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305 Psicologia: Teoria e Pesquisa Set-Dez 2006, Vol. 22 n. 3, pp. 305-316 volvdos: a) percepção, avalação e expressão da emoção (percepção de emoções); b) a emoção como facltadora do pensamento (facltação do pensamento); c) compreensão e análse de emoções, e emprego do conhecmento emoconal (conhecmento emoconal) e d) controle reflexvo de emo- ções para promover o crescmento emoconal e ntelectual (regulação emoconal) (Mayer & Salovey, 1997). O nível da percepção, avalação e expressão da emo- ção abrange desde a capacdade de dentficar emoções em s mesmo, em outras pessoas e em objetos ou condções físcas, até a capacdade de expressar essas emoções e as necessdades a elas relaconadas, nclundo a capacdade de avalar a autentcdade de uma expressão emoconal, detec- tar sua veracdade, falsdade ou tentatva de manpulação. A emoção como facltadora do ato de pensar dz respeto à utlzação da emoção como um sstema de alerta, que drge a atenção e o pensamento para as nformações (nternas ou externas) mas mportantes. A capacdade de gerar sent- mentos em s mesmo pode ajudar uma pessoa a decdr, fun- conando como um ensao, no qual as emoções são geradas, sentdas, manpuladas e examnadas antes da tomada de decsão. O nível da compreensão e análse de emoções (co- nhecmento emoconal) nclu desde a capacdade de rotular O conceto de ntelgênca emoconal é relatvamente novo em Pscologa. Sua proposção se assenta na tese de que há um conjunto de habldades cogntvas envolvdas no processamento de nformações carregadas de afeto. Salovey e Mayer (1990) a definram, ncalmente, como um con- junto de habldades relaconadas à percepção, expressão e regulação das emoções em s mesmo e nos outros, e à utl- zação das emoções para motvar, planejar e atngr objetvos na vda. Posterormente, apresentaram um modelo de ntel- gênca emoconal, no qual o processamento de nformações emoconas é explcado por meo de um sstema de quatro níves. Em cada nível há uma organzação herárquca, de acordo com a complexdade dos processos pscológcos en- 1 Este manuscrto é dervado de uma pesqusa desenvolvda na dscplna de Prátcas Investgatvas em Pscologa (PIP), do curso de Pscologa, da Unversdade Presbterana Mackenze, entre agosto de 2003 e junho de 2004. Os autores reconhecem e agradecem a partcpação de Camla Pnhero de Fretas, Danela Souzedo, Fernando Tomasauskas Coelho Prado, Julana Call Neves, Julana Lopez Braga, Luz Eduardo Mendes Gonçalves Flho, Moses Song, Thago Camargo Kastrup e Tâmara Trevsan Ramalho 2 Endereço: Rua da Consolação, 930, CCBS, Consolação, São Paulo, SP, Brasl, 01302-907. E-mail: [email protected] Inteligência Emocional em Estudantes Universitários 1 José Mauríco Haas Bueno 2 Universidade São Francisco Prsclla Rodrgues Santana Julana Zerbn Thales Barbosa Ramalho Universidade Presbiteriana Mackenzie RESUMO – O propósto deste estudo fo nvestgar as propredades pscométrcas de um nstrumento para avalação da ntelgênca emoconal traduzdo do nglês para o português (MSCEIT), no contexto cultural braslero. O nstrumento fo aplcado a 334 partcpantes da pesqusa, de ambos os sexos (58,1% de mulheres e 41,9% de homens), unverstáros dos cursos de Pscologa (42,8%), Comuncação e Artes (39,5%) e Engenhara Cvl (17,7%), com méda de dade de 20,5 anos (DP=3,3). Os resultados ndcaram boa consstênca nterna em todas as escalas do nstrumento, com coeficentes alfa varando de 0,636 a 0,918. Também foram encontradas dferenças sgnficatvas entre gêneros em favor das mulheres, e entre cursos, em favor da Pscologa. Concluu-se que o nstrumento apresenta boas propredades pscométrcas para ser utlzado com população equvalente à deste estudo. Palavras-chave: avalação pscológca; valdade; propredades pscométrcas. Emotional Intelligence in University Students ABSTRACT – The am of ths study was to nvestgate the psychometrc propertes of an nstrument to evaluate the emotonal ntellgence translated from Englsh to Portuguese, n the Brazlan cultural context. It was admnstered to 334 partcpants of both sexes (41.9% males and 58.1% females). They were unversty students of Psychology (42.8%), Communcaton and Arts (39.5%) and Cvl Engneerng (17.7%), wth a mean age of 20.5 years old. (SD=3.3). The results ndcated a good n- ternal consstency for all scales of the nstrument, wth alpha coefficents varyng from 0.636 to 0.918. Sgnficant dfferences were also found between genders, favorng women, and between courses, favorng Psychology students. We conclude that the nstrument presents good psychometrc propertes to be used wth a populaton equvalent to ths study. Key words: psychologcal assessment; valdty; psychometrc properte.

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Psicologia: Teoria e Pesquisa

Set-Dez 2006, Vol. 22 n. 3, pp. 305-316

volv�dos: a) percepção, aval�ação e expressão da emoção (percepção de emoções); b) a emoção como fac�l�tadora do pensamento (fac�l�tação do pensamento); c) compreensão e anál�se de emoções, e emprego do conhec�mento emoc�onal (conhec�mento emoc�onal) e d) controle reflex�vo de emo-ções para promover o cresc�mento emoc�onal e �ntelectual (regulação emoc�onal) (Mayer & Salovey, 1997).

O nível da percepção, aval�ação e expressão da emo-ção abrange desde a capac�dade de �dent�ficar emoções em s� mesmo, em outras pessoas e em objetos ou cond�ções fís�cas, até a capac�dade de expressar essas emoções e as necess�dades a elas relac�onadas, �nclu�ndo a capac�dade de aval�ar a autent�c�dade de uma expressão emoc�onal, detec-tar sua verac�dade, fals�dade ou tentat�va de man�pulação. A emoção como fac�l�tadora do ato de pensar d�z respe�to à ut�l�zação da emoção como um s�stema de alerta, que d�r�ge a atenção e o pensamento para as �nformações (�nternas ou externas) ma�s �mportantes. A capac�dade de gerar sent�-mentos em s� mesmo pode ajudar uma pessoa a dec�d�r, fun-c�onando como um ensa�o, no qual as emoções são geradas, sent�das, man�puladas e exam�nadas antes da tomada de dec�são. O nível da compreensão e anál�se de emoções (co-nhec�mento emoc�onal) �nclu� desde a capac�dade de rotular

O conce�to de �ntel�gênc�a emoc�onal é relat�vamente novo em Ps�colog�a. Sua propos�ção se assenta na tese de que há um conjunto de hab�l�dades cogn�t�vas envolv�das no processamento de �nformações carregadas de afeto. Salovey e Mayer (1990) a defin�ram, �n�c�almente, como um con-junto de hab�l�dades relac�onadas à percepção, expressão e regulação das emoções em s� mesmo e nos outros, e à ut�l�-zação das emoções para mot�var, planejar e at�ng�r objet�vos na v�da. Poster�ormente, apresentaram um modelo de �ntel�-gênc�a emoc�onal, no qual o processamento de �nformações emoc�ona�s é expl�cado por me�o de um s�stema de quatro níve�s. Em cada nível há uma organ�zação h�erárqu�ca, de acordo com a complex�dade dos processos ps�cológ�cos en-

1 Este manuscr�to é der�vado de uma pesqu�sa desenvolv�da na d�sc�pl�na de Prát�cas Invest�gat�vas em Ps�colog�a (PIP), do curso de Ps�colog�a, da Un�vers�dade Presb�ter�ana Mackenz�e, entre agosto de 2003 e junho de 2004. Os autores reconhecem e agradecem a part�c�pação de Cam�la P�nhe�ro de Fre�tas, Dan�ela Souzedo, Fernando Tomasauskas Coelho Prado, Jul�ana Cal�l Neves, Jul�ana Lopez Braga, Lu�z Eduardo Mendes Gonçalves F�lho, Moses Song, Th�ago Camargo Kastrup e Tâmara Trev�san Ramalho

2 Endereço: Rua da Consolação, 930, CCBS, Consolação, São Paulo, SP, Bras�l, 01302-907. E-mail: [email protected]

Inteligência Emocional em Estudantes Universitários1

José Mauríc�o Haas Bueno2

Universidade São FranciscoPr�sc�lla Rodr�gues Santana

Jul�ana Zerb�n�Thales Barbosa Ramalho

Universidade Presbiteriana Mackenzie

RESUMO – O propós�to deste estudo fo� �nvest�gar as propr�edades ps�cométr�cas de um �nstrumento para aval�ação da �ntel�gênc�a emoc�onal traduz�do do �nglês para o português (MSCEIT), no contexto cultural bras�le�ro. O �nstrumento fo� apl�cado a 334 part�c�pantes da pesqu�sa, de ambos os sexos (58,1% de mulheres e 41,9% de homens), un�vers�tár�os dos cursos de Ps�colog�a (42,8%), Comun�cação e Artes (39,5%) e Engenhar�a C�v�l (17,7%), com méd�a de �dade de 20,5 anos (DP=3,3). Os resultados �nd�caram boa cons�stênc�a �nterna em todas as escalas do �nstrumento, com coefic�entes alfa var�ando de 0,636 a 0,918. Também foram encontradas d�ferenças s�gn�ficat�vas entre gêneros em favor das mulheres, e entre cursos, em favor da Ps�colog�a. Conclu�u-se que o �nstrumento apresenta boas propr�edades ps�cométr�cas para ser ut�l�zado com população equ�valente à deste estudo.

Palavras-chave: aval�ação ps�cológ�ca; val�dade; propr�edades ps�cométr�cas.

Emotional Intelligence in University Students

ABSTRACT – The a�m of th�s study was to �nvest�gate the psychometr�c propert�es of an �nstrument to evaluate the emot�onal �ntell�gence translated from Engl�sh to Portuguese, �n the Braz�l�an cultural context. It was adm�n�stered to 334 part�c�pants of both sexes (41.9% males and 58.1% females). They were un�vers�ty students of Psychology (42.8%), Commun�cat�on and Arts (39.5%) and C�v�l Eng�neer�ng (17.7%), w�th a mean age of 20.5 years old. (SD=3.3). The results �nd�cated a good �n-ternal cons�stency for all scales of the �nstrument, w�th alpha coeffic�ents vary�ng from 0.636 to 0.918. S�gn�ficant d�fferences were also found between genders, favor�ng women, and between courses, favor�ng Psychology students. We conclude that the �nstrument presents good psychometr�c propert�es to be used w�th a populat�on equ�valent to th�s study.

Key words: psycholog�cal assessment; val�d�ty; psychometr�c propert�e.

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J. M. H. Bueno e cols

emoções, englobando a capac�dade de �dent�ficar d�ferenças e nuances entre elas (como gostar e amar), até a compre-ensão da poss�b�l�dade de sent�mentos complexos (como amar e od�ar uma mesma pessoa), bem como as trans�ções de um sent�mento para outro (como a de ra�va para a ver-gonha). F�nalmente, o controle reflex�vo das emoções para promover o cresc�mento emoc�onal e �ntelectual refere-se à capac�dade de tolerar reações emoc�ona�s, agradáve�s ou desagradáve�s, compreendê-las sem exagero ou d�m�nu�ção de sua �mportânc�a, controlá-las ou descarregá-las no mo-mento apropr�ado (Mayer & Salovey, 1997).

Instrumentos de Medida e Critérios de Pontuação

Toda propos�ção teór�ca em Ps�colog�a deve ser segu�da pela real�zação de estudos que forneçam ev�dênc�as de sua correspondênc�a com o mundo real. Ass�m, o problema que surg�u após a defin�ção da �ntel�gênc�a emoc�onal e de um modelo estrutural para representá-la, fo� o da construção de um �nstrumento com boas propr�edades ps�cométr�cas para mensurá-la.

Do�s t�pos de �nstrumentos têm s�do ut�l�zados para ava-l�ação da �ntel�gênc�a emoc�onal: �nventár�os de auto-relato e testes de desempenho. O pr�me�ro t�po, no qual o �nd�víduo dá sua op�n�ão a respe�to de seu própr�o comportamento, tem s�do o ma�s ut�l�zado por pesqu�sadores da área (Bar-On, 1996; Moss, Hunt, Onwake & Jex, 1925; O’Sull�van & Gu�lford, 1966; Schutte & cols., 1998). As med�das por desempenho se base�am na apresentação de tarefas-proble-ma, cuja resolução depende da ut�l�zação da função men-tal que se deseja aval�ar. Esse t�po de �nstrumento tem s�do largamente empregado em mensurações da �ntel�gênc�a, ao passo que os �nstrumentos de auto-relato têm s�do ut�l�zados com sucesso para a aval�ação de traços de personal�dade (Mayer, Caruso & Salovey, 2000).

Quando se opta pela ut�l�zação de um �nstrumento base-ado no desempenho do suje�to para aval�ação da �ntel�gênc�a emoc�onal, surge um outro problema: que cr�tér�o ut�l�zar para a atr�bu�ção de pontos às respostas dos suje�tos? Essa é a pr�nc�pal d�ferença entre um �nstrumento de auto-relato e um baseado no desempenho do suje�to. O pr�me�ro cons�-dera a resposta como uma descr�ção do �nd�víduo, em que não há resposta correta, mas a resposta que se apl�ca àquele caso; enquanto o segundo pressupõe uma resposta correta para cada �tem, escolh�da por pr�ncíp�os lóg�cos.

C�nco métodos de atr�bu�ção de pontos foram encontra-dos na l�teratura (Mayer, D�Paolo & Salovey, 1990; Mayer & Geher, 1996). O ma�s ut�l�zado em pesqu�sas é baseado na concordânc�a com o consenso. De acordo com este mé-todo, a pontuação do suje�to em cada �tem é proporc�onal à porcentagem de suje�tos que escolheram a mesma opção que ele (Mayer & cols., 1990). Outra poss�b�l�dade é ut�l�-zar o método da concordânc�a com espec�al�stas. Por este método, o suje�to recebe um ponto sempre que sua resposta concorda com a aval�ação real�zada por profiss�ona�s (es-

pec�al�stas), que ut�l�zam pesqu�sas e teor�as relac�onadas ao tema para defin�r uma resposta correta. Semelhante ao anter�or, o método da concordânc�a com a pessoa-alvo tam-bém atr�bu� um ponto ao suje�to, toda vez que sua resposta concordar com a resposta da pessoa que produz�u o estímu-lo ut�l�zado na tarefa (por exemplo, um relato verbal, uma expressão fac�al). Outros do�s cr�tér�os, mu�to pouco ut�l�za-dos, foram o da �ntens�dade e o da ampl�tude das emoções perceb�das, que correspondem à méd�a e ao desv�o padrão das respostas dos suje�tos ao longo de todos os �tens de cada escala, respect�vamente.

Ao longo do estudo da �ntel�gênc�a emoc�onal alguns �nstrumentos foram ut�l�zados para mensurá-la, ou por desempenho ou por auto-relato. Uma breve descr�ção dos pr�nc�pa�s �nstrumentos e suas propr�edades ps�cométr�cas é apresentada a segu�r.

Os pr�nc�pa�s �nstrumentos por auto-relato são: Bar-On Emotional Quocient Inventory – EQ-� (Bar-On, 1996, 1997) e o Emotional Intelligence Scale – EIS (Schutte & cols., 1998). A Emotional Intelligence Scale é uma escala un�fa-tor�al composta por 33 �tens, que fo� construída com base no modelo de �ntel�gênc�a emoc�onal de Salovey e Mayer (1990). O Bar-On Emotional Quotient Inventory - EQ-i cons�ste em um �nstrumento com 133 �tens, que se agrupam formando c�nco escalas e 15 subescalas: A escala relac�o-nada a aspectos �ntrapessoa�s é formada pelos subfatores auto-respe�to, auto-conhec�mento, assert�v�dade, �ndepen-dênc�a e auto-atual�zação; a escala relac�onada a aspectos �nterpessoa�s é formada pelas subescalas de empat�a, res-ponsab�l�dade soc�al e relac�onamento �nterpessoal; a escala de adaptab�l�dade é formada pelo teste de real�dade, de fle-x�b�l�dade e de solução de problemas; a escala de gerenc�a-mento do stress é formada pela soma dos fatores tolerânc�a ao stress e controle dos �mpulsos; e a escala dos humores gera�s é const�tuída a part�r das subescalas de ot�m�smo e fel�c�dade.

Os pr�nc�pa�s �nstrumentos de aval�ação da �ntel�gênc�a emoc�onal por desempenho são: a Multifactor Emotional Intelligence Scale – MEIS (Mayer, Salovey & Caruso, 1997) e o Mayer-Salovey-Caruso Emotional Intelligence Test – MSCEIT V2.0 (Mayer, Salovey & Caruso, 2002). Ambas �nvest�gam as quatro hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal (Mayer & Salovey, 1997): percep-ção de emoções, fac�l�tação do pensamento, conhec�mento emoc�onal e regulação emoc�onal.

O MSCEIT V2.0 (Mayer & cols., 2002) é uma versão apr�morada da MEIS, em que cada um dos quatro e�xos da �ntel�gênc�a emoc�onal, anter�ormente descr�tos, é aval�ado por do�s t�pos de tarefas. É composto por 141 �tens que es-tão d�spostos em o�to seções, denom�nadas por letras (A a H). As seções A e E são dest�nadas a aval�ar a capac�dade de perceber emoção em faces e pa�sagens, respect�vamente; as seções B e F aval�am a capac�dade de ut�l�zação da emoção para fac�l�tação do pensamento; a compreensão de emoções é aval�ada nas seções C e G; e a regulação das emoções é aval�ada nas seções D e H.

Ass�m, percebe-se que há atualmente do�s t�pos de �ns-

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Inteligência Emocional

trumentos construídos para a mensuração da �ntel�gênc�a emoc�onal: os baseados em auto-relato e os baseados em desempenho. Subjacente a cada um deles há concepções d�st�ntas de �ntel�gênc�a emoc�onal. Os estudos de val�dade e prec�são desses �nstrumentos ajudam a esclarecer sobre a natureza dessas concepções. Por �sso, alguns desses estudos são relatados a segu�r.

Estudos de Validade e Precisão

O MSCEIT V2,0 é a versão ma�s apr�morada de um �nstrumento baseado em desempenho para mensuração da �ntel�gênc�a emoc�onal. A anál�se da estrutura fator�al desse �nstrumento revelou a poss�b�l�dade de trabalho cons�stente com um, do�s e quatro fatores. O modelo com quatro fato-res corresponde às pontuações nas quatro hab�l�dades rela-c�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal: percepção de emoções, fac�l�tação do pensamento, compreensão emoc�onal e regu-lação emoc�onal. O modelo com do�s fatores apresenta uma pontuação para cada uma das áreas experimental (percep-ção de emoções e fac�l�tação de pensamento) e estratégica (compreensão e regulação emoc�onal). O modelo un�fato-r�al corresponde à reun�ão das o�to subescalas do MSCEIT em um resultado global de �ntel�gênc�a emoc�onal (Mayer & cols., 2002).

A l�teratura tem apresentado algumas contrad�ções em relação à fided�gn�dade dessas pontuações. Brackett e Mayer (2001) relatam uma prec�são de 0,86 – pelo método do teste-reteste – para a pontuação total no MSCEIT. Em outro estudo, a prec�são pelo método das metades, obt�da sobre as pontuações pela concordânc�a com o consenso, fo� de 0,93 para a pontuação total em �ntel�gênc�a emoc�onal, 0,90 para a área exper�enc�al, 0,88 para a área estratég�ca, 0,91 em percepção de emoções, 0,79 em fac�l�tação do pen-samento, 0,80 em compreensão emoc�onal, e 0,83 em regu-lação emoc�onal. A fided�gn�dade das pontuações nas o�to subescalas do teste fo� aval�ada por me�o do coefic�ente alfa de Cronbach e at�ng�u 0,80 e 0,88 para faces e pa�sagens, respect�vamente, mas var�ou de 0,64 a 0,70 nas outras se�s subescalas do �nstrumento (Mayer, Salovey, Caruso & S�ta-ren�os, 2003).

Em um estudo real�zado com o MSCEIT no Bras�l (Co-bêro, 2004), os coefic�entes alfa de Cronbach var�aram de 0,42 a 0,84. Foram menores que 0,60 nas provas de trans�ção (α=0,42) e m�stura (α=0,44), e, consequentemente, na ha-b�l�dade relac�onada ao conhec�mento emoc�onal (α=0,52), sendo cons�derados �nsat�sfatór�os nessas provas. S�tuaram-se entre 0,6 e 0,7 nas provas de percepção de emoções em faces (α=0,69), fac�l�tação (α=0,65), sensação (α=0,63) e gerenc�amento emoc�onal (α=0,67), e na hab�l�dade de fa-c�l�tação do pensamento. Na área estratég�ca (α=0,72) e na hab�l�dade relac�onada à regulação emoc�onal, os coefic�en-tes s�tuaram-se entre 0,7 e 0,8. F�nalmente, foram obt�dos alfas ac�ma de 0,8 na prova de percepção de emoções em pa�sagens (α=0,84), na hab�l�dade relac�onada à percepção de emoções (α=0,84), na área estratég�ca (α=0,84) e na

pontuação total em �ntel�gênc�a emoc�onal (α=0,84).As pesqu�sas também têm mostrado que as pontuações

em �ntel�gênc�a emoc�onal apresentam comportamentos d�s-t�ntos quando obt�das por auto-relato ou por desempenho. Aval�ações por auto-relato apresentam correlações ma�s cons�stentes com traços de personal�dade, espec�almente com os c�nco grandes fatores, e ma�s fracas com hab�l�dades cogn�t�vas (Fukun�sh� & cols. 2001; Kohan, 2003; Saklo-fske, Aust�n & M�nsk�, 2003), enquanto as mensurações por desempenho têm apresentado correlações ma�s cons�stentes com outras hab�l�dades cogn�t�vas, e ma�s fracas com traços de personal�dade (Dav�es, Stankov & Roberts, 1998; Caru-so, Mayer & Salovey, 2002; Graves, 2000; Roberts, Ze�dner & Matthews, 2001).

Esses resultados levaram Petr�des e Furnham (2000) a proporem uma d�st�nção entre os traços de �ntel�gênc�a emoc�onal e o processamento de �nformações de �ntel�gên-c�a emoc�onal. Enquanto os traços apontam para o grande domín�o da personal�dade, o processamento de �nformações emoc�ona�s se const�tu� em um novo terr�tór�o no campo das hab�l�dades cogn�t�vas.

No Bras�l, Bueno e Pr�m� (2003) apl�caram a prova de percepção de emoções da MEIS em estudantes de Ps�colo-g�a, e encontraram correlação pos�t�va com a escala de ad-m�n�stração da �magem do 16PF e negat�va com o traço de �mag�nação. Resultados semelhantes foram encontrados por Cobêro (2004), que apl�cou o MSCEIT e obteve correlações ba�xas (em torno de 0,3) e s�multâneas entre as hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, �ntel�gênc�a geral e traços de personal�dade. Nesse estudo, a �ntel�gênc�a emo-c�onal apresentou correlações s�gn�ficat�vas e negat�vas com o traço de �mag�nação, e pos�t�vas com o traço de autocon-trole e com a escala de adm�n�stração da �magem do 16PF. Ao lado d�sso, também foram encontradas correlações po-s�t�vas e s�gn�ficat�vas da �ntel�gênc�a emoc�onal com med�-das de rac�ocín�o verbal, abstrato, numér�co e espac�al.

Contudo, há algumas convergênc�as entre as aval�ações real�zadas com esses do�s t�pos de �nstrumentos, como por exemplo, no que se refere ao desempenho de homens e mu-lheres. As pesqu�sas parecem apontar, cons�stentemente, para o melhor desempenho das mulheres em relação aos homens, �ndependentemente do t�po de �nstrumento ut�l�-zado, e até do me�o cultural em que as pesqu�sas foram re-al�zadas.

Diferenças Entre Gêneros

D�versos estudos têm �nvest�gado as d�ferenças entre gê-neros no que se refere à �ntel�gênc�a emoc�onal. Por exem-plo, Petr�des, Furnham e Mart�n (2004) �nformam que a �ntel�gênc�a emoc�onal é perceb�da s�stemat�camente como um atr�buto fem�n�no e o QI como mascul�no. Tal crença na super�or�dade das mulheres em relação aos homens, no que d�z respe�to à �ntel�gênc�a emoc�onal, pode estar relac�onada ao fato de que as mulheres demonstram ma�or competênc�a soc�al. O estudo de Sutarso (1999), por exemplo, ver�ficou

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J. M. H. Bueno e cols

que as mulheres entre 20 e 40 anos obt�veram ma�or pontua-ção do que os homens da mesma fa�xa etár�a, tanto no esco-re total quanto nas subescalas do EQ-� (Bar-On, 1996).

Resultado semelhante fo� encontrado em um estudo, que �nvest�gou a relação entre competênc�a emoc�onal e soc�al entre adolescentes. Esse estudo �nd�cou que, em-bora o gênero não tenha �nfluenc�ado as relações entre as var�áve�s emoc�ona�s e soc�a�s, as adolescentes obt�veram escores s�gn�ficat�vamente ma�ores do que os rapazes em todas as med�das de desempenho soc�al (Vorbach, 2002). Em um outro estudo com adolescentes, Charbonneau e N�col (2002) compararam �ntel�gênc�a emoc�onal e com-portamento pró-soc�al (N=134, �dades entre 13 e 18 anos). Observaram que jovens do sexo fem�n�no pontuaram ma�s alto do que os jovens do sexo mascul�no, embora não s�g-n�ficat�vamente, em �ntel�gênc�a emoc�onal, altruísmo, consc�ênc�a e v�rtude cív�ca. Outro estudo que confirma esse dado, fo� real�zado com cr�anças coreanas, com �da-des entre 3 e 6 anos de �dade. Kyung-Hee e Kyoung-Hoe (1998) ver�ficaram que houve d�ferença, estat�st�camente s�gn�ficat�va, em favor das cr�anças do sexo fem�n�no em do�s fatores de �ntel�gênc�a emoc�onal: empat�a e ut�l�za-ção de emoção.

Em contrapart�da, Brown, George e Sm�th (2003), ao �nvest�gar o papel da �ntel�gênc�a emoc�onal na tomada de dec�sões e comprom�sso com a carre�ra, ver�ficaram que o gênero não atua como moderador das relações entre es-sas duas var�áve�s. Em outro estudo correlac�onal entre �ntel�gênc�a emoc�onal e auto-aval�ação de saúde fís�ca real�zado por Harr�gan (2002), em que foram apl�cados a Emotional Intelligence Scale (Schutte e cols., 1998) e o SF-36 Heath Survey, também não houve d�ferença entre gêneros nos escores da escala de �ntel�gênc�a emoc�onal. Além d�sso, o trabalho de Wang e He (2002), que �nvest�-gou a relação entre est�los parenta�s de cr�ar autoconfiança e �ntel�gênc�a emoc�onal em 161 estudantes do sexo mas-cul�no e 148 do sexo fem�n�no, com �dades entre 11 e 12 anos, na Ch�na, revelou que estudantes do sexo fem�n�no obt�veram escores ma�s ba�xos em autoconfiança e �ntel�-gênc�a emoc�onal.

Como se podem observar, vár�os estudos têm s�do rea-l�zados para �nvest�gação da �ntel�gênc�a emoc�onal como construto �ndependente e suas relações com outras var�á-ve�s. Contudo, esses estudos são, em sua ma�or�a, real�-zados em outros países, sendo necessár�a a real�zação de estudos em contexto cultural bras�le�ro, já que a �ntel�gên-c�a emoc�onal tem se mostrado prom�ssora como um t�po de �ntel�gênc�a.

Ass�m, optou-se pela ut�l�zação da versão bras�le�ra do MSCEIT, cujas propr�edades ps�cométr�cas, em nosso me�o, a�nda são pouco conhec�das. O objet�vo deste traba-lho, portanto, centrou-se na �nvest�gação das propr�edades ps�cométr�cas do MSCEIT, espec�almente em sua cons�s-tênc�a �nterna e em �nd�cat�vos de val�dade adv�ndos da comparação entre grupos de gênero e de cursos un�vers�tá-r�os d�st�ntos (Anastas� & Urb�na, 2000). Espec�ficamen-te, as pontuações obt�das no MSCEIT foram �nvest�gadas

quanto à: a) cons�stênc�a �nterna, b) d�ferenças entre gru-pos nos perfis das hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, em função do gênero e cursos un�vers�tár�os e c) desenvolv�mento ao longo do curso de Ps�colog�a.

Esperava-se encontrar resultados compatíve�s com os apresentados na l�teratura quanto às d�ferenças entre gêne-ros em favor das mulheres. Ao lado d�sso, h�potet�zou-se que os estudantes do curso de Ps�colog�a, por terem um tre�namento específico relac�onado ao processamento de �nformações emoc�ona�s, apresentar�am pontuações ma�o-res do que os estudantes de outras áreas de conhec�men-to; e a�nda, que os estudantes de Ps�colog�a em final de curso, obter�am méd�a ma�s elevada do que os do �níc�o do curso. Esses resultados, se confirmados, ser�am �nd�-cat�vos de que as pontuações dos part�c�pantes estar�am se comportando da mesma forma que se observou em outras pesqu�sas (no caso de gênero), ou de que o teste é capaz de d�scr�m�nar grupos com característ�cas d�st�ntas naqu�-lo que está sendo observado (caso dos cursos e sér�es). Este método é denom�nado por Anastas� e Urb�na (2000) de método dos grupos comparados.

Ao lado d�sso, a própr�a cons�stênc�a �nterna, apesar de ser um índ�ce de fided�gn�dade do �nstrumento por ex-celênc�a, também pode ser ut�l�zada �ndependentemente como um �nd�cat�vo de sua val�dade, embora de forma ma�s l�m�tada (Anastas� & Urb�na, 2000; Pasqual�, 2003). No segundo caso – �nd�cat�vo de val�dade – é �nterpretado como a magn�tude com que os �tens de uma escala esta-r�am mensurando um ún�co construto e não outra co�sa qualquer (erro de med�da). Se a cons�stênc�a �nterna for sufic�entemente forte, pode-se �nfer�r, a part�r da anál�se de conteúdo dos �tens da escala, o que aquele grupo de �tens está med�ndo (val�dade), que, neste caso, ser�am as hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal.

Método

Participantes

Part�c�param da pesqu�sa 334 un�vers�tár�os, com �dades entre 17 e 37 anos (méd�a = 20,5 e desv�o padrão = 3,28), de ambos os sexos (41,9% mascul�no, 58,1% fem�n�no), dos cursos de Engenhar�a C�v�l (17,7%), Ps�colog�a (42,8%) e Comun�cação e Artes (39,5%), de uma un�vers�dade part�-cular da c�dade de São Paulo.

Instrumento (MSCEIT)

A versão or�g�nal, em �nglês, do MSCEIT fo� traduz�da para o português, retraduz�da (back translation) para o �n-glês e env�ada para que os autores aval�assem a adequação da tradução. As correções necessár�as foram real�zadas até a obtenção do �nstrumento final em português. Optou-se por adotar a mesma estrutura fator�al e o mesmo proced�mento de atr�bu�ção de pontos da versão amer�cana, para que os resultados pudessem ser comparados.

O teste é composto por o�to t�pos de tarefas: faces, pa�-

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Inteligência Emocional

sagens, fac�l�tação, sensação, trans�ção, m�sturas, gerenc�a-mento emoc�onal e relac�onamento emoc�onal. Essas tarefas estão h�erarqu�camente subord�nadas às quatro hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, que, por sua vez, se organ�zam em duas grandes áreas (exper�enc�al e estratég�-ca), e finalmente, em uma pontuação total em �ntel�gênc�a emoc�onal. Uma representação esquemát�ca desse modelo h�erárqu�co pode ser observada na Tabela 1, em que o nível de espec�fic�dade aumenta da esquerda para a d�re�ta.

A percepção de emoções em expressões fac�a�s (faces) é aval�ada por me�o de uma tarefa que cons�ste em apresentar uma expressão fac�al acompanhada de c�nco possíve�s sen-t�mentos expressos por ela (por exemplo, fel�c�dade, medo, surpresa, aversão e exc�tação). O testando é sol�c�tado a re-g�strar, em uma escala L�kert de c�nco pontos, a �ntens�dade com que cada sent�mento está sendo expresso em cada face (por exemplo, 1 – nenhuma fel�c�dade até 5 – extrema fe-l�c�dade). São apresentadas quatro expressões fac�a�s, nas qua�s o respondente deve aval�ar c�nco sent�mentos, total�-zando 20 �tens.

A percepção de emoções em pa�sagens (pa�sagens) é aval�ada da mesma forma, com exceção do estímulo que é composto por pa�sagens e p�nturas abstratas ao �nvés de expressões fac�a�s. No total são apresentadas se�s �magens, nas qua�s o respondente deve aval�ar c�nco sent�mentos, to-tal�zando 30 �tens.

A capac�dade de ut�l�zar a emoção para pensar (fac�l�-tação) é aval�ada sol�c�tando-se ao respondente que atr�bua pontos de 1 a 5 a três sent�mentos que lhe são apresentados (por exemplo, aborrec�mento, téd�o, alegr�a) de acordo com o tanto que cada um contr�bu�r�a para a real�zação de uma determ�nada tarefa (como por exemplo, cr�ar uma decora-ção nova). São apresentadas c�nco s�tuações com três sent�-mentos para aval�ação, perfazendo um total de 15 �tens.

A aval�ação da capac�dade de atr�bu�r qual�dades sen-sor�a�s às emoções (sensação) é real�zada apresentando-se uma s�tuação �mag�nár�a, que envolve emoc�onalmente o respondente. Em segu�da, ele é sol�c�tado a observar três �mpressões sensor�a�s (por exemplo, fr�o, azul, doce) e a reg�strar, numa escala L�kert de c�nco pontos, quanto o sent�mento que ele exper�mentar�a na s�tuação �mag�nár�a

se parece com cada �mpressão sensor�al apresentada. Esta seção é composta por c�nco s�tuações com três �mpressões sensor�a�s cada, total�zando 15 �tens.

A capac�dade de detectar mudanças emoc�ona�s (trans�-ção) é aval�ada por me�o da apresentação de uma s�tuação em que um personagem está, �n�c�almente, se sent�ndo de uma forma, mas uma mudança em seus sent�mentos é �ntro-duz�da. O respondente é sol�c�tado a escolher, entre c�nco opções, como o personagem passou a se sent�r após a mu-dança. Esta seção é composta por 20 �tens. Para aval�ação da capac�dade de detectar fusão de sent�mentos (m�sturas), são apresentados 12 �tens nos qua�s o respondente é sol�c�-tado a escolher entre c�nco alternat�vas, aquela que descreve melhor uma m�stura de sent�mentos.

Para aval�ar a capac�dade de gerenc�ar emoções em s� mesmo (gerenc�amento emoc�onal) é apresentada uma s�-tuação confl�tuosa ou não, que gera um determ�nado sen-t�mento na personagem que a v�venc�a. Em segu�da, são apresentadas quatro at�tudes que esta personagem poder�a ter tomado, e o respondente é sol�c�tado a escolher entre c�nco alternat�vas (mu�to �neficaz até mu�to eficaz), quão eficaz cada at�tude ser�a para manter ou melhorar seu es-tado emoc�onal gerado pela s�tuação �n�c�al. No total, são apresentadas c�nco s�tuações, com quatro at�tudes possíve�s para cada s�tuação, perfazendo 20 �tens.

A capac�dade de gerenc�ar as emoções decorrentes de relac�onamentos (relac�onamento emoc�onal) é aval�ada por me�o da apresentação de s�tuações confl�tuosas que envol-vem o relac�onamento entre do�s ou ma�s personagens, com geração de sent�mento negat�vo; em segu�da são apresenta-das três poss�b�l�dades de reação por parte do personagem que exper�mentou o sent�mento negat�vo, e o respondente é sol�c�tado a aval�ar cada uma dessas reações e a reg�strar sua eficác�a (mu�to �neficaz até mu�to eficaz) em melhorar ou manter um bom relac�onamento. Nesta seção, são apre-sentadas três s�tuações confl�tuosas, com três poss�b�l�dades de reação a cada uma delas, perfazendo um total de nove �tens.

A atr�bu�ção de pontos fo� real�zada pelo s�stema de concordânc�a com o consenso, segundo o qual, atr�buem-se pontos proporc�onalmente ao número de pessoas que op-

Áreas Habilidades Provas Seções

Intel�gênc�a Emoc�onal

Área Exper�enc�al

Percepção de emoçõesFaces Seção A

Pa�sagens Seção E

Fac�l�tação do pensamentoFac�l�tação Seção B

Sensação Seção F

Área Estratég�ca

Compreensão emoc�onalTrans�ção Seção C

M�sturas Seção G

Regulação emoc�onalGerenc�amento emoc�onal Seção D

Relac�onamento emoc�onal Seção H

Tabela 1. Provas, hab�l�dades e áreas relac�onadas a �ntel�gênc�a emoc�onal.

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J. M. H. Bueno e cols

taram pela mesma alternat�va que ele. Por exemplo, se o suje�to escolheu uma alternat�va juntamente com 40% da amostra, então, sua pontuação naquela alternat�va é de 0,4. Cada suje�to recebeu pontuações nas o�to provas que com-põem o teste, nas quatro hab�l�dades, nas duas áreas e uma pontuação geral representat�va do desempenho em �ntel�-gênc�a emoc�onal, todas proporc�ona�s ao número de �tens que as compunham.

Procedimento

Os proced�mentos adotados para esta pesqu�sa foram submet�dos e aprovados pelo com�tê de ét�ca em pesqu�sa da �nst�tu�ção onde fo� real�zada. A coleta de dados fo� real�-zada em s�tuação de sala de aula. E para at�ng�r os objet�vos propostos foram real�zadas anál�ses de estatíst�ca descr�t�va (méd�a, desv�o padrão) e de var�ânc�a com med�das repet�-das. Foram cons�derados estáve�s (estat�st�camente s�gn�fi-cat�vos) os resultados que apresentaram p≤0,05, e razoavel-mente estáve�s (marg�nalmente s�gn�ficat�vos) os resultados que apresentaram p entre 0,05 e 0,10.

Resultados

Um dos objet�vos deste trabalho fo� o de �nvest�gar a cons�stênc�a �nterna de todas as pontuações obt�das a par-t�r da apl�cação do MSCEIT. Para �sso, foram computados os Coefic�entes Alfa de Cronbach, que são apresentados na Tabela 2, ao lado das estatíst�cas descr�t�vas das escalas do MSCEIT.

Os resultados mostram que houve boa var�ab�l�dade em

todas as escalas. As cons�stênc�as �nternas das o�to provas do MSCEIT, aval�adas pelo coefic�ente alfa de Cronbach, var�aram de 0,64 (fac�l�tação) até 0,86 (pa�sagem). Quatro provas (faces, pa�sagens, sensação e gerenc�amento) obt�ve-ram coefic�entes ac�ma de 0,70 e outras quatro (fac�l�tação, trans�ção, m�stura e relações) obt�veram coefic�entes entre 0,60 e 0,70.

O coefic�ente alfa de Cronbach da escala de percepção de emoções fo� 0,85; em ut�l�zação da emoção para fac�-l�tação do pensamento, o alfa fo� �gual a 0,74; em conhe-c�mento emoc�onal, at�ng�u 0,75; e na escala de regulação emoc�onal chegou a 0,84. Portanto, as cons�stênc�as �nter-nas das quatro hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emo-c�onal s�tuaram-se sempre ac�ma de 0,70. Os coefic�entes alfa das áreas exper�enc�al (faces, pa�sagens, fac�l�tação e sensação) e estratég�ca (trans�ção, m�stura, gerenc�amento e relac�onamento emoc�onal) est�veram próx�mos de 0,90, as-s�m como a cons�stênc�a da pontuação geral em �ntel�gênc�a emoc�onal, que at�ng�u 0,92.

Para �nvest�gar as possíve�s d�ferenças e �nterações en-tre os perfis de gênero e curso un�vers�tár�o nas med�das de �ntel�gênc�a emoc�onal, fo� adotado um proced�mento específico da anál�se de var�ânc�a com med�das repet�das, denom�nada Anál�se de Perfis de Med�das Repet�das (Taba-ch�n�ck & F�dell, 1996). Essa anál�se ver�fica se o perfil de méd�as em um conjunto de med�das (parte �ntra-suje�to do del�neamento) é d�ferente para grupos d�st�ntos (parte entre-suje�tos do del�neamento) (Pr�m� & cols., 2000).

No caso desse estudo, pode-se conceber que os �tens de um determ�nado fator propõem tarefas com um conte-údo específico relac�onado com as facetas da �ntel�gênc�a

Mínimo Máximo Média Desvio Padrão Alfa

Faces 324 11,65 51,52 39,32 8,150,77

Pa�sagem 328 9,21 54,94 39,67 10,120,86

Fac�l�tação 319 12,56 55,40 40,99 8,500,64

Sensação 320 11,56 51,77 35,90 9,710,73

Trans�ção 272 11,26 55,74 41,23 8,460,67

M�stura 274 9,89 51,17 35,44 9,440,66

Gerenc�amento 326 11,35 56,48 38,06 10,730,79

Relações 326 9,20 55,41 35,098 12,710,68

Percepção de emoções 333 14,63 52,45 39,44 7,260,85

Fac�l�tação do Pensamento 326 14,44 52,79 38,52 7,310,74

Conhec�mento Emoc�onal 279 14,75 51,72 38,30 7,400,75

Regulação Emoc�onal 332 10,81 55,05 36,54 10,430,84

Área Exper�enc�al 333 18,46 50,32 38,93 6,550,89

Área Estratég�ca 334 15,07 53,93 37,69 8,380,87

Intel�gênc�a Emoc�onal 317 17,66 49,81 38,33 6,480,92

Tabela 2. Estatíst�cas descr�t�vas e os coefic�entes alfa de Cronbach das escalas do MSCEIT.

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Inteligência Emocional

�nfer�das a part�r desse resultado. Portanto, empregou-se uma ANOVA 2x3x8, cujos resultados aux�l�aram na ver�fi-cação do efe�to que as var�áve�s sexo e curso, �ndependen-temente ou em �nteração, produz�ram no perfil de escores relac�onados à �ntel�gênc�a emoc�onal.

Os resultados, apresentados na Tabela 3, �nd�caram que houve d�ferença s�gn�ficat�va no perfil �ntra-suje�tos, em relação às pontuações nos o�to fatores, e na �nteração dos perfis dos três cursos, nas hab�l�dades relac�onadas à �ntel�-gênc�a emoc�onal, mas não houve �nteração entre os perfis de gêneros nas hab�l�dades relac�onadas �ntel�gênc�a emo-c�onal. Ao lado d�sso, houve d�ferenças s�gn�ficat�vas entre grupos de gênero e de cursos d�ferentes, mas não houve �n-teração entre estes perfis no MSCEIT.

A F�gura 1 mostra o perfil das méd�as �ntra-grupo nas hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, �nd�can-do que a méd�a ma�s elevada ocorreu na hab�l�dade relac�o-nada à trans�ção de emoções (prova ma�s fác�l). Com méd�as pouco aba�xo da pr�me�ra, nota-se um conjunto de três pro-vas: faces, pa�sagens e fac�l�tação. Em um nível �ntermed�-ár�o ficou a prova de gerenc�amento das própr�as emoções. Por fim, nota-se um outro conjunto de três provas com as méd�as ma�s ba�xas: sensações emoc�ona�s, m�sturas emo-c�ona�s e gerenc�amento de relac�onamentos emoc�ona�s.

A F�gura 2 mostra que os perfis entre gêneros são mu�-to semelhantes entre s� e com o perfil geral do MSCEIT (F�gura 1), e que não há �nteração entre eles porque o sexo fem�n�no apresentou méd�as ma�s elevadas em todas as ha-b�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal.

A F�gura 3 apresenta a �nteração entre os perfis dos alu-nos dos três cursos nas hab�l�dades relac�onadas à �ntel�-gênc�a emoc�onal. Observa-se que os alunos do curso de Ps�colog�a apresentam um perfil ma�s elevado em todas as hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, exce-to em faces, na qual os estudantes do curso de Comun�-cação e Artes chegam a superá-los d�scretamente. O curso

emoc�onal, e requerem uma resposta do suje�to, que pode concordar ma�s ou menos com o consenso. Portanto, a var�-ável dependente que está sendo med�da, neste caso é a ha-b�l�dade do suje�to em resolver os problemas apresentados, de uma forma parec�da com a ma�or�a. Os escores de um part�c�pante nos fatores representam seu perfil em relação às hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal. A anál�se de perfil busca �nvest�gar se os perfis de subgrupos de suje�tos, quanto ao gênero e ao curso un�vers�tár�o, são d�st�ntos do perfil geral.

Neste estudo hav�a c�nco grupos em função do gênero (mascul�no e fem�n�no) e dos cursos (Engenhar�a c�v�l, Ps�-colog�a e Comun�cação e Artes) e 15 var�áve�s dependen-tes (o�to tarefas do teste, quatro hab�l�dades, duas áreas e uma pontuação geral em �ntel�gênc�a emoc�onal). Como as pontuações com um, do�s e quatro fatores são comb�nações das pontuações nas o�to tarefas, optou-se pela real�zação da anál�se das o�to tarefas apenas, já que as dema�s podem ser

Fonte de variância SQ Gl* MQ F P Eta2

Intra-suje�tos

Msce�t 6896,57 5,57 1239,14 15,76 0,01 0,06

MSCEIT* sexo 452,74 5,57 81,35 1,03 0,40 0,01

MSCEIT* curso 4559,73 11,13 409,64 5,21 0,01 0,04

MSCEIT* sexo* curso 1295,68 11,13 116,40 1,48 0,13 0,01

Erro 110272,16 1402,53 78,62

Entre grupossexo

2472,99 1 2472,99 8,78 0,01 0,03curso

4708,06 2 2354,03 8,36 0,01 0,06sexo* curso

876,19 2 438,10 1,56 0,21 0,01Erro

70965,29 252 281,61

Tabela 3. Resultados da ANOVA �nvest�gando o efe�to de gênero e curso no perfil de hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal.

Nota: *Valores corr�g�dos pela fórmula de Greenhouse-Ge�sser para compensar a v�olação do postulado da s�metr�a composta (Howell, 1997).

FacesPaisagens

FacilitaçãoSensação

TransiçaoMistura

GerenciamentoRelacionamento

MSCEIT

34

36

38

40

42

Esco

res

méd

ios

Figura 1. Perfil das pontuações em �ntel�gênc�a emoc�onal.

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J. M. H. Bueno e cols

de Ps�colog�a é destacadamente super�or na percepção de emoções em pa�sagens, e o curso de Engenhar�a C�v�l é destacadamente �nfer�or na ut�l�zação da emoção para fa-c�l�tar o pensamento. Nas tarefas relac�onadas à sensação, as méd�as do curso de Engenhar�a C�v�l e de Comun�cação e Artes estão prat�camente juntas e pouco aba�xo da méd�a do curso de Ps�colog�a, enquanto que na tarefa relac�onada à trans�ção de emoções, o curso de Ps�colog�a permanece em pr�me�ro, mas o curso de Comun�cação e Artes apre-senta méd�a ma�s elevada que o curso de Engenhar�a C�v�l. Na hab�l�dade relac�onada ao conhec�mento de m�sturas de emoções, nota-se uma queda acentuada das méd�as dos cur-sos de Engenhar�a C�v�l e Comun�cação e Artes, em relação ao curso de Ps�colog�a, e o curso de Engenhar�a C�v�l volta a apresentar méd�a l�ge�ramente ma�s elevada que o curso de Comun�cação e Artes. F�nalmente, nas hab�l�dades re-lac�onadas ao gerenc�amento das própr�as emoções e dos relac�onamentos afet�vos, nota-se que as d�ferenças entre os cursos se acentuam a�nda ma�s e que as méd�as do curso de Comun�cação e Artes decaem em relação às de Engenhar�a C�v�l. O proced�mento das comparações múlt�plas de Tukey mostrou que apenas o perfil dos alunos do curso de Ps�colo-g�a é s�gn�ficat�vamente d�ferente e ma�s elevado em relação aos outros do�s cursos (p=0,001).

Uma outra proposta deste trabalho fo� a de ver�ficar se o curso de Ps�colog�a desenvolve �ntel�gênc�a emoc�onal ou alguma das hab�l�dades a ela relac�onadas. Contudo, há duas var�áve�s que podem �nterfer�r no desenvolv�mento da �ntel�gênc�a emoc�onal: os conteúdos e tre�namentos ofe-rec�dos pelo curso de Ps�colog�a e o aumento da �dade e, consequentemente, da matur�dade dos part�c�pantes. Como o objet�vo é �nvest�gar somente a �nterferênc�a do curso, é necessár�o controlar (covar�ar) o efe�to da var�ável �dade. Para tanto, fo� real�zada uma anál�se de var�ânc�a entre as pontuações dos alunos do segundo e do o�tavo semestres, controlando-se (covar�ando-se) o possível desenvolv�men-to causado pela var�ável �dade. Os resultados mostraram que não houve d�ferenças estat�st�camente s�gn�ficat�vas ou

marg�nalmente s�gn�ficat�vas entre alunos do segundo e do o�tavo semestres do curso de Ps�colog�a, em todas as hab�l�-dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal.

Discussão

Esta pesqu�sa fo� real�zada com o objet�vo de estudar as propr�edades ps�cométr�cas da versão em português do MS-CEIT, no contexto cultural bras�le�ro. Ma�s espec�ficamen-te, foram �nvest�gados os segu�ntes aspectos: a) a prec�são de cada escala por me�o do coefic�ente alfa de Cronbach, b) as d�ferenças nos perfis das hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, em razão de gênero e curso un�ver-s�tár�o e c) a comparação entre alunos do �níc�o e do final do curso de Ps�colog�a.

Como o índ�ce adotado para aval�ação da prec�são fo� o do Coefic�ente Alfa de Cronbach, que é uma med�da da covar�ânc�a entre os �tens de uma mesma escala (Pasqual�, 2003), a fided�gn�dade do �nstrumento pode ser cons�dera-da razoável em relação às o�to subescalas, já que em todas esteve ac�ma de 0,60 e em quatro escalas esteve ac�ma de 0,70; boa em relação às quatro hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, estando sempre ac�ma de 0,70; e excelente em relação às áreas estratég�ca e exper�enc�al e à pontuação total em �ntel�gênc�a emoc�onal, que ficaram ao redor de 0,90. Esses resultados foram melhores do que os obt�dos por Cobêro (2004) com população bras�le�ra, prova-velmente em razão das d�ferenças entre as amostras estuda-das, que, neste estudo, fo� real�zada com um número ma�or de part�c�pantes, com nível de escolar�dade ma�s elevado e méd�a de �dade ma�s ba�xa.

De fato, o que se observa neste estudo é o efe�to do au-mento do número de �tens, que provoca um aumento conco-m�tante do coefic�ente alfa de Cronbach. Mesmo as escalas com menor número de �tens e, portanto, menos fided�gnas (fac�l�tação, trans�ção, m�stura e relações), apresentaram ma�s que 60% de var�ânc�a comum entre os �tens. Sabendo

FacesPaisagens

Facilitação

Sensação

Transiçao

Mistura

Gerenciamento

Relacionamento

MSCEIT

32,00

34,00

36,00

38,00

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42,00

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res

Méd

ios

sexoMasculinoFeminino

Figura 2. Perfis entre gêneros.

FacesPaisagens

Facilitação

Sensação

Transiçao

Mistura

Gerenciamento

Relacionamento

MSCEIT

30,00

32,00

34,00

36,00

38,00

40,00

42,00

44,00

Esco

res

Méd

ios

CursosEngenharia CivilPsicologiaComunicação e Artes

Figura 3. Perfis entre cursos un�vers�tár�os.

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Inteligência Emocional

que cada uma das quatro hab�l�dades relac�onadas à �nte-l�gênc�a emoc�onal é aval�ada por duas provas, conclu�-se que a cons�deração de duas provas para aval�ação de cada hab�l�dade é necessár�a para a melhor�a da prec�são da me-d�da. Esse dado alerta para possíve�s d�ficuldades, caso um estudo para a redução do número de �tens do �nstrumento venha a ser real�zado.

Esses resultados correspondem aos obt�dos com a ver-são amer�cana do �nstrumento, que fo� apl�cada a um nú-mero bem ma�or de suje�tos (N=2112). Naquele estudo, os autores recomendam a ut�l�zação das pontuações total em �ntel�gênc�a emoc�onal, nas duas áreas (exper�enc�al e es-tratég�ca) e nas quatro hab�l�dades. Ao lado d�sso, também recomendam cautela quanto à ut�l�zação das pontuações nas subescalas (Mayer & cols., 2003). Esta recomendação tam-bém parece se apl�car bem aos resultados obt�dos no pre-sente estudo.

A cons�stênc�a �nterna também pode ser cons�derada como um �nd�cat�vo de val�dade do �nstrumento, embora de forma ma�s l�m�tada (Anastas� & Urb�na, 2000; Pasqual�, 2003). Neste caso, os índ�ces obt�dos podem ser cons�dera-dos como encorajadores, uma vez que a ma�or�a das subes-calas apresentou boa cons�stênc�a �nterna. Isto s�gn�fica que os �tens de cada subescala mensuram um mesmo e ún�co construto, suger�ndo que este construto seja a �ntel�gênc�a emoc�onal e as hab�l�dades a ela relac�onadas.

Uma outra forma de �nvest�gação da val�dade, emprega-da neste trabalho, fo� o da comparação entre grupos (Anas-tas� & Urb�na, 2000). Ver�ficaram-se as d�ferenças entre gêneros, po�s, d�versos estudos apontam que as mulheres l�dam melhor com as emoções do que os homens; e entre cursos un�vers�tár�os, em que, supostamente, os alunos do curso de Ps�colog�a se sa�r�am melhor nas hab�l�dades re-lac�onadas, por efe�to do estudo e tre�namento receb�dos durante o curso.

Observou-se que, em todos os aspectos relac�onados à �ntel�gênc�a emoc�onal, a méd�a das mulheres fo� s�gn�fi-cat�vamente ma�s elevada que a dos homens. Esses resul-tados estão em acordo com a ma�or�a das pesqu�sas d�spo-níve�s na l�teratura c�entífica (Charbonneau & N�col, 2002; Kyung-Hee & Kyoung-Hoe, 1998; Petr�des, & cols., 2004; Sutarso, 1999; Vorbach, 2002), embora estejam em desa-cordo com alguns trabalhos que obt�veram resultados d�fe-rentes (Brown & cols., 2003; Harr�gan, 2002; Wang & He, 2002). A real�zação de outras �nvest�gações poder�a ajudar na compreensão qual�tat�va do processamento da �nforma-ção emoc�onal pelas mulheres, e na ver�ficação do �mpacto que essa d�ferença exerce na v�da cot�d�ana.

Outra constatação deste trabalho fo� a de que houve d�-ferenças estat�st�camente s�gn�ficat�vas entre alunos dos três cursos pesqu�sados. Os alunos do curso de Ps�colog�a se destacam em todas as hab�l�dades, exceto em percepção de emoções em faces, em que sua méd�a ficou no mesmo pa-tamar do curso de Comun�cação e Artes. As d�ferenças se acentuam nas hab�l�dades relac�onadas ao conhec�mento de m�sturas de emoções e de regulação emoc�onal (gerenc�a-mento e relac�onamento emoc�onal), nas qua�s as méd�as do

curso de Comun�cação e Artes decaem, cons�deravelmente, em relação aos outros do�s cursos.

Os resultados da comparação entre grupos de gênero e curso un�vers�tár�o confirmaram a h�pótese levantada de que as mulheres e os estudantes de Ps�colog�a obter�am as ma�o-res pontuações. Como não houve �nteração entre sexo e curso nos perfis das hab�l�dades relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal, pode-se conclu�r que a elevação das méd�as no curso de Ps�colog�a não se deve à predom�nânc�a de mulhe-res neste curso, e que as méd�as ma�s elevadas do curso de Ps�colog�a ocorrem tanto entre os suje�tos do sexo fem�n�no quanto do sexo mascul�no. Ass�m, de acordo com o método dos grupos comparados, esses resultados são �nd�cat�vos de que as pontuações no teste – a�nda que tenham s�do real�za-das com base em um estudo fator�al amer�cano – apresenta-ram comportamento semelhante aos relatados na l�teratura (no caso de gênero), e compatíve�s com o grupo que recebe tre�namento específico nas hab�l�dades aval�adas pelo teste (no caso de cursos un�vers�tár�os), const�tu�ndo-se em �nd�-cat�vos de val�dade para o �nstrumento em contexto cultural bras�le�ro.

No entanto, a grande d�ferença entre os estudantes do curso de Ps�colog�a e os de Comun�cação e Artes desperta atenção, já que em ambos os cursos há uma preocupação espec�al com o efe�to da emoção no exercíc�o profiss�onal. Uma possível expl�cação para este fato é a de que, no curso de Ps�colog�a, a ênfase em relação ao processamento da �n-formação emoc�onal para o exercíc�o profiss�onal se dá no sent�do da regulação, enquanto que, no curso de comun�ca-ção e artes, se dá no sent�do da ut�l�zação da emoção para fac�l�tar o pensamento.

Uma outra poss�b�l�dade está relac�onada à cr�at�v�dade. Como o cr�tér�o adotado para pontuação fo� o da concor-dânc�a com o consenso, é possível que os alunos do curso de Comun�cação e Artes, que são est�mulados a pensar algo d�ferente da ma�or�a, tenham s�do prejud�cados pelo s�stema adotado para pontuação. A real�zação de outras pesqu�sas, espec�almente desenhadas para explorar ma�s esses aspec-tos, poder�a contr�bu�r para o esclarec�mento das h�póteses levantadas. Essa h�pótese encontra respaldo nos dados apre-sentados por Bueno e Pr�m� (2003) e Cobêro (2004), que obt�veram correlações pos�t�vas entre �ntel�gênc�a emoc�o-nal e adm�n�stração da �magem e negat�vas entre �ntel�gên-c�a emoc�onal e o traço de �mag�nação do 16PF.

As méd�as ma�s elevadas obt�das pelo curso de Ps�co-log�a devem-se, provavelmente, a uma ma�or sens�b�l�dade às emoções que os alunos de Ps�colog�a apresentam. No entanto, quando foram comparados os resultados obt�dos pelos alunos que cursam o segundo e o o�tavo semestre de Ps�colog�a, ver�ficou-se que não houve d�ferença s�gn�fica-t�va entre os alunos do �níc�o e do final do curso em todas as var�áve�s relac�onadas à �ntel�gênc�a emoc�onal.

Esse resultado contrar�ou as expectat�vas, po�s, espera-va-se que, pelo menos em conhec�mento emoc�onal, hou-vesse algum acrésc�mo s�gn�ficat�vo. Esse resultado sugere a necess�dade de outras �nvest�gações em quatro d�reções: a) a comprovação long�tud�nal desse dado, já que os dados

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J. M. H. Bueno e cols

atua�s foram obt�dos por me�o da comparação entre grupos d�st�ntos; b) o efe�to da ps�coterap�a no desenvolv�mento da �ntel�gênc�a emoc�onal (não necessar�amente com a mesma população deste estudo), já que uma at�v�dade es-senc�almente cogn�t�va – a formação em Ps�colog�a – apa-rentemente, não a desenvolveu; c) o aprofundamento da �nvest�gação da relação entre projeto pedagóg�co, currículo e desenvolv�mento da �ntel�gênc�a emoc�onal no curso de Ps�colog�a; d) a contr�bu�ção dessa hab�l�dade para o pro-cesso de escolha profiss�onal, po�s, o nível de �ntel�gênc�a emoc�onal já chega alto no curso de Ps�colog�a.

Os �nd�cat�vos de val�dade aqu� apresentados, embora encorajadores, não são tão contundentes quanto o desejá-vel. Neste sent�do, sugere-se a real�zação de outros estudos para �nvest�gação da val�dade por me�o de outras técn�cas, como a anál�se fator�al confirmatór�a, por exemplo. Mesmo ass�m, os dados apresentados nos perm�tem conclu�r que a versão em português do MSCEIT apresentou boas pro-pr�edades ps�cométr�cas quando apl�cada à população bra-s�le�ra. Seus índ�ces de prec�são e �nd�cat�vos de val�dade perm�tem recomendá-la para uso em pesqu�sas, que podem ajudar a conhecer melhor as poss�b�l�dades e l�m�tações do �nstrumento de aval�ação da �ntel�gênc�a emoc�onal. Sua ut�l�zação profiss�onal, no entanto, a�nda depende da anál�-se de um conjunto de dados ma�s cons�stentes, que só v�rá com a real�zação de outros trabalhos.

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Recebido em 30.06.2005Primeira decisão editorial em 21.11.2006

Versão final em 12.07.2006Aceito em 14.08.2006

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