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VITÓRIA-ES | TERÇA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2013 | ANO LXXV | Nº 24.754 | FUNDADO EM 22/09/1938 | EDIÇÃO DE 76 PÁGINAS

I m p re ss o ra s3D já criamaté peçasde carro >48

Eles venceramo desafio daboa forma >18 e 19

KADIDJA FERNANDES/AT

Shoppings vãoabrir até as19 horas hoje

Imóveis entreguescom atraso acabamcom 158 casamentos >34

DOUTOR JOÃO RESPONDEA vedete do verão é a dengue. Por ser umadoença virótica, ela se instala rapidamente.Infelizmente, não existe tratamentocurativo para essa moléstia. >14

Supermercados também vãofuncionar durante o dia. >17

Cabeleireira é assassinada a tiro ao sair de salão em Jardim Camburi >22

M O R A D O R ESde Pontal dasGarças, emVila Velha, sãotransportados porre t ro e s c ava d e i ra ,que carregaaté moto

Empréstimo e liberação de FGTSpara vítimas da chuva no EstadoCompra de eletrodomésticos também vai ser financiada e comerciantes que tiveram prejuízo

vão poder parcelar imposto. Hoje, a presidente Dilma vai sobrevoar o Estado. >2 a 12 e 41

Sa m u ra ido Asa deÁguia emGuarapari >AT 2

RODRIGO GAVINI/AT


D I V U LG AÇ ÃO

Reportagem Especial2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2013

CINCO FILHOS

C H U VA

4.669 vão passar Natal em abrigoFamílias que tiveramcasas destruídas nãotêm motivos paracomemorar hoje. Maisde 40 mil tiveram de irpara casas de parentes

Quase 5 mil pessoas vão pas-sar o Natal em abrigos dasprefeituras porque tiveram

suas casas alagadas ou destruídaspelas chuvas no Estado.

Como a família do ajudante depedreiro Valmir Batista Bernardes,29 anos, que está no abrigo em VilaVelha, na escola João Medeiros

Calmon, em Parque das Gaivotas.Valmir contou que teve que sair

de casa, em Pontal das Garças, coma mulher e os quatro filhos, e agoravai passar o Natal na escola.

“Já tinha tudo preparado para aceia em casa, agora não sei comoserá quando voltar. Na verdadenem lar eu tenho mais”, lamen-tou.

Como a família de Valmir estãomais outras, em um total de 300pessoas, apenas no abrigo de VilaVelha. Os que não estão no abrigosofrem por terem perdido tudo.São mais de 40 mil abrigados emcasas de amigos e vizinhos.

Segundo o governador RenatoCasagrande, as equipes do gover-

no do Estado ficarão de prontidãohoje e amanhã para atender às ví-t i m a s.

“Estaremos de plantão atenden-do e fazendo as entregas das doa-ções às áreas afetadas”, destacou osecretário de Estado da Assistên-cia Social e Direitos Humanos,Helder Salomão.

Segundo o coronel Carlos Mar-celo D'Isep Costa, coordenadorEstadual da Defesa Civil, cincopessoas morreram e 46.189 já tive-ram que deixar suas casas por cau-sa dos estragos causados pelasc h u va s.

Também já foram registradas49 pessoas feridas. A Defesa Civilressaltou que os números podem

ser maiores, pois há dificuldadesno levantamento das pessoas pre-judicadas por conta da dificulda-de no acesso às áreas mais críti-cas. Ao todo, 47 municípios forama f e t a d o s.

“Estamos trabalhando com todaa força e determinação para aten-der aos pedidos de socorro”, refor-çou o comandante geral do Corpode Bombeiros do Estado, coronelEdmilton Aguiar.

Os númerosForça-tarefa foi montada para atender áreas afetadas

O EFETIVO

500 bombeirosdo Estado

72 bombeiros daForça Nacional

23 militares doE xé r c i t o

6 militares daMa r i n h a

4 geólogos doServiço Geológicodo Brasil (CPRM)

43 BARRAGENS estão sendo moni-t o ra d a s

MAIS CINCO CARROS do Exércitoforam solicitados para ajudar no auxí-lio às vítimas. 9 viaturas já estão sendoutilizadas.

7 CARROS-PIPA estão abastecendolocais de maior necessidade, comohospitais, em todo o Estado.

4 HELICÓPTEROS ajudam a acessaras áreas isoladas

PELO MENOS 22 municípios devemdecretar situação de emergência

VÍTIMAS NOESTA D O :

41.520desalojados

4 . 6 69d e s a b r i ga d o s

5 mortos49 feridos

47 municípiosa f e ta d o s

Crianças perdem os presentesEstava tudo preparado para o

Natal na casa da diarista Aline Mi-randa, 29 anos. Mas a chuva atra-palhou tudo e levou os presentesque ela e o marido tinham compra-do para os cinco filhos.

A família, que tinha planejado fa-

zer um Natal com os vizinhos, estáagora no abrigo em Vila Velha.

“Não tenho família aqui, combi-nei de passar o Natal com minha vi-zinha. Tinha até comprado presen-tes para as crianças. Agora estounessa situação humilhante.”

Tristeza nafamília Silva

O Natal deste anoserá uma festa tristepara a família do co-brador Rodrigo Al-vez Silva, 29 anos.“Perdemos tudo oque tínhamos, eagora vamos passaro Natal no abrigo.Será uma festa bemtriste. Em pensarque já estava tudocomprado para aceia”, lamentou.

Rodrigo saiu dobairro Jardim Guara-nhus, Vila Velha, coma filha Pietra Victória,5 meses, o filho Pe-dro Henrique, 9, amulher Pamela AssisMarques Silva, 25, ea sogra Erotilde AlvezSalatiel, que lamen-tou não poder juntara família e fazer aceia.

“Espero poderpassar pelo menos oAno Novo em casa.Não quero começarum novo ano aqui noa b r i g o”, desejou Ero-tilde.

FOTOS: RODRIGO GAVINI/AT

FORA DE CASA

Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2013 ATRIBUNA 3

C H U VA

Jovens abandonamférias para ajudarO meio de locomoção deles

não é o velho e bom trenó,puxado por renas encanta-

das, tampouco carregam sacolascom incontáveis presentes. Elesutilizam seus próprios braços e sãoincansáveis na hora de ajudar aop róx i m o.

Alguns jovens abandonaramfestas e férias para ajudar as víti-mas da chuva. Eles são voluntáriosque mantém a magia do Natal comatos solidários e vêm arregaçandoas mangas para dar alento a quemperdeu as esperanças.

Eles se sensibilizaram com a si-tuação dos prejudicados pela chu-va no Estado e quiseram doar man-timentos na Praça do Papa, em Vi-tória. Com isso, o trânsito ficoulento e filas se formaram no local.Uma multidão de pessoas estevepresente para dar sua colaboração.

A estudante Micheli Nagel Fer-nandes, 18, a advogada LudmilaPotratz, 29, a universitária IngridAlves, 19, e a designer de modasRoberta Depes, 24, deram umapausa nas férias e decidiram aju-dar na separação das doações.

“Não é esforço nenhum deixarde fazer algumas coisas para vir

aqui. Tem muita gente que estáprecisando da nossa ajuda. Isso éamor ao próximo”, disse Micheli.

Ludmila contou que ia para Piú-ma se encontrar com os pais, masadiou a viagem para fazer sua boaação de Natal. “Não estou fazendomais do que a minha obrigação co-mo cidadã. Por conta disso, adieiminha ida à Piúma, pois o momen-to precisava bastante”.

O órgão responsável por levar asdoações que estão sendo feitas naPraça do Papa é a Cruz VermelhaBrasileira Filial do Estado do Espí-rito Santo. Segundo o presidente,Dalvo Ferraz Júnior, vários jovensestão no local ajudando.

“Nossa doações estão indo paralocais do Estado, principalmente,do interior como Itarana, Itagua-çu, Barra de São Francisco, NovaVenécia, Santa Leopoldina, ÁguiaBranca, São Gabriel, Serra e BaixoGuandu. Há muitos jovens aju-dando, isso motiva a gente”.

Ele contou ainda que mais de300 toneladas já foram enviadaspara o interior e mais ainda seráenviado. “Ainda temos 100 tonela-das para enviar. Mas ainda preci-samos de água e comida”.


MICHELI FERNANDES, Ludmila Potratz, Ingrid Alves e Roberta Depes: pausa nas férias para ajudar

S O L I DA R I E DA D EFérias adiadas

Para os gêmeos Wendel e Wesley Endlich Guisso, 25, quesão universitários e estão de férias, as reportagens divulga-das na televisão e nos jornais fizeram com que eles inter-rompessem as férias para ajudar as pessoas.

“Fiquei comovido com o que vi pela TV e li no jornal, entãodeixei minhas comemorações e liguei para a Defesa Civilpara ver onde estavam precisando de ajuda e vim oferecer omeu trabalho”, disse Wendel.

Com Wesley o sentimento de comoção foi o mesmo. “Es -tou comovido com tudo que está acontecendo e quero po-der oferecer um Natal de esperança para essas pessoas.Estamos aqui por amor ao próximo”.

Jovens deixam passeios para ajudarEste também é o caso dos universitários Ramon Gue-

rini, 21, Cinthia Santos Pereira, 20 anos, Igor Barbosa,20, e Jocimara Patrício, 23. Eles entraram de férias nasexta-feira e tinham combinado de aproveitar esses me-ses juntos, mas a solidariedade falou mais alto e eles re-solveram ir até a Praça do Papa, em Vitória.

“Queríamos aproveitar as férias, mas, com essa si-tuação do Estado, não teve como, nosso lado solidáriofalou mais alto. Viemos para cá e estamos ajudandoos necessitados. Isso faz bem ao coração”, afirmouR amon.


Amigas da igreja unidas em doaçãoA universitária Luciana Gasparini, 21 anos, e as es-

tudantes Ana Luiza Binow Bitar, 18 anos, e Elisa Em-merich, 18 anos, são amigas da igreja e não pensaramduas vezes em ir à Praça do Papa ajudar. Elas estavamorganizando os montes de roupas que serão doadaspara os afetados pela chuva.

Luciana contou que elas fazem parte de um grupo de jo-vem na igreja Sagrada Família, em Jardim Camburi, Vitória,e no local mesmo elas ficaram sabendo que as pessoas es-tavam precisando de ajuda, então resolveram fazer umaboa ação. “Acredito que esse é o verdadeiro espírito nata-lino. Estamos usando nosso tempo de férias ou de saídaspara ajudar o outro”, afirmou.


Ajuda alemã em VitóriaA estudante alemã Franziska Schneider, 18, que

está fazendo intercâmbio e está hospedada na casada também estudante Carolina Stange, 18 anos, pôsa mão na massa ontem. As duas estavam na Praça doPapa, separando os donativos que serão entreguespara as pessoas que foram atingidas pela chuva.

“Dizem que o alemão é um povo frio, mas não é ver-dade. Na Alemanha ou no Brasil, temos que ajudar aopróximo. O povo capixaba está precisando muito”, con-tou Franziska.


ONDE DOAR

Precisa-se de material de higieneO que levar> DOAÇÕES de alimentos não perecí-

veis, roupas, água mineral, produtosde limpeza e higiene pessoal, além deroupas para crianças, chupetas, fral-das descartáveis e calçados para ví-timas da chuva podem ser feitas nosseguintes locais da Grande Vitória.

V I TÓ R I A> PRAÇA DO PAPA Av. Nossa Senhora

dos Navegantes, Enseada do Suá. Asdoações vão se reiniciar na sexta-feira, das 8 às 18 horas.

> 1º BATALHÃO da Polícia Militar, Av.Maruípe, 2.115, Maruípe - telefone:3636 -7306.

> CÚRIA METROPOLITANA - Arquidio-cese de Vitória - Rua Soldado Abíliodos Santos, 47, Cidade Alta - telefone3223 -6711.

> IASES - Rua General Osório, 83, Ed.Portugal – 3º andar - Centro - tele-fone: 3223-6386.

> SHOPPING JARDINS – Rua CarlosEduardo Monteiro de Lemos, 262,Jardim da Penha - tel: 3314-5000

VILA VELHA> 4º BATALHÃO da Polícia Militar, Av.

Nossa Senhora da Penha, 118 Ibes –telefone: 3636-0400.

> GINÁSIO POLIESPORTIVO Presiden -

te João Goulart (Tartarugão) - Av.Perimetral, Coqueiral de Itaparica –telefone: 3389-8901.

> ESCOLA DE FORMAÇÃO do Iases –Rua Lourdes dos Souza, 108, Ibes –telefone: 3219-5810.

> UNIDADE MUNICIPAL de Ensino Fun-damental - Umef João de MedeirosCalmom, Rua Sebastião Silveira, s/n,Parque das Gaivotas.

CA R I AC I CA> MATRIX HALL (antigo Society Gau-

chão): Rua Rio Branco, 2, bairro RioBranco. Telefones: 99963-9929,99728-2953 e 3336-4776.

> SECRETARIA DE CULTURA, Esporte eLazer (Semcel): Rua Santa Marta,12, bairro Campo Grande. Telefones:3346-6340 e 99773 -9119.

> MARCA AMBIENTAL (no setor detransbordo do lixo): Rua Alfredo Al-cury, 201, bairro Dom Bosco. Infor-mações: Telefone: 2122-7752

> PRIMEIRA IGREJA BATISTA - Rua 7de Setembro, 10, bairro Rosa da Pe-nha. Telefone: 99968-3385.

SERRA> PRÓ - CIDADÃO Av. Talma Rodrigues

Ribeiro, 5416, Portal de Jacaraípe> GINÁSIO DE ESPORTES da Serra Se-

de Rua Maestro Antônio Xavier, s/n


UMA MULTIDÃOde voluntários foià Praça do Papapara ajudarna arrecadaçãode doações

FÁBIO NUNES/AT

Reportagem Especial

4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 24 DE DEZEMBRO DE 2013

C H U VA

Empréstimo e liberação do FGTSGovernador disse quevai liberar empréstimoscom juros baixos, saquedo Fundo e parcelarimpostos de quem teveperdas com enchentes

RODRIGO GAVINI/AT

MORADORES de Pontal das Garças, em Vila Velha, tentam salvar o que restou em retroescavadeira: governo vai dar crédito para imóveis e eletrodomésticos

Quem sofreu prejuízos nasresidências, empresas e co-mércios já pode começar a

calcular as perdas e pensar no re-começo. Para ajudar as vítimas, ogovernador Renato Casagrandeanunciou ontem a liberação deempréstimos e parcelamento deimpostos para quem sofreu perdasem decorrência das chuvas.

A Caixa Econômica Federaltambém anunciou que, além de jáestar em contato com os municí-pios afetados para agilizar a trami-tação da liberação do Fundo deGarantia por Tempo de Serviço(FGTS), também pretende inter-ceder junto ao Ministério das Ci-dades para aumentar a cota de em-preendimentos do Minha CasaMinha Vida nas regiões afetadas.

De acordo com o superinten-dente regional da Caixa, AntônioCarlos Ferreira, é preciso esperar otempo firmar sem chuvas para co-meçar a fazer os levantamentosnecessários tanto para viabilizaros novos empreendimentos, quan-to para liberar o Fundo de Garan-tia.

De acordo com a assessoria daCaixa, o programa contempla imó-veis no valor de até R$ 60 mil e es-tão destinados a pessoas com ren-da familiar de até R$ 1,6 mil, quedeverão ser cadastradas pela pre-f e i t u ra .

Segundo o governador RenatoCasagrande, em reunião ontemcom diversas autoridades do go-verno do Estado e instituições fe-derais que atuam no Espírito San-to, embora a prioridade seja noatendimento às pessoas, já é possí-

vel pensar na reconstrução e recu-peração das perdas.

“Estamos liberando linhas de fi-nanciamento com baixas taxas dejuros para a reconstrução dos imó-veis, aquisição de novos eletrodo-mésticos e também o parcelamen-to de imposto para as empresasque sofreram perdas dos esto-ques”.

R E PASS EA Assembleia Legislativa tam-

bém anunciou ontem que vai re-passar R$ 5 milhões à Defesa CivilEstadual, para auxiliar os municí-pios mais atingidos.

Na Grande Vitória, um dos mu-nicípios críticos é Vila Velha, que játem 15 mil desalojados e 348 desa-brigados. No bairro Pontal dasGarças, a situação é crítica.

E N T E N DA

Mais prazo para pagar impostosE m p ré s t i m o s> PARA AS VÍTIMAS DAS CHUVAS, o

Banestes está oferecendo emprésti-mo emergencial para pessoa física,com limite de R$ 20 mil, para a com-pra de eletrodomésticos, material deconstrução, móveis e utensílios.

> O PRAZO DE FINANCIAMENTO é de28 meses, com carência de até seismeses. A taxa pré-fixada é de 1,30%ao mês.

> PARA EMPREENDEDORES que pre-cisam de até R$ 15 mil, o prazo má-ximo de financiamento é de 24 me-ses, com carência de até seis meses,e a taxa é de 0,90% ao mês.

> TAMBÉM FOI OFERECIDO um capitalde giro emergencial, para as empre-sas que precisam de até R$ 20 mil,com juros de 1,20% ao mês e prazo definanciamento de até 28 meses.

> É NECESSÁRIO comprovar as per-das, que pode ser por Boletim deOcorrência ou laudo da Defesa Civil.

Impostos> O GOVERNO ANUNCIOU também que

os comerciantes que sofreram per-das dos estoques poderão parcelar oImposto sobre Circulação de Merca-dorias e Serviços (ICMS) relativo aomês de dezembro. As empresas quecomprovarem as perdas poderãopagar o imposto em três vezes, com aprimeira parcela vencendo em feve-reiro do ano que vem.

Minha Casa, Minha Vida e FGTS> A CAIXA INFORMOU que além de já

estar em contato com os municípiospara o recebimento da documenta-ção necessária para a liberação doFGTS, também pretende ampliar acota de empreendimentos do MinhaCasa Minha Vida, junto ao Ministériodas Cidades, nas regiões afetadas.

Fonte: Governador Renato Casagrande, Ba-nestes e Caixa Econômica Federal.

SOLIDARIEDADE DE FAMOSOS

Ivete Sangalo“O Espírito Santo precisa de nossa

ajuda neste momento. Façam as suasdoações para as vítimas das chuvasno Espírito Santo”.

A n i t ta“A galera do ES tá precisando da

nossa ajuda. Procure o Corpo de Bom-beiros do ES e AJUDE em dinheiro,materiais, roupas, água e alimentos!”

Caroline Celico“Que Deus console, ajude, restaure!

Vamos ajudar, são mais de 30 mil pes-soas sem suas casas! Espírito Santo, oBrasil está com vocês!”

Viagens de trem suspensase dois voos cancelados

As fortes chuvas que atingem oEspírito Santo neste mês estãocausando transtornos a quem pre-tende chegar e sair do Estado oumesmo se locomover dentro daGrande Vitória.

As viagens da linha capixaba daEstrada de Ferro Vitória a Minasestão suspensas até que as chuvasdiminuam e a segurança dos pas-sageiros seja garantida, informou aVa l e.

Segundo a empresa, as viagens dalinha entre Cariacica e GovernadorValadares estão suspensas nos doissentidos sem previsão de retornar.

A empresa ressaltou por meio denota que as pessoas que estão comviagem marcada, com chegada ousaída na Estação Pedro Nolasco,em Cariacica, têm a opção de pediro reembolso do bilhete compradoou remarcação da passagem, semcustos adicionais, no prazo de até30 dias.

No Aeroporto Eurico de AguiarSalles em Vitória dois voos foram

cancelados, segundo informou oboletim da Infraero, atualizado às21 horas de ontem. Num total de60 voos domésticos, 37 estavama t ra s a d o s.

TRANSCOLPara quem circula na Grande Vi-

tória, o Sistema Transcol teve 50linhas com itinerários alterados,conforme informou a Companhiade Transportes Urbanos da Gran-de Vitória (Ceturb).

Os terminais mais prejudicadospelas chuvas do Estado foram osde Vila Velha, nos quais 20 linhastiveram seus trajetos iniciais alte-ra d o s.

Em Cariacica, os três terminaistiveram 16 linhas com o itineráriomodificado. Já no município daSerra, ônibus de 14 linhas estãopassando por locais diferentes deseus itinerários.

No município de Vila Velha, oprefeito Rodney Miranda cance-lou o ponto facultativo.

RODRIGO GAVINI - 05/11/2013

TERMINAL DO TRANSCOL: 50 linhas com itinerários alterados

Reportagem Especial


C H U VA

Mil deixam casas em ItaguaçuSubiu para mais de mil o nú-

mero de pessoas que tive-ram de deixar as suas casas

por causa da chuva que desde sá-bado alagou o Centro e isola locali-dades do interior do município deItaguaçu, no Noroeste do Estado.

Contudo, o número de vítima fa-tal na cidade permanece um. Du-rante o dia foi divulgada uma se-gunda morte na localidade de La-ranjal mas, de acordo com o coro-nel Carlos Marcelo D'Isep Costa,coordenador Estadual de DefesaCivil, houve um equívoco ao con-firmar a sexta morte no Estado –segunda em Itaguaçu.

Ainda assim, a situação perma-nece grave no município. Cami-nhões e helicópteros da PolíciaMilitar e do Exército Brasileiro as-seguram o apoio aéreo e terrestrena chegada de mantimentos, rou-pas e água, uma vez que as trêspontes de acesso foram danifica-das ou interditadas.

A estudante Maiara Lambert, 21anos, revelou que a inundação afe-tou todo o Centro da cidade, pro-vocando prejuízos no comércio enas residências.

“Os supermercados e lojas per-deram tudo. Apenas uma pequenamercearia ainda funciona, mas osprodutos estão acabando. A cidadeestá um caos”, disse Maiara. Se-gundo ela, a Igreja Matriz no estilogótico está cheia de famílias queperderam tudo na enchente.

Já o morador Mário João Bal-dotto Sarnaglia, que está alojadona igreja da cidade, lembrou que apopulação resiste heroicamente.

“A rua principal de Itaguaçu vi-rou um rio. A correnteza arrastoutudo pela frente, quebrou portas,vidros de lojas, levou eletrodomés-ticos. A cidade está ilhada. A popu-lação resiste heroicamente”, disse.

Já o secretário de Cultura de Ita-guaçu, Altamiro José Fernandes,54 anos, diz que a chuva não dá

MARCELA XAVIER DA ROCHA

VISTA DE ITAGUAÇU, tomada pelas águas: inundação causou prejuízos e desespero para a população


P R AÇA completamente alagada no centro de Itaguaçu


BOMBEIROS e Exército estão dando suporte à cidade

trégua. A água chegou a abaixarum pouco, mas voltou a subir aponto de cobrir o tronco do arvo-redo do Centro. De acordo com osecretário, a prefeitura se mobilizapara buscar mantimentos recolhi-

dos em Vitória, mas a situação dasestradas preocupa. “A energia foirestabelecida na cidade, mas aindafalta água para beber, cozinhar etomar banho.” Ele destaca que oteatro municipal, recentemente

reformado, ficou debaixo d’á g ua .“O Exército, bombeiros e até aForça Nacional estão aqui para darassistência ao povo que sofre amaior tragédia da nossa historia”,concluiu o secretário.

CAS O S

Só água da chuvaIlhados, os moradores de Ita-

guaçu estão se valendo da águada chuva recolhida em galões ebaldes para beber, após ser fer-vida e filtrada.

É o caso da professora apo-sentada Penha Aparecida Fer-nandes. Ela e a família se servemda água da chuva para beber, la-var louça e higienizar a casa hátrês dias. “Não tem outro jeito.Falta água na torneira. O comér-cio está todo fechado”, disse.

NILO TARDIN

“É desesperador”“É desesperador”, disse o pa-

dre Paulo Bosi Dal'Bó ao descre-ver o cenário de Itaguaçu, citan-do o lamento das vítimas da en-chente, gritos e choro de crian-ças assustadas com a tragédiaque se abateu sobre a cidade.

De acordo com o padre, naIgreja Matriz há mais de 300pessoas que tiveram de deixaras suas casas. Voluntários cozi-nham e ajudam a distribuir rou-pas e alimentos.

A R Q U I VO / AT

CENAS DA CHUVA NO ESTADOPREFEITURA DE SANTA MARIA DE JETIBÁ

UMA GRANJAem Santa Mariade Jetibá ficoutotalmente sub-mersa com aschuvas. As avesdo local morre-ram. O municípioque fica na re-gião serrana é osegundo maiorprodutor de ovosdo Brasil.

PREFEITURA DE SANTA MARIA DE JETIBÁ

E N C O STA em Santa Maria de Jetibácedeu e calçamento caiu.

DEAN NONATO

A CIDADE de Conceição da Barra tam-bém sofre com as cheias do Cricaré.


A PONTE que fi-ca no bairroCohab, em Ita-guaçu, está par-cialmente des-truída. Mais de800 pessoasque moram nobairro precisa-ram deixar suascasas e estãoem residência deparentes, igrejasou escolas.

NÉIA LAUVERS/FACEBOOK

M O R A D O R ES ecomerciantes deSanta Leopoldi-na, na regiãoserrana do Esta-do, enfrentaramo terceiro dia dealagamentos. Osprejuízos mate-riais podem servistos em todasas regiões domunicípio.

PRÉDIOS públicoscomo a Prefeiturae os Correios fica-ram submersos emSanta Leopoldina.A ES-080, princi-pal rodovia que dáacesso ao municí-pio, continuavaalagada na noitede ontem. Morado-res ainda estãosem água potávele sinal de telefone.

Reportagem Especial


SITUAÇÃO NOS MUNICÍPIOS1 Afonso CláudioA cidade foi atingida por deslizamentode encostas e enxurradas.DESABRIGADOS: 15DESALOJADOS: Não há

2 I taguaçuO Rio Santa Joana transbordou e des-lizamentos aconteceram em Laranjal,onde uma mulher morreu.DESABRIGADOS: 40DESALOJADOS: 1.000

3 Conceição do CasteloDuas pontes foram interditadas e maisde 500 famílias foram atingidas.

DESABRIGADOS: 16DESALOJADOS: 1 50

4 I taranaDeslizamentos em diversos pontos dacidade. Bairro Cohab totalmente to-mado pela inundaçãoDESABRIGADOS: 70DESALOJADOS: 1 .9 3 0

5 Muniz FreireVárias localidades sem acesso. Mora-dores avaliam grande prejuízo na agri-cultura do município.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: 18

6 Santa LeopoldinaCidade isolada e sem acesso para Ca-riacica e Santa Maria de Jetibá.DESABRIGADOS: 40DESALOJADOS: 1.000

7 Santa Maria de JetibáPossibilidade de inundação nas loca-lidades de Córrego do Ouro, Alto SantaMaria, Ilha Berger, entre outros.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: 400

8 Santa TeresaA inundação chegou a 1,5 metro de al-tura e deixou o acesso precário.DESABRIGADOS: 50DESALOJADOS: 200

9 CasteloO Rio Castelo chegou a 3,7 metros aci-ma do nível normal. Chuva diminuindona região.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: Não há

10 Domingos MartinsUm deslizamento em Paraju soterrouum rapaz, que morreu no local.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: Não há

11 Laranja da TerraLocalidades sem energia elétrica devi-do à queda de postes. Rio Guandu estácinco metros acima do normal.DESABRIGADOS: 1DESALOJADOS: 97

12 São Roque do CanaãEnxurradas atingiram o município coma chuva do último final de semana.DESABRIGADOS: 54DESALOJADOS: Não há

13 Venda Nova doI m i g ra n t eAlagamentos atingiram, principal-

mente, o centro da cidade.DESABRIGADOS: 7DESALOJADOS: 46

14 Vargem AltaEnxurradas atingiram o município coma chuva do último fim de semana.DESABRIGADOS: 32DESALOJADOS: 40

15 Água Doce do NorteQuarenta famílias sofreram com a en-xurrada. A entrada do município estáisolada.DESABRIGADOS: 200DESALOJADOS: 60 0

C H U VA

Famílias ilhadas perto do Rio DoceCom as quedas depontes e barreiras,famílias estão isoladas.Prejuízo no municípioestá em torno deR$ 20 milhões

WILTON JUNIOR

CA I S do Rio Doce, em Linhares: nível chegou a quase 2 metros acima da cota de inundação, que é de 3,80 metros

A intensidade da destruiçãoprovocada pelas inundaçõesdo Rio Doce na Sede e inte-

rior do município de Linhares, noNorte do Estado, já supera a gran-de enchente de 1979 e a prefeituraestima um prejuízo que pode su-perar os R$ 20 milhões.

O nível de água do rio tem deixa-do ilhadas famílias que morampróximo ao local. Há várias pontesdestruídas e estradas foram leva-das pelas águas.

Também foram registradas que-da de barreiras, pastagens inteirasalagadas e perda da produção agrí-cola, principalmente nas lavourasde mamão e café.

Muito gado morreu afogado evários imóveis foram condenadospela Defesa Civil Municipal.

Na tarde de ontem, o rio Doceestava quase dois metros acima dacota de inundação (3,80 metros).

Técnicos da prefeitura e milita-res do Corpo de Bombeiros e daForça Aérea Nacional estão inten-sificando os trabalhos de aberturade estradas e socorro às vítimaspor meio de barcos e helicópteros.

A situação mais crítica está nointerior do município, área que foia mais castigada pelas águas.

“Estamos empenhados em tra-balhar ao máximo por nossa cida-de. A prioridade agora é salvar vi-das e garantir atendimento às fa-

mílias que estão desabrigadas ouilhadas. Não vamos medir esforçospara superar essa tragédia”, afir-mou o prefeito Nozinho Correa.

Ao todo, 150 pessoas estão desa-brigadas. Todas foram levadas pa-ra o Ginásio Poliesportivo do bair-ro Conceição.

O município está auxiliando norecolhimento de donativos para asfamílias atingidas pela chuva.Quem quiser colaborar com a doa-ção de donativos, a entrega podeser feita na quadra do ginásio dobairro Conceição ou na Igreja Ma-triz, no Centro.

WILTON JUNIOR

NINGUÉM SAI

Moradores insistemem ficar em Olaria

No bairro Olaria, do outro ladoda rodovia Roberto Calmon, emLinhares, uma casa está total-mente ilhada, mas os morado-res, inclusive os animais de esti-mação, continuam no local.

Ontem pela manhã, um ho-mem estava bebendo e dançan-do. Parecia não se importar mui-to com a situação da casa que foitomada por 50 cm de água.

Medo de assalto aoabandonar a casa

No bairro Olaria, em Linhares, osmoradores que resistem em per-manecer em suas casas estão selocomovendo apenas de barco, co-mo foi o caso de um rapaz e umamenina que estavam sendo trans-portados na manhã de ontem.

Eles afirmaram que preferem fi-car ali, pois temem serem rouba-dos, caso deixem suas casas aban-donadas.

WILTON JUNIOR

FAC E B O O K

EM SERRAPELADA ,Afonso Cláudio,bois tiveramque enfrentaro pasto alagadopelas chuvas.A agricultura,forte nomunicípio,passa pordificuldadescom osa l a ga m e n t o s

PREFEITURA DE SANTA MARIA DE JETIBÁ

BOMBEIROStiveram que seequilibrar emtronco deárvore parafazer a retiradade uma famíliaem Santa Mariade Jetibá.Um açude daregião estát ra n s b o r d a n d odevido aovolume de água

Reportagem Especial


JULIO HUBER

BARRANCO desmoronou e soterrou três casas em Santa Maria de JetibáV Í T I M AS durante o resgate

C H U VA

Nove pessoas soterradassão resgatadas com vidaNove pessoas que estavam

em três residências na loca-lidade de Serra do Gelo, em

Santa Maria de Jetibá, foram so-terradas por desmoronamento deterra e árvores. O incidente acon-teceu por volta de 5h30 de ontem.Cinco tiveram que ser levados pa-ra o hospital, mas sem gravidade.

Segundo o tenente HandersonBraga, do Corpo de Bombeiros eque comanda os trabalhos no mu-nicípio, alguns moradores estavamem partes que foram pouco afeta-das pelo desmoronamento. As trêscasas foram totalmente destruídas.

“Quando chegamos ao local parasocorrer as vítimas, parentes e vi-zinhos já haviam conseguido res-gatar as pessoas que ficaram soter-radas. Uma idosa foi a que mais seferiu, mas sem gravidade. Umaigreja, um estabelecimento comer-cial e outras residências tiveramque ser demolidas hoje”, disse.

O militar informou que na noitede ontem a chuva voltou forte nomunicípio. “Nossa preocupação écom casas que ficam em áreas pró-ximas a encostas. O solo está muitoencharcado e há perigo constantede desmoronamento. Moradoresdevem sair de áreas de risco”.

Segundo dados da prefeitura, hámais de 500 pessoas desalojadas emais de 100 desabrigadas. Durantetodo o dia de ontem, mais de 200

pessoas entre bombeiros voluntá-rios, bombeiros militares, servido-res e moradores se mobilizarampara ajudar vítimas das chuvas.

Das 600 pessoas diretamenteafetadas, a maioria está em casa deparentes e amigos. Assistidas pelaprefeitura estão 12 pessoas na Es-cola de São Luís e seis no Ginásiode Esportes do centro.

Santa Maria está sem abasteci-mento de água e o fornecimentode energia está irregular.

O coordenador municipal da De-fesa Civil, Romeu Berger, relatouque da última sexta-feira até a ma-nhã de ontem, foram cerca de 400milímetros de chuva, índice muitoacima do previsto para o mês.

O acesso até a cidade só é possí-vel passando por Santa Teresa. Se-gundo a assessoria de imprensa daprefeitura, será preciso mais de 30dias para desobstruir todas as es-tradas após o tempo melhorar.

SITUAÇÃO NOS MUNICÍPIOS

16 Águia BrancaRio São José subiu e atingiu as casasque ficam no entorno. Desabrigadosno Ginásio Municipal.DESABRIGADOS: 11DESALOJADOS: Não há

17 Alto Rio NovoVila Palmerino e Monte Carmelo foramos distritos mais atingidos com alaga-mentos e enxurradas na cidade.DESABRIGADOS: 200DESALOJADOS: 9

18 A ra c r u zDistrito de Guaraná isolado e inunda-do. Barra do Riacho e Centro da cidadetambém sofreram com alagamentos.DESABRIGADOS: 100DESALOJADOS: 300

19 Baixo GuanduEstrada para Itaguaçu isolada. Umapessoa morreu na localidade de AltoJ a c u t i n ga .DESABRIGADOS: 1 53DESALOJADOS: 1 . 1 37

20 Barra de SãoFra n c i s c oRegistro de desabamentos em diver-sas localidades. Centro e outros qua-tro bairros tomados pela água.DESABRIGADOS: 70 0DESALOJADOS: 10.000

21 ColatinaDeslizamentos nos bairros Nossa Se-nhora Aparecida e Santo Antônio, on-de um homem morreu soterrado nomunicípio.DESABRIGADOS: 25DESALOJADOS: 89

22 Conceição da BarraRio Cricaré continua subindo e podedeixar desabrigados a qualquer mo-mento.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: 25

23 Ec o p o ra n gaCidade atingida por deslizamentos deterra. Rotina voltando ao normal.DESABRIGADOS: 15DESALOJADOS: 125

24 G ove r n a d o rL i n d e n b e rgDeslizamentos atingiram o local nachuva do último fim de semana.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: 8

25 I b i ra ç uInterdições, deslizamentos e bueirosdanificados pela força das águas.DESABRIGADOS: 16DESALOJADOS: 61

26 João NeivaQuedas de barreiras, de árvores e es-tradas vicinais danificadas.DESABRIGADOS: 49 8DESALOJADOS: 4

27 L i n h a re sBairros Olaria e Degredo inundados.Pessoas foram retiradas de casa porhelicóptero.DESABRIGADOS: 1 57DESALOJADOS: 1 50

28 MantenópolisRio Manteninha chegou a quase 2,5metros acima do nível normal.DESABRIGADOS: 15DESALOJADOS: 63

29 Nova VenéciaCentro e Cedrolândia, onde houveuma morte, são os mais atingidos.DESABRIGADOS: 300DESALOJADOS: 4

30 Pa n c a sCentro e bairros Vila Nova e Vila Verdetotalmente alagados.DESABRIGADOS: 1.800DESALOJADOS: 20

Reportagem Especial


C H U VA

Ajuda de 1 tonelada em ColatinaO Ginásio de Esportesda Ademc ficou lotadode donativos que foramarrecadados pelaDefesa Civil e pelaAssistência Social

NILO TARDIN

D OAÇ Õ ES foram coletadas no Ginásio de Esportes da Ademc, em Colatina, que serão destinadas aos desabrigados

Mais de uma tonelada deroupas, sapatos, coberto-res, colchões, duas tone-

ladas e meia de alimentos, água ematerial de limpeza foram arreca-dados em Colatina, Noroeste doEstado. As doações serão reverti-das para as vítimas da enchente nacidade e para vítimas de desaba-mentos que moram no município.

A prefeitura montou o “quartelg e n e ra l ” no Ginásio de Esportesda Ademc, que ficou lotado com osdonativos arrecadados pela Defe-sa Civil Estadual e Secretaria deAssistência Social de Colatina.

Dezenas de voluntários, entreestudantes, escoteiros e populares,ajudaram a selecionar milhares depeças de roupas, além de organi-zar a distribuição dos produtos.

Ontem, no primeiro dia de en-tregas, 225 famílias foram atendi-das no Centro de Apoio às Vítimasdas Chuvas, segundo a secretáriade assistência social de Colatina,Fernanda Mota. Ela diz que foramentregues 197 cestas básicas e 250colchões repassados pelo governodo Estado. De acordo com a Defe-sa Civil do município, cerca de 400famílias estão em casas de paren-tes ou em abrigos da prefeitura.

Além disso, cerca de 70 famíliasestão isoladas após a queda deuma barreira no bairro Colúmbia.

“Até o momento, 90 famílias vãoser beneficiadas com o aluguel so-

cial por seis meses, podendo serprorrogado por mais seis, até o ris-co do imóvel ser avaliado. Essaspessoas serão priorizadas no pro-grama Minha Casa, Minha Vida deC ol at in a”, garantiu a secretáriaFernanda Mota.

Pelo menos 440 casas popularesestão em construção no bairro Nil-son Soella 3 pelo governo federal ea previsão de entrega é no segundosemestre do ano que vem, desta-cou Fernanda Mota.

O centro de apoio no ginásio deesportes colatinense vai funcionartodos os dias durante o estado decalamidade, das 7h às 19h.

DONAS DE CASA DESALOJADAS

Irmãs deixam casasapós deslizamento

As donas de casa Jociene MárciaViana, 31, e Josiane Pimenta, 29,são irmãs e tiveram de deixar suasrespectivas casas em Santo Antô-nio, Colatina, no local onde a encos-ta cedeu e matou o ajudante de pe-dreiro André Luiz Ribeiro, 40. Desa-lojadas, elas encontraram abrigocom parentes. “Perdi praticamentet u d o”, desabafou Josiane.

NILO TARDIN

Nível do RioDoce sobe apóschuva forte emMinas Gerais

O nível do Rio Doce voltou a su-bir na noite de ontem em Colatinadevido ao aguaceiro que caiu emMinas Gerais, atingindo a medidade 7 metros acima do nível normal,por volta das 18 horas. Pela previ-são do Sistema de Alerta ContraCheias do Rio Doce, a tendência éque essa medida seja ultrapassadana madrugada de hoje.

O rio Santa Maria também ala-gou as áreas mais baixas dos bair-ros Maria Ismênia e Vila Lenira. Jáa queda de barreira abriu uma gi-gantesca cratera no morro atrás doHospital São José, equivalente a100 caminhões de terra lotados, naestimativa do secretário de Obrasde Colatina, João Goldne.

Segundo ele, o hospital-mater-nidade da rede filantrópica não foiatingido e ninguém ficou ferido.“Assim que estiar, vão começar osserviços de contenção”, afirmou.

NILO TARDIN

RIO DOCE: 7 metros acima do nível

SITUAÇÃO NOS MUNICÍPIOS31 Rio BananalUma das cidades mais atingidas do Es-tado começa a ser reconstruída. Pontosde alagamento por todo o município.DESABRIGADOS: 44DESALOJADOS: 3.000

32 São Domingos doNor teInundações e seis edificações interdi-tadas no município.DESABRIGADOS: 400DESALOJADOS: Não há

33 São Gabriel da PalhaDeslizamentos e enxurradas atingirammais de 100 famílias.DESABRIGADOS: 120DESALOJADOS: 1.000

34 São MateusInundação dos bairros Porto e Maruí,devido ao nível do Rio Cricaré.DESABRIGADOS: 231DESALOJADOS: 46

35 Vila PavãoBarragens rompidas no Córrego Japira

e Córrego Preto.DESABRIGADOS: 80DESALOJADOS: 120

36 Vila ValérioInundações no Centro e áreas rurais.DESABRIGADOS: 16DESALOJADOS: Não há

37 Bom Jesus do NorteCidade voltando à normalidade depoisdas enxurradas.

DESABRIGADOS: 10DESALOJADOS: 53

38 Cachoeiro doI tapemirimDesabamento de muros e interdiçãode avenidas na cidade.DESABRIGADOS: 2DESALOJADOS: 27 3

39 IbatibaRuas do Centro interditadas e casascom risco de desmoronamento.DESABRIGADOS: 10DESALOJADOS: 60

40 J e rô n i m oM o n t e i roSituação já normalizada no municí-pio.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: Não há

41 CariacicaDeslizamentos e alagamentos portoda a cidade.DESABRIGADOS: 13DESALOJADOS: 63

42 VianaInundação nos bairros Bom Pastore Santo Agostinho.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: Não há

43 Vila VelhaAlagamentos e queda de muros.Maior número de desalojados emGuaranhuns e Pontal das Gar-ças.DESABRIGADOS: 348DESALOJADOS: 15 . 0 0 0

44 Se r raInundação em vários pontos, emespecial na Grande Jacaraípe.DESABRIGADOS: 1.200DESALOJADOS: 14

45 VitóriaDeslizamentos de encostas nosbairros Santa Maria, Centro e ForteSão João.DESABRIGADOS: 18DESALOJADOS: 81

46 Fu n d ã oTransbordamento do rio que corta

o município.DESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: 2. 1 3 0

47 G u a ra p a r iEdificações interditadas e deslizamen-tos no bairro IpirangaDESABRIGADOS: Não háDESALOJADOS: 27

Fonte: Defesa Civil Estadual

JOYCE RIBEIRO/FACEBOOK

CAC H O E I R O : bairro Gilberto Machado

WILTON JUNIOR

RIO BANANAL: re c o n s t r u ç ã o

Reportagem Especial


C H U VA

Mais deslizamentos nas rodoviasOnze casos de quedade barreiras foramregistrados somenteontem, interditandotrechos de rodoviasfederais e estaduais

Quem tentou percorrer as es-tradas capixabas durantetodo o dia de ontem preci-

sou redobrar os cuidados e teruma dose a mais de paciência. Fo-ram diversos casos de alagamen-tos, deslizamentos de terra, que-das de barreira, pistas que cede-ram, erosão e acidentes de Norte aSul do Estado.

Todos eles tiveram um fator emcomum: as fortes chuvas que casti-gam o Espírito Santo há mais deuma semana.

Várias rodovias foram atingidas,entre elas as federais BR-262 e BR-101, além das estaduais ES-010,ES-355, ES-462, entre outras.

Dois acidentes nas rodovias quecortam o Espírito Santo foram re-gistrados durante o dia de ontem.Na BR-101 Sul, próximo ao quilô-metro 398, uma carreta-cegonhatombou próximo ao município deIt a p e m i r i m .

Em São Mateus, na altura doquilômetro 63 da BR-101 Norte,um caminhão atingiu um Ford Fo-cus e em seguida, outro carro depasseio, um Fiat Siena. A faixa sulfoi interditada e funcionou no es-quema de pare e siga. Os dois aci-dentes não registraram vítimas.

Um grande número de desliza-mentos de terra e quedas de bar-reira foi registrado. Ontem foram

“Temos um prazolegal de 180 dias

para realizar os reparosnas rodovias federais,mas esperamos terminartudo bem antes disso”Halpher Luiggi, superintendente do Dnit

E R O SÃO

Asfalto cede na Rodovia do ContornoA Rodovia do Contorno teve on-

tem dois casos de erosão. O primei-ro deles, no quilômetro 281, em No-va Rosa da Penha, Cariacica, fez oasfalto ceder. Com isso, uma faixada pista foi interditada.

No quilômetro 287, próximo ao

bairro Flexal, no sentido norte, tam-bém houve problemas com erosão. Apista funcionou com apenas uma fai-xa liberada para os carros.

O superintendente do Departa-mento Nacional de Infraestrutura deTransportes (Dnit), Halpher Luiggi,

afirmou que uma equipe monitora asituação e sinalizou o local.

Ele informou que ainda não háuma previsão para início dos repa-ros, já que é preciso aguardar a dimi-nuição no volume de chuvas queatingem o Estado.

LEONARDO BICALHO/AT

PERIGO NAS ESTRADAS

Alagamentos em rodoviasB R -1 0 1> ONDE: Km 263 e Km 264, na Serra.> SITUAÇÃO: Alagamento em toda a

pista central. Trânsito desviado paraas marginais.

> ONDE: Km 163, em Linhares> SITUAÇÃO: Pista alagada. Tráfego

em sistema de pare e siga, com 9 qui-lômetros de retenção no sentido sule 11 quilômetros no sentido norte.

> ONDE: Km 235, em Timbuí> SITUAÇÃO: Interditada devido à que-

da de barreira no acostamento dapista, no sentido norte.

B R -2 6 2> ONDE: Km 115, km 144 e km 148, em

Conceição do Castelo e Ibatiba> SITUAÇÃO: Quedas de barreiras> ONDE: Km 29> SITUAÇÃO: Erosão na faixa auxiliar,

no lado direito, sentido Vitória x BeloHo r i z o n t e .

ES- 010> ONDE: Entre Jacaraípe e Nova Al-

meida, na Serra> SITUAÇÃO: Trecho da rodovia sofreu

erosão causada pelas águas do mare rompeu. Trânsito está interrompi-do. A alternativa é a BR-101. Local es-tá sinalizado e o DER monitora o tre-cho, com levantamento topográfico.

ES-3 5 5> ONDE: Entre Santa Maria de Jetibá e

Santa Leopoldina> SITUAÇÃO: Muitos pontos de alaga-

mentos e quedas de barreira impe-dindo o trânsito. Equipes estão no lo-cal para remover a terra.

ES- 462> ONDE: Entre Brejetuba e a BR-262> SITUAÇÃO: Há pontos com quedas

de barreira ao longo do trecho. DERestá no local mantendo o tráfego.

ES-3 4 1> ONDE: Entre Pancas e o distrito de

Ângelo Frechiani> SITUAÇÃO: Pista foi rompida pela

força das águas. Equipes do DER es-tão estão mobilizadas para iniciar asintervenções assim que possível.

ES-3 8 1> ONDE: No trecho entre Nova Venécia

e o distrito de Guararema> SITUAÇÃO: Trânsito impedido em ra-

zão da enxurrada que rompeu des-vios das pontes que estão em obras.

ES-3 75> ONDE: Entre Vargem Alta e Iconha> SITUAÇÃO: Uma pedra rolou para a

pista. DER sinalizou o trecho.

Pedras bloqueiammeia pista na BR-262

Uma das faixas do quilômetro 33da BR-262, na Serra da Boa Vista,em Biriricas, Domingos Martins, fi-cou totalmente tomada por pedrasque desmoronaram na tarde de on-tem. A estimativa é de que as pe-dras ultrapassem 30 toneladas.

Uma equipe da Polícia Rodoviá-ria Federal (PRF) sinalizou o trechopara evitar acidentes e, ainda nanoite de ontem, estava prevista aremoção das pedras com a ajuda deequipamentos mecânicos de umaempresa empreiteira do Dnit.

ROBERLY PEREIRA/NOVA COMUNICAÇÃO

Estradas bloqueadase casas destruídas

Várias estradas nos municípiosde Laranja da Terra e Afonso Cláu-dio estão obstruídas por quedas debarreiras causadas pelas chuvas.

A ES-484, que liga Afonso Cláu-dio à Laranja da Terra, ficou par-cialmente interditada no domingo.

Máquinas começaram a removera terra em vários pontos de desliza-mentos ontem. No trecho conheci-do como Reta dos Eucaliptos, ca-sas foram destruídas com a quedade árvores e muita lama que desceude um barranco.

JULIO HUBER

registrados 11 casos, em todo o Es-pírito Santo.

Dois foram na BR-262, próximoa Domingos Martins. O primeiroocorreu na altura do quilômetro32, onde num trecho de três pistas,a terceira faixa foi interditada porcausa de uma queda de barreira.

Pelo mesmo motivo, duas faixasda mesma via foram interditadasno quilômetro 34. A pista funcio-nou no esquema de pare e siga.

De acordo com o superinten-dente do Departamento Nacionalde Infraestrutura de Transportes(Dnit), Halpher Luiggi, há risco dorompimento de trechos de rodo-vias federais e queda de barreiras.

“É o que mais preocupa, porquea quantidade de água que evaporanão é maior do que a quantidadede chuva que está caindo, o que fa-cilita os deslizamentos. Por isso, háoito equipes trabalhando na BR-101 e 12 equipes nas outras rodo-vias federais do Estado”.

Halpher Luiggi afirmou aindaque tão logo diminua a intensida-de das chuvas os reparos serão ini-ciados. “Temos um prazo legal de180 dias para realizar todos essesreparos, mas nossa expectativa éde terminar tudo bem antes dis-so”, afirmou.

Reportagem Especial


O DRAMA DOS MORADORES

Esperança de dias melhoresA professora Maria Aparecida da Silva, 45 anos, se

considera uma pessoa de sorte, pois ainda não preci-sou sair de casa depois do temporal da última semana,que destruiu a estrada que liga Jacaraípe a Nova Al-meida, na Serra.

“Graças a Deus, essa tempestade veio nas férias evamos ter muito tempo e força para nos reerguermosdessa situação, eu tenho fé. Vai parar de chover e otempo vai abrir. Ainda bem que na minha casa a águanão destruiu nada.”

“Não sei como será o Natal este ano”Depois de receber os vizinhos desalojados pelas chuvas,

a advogada Elizabeth Tonini, 60, teve uma surpresa na ma-nhã de ontem. A água atingiu sua casa e os vizinhos tiveramde ir para abrigos.

“Eu estava abrigando meus vizinhos em minha casa, mas,hoje (ontem), o nível da água subiu e eu também tive de sairde casa. Não sei como será o Natal este ano. Minha famíliatoda vinha para cá”, contou a advogada.

Ela afirmou que nunca viu enchente no local onde mora.“Estou aqui há anos e me mudei para cá por ser um localtranquilo. Agora, acho que vou sair daqui.”

Família ilhada em casaA funcionária pública Juliane Alves, 42 anos, está

presa em casa com a família, de oito pessoas, há trêsdias. “Ainda não tive coragem de sair de casa e agra-deço a Deus por morar no segundo andar do prédio enão ter perdido nada”, disse.

Juliane falou que conta com a ajuda dos vizinhos,com barcos, para conseguir água e alimentos para elae a família. “Não sei o que seria de nós sem nossos vi-zinhos, que são anjos e estão se esforçando muito pa-ra ajudar a todos.”

C H U VA

Situação piora em JacaraípeO rio Jacaraípe, naSerra, transbordou eo nível da água subiucerca de dois metros,deixando mais de 500moradores ilhados

FOTOS: ADEMIR RIBEIRO/AT

Os moradores de Parque deJacaraípe, na grande Jaca-raípe, na Serra, tiveram

uma surpresa desagradável na ma-nhã de ontem. O rio Jacaraípetransbordou e o nível da água su-biu cerca de dois metros, deixandocerca de 500 moradores ilhados.

Voluntários com barcos e botesfizeram mutirão para retirar os mo-radores do local atingido pela en-chente, além de levar água e comi-da. “Estamos tentando ajudar osmoradores, trazendo os móveis queainda não estragaram e levandomedicamentos, remédios e água”,disse o estudante André Vinícius,20 anos, um dos voluntários.

Os moradores que estão ilhadosestão sendo levados para abrigosem escolas próximas, de acordocom o coordenador da Defesa Ci-vil da Serra, Darcy Lopes. No en-tanto, o órgão vem encontrandore s i st ê n c i a .

“Muitas pessoas se negam a sairde suas casas, com medo de serem

roubadas. O ideal seria que essaspessoas tivessem ciência da gravi-dade do problema antes de preferi-rem ficar em casa, ilhados”, alertouL o p e s.

De acordo com o prefeito da Ser-ra, Audifax Barcelos, cerca de 1.200moradores do município já estãoabrigados em quatro escolas próxi-mas à região e novos abrigos terãode ser abertos nos próximos dias.

Moradores dos bairros JardimCarapina II, José de Anchieta, Se-te Bicas e Solar de Anchieta – quetambém estão sofrendo com o ala-gamento – estão recebendo ali-mentação e auxílio médico, segun-do a prefeitura.

“Temos 11 abrigos em toda a Ser-ra e estamos providenciando maispara os próximos dias. A prefeitu-ra está trabalhando intensamentepara auxiliar os desalojados. Te-nho ido pessoalmente à casa de ca-da um para pedir que venham co-nosco para os abrigos”, ressaltou op re f e i t o.

Segundo ele, não há preocupa-ções sobre a represa de Capuba, naregião de Jacaraípe, visto que aprefeitura executou obras de dre-nagem no local e continua acom-panhando a situação.

“Estamos drenando a água da-quele local e comemorando, pois onível baixou 80 centímetros e devebaixar ainda mais hoje.”

SALVA-VIDAS USARAM BARCOS para ajudar famílias que ficaram isoladas em casa no bairro Parque de Jacaraípe. Na rua Rio Branco, moradores andaram com água acima da cintura

“Nunca vi uma situação dessas”O comerciante Adelmir Cometti, 59 anos, disse que per-

deu cerca de R$ 20 mil em mercadorias. Ele tem uma pei-xaria em Parque de Jacaraípe, na Serra, e disponibilizou seubarco para ajudar as vítimas da chuva da região. “Es ta m o scirculando durante todo o dia para auxiliar as famílias queestão ilhadas em suas casas, levando água e alimentos.”

Ele contou que se assustou com a altura da água nasruas, que já chega a quase dois metros em alguns trechos.

“Estou há 45 anos em Jacaraípe e nunca vi uma situaçãodessas. Não sei como vamos fazer para nos reerguer depoisdessa enchente”, desabafou.

AJUDA COM CAIAQUE

O AUXILIAR deMarketing AbelA n t ô n i o , 2 6anos, ajudou osvizinhos na en-chente em Jaca-raípe. Ele usoucaiaque para le-var água e comi-da aos morado-res ilhados na re-gião. “Tento aju-dar como posso”,d i ss e .

Reportagem Especial


C H U VA

Ninguém escapa dos buracosNa avenida CarlosLindenberg, em VilaVelha, motoristas epedestres tiveramde enfrentar perigosescondidos pela água

FOTOS: FÁBIO NUNES/AT

M OTO C I C L I STAque levavamulher noc a ro n aderrapou e caiuem buraco naavenida CarlosL i n d e n b e rg ,em Vila Velha,que estavat o ta l m e n t ecoberta pelaságuas da chuva.Em cerca de 20minutos em quea reportagemesteve no local,mais de 10veículos caíram

CENAS DO TRÂNSITO

OS MOTORISTAS que não quiseram se arriscar e passar peloburaco escondido pela água da chuva formaram uma gran-de fila deixando o trânsito complicado na rodovia.

CARROS PEQUENOS passaram sufoco com o nível da águana avenida Carlos Lindenberg, que com o desvio feito pelocaminhões, fazia a água subir na altura do capô do carro.

Protesto e revolta na Rodovia do SolCom medo de que a barreira que

impede as água do Rio Jucu nãoresista às fortes chuvas e inunde osbairros de Pontal das Garças, Darly

RODRIGO GAVINI/AT

M A N I F ESTAÇÃO dos moradores, que bloquearam o trânsito na Rodovia do Sol

As fortes chuva prejudicaramtambém o trânsito de VilaVelha. Além dos pontos de

alagamento, motoristas, motoci-clistas e pedestres que circulavampelo município tiveram de enfren-tar buracos escondidos pela água.

Na avenida Carlos Lindenbergna altura do bairro Cobilândia, veí-culos pequenos e de grande portenão escapavam e caíam nos bura-cos, perdendo placas e até as mer-cadorias que transportavam.

O perigo era ainda maior paramotociclistas e ciclistas que tenta-vam passar pelo local. Em cerca de20 minutos em que a reportagemesteve na avenida, mais de 10 veí-culos caíram.

Segundo o operador de máquinaMarcelo Neves Florêncio, 26, quesocorreu um motociclista que caiucom uma mulher, o trânsito no lo-cal estava abandonado. “Não temninguém da prefeitura aqui paraajudar e como o buraco está muitogrande o local está perigoso paracarros grandes e pequenos”, disse.

O mecânico Nelson David Con-ceição Santana, 30, que passavapelo trecho, resolveu ficar no localpara alertar as pessoas do perigo.

“Com a chuva, três buracosgrandes foram formados e estãotapados com a água, os motoristaspassam pelo local e acabam caindodentro das crateras. Estamos aquipara avisar e ajudar as pessoas quenão conseguem desviar e acabamse acidentando”.

Um caminhão de bebidas tom-bou e a carga ficou espalhada pelapista ao passar por um desses bura-cos na avenida. Os funcionários deuma empresa próxima que ajuda-ram a resgatar a mercadoria.

Além do trecho próximo ao bair-

ro Cobilândia, uma obra perto daconcessionária Renault ajudou apiorar a situação na pista. No localhá muitos buracos, e os carros pre-cisavam passar devagar, o que dei-xou o trânsito ainda mais lento.

Alguns pedestres e ciclistas tam-bém se arriscavam e pegavam ca-rona em caminhões de transporta-doras, na avenida. Um deles puloudo carro em movimento e quasefoi parar debaixo da roda.

À tarde, a Guarda Municipalorientou os motoristas sobre osburacos e conduziu aqueles quequiseram retornar por um desviofeito no canteiro central pela pró-pria Guarda.

Segundo a prefeitura, o buracotinha meio metro de profundidadee foi tampado de forma emergen-cial com pedras e terra.

Santos, Vila Guaranhus, Guara-nhus, Jardim Guaranhus, Jockey eNova Itaparica e parte de Araçás,os moradores invadiram a Rodovia

do Sol e bloquearam o trânsito, porvolta das 15 horas de ontem, comoforma de protesto.

A intenção dos moradores era dechamar a atenção do prefeito deVila Velha, Rodney Miranda, e co-brar soluções imediatas para osproblemas dos alagamentos, alémde exigir uma bomba permanenteno dique.

“Queremos que o prefeito dêuma solução imediata para essa si-tuação, não podemos deixar nos-sas famílias na água em pleno Na-tal”, disse o morador do bairro Jar-dim Guaranhus, Gilmar da Silva.

Durante o protesto, apenas umapista foi liberada para que os car-ros passassem a pedido da polícia,que apenas observou o protesto.

Enquanto uns faziam manifes-tações na via, outros moradores de

Pontal das Garças se ajudavam pa-ra recuperar as poucas coisas queainda restavam, com medo de umatragédia maior caso o dique do Ju-cu se rompesse.

“Fiquei sabendo que faltam ape-nas 60 centímetros para o diquetransbordar e por isso vim buscarmeus filhos e minha esposa”, disseRoger Nunes, de 49 anos.

O subsecretário de Obras de Vila

Velha, Gustavo Perin, afirmou queos moradores não precisam sepreocupar, pois a situação já estáreestabelecida. “Os moradores mepediram uma medida emergen-cial. Por conta disso, conseguimosuma bomba de 1.000 metros cúbi-cos por hora de água. Capacidademaior que a atual, que é de 600metros cúbicos. A bomba está sen-do instalada, e o término aconte-cerá até amanhã”, explicou.

O comandante-geral do Corpode Bombeiros, Coronel EdmiltonVieira, disse que o dique estavatransbordando e, por isso, haviarisco sim de rompimento, masequipes foram ao local para esva-ziá-lo com bombas em um metrode profundidade. “Se nossas equi-pes não tivessem ido até lá, o diquejá teria rompido”.

“Me pediramuma medida

emergencial. Conseguiuma bomba de maiore sco a m e n to”Gustavo Perin,subsecretário de obras de Vila Velha

Reportagem Especial


C H U VA

Tempo melhora só em 2014Chuva, que já éconsiderada a pior doEstado, só vai parar navirada do ano. Na noitede hoje, previsão é deque temporal dê trégua

FERNANDO RIBEIRO/AT

MORADORES do bairro Parque de Jacaraípe, na Serra, precisam contar com a ajuda de barco para se locomover

A chuva que já é consideradaa pior da história do Estado,se considerar o volume de

chuva e a área afetada, deve passarsomente após a virada do ano.

De acordo Josélia Pegorim, me-teorologista do Climatempo, aschuvas devem continuar, já que aregião ainda continua sob influên-cia da Zona de Convergência doAtlântico Sul (ZCAS). “Devido àZona de Convergência choveu, em23 dias, 55% do que era esperadopara toda a região da Grande Vitó-ria neste ano”, informou.

“Esse fenômeno costuma trazermuita umidade, principalmentepara os estados da região Sudeste,Centro-Oeste e Norte”, explicou.

O diretor-presidente do Institu-

to Capixaba de Pesquisa, Assistên-cia Técnica e Extensão Rural (In-caper), Evair Vieira de Melo, lem-brou que o solo já não tem tantacapacidade para absorver a águadas próximas chuvas.

“As chuvas têm sido tão fortes econstantes que o solo já está muitoencharcado e já tem dificuldadepara escoar até mesmo uma chuvaf ra c a ”, alertou Melo.

Ao comentar a situação, o dire-tor-presidente lembrou a enchen-te de 1979. “Naquele ano, foi dife-rente. As chuvas se concentrarammais na bacia do Rio Doce e provo-caram grande estrago. Neste ano,as chuvas foram mais bem distri-buídas por todas as regiões do Es-tado”, lembrou.

Ainda sobre 1979, Melo acres-centou que naquela época choveumuito durante 35 dias e deixou 42m o r t o s.

“Em comparação com aquelaépoca, temos instrumentos de me-dição e sistemas de alerta muitomais eficientes. Isso faz com que aperda de vidas seja consideravel-mente menor”, salientou. JOSÉLIA PEGORIM M ET EO RO LO G I STA

“700 mm de chuva em 23 dias”De acordo com a meteorologista

do Climatempo Josélia Pegorim,em 23 dias já choveu o dobro doesperado para todo o mês de de-zembro na Grande Vitória.

A TRIBUNA – O que pode expli-car essa grande quantidade dechuva no Espírito Santo?

JOSÉLIA PEGORIM – A respon-sável é a Zona de Convergência doAtlântico Sul. Graças a ela, choveuno Estado mais de 700 milímetrosem apenas 23 dias. É o dobro do es-perado para dezembro e cerca de55% do esperado para todo o ano.

> Essa zona de convergência écomum?

Ela é relativamente comum.

Sempre que ela vem mais fortecausa estragos. Os estados de SãoPaulo, Rio de Janeiro e Minas Ge-rais também já foram atingidospor esse fenômeno em anos ante-riores, causando grandes tragédiasnessas localidades.

> As chuvas na região devemcontinuar?

Infelizmente, sim. E o Estado vaidemorar a se recuperar de toda essaquantidade de chuva. Vai ser neces-sário uma ou duas semanas de soldireto para a recuperação do solo.

> Existe uma região que preci-se de mais atenção?

A bacia do Rio Doce mereceatenção, já que estão previstas

chuvas para o leste de Minas Ge-rais. O Rio Doce começou a encherem novembro, então, não foi possí-vel dar vazão a toda essa água queveio agora.

> Quais os principais proble-mas com toda essa quantidadede chuva?

Mais que todos os alagamentos eenxurradas, acredito que os maio-res problemas sejam as estradas. Odesmoronamento de barreiras po-de acontecer a qualquer momentoe interromper as estradas, ou atémesmo causar alguma tragédiamaior. Não aconselho viagens en-tre as cidades do Espírito Santonesta época do ano.

Área afetada é a maior da históriaSegundo o governador Renato

Casagrande, não há registros deestragos causados por chuva emuma área tão extensa quanto adeste ano.

“Essa é uma das maiores tragé-dias no seu impacto, pela quanti-dade de chuva. Tivemos tragédiasmuito fortes em 1979, quando mais

pessoas perderam a vida, mas essaestá atingindo mais pessoas pelaquantidade de áreas alagadas. Emtermos de quantidade de chuvacertamente é a maior da históriarecente do Estado do Espírito San-to”, afirmou Casagrande ontem,durante reunião com autoridadesno Palácio Anchieta.

O diretor-presidente do Incaper,Evair Vieira de Melo, ressaltou queuma avaliação mais precisa dacomparação com a enchente de1979 vai ser feita depois que passa-rem 35 dias do início da chuva. “Va -mos fazer isso para igualar o perío-do das duas chuvas e fazer as com-parações com mais segurança.”

GUSTAVO FORATTINI/AT

EM VILA VELHA, até caixa d'água é usada como transporte. Situação também é grave em Santa Leopoldina

FO N T E : Meteorologistas consultados.

1 N u ve n sA tempestadeocorre porque, comas temperaturasmuito altas, o arquente soberapidamente ese condensa.

1

2Ar quentecondensando

R ajadade vento

Super fícieterrestre

2 Ve n t o sOs ventos de altavelocidade se formamnas correntes de arque sobem e descemdentro das nuvens. Háventos descendentesque saem da base denuvem em altavelocidade e chegamà superfície terrestre.

InfluênciaAs chuvas tiveram influênciada zona de convergênciade umidade, que vem daAmazônia. Também conhecidacomo canal de umidade.

Motivos da chuva Fenômeno típico do verão

B R AS I L

Es p í r i t oSa n t o

Amazônia

Canal de umidade

MÁXIMA MÍNIMA

SAIBA MAIS

20 MM 29º 21º

As temperaturas máxima emínima de hoje devem ser:

NA GRANDE VITÓRIA,17.195 pessoas precisaramdeixar suas casas devidoàs chuvas.

Es t i m a t i va> A PREVISÃO É QUE pare de chover

apenas após a virada do ano. Achuva deve perder força na próxi-ma sexta-feira.

Fo n t e : Climatempo, Incaper e Defesas Civis.

Previsão de chuva parahoje na Grande Vitória:

OBS.: Cada milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado.

PARTICIPARAM DESTA REPORTAGEM: Alessandro de Paula, Andréa Nunes, Dean Nonato, Débora Pedroza,Giordany Bossato, Giovani Pagoto, Jeniffer Trindade, Julio Huber, Leonardo Heitor, Lorrany Martins, Nilo Tardin,

Rebeca Santos e Wilton Junior.

RODRIGO GAVINI/AT

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