uma diligência sobremaneira do praticante, de modo que, para iniciação do
esporte, uma fase inicial para um melhor contato com o esporte é relevante, assim,
para iniciação de crianças nesta modalidade foi criado o minivoleibol, da qual será
destacada na sequência.
2.2 MINIVOLEIBOL: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
Desde a criação do minivoleibol, nos anos 60, muitos métodos têm sido
testados para o ensino do voleibol. Tradições nacionais e experiências têm influído
neste processo sendo que até hoje não existe nenhum método comprovado como
3
sendo o melhor. Entretanto, com vivência pedagógica, pode-se estabelecer algumas
evidências que comprovam.
A criança de 9 a 13 anos de idade pode aprender as habilidades básicas e
táticas do voleibol. Elas podem gostar de jogar uma forma simplificada de voleibol
em um bom nível técnico.
O minivoleibol oferece uma forma adaptável às necessidades e
capacidades de crianças de 9 a 13 anos, de acordo com os bons princípios de
ensinamento. O minivoleibol é um método adequado e comprovado como o melhor
para o ensino de crianças. (BAACKE, 1978). Esse processo pode vir facilitar o
potencial de transferência motora do minivoleibol para o voleibol. Segundo Magill
(apud MALUF, 2006), para desenvolver o potencial de transferência, há necessidade
de maximizar a semelhança entre o ensino (minivoleibol) e a situação final de testes
(voleibol), onde a experiência deve ser adequada ou adaptada com a tarefa original
a ser atingida. O autor também enfatiza que deve se proporcionar uma variedade de
exemplos ao ensinar conceitos, princípios que facilitariam a transferência de
aprendizagem.(MAGILL, apud MALUF, 2006).
Desta maneira o minivoleibol com suas constantes mudanças no
comportamento das variáveis, a bola e as ações do adversário, promovem uma
quantidade de alternativas e situações diferentes a cada jogada, o que produz na
criança a necessidade de apresentar soluções diferentes para cada uma delas.
Faria Jr. et al (apud, MOURA, 2009, p. 15), coloca esta situação como:
“[...]um estilo de ensino baseado na solução de problemas”, onde o aluno é levado a
aprender resolvendo seus problemas. O minivoleibol propicia a criação de vários
problemas à criança, pela variedade de alternativas que surgem solicitando do
praticante uma busca constante de suas habilidades, de modo a atingir os objetivos
propostos, apresentando solução para cada desafio.
O trabalho mental. A elaboração das aprendizagens anteriores na solução de um problema pode ser considerada como o coroamento, o ponto culminante e a síntese das funções psicológicas. Sob a influência diretora, seletiva e estimulante de um problema, o indivíduo explora seus conhecimentos, concepções, conceitos e compreensões buscando sair de uma dificuldade. (FARIA JR. et. al . apud, MOURA, 2009, p. 16).
Estabelecer objetivos motiva o indivíduo em situações de desempenho e
aprendizagem. O nível de aspiração estabelecido poderá ser relacionado com suas
4
experiências passadas de sucessos ou fracassos para atingir seus objetivos.
(MAGILL,apud MALUF, 2006)
Por esta abordagem direcionada à criança a praticar e gostar do esporte,
Hurtado (apud NETO, 2008), comenta que motivar é estimular a vontade de
aprender, de fazer, de resolver. “Na verdade é processo de indução de motivos que
utiliza a aprendizagem e o comportamento dos alunos, dando sentido e razão as
atividades escolares” ( HURTADO, apud NETO, 2008).
As características básicas do minivoleibol geram na criança um motivo
alegre, onde os objetivos são alcançados facilmente, atingindo níveis aceitáveis das
técnicas principais no pré-desportivo.É importante respeitar o direito da criança
brincar e o minivoleibol oferece a possibilidade de aprender a jogar enquanto
brincam. Não se deve induzi-la, usá-la com a intenção de especializá-la em
movimentos técnicos, deve-se despertar o prazer da brincadeira pelo jogo. Para
Winnicott (apud. JARDIM, 2008), o brincar é por si mesmo uma terapia e conseguir
que as crianças possam brincar, torna-se uma psicoterapia, que possui aplicação
imediata e universal, e inclui o estabelecimento de uma atitude social positiva com
respeito ao brincar.
Como todo jogo adaptado, o Mini-Voleibol se propõe a ser uma forma de
diversão à criança na faixa dos 10 aos 13 anos. Busca com suas poucas regras e
vasto conteúdo de emoção pelo jogo, o não deixar a bola cair ou a superação do
oponente, torna a brincadeira / jogo, alegre e excitante. Seu conteúdo didático
fortalece o processo de aprendizado do Voleibol. (GUILHERME, 1979).
Pelas poucas condições técnicas que possui a criança de 10 a 13 anos,
deve-se: criar situações adequadas para que a criança execute movimentos de
forma espontânea, dentro de seu próprio estilo e de seu poder criador. A função do
professor será de sugerir, observar, auxiliar, recolher as formas de idéias criadas e
dar-lhes continuidade e não impor um modelo. (SOUZA, apud. MULUF, 2003)
Esse processo pode vir facilitar o potencial de transferência motora do
Mini-Voleibol, para o Voleibol. Segundo Magill (apud, MALUF, 2003), para
desenvolver o potencial de transferência, há necessidade de maximizar a
semelhança entre o ensino (Minivoleibol) e a situação final de testes (Voleibol), onde
a experiência deve ser adequada ou adaptada com a tarefa original a ser atingida. O
autor também enfatiza que deve se proporcionar uma variedade de exemplos ao
ensinar conceitos, princípios que facilitariam a transferências de aprendizagem.
5
Desta maneira o mini-Voleibol com suas constantes mudanças no
comportamento das suas variáveis, a bola e as ações do adversário, promove uma
quantidade de alternativas e situações diferentes a cada um motivo alegre, onde os
objetivos são alcançados facilmente, atingindo níveis aceitáveis das técnicas
principais no pré-desportivo.
As regras do minivoleibol usam as seguintes modificações do Vôlei
normal.
• O minivoleibol é jogado com menos de seis jogadores por time,
permitindo maior contato de cada jogador com a bola, mais
cooperação, táticas mais simples e maior interesse. Normalmente
um time é formado por dois, três ou quatro jogadores dependendo
da idade e o nível do jogo;
• O minivoleibol é jogado em pequenas quadras. Uma quadra
pequena requer menos força e movimento, reduz o número de
interrupções e promove longos ralis, sequencia de jogadas sem que
o jogo seja interrompido pela pontuação do adversário.
Normalmente as medidas da quadra são adaptadas para o número
de jogadores por times, sua idade e nível de jogo. (FRAGA, 1990)
Quanto aos fundamentos inerentes ao miniboleibol menciona-se que são
as mesmas do voleibol:
• Saque: É a ação de colocar a bola em jogo pelo jogador de
defesa direita, posicionando na zona de saque e que golpeia a
bola com uma das mãos ou um dos braços. O saque é o gesto
técnico mais fácil de ser aprendido, exigindo um mínimo de
coordenação e de qualidades físicas, é o único momento do
jogo onde o aluno não depende de uma ação anterior, ficando
inteiramente por sua responsabilidade;
• Toque: O toque tem por função o passe, seja ele na primeira
situação de jogo (defesa ou recepção do saque) ou como
preparação da jogada de ataque (levantamento) movimento
que continuação da jogada iniciada com o saque, na qual se
exige membros inferiores, superiores e tronco para a execução
do movimento para impulsionar a bola. O acompanhar o
6
movimento da bola com leve flexão dos cotovelos até o
encaixe da bola, que deve ser breve e seguido de uma
extensão dos cotovelos e dos pulsos, de modo que as palmas
das mãos se projetem para os lados;
• Manchete: A Manchete tem por função o passe e a defesa da
quadra em bolas baixas e com muita velocidade, inclusive o
sucesso do movimento esta no fator de antecipação do
executante, isto é posicionar-se no local onde a bola deverá
cair, antes desta. Para o movimento utiliza-se os membros
inferiores, tronco e membros superiores - Mãos sobrepostas à
frente do corpo, onde os polegares um ao lado do outro e
indicadores ficam unidos em um ponto comum e os demais
dedos a unidos segurando a outra mão. Antebraços paralelos
e voltados para frente e abaixo. Movimento se efetiva com a
projeção do corpo à frente e abaixo da bola, realizando um
contato como antebraço no seu terço inferior, neste contato os
braços devem estar firmes e sem movimentos bruscos, há um
leve deslocamento do corpo para frente e dos braços ao local
desejado. O direcionamento se dá com a posição das pernas e
do tronco;
• Cortada: A função primordial da cortada é o ponto, ou seja,
colocar a bola no solo adversário. O movimento exigi-se do
praticante a velocidade, lenta ou rápida dependendo da
trajetória da bola; a impulsão, com o objetivo de transformar
em salto vertical a corrida anteriormente mencionada, com a
utilização das funções mecânicas das pernas e braços para a
impulsão;
• Bloqueio: função de defesa para impedir a queda da bola na
quadra própria, direcionando-a para a quadra adversária.
Utilização dos membros inferiores, superiores e tronco para
impulsionar o salto vertical. (FRAGA, 1990)
7
Conforme se observa, a prática do minivoleibol exige uma dinâmica física
e motora ampla do praticante, consequentemente, desenvolvendo-o para a prática
do voleibol em sua essência, tornando-o mais apto é hábil, portanto, de forma lúdica
e informal, o minivoleibol tem a potencialidade de ser uma prática iniciante como
instrumento de ensino desportivo.
2.3 O LÚDICO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
As atividades lúdicas estiveram presentes desde as mais remotas
sociedades, seja na forma de entretenimento seja em forma de ações
disciplinadoras, André e Sanches (2006) mencionam que a brincadeira, como
atividade lúdica dento do contexto sócio-histórico, refere-se a uma espécie de açula
social humana que pressupõe contextos sociais e culturais; reforçam ainda
mencionando que como atividade pedagógica, há séculos elas vem sendo utilizadas.
Destaca Cardoso (2005) que os jogos e as brincadeiras, ao longo dos
anos foram ocupando espaço nas sociedades, mesmo com o alto desenvolvimento
tecnológicos e com as alterações de valores comportamentais nas relações sociais.
Na mesma concepção sócio-histórica, Szundy (2005) chama a atenção para o
contexto histórico da ludicidade presente no cotidiano das mais diversas civilizações
da antiguidade, em que menciona os mito e o culto como exemplos evidentes dessa
influência no dia-a-dia das sociedades antigas. Dessa forma, destaca o autor que,
ao se criar um jogo que se situa entre a fantasia e a realidade, o homem antigo
buscava, por meio do mito, responder os fenômenos reais que aconteciam em seu
cotidiano. Ao que se refere ao culto, os rituais, comumente presente nas civilizações
de outrora, eram realizados no contexto do lúdico em que se evidenciava o jogo,
mais especificamente um jogo entre o bem e o mal.
Essa função primordial reservada ao mito e ao culto nas antigas
civilizações, ainda pode ser observada em algumas comunidades que guardam
características dos antepassados, em que o jogo entre fantasia e realidade, entre o
bem e o mal reflete o alicerce moral destas comunidades, transmigrada através de
gerações, legados dos antepassados dessas comunidades. Dessa forma, destaca
Chaguri (2010) os paradigmas simbólicos de compreensão e de recriação são
determinados de modo a representar instrumentos para cada nova geração.
8
Enfatiza Kischimoto (1998) que na Grécia Antiga já se aplicava os jogos
como forma de atividade pedagógica, se fazia filosofia, política, cultura, artes por
meio do lúdico. Além dessas perspectivas, nas guerras e batalhas o lúdico também
se estava presente. Nesse contexto pode-se mencionar, por exemplo, a educação
espartana, voltada exclusivamente para a formação de guerreiros, assim, eram
criados jogos de guerras para que as crianças e adolescentes aprendessem
técnicas de batalha. Menciona-se ainda os antigos gladiadores romanos que, nas
arenas combatiam leões e os cristãos. Da mesma forma na Idade Média, havia os
jogos que simulavam batalhas entre cavalheiros. Nesse sentido, menciona Huizinga
(2010):
Em certas formas primitivas de guerra, o elemento lúdico encontra uma expressão mais imediata e, em termos relativos, mais agradável. Uma vez mais estamos tratando daquela mesma esfera de pensamento primitivo em que o acaso, o destino, o julgamento, a competição e o jogo são considerados divinos. Nada mais natural do que a guerra ser também abrangida por essa concepção.
Ao se tomar como referência a definição de Dantas (1998, p.111) para o
lúdico: “[...] o termo lúdico refere-se à função de brincar (de uma forma livre e
individual) e jogar (no que se refere a uma conduta social que supõe regras)”,
compreende-s em que o jogo é parte integrante do cotidiano do indivíduo, podendo
ser encontrado em diversas atividades que podem integrar o seu dia-a-dia ao longo
da história da humanidade, assim, encontra-se o lúdico na Filosofia, na Arte, na
Pedagogia, na Poesia e em diversas formas que ele utiliza para expressar-se.
Depreende-se então dessa colocação que, a partir desse ponto de vista, em sua
essência o lúdico, tendo como atividades as brincadeiras e os jogos, não precisa,
necessariamente, de um vencedor e um perdedor.
Assim sendo, o uso do termo “atividades lúdicas” referem-se a todas e
quaisquer espécies de atividades que resulta em relaxamento e descontração do
indivíduo, desde que possibilite meios para que o mesmo possa agir e interagir.
É de suma importância destacar que, embora comumente se atribua as
atividades lúdicas exclusivamente para as crianças, menciona Chaguri (2010) que o
adulto também pode ser beneficiado com elas em diversas perspectivas.
Atualmente, é comum observar em cursos empresariais de treinamento, de
aperfeiçoamento profissional, inclusive em palestras de motivação a utilização de
atividades lúdicas, não somente no sentido de descontrair o ambiente duro e formal
9
desses eventos, mas sim, de buscar resultados positivos no sentido de cumprir os
objetivos pretendidos por esses eventos.
Szundi (2005) menciona que quando situações lúdicas são criadas
intencionalmente pelo professor ou por aqueles que estão à frente do evento, no
sentido de estimular a aprendizagem, reflete uma dimensão educativa; dessa forma,
esse responsável contribui para o aprimoramento da qualidade do processo
ensino/aprendizagem, assistindo a ele desenvolver novas ações pedagógicas que
vão permitir aos indivíduos um aprendizado melhor.
Considerando que foi exposto, compreende-se que o lúdico, por meio de
suas atividades, tem um valor educacional que lhe é inerente, mas, além disso, as
atividades lúdicas elas podem ser usadas como recurso pedagógico; são vários os
motivos que fazem com que os educadores lancem mão da ludicidade no processo
ensino/aprendizagem.
De acordo com Teixeira (1995), as atividades lúdicas têm dois elementos
essenciais que as caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. É considerada
prazerosa pela sua potencialidade de absorver o indivíduo intensamente, ensejando
o entusiasmo e o desejo de repetição, envolvendo-o emocionalmente na atividade. É
esse contexto que faz com que ela se torne uma ação motivacional, com a
capacidade de propiciar um estado de euforia e de vibração. Devido a essa
atmosfera de prazer que ela se dinamiza, o lúdico se torna atraente, no sentido de
canalizar as energias, propiciando um esforço sobrecomum para se alcançar um
objetivo. Assim sendo, compreende-se que a ludicidade, como forma de ação, é
excitante, tal como enfatiza Teixeira (1995, p. 23):
[...] As situações lúdicas mobilizam esquemas mentais. Sendo uma atividade física e mental, a ludicidade aciona e ativa as funções psico-neurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. [...] As atividades lúdicas integram as várias dimensões da personalidade: afetiva, motora e cognitiva. Como atividade física e mental que mobiliza as funções e operações, a ludicidade aciona as esferas motora e cognitiva, e à medida que gera envolvimento emocional, apela para a esfera afetiva.
Dessa forma, compreende-se que as atividades lúdicas em muito se
harmoniza com as atividades artísticas, pois enseja a integração de diversos
1
aspectos da personalidade do indivíduo. “O ser que brinca e joga é, também, o ser
que age, sente, pensa, aprende e se desenvolve.” (TEIXEIRA, 1995, p. 23).
Nunes (2004, apud. CHAGURI, 2010, p.4) faz a seguinte menção do que
separa o lúdico do aspecto pedagógico de um outro contexto:
Desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção explícita de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões.
Levando em deferência esse contexto-sócio histórico da ludicidade,
fundamental se faz discorrer acerca de sua relevância junto à criança, para que
posteriormente se faça uma descrição de sua ação junto ao adulto.
2.4 A LUDICIDADE JUNTO À CRIANÇA
Conforme mencionado, quando se fala em atividades lúdicas de imediato
remete a jogos e brincadeiras ou outras atividades semelhantes. Em sua essência,
as atividades lúdicas realmente se enquadram nessa perspectiva, contudo, elas não
representam mero entretenimento direcionado a crianças, elas têm um substancial
potencial pedagógico que contribui sobremaneira para o processo de educação.
De acordo Cunha (1998), a palavra lúdico vem do latim “ludus” que
significa “jogo”, esse conceito, ao longo dos anos foi sendo desenvolvido no sentido
e utilizadas nas pesquisas de desenvolvimento psicomotor, geralmente de crianças.
O lúdico é parte integrante das atividades do indivíduo desde a primeira infância,
pois se caracteriza por proporcionar ações espontâneas. DE acordo com a autora,
as ações lúdicas além dos resultados por elas proporcionadas, mas, principalmente
a ação resultante delas.
Contemporaneamente, na educação infantil ou até mesmo no Ensino
Fundamental e Médio, a pedagogia vem inserindo um contexto didático nas
atividades lúdicas. É comum observar, o uso de brincadeiras e jogos para o ensino
de diversas disciplinas, bem como, visando o desenvolvimento psico-motor.
1
Fazendo uma abordagem inicial acerca da relevância do lúdico para
crianças, Góes (1999) observa que o jogo, como atividade lúdica, voltado para a
educação, principalmente voltado para crianças inclui as características do
simbolismo, representa a realidade e atitudes; a significação permite relacionar ou
expressar experiências; atividade, a criança faz coisas; voluntária ou
intrinsecamente motivada, incorporar motivos e interesses; regrada, sujeitas a regras
implícitas ou explicitas e, episódio, metas desenvolvidas espontaneamente.
Considera que a esfera lúdica, num plano emocional, é revitalizadora tanto quanto
mediadora da aprendizagem que, por sua vez, possibilita a criação. Também reflete
que a resistência ou a incapacidade de participar de algum jogo revela um “Eu”
inundado por temores que pode inibir o pensamento e o desenvolvimento psico-
emocional e relacional.
Para Medeiros (1970, p. 45):
Brincando constantemente a criança organiza seus modelos explicativos de mundo, procura estabelecer relações entre as múltiplas situações que vivência, sejam elas internas, em nível de emoções a serem trabalhadas, ou externas, em nível de organização e operacionalização de novas formas de ação junto a seu mundo.
Segundo Freire (1989), acreditava-se erroneamente que o conteúdo
imaginário dos jogos é que determinava as atividades lúdicas infantis, quando na
verdade quem faz isso é a criança. Por esta razão, quanto mais atraentes forem os
brinquedos ou os jogos, mais distantes estarão do seu valor como instrumentos do
brincar. É através das atividades lúdicas que a criança se encontra com o mundo de
corpo e alma. Percebe como ele é e dele recebe elementos importantes para a sua
vida, desde os mais insignificantes hábitos, até fatores determinantes da cultura de
seu tempo. Também é através do brincar que a criança vê e constrói o mundo,
expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras. Sua escolha é
motivada por processos e desejos íntimos, pelos seus problemas e ansiedades. É
brincando que a criança aprende que, quando se perde no jogo, o mundo não se
acaba.
O brincar é algo tão espontâneo, tão natural, tão próprio da criança, que
não haveria como entender sua vida sem brinquedo. É preciso ressaltar, no entanto,
que não é apenas uma atividade natural. É, sobretudo, uma atividade social e
cultural. Desde o começo, o brinquedo é uma forma de relacionar-se, de estar com,
1
de encontrar o mundo físico e social. Para Didonet (apud FIGUEREDO, 2005, 1996.
p. 93):
É uma verdade que o brinquedo é apenas o suporte do jogo, do brincar, e que é possível brincar com a imaginação. Mas é verdade, também, que sem brinquedo é muito mais difícil realizar a atividade lúdica, porque é ele que permite simular situações (...) Se criança gosta de brincar, gosta também de brinquedo. Porque as duas coisas estão intrinsecamente ligadas.
Didonet (apud FIGUEREDO, 1996) salienta que é necessário passar as
informações e conhecimentos sobre a importância do brinquedo para a criança e o
significado para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e físico.
Piaget (1978) estrutura o jogo em três categorias: o jogo de exercício -
onde o objetivo é exercitar a função em si -, o jogo simbólico - onde o indivíduo se
coloca independente das características do objeto, funcionando em esquema de
assimilação, e o jogo de regra, no qual está implícita uma relação inter-individual que
exige a resignação por parte do sujeito. Piaget (1978) cita ainda uma quarta
modalidade, que é o jogo de construção, em que a criança cria algo. Esta última
situa-se a meio caminho entre o jogo e o trabalho, pelo compromisso com as
características do objeto. Tais modalidades não se sucedem simplesmente
acompanhando as etapas das estruturas cognitivas, pois, tanto o bebê pode fazer
um jogo de exercício, como também uma criança poderá fazer sucessivas perguntas
só pelo prazer de perguntar.
Para o autor, a origem do jogo está na imitação que surge da preparação
reflexa. Imitar consiste em reproduzir um objeto na presença do mesmo. É um
processo de assimilação funcional, quando o exercício ocorre pelo simples prazer. A
essa modalidade especial de jogo, Piaget denominou de jogo de exercício. Em suas
pesquisas ele mostra que a imitação passa por várias etapas até que, com o passar
do tempo, a criança é capaz de representar um objeto na ausência do mesmo.
Quando isso acontece, significa que há uma evocação simbólica de realidades
ausentes. É uma ligação entre a imagem (significante) e o conceito (significado),
capaz de originar o jogo simbólico, também chamado de faz-de-conta. Para Piaget
(1978), o símbolo nada mais é do que um meio de agregar o real aos desejos e
interesses da criança. Paulatinamente, o jogo simbólico vai cedendo lugar ao jogo
1
de regras, porque a criança passa do exercício simples às combinações sem
finalidade e depois com finalidade. Esse exercício vai se tornando coletivo, tendendo
a evoluir para o aparecimento de regras que constituem a base do contrato moral.
As brincadeiras e os jogos, como atividades lúdicas, têm algumas
peculiaridades, se alguns desenvolvem mais a habilidade de pular, outros favorecem
o aperfeiçoamento da coordenação óculo-manual; se alguns facilitam a prática da
corrida e acentuam a agilidade, a mudança rápida de direção e a presteza na partida
e na interrupção do movimento, outros encorajam a avaliação de distâncias e a
estimativa da posição de objetos que se movem. Enquanto certos jogos demandam
resistência e esforço prolongado, outros exigem velocidade. Se o sucesso de uns
depende muito da iniciativa individual, em outros, o mais importante é o trabalho de
equipe, em que cada jogador subordina os seus interesses aos do grupo. E se
muitos obrigam à atividade física, outros exigem grande domínio de si mesmo e
esforço mental. Todos podem, em suma, oferecer alguma coisa do bom às crianças
a fim de favorecer o seu desenvolvimento harmonioso e total.
As regras pressupõem relações sociais ou interpessoais. Elas substituem
o símbolo, enquadrando o exercício nas relações sociais. As regras são para Piaget
(1978), a prova concreta do desenvolvimento da criança. O brinquedo cria uma zona
de desenvolvimento proximal (capacidade que a criança possui), pois na brincadeira
a criança comporta-se num nível que ultrapassa o que está habituada a fazer,
funcionando como se fosse maior do que é.
Ainda, segundo esse autor, a brincadeira possui três características: a
imaginação, a imitação e a regra. Elas estão presentes em todos os tipos de
brincadeiras infantis, tanto nas tradicionais, naquelas de faz-de-conta, como ainda
nas que exigem regras. Pode aparecer também no desenho, como atividade lúdica.
Do ponto de vista psicológico Vygotsky (1993) atribui ao brinquedo um papel
importante, aquele de preencher uma atividade básica da criança, ou seja, ele é um
motivo para a ação.
Segundo o autor, a criança pequena, por exemplo, tem uma necessidade
muito grande de satisfazer os seus desejos imediatamente. Quanto mais jovem é a
criança, menor será o espaço entre o desejo e sua satisfação. No pré-escolar há
uma grande quantidade de tendências e desejos não possíveis de ser realizados
imediatamente, e é nesse momento que os brinquedos são inventados, justamente
para que a criança possa experimentar tendências irrealizáveis. A impossibilidade de
1
realização imediata dos desejos cria tensão, e a criança se envolve com o ilusório e
o imaginário, sendo os seus desejos podem ser realizados.
De acordo com o Winnicott (apud. FIGUEREDO, 2005), verifica-se que, ao
brincar, a criança constrói conhecimento. E para isto uma das qualidades mais
importantes do jogo é a confiança que a criança tem, quanto à própria capacidade
de encontrar soluções. Confiante, pode chegar às suas próprias conclusões de
forma autônoma. Assim, afirma-se que tanto o jogo quanto a brincadeira como o
brinquedo pode ser englobado em um universo maior, chamado de ato de brincar.
Pode-se observar que brincar não significa simplesmente recrear-se, isto porque é a
forma mais completa que a criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o
mundo. Nesse brincar está a verbalização, o pensamento, o movimento, gerando
canais de comunicação e generalizações.
A presente idéia vem ao encontro de acreditar que a linguagem cultural
própria da criança é o lúdico. A criança comunica-se através dele e por meio dele irá
ser agente transformador, sendo o brincar um aspecto fundamental para se chegar
ao desenvolvimento integral da criança. Portanto, o ato de brincar é importante, é
terapêutico, é prazeroso, e o prazer é ponto fundamental da essência do equilíbrio
humano. Infere-se então que a ludicidade é uma necessidade interior, tanto da
criança quanto do adulto. Por conseguinte a necessidade de brincar é inerente ao
desenvolvimento. Levando-se em consideração essa concepção do lúdico para as
crianças, a seguir será enfatizado o lúdico na perspectiva do adulto.
2.5 O JOGO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Diante disso, o corpo tem um papel crucial no processo de formação da
criança como sujeito cultural, uma vez que ela necessita agir para compreender e
expressar significados comuns no processo histórico-cultural da qual faz parte, isto
é, transforma em símbolo tudo aquilo que experimentar corporalmente, pois a
criança primeiro pensa, depois expressa, de modo que a criança necessita
movimentar-se para compreender os significados que são inerentes ao seu meio
sócio-cultural. (GARANHANI, 2010)
Assim sendo, levando em consideração a relevância dos movimentos para
a formação da criança, tal como nos dizeres de Garanhani (2010, p. 74): “[...] o
corpo em movimento constitui a matriz básica, em que se desenvolvem as
1
significações do aprender”, a disciplina de Educação Física tem um papel relevante
na formação da criança, contribuindo sobremaneira para o seu desenvolvimento
psicomotor, ensejando a ela todas as possibilidades de expressão, comunicação e
interação sócio-afetiva com o meio da qual se situa. “[...] pois é na movimentação
que a criança compreender, expressa e comunica idéias, entendimentos, desejos,
etc,” (GARANHANI, 2010, p. 74).
Assim sendo, o brincar e o jogar são atos indispensáveis à saúde
física, emocional e intelectual e sempre estiveram presentes em qualquer
povo desde os mais remotos tempos. Através deles, a criança
desenvolvem a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e
auto-estima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar
desafios e participar na construção de um mundo melhor. O jogo, nas suas
diversas formas, auxilia no processo ensino-aprendizagem, tanto no
desenvolvimento psicomotor, isto é, no desenvolvimento da motricidade
fina e ampla,bem como no desenvolvimento de habilidades do
pensamento, como a imaginação, a interpretação, a tomada de decisão, a
criatividade, o levantamento de hipóteses, a obtenção e organização de
dados e a aplicação dos fatos e dos princípios a novas situações que,por
sua vez, acontecem quando jogamos, quando obedecemos à regras,
quando vivenciamos conflitos numa competição, etc.(CAMPOS, 2006).
Segundo Piaget (apud., ALMEIDA, 2003)o jogo não pode ser visto
apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele
favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Através
dele se processa a construção de conhecimento, principalmente nos
períodos sensório-motor e préoperatório. Agindo sobre os objetos, as
crianças desde pequenas, estruturam o seu espaço e seu tempo
desenvolvendo a noção de casualidade, chegando à representação e,
finalmente, à lógica. As crianças ficam mais motivadas para usar a
inteligência, pois querem jogar bem, esforçam-se para superar obstáculos
tanto cognitivos como emocionais.
Diante disso, os jogos e o entretenimento propiciam um ambiente de
grande importância para ser utilizado no campo educacional, pois o indivíduo ocupa
seu tempo com uma educação constante, objetivando o seu desenvolvimento pleno,
1
cultural e psicossocial, fazendo com que o lúdico seja um grande contribuidor para a
educação de crianças e jovens, permitindo ao indivíduo participar da odisséia
humana de reiventar-se e de realizar-se por meio de jogos e brincadeiras.
3 METODOLOGIA
O projeto Minivoleibol como ferramenta de ensino esportivo será aplicado
no Colégio Estadual João Mazzarotto, situado à Rua Santa Regina, 664, no Bairro
Capão Raso, Cidade de Curitiba, Paraná. O público objeto de intervenção serão os
alunos da sexta série A do Ensino Fundamental, a faixa etária é de 11 a 13 anos ,
turno Manhã. O Projeto foi apresentado no mês dia 20 de julho de 2011 para a
equipe pedagógica; e no dia 25 de julho aos alunos.
O projeto foi aplicado no mês de agosto de 2011 em quinze aulas,
constituídos de aulas teóricas para a exposição da prática do minivoleibol e de aulas
práticas com a efetivação da prática desportiva, na qual foi observada a realdiade
seguida de posterior avaliação.
4 RESULTADOS
As três primeiras aulas foram dedicadas à explanação da prática do
voleibol tradicional, na qual os alunos foram, posteriormente deslocados à quadra
para a realização de algumas partidas, foram formadas diversas equipes e
realizadas algumas partidas de dez pontos em que a equipe perdedora dava lugar
para uma outra equipe, não houve pretensão competitiva, somente para que os
alunos tivessem o primeiro contado com a modalidade.
Os alunos se mostraram atraídos pela prática, embora a intenção fosse a
de competição, os alunos se sentiram motivados pelo fato de vencerem algumas
partidas, estimulando-os a manterem-se atraídos pelo jogo.
Como o objetivo principal era o de não deixar cair a bola no chão,
passando-a para o campo adversário, sem seguir uma regra específica ou
fundamentos do esporte, pôde-se observar que os alunos pecavam em coordenação
nos movimentos, dos quais muitos eram executados sem qualquer noção específica
do desporto.
1
A partir da quarta aula passou-se a ministrar informações teóricas e
práticas acerca da prática do minivoleibol. Na quinta aula iniciou-se com
demonstrações de vídeos, a fim de que os alunos pudessem ter uma
familiaridade maior com a modalidade, para que, logo em seguida, os
alunos pudessem ter o primeiro contato com o esporte, na qual foi iniciado
com atividades lúdicas com as bolas de vôlei e de borracha, em que com a
formação de gupos pequenos, as atividade consistia em passar a bola
entre eles e o último passará para o outro lado da rede.
Na aula seguinte, constitui-se em explanação da teoria em que
foi exposto as regras do minivoleibol, posteriormente, foi realizada
atividade prática na quadre de voleibol, a fim de que os alunos
colocassem em prática as regras e fundamentos do jogo. Foi observado
que a partir dessa aula, os alunos passaram a ter uma maior familiaridade
com o esporte, embora ainda sem a noção tática e motora dos
movimentos, constatou-se que se mostraram mais organizados na
execução dos fundamentos, respeitando os limites de toque e o
cumprindo o objetivo do jogo.
A partir da sétima aula, deu-se ênfase à aos fundamentos do
minivoleibol, para que os alunos pudessem executar os movimentos com
maior propriedade e eficiência, iniciando o toque. Os alunos formarão
grupos, dois a dois, três a três, quatro a quatro, para que possam se
aperfeiçoar na maneira correta de usar o Toque com os dez dedos das
mãos: os polegares e os indicadores formando um triângulo, os dedos
mais relaxados, o trabalho com os braços flexão e extensão para
realizarem os movimentos corretos no manuseio da bola. Ao final da aula
foi observado que depois de três repetições os alunos já tinham uma
maior coordenação, não obstante os lances ainda serem precários, alguns
alunos se mostram aptos à prática desportiva.
Na oitava aula, o fundamento tratado foi a Manchete, as mãos
sobrepostas em cima da outra, com os dedos polegares unidos e os braços
flexionados para receberem a bola e direcionando para os colegas
receberem com Toque ou Manchete. A evolução da aula evidenciou uma
maior dificuldade com esse fundamento, contudo, com as repetições
1
seguidas ao final alguns alunos realizavam o fundamento com qualidade,
ao valorizar o Toque nessa prática, houve um processo de evolução desse
fundamento.
Na nona aula, as atividades consistiram na dinamização dos
fundamentos tratados, voltadas para a prática em quadra. Os alunos
deverão estar posicionados na quadra metade de cada lado, 2x2, 3x3,
4x4, 5x5 usando quatro bolas para trabalharem em equipes os
fundamentos do Toque, Manchete e iniciando com o Saque. A outra equipe
receberá a bola com os fundamentos do Toque e Manchete e tentará
passar a bola entre eles e após passar a bola por cima da rede para a
outra equipe. Quando a bola cair no chão a outra equipe começará
novamente com o Saque, se errar a outra equipe iniciará com o Saque.
Conforme se observou dessa dinâmica, os alunos passaram a ter um
maior contato com a modalidade, na qual se pôde constatar que os
fundamentos estavam mais aprimorados, além de se observar a disciplina
na observação das regras.
Na décima aula retomaram-se aos fundamentos aprendidos: Toque,
Manchete e Saque e iniciou-se com a prática do levantamento da bola para que o
outro realizasse a impulsão saltando na vertical com a impulsão das pernas e com
ajuda dos braços e tocando a bola com a mão aberta realizando a Cortada acima da
rede. E ao cair foi solicitado que o aluno descesse com as pernas flexionadas para
amortecer o impacto. A outra equipe deveria estar atenta para receber essa bola
com a Manchete, devido a força a ela atribuída pela cortada. Nessa fase do projeto,
os alunos se mostram com grande intimidade com o jogo, não obstante as
deficiência identificadas, que não eram relevantes, os fundamentos estavam
assimilados, bem como as regras do jogo. Observou-se que a coordenação motora
na execução dos movimentos estavam aprimoradas se cotejadas com a realidade
do inicio do projeto.
Na décima primeira aula todos os alunos posicionaram-se na quadra de
voleibol realizando atividades lúdicas como as brincadeiras entre eles e realizando
os fundamentos aprendidos. Um aluno ficou próximo à rede para a realização do
levantamento por meio do Toque para que outro aluno efetuasse a cortada e assim
sucessivamente com todos os alunos.
1
Na décima segunda aula, sempre voltando para os fundamentos
aprendidos, foi treinado o fundamento do Bloqueio. Posição do aluno que esteve
próximo à rede com os membros inferiores, pés paralelos, direcionados á frente,
separados na largura dos ombros e com ligeira flexão dos joelhos. Os membros
superiores, braços flexionados à frente do corpo, cotovelos voltados para frente e
mãos espalmadas na altura da cabeça, com os polegares para cima e demais dedos
para fora. Foi tratado o movimento do salto e da queda. Os alunos foram informados
de que a queda deve ser suave e equilibrada.
Na décima terceira aula ocorreu o treinamento para o aperfeiçoamento os
movimentos corretos para a execução do Toque, da Manchete, do Saque, do
Bloqueio e da cortada Cortada, na qual se constatou que alguns alunos ainda com
dificuldades de realizarem esses Fundamentos. Diante disso, foi utilizado alguns
jogos lúdicos visando o aperfeiçoamento desses movimentos, na qual contribuiu
para que outros alunos aperfeiçoassem os Fundamentos aprendidos. O importante é
que cada um ajude o outro para crescerem juntos nessa aprendizagem coletiva.
Nas duas últimas aulas foi realizada observações e foi destinado espaço
para os alunos manifestarem suas expectativas relacionadas ao minivoleibol. As
atividades consistiram e revisão dos fundamentos tratados e realização de
diagnóstico dos alunos que ainda encontrarem dificuldades na aprendizagem. Ao
final foi realizada uma avaliação do desenvolvimento do projeto ao longo das aulas
ministradas, apontando as dificuldades e evolução dos alunos.
5 DISCUSSÃO
Conforme se constatou do projeto aplicado, a dinâmica do projeto cumpriu
seu objetivo, uma vez que o trabalho com o minivoleibol serviu como alicerce para
que os alunos assimilassem os fundamentos e regras inerentes ao voleibol.
Constatou-se, outrossim, que houve uma evolução relevante na
coordenação motora dos alunos em relação à execução dos fundamentos treinados,
não obstante ainda deficientes em alguns alunos, observou-se um processo
evolutivo constante em termos de qualidade motora.
Ao que se refere ao respeito às regras inerentes à modalidade, os alunos
as assimilaram eficientemente, de modo que, ao final do projeto, as partidas eram
realizadas com total respeito a elas.
2
As atividades lúdicas utilizadas para o aperfeiçoamento doa alunos com
dificuldades na execução dos fundamentos se mostraram proficientes, pois, além de
contribuir para a superação das adversidades, contribuíram, outrossim, para o
aprimoramento daqueles com maior facilidade na execução deles.
É relevante mencionar que o resultado desse projeto não é conclusivo,
uma vez que se tratou de um cenário micro, de modo que necessita novas
investigações no mesmo sentido, a fim de corroborar a circunstância constatada
nesse trabalho, no entanto, pode-se mencionar que, de uma forma geral, pode-se
mencionar que a adoção de atividades lúdicas e prática de modalidade desportiva
adaptada contribuem sobremaneira para a inserção dos alunos para a prática de
uma modalidade, uma vez que se insere nela os rudimentos do esporte,
estruturando o aluno para uma prática eficiente no futuro.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendeu-se do que foi tratado nesse artigo que as dinâmicas
modificadas de uma modalidade esportiva, bem como as atividades lúdicas são
sobremaneira eficientes para a iniciação da criança na sua prática. Conforme foi
observado da descrição das atividades, a aplicação do minivoleibol e atividades
lúdicas como recurso de iniciação ao voleibol se mostrou eficiente, pois por meio
dessas atividades foi possível permitir aos alunos o contato inicial com os
fundamentos e regras inerentes ao esporte, bem como desenvolver a coordenação
motora exigida para sua prática.
Assim sendo, diante da realidade identificada, embora não seja um estudo
conclusivo, é possível compreender que o uso de ações lúdicas que contenham
elementos comuns a uma modalidade esportiva é determinante para que as crianças
se desenvolvam, paulatinamente, para a prática da modalidade.
7 REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Anne. Ludicidade como instrumento pedagógico. 2003. Disponível em < http://www.cdof.com.br/recrea22.htm> Acesso em 23 de julho de 2012.
ANDRE, O. G; SANCHES, G. M. M. B. Aprendendo com o Lúdico. In: O DESAFIO DAS LETRAS, 2., 2004, Rolândia, Anais... Rolândia: FACCAR, 2006.
2
BACKE, Flaying. Miniboleibo. Edinburgn, 1978.
BRINER, Willian; BENJAMIN, Hamilton. Lesões no voleibol. Revista Medicina no Esporte. V. 27. n.3 mar/1999.
CARDOSO, R. C. T. Jogar para Aprender Língua Estrangeira na Escola. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada) – Instituo de Estudos da Linguagem. UNICAMP, Campinas. 2005.
CHAGURI, Jhonetas de Paula. O Uso de atividades lúdicas no processo de Ensino/Aprendizagem de Espanhol como Língua Estrangeira para Aprendizes Brasileiros. Disponível em <http:www;faccar.com.br> Acesso em 23 de julho de 2012.
CUNHA, Ruth. Recreação - escola e vida. Agir Editora. Rio de Janeiro. 1998.
DANTAS, H. Brincar e Trabalhar. In: KISHIMOTO, T. M. (org). Brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.
FIGUEREDO, Jaciara Rosa Peres. A importância dos jogos e da música na Educação Infantil. Monografia apresentada ao IESDE. Instituto de Estudo Social e Desenvolvimento Educacional no Curso de Pós-graduação em Educação Infantil. Ourinhos-SP, 2005
FRAGA, O. F. Minivoleibol. Revista de Ed. Física e Desporto Horizonte. Portugal: 7 (39). 1990.
FREIRE, Paulo. O lúdico no processo de alfabeitzação. São Paulo: Brasieliense, 1989.
GARANHANI, Marynelma Camargo. Educação física na infância. 2010. Disponível em < http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/49/2700> Acesso em 23 de julho de 2012.
GÓES.Santos. Oficinas Pedagógicas. São Paulo: Editora Brasil, 1999.
GUILHERME, Adolfo. Voleibol: técnica e tática de voleibol à beira da quadra. Minas Gerais: Minas Tênis Clube, 2001.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. Disponível em: http://www.easy-share.com/1907679272/Johan_Huizinga_-_Homo_Ludens.rar Disponível em 10 de julho de 2012.JARDIM, Cláudia Santos. Brincar, um campo de subjetivação na infância. 2009. Disponível em ¸ books.google.com.br/books?isbn=8574192937...> Acesso em 23 de julho de 2012.
KISHIMOTO, T. M. Bruner e a Brincadeira. In: ______. (org) Brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira, 1998.
2
MALUF, Ângela Cristina Munhoz. A importância das brincadeiras na evolução dos processos de desenvolvimento humano. 2003. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=132. Acesso no dia 22 de fevereiro de 2006.
MEDEIROS, Ethel Bauzer. Jogos para recreação infantil. Rio de Janeiro: Editora Fundo da Cultura, 1970.
MOURA, Diego. A Educação Física Escolar e os estilos de ensino: uma análise de duas escolas do Rio de Janeiro. 2009. Disponível em http://www.efdeportes.com/efd137/a-educacao-fisica-escolar-e-os-estilos-de-ensino.htm Acesso em 23 de julho de 2012.
NETO, Aurélio João Martins. Motivação de alunos na aula de natação. 2009. Disponível em < www.pergamum.udesc.br/dados-bu/000000/.../00000843.pdf. Acesso em 23 de julho de 2012.
PIAGET, J. O raciocínio da criança. Rio de Janeiro: Record Cultural, 1978
SILVA, Ana Paula et. al. Estudo do treinamento físico e as principais lesões no voleibol sob o ponto de vista da fisioterapia. Revista virtual EFArtigos - Natal/RN - volume 01 - número 09 - setembro – 2003.
SZUNDY, P. T. C. A Construção do Conhecimento do Jogo e Sobre o Jogo: ensino e aprendizagem de LE e formação reflexiva. 2005. Tese (Doutorado em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Laboratório de Estudos da Linguagem. PUC, São Paulo.
TEIXEIRA, C. E. J. A Ludicidade na Escola. São Paulo: Loyola, 1995.
VIEIRA, Leonardo Sette. et. al. Incidência de lesões desportivas em atletas profissionais de voleibol do sexo masculino durante temporada no período de outubro 2006/2007. Disponível em www.uvp.com.br/artigos. Acesso em 13 de julho de 2012.
VIGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes, 1993
2