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PONTES, Williane Juvêncio. Emoções e sociabilidades urbanas: Uma análise compreensiva e histórica do
GREM Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções sobre a cidade de João Pessoa, PB.
Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia, v.1, n.2, p. 85-105, julho de 2017. ISSN
2526-4702.
Artigo
http://www.cchla.ufpb.br/sociabilidadesurbanas/
Emoções e sociabilidades urbanas. Uma análise compreensiva e
histórica do GREM Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia
das Emoções sobre a cidade de João Pessoa, PB.
Emotions and urban sociabilities: A comprehensive and historical analysis of the GREM Research Group on Anthropology and Sociology of Emotions about the city of João
Pessoa, PB.
Williane Juvêncio Pontes
Resumo: Este artigo mergulha na memória institucional do GREM Grupo de pesquisa em
Antropologia e Sociologia das Emoções para apresentar e discutir um balanço analítico da
sua produção acadêmica sobre a cidade de João Pessoa, Paraíba, entendida como um
mosaico científico sobre o urbano e o urbanismo estudados. Enfatiza, no âmbito de uma
produção de mais de três décadas, o projeto de pesquisa Medos Corriqueiros, a partir do
qual busca comprender o processo de transformação das sociabilidades urbanas da cidade
sob a ótica da Antropologia das Emoções e das tensões entre indivíduo, sociedade e cultura.
Palavras-chave: memória institucional, GREM Grupo de pesquisa em Antropologia e
Sociologia das Emoções, cidade de João Pessoa, Projeto Medos Corriqueiros, emoções
Abstract: This article immerses in the institutional memory of the GREM Group of
research in Anthropology and Sociology of Emotions to present and discuss an analytical
balance of its academic production on the city of João Pessoa, Paraíba, understood as a
scientific mosaic about the studied urban and urbanism. It emphasizes, within a production
of more than three decades, the research project Medos Corriqueiros, from which it seeks to
understand the process of transformation of the urban sociabilities of the city from the
perspective of the Anthropology of Emotions and the tensions between individual, society
and culture. Keywords: institutional memory, GREM Research Group on Anthropology
and Sociology of Emotions, city of João Pessoa, Medos Corriqueiros Project, emotions
Este trabalho resulta de um balanço analítico da pesquisa Balanço comparativo
da produção acadêmica da UFPB, Campus I, sobre a cidade de João Pessoa, Paraíba,
1992-2012, com ênfase para o subprojeto que realiza uma análise compreensiva da
produção acadêmica do GREM sobre a cidade de João Pessoa, a partir do projeto Medos
Corriqueiros: A construção social da semelhança e da dessemelhança entre os
habitantes urbanos das cidades brasileiras na contemporaneidade1. A pesquisa
Balanço Comparativo, que teve início no ano de 2012 e encontra-se em sua 5ª fase de
desenvolvimento2, é coordenada pelo Prof. Dr. Mauro Guilherme Pinheiro Koury.
1A partir de agora denominado de Medos Corriqueiros ou MC. Neste balanço objetiva-se traçar um
esboço da trajetória teórico-metodológica da pesquisa maior através do seu subprojeto. Busca-se discutir
a trajetória e os resultados obtidos no decorrer desses 03 anos de atuação da pesquisa ligado ao Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC/CNPq-UFPB, dos anos de 2014 a 2017, que
redundou na defesa de uma monografia de término do curso de Ciências Sociais da UFPB em 2017. 2 As fases analíticas da pesquisa são configuradas por ano, conformando 05 vigências de desenvolvimento
científico organizadas dos anos de 2012-2013, de 2013-2014, de 2014-2015, de 2015-2016 e de 2016-
2017. Esta pesquisa terá mais uma fase teórico-metodológica que apreenderá a vigência de 2017-2018,
em processo de julgamento na seleção de bolsas PIBICs/CNPq pela Pró-Reitoria de Pós-graduação -
PRPG.
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Conta, atualmente, com a participação de 01 assistente de pesquisa, de 02 bolsas PIBICs
e de 01 voluntário PIVIC3. Esta pesquisa busca realizar um balanço comparativo da
produção acadêmica dos pesquisadores da UFPB I sobre a cidade de João Pessoa, com
base temporal analítica de 1992 a 2012, com acréscimo para o ano de 2016. São
analisadas as trajetórias teóricas, temáticas e metodológicas que se desenvolveram na
academia local para compreender como a cidade é apreendida pelos pesquisadores desta
universidade.
A produção acadêmica da UFPB é submetida a uma avaliação crítica com o
intuito de desvendar e identificar o que se discute e se desenvolve nas diversas áreas de
conhecimento que produz sobre a cidade, compreendendo os caminhos teórico-
metodológicos percorridos pelos pesquisadores e os recortes a que a cidade foi
submetida. Objetiva-se construir um banco de dados que comporte a produção desta
universidade sobre a cidade de João Pessoa, integrando-a a uma política de visibilidade,
viabilidade e acessibilidade, de modo a ampliar a discussão sobre a cidade e o urbano no
Brasil Contemporâneo. Bem como incentivar o diálogo entre os pesquisadores da
universidade e contribuir com a eficácia e a eficiência do fazer científico da UFPB.
Esta pesquisa, atualmente, possui três subprojetos em desenvolvimento4, no
entanto, neste balanço será discutido o caminho teórico-metodológico do subprojeto que
realizou uma análise da produção do GREM, sobre a cidade de João Pessoa, dentro da
linha de pesquisa Emoções e Sociabilidade Urbana - ESU e, mais especificamente,
dentro do projeto Medos Corriqueiros.
Neste subprojeto a produção acadêmica do grupo foi analisada com o intuito de
verificar a trajetória teórico-metodológica do GREM a partir do projeto MC, na busca
de desvendar a cultura emotiva, o mosaico científico (BECKER, 1993) e os mapas
simbólicos construídos sobre a cidade de João Pessoa sob a ótica dos medos
corriqueiros. A realização deste subprojeto possibilitou a construção de uma história do
GREM no interior de uma linha de pesquisa – ESU – e de um projeto específico – MC –
, se debruçando sobre o recorte analítico dos medos corriqueiros. Esta análise contribui
para a compreensão da cidade a partir de um olhar específico da Antropologia e da
Sociologia das Emoções. Bem como auxilia na discussão sobre a relação entre medo e
sociabilidade através da análise do imaginário social do medo do homem comum
urbano.
Este balanço analítico do subprojeto se organiza em 03 tópicos de discussão: o
“Balanço da literatura teórico-metodológica”, a “Trajetória metodológica” e a “Análise
dos dados”. No primeiro tópico será brevemente discutida a literatura auxiliar e as
pretensões da pesquisa, de modo a indicar o diálogo entre a pesquisa e a literatura. O
segundo tópico aborda os caminhos metodológicos percorridos para o desenvolvimento
das atividades de pesquisa. E no terceiro tópico é realizado uma sistematização analítica
dos resultados obtidos no decorrer destes anos de atividades científica, de 2014 a 2017.
3 Desde o seu início esta pesquisa já contou com a participação de 09 alunos, bolsistas ou voluntariados.
4São eles: o subprojeto Análise compreensiva e histórica do GREM - Grupo de Pesquisa em Antropologia
e Sociologia do CCHLA – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFPB, Campus I, sobre a
cidade de João Pessoa-PB, tendo como eixo analítico a produção da pesquisa Medos Corriqueiros, da
linha de pesquisa, Emoções e Sociabilidade Urbana; o subprojeto Análise compreensiva da produção
docente e discente da Graduação e do Programa de Pós-Graduação em Geografia do CCEN – Centro de
Ciências Exatas e da Natureza da UFPB Campus I, sobre a cidade de João Pessoa,-PB, entre 1992-
2016; e o subprojeto Análise compreensiva da produção docente e discente da Graduação e do PPGAU –
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo do CT – Centro de Tecnologia da UFPB
Campus I, sobre a cidade de João Pessoa-PB, entre 1992-2016.
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Balanço da literatura teórico-metodológica
Para auxiliar o desenvolvimento da pesquisa, e de seus respectivos subprojetos, é
necessário um arcabouço teórico-metodológico (T-M) que sensibilize o olhar do
pesquisador e o desperte para diálogos com outros autores, levando em consideração à
temática, à teoria, à metodologia e aos seus objetivos de pesquisa.
A literatura trabalhada se debruça sobre o mapeamento da produção acadêmica,
a cidade, o urbano, o lugar e o espaço, a memória social e a memória institucional, a
pesquisa estado da arte, o mosaico científico e a etnografia cooperativa. Este balanço,
assim, é realizado levando em consideração os trabalhos que foram mais presentes na
discussão do subprojeto.
Uma das primeiras discussões realizadas foi em relação a atividade de
mapeamento da produção acadêmica temática, temporal e espacialmente localizada
(MOLINA e GARRIDO, 2010; PATO et al, 2009). O elemento do mapeamento é um
instrumento necessário para a construção de uma identidade, bem como para a
compreensão de tendências temáticas e de trajetórias teórico-metodológicas. As
atividades de mapear a produção abrem possibilidades para a análise de enfoques e
perspectivas de um campo de conhecimento através de um balanço do estado da arte
(FERREIRA, 2002).
O mapeamento é uma atividade que possibilita dá visibilidades e acessibilidade à
produção acadêmica através da criação de um banco de dados, ressaltando a
preservação da memória institucional (AYELLO et al, 2008). Este mapeamento é um
mecanismo essencial para a realização do trabalho de campo da pesquisa e para a
consecução dos objetivos de pesquisa. Isso porque é o mapeamento da produção
acadêmica do GREM que permite desvendar os caminhos teóricos, metodológicos e
temáticos dos pesquisadores, de modo a compreender como a cidade de João Pessoa é
apreendida a partir dessa produção.
A produção acadêmica da UFPB I constitui a sua memória institucional, que é
acessada através do mapeamento, já que a universidade não disponibiliza um acesso
fácil a sua produção de conhecimento. A pesquisa procura (re)construir a memória da
universidade a partir de um banco de dados que viabilizará estes trabalhos científicos
sobre a cidade de João Pessoa, ampliando o diálogos entre os pesquisadores da
acadêmica, de modo a favorecer a eficácia, a eficiência e a efetividade no fazer
científico da UFPB, bem como para contribuir com a discussão sobre cidade.
A construção do banco de dados para a produção acadêmica da UFPB I constitui
o que Pierre Nora (1993) denominou como lugar de memória material, isto é, um
depósito de arquivos que preserva uma determinada memória. A produção da
universidade compõe um acúmulo de conhecimento sobre a cidade de João Pessoa de
1992 a 2016 – recorte analítico da pesquisa – que conforma uma memória social (BOSI,
1993) e uma memória institucional (AYELLO et al, 2008).
De acordo com Ecléa Bosi (1993), as formas de memória social são processos
normativos relacionados ao campo de significações da vida do sujeito que recorda. Os
trabalhos nesse campo de pesquisa permitem um mapeamento da rememorização dos
caminhos trilhados, onde os próximos pesquisadores possam ser auxiliados por estes
trabalhos. Ação que favorece o diálogo entre os pesquisadores da UFPB, bem como na
academia em geral.
Por trabalhar em um campo voltado para a memória social (GONDAR, 2005;
ABREU, 2005; DOBEDEI, 2005), as atividades de pesquisa atentam para uma reflexão
sobre a importância e os sentidos atribuídos às memórias de docentes universitários e a
produção do conhecimento (SANTOS, 2009), levando em consideração as políticas
educacionais para o ensino superior (SILVA, 2009). Atuando no campo da memória,
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este subprojeto sistematiza e disponibiliza um acúmulo de conhecimento sobre a cidade
de João Pessoa a partir da perspectiva dos medos corriqueiros, onde a cidade apreendida
sob diversos aspectos e ângulos peculiares que comportam histórias específicas em cada
lugar, sejam os bairros, as ruas e os parques.
As literaturas trabalhadas trazem uma reflexão sobre a discussão de memória e
cidade, pois aborda a memória institucional da universidade, aqui, particular, a do
GREM, através das produções que enfocam a cidade de João Pessoa como universo de
pesquisa. É nessa reflexão sobre memória, história e cidade que Sandra Pesavento
(2008) desenvolve seu trabalho, mediante uma análise dos lugares que são pontos de
ancoragem de significados e lembranças, criando um imaginário social. A cidade e a
centralidade urbana se colocam como o espaço para a inserção e compreensão dos
lugares de memória e de história.
A cidade e a centralidade urbana também foram discutidas por Dayse Martins
(2013), que toma a cidade de João Pessoa como universo de pesquisa. Martins analisa a
formação de novas centralidades na cidade, onde as compreende enquanto uma mistura
de questões econômicas, políticas e sociais norteadas por um sistema de ocupações
diferenciadas entre os segmentos da população da capital paraibana, onde as classes
média-alta e alta se fixam no setor litorâneo da cidade, que forma uma nova
centralidade. Este processo de constituição de novas centralidades é estabelecido
mediante a expansão urbana pela qual a cidade passa, levando, com isso, o
deslocamento do comércio e de certos serviços básicos do centro histórico para outras
localidades (MARTINS, 2013).
O centro da cidade parece entrar em um processo de decadência após o
descobrimento da orla marítima como lugar de moradia, comércio e lazer, tornando-se
uma nova centralidade. No entanto, este lugar de centralidade urbana não consegue
substituir completamente o centro da cidade devido a sua significação histórica para os
habitantes e para a cidade em si (MARTINS, 2013). A cidade, assim, também é um
elemento central de análise, logo que há uma pretensão de compreendê-la através da
produção, a fim de desvendar os mapas simbólicos lançados sobre ela. Neste caminho,
são utilizados para reflexão os trabalhos sobre a questão do urbano (ANTUNES, 2014),
tais como: a vida mental na metrópole (SIMMEL, 1967), teorias sobre o urbanismo
(WIRTH, 1967) e a organização industrial e a ordem moral da cidade (PARK, 1967),
disponibilizando um campo de pensamento acerca da relação com o urbano
contemporâneo, com o uso da cidade (DIÓGENES, 2016) e as tensões que envolvem o
indivíduo e a sociedade.
Nesta discussão sobre a cidade também foi trabalhado um conjunto de artigos
que analisam os estudos urbanos na Antropologia. Trabalhos estes, como o de Gilberto
Velho (1980), que objetivaram abrir caminho para a realização de estudos urbanos, na
própria cidade. Bem como aqueles que articulam reflexões e buscam construir caminhos
para uma antropologia da cidade, com a compreensão do fenômeno urbano, que possui
relação com princípios mais abrangentes (FRÚGOLI JR, 2005). Na pretensão de
construir essa lógica mais ampla, de uma antropologia da cidade, também se posiciona o
autor José Magnani (2002), que explora como a etnografia auxilia na compreensão do
fenômeno urbano, com ênfase na dinâmica cultural e nas formas de sociabilidade nas
grandes cidades contemporânea. As literaturas, assim, apresentam-se importantes
quanto à temática trabalhada, abordando a cidade e suas configurações como totalidade
e diversidade que apresentam relações tensas, mas também de acomodação e invenção.
Michel de Certeau (1998) também discute a cidade, tendo em vista o ato de
caminhar e a questão do lugar e do espaço. O ato de caminhar é visto como um ato de
enunciação que faz do lugar um espaço e se relaciona com a cidade através dos seus
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movimentos. Em diálogo com este historiador, se faz interessante, entre outros, a
discussão sobre a conceitualização de lugar e espaço. O espaço é considerado um lugar
praticado, ele possui um sentido específico. Enquanto que o lugar é um espaço
simbólico vivido. Os lugares são identificados, permitem uma memória e um sentido de
pertencimentos e reconhecimento, pois a história do lugar está impregnada por aqueles
que o fazem. Os lugares são os movimentos, dotados de sentidos, das pessoas no
espaço. É o lugar leva a possibilidade de criação de um espaço. Portanto, o lugar é uma
configuração instantânea de posições que implica uma indicação de estabilidade,
imperando a lei do próprio. Enquanto que o espaço é um lugar praticado que leva em
consideração os vetores de direção, da quantidade e velocidade e da variável tempo, não
possuindo uma univocidade nem a estabilidade de um próprio (CERTEAU, 1998).
Discutir sobre o conceito de lugar e de espaço é importante para o exercício
reflexivo do subprojeto, visto que a produção do GREM analisa a cidade de João Pessoa
a partir dos seus lugares, compondo, no conjunto, uma compreensão geral da cidade sob
a ótica dos medos e dos medos corriqueiros. As noções de “mosaico científico” e de
“etnografia cooperativa”, de Becker (1993) e de Hannerz (2015), servem como um
espelho por onde se desenvolverá a análise compreensiva dos trabalhos desenvolvidos
pelo grupo. Nele, pesquisadores e alunos se colocam em atividades perceptivas de
apreensão coletiva da cidade como um todo, ou em universos e temáticos singulares,
mas que, juntos, formam um quadro geral do guarda-chuva estudado.
A ideia de mosaico científico proposta por Becker, – para análise da experiência
de pesquisa pela Escola de Chicago, tendo a cidade de Chicago como universo
sistemático de análise, – parte da noção da imagem de um mosaico científico, onde cada
trabalho desenvolvido contribui para a compreensão do quadro analisado como um
todo. O conjunto de produção acadêmica que constitui o projeto Medos Corriqueiros se
apresenta enquanto peças singulares que compõem a pesquisa, e indicam o seu contexto
geral e, ao mesmo tempo, dentro deste contexto, se assentam as suas descobertas
singulares e específicas do seu recorte analítico.
Na discussão traçada por Becker, é salientado o acúmulo de conhecimento sobre
um determinado lugar, de modo a indicar as suas singularidades e conexões no processo
formativo do mosaico científico, que implicaria em uma condensação de experiência
solidária e produtiva do fazer social. Ao se partir da ideia de mosaico científico enseja-
se o pressuposto analítico de que a produção acadêmica do projeto guarda-chuva MC
possui um acúmulo de conhecimento sobre a relação entre emoções, cultura emotiva,
moralidades e sociabilidade urbana na cidade de João Pessoa, com ênfase nos medos e
os medos corriqueiros. Este conhecimento acumulado forma um mosaico científico da e
sobre a cidade, apreendendo-a a luz dos medos corriqueiros.
Em diálogo com Howard Becker, Hannerz (2015) desenvolve a ideia de uma
etnografia cooperativa. Ideia esta que contribui para uma leitura contextual da totalidade
analítica do projeto e da cidade, universo de pesquisa maior do GREM. Os trabalhos
etnográficos, portanto, enquanto elementos cooperativos estão em constante
colaboração interna entre seus pesquisadores e formandos, levando a uma compreensão
ampla sobre um determinado lugar, temática, teoria ou metodologia, de uma forma
singular. Forma singular esta onde cada um usa o conjunto de achados de todos e, ao
mesmo tempo, amplia o conhecimento comum, e a singularidade do seu próprio
universo e tema trabalhados.
Ao levar em consideração a noção de etnografia cooperativa, onde a produção
acadêmica de um auxilia a compreensão do contexto geral da pesquisa, faz-se
necessário o constante exercício de estranhamento (VELHO, 1978 e DA MATTA,
1978) em relação à produção, aos subprojetos e ao projeto de pesquisa, para que se
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possa identificar e traçar as redes de particularidades, de semelhanças e diálogos que
entrelaçam a produção. De modo que cada produção e cada subprojeto sejam
interpretados sempre como possibilidades, como algo novo que pode levantar novas
questões em relação ao exercício reflexivo de analisar e compreender o projeto de
pesquisa MC. Esta análise permite entender como os diálogos se estabelecem no interior
da pesquisa MC e do GREM, e como se constituem as particularidades da produção e
dos subprojetos, e, qual e como o sentido de cidade é construído nesta trajetória.
Este balanço T-M da literatura, por fim, buscou traçar conexões analíticas que
são importantes para a compreensão e o desenvolvimento da pesquisa Balanço
Comparativo e do seu subprojeto. Esse exercício de diálogo teórico-metodológico
salienta uma questão importante levantada por esta pesquisa: o fazer científico é
coletivo, e sua efetividade e eficácia se dão através do constante diálogo com outros
pesquisadores, seja a partir de temáticas, de teorias ou metodologias aproximadas. Uma
pesquisa é única por seu caminho analítico, no entanto, ela compõe uma rede de
pensamento na academia.
A literatura T-M é fundamental para o desenvolvimento de uma pesquisa, o que
transpassa a necessidade de que os estudos tenham visibilidade e acessibilidade para
todos, seja da academia ou da comunidade em geral. Aspecto que ressalta a importância
da realização de uma pesquisa como a Balanço Comparativo, que busca inserir a
produção da UFPB I em uma política de visibilidade, fomentando a discussão
acadêmica no fazer científico.
Trajetória Metodológica
A trajetória metodológica deste subprojeto se apoia em 03 fases teórico-
metodológicas que está organizada de acordo com a lógica anual do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PBIC/CNPq-UFPB, com início no ano
de 2014 e conclusão no ano de 2017. Este balanço é realizado com base nestas 03 fases
de desenvolvimento do subprojeto, que contemplam as vigências 2014-2015, 2015-2016
e 2016-2017. A discussão está sistematizada a partir de cada vigência, de modo a
indicar o caminho metodológico, os instrumentos utilizados e os resultados obtidos no
desenvolvimento das atividades de pesquisa.
A trajetória metodológica da pesquisa Balanço Comparativo e deste subprojeto
se configura através de estágios de pesquisa que condensam os objetivos de cada
vigência, mapeando a complexificação e o afunilamento do subprojeto. Neste sentido,
os objetivos de cada fase se organizam da seguinte maneira:
1. Vigência 14-15: Análise compreensiva e histórica de dois grupos de pesquisa
antigos e ainda em atuação no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes –
CCHLA da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Campus I, entre 1992-2012.
2. Vigência 15-16: Análise compreensiva e histórica do GREM – Grupo de
Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções do CCHLA da UFPB,
Campus I, sobre a cidade de João Pessoa-PB, entre 1992-2012 [acrescido o ano de
2016].
3. Vigência 16-17: Análise compreensiva e histórica do GREM do CCHLA da
UFPB, Campus I, sobre a cidade de João Pessoa-PB, tendo como eixo analítico a
produção da pesquisa Medos Corriqueiros, da linha de pesquisa, Emoções e
Sociabilidade Urbana, entre 1992-2016.
A vigência 14-15 marca a minha entrada como bolsista de iniciação científica na
pesquisa Balanço Comparativo, bem como e o início do subprojeto e suas preocupações
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analíticas5. Neste período as primeiras atividades realizadas foram de mapeamento do
CV Lattes de Koury, sendo um trabalho experimental, feito em conjunto com outra
bolsista, para o desenvolvimento das demais atividades do subprojeto.
Nesta fase a proposta era analisar o GREM e o GREI – Grupo Interdisciplinar de
Estudos em Imagem, dois grupos de pesquisas antigos e ainda em atuação no CCHLA.
No entanto, devido a grande quantidade de produção acadêmica do GREM, este foi
escolhido para análise compreensiva e histórica da produção e da sua trajetória.
As principais atividades desenvolvidas nesta vigência foram de levantamento e
de mapeamento da produção acadêmica, das linhas de pesquisa, dos pesquisadores e dos
alunos ligados ao GREM. A princípio foi realizado o levantamento dos membros que
compõe o grupo, tendo como base o Diretório de Grupos de Pesquisa – DGP e o CV
Lattes, ambos os instrumentos disponíveis na Plataforma Lattes.
Com a obtenção dos dados foi possível construir sistematizações analíticas para
auxiliar o desenrolar dos objetivos da pesquisa. Os pesquisadores, por exemplo, foram
divididos em 02 categorizações: os pesquisadores internos, com um total de 04, e os
pesquisadores externos, com um total de 13. Os pesquisadores externos foram
classificados em outras 02 categorias: aqueles que integram outros Departamentos da
UFPB I, com 02 membros, e aqueles que pertencem a outras Instituições de Ensino
Superior, com 11 membros. Neste sentido os pesquisadores internos são aqueles que
integram o Departamento de Ciências Sociais e o Programa de Pós-Graduação em
Antropologia da UFPB I, enquanto que os pesquisadores externos são aqueles que
integram outros Departamentos da universidade ou outras instituições.
Outra sistematização foi as fases de desenvolvimento do GREM em sua
trajetória acadêmica. O grupo aponta para 02 fases teórico-metodológicas: a primeira
data de sua formação, no ano de 1994, até o ano de 2009. Durante esse período o grupo
possuía um único pesquisador, concentrando a produção acadêmica sobre Koury e seus
orientandos. A segunda fase tem início no ano de 2010, quando há uma abertura do
grupo para novos pesquisadores e estudantes, ampliando as perspectivas analíticas, os
diálogos e o desenvolvimento de trabalhos coletivos. O desenvolvimento e a
sistematização dessas atividades permitiram a construção de uma pequena história sobre
o GREM e sua organização interna. De modo a apresentar um panorama geral da sua
trajetória acadêmica e contribuição na área da Antropologia e Sociologia das Emoções.
Esta vigência 14-15 marca o afunilamento analítico do subprojeto em direção à análise
compreensiva da cidade de João Pessoa a partir do grupo de pesquisa.
A vigência 15-16 se debruça na separação da produção acadêmica sobre a cidade
de João Pessoa e na busca destes arquivos em formato PDF ou impresso para a
composição do banco de dados sobre a cidade, e, assim, para a preservação da memória
institucional. Aqui, o principal obstáculo foi encontrar a produção de Monografias e
Dissertações na Biblioteca Central e nos sites de pós-graduação da UFPB. Além da
dificuldade de achar os artigos em periódicos publicados a mais de 10 anos. Nesta
segunda fase teórico-metodológica do subprojeto o foco foi a produção sobre a cidade,
mapeando-a de acordo com as linhas de pesquisa, os projetos e os pesquisadores do
GREM. Devido à concentração da produção sobre a cidade de João Pessoa se
concentrar nos pesquisadores internos, estes foram escolhidos para análise da produção.
Com essa separação da produção através do seu universo sistemático de pesquisa
optou-se ampliar o recorte temporal do subprojeto e da pesquisa Balanço Comparativo,
compreendendo na análise o ano de 1992 até 2016. Este elemento resultou na realização
de um segundo mapeamento que se debruçou na produção sobre a cidade de João
5 A criação deste subprojeto é resultado do afunilamento teórico-metodológico da pesquisa, que inicia
suas atividades no ano de 2012.
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Pessoa. A partir deste mapeamento foi escolhida para análise a linha de pesquisa ESU,
tendo em vista o seu grande fluxo de produção sobre a cidade, em comparação as outras
linhas do grupo. Dentro da linha ESU, foram selecionados 03 projetos de pesquisa:
Fotografia, cidade e a percepção dos produtores culturais da cidade (1993-2000);
Medos Corriqueiros: A construção social da semelhança e da dessemelhança entre os
habitantes urbanos das cidades brasileiras na contemporaneidade e Mídia e
Moralidade: Uma análise sociológica do pânico moral e das concepções de justiça
desenvolvidas a partir dos noticiários de TV. Os primeiros projetos são coordenados
pelo Prof. Dr. Mauro Koury, enquanto que o último é coordenado pela Profa. Dra.
Simone Brito.
Com a seleção destes projetos deu-se início as primeiras leituras da produção, de
modo a construir fichas resumos e resenhas que objetivam auxiliar a sistematização do
trabalho analítico. Nessas fichas constam informações técnicas, tais como: o título, o
autor, os orientados, o ano de defesa, a titulação, a linha de pesquisa e a banca. Bem
como informações específicas: o assunto principal, o objeto, os objetivos, as hipóteses,
os resultados, a literatura, a metodologia e as referências. Além das informações gerais:
o universo de pesquisa, o resumo, as palavras-chave, as fichas unitermos, a trajetória
teórica, metodológica e temática do trabalho, com o intuito de facilitar a acessibilidade
às informações. Cada ficha-resumo também recebe um número para sua identificação.
Com o início das leituras e dos fichamentos da produção, considerando o grande
fluxo de trabalhos sobre a cidade, foi escolhida para análise a produção acadêmica do
projeto Medos Corriqueiros, onde os trabalhos dos outros dois projetos supracitados
entram como instrumentos de diálogo e apoio para as reflexões produzidas no interior
do projeto selecionado.
No período 2016-2017 a atividade de análise compreensiva da produção
acadêmica do GREM sobre a cidade de João Pessoa encontra-se mais afunilada.
Adentra-se na leitura da produção de artigos em periódicos e anais, de livros e de
capítulos de livros. Nesta vigência resulta na construção de um Trabalho de Conclusão
de Curso – TCC. O mapeamento da produção do projeto MC disponibiliza um
panorama analítico sobre os subprojetos que compõe este projeto maior, denominado de
projeto guarda-chuva. A pesquisa MC é considerada guarda-chuva por ser um projeto
amplo que tem, em si, a possibilidade de aninhar em seu interior vários projetos
específicos que, ao mesmo tempo em que permitem o desenvolvimento autônomo, mas
interdependente de cada tema singular, permite uma constante verificação de uma
totalidade imersa nos cruzamentos das diversas facetas dos subprojetos entre si e no
interior do projeto maior.
Neste sentido, o projeto guarda-chuva MC é composto por 07 subprojetos6, que
subprojetos condensam o desenvolvimento e a complexificação teórico-metodológica
do projeto, apresentando um acúmulo de conhecimento sobre a cidade de João Pessoa.
Cidade que é analisada a partir de voos compreensivos da cidade em seu todo, mas
também se deu bairros, ruas, parques e grupos específicos. Nesta vigência foram
realizadas as leituras e os fichamentos da produção acadêmica medos corriqueiros sobre
a cidade. A análise da produção fez-se com o objetivo de desvendar como os conceitos
utilizados na pesquisa foram se complexificando no decorre do seu desenvolvimento,
6Os subprojetos do Projeto MC são os seguintes: O vínculo ritual: um estudo sobre sociabilidade e modos
de vida entre jovens no urbano brasileiro contemporâneo; Parque Solon de Lucena: espaço público,
potencial de urbanidade e desenvolvimento da cidade; Bairro do Roger: história, memória e estigma;
Sujeira e imaginário urbano; Confiança e vergonha: uma análise do cotidiano da moralidade;
Sociabilidade e conflito nos processo de interação cotidiana sob intensa pessoalidade; e Observatório
sobre medos.
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
bem como compreender a trajetória teórico-metodológica do projeto MC. E assim
descortinar como a cidade se inter-relaciona através da produção acadêmica, de modo a
identificar o mosaico científico construído sobre a cidade.
A esquematização dos dados obtidos nesta última fase teórico-metodológico
permitiu sistematizar e construir um mapa conceitual da pesquisa, onde é possível
acompanhar o surgimento e a complexificação dos conceitos na trajetória do projeto
guarda-chuva. Esta sistematização dos dados, través de esquemas conceituais, de
tabelas, de gráficos e dos fichamentos, permite desvendar a trajetória teórico-
metodológica do projeto MC, de modo a compreender os diversos recortes a que a
cidade foi submetida pelo grupo dentro do projeto. Bem como escrever uma história da
atuação do GREM dentro de uma linha, Emoções e Sociabilidade Urbana, e de um
projeto de pesquisa, Medos Corriqueiros.
O procedimento metodológico realizado no desenvolvimento deste subprojeto e
da pesquisa Balanço Comparativo possibilitou mapear, organizar e sistematizar a
produção acadêmica do GREM, de modo a demarcar o afunilamento analítico deste
subprojeto. Neste sentido, as 03 vigências teórico-metodológicas da pesquisa, 14-15,
15-16 e 16-17, apontam para as fases de complexificação temática, teórica e
metodológica, que resultou na conclusão do subprojeto e na confecção de um TCC.
Análise dos dados
As atividades de pesquisa desenvolvidas neste subprojeto resultaram em uma
análise compreensiva e histórica do GREM, que compreende a trajetória temática,
teórica e metodológica do grupo. Discute-se o processo de formação e desenvolvimento
deste grupo, tomando 2016 como o ano base de análise. O grupo é apresentado dentro
de uma análise que se afunila para a linha de pesquisa ESU e para o projeto guarda-
chuva MC, no âmbito do qual se busca compreender como o GREM apreende a cidade
de João Pessoa, análise que é realizada sob a ótica dos medos e dos medos corriqueiros.
O Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções
O GREM foi fundado em 1994 com o intuito de analisar a “emergência da
individualidade e do individualismo no Brasil urbano contemporâneo, enfatizando a
questão da formação das emoções, enquanto cultura emocional” (KOURY, 2014,
p.847). É o grupo mais antigo na área da Sociologia e Antropologia das Emoções,
contribuindo ativamente na luta pela consolidação das Emoções como subárea da
Sociologia e da Antropologia na academia brasileira.
Este grupo nasceu do fenômeno das emoções como subárea disciplinar da
Sociologia e Antropologia. As discussões e análises na composição de um campo
analítico da Antropologia e da Sociologia das Emoções têm início nos Estados Unidos
nos anos de 1970, e chega ao Brasil nos anos de 1990. Quatro anos depois, sob
influência deste campo, ocorre à migração de Koury, que voltava seus estudos para o
trabalho e sindicalismo, passando a adentrar cada vez mais no campo da subjetividade
até se firmar no campo das emoções, cultura e sociedade, com a criação do GREM.
O grupo desenvolve estudos que buscam analisar e compreender os modos e
estilos de vida, bem como as representações e o imaginário social constituído pelas
formas de sociabilidade emergentes no urbano contemporâneo brasileiro e ocidental
(KOURY, 2016). Neste sentido, agrega pesquisadores e estudantes de pós-graduação e
de graduação que tem o interesse de estudar a relação entre Emoções, Sociedade e
Cultura7.
7 O GREM publica a RBSE – Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, editada por Koury, e por
Koury e Barbosa a partir do volume 16. Conta com um conselho editorial de vinte e um pesquisadores,
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
A produção acadêmica desenvolvida integra as suas linhas de pesquisa, assim
como cada pesquisador e estudante nele atuantes. O grupo possui, atualmente, 04 linhas
de pesquisa, a saber: Estudos Teóricos em Antropologia e Sociologia das Emoções
(ETASE), Emoções e Consumo (EC), Emoções, Moralidade e Gênero (EMG) e
Emoções e Sociabilidade Urbana (ESU).
A linha de pesquisa ETASE intenta desenvolver estudos teóricos sobre a relação
Emoções, Cultura e Sociedade. Busca divulgar, aprofundar e refinar o campo analítico
da Antropologia e da Sociologia das Emoções na academia brasileira, contribuindo para
o debate e para a luta pela consolidação das Emoções como subárea da Antropologia e
da Sociologia nas Ciências Sociais mundial. A linha de pesquisa EC tem a preocupação
de analisar como o consumo, entendido enquanto espaço de produção cultural e
simbólica, tornou-se uma esfera de configuração e reconfiguração das formas de
expressão de emoções, identidades e subjetividades dos agentes sociais na
contemporaneidade.
EMG é uma linha de pesquisa do GREM que objetiva analisar e compreender a
cultura emotiva e suas relações com a produção de moralidade em uma dada
sociabilidade, o comportamento desviantes nos homens comuns no urbano brasileiro e
as implicações morais nas relações de gênero. ESU é outra linha de pesquisa que tem
por finalidade analisar a emergência de uma nova cultura emotiva no urbano
contemporâneo brasileiro, principalmente a partir da década de 1970, quando o Brasil
ganha uma predominância urbana. Nesta linha se desenvolvem discussões sobre os
processos interacionais na cidade, os modos e estilos de vida e as formas de viver, sentir
e narrar à cidade.
ESU é a linha de pesquisa do GREM que mais produziu trabalhos sobre a cidade
de João Pessoa, como universo sistemático de pesquisa. Esta linha surge nos primeiros
anos de atuação acadêmica do grupo de pesquisa, e desenvolve estudos sobre a
sociabilidade urbana, o ideal de progresso, as fotografias do urbano e o sentimento de
pertença, bem como sobre a emoção luto, o sentimento de perda, a noção de morte e de
morrer, a emoção medo, constituindo a cidade de João Pessoa sob a perspectiva da
relação entre emoções e sociabilidade urbana na contemporaneidade brasileira.
A linha de pesquisa ESU
Três projetos foram acolhidos na linha ESU, estes se debruçam sobre a análise
da capital paraibana: Fotografia, pobreza, cidade e a percepção dos produtores
culturais da cidade (1994-2000), Luto e Sociedade no Brasil (1994-2003) e MC (1999-
atual).
Fotografia, pobreza, cidade e a percepção dos produtores culturais da cidade
foi um projeto de pesquisa que buscou discutir o homem comum pobre na cidade da
Parahyba, atual João Pessoa, entre os anos de1890 a 1920 (KOURY, 1986, 1988, 2003),
e os ideais de progresso e de desenvolvimento urbano na cidade da Parahyba, através
das fotografias dos anos de 1870 a 1930 (BARRETO, 1996). Bem como analisar a
fotografia na cidade, de 1850 a 1950 (LIRA, 1997), com o intuito de acompanhar o
itinerário dos fotógrafos que ali atuavam e de entender como a cidade foi construída a
sendo dezesseis nacionais e cinco internacionais. A RBSE pode ser acessada no endereço eletrônico:
http://www.cchla.ufpb.br/rbse/. Como elemento de continuidade, o GREM fundou recentemente uma
nova revista, Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia. É uma revista que tem o
objetivo de ser um espaço de discussão e reflexão sobre o urbano contemporâneo, trazendo análises sobre
cidade, urbanismos e urbanidades. Sociabilidades Urbanas foi fundada no ano de 2017 e teve sua primeira
publicação no mês de março. Pode ser acessada no endereço eletrônico:
http://www.cchla.ufpb.br/grem/sociabilidadesurbanas/. O GREM também publica a Coleção Cadernos
do GREM, com 10 números editados.
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
partir do olhar fotográfico da época. O projeto levantou, ainda, a discussão sobre a
percepção da cidade de João Pessoa pelos seus produtores culturais, nos anos de 1980 a
1990 (HONORATO, 1999). Este projeto esteve em desenvolvimento no GREM dos
anos de 1994 a 2000 e produziu trabalhos que se debruçam sobre fotografia, cidade,
modernização, sociabilidade urbana e sentimento de pertença, trazendo os primeiros
apontamentos sobre a emoção medo e sua influencia nas configurações urbanas e nas
formas de sociabilidade. O projeto serviu como uma pré-fase organizativa do que veio a
se tornar mais tarde o projeto MC.
Luto e Sociedade no Brasil foi o projeto que marcou a transição do grupo para o
campo analítico das Emoções, na Antropologia e na Sociologia. Foi o período da
criação e consolidação do GREM. Este foi um dos primeiros projetos do grupo de
pesquisa e teve por objetivo analisar e compreender as transformações no
comportamento urbano de classe média, na contemporaneidade brasileira, a partir do
processo de luto. Este projeto realizou coleta de dados nas 27 capitais do Brasil com a
finalidade de compreender o imaginário social em relação ao luto e a dor da perda, onde
os indivíduos elaboram definições sobre o sentimento de luto, da perda, da dor e
identificam as mudanças e as permanências nos costumes e nos rituais da morte e do
morrer. Assim, o projeto faz um balanço das percepções sociais sobre o trabalho de luto
no urbano contemporâneo brasileiro. Luto e Sociedade analisou as atitudes em relação
ao fenômeno do luto no Brasil urbano contemporâneo. Teve por objetivo entender o
significado social do luto e o processo de individuação daquele que o sofre, de modo a
desvendar os processos de mudança de valores e mentalidades em relação ao luto e a
morte, apontando para a emergência de uma nova sensibilidade na sociedade brasileira
urbana (KOURY, 2010b).
O projeto MC foi construído através do refinamento analítico de questões
levantadas em ambos os projetos anteriores. A pesquisa MC busca analisar a construção
do imaginário social sobre o medo do homem comum urbano na contemporaneidade
brasileira, a fim de compreender as transformações na construção social da semelhança
e da dessemelhança entre os habitantes da cidade, orientando as formas de sociabilidade
urbana. Neste projeto, os medos, - enquanto medos corriqueiros, - são entendidos como
emoções fundamentais para a elaboração do cotidiano do homem comum urbano. O
medo é compreendido como podendo paralisar, aprimorar ou transformar as trocas
materiais e simbólicas dos indivíduos no processo de interação social. O medo é
entendido, assim, como um elemento social significativo para a configuração e
reconfiguração das formações societárias, pois é uma emoção que está presente em toda
e qualquer relação social, se apresentando como uma força motivadora desse social.
O projeto MC se encontra em desenvolvimento no GREM desde o ano de 1999.
Desde então, vem colaborando com a discussão teórico-metodológica sobre a relação
entre medo e sociedade no Brasil e no ocidente, enfatizando a construção do imaginário
social sobre o medo, e os medos corriqueiros, no homem comum urbano das cidades
brasileiras na contemporaneidade. Este projeto de pesquisa se preocupa em analisar e
compreender as formas de sociabilidade que se desenvolvem sob a ótica dos medos
corriqueiros na cidade de João Pessoa. Leva em consideração as modificações na
estrutura e na organização urbana e societal da cidade e dos seus habitantes.
Apesar de suas singularidades teórico-metodológicas, os três projetos de
pesquisa traçam diálogos sobre o urbano, a pobreza, a cidade, o progresso, as emoções,
a semelhança e a dessemelhança, identificando as transformações na organização
societal da sociedade brasileira, com a emergência de uma nova sensibilidade que
influencia as formas de sociabilidade urbana do país, a partir da década de 1970. Esta
linha de pesquisa pressupõe um olhar específico do GREM sobre a cidade de João
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
Pessoa. Olhar este configurado a partir da discussão sobre a relação entre emoções e
sociabilidade urbana.
O projeto de pesquisa Medos Corriqueiros
O projeto guarda-chuva MC é a pesquisa do GREM que possui a maior
quantidade de trabalhos orientados sobre a cidade de João Pessoa8. Com início no ano
de 1999, o projeto encontra-se em desenvolvimento e rende uma ampla produção
acadêmica sobre a discussão entre medo e sociedade, inaugurando uma nova esfera de
investigação no grupo. O projeto guarda-chuva analisa a construção do imaginário
social do medo no homem comum habitante da cidade de João Pessoa, com o intuito de
desvendar como o medo se propaga no cotidiano dos habitantes urbanos na
contemporaneidade. O medo é entendido como um elemento social significativo para a
configuração e reconfiguração das formações societárias, encontrando-se presente em
toda relação social e se mostrando como uma força motivadora desse social (KOURY,
2002). O medo não é entendido apenas como um elemento de subordinação, retraimento
e repulsa, mas também como um aspecto transgressor, inovador, organizador e criador
de novas sociabilidades.
O projeto MC propõe compreender a construção social da semelhança e da
dessemelhança entre os habitantes urbanos das cidades brasileiras na
contemporaneidade (KOURY, 2002). O elemento da semelhança e da dessemelhança
apresenta-se como um aspecto fundamental de análise para pensar as novas formas de
sociabilidade que se desenvolvem no urbano contemporâneo. A produção acadêmica do
projeto MC disponibiliza um acúmulo de conhecimento sobre a cidade de João Pessoa,
apreendida a partir da emoção medo. A produção constrói diálogos e cria uma rede de
8 Este projeto tem uma ampla produção acadêmica, entre elas encontram-se os livros Medos Corriqueiros
e Sociabilidade (KOURY, 2005), O Vínculo Ritual: Um estudo sobre sociabilidade entre jovens no
urbano brasileiro contemporâneo, (KOURY, 2006) e De que João Pessoa tem medo? Uma abordagem
em Antropologia das Emoções, (KOURY, 2008). Esses livros analisam e discutem os resultados obtidos
no desenvolvimento da pesquisa, publicizando os trabalhos desenvolvidos no âmbito do GREM. A
pesquisa também produz artigos em periódicos, capítulos de livros, artigos e resumos em anais de
congressos, entre outros. Estes trabalhos apresentam-se como mecanismos que viabilizam as análises e
reflexões desenvolvidas no grupo e que permitem pensar e discutir os conceitos e as categorias
trabalhadas, possibilitando aprimorá-las e refiná-las. Além disso, a publicação desses trabalhos incorpora
a política de visibilidade e acessibilidade que se desenvolve no interior do grupo, abrindo caminho para o
diálogo com outros pesquisadores, contribuindo para a discussão acerca do tema na academia e para a
eficiência e efetividade do fazer científico. É importante salientar que a produção acadêmica do projeto
Medos Corriqueiros selecionada para análise nesta monografia se divide, ainda, em Trabalhos de
Conclusão de Curso (TCC) e Dissertações de Mestrado. Entre os TCCs se encontram: Medo na cidade:
Uma experiência no Proto do Capim (VILAR, 2001), Tambiá – medo, cultura e sociabilidade: Um
estudo sobre o bairro de Tambiá, João Pessoa-PB (SILVA, 2003), Uma Análise do Bairro de Cruz das
Armas Sob a Ótica do Medo (SOUZA, 2003), Tambaú: Pertença e fragmentação sob uma ótica do medo
(SOUSA, 2004), Sob a ótica do medo: Um estudo de caso no bairro dos Estados, João Pessoa-PB
(SILVA, 2004), Convívio e interação social: os códigos de afeição e de estranhamento, os medos
corriqueiros e a sociabilidade em uma rua (CAVALCANTE FILHO, 2005), Sociabilidade, pertença e
medos corriqueiros: Estudo de uma rua no bairro de Valentina de Figueiredo, João Pessoa – Paraíba
(ALMEIDA, 2005), João Pessoa à noite: Um estudo sobre vida noturna e sociabilidade, 1920 a 1980
(SOUZA, 2005), Memória social e sentimento de pertença: Um estudo sobre o Parque Solon de Lucena,
João Pessoa – PB (SILVA, 2006) e Sociabilidade, Medo e Estigma no contexto urbano contemporâneo:
o bairro do Roger na cidade de João Pessoa – PB (CAMPOS, 2008). Enquanto que as Dissertações de
Mestrado em análise são compostas pelos seguintes trabalhos: Imagens da Cidade: A ideia de progresso
nas fotografias da cidade da Parahyba (1870-1930) (BARRETO, 1996), Fotografia na Paraíba: Um
inventário dos fotógrafos através do retrato (1850-1950) (LIRA, 1997), Se essa cidade fosse minha... A
experiência urbana na perspectiva dos produtores culturais de João Pessoa (HONORATO, 1999) e
Medos Corriqueiros e Vergonha Cotidiana: uma análise compreensiva do bairro do Varjão/Rangel, João
Pessoa, PB (BARBOSA, 2015).
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
conhecimento sobre o universo analisado, isto é, a cidade de João Pessoa. Este acúmulo
de conhecimento da produção do projeto MC do GREM sobre João Pessoa contribui
para a composição da imagem de um mosaico científico da cidade (BECKER, 1993). A
produção acadêmica colabora de maneira singular para a compreensão do todo analítico
da cidade de João Pessoa, em que cada estudo é visto como uma peça que constitui este
mosaico científico de onde a cidade é apreendida para análise.
O mosaico científico comporta a produção de estudos que se conectam e
dialogam, permitindo múltiplas comparações de um determinado universo de pesquisa.
No mosaico científico, os estudos que nele se desenvolvem trabalham de forma
cooperativa (HANNERZ, 2015), permitindo, ao mesmo tempo, uma leitura e análise
contextual do todo e de suas partes. O mapa simbólico também apreende os estudos
específicos, em cooperação analítica, para a constituição de uma rede de significados
sobre a cidade, universo de pesquisa, elaborando uma visão geral que condensa as
conexões da produção acadêmica, e as conectam em suas particularidades. A construção
deste mosaico científico sobre a cidade é possível devido a configuração guarda-chuva
do projeto, que apreende no seu interior diversos subprojetos. Esta configuração
complexa do projeto MC foi possível a partir do seu afunilamento teórico-
metodológico. Afunilamento este que tem início nas fases pré-organizativas do projeto,
que percorre dos anos de 1983 a 1999.
Fases pré-organizativas do projeto MC
A pré-fase do projeto guarda-chuva apreende 16 anos de trajetória acadêmica, de
1983 a 1999, onde a figura de Koury é considerada uma peça chave para a compreensão
do GREM e do projeto MC. Esta fase pré-organizativa foi esquematizada em 02
momentos: o primeiro comporta os anos de 1983 a 1994, período que dará surgimento
ao grupo de pesquisa. O segundo contempla os anos de 1994 a 1999, período que
antecede a criação do projeto guarda-chuva. De forma sintética, o primeiro momento se
debruça sobre o campo da subjetividade, onde é tomado como foco analítico o projeto
Fontes para a História da Industrialização do Nordeste: 1889-1980. Este projeto
objetivava resgatar e preservar a memória e a produção do conhecimento científico
sobre o Nordeste brasileiro, com relação ao trabalho e a indústria. Buscou-se
compreender a evolução do trabalho e da indústria na região Nordeste e a sua relação
com a urbanidade, as manifestações políticas do empresariado e o papel que o Estado
tomava em relação a este empresariado, bem como, a formação da classe trabalhadora
na região, levando em consideração suas condições de vida e de trabalho e suas
manifestações de reivindicação e política.
Neste período Koury desenvolvia seus estudos voltados para a questão de classe,
do trabalho, da disciplina, do sindicalismo, dos movimentos sociais, da problemática do
trabalho sob o capital, da cidadania e das graves rurais. No início dos anos de 1990
inicia-se o processo de passagem de Koury, lançando diálogos entre a subjetividade e as
emoções – com as emoções ainda subsumidas no contexto mais amplo da subjetividade
–, com discussões sobre luto e sociedade no Brasil urbano, mas ainda relacionados com
o trabalho e o associativismo. Os principais conceitos discutidos neste primeiro
momento são os de homem comum pobre, de discurso modernizador, de trabalho, de
disciplina, de classe trabalhadora, de luto e morte, de industrialização e de sindicalismo.
Este arcabouço conceitual norteia as análises nesta fase teórico-metodológica que se
processam até o ano de 1994.
A influência dos estudos no campo das emoções vai aos poucos remodelando os
problemas de pesquisa e o arcabouço T-M de Koury, que se firma no campo com a
criação do GREM. Este elemento marca o segundo momento da fase pré-organizativa
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
do projeto, que se desenvolve dos anos de 1994 a 1999. Neste momento é discutida a
trajetória acadêmica com ênfase na influência da Antropologia e da Sociologia das
Emoções, de modo a traçar um panorama dos aspectos temáticos, teóricos e
metodológicos desta fase. São analisadas duas linhas de pesquisa centrais para o GREM
nesta fase: a linha Fotografia, Cidade e Pertença (FCP) e Processo de Luto e Morte no
Brasil Urbano Contemporâneo(PLMBUC). Os estudos desenvolvidos pelo grupo se
concentravam no interior destas duas linhas de pesquisa, que dão base à constituição do
projeto guarda-chuva MC. Na linha de pesquisa FCP se discute questões relacionadas à
cidade e a fotografias, conformando as preocupações analíticas do projeto Fotografia,
pobreza, cidade e a percepção dos produtores culturais da cidade. Na linha PLMBUC
se discute questões sobre o processo de luto, a morte, o morrer e a dor da perda,
condensando os objetivos e análises do projeto Luto e Sociedade no Brasil.
Neste segundo momento o arcabouço conceitual de análise é constituído pelos
conceitos de cidade, de pobreza, do ideal de progresso, da modernização urbana, da
pertença, da memória, do homem comum, do sentimento de perda, do luto, da dor, da
morte, do morrer e da nova sensibilidade urbana. Estes conceitos apontam para uma
complexificação da primeira fase e redundam em uma nova complexificação que leva
ao surgimento do projeto MC. Estes dois momentos que configuram as fases pré-
organizativas são responsável pelo afunilamento e complexificação temática e teórico-
metodológica que resultou na criação do projeto guarda-chuva MC, que apreende os
anos de 1999 a 2016. Nestes 17 anos de atuação acadêmica, a trajetória do projeto
aponta para fases T-M que marcam a sua complexificação e a constituição do seu
arcabouço conceitual.
As fases T-M do projeto é norteada pelos seus subprojetos, que elaboram um
caminho teórico-metodológico singular para analisar a cidade de João Pessoa, de modo
a indicar particularidades e, ao mesmo tempo, cooperando para a construção do projeto
guarda-chuva e a compreensão da cidade. O projeto guarda-chuva MC possui, em sua
trajetória teórico-metodológica, 03 fases de desenvolvimento analítico: 1) a construção
e consolidação de um arcabouço conceitual para análise, demarcando a primeira fase
acadêmica, de 1999 a 2008; 2) o refinamento temático, teórico e metodológico da
pesquisa, com o surgimento de novos conceitos e subprojetos, que identificam a
segunda fase, de 2009 até os dias atuais; 3) e a necessidade de sistematização dos
resultados do projeto, através de um balanço analítico, na composição de um
observatórios sobre medo e cidade, compondo a terceira fase, de 2012 até os dias de
hoje.
A pesquisa MC possui um leque conceitual que indica o surgimento, o processo
de desenvolvimento, a complexificação e os desusos dos conceitos na sua trajetória
teórico-metodológica. O conceito medos corriqueiros é o eixo central de análise do
projeto, dialogando com outros conceitos e categorias que se apresentam como
importantes na e para a sociabilidade urbana contemporânea dos habitantes da cidade de
João Pessoa. Os conceitos de medos, de medos corriqueiros e de pertença perpassam
toda a produção do projeto guarda-chuva. Mesmo quando não aparece enquanto foco
analítico, os medos corriqueiros se manifestam no diálogo com outros conceitos. Os
medos e os medos corriqueiros, assim, dialogam com categorias que se apresentam
como importantes para compreender as formas de sociabilidade e o imaginário social
sobre medo, dos habitantes da cidade de João Pessoa. Neste sentido, as categorias de
memória, de mídia (online, impressa ou televisiva), de violência, as estatísticas policiais
e a juventude são discutidas no interior da sua produção.
O arcabouço conceitual do projeto guarda-chuva indica o desenvolvimento
teórico-metodológico da pesquisa, marcada pelos seus subprojetos, e aponta, assim,
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para as transformações, o refinamento e a complexificação analítica do projeto MC
durante a sua trajetória acadêmica. O leque conceitual do projeto é composto por um
conjunto de conceitos considerados principais para a análise da pesquisa, indicando as
particularidades, as semelhanças e os diálogos que se desenvolve no interior do projeto
e dos seus subprojetos. Este projeto desenvolve sua análise a partir dos conceitos de
medo, de medos corriqueiros, de pertença, de homem comum, de pessoalidade, de
individualismo, de individualidade, de nova sensibilidade urbana, de confiança, de
confiabilidade, de lealdade, de cultura emotiva, de fidelidade, de segredo, de traição, de
coragem, de semelhança, de dessemelhança, de controle social, de sujeira, de
sentimento de segurança, de amizade, de estranhamento, de pânico moral, de estigma,
de embaraço, de vergonha, de constrangimento, de fofoca, de ressentimento, de
estratégias de evitação e de fronteira. As pesquisas individuais e os subprojetos onde se
encontram inseridas indicam cada fase teórico-metodológica do projeto MC. A análise
desta produção acadêmica permite, deste modo, desvendar e compreender o
desenvolvimento e o refinamento conceitual e analítico do projeto guarda-chuva. De
modo a acompanhar o andamento e a complexificação desta pesquisa.
Discussão geral do mosaico científico sobre a cidade de João Pessoa
A produção acadêmica do projeto guarda-chuva MC se apresenta como um
conjunto de etnografia cooperativa (HANNERZ, 2015) para a compreensão e leitura
contextual da cidade de João Pessoa, sob a ótica dos medos corriqueiros. Esta produção
disponibiliza um mosaico científico sobre a cidade e seu desenvolvimento urbano
contemporâneo, a partir do imaginário social dos medos. Permite pensar a cidade, as
suas remodelações espaciais e sociais e as formas de sociabilidade emergentes nesse
processo de configuração e reconfiguração urbana.
Analisar a produção é se inserir na memória institucional do GREM, através do
projeto MC, de modo a identificar como o grupo compreende a relação entre emoções e
sociabilidades urbanas na cidade de João Pessoa. Apresenta uma reflexão sobre a cidade
e uma contribuição para a discussão sobre medos e sociedade no urbano contemporâneo
brasileiro. Analisar a cidade de João Pessoa sob a ótica dos medos corriqueiros é
compreender os contornos que a cidade pode assumir através de suas formas de
sociabilidade e cultura emotiva. Formas de sociabilidade e cultura emotiva este que
caracterizam os lugares e a cidade como um todo: entrecruzando lugares e espaços
sociais, como os bairros, as ruas e os parques, e configurando-os em um ambiente de
tensão e pertença que caracterizam os lugares em si e os lugares no interior da cidade.
As análises desenvolvidas no interior do projeto MC identificaram a emergência
de uma nova sensibilidade no urbano contemporâneo brasileiro com ênfase para a
cidade de João Pessoa (KOURY, 2009). Nova sensibilidade que vem se desenvolvendo
a partir da década de 1970. Esta emergência de uma nova sensibilidade se dá de forma
simultânea com o crescimento do processo de individualidade e individualismo na
sociabilidade brasileira urbana, rompendo ou transformando as formas de sociabilidades
baseadas em laços tradicionais de pessoalidade e semelhança. A cidade, de acordo com
o projeto, vive um processo de individualização crescente, principalmente nos bairros
de classe média e média alta, o que parece ter aumentando a solidão, a dessemelhança, a
indiferença e a ocorrência de uma valorização do espaço privado em detrimento do
espaço público (KOURY, 2008). No entanto, a cidade também vivencia formas de
sociabilidades pautadas em modelos de solidariedade afetivas que se baseiam na
pessoalidade e na semelhança, com intensa interação relacional no ambiente público,
principalmente nos bairros populares (BARBOSA, 2015; KOURY, 2016a).
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Sociabilidades Urbanas – Revista de Antropologia e Sociologia v1 n2 julho de 2017 ISSN 2526-4702
As formas de sociabilidades da cidade de João Pessoa mesclam elementos
tradicionais e modernos de maneira ambivalente e tensa. Em geral, mas apresentando-se
enquanto inadequação e tensão, nos bairros de classe média e média alta se desenvolve
uma crescente individualização, enquanto que nos bairros populares as relações são
pautadas em certa solidariedade, sem escaparem, também, da emergência de relações
baseadas na impessoalidade, mas em um grau menor do que nos lugares que as classes
abastadas residem. O processo de modernização na cidade de João Pessoa parece
fomentar relações baseadas no medo do outro, agora estranho, que começa compartilhar
os espaços que os habitantes que se consideram tradicionais na cidade (KOURY, 2008).
O projeto MC analisa o imaginário social dos habitantes da cidade de João
Pessoa a partir do seu lugar de fala, que norteia a sua experiência. Os sujeitos figuram o
seu imaginário sobre medo na cidade de acordo com o bairro onde moram e o lugar que
frequentam, de modo a possibilitar várias visões sobre a cidade, e imersões no seu
interior. Há várias experiências sobre medos e medos corriqueiros de acordo com o
lugar analisado, onde o imaginário social do sujeito é configurado seja como de vítima
potencial da violência crescente na cidade, devido ao crescimento urbano desordenado,
seja a partir dos aglomerados subnormais na cidade. Seja, ainda, como vítima direta do
imaginário social da cidade sobre o bairro em que moram, sendo categorizados como
mais ou menos violento, fomentando estratégias de salvaguardar a face do bairro e de
seus moradores, e indicando o outro como a fonte do caos (KOURY, 2010).
Analisar as representações sociais sobre o medo dos habitantes da cidade de
João Pessoa permite, assim, compreender a sua configuração e reconfiguração na
sociedade local, de modo a desvendar como são construídos os significados de
pertencimento e exclusão, as transformações dos lugares e as formas de sociabilidade e
interação entre os indivíduos neles inseridos, o que leva a análise da conformação tensa
de cada lugar e de como os indivíduos e grupos foram afetados pelas transformações
sofridas no urbano contemporâneo da cidade.
O projeto MC faz uma ampla análise sobre a cidade de João Pessoa a partir da
ótica dos medos corriqueiros. Para isso faz uso de um leque conceitual imprescindível
para a análise das formas de sociabilidade pautadas nos medos corriqueiros que se
desenvolvem na cidade. A trajetória conceitual do projeto de pesquisa é essencial para o
seu desenvolvimento, bem como para a compreensão do mapa simbólico traçado pelo
projeto, de modo a desvendar a cultura emotiva da cidade e seus códigos de moralidade.
A produção acadêmica do projeto MC constitui um mapa simbólico sobre a cidade de
João Pessoa, isto é, uma forma específica de estudar a cidade e seus lugares a partir de
uma determinada temática. O mapa simbólico é a síntese das reflexões do GREM sobre
João Pessoa, apreendida, recortada e estudada, pelo projeto em análise nesta
monografia, a partir da ótica dos medos corriqueiros.
Através do projeto se apreende a cidade de João Pessoa a partir dos pequenos
enfretamentos cotidianos dos seus habitantes, seja entre os moradores do próprio bairro
ou rua, de outros bairros ou da cidade como um todo (KOURY, 2016a). A análise do
projeto MC permite compreender como os medos e os medos corriqueiros se propagam
no cotidiano dos habitantes da cidade de João Pessoa. Nele, a cidade é apreendida sobre
diversos aspectos e ângulos peculiares que comportam histórias específicas em cada
lugar, sejam as ruas, os bairros e os parques. A cidade de João Pessoa é composta por
lugares singulares que interagem entre si e com outros no cotidiano da cidade, e onde os
habitantes configuram o jogo de interações individuais e grupais que tecem as formas de
sociabilidade, de memória e de história. A produção acadêmica do projeto MC compõe
uma rede significados sobre a cidade de João Pessoa, apresentando um acúmulo de
conhecimento sobre ela. A partir da análise desta produção acadêmica, este subprojeto
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buscou compreender a forma como a cidade é apreendida pelo GREM, a fim de
identificar as mudanças sócio-espaciais da cidade, principalmente a partir da década de
1970, e a constituição do imaginário social sobre o medo do homem comum urbano,
bem como sua relação com as formas de sociabilidade que se desenvolvem na capital
paraibana.
João Pessoa é uma cidade que sofre um processo de modernização e
transformação urbana que modifica as suas formas de sociabilidade. Modificação que se
dá devido à emergência de uma nova sensibilidade urbana que mescla elementos
tradicionais e modernos, mas que acaba por romper com alguns laços afetivos da
solidariedade tradicional, aumentando a individualização nas relações sociais. O projeto
guarda chuva MC, assim, se apresente como um arcevo de conhecimento científico
sobre a cidade de João Pessoa a partir da perspectiva dos medos e dos medos
corriqueiros, apreendendo, em sua produção acadêmica, elementos do passado e do
presenta da cidade.
Considerações Finais
Neste trabalho buscou-se realizar um balanço analítico deste subprojeto que
integra a pesquisa Balanço Comparativo, apreendendo os 03 anos de atividades de
pesquisa, de 2014 a 2017, desenvolvidas junto ao GREM e a PRPG, através da bolsa
PIBIC/CNPq-UFPB. Este balanço sistematiza a trajetória teórico-metodológica do
subprojeto e os seus resultados de pesquisa, que deu corpo a um TCC, defendido no dia
31 de maio de 2017. A pesquisa maior que este subprojeto integra objetiva realizar um
balanço comparativo da produção acadêmica Universidade Federal da Paraíba, Campus
I, sobre a cidade de João Pessoa, abordando os anos de 1992 a 2016. Pretende
compreender como a cidade é apreendida pelos pesquisadores da instituição,
desvendando os mapas simbólicos construídos sobre e através dela. Com o intuito de
desenvolver uma análise de como as diferentes áreas acadêmicas da universidade
revisita a cidade, cruzando como esses diversos olhares se interligam, se cruzam e se
diferenciam, apreendendo as redes de significados criadas pela instituição sobre a
cidade.
Este subprojeto desenvolveu uma análise compreensiva e histórica do GREM,
sobre a cidade de João Pessoa, a partir da linha de pesquisa Emoções e Sociabilidade
Urbana, com ênfase para o projeto guarda-chuva Medos Corriqueiros. O balanço
compreensivo da produção do grupo disponibiliza uma análise da cidade, de modo a
descortinar as suas mudanças no decorrer dos anos e a construção de mapas simbólicos
sobre ela, desvendando a cultura emotiva da cidade. Objetivou-se realizar uma
avaliação crítica da produção do GREM com enfoque analítico nos medos corriqueiros,
a fim de desvendar os caminhos teóricos e metodológicos traçados pelo projeto MC no
seu desenvolvimento, com o intuito de compreender as mudanças analíticas, conceitual
e de método pela qual o projeto passou no decorrer dos anos, descortinando a que
recortes a cidade de João Pessoa foi submetida e como ela é apreendida pelo grupo.
A produção acadêmica deste projeto de pesquisa discute o papel dos medos, dos
medos corriqueiros, da pertença, da violência, da semelhança e dessemelhança, da
amizade, da vergonha, da fronteira, da fofoca, do segredo, da confiança, da
confiabilidade, da lealdade, da traição, do conflito social, da individualidade, da
impessoalidade, entre outros. Este leque conceitual da pesquisa possibilita uma ampla
visão da cidade, bem como a compreensão das formas de sociabilidade que nela se
desenvolvem, tendo como pando de fundo as representações sociais sobre a cidade de
João Pessoa e os medos corriqueiros do homem urbano contemporâneo local,
constituindo um mosaico científico (BECKER, 1993) sobre a cidade a partir da
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perspectiva dos medos corriqueiros. O acúmulo de conhecimento que o projeto guarda-
chuva possui sobre a cidade de João Pessoa indica as singularidade e conexões da
cidade através de seus bairros, das ruas, dos parques e dos circuitos de lazer. Constitui a
cultura emotiva da cidade, é o que acaba por constituir o mosaico científico beckeriano.
No mosaico científico (BECKER, 1993) tem-se a produção de estudos que se conectam
e dialogam, permitindo múltiplas comparações, com a possibilidade de integrar um
projeto mais amplo, seja uma teoria, uma temática ou uma pesquisa, como é o caso do
projeto MC, aqui em análise.
Este subprojeto mergulhou na memória institucional (AYELLO et al, 2008) do
GREM como forma de elaborar uma análise compreensiva sobre a totalidade do projeto
MC, e, assim, desenvolver uma avaliação crítica da produção acadêmica do projeto e do
GREM como forma de analisar o processo de surgimento, desenvolvimento e
complexificação teórico-metodológico do projeto de pesquisa MC. A memória
institucional do grupo foi acessada através do levantamento, mapeamento, leitura e
fichamento da produção, em que se corporifica a sua trajetória acadêmica. Esta análise
da memória do GREM foi feita com ênfase no projeto MC, que possibilitou desvendar a
trajetória conceitual e teórico-metodológica do grupo a partir da perspectiva do projeto.
Analisar a produção acadêmica do projeto MC é se inserir na memória institucional do
GREM e compreender a sua dinâmica e trajetória acadêmica, bem como a maneira
como o grupo apreende e recorta a cidade de João Pessoa nos seus estudos. Este grupo
de pesquisa desenvolve seus trabalhos sobre a relação entre emoções, cultura e
sociedade, e se debruça na análise da lógica do cotidiano, da cidade e das emoções. De
modo a entender as formas de sociabilidade no/do urbano contemporâneo e discutir as
relações sociais no/do cotidiano do homem comum urbano brasileiro.
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