em tempo - 5 de janeiro de 2014

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. ANO XXVI – N.º 8.227 – DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ DENÚNCIAS • FLAGRANTES 8177-2096 MÁX.: 33 MÍN.: 25 TEMPO EM MANAUS Economia B3 Roteiros regionais nas férias Elenco escolheu a numerologia para ajudar você a calcular seu número pessoal e descobrir como será o ano que acaba de começar. Elenco 20 Estudos comprovam que a gelatina auxilia na redução de colesterol, trigli- cérides, controla a glicemia, além de fortalecer os ossos. Saúde F2 Móveis multiuso e do tipo dois em um, como mesas de centro que viram mesas de jantar, estão entre as tendên- cias para 2014. Imobiliário 4 Em 1958, Elizabeth Bishop foi a Bra- sília, então em construção, conheceu índios e escreveu o relato em texto memorável. Ilustríssima G2 e G3 A FORÇA DO PALANQUE VIRTUAL Na disputa pelo voto, redes sociais são usadas por políticos como instrumentos mais dinâmicos e eficazes, especialmente após a regulamentação da pré-campanha on-line, liberada recentemente pela Justiça Eleitoral. Pré-candidatos não precisam mais esperar até o início de julho para apresentar projetos e pedir votos na internet. Política A5 CONCURSOS OFERECEM 47 MIL VAGAS Calendário de concursos públicos para 2014 está movimentado, com previsão de 47,1 mil vagas em todo o país, segundo o Ministério do Planejamento. Economia B4 Opções não faltam para quem optou por curtir, nas férias, os atrativos turísticos do Amazonas PF faz buscas em área estratégica Polícia Federal afirma que carro incendiado, encontrado no sul do Estado, não foi identificado e ainda não há sinal dos três homens desaparecidos. Última Hora A2 Bomba-relógio nos postos de gasolina Segundo pesquisa do Instituto de Psicologia da USP, exposição diária a solventes exalados pela gasolina provoca danos neurológicos a frentistas. Dia a dia C2 e C3 DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO DIEGO JANATÃ MONTAGEM SOBRE FOTOS: MARIO HENRIQUE SILVA

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

ANO XXVI – N.º 8.227 – DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

8177-2096

MÁX.: 33 MÍN.: 25TEMPO EM MANAUS

Economia B3

Roteiros regionais nas férias

Elenco escolheu a numerologia para ajudar você a calcular seu número pessoal e descobrir como será o ano que acaba de começar. Elenco 20

Estudos comprovam que a gelatina auxilia na redução de colesterol, trigli-cérides, controla a glicemia, além de fortalecer os ossos. Saúde F2

Móveis multiuso e do tipo dois em um, como mesas de centro que viram mesas de jantar, estão entre as tendên-cias para 2014. Imobiliário 4

Em 1958, Elizabeth Bishop foi a Bra-sília, então em construção, conheceu índios e escreveu o relato em texto memorável. Ilustríssima G2 e G3

A FORÇA DOPALANQUE VIRTUAL

Na disputa pelo voto, redes sociais são usadas por políticos como instrumentos mais dinâmicos e efi cazes, especialmente após a regulamentação da pré-campanha on-line, liberada recentemente pela Justiça Eleitoral. Pré-candidatos não precisam mais esperar até o início de julho para apresentar projetos e pedir votos na internet. Política A5

CONCURSOS OFERECEM 47 MIL VAGASCalendário de concursos públicos para 2014 está movimentado, com previsão de 47,1 mil vagas em todo o país, segundo o Ministério do Planejamento. Economia B4

Opções não faltam para quem optou por curtir, nas férias, os atrativos turísticos do Amazonas

PF faz buscas em área estratégica

Polícia Federal afi rma que carro incendiado, encontrado no sul do Estado, não foi identifi cado e ainda não há sinal dos três homens desaparecidos. Última Hora A2

Bomba-relógio nos postos de gasolina

Segundo pesquisa do Instituto de Psicologia da USP, exposição diária a solventes exalados pela gasolina provoca danos neurológicos a frentistas. Dia a dia C2 e C3

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Hepta campeão mundial de Fórmula 1 se acidentou na França

Tempestade de neve causa 15 mortes

A tempestade de neve Hér-cules que atinge os Estados Unidos desde a quinta-feira, 2, já causou pelo menos 15 mortes. As previsões indicam que nos próximos dias os termômetros poderão des-cer para mínimos históricos, abaixo dos -20 graus Celsius (°C) em vários Estados.

Pelo segundo dia consecu-tivo, ontem, os ventos fortes e a neve, com o registro de 60 centímetros de altura em algumas áreas, provocaram problemas em voos, levando ao cancelamento de mais de 3 mil e atrasos em 7 mil. Tam-bém houve restrições na rede de transportes terrestres e escolas. Edifícios governa-mentais foram fechados em 22 Estados.

Milhares de norte-ameri-canos ficaram sem luz em casa e nos seus locais de tra-balho. Também foram regis-trados acidentes de viação e internações por hipotermia. As baixas temperaturas pro-vocaram a ruptura de canos, o que gerou inundações que forçaram a evacuação de lojas, teatros e hospitais de algumas zonas de Boston.

As autoridades norte-ame-ricanas têm concentrado es-forços nas advertências à população para que se pro-teja diante da previsão de queda de temperatura.

A primeira grande tempes-tade de neve de 2014 afeta um terço dos Estados Unidos, ou seja, mais de 100 mi-lhões de pessoas, mantendo em situação de emergência Nova York e Nova Jersey, e causando também graves complicações em Massachu-setts, Illinois e Pensilvânia.

ESTADOS UNIDOS

Chances de Schumacher ficar sem sequelas é quase zero

O futuro de Michael Schu-macher ainda é uma incógnita para fãs e familiares que tor-cem e fazem orações por sua recuperação. Mas para médicos especialistas em neurologia, é quase impossível que o hepta-campeão da Fórmula 1 escape ileso do acidente de esqui e sobreviva sem sequelas.

Especialistas no assunto são unânimes em dizer que as chan-ces de o traumatismo craniano causado pela forte pancada não deixar rastros são quase zero.

Essa é a opinião do neurocirur-gião e mestre em neurociência Francinaldo Gomes. “É pratica-mente impossível que não traga graves consequências. É difícil prever até se ele vai sobreviver. E as sequelas podem ser de vá-rios tipos e podem atuar juntas também”, disse.

O mesmo pensamento tem Norberto Luiz Cabral, neurolo-gista e membro da Academia Brasileira de Neurologia. “É pouco provável que saia ileso”, disse. Os dois médicos apon-tam diversos tipos de sequelas

comuns nesse tipo de caso, como motora (dificuldade de se movimentar e mexer partes do corpo, como perna e braço), cognitiva (perda da memória e raciocínio lento), psiquiátrica (causar psicoses como depres-são) e sensitiva (não sentir de-terminadas partes do corpo).

O paciente também pode passar a apresentar dores que ele nunca sentiu, como fortes dores de cabeça, além de di-ficuldade de controlar funções fisiológicas, como urina e fe-zes. De acordo com os médicos, só quando os sedativos forem retirados é possível saber os reais danos que o acidente causou a Schumacher.

O ex-piloto sofreu um grave acidente no último domingo, quando esquiava com seu filho de 14 anos em Méribel, na França. O atleta entrou em uma área perigosa da montanha, onde a neve é mais fofa. Ele acabou se chocando com al-gumas pedras, foi catapultado para longe, e acabou batendo a cabeça em uma rocha.

EX-PILOTODIVULGAÇÃO

Constantino recebe últimos reparosO prefeito de Manaus,

Arthur Virgílio Neto, voltou às ruas para inspecionar os trabalhos de recapeamen-to realizado na cidade. Ele acompanhou a aplicação da última camada asfálti-ca na avenida Constantino Nery, onde destacou que está sendo aplicado pela primeira vez no Estado o composto “binder” com o suplemento de polímero. A obra está em fase final.

“O polímero já vem nessa nova mistura asfáltica. Ele serve para dar maior resis-tência e maior elasticidade ao asfalto e será necessário, principalmente, nos locais onde vão passar os ônibus como nas plataformas do Bus Rapid Service (BRS). No entanto, estamos aplicando o polímero em toda a exten-são da Constantino Nery e está é a primeira vez que o

polímero é usado em obras públicas no Estado. Daqui para frente vai ser uma coisa obrigatória”, destacou.

Associado ao trabalho de recapeamento, também

está sendo realizado o de requalificação da pavimen-tação de sarjetas e calçadas, que ajudam a dar maior re-sistência às bordas. Os tra-balhos na Constantino Nery

já estão em fase de conclu-são. O único trecho que ainda passa por arremates é onde ainda está instalado o Ter-minal de Integração 1 (T1), o qual será desativado.

Na avenida Autaz-Mirim, na Zona Leste, Arhur Neto destacou que os trabalhos haviam começado de forma tímida, mas que agora estão a todo vapor. O recapeamen-to, que será realizado até a rotatória da Samsung, já está alcançando o viaduto, no São José.

“Aqui no coração da Zona Leste estamos com mais de 40 homens trabalhando em ritmo frenético e vamos fazer um belo trabalho, as-sim como em toda a cidade. Vemos que as pessoas estão conscientes do trabalho que estamos realizando e nos apoiam cada vez mais”, des-tacou o prefeito.

ASFALTO

BLINDERArthur acompa-nhou a aplicação da última camada asfáltica na avenida Constantino Nery, onde destacou que está sendo aplicado pela primeira vez no Estado o “binder”

Avenida Constantino Nery recebe a última camada asfáltica com o composto “blinder”

MÁRIO OLIVEIRA/SEMCOM

PF não confirma que veículo achado seja de desaparecidosPolícia Federal afirma que pelo estado do veículo achado incendiado, não se pode afirmar que seja dos homens que sumiram

O veículo carboniza-do que foi locali-zado no final da tarde da última

sexta-feira, 3, no quilôme-tro 180, distrito de Santo Antônio do Matupi, no mu-nicípio de Humaitá (a 590 quilômetros de Manaus), vai passar por todos os exames periciais da Polícia Federal (PF) para a confirmação de que o veículo possa ser ou não o mesmo utilizado no dia do desaparecimento do professor Steff Pinheiro de Souza, o representante do Atacadão Manaus, Luciano Ferreira Freire, e o funcio-nário da empresa Eletrobras Amazonas Energia, Aldeney Ribeiro Salvador.

O superintendente da Po-lícia Federal em Rondônia, o delegado Carlos Gaia, infor-mou que pela situação em que o carro foi encontrado não se pode garantir que seria o mesmo utilizado pe-los desaparecidos.

“Como o veículo se encon-tra muito deteriorado não temos como garantir uma afirmação no momento, por isso, uma equipe da perícia

da própria Polícia Federal foi deslocada para o local e vai realizar todos os exames e verificar a hipótese”, disse o delegado.

Gaia informou que não há período para a conclusão da perícia e que ainda ontem estaria se deslocando para o município de Humaitá para acompanhar o caso mais

de perto.Na noite da última sexta-

feira, 3, a Polícia Federal divulgou uma nota que de-talhava o local em que o veículo foi encontrado como de interesse pericial e que a equipe pericial deve realizar os exames pertinentes.

A nota informava ainda que nenhum corpo foi encon-trado, como também não há

identificação do veículo. As investigações e busca dos desaparecidos continuam.

Para evitar a continuidade de boatos sobre o desapa-recimento, a Polícia Federal relatou que qualquer novida-de sobre o caso e quaisquer outras informações serão re-passadas para os familiares e imprensa.

O casoO representante do Ataca-

dão Manaus, Luciano Ferrei-ra Freire, o professor Stef Pinheiro de Souza e o fun-cionário da empresa Eletro-brás Amazonas Energia do Distrito de Santo Antônio do Matupi, Aldeney Ribeiro Sal-vador, estão desaparecidos desde o dia 16 de dezembro. A última vez que eles foram vistos estavam na BR-230 Transamazônica entre os quilômetros 20 e 150 no sen-tido Humaitá-Apuí (distante 453 quilômetros da capital), empurrando um veículo Gol de cor preta.

Segundo informações não oficiais, no local, os três chegaram a lanchar no res-taurante e seguiram viagem para Matupi, mais conhecido como quilômetro 180, porém não chegaram ao destino. Desaparecimento de três pessoas em Santo Antônio do Matupi revoltou moradores de Humaitá

DIVULGAÇÃO

INCERTEZAPelo estado de dete-rioração do veículo encontrado nas proxi-midades do local onde três homens desa-pareceram, levam a Polícia Federal a não confirmar que o carro seja das vítimas

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

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Page 3: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 A3Opinião

Demorou, mas as manifestações de junho/julho de 2013 não fi cariam sem uma reação que reco-nhecesse a sua importância. O governo, em suas representações municipal, estadual e federal, ter-giversou, dividiu as reivindicações pela metade ou as reduziu até minimizá-las, mas não suportou ter sido surpreendido por uma massa de protestos, vinda de quem se esperava um referendo à verdade midiática de que tudo vai bem, mas dois e dois são cinco.

Não se consertou o que estava errado, senão pelo recuo estratégico quanto ao preço da passagem de ônibus, num ano pré-eleitoral e não mais. Neste fi m de semana, foi revelado que o governo inten-sifi cou o treinamento de dez mil homens para atuar durante a Copa do Mundo, nas 12 cidades-sede, como revelou o diretor da Força Nacional, coronel PM Alexandre Augusto Aragon. A decisão de aplicar um curso de controle de distúrbios civis (como são chamados, na linguagem policial, manifestações e protestos) em 10 mil homens ocorreu após uma análise das últimas manifestações e do histórico das edições do evento. “A violência dos protestos recentes é que assustou. Tivemos muitos policiais feridos no Rio. Isso gerou aprimoramentos”, explicou Aragon, que à frente da Força já dirigiu 42 operações ao mesmo tempo nos 23 Estados e no Distrito Federal.

A estratégia de preparação da maior força policial do país (depois dela, segue São Paulo com uma Tropa de Choque de 3 mil policiais) para agir nos protestos esperados de 2014 levou à compra de um minirrobô, que vai espionar militantes do black bloc: pequeno e de borracha, ele se infi ltrará durante os atos de violência para realizar fi lmagens e auxiliar na investigação dos envolvidos. Se o presidente do Senado parar de usar ilegalmente aviões da FAB, os protestos de 2014 talvez não aconteçam.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o Corinthans, considerado o melhor time brasileiro dos últimos 6 anos, segundo estudo apresentado pela Pluri Consultoria. Com base nos resultados desde 2008, a equipe paulista acumulou 976,4 pontos.

Corinthians

APLAUSOS VAIAS

Mensagem gratuita

A Câmara dos Deputa-dos analisa o projeto de lei 5.438/13, da deputada Flávia Morais (PDT-GO), que transforma em dispositivo da Lei Geral de Telecomu-nicações (9.472/97) a obri-gatoriedade de que as em-presas de telefonia móvel encaminhem gratuitamen-te as mensagens de texto destinadas aos serviços públicos de emergência.

“Poucos privilegiados”

Resolução da Anatel, pu-blicada em abril de 2011, já determina que as ope-radoras transmitam essas mensagens, conhecidas como torpedos ou SMS, sem cobrar nenhum valor dos usuários. No entanto, Flávia Morais alega que “o recurso ainda está disponível para poucos privilegiados”, e por isso entende que seja ne-cessário consolidar a regra em lei.

Estrangeiros

Outro projeto de lei em análise na Câmara dos De-putados (PL 6.300/13) au-toriza os estrangeiros em situação irregular no Brasil, que tenham entrado no país até o dia 30 de junho de 2013, a requerer o registro provisório.

Benefício

O projeto beneficia os que entraram clandestinamen-te no território nacional e os que entraram legalmente, mas se encontram com o prazo de estada vencido. O

registro provisório é geral-mente obtido nas unidades da Polícia Federal.

Cuidadores de idosos

A lista dos candidatos classificados no Processo Seletivo Simplificado (PSS), da Fundação Doutor Tho-mas (FDT), para contrata-ção de 60 cuidadores de idosos, poderá ser vista a partir de amanhã, na edição de n° 3.323, do Diário Oficial do Município (DOM).

Sem confi ança

O Índice de Confiança do Empresário do Comér-cio encerrou 2013 em queda. O indicador recuou 2,7% em dezembro do ano passado em relação a de-zembro de 2012, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Essa foi a quinta queda mensal consecutiva.

Situação atual

A confiança caiu mais em relação ao momento atu-al (-7,4%). Os empresários estão menos confiantes em relação às situações atuais da economia (-10,5%), do setor comercial (-4,4%) e de seu próprio negócio (-7,4%).

Decepção

Segundo a CNC, a con-fiança dos empresários foi afetada pela decepção com o ritmo de crescimento eco-nômico ao longo do ano, pelo encarecimento do cré-dito e pela desvalorização cambial que contaminou os

preços no atacado.

Abastecimento

O prefeito Arthur Virgílio Neto percorreu vários bairros da Zona Leste, na sexta-feira, 3, para verifi car se a água está realmente chegando às casas dos moradores. Ele ga-rantiu que toda a cidade será atendida pelo Proama ainda este ano.

Aeroporto

O aeroporto Eduardo Go-mes só vai ficar completa-mente pronto daqui a três meses, segundo a Infrae-ro. As obras de reforma e modernização deveriam ter sido entregues em dezem-bro do ano passado, mas serão concluídas com qua-tro meses de atraso.

Primeira sessão

O presidente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), Josué Filho, agendou para o dia 16 de janeiro a primeira sessão ordinária e administrativa do ano de 2014.

Condição

O PSB espera que Marina Silva anuncie publicamen-te que será vice na chapa do governador de Pernam-buco, Eduardo Campos, à Presidência, até o fim deste mês ou meados de feverei-ro. A condição que teria sido imposta pela ex-ministra para que isso ocorra é que a sigla abra mão de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo.

Para a Câmara e o Senado, que escon-dem sua folha de pagamentos detalhada, com o nome e o respectivo salário de cada um dos 594 senadores e deputados, além dos mais de 20 mil servidores.

Congresso Nacional

Um balanço do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que, em 2013, o número de processos abertos para investigar magistrados dobrou em relação a 2012. Segundo o CNJ, 24 processos foram instaurados no ano passado. No ano anterior, 11 ações investigaram a conduta funcional de juízes. De acordo com o levantamento, dos 24 processos disciplinares, dez resultaram no afastamento de 13 magistrados. Desde a criação do CNJ, em 2005, 64 magistrados foram afastados das funções, 44 foram aposentados compulsoriamente e 11 receberam censura devido aos atos praticados.

Magistrados investigados

DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

[email protected]

Protestos de junho, a resposta

Verdade universalmente aceita diz que os números não mentem. Os homens, sim, mentem e mui-to, principalmente quando querem mascarar uma realidade que não lhes é favorável e que torna vulne-rável a avaliação da sua ação de gestores. Por isso o governo do país sempre procura divulgar imagens e conceitos que passam a impressão de que um grande país está em via de construção.

Nem sempre, entretanto, é possí-vel barrar ou distorcer informações, avaliações e pesquisas que vêm de fontes independentes, que escapam ao controle do poder instituído.

Sabemos e todos os brasileiros, se atentarem, podem saber que a educação vai muito mal em nosso país. É um fato que está disponível quando convivemos com nossos fi -lhos, parentes, vizinhos; quando nos pomos diante do televisor; quando acessamos as notícias divulgadas pelos veículos de comunicação.

Agora mesmo fomos informados de que, sobretudo em três áreas, está afundando o ensino médio brasileiro: matemática, ciências e leitura. Quem o afi rma é o Pisa, o relatório internacional que enfoca o desempenho intelectual de estu-dantes. Só para dar uma ideia da nossa situação, no que se refere às Ciências, o Brasil colocou-se no 59º lugar entre 65 países.

No cômputo geral do relatório, tivemos um rendimento vergonhoso de apenas 0,3%. Sobre esses dados o governo petista, na pessoa do seu ministro Mercadante, não pode lançar o descrédito e nem respon-sabilizar a “mídia reacionária”.

Uma refl exão com um mínimo de profundidade sobre a questão há de levar-nos com certeza a considerar que a maior gravidade se situa na área que o Pisa designa como “Leitura”.

Não se trata de “analfabetismo”

no sentido corrente do termo, isto é, de pessoas que não leem porque não foram instrumentalizadas (alfa-betizadas) para que pudessem ler. Trata-se sim dos hoje chamados “analfabetos funcionais”, ou seja, de pessoas que sabem ler, alfabe-tizadas, mas que não conseguem entender o que leem. Se postas a ler uma sentença, fazem-no per-feitamente. Mas se, em seguida, forem interpeladas sobre o que leram, mostram claramente que não lograram o entendimento do que foi lido.

Há poucos dias, uma professora formulou uma pergunta aos seus alunos e antecipou-lhe uma intro-dução elucidativa que dizia: “Com base no que foi lecionado aqui, ontem, o que signifi ca...?” Pois essa simples observação bloqueou o en-tendimento do quesito.

Em outra fonte, que não o Pisa, encontrei a informação de que cerca de 75% da população brasileira, em idade escolar, de qualquer nível, seria constituída de analfabetos funcionais mas, ao conversar com um professor da Ufam, portanto do nível universitário, ouvi, estarrecido, que, pela sua experiência de sala de aula, este percentual, no 3º grau, estaria por volta de uns 80%.

Assegurar vagas nas escolas por meio de um sistema de reserva de cotas não vai resolver absolutamen-te nada, simplesmente porque é a escola que não funciona, a escola e as outras instituições da sociedade, como o são a família, a empresa empregadora, as igrejas, os clubes, enfi m, toda a sociedade.

O projeto “jornal na escola”, implementado inclusive pelo EM TEMPO, em que o jornal passa a ser material pedagógico, revelou-se excelente instrumento contra o analfabetismo funcional, mas nem por isso empresas se interessaram em patrociná-lo.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Desastre educacional

[email protected]

Charge

Assegurar va-gas nas esco-las por meio de um siste-ma de reserva de cotas não vai resolver absoluta-mente nada, simplesmente porque é a escola que não funcio-na, a escola e as outras instituições da sociedade, como o são a família, a empresa empregadora, as igrejas, os clubes, enfi m, toda a sociedade”

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Page 4: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O mapa mais atualizado de nomes para coordenar a reeleição de Dilma Rousseff defi ne o que auxiliares da presidente apelidaram de “comando supremo” da campanha. Além do time operacional, a petista contará, segundo interlocutores, com um triunvirato composto pelo ex-presidente Lula, pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), e pelo vice-presidente, Michel Temer (PMDB). O grupo vai tratar das questões mais delicadas, como as relacionadas à formação de alianças.

Mão na massa Para executar tarefas do dia a dia, estão escala-dos, por ora, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ex-presidente do PT paulista Edinho Silva.

Tubo de ensaio Emissários de Dilma têm testado entre petistas o nome da ministra Marta Suplicy (Cultura) para a vaga de Aloizio Mercadante no Ministério da Edu-cação, caso ele deixe a pasta para assumir a Casa Civil. A reação não tem sido positiva.

Desce a lenha Preocupados com a eventual indicação de Ciro Gomes (Pros) para um ministé-rio de Dilma, petistas do Ceará fi zeram chegar ao Planalto um vídeo do ex-ministro com críticas ácidas ao governo da presidente e ataques ao PMDB de Temer.

Não passará Pesquisas em posse do PT concluíram que Eduardo Campos (PSB) não teria êxito, se a eleição fosse hoje, na estratégia de se apresentar como candidato “do Nordeste”. Os levan-tamentos detectaram rejeição ao pernambucano no Ceará, na Bahia e mesmo na Paraíba, governada pelo PSB.

Não passará Os estrategistas de Dilma querem usar a tradicional

rixa existente entre Estados da re-gião para tentar restringir o apelo de Campos a Pernambuco.

Só dá ele A direção nacional do PSB decidiu que Campos vai ocupar todas as propagandas regionais de TV e rádio a que o partido terá direito no primeiro semestre deste ano. O objetivo é compensar a desvantagem de exposição que o pernambucano tem em relação a Dilma.

Planilha Até o início de de-zembro, o governo computou 160 mil inscritos no programa Ciência sem Fronteiras, que tem como objetivo aumentar o intercâmbio de estudantes brasileiros em ins-tituições de ensino superior de diversos países .

Planilha Já foram concedidas 60 mil bolsas, sendo 57 mil pagas pelo governo e três mil pela iniciativa privada. A meta é atingir o número de 101 mil bolsas até 2015.

SP 40ºC A Prefeitura de São Paulo vai transformar o estacio-namento do parque Ibirapuera em uma área de lazer permanente, apelidada de “praia paulistana”, com piscinas infantis, areia e qua-dras de futevôlei. O acesso de veículos ao parque fi caria fechado

defi nitivamente, como já ocorre aos domingos.

Em conta O plano está pronto, mas depende de patrocínio para ser implementado ainda em 2014. De acordo com a Secretaria do Verde, se isso não ocorrer, o fi nan-ciamento do projeto será incluído no Orçamento de 2015.

Na reserva Com difi culdades para encontrar nomes para a re-forma de seu secretariado, Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a con-versar com antigos integrantes do primeiro escalão do governo paulista. Recentemente, o tucano sondou Francisco Luna, que foi secretário de Planejamento de José Serra.

Cantinho Auxiliares de Alckmin estudam oferecer ao PSC a vaga de secretário-adjunto de Justiça. A sigla, que acertou apoio à ree-leição do tucano, ocupava cargo na Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano, que o governador decidiu extinguir.

Despedida Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) vão defi nir em conjunto os substitutos de até 11 secretários que deixarão o governo fl uminense em abril para disputar as eleições.

Comando supremo

Contraponto

Na discussão do projeto que altera as bancadas de deputados federais dos Estados, em novembro, Esperidião Amin (PP-SC) protestou quando Simão Sessim (PP-RJ) declarou o resultado de uma votação que rejeitou um requerimento apresentado no plenário:— Presidente, todos ergueram dois braços. O que é isso? Votação duplicada? – disse Amin, rindo.— Chega de brincadeira, pelo amor a Deus! O presidente contou e dividiu por dois. Aqui não é jardim de infância – retrucou Alceu Moreira (PMDB-RS).— Deputado, como professor de matemática que sou, eu contei pela metade – encerrou Sessim.

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Contabilidade criativa

Tiroteio

DO DEPUTADO JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), sobre Guido Mantega ter dito que anteci-pou o anúncio do superavit primário para acalmar os “nervosinhos”.

Não é a meta fi scal que causa nervosismo. A própria permanência de Gui-do Mantega no cargo dá a certeza de que nada vai melhorar.

O mistério da encarnação do Verbo inspirou ao longo dos sé-culos artistas de toda natureza e de todas as latitudes. Repre-sentações da Anunciação são clássicos da história da arte. Só a linguagem da beleza tem o poder de expressar um mistério que em si mesmo é inefável. Francisco, o papa, ao falar dele diz que é a revolução da ternura. Por isso mesmo Natal é tempo de música, poesia, dança, cores, pinturas, arranjos e tudo aquilo que a busca da beleza pode produzir. Os artistas tem a última palavra quando se trata de exprimir o mistério, quer o da vida, quer o do amor.

No dia do Natal fomos brinda-dos com um espetáculo ao redor do teatro municipal de Manaus. O lugar escolhido é símbolo da arquitetura como busca do belo, uma expressão do desejo de vi-ver as artes, a poesia, a música e o teatro em meio à natureza exuberante que cerca a cidade e de onde veio todo o luxo e a opulência que marcaram época, e que nos deixaram o edifício que se integrou a ela e se tornou seu símbolo.

Não por acaso o espetáculo se intitulou Glorioso. De extrema beleza e bom gosto, integrou pas-sado e presente, música, dança, arte popular, pirotecnia, profano e religioso, para narrar o mistério da encarnação da Palavra. O povo assistiu a tudo com expressões de espanto e de contentamento e não poucas lágrimas rolaram de pura emoção. Havia sonho no ar, havia esperanças de um mundo melhor e mais humano. Pairava no ar o desejo de que a fraternidade e a igualdade vividas naquela pouco mais de hora e meia de espetáculo se espalhassem como sementes

num mundo diferente do vivi-do naqueles momentos de rara beleza.

Adultos mas, sobretudo, crian-ças e jovens exprimiam a gran-deza de ser gente e de partilhar da natureza de um ser divino que atrai a si toda a criação com a sua biodiversidade, e com toda a humanidade. São exceção aque-les que, como Herodes, para se-rem humanos precisam destruir, violentar, humilhar.

No decorrer do espetáculo houve uma cena de profundo signifi cado. José ao perceber a gravidez de sua noiva entra em desespero, e sua angústia é vivida em meio ao burburi-nho de uma cidade oriental com suas tendas e suas vendas, um verdadeiro mercado árabe. Cir-cula freneticamente em meio à indiferença dos vendedores e transeuntes. De repente, vê um menino pedindo esmola, se detém, se compadece e oferece algo aquela criança desconheci-da, semelhante a tantas outras abandonadas e órfãs, das quais a história está cheia.

A criança então se transforma num anjo e o anjo lhe revela o mistério. Só pode vislumbrar o mistério do amor aquele que ama, que ama concretamente, sem escolher o amado, mas cur-vando-se diante dos pequenos, dos órfãos, das viúvas, dos es-trangeiros, que nas Sagradas Escrituras são os abandonados. Na linguagem de hoje os chama-mos de socialmente vulneráveis. Que a beleza, a arte, a poesia, a música, o teatro, com tudo o que a técnica possibilita em termos de espetáculo, nos levem aos pequenos gestos de solidarie-dade pois ai encontraremos a beleza eterna, o amor infi nito, o mistério de Deus.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Havia sonho no ar, havia esperanças de um mun-do melhor e mais huma-no. Pairava no ar o dese-jo de que a fraternidade e a igualdade vividas na-quela pouco mais de hora e meia de espetáculo se espalhassem como se-mentes num mundo dife-rente do vivi-do naqueles momentos de rara beleza”

Arte e mistério

Olho da [email protected]

Depois de passar 2013, sustentando o destino de vagalume da energia elétrica servi-da a Manaus, esse poste, que não foi plantado por Lula, meio arriado, recupera-se de uma ressaca para ver se aguenta as emoções (são tantas!) da Copa do Mundo, escora-do em um muro da avenida Coronel Teixeira. Promete

IONE MORENO

A Força Nacional não é uma força comum. Somos convocados só para momentos de crise, para missões

específi cas. Cheguei a ter 42 frentes de operações aber-tas ao mesmo tempo no país. Para a Copa do Mundo, formamos 10 mil homens em doutrinas de ações de

choque, e estamos com condições de atuar em todas as 12 cidades-sede ao mesmo tempo

Alexandre Augusto Aragon, diretor da Força Nacional, anuncia que foi treinada uma tropa de choque de 10 mil homens que apoiará

as polícias militares nas 12 cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo para conter protestos violentos durante o evento. “A violência dos protestos recentes é que assustou. Isso gerou aprimoramentos”.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

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A04 - OPINIÃO.indd 4 1/4/2014 11:23:28 AM

Page 5: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 A5Política

Palanque virtual, a nova arma da pré-campanhaTímidos ou habilidosos, pré-candidatos se movimentam nas redes sociais, faltando dez meses para as eleições de 2014

Fator decisivo na vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em

2008, o uso das redes sociais como instrumento de campa-nha política chamou a atenção de vários países, entrou no circuito do Brasil nas últimas eleições, em 2012 e, neste ano, depois das manifestações de junho de 2013, a disputa pelo voto dos internautas deverá ser incrementada.

Com a regulamentação da pré-campanha on-line, libera-da recentemente pela Justiça Eleitoral, pré-candidatos não precisam mais esperar até o início de julho para dissemina-rem suas mensagens políticas e pedir votos nas redes sociais (a exemplo do Facebook, Twit-ter e Instagram). No Amazo-nas, o senador Eduardo Braga (PMDB), a deputada federal Rebecca Garcia (PP), o vice-prefeito Hissa Abrahão (PPS), o vice-governador José Melo (PROS) e o deputado estadual Chico Preto (PMN), cinco pré-candidatos à disputa do gover-no do Estado, consolidam suas imagens nas redes sociais, mas ainda patinam longe de um palanque virtual.

Braga tem a terceira fanpage mais popular do Senado. Líder do governo federal, ele reú-ne 147 mil “curtidas” em sua página, fi cando atrás somente do senador pré-candidato do PMDB ao governo de Minas Gerais, Clésio Andrade, com 319 mil seguidores na rede, e do pre-sidenciável Aécio Neves (PSDB-MG), que administra a página desde maio do ano passado e já conta 322 mil seguidores.

Mesmo somados, o número de seguidores alcançados por Hisssa, Rebecca, Melo e Chico Preto não supera a popularida-de de Braga na rede. À frente de seus possíveis adversários,

o senador alimenta a sua pági-

na desde setembro de 2011 e tem uma média de 20 a 25 postagens por mês, com maior intensidade nos últimos 70 dias. Desenvolvida, a página passa por minuciosos cuidados de gestão de mídias digitais, com identidade visual e link para sua conta no Instagram – que possui 1.756 seguidores.

Com a ajuda de uma equipe de comunicadores especializados, liderada pelo jornalista Clóvis Horta, com expertise em gestão de crise, Braga faz um discurso motivacional e costuma envol-ver seus seguidores em debates na rede. Há muitos posts com os pronomes “nosso” e “nós”, convites para o eleitor ver entre-vistas e frases de efeito ditas por ele em discursos e programas televisivos, sempre lembrando municípios do interior.

O formato é semelhante ao usado pela deputada Rebecca Garcia que, menos expressiva, com 29 mil seguidores, inten-sifi cou a presença na rede no último mês. A deputada, que fl erta com a possibilidade de receber o apoio do PSDB do prefeito Arthur Virgílio, tem uma única foto ao lado do tucano desde que criou a página, em maio do ano passado. Até mes-mo seu possível adversário, o vice-governador José Melo, e o governador Omar Aziz (PSD), de quem saiu do governo onde ocu-pava uma secretaria estadual para voltar a Brasília e articu-lar sua candidatura, aparecem mais vezes na galeria.

A tônica da religiãoSempre religioso, com men-

sagens curtas e pouco caris-mático, o vice-prefeito Hissa Abrahão reúne 51,6 mil segui-dores na página. Desfalcado da equipe de comunicação que o assessorava enquanto titular da Seminf, Hissa ainda mantém “secretário de Infraestrutura” na sua descrição, apesar de ter sido publicamente demitido do cargo no último dia 19 de dezembro. Três dias antes da

demissão, His-sa havia postado uma

foto abraçando o prefeito Arthur Neto e o parabenizando pelo seu aniversário. A postagem foi a última aparição de Virgílio na página de Abrahão.

À frente da badalada pasta, Hissa alimentava a página reli-giosamente com sua agenda de vistorias em obras. Nos últimos 20 dias, longe de tratores e capacetes, tem postado fotos de encontros políticos e mensa-gens motivacionais. Em ambas postagens de Réveillon e Natal, o vice falou neste ano como “o ano das conquistas”.

Melo, confi anteQuem também tem alavan-

cado sua presença entre os internautas é o vice-governador José Melo, que não deixou de postar na sua página no Face-book, com 36.744 curtidas, em nenhum dia do último mês. Melo, que delegou somente a Deus o poder de tirá-lo da disputa, aparece na foto de capa sor-ridente, com roupas alinhadas, dando as mãos ao governador Omar Aziz, seu principal e mais forte aliado à disputa. Os dois, iluminados em um ambiente aparentemente festivo, deixam um recado. Com um amplo acer-vo de fotos ao lado de Aziz e Virgílio, por vezes com Hissa isolado no fundo, Melo posta vídeos, parabeniza secretarias e divulga feitos.

FilosofandoDeclaradamente opositor ao

ex-aliado Eduardo Braga e ao projeto do PT, o deputado Chico Preto fala para 21,1 mil pessoas na sua página e é o único que não possui conta no Instagram. Evidenciando seu projeto para as eleições, o parlamentar di-vulgou recentemente o trecho de uma obra do fi lósofo alemão Friedrich Nietzsche, em que diz “demore o tempo que for para decidir o que você quer na vida, depois que decidir não recue ante a nenhum pretex-to, porque o mundo tentará te dissuadir”. Em outra postagem, divulga um vídeo do PMN em que protagoniza a mensagem de “o tempo chegou”.

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

IMAGENS: REPRODUÇÃO FACEBBOK

A05 - POLÍTICA.indd 5 1/4/2014 11:30:57 AM

Page 6: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Cuba fatura com médicos e sangue no Brasil

A sangria desatada do go-verno federal com a impor-tação de médicos cubanos por R$ 511 milhões recebeu injeção de US$ 16,8 milhões de sangue humano de Cuba na balança comercial dos dois países. Com uma vertente macabra: os doadores cuba-nos ignoram a exportação do “produto” no mercado inter-nacional, revela a ONG Cuba Archive, integrante do Free Society Project, em Washing-ton, no primeiro relatório de 2014. Doar sangue é mais um “ato revolucionário” na ilha.

Sangue bom Os números de Cuba e do

Ministério do Desenvolvimen-to sobre o comércio de sangue humanos e produtos biológi-cos são de 2011.

Pela bocaO regime dos Castro con-

voca a população à “ajuda humanitária internacional” e outros pretextos, em troca de um prato mais sortido.

Na fi la Diz ainda a ONG que a prá-

tica, iniciada nos primórdios sangrentos do regime, criou “doadores permanentes” e tro-ca de favores por sangue.

No bancoO relatório pede investiga-

ção da Organização Mundial de Saúde no comércio, expor-tação e condições sanitárias da doação de plasma.

Herói na ONU, general não alcança título no Brasil

Convidado pela Organiza-ção das Nações Unidas para chefi ar missão de paz na República Democrática do Congo, na África, o general de divisão Carlos Roberto San-tos Cruz sequer conseguiu título de general de exército

no Brasil. Ele foi reconheci-do internacionalmente após operação para manter esta-bilidade no Haiti (Minustah), onde comandou as forças da ONU, com direito a prorroga-ção, entre 2007 e 2009.

Tem prestígioO general Santos Cruz co-

manda tropa de mais de 23,7 mil homens no Congo e tem sido convidado para dar pales-tras nos EUA e na Europa.

Feito históricoSantos Cruz é apontado pela

mídia internacional como fa-tor decisivo para derrotar junto ao exército congolês rebeldes do grupo armado M23

Era um desperdícioAo chegar do Haiti, o ge-

neral passou a atuar na Secretaria de Assuntos Es-tratégicos, quando foi con-vidado pela ONU para a missão no Congo.

Chegando a horaChefe da Casa Civil, a minis-

tra Gleisi Hoff mann (PT-PR) já pediu ao suplente Sérgio de Souza (PMDB-PR) para esvaziar as gavetas do ga-binete. A petista pretende voltar ao Senado entre 15 e 17 de janeiro.

Está bem assimFiliado ao PSB a convite do

governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o ex-deputa-do Luiz Piauhylino não deseja mesmo retomar sua admirada carreira política. Dedica tempo integral à advocacia.

Passou do limiteLíder do PSD, Moreira Men-

des (RO), critica a “omissão do governo” sobre os con-fl itos entre índios e a po-pulação. “Tem casos muito piores que esse de Humaitá, e ninguém faz nada. Índio pode tudo neste país”.

CotadoPossível candidato a pre-

feito de Goiânia em 2016, o deputado Sandro Mabel (GO) é cotado entre peemedebistas para assumir o lugar do colega Gastão Vieira (MA) no coman-do do Ministério do Turismo.

AgendaO ano mal começou e

a Central Única de Tra-balhadores (CUT) já mar-cou o primeiro encontro da ‘cumpanhêrada’ em pleno ano eleitoral para lançar ‘a agenda de lutas’: será às 16h, de 15 de janeiro, na sede.

TiranoSem noção, o líder da Co-

reia do Norte, Kim Jogn-un, é acusado de jogar vivo o tio Jang Song-thaek, ex-nú-mero dois do regime, numa jaula com 120 cães famin-tos. Ninguém sabe o que fez com a mulher do tio.

Portas abertasPresidente do Solidarieda-

de no Maranhão, o deputado Simplício Araújo defende a fi liação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, ao partido no Rio, onde poderia sair candidato ao Senado.

ProbleminhaPrevista para entrar em

vigor em maio, a resolução que facilita a portabilidade de crédito tira o sono da direção do Banco de Brasília. Sem conseguir baixar taxas de juros, é grande o temor de perder fi nanciamentos de clientes em pleno ano elei-toral e reduzir o lucro.

O piloto sumiuO sistema de registro de

voos de jatinhos no portal da FAB saiu do ar na sexta (3), com o recesso da freguesia política. Mas só o sistema.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

É assim mesmo: cada artista faz o seu preço”

CANTORA BETH CARVALHO, sobre seu cachê quatro vezes menor que o de Carlinhos Brown na virada carioca

PODER SEM PUDOR

Lição de cavalheirismoO senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é um

cavalheiro. Certa vez, ao chegar no cinema para a pré-estréia do fi lme “Olga”, em Brasília, a sala estava lotada, mas logo providenciaram uma cadeira extra, bem desconfortável, ao lado de uma senhora cujo marido havia sido acomodado algumas fi leiras acima. Quando sugeriram a troca a Suplicy, o bom senador não deixou por menos:

- Agora fi quei numa situação difícil. Se eu fosse seu marido, preferiria estar ao seu lado a fi car numa poltrona mais confortável. Mas é ele quem decide.

Não restou opção ao maridão distraído senão sentar-se ao lado da mulher.-

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Pelo menos cinco municípios estão enfrentando problemas neste começo de ano, cujos confl itos começaram em 2013

Interior do Estado inicia 2014 envolto em crises

Desde dezembro, a cidade de Humaitá está em crise entre moradores e índios tenharim

Cinco municípios do Amazonas iniciaram 2014 em meio a uma crise política. Tefé,

Maués e Codajás enfrentam um “pé de guerra” entre a po-pulação e os seus gestores. Já Humaitá e Boa Vista do Ramos vivem uma questão de violên-cia urbana que tem mantido a população assustada.

Na cidade de Tefé a situação está complicada desde o início de dezembro do ano passado, quando a vice-prefeita, Icleia Rego (PMN), rompeu com o prefeito Antenor Paz (PSD), por conta das demissões de servi-dores públicos. “Nossa cidade vive um momento de tensão. Tivemos um Natal e Ano-Novo triste. Vários pais de família exo-nerados e sem dinheiro. No Ré-veillon tivemos uma festa pífi a, sem direito à queima de fogos”, reclamou a vice-prefeita.

A situação ficou ainda pior quando Icleia assumiu por dois dias a prefeitura em dezembro passado, após Antenor viajar a trabalho a Brasília, e exonerou a primei-ra-dama do município, Tere-za Cristina Paz, que também responde pela secretaria de Finanças de Tefé. “Não estou de acordo com as atitudes do prefeito. E quando vou tomar satisfação com ele sou expul-sa da sala dele”. Revoltada,

a população realizou ontem uma manifestação, que ca-minhou da rua Brasília até a frente da prefeitura do município. Esta é a segunda mobilização em menos de um mês na cidade.

Em Maués, segundo infor-mações de moradores da ci-dade, centenas de famílias passaram o Natal sem receber os seus salários. A situação piorou no Réveillon, quando a prefeitura promoveu uma

festa na cidade. “Realizaram uma comemoração com direi-to a fogos de artifício e shows de bandas. Enquanto isso o servidor público sem receber um direito seu”, comentou um morador da cidade que pre-feriu não se identifi car com medo de represálias.

Em Codajás, o confl ito acon-tece entre o recém-recondu-zido ao cargo de prefeito do município, Abraham Lincoln Dib Bastos (PSD), e o ex-pre-

feito Joel Gomes de Oliveira (PT). Abraham acusa Joel de ter realizado um repasse de R$ 9 mil dos cofres da prefeitura para sua conta pessoal após ter sido retirado do cargo. Já Joel afi rma que Abraham tem “afundado” o município em dívidas.

Moradores assustadosEm Humaitá, a situação

também está muito compli-cada. Um confl ito entre mo-radores e indígenas tem as-sustado toda a população. Até agora, três pessoas estão de-saparecidas e moradores do município acusam indígenas da etnia Tenharim de terem sequestrado estas pessoas.

Em Boa Vista do Ramos, a cidade está revoltada com o segurança particular da prefeitura, Francisco Wagner Moura, que efetuou cinco dis-paros contra um grupo de jovens que participava de uma festa de Ano-Novo que acon-tecia na madrugada do dia 1º na orla da cidade.

Segundo testemunhas, a confusão começou depois que populares falaram mal do se-cretário de Finanças do muni-cípio, Joelson Tavares Straus. “A cidade está enfrentando muitas difi culdades e hostiliza-ram o secretário o chamando de ladrão. O segurança que o acompanhava sacou a arma e efetuou os disparos”, contou uma testemunha à polícia.

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INTERESSESBoa parte dos confl itos tem conotação política. Em Codajás, a briga é pelo poder entre “prefeitos”. Em Tefé, o gestor e sua vice-pre-feita estão em guerra. Em Humaitá, o pano de fundo é a posse da terra

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

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Page 7: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 A7Com a palavra

Eu tenho vontade de lamber a cria todo dia. Dou muito con-selho para o Josué Neto, mas ele não me ouve. Meu filho é um excelen-te homem, mas pacien-te demais”

Josué Cláudio de Souza Filho é um dos conse-lheiros com o maior per-centual de eficiência na

tramitação processual desde que ingressou no Tribunal de Contas do Estado do Amazo-nas (TCE-AM), em 2008. Os números apontam que dos processos que entraram em seu gabinete, uma média de 2,4 mil por ano, apenas 2% ficou para ser julgado no ano seguinte. O desempenho é sempre maior que 95,94%. Com esses índices e por ser o próximo na linha de sucessão, ele foi aclamado o novo presi-dente da corte do tribunal, em dezembro do ano passado.

Ao assumir de fato a cadeira, em 18 de dezembro de 2013, o novo presidente-conselheiro declarou que não irá tirar fé-rias nesses primeiros meses de gestão e administrará o órgão com “os olhos e ouvidos aber-tos a todos”. Um dos principais focos do tribunal para 2014 se-rão os gestores municipais. “Já treinamos muito bem os nos-sos servidores e agora vamos treinar os gestores, para que não errem em suas prestações de contas”, alertou Josué.

Outra determinação já acer-tada para essa gestão será o seu afastamento da cadei-ra de presidente durante o processo eleitoral deste ano, já que seu filho, o deputado estadual Josué Neto (PSD), irá disputar a reeleição no Par-lamento estadual. “Tenho fé-rias acumuladas e irei usá-las neste período que antecede a eleição. Não há como ficarmos isentos diante de um filho”, declarou o conselheiro.

Josué, que já foi presidente da Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), da Câmara Municipal de Manaus (CMM), ouvidor-geral Estado e empre-sário do ramo da Comunica-ção, afirma que levará toda sua experiência como administra-dor para o tribunal. Durante en-trevista ao EM TEMPO, falou sobre o orçamento do tribunal, que tem R$ 65 milhões em caixa, segundo o ex-presiden-te Érico Desterro, de como será sua conduta com os co-legas conselheiros e também nas articulações para tentar evitar acúmulo de processos

para julgamento.

EM TEMPO – Como o senhor irá conduzir o TCE em 2014?

Josué Filho – No mesmo rit-mo que estava sendo conduzi-do: com velocidade e eficiência. Porém, não podemos esquecer a qualidade. Por exemplo, se julgarmos 20 mil processos em que 18 mil recorram, apenas dois mil terão sidos finalizados de fato. O que queremos é julgar bem, e para isso, eu e o vice-presidente, conselheiro Ari Moutinho Júnior, contamos com a experiência de todos os nossos pares. Já tive a prática em administrações em outros órgãos públicos, e a minha administração aqui, à frente do TCE, será como a viagem do comandante experiente, evitando as tormentas, mas navegando e abrindo as velas. Creio que em três meses será possível perceber que mudan-ças nos processos não serão apenas pela velocidade, mas também o bem julgar.

EM TEMPO – O senhor recebe o tribunal com R$ 65 milhões no cofre, segundo informou o ex-gestor Érico Desterro. Como será aplica-do esse dinheiro?

JF – Realmente, o tribunal tem esse saldo na conta, mas também temos contas a pagar. Eu ainda não tenho esse nú-mero fechado. Mas, pelo rápi-do levantamento que fizemos posso garantir que temos um saldo, mas os investimentos ainda serão avaliados.

EM TEMPO – A maioria dos processos no TCE é re-ferente à má prestação de contas de gestores. Quais as estratégias para dar maior celeridade a essas pautas?

JF – Essa é uma questão que já está sendo avaliada. Precisamos é calibrar a bala do tamanho da caça. Vamos citar como exemplo um prestador de contas de um município peque-no que teve as contas julgadas com ressalva e recebeu uma multa de R$ 32 mil. Sabemos que esse gestor não irá pagar esse valor, e sim irá contratar um advogado por R$ 5 mil para protelar essa dívida. Mas, se eu der o mesmo resultante e colocar uma multa de R$ 8 mil,

ele vai parcelar e pagar. Por experiência administrativa, eu prefiro cobrar uma multa me-nor, mas que eu receb, a cobrar uma multa alta e nunca ver o repasse desse dinheiro.

EM TEMPO – Alguns ges-tores municipais na hora de prestarem contas argumen-tam que fizeram de forma incorreta por desconheci-mento. Como o tribunal vai trabalhar essa questão?

JF – Ninguém chega à pre-feitura de paraquedas. Geral-mente, antes de assumir uma cadeira no Executivo o cidadão já foi vereador, presidente de Câmara ou secretário muni-cipal e com isso já prestou contas. É mais digno o gestor falar que não tem uma equipe qualificada para fazer o serviço de reenvio dos dados todos os meses. Outra questão é que a primeira prestação de contas só acontece em março, dando um tempo hábil para todos os prefeitos se adequarem.

EM TEMPO – Quando o senhor atuou como con-selheiros apenas 2% dos processos que estavam sob sua responsabilidade ficaram pendentes. Agora na presidência, o senhor vai cobrar o mesmo rigor dos seus pares?

JF - Eu só não zerei os meus processos porque tive-mos um episódio no município de Tabatinga em que a Polí-cia Federa, por ordem judicial, aprendeu os documentos do processo e isso ocasionou um atraso. Não poderia jul-gar esse recurso no escuro. Agora, admito que tive um bom rendimento quando atuei como conselheiro, mas isso também é fruto do trabalho da minha equipe, que é dedicada e responsável. Espero que os apoiadores dos meus colegas sejam como os meus.

EM TEMPO – Quando o senhor foi eleito para a presidência do tribu-nal, de imediato anunciou que no período eleitoral se afastaria do cargo porque seu filho, deputado Josué Neto, será candidato.

JF – É verdade, estou avaliando sim essa ques-tão. Inclusive fui advertido por alguns colegas que não

deveria ter feito esse anún-cio, e sim, simplesmente pe-dir licença quando fosse o período pré-eleitoral. Mas, como é que o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, sendo filho do presidente do TCE vai dis-putar uma eleição com o pai no ataque? Eu tenho 102 dias de férias não gozadas, e quando chegar o “pega para capar”, acho prudente eu me afastar. Mas, se eu ficar, pos-so garantir imparcialidade. Nunca fui um pai-coruja que corre atrás de votos para o filho, ele que os busque como meu pai fez comigo. Quando eu era parlamentar sempre disputei entre os mais vota-dos. Das cinco eleições que enfrentei em quatro fui o mais votado.

EM TEMPO – Como é a relação pai e filho entre o presidente do TCE e o pre-sidente da Assembleia?

JF – Eu tenho vontade de lamber a cria todo dia. Dou muito conselho para o Josué Neto, mas ele não me ouve. Meu filho é um excelente homem, mas paciente de-mais. Eu já modifiquei mais o tribunal em uma semana do que o Neto em um ano de Assembleia.

EM TEMPO – Parte da população aponta o TCE como um órgão leniente e que não fiscaliza corre-tamente. Como o senhor pretende combater isso?

JF – Em primeiro lugar não é essa a questão. A dificul-dade é que temos muitos prazos longos nos processos. O recurso de revisão dá um período de 5 anos para se re-correr, e isso prejudica todo um trabalho. Mas, pretendo negociar com a Assembleia, que não vai ser difícil, dimi-nuir esse tempo para pelo menos 2 anos.

EM TEMPO – Em 2016 o senhor completa 70 anos e por lei tem que se apo-sentar da carreira pública. O que o senhor vai fazer após esse período?

JF – Vou me aposentar sim da carreira pública, mas vou voltar para área de comuni-cação, que é a minha maior paixão.

Josué FILHO

Já tive a prática em administrações em outros órgãos públicos e a minha adminis-tração aqui, à frente do TCE, será como a viagem do comandan-te experiente, evitan-do as tormentas, mas navegando e abrindo as velas”

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

DIVULGAÇÃO/TCE ALBERTO CÉSAR ARAÚJO/ALEAM

É mais dig-no o gestor falar que não tem uma equipe qualificada para fazer o serviço de reenvio dos dados todos os meses”

‘Vou orquestrar O TCE COMO um maestro’

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Page 8: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Congresso esconde lista detalhada de saláriosCâmara e Senado se negam a entregar a lista de rendimentos com o nome de cada deputado, senador e servidor

A Câmara e o Senado escondem sua folha de pagamentos deta-lhada, com o nome e

o respectivo salário de cada um dos 594 senadores e de-putados, além dos mais de 20 mil servidores. Dois pe-didos feitos pelo Congresso em Foco foram negados pela assessoria de imprensa das duas casas e pelas centrais de atendimento ao cidadão do Legislativo. A justificativa é que essa é a única forma prevista em normas internas do Parlamento.

Conforme matérias publica-das pelo site, há quase 2 anos, o Congresso concentra super-salários pagos a políticos e servidores – alguns com rendi-mentos que superaram os R$ 100 mil em um único mês. Dois anos depois das reportagens, o Tribunal de Contas da União (TCU) mandou suspender os pagamentos, mas nem todos os rendimentos de políticos acima do teto são cortados quando eles recebem de duas fontes pagadoras diferentes. Por lei, nenhum político ou funcionário pode ganhar mais de R$ 28 mil por mês.

Sem essa lista detalhada, não é possível saber os re-ais rendimentos dos parla-

mentares e servidores em um determinado mês, já que parte deles recebe dois ou até três contracheques men-sais. Também não é possível fazer uma classificação de rendimentos. Foi com base em informações detalhadas como essas – agora negadas, mas fornecidas pelo Congres-so ao TCU – que auditores

daquele tribunal fizeram duas auditorias em 2009 e 2010, que identificaram mais de 1,5 mil funcionários do Congresso com supersalários. O prejuízo causado por essa e outras irregularidades somava R$ 3,3 bilhões a cada 5 anos.

De acordo com a Câmara e o Senado, as informações podem ser pesquisadas no próprio site dos órgãos. Mas,

da maneira como estão publi-cadas, é preciso fazer mais de 20 mil pesquisas para obter a lista solicitada pela repor-tagem. E, em cada, pesqui-sa, é preciso informar nome, endereço, CPF e digitar um código que impede que robôs e máquinas extraiam esses dados automaticamente.

InvestigaçãoO Ministério Público inves-

tiga se o formato da divulga-ção de salários do Congresso fere a Lei de Acesso à Infor-mação (LAI), sob o número 12.527/2011.

No ano passado, uma pes-soa fez uma denúncia sobre a forma de publicidade no Se-nado. O denunciante afirmou que a casa inibia o acesso às informações, contrariando as intenções da lei. O caso é investigado pelo procurador da República no Distrito Felipe Fritz, que apura se órgãos da administração fazem “exigên-cia indevida de fornecimento de outros dados pessoais além da identificação” para se obter dados públicos.

A assessoria da Procuradoria da República no Distrito Federal informou que a investigação tem data de conclusão prevista para março de 2014. Congresso Nacional, que aprovou a Lei de Acesso, se recusa a passar informações sobre salários

DIVULGAÇ

ÃO

VENCIMENTOSDesde 2011, o site jornalístico Congresso Em Foco tem revelado, por meio de matérias, supersalários de con-gressistas e servido-res. Somente o Senado possui 464 pessoas com supersalários

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Page 9: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

EconomiaCa

dern

o B

[email protected], DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 (92) 3090-1045Economia B2

Economia será marcada pela estabilidade

ARUIVO EM TEMPO

Quatorze anos após a descoberta do cam-po de gás natural de Azulão, em Silves (a

200 quilômetros de Manaus), um novo impasse impede a construção de uma usina ter-melétrica – orçada em quase R$ 400 milhões -, que é essen-cial para o início da atividade de exploração do recurso da região em 2014. Divergências jurídicas entre a Petrobras (concessionária que explora a riqueza) e a Companhia de Gás do Estado do Amazonas (Cigás) emperram o processo, impedindo a geração de em torno 5 mil postos de trabalho e a distribuição de energia elétrica para 23 municípios no Amazonas.

O plano anunciado ante-riormente pela concessioná-ria era o de construir a usina - com capacidade de produção de 100 megawatts (MW) -, próxima ao campo de gás e aproveitar a linha de trans-missão de energia do linhão de Tucuruí para distribuir a energia gerada no local para outros Estados e municípios. O projeto fi cou “na gaveta” por mais de uma década porque a Petrobras aguardava por infraestrutura de transporte da energia produzida.

O objetivo se tornou possível, por meio da interligação do Amazonas ao Sistema Inter-ligado Nacional (SIN), atual-

mente em fase de conclusão. Com o linhão prestes a entrar 100% em operação em se-tembro deste ano, a Petrobras apresentou o Estudo de Impac-to Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) junto ao Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Ama-zonas (Ipaam) para começar o processo de licenciamento ambiental e iniciar as obras, cuja primeira expectativa para o início de produção era 2011. “Não deve haver impedimen-tos para garantir a licença. Foi realizada, inclusive, uma audi-ência pública, que é o primeiro passo para o licenciamento”, adianta o presidente do Ipaam, Antônio Ademir Stroski.

CríticaEntretanto, mesmo com o

processo de licenciamento em curso, a construção da obra trava em outra etapa. Segundo o presidente da Cigás, Lino Chíxaro, o EIA/RIMA apresen-tado pela Petrobras prevê ex-clusivamente a venda da ener-gia produzida na termelétrica para o linhão de Tucuruí e, consequentemente, para ou-tros Estados brasileiros. “Não há no projeto nenhuma cláusu-la que indique aproveitamento da energia de Azulão para os 23 municípios que poderiam ser benefi ciados pelo recurso do local. Além do mais, o projeto é tocado apenas pela empresa, sem a participação da Cigás, o que de acordo, com a legislação vigente é irregular”, acusa.

Impasse afeta exploração do gás no campo de AzulãoDisputa entre Cigás e Petrobras atrasa construção de uma usina que é necessária para início das atividades na região

Caso a usina estivesse pronta, linhão de Tucuruí seria aproveitado para gerar energia elétrica para vários municípios amazonenses, mas por falta de infraestrutura, projeto foi “engavetado”

O diretor técnico comer-cial da Cigás, Clóvis Correa Junior, explica que a dis-tribuição do gás natural é competência de cada Esta-do. Segundo ele, porém, para executar o projeto sem a interferência da companhia, a empresa concessionária teria que ser enquadrada como autoprodutora, o que não ocorre na prática. “A Pe-trobras precisa ser cliente da Cigás por pelo menos cinco anos e consumir no mínimo 500 mil metros cúbicos de gás de acordo com a Lei Es-tadual 3.939/2013 para ser

autoprodutora”, defende.Conforme o presidente da

Cigás, Lino Chíxaro, em fun-ção dos obstáculos, o assun-to deverá ser resolvido na dimensão política. “Enquanto a empresa não sentar à mesa para resolver essa questão de Estado, o impasse vai con-tinuar, sem previsão para o início das obras”, afi rma. A Petrobras foi procurada pelo EM TEMPO, mas não se pro-nunciou sobre o assunto.

CompromissoAlém do aspecto legal, o

presidente da Cigás, Lino

Chíxaro, ressalta o fator so-cioeconômico envolvido no impasse. Segundo ele, em 2004, um termo de com-promisso foi assinado entre o governo do Amazonas, a União, a Petrobras, a Eletro-bras e a Cigás. Conforme ex-plicou, o tratado prevê a via-bilização da produção do gás de Silves para gerar renda e desenvolvimento na região. “O gás é uma riqueza e pre-cisa ser explorado de forma sustentável. Ele deveria ser não apenas um negócio, mas um vetor econômico para os Estados”, opina.

Chíxaro reforça que a eletrifi cação dos municípios vizinhos deveria constar no projeto.

Segundo ele, há uma cláu-sula que obriga a Petrobras e a Cigás a analisar, por meio de grupos de trabalho, a melhor solução para o apro-veitamento de gás natural da área de Silves, no campo de Azulão. “O projeto é impor-tante para o país que ganha com mais energia, mas o recurso é fi nito e não pode ser todo retirado do Estado sem promover melhorias no local”, completa.

Cláusula prevê empresa autoprodutora

Para presidente da Cigás, Lino Chíxaro, produção de gás no Estado deveria ter fi nalidade social e não apenas econômica

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Estabilidade marcará a economia local em 2014 Comércio, indústria e setor primário terão baixo crescimento neste ano em relação a 2013, preveem os dirigentes

Inflação, juros altos, gre-ves, manifestações e in-definições políticas foram alguns dos fatores que

contribuíram para um 2013 “apertado” para a economia local. Na avaliação de repre-sentantes dos principais seg-mentos econômicos do Esta-do, a expectativa é de que 2014 seja estável, mas sem grandes crescimentos sobre o ano passado para o comércio, a indústria e o setor primário no Amazonas.

Apesar de prever um in-cremento real de 3% a 5% e nominal de até 10% nas vendas este ano, o presiden-te da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Ismael Bichara, avalia 2013 como um ano complicado para o segmento comercial no Es-tado, com aquecimento sig-nificativo das vendas apenas a partir da segunda quinzena de novembro. “Os lojistas ti-veram um ano cheio de altos e baixos. Em setembro, por exemplo, as vendas chegaram a cair quase 40% em alguns segmentos. Apenas a partir do dia 15 de novembro regis-tramos um crescimento maior nas vendas”, afirma.

De acordo com o dirigente

empresarial, o clima de pro-testos e movimentos grevis-tas nas instituições bancárias também afetou o desempenho do varejo em Manaus, ao criar incertezas no consumidor. “Trabalhamos para promover a segurança mobilidade e o investimento em eventos cul-

turais no Centro como forma de aumentar o fluxo de pes-soas e, consequentemente, as vendas”, avalia Bichara.

Em 2014, segundo ele, o movimento estará mais a fa-vor do setor de serviços do que do comércio varejista. “Se ti-vermos o mesmo desempenho deste ano, com crescimento real mínimo de 3% já temos motivo para comemorar. Isto porque, além da Copa, 2014 também será ano de eleição. Os dois fatores contribuem para desviar a atenção do

consumidor para a compra de bens duráveis”, detalha o presidente da ACA.

Copa do MundoO setor de serviços, por ou-

tro lado, será estimulado pelo fluxo de turistas trazidos pelo mundial futebolístico.

O segmento é a aposta do titular da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), Afonso Lobo, para o aumen-to de 10% na arrecadação estadual previsto para 2014. Segundo ele, negociações com a Associação Brasilei-ra de Bares e Restaurantes no Amazonas (Abrasel/AM) resultaram na alteração da forma de tributação para o setor de restaurantes, com o intuito de incentivar o ramo de negócios no ano da Copa. “Ao invés de cobrar alíquota de 17% sobre o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), as empresas pagarão 3,5% sobre o fatura-mento” anuncia.

De acordo com a diretoria da Abrasel/AM, a alta car-ga tributária incidente sobre o segmento corresponde ao maior motivo para a informa-lidade de negócios no setor e para a não emissão de nota fiscal. Com a mudança, 12.476 empreendimentos em todo o Estado serão beneficiados.

PREVISÃOSetor industrial deve aprovar maior número de Processos Produti-vos Básicos (PPBs), diz Sindicato das Indús-trias Metalúrgicas, Me-cânicas e de Materiais Eletrônicos de Manaus (Sinmen-AM)

Aperto registrado no ano passado pelas atividades econômicas do Estado deverá se repetir em 2014 mesmo com alguns estímulos como a realização dos jogos da Copa do Mundo em Manaus

Apesar do bom de-sempenho esperado para o setor de eletro-eletrônicos, em função da produção de tele-visores para a Copa, segmentos representa-tivos como o de duas rodas não devem cres-cer no próximo ano. A perspectiva é de 2014 estável sem mudança em relação a 2013, que prosseguiu com sele-tividade de crédito e retração da atividade econômica. “Com a Copa, os brasileiros ten-dem a consumir produ-tos, como televisores, o que pode postergar a decisão de compra de uma motocicleta”, ava-lia o presidente da As-sociação Brasileira dos Fabricantes de Moto-cicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Marcos Fermanian.

Aumento será ‘zero’ no polo de duas rodas

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, 2013 foi um ano de recuperação da trajetória de crescimento da atividade primária ama-zonense. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geo-grafia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário alcançou 7% em 2011, de acordo com números mais recentes do órgão.

A perspectiva da Faea é de que nos próximos cin-co anos, o PIB do setor alcançará 10% de toda a riqueza produzida no Ama-zonas. Atualmente, o setor primário conta com 276 mil pessoas na atividade em todo o Estado, segundo da-dos da Faea. “Grande parte dos produtores rurais, prin-cipalmente aqueles nas áreas de várzea, retomou a atividade produtiva após a cheia recorde de 2012, que atingiu diretamente mais de 50 mil produto-res. A tendência, agora é

de incremento ano após ano”, avalia Lourenço.

De acordo com a esti-mativa feita pela Secre-taria de Produção Rural do Amazonas (Sepror), o investimento para o setor primário no ano da Copa está calculado em R$ 200 milhões, entre o orçamento destinado pelo governo do Estado e a assinatura de convênios com instituições financeiras.

PisciculturaDo aporte projetado por

convênios, segundo o titu-lar da secretaria, Eron Be-zerra, R$ 40 milhões serão destinados para projetos em piscicultura e manejo de pesca (entre eles a conclu-são da segunda indústria para o processamento do pirarucu – o bacalhau da Amazônia).

Outros R$ 60 milhões se-rão aplicados para a cons-trução de duas mil casas populares para produtores rurais e R$ 14,9 milhões para desenvolver a agricul-tura indígena no Estado.

Meta é elevar o PIB para 10%

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Passeios regionais são alternativas para fériasAlém de agradável, turismo local gera economia para bolso dos amazonenses que optaram em não viajar no início do ano

Por R$ 135, os turistas podem conhecer o Encontro das Águas, que é considerado como uma das principais atrações turísticas do Amazonas, além de almoçar em flutuante e passear de barco

ROBERTO CARLOS/AGECOM

Quem deixou de lado as viagens de iní-cio do ano para outros locais fora

do Estado, tem a opção de realizar passeios para curtir as atrações turísticas da re-gião. Por menos de R$ 150, o amazonense pode fazer roteiros regionais que, além de agradáveis, ainda geram economia para o bolso.

Guia de turismo desde 1999, Rodolpho Emanuel montou a Amazon Destina-tions há 3 anos com foco em passeios para desvendar os destinos amazônicos. Segun-do ele, cresce a procura por passeios nos meses de férias, principalmente para aqueles mais rápidos, como no caso das visitas às comunidades indígenas.

Neste caso, os valores co-brados são de R$ 300 por pessoa com no mínimo dois participantes. Conforme Emanuel, o diferencial da empresa é que os passeios são particulares, ou seja, não há necessidade de fazer mon-tagem de um grupo.

A visita à comunidade dos índios Tatuyos, oriundos do Alto Rio Negro, se inicia às 9h, com lanchas saindo dos portos de Manaus, São Rai-mundo ou do píer do Tropical, sendo que os clientes têm a opção de serem “apanhados” em casa ou nos hotéis onde estão hospedados. A partir daí, a viagem segue pelo rio Negro até Paricatuba, onde começa a interação com os botos rosa. “Eles podem en-trar na água, alimentar os botinhos”, ressalta o empre-endedor.

Depois dessa experiência, os viajantes visitam a comu-nidade, onde é apresentado um ritual indígena e expos-to o artesanato indígena. O passeio demanda quase três

horas e meia de duração.Cartão-postal da região,

a excursão para registrar o Encontro das Águas é outro pacote bastante solicitado pelos turistas e residentes locais. Iniciado às 9h com término às 15h, o passeio custa R$ 200 por pessoa, incluso o almoço no restau-rante flutuante Rainha do Céu. “Quando possível, as lanchas passam por dentro da floresta alagada”, destaca Emanuel.

OpçõesNa Fontur Turismo, o En-

contro das Águas também é aposta dos clientes ávidos por fazer turismo regional. Conforme informações da empresa, o preço para a vi-sita é de R$ 135 por cabe-ça. O passeio diário tem o ponto de largada do píer do Tropical.

A exigência da empresa é quanto a participação míni-ma de oito pessoas para a realização do passeio, que dura aproximadamente oito horas. Os barcos descem o rio Negro, passam pelo por-to de Manaus, seguem ao Encontro das Águas e de-pois partem para o lago do Janauari, onde os viajantes conhecem as vitórias-régias e os canais de igarapé, além de terem a disposição um almoço a base de cozinha regional no restaurante flu-tuante Valdeci.

FLORESTAO tour de sobrevivên-cia na selva é ofertada para os aventureiros de plantão, que pagam R$ 180 por pessoa para fazer caminhada de quatro horas na mata para conhecer flora e fauna da região

Para quem curte video-games de ação, os espor-tes de combate são uma boa pedida nas férias e até mesmo um exercício prático dos jogos para os amazonenses que optarão em não viajar neste ano.

De olho neste nicho, as empresas de paintball do Estado veem a procura crescer, principalmente, por parte de grupos de alu-nos que estão ansiosos por testar sua habilidade de estratégia e velocidade.

O socioproprietário da Tribo Radical, Sóstenes Leite, explica que o terre-no tem aproximadamente

15 mil metros quadrados. O local foi dividido em dois campos, sendo um de speed (de velocidade, voltado para competição) e o outro, em forma de cenário, para simular uma batalha ou embates, mais estratégicos.

Segundo o empresário, ao invés de trabalhar em um ambiente de mata, a empresa conta com um espaço urbano, no qual foi construída uma favela e uma casa grande a ser tomada. “Os participantes pagam R$ 10 a cada 50 bolinhas”, complementa Sóstenes Leite.

ConcorrênciaNa Arena Paintball – que

funciona apenas com re-servas antecipadas devido à grande demanda –, o proprietário Anderson Bo-nates criou uma promoção especial para as férias. O preço normal é de R$ 10 a cada 50 bolinhas, mas é possível comprar 150 bolinhas por R$ 25 e 300 bolinhas por R$ 30.

De acordo com o empre-sário, os participantes do esporte encontram um ce-nário na mata, com carros velhos e casas de bandei-ra. Vence quem capturar a bandeira do adversário.

Paintball atrai os adolescentes

Com o calor cada vez mais excessivo na região, a procura também cresce nos balneários locais. Em alguns “banhos”, o usuário paga apenas R$ 5 para se “deliciar” na água.

O balneário Maia funciona nos sábados, domingos e feriados, de 8h às 18h. Segundo o proprietário, Jorge Maia, para ter acesso às piscinas – com água de poço artesiano –, os banhistas precisam “contribuir” com um valor de R$ 5.

O ambiente conta com uma criação de quelônios, além de lagos determinados a criação de peixes (den-tre os quais pirarucu, tambaqui e matrinxã), como parte do proje-to de piscicultura que acontece no local.

O recanto do Quixito funciona há 5 anos. No balneário, os consumi-dores têm a possibili-dade de curtir piscinas com água natural, em um ambiente rústico que funciona de quar-ta a segunda-feira, com cobrança apenas nos sábados, domin-gos e feriados.

De acordo com o pro-prietário, José Valde-cir da Silva, o ingresso para adultos custa R$ 8 e o de crianças de 5 a 12 anos está cotado em R$ 5.

Cresce a procura pelos balneários

Busca pelos “banhos” públicos e privados tem aumentado com a chegada do calor na região

ARQUIVO EM TEMPO/JOEL ROSA

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

São inquietantes os prognósti-cos para 2014, especialmente no âmbito da insegurança jurídica, da tramela política, da expectati-va de trilar o apito final da Copa e do que fazer com seus rescaldos. Por isso, é sugestivo olhar o re-trovisor da História para jogar luz nos caminhos do porvir. Cumpre, portanto, acender a poronga( a lamparina que os seringueiros usavam amarrada na cabeça para coletar o látex na madru-gada da floresta) da teimosia e alumiar a obscuridade que os in-dicadores da economia impõem. Cumpre fazer uma reflexão so-bre o papel decisivo daqueles que – em momentos de indefinição e incertezas - abriram picadas da determinação e acreditaram no futuro da Amazônia por ela mesma e daí sua integração na-cional e continental. Refiro-me, mais uma vez, à figura do cea-rense caboco Cosme Fe rreira, um dos mais ilustres e esque-cidos integrantes desta galeria de guerreiros, a quem devemos lições de transformação do Ama-zonas, dos novos caminhos que se abrem ou se podem abrir quando o assunto é a conquista de novas matrizes econômicas. Resgato, pois, um paradigma de resistência e obstinação pela prosperidade geral sobre o qual nos compete meditar, para se-guir construindo, interiorizando e consolidando oportunidades. As lições de Cosme Ferreira esti-mulam a discussão e as propos-tas por inovação tecnológica, a implantação da bioindústria, en-tre outras ações e desafios atu-ais que diversifiquem o parque fabril, com integração urgente e inteligente entre academia e setor produtivo e a revisão de

uso dos recursos das empresas para Pesquisa& Desenvolvimen-to para regionaliza a qualifica-ção técnica e fomentar novas cadeias produtivas. De tão atual, a poronga de Cosme é de led e digital.

Cosme montou seu bunker de resistência na lendária e respei-tável Associação Comercial do Amazonas -ACA, onde geren-ciava, articulava e promovia a geração de novas matrizes da economia da resistência, com a queda do Ciclo da Borracha. Um visionário que veio ainda criança do Ceará para viver o Amazonas, e marcou a visão de mundo amazônico de muitas gerações nos negócios, crenças e pro-postas para o desenvolvimento econômico e prosperidade social da região. Pela ACA, trouxe cien-tistas cearenses e chilenos para combater o “mal das folhas” nas seringueiras, modernizar uso e transporte do látex em lata, e resgatar a dinamização da eco-nomia, cultura e desenvolvimen-to regional. Redator e articulista no “Jornal do Commercio”, pôs na pauta diária a discussão entre academia e economia, em defesa d o cultivo racional da borracha, o que também fez na tribuna e nas comissões da Assembleia Legislativa do Amazonas, como Deputado Estadual e igualmen-te na tribuna e nas comissões da Câmara Federal. Debateu na teoria e polemizou a prática, denunciando a burocracia e o descaso federal. Um trombone de indignação que ressoa até hoje a negligência e a ingerên-cia federal. Como empreende-dor, mirou nas promessas da biodiversidade e potencialidade florestal ao promover e estimular

inovação tecnológica na cultura da seringueira, da castanheira, do guaraná e do pescado. Seus livros detalham essas inquie-tações e proposições. Ideias e iniciativas para fomentar opor-tunidades.

Numa de suas obras, “Pri-meiro Centenário da Associação Comercial do Amazonas (1871-1971)” está descrita a diversida-de das iniciativas e conquistas daquela entidade para resgatar a economia estagnada da re-gião, ações descritas em outros livros, a grande maioria relacio-nada com a batalha da borracha e as alternativas econômicas baseadas no aproveitamento racional dos recursos naturais. É de sua autoria: Em Defesa da Borracha Silvestre America-na (1928); Notas Parlamentares sobre a Constituinte Amazonen-se (1935); Borracha, Problema Brasileiro (1938); Problemas da Amazônia (1940); A Borracha na Economia Amazônica (1952); Novas Bases para a Política Econômica da Borracha (1953); Novos Ângulos do Problema Amazônico (1954); Economia da Produção (1956); Amazônia em Novas Dimensões (1961); Porque Perdemo s a Batalha da Borracha (1965).

Cosme, como não poderia dei-xar de ser, à luz do poema de sua história, era um refinado poeta, ocupando espaços nos jornais e revistas de Manaus e assento na Academia Ama-zonense de Letras. E foi com poesia e determinação que fun-dou a Companhia Nacional de Borracha, Companhia Brasileira de Plantações e a Companhia Brasileira de Guaraná, empresas focadas na convicção visioná-

ria da prosperidade econômica estribada no aproveitamento da biodiversidade amazônica. Precursor da biotecnologia, e um obstinado pela recuperação da economia do látex, Cosme Ferreira mobilizou cientistas e cobrou políticas públicas para materializar seu projeto. A Com-panhia Nacional de Borracha era uma empresa de beneficiamen-to, pesquisa e comercialização do látex, onde funcionava um laboratório experimental da He-vea brasi liensis, que ilustra a teimosia e a obstinação desse cearense caboclo em restaurar a economia da goma elástica e de outros produtos da biodiver-sidade amazônica.

Na apresentação de seu livro, Amazônia em novas dimensões (Ed. Conquista, RJ, 1961), escrita pelo historiador e ex-governador do Amazonas, Arthur Cesar Fer-reira Reis, eclode uma denúncia de extrema atualidade e gravida-de que o livro de Cosme Ferreira provoca e convoca à reflexão: “Não se criou ainda, no Brasil, uma consciência, fora do emoti-vismo ou do sensacionalismo de romance e de jornal, elaborada com serenidade e com realismo acerca da Amazônia. Temos pre-ferido conhecê-la, quando não nos deixamos dominar pela frase macia, as sentenças euclidianas, pelas mãos dos homens de ci-ência do estrangeiro, que não se cansam de frequentá-la e de investigá-la com os propósitos de bem servir ao conhecimento humano, mas , também, aos interesses políticos de suas pá-trias”. No texto, Cosme revive e reacende a questão amazônica, seus desafios de conhecimento e aproveitamento racional, os

equívocos de sua ocupação, os mitos criados pelo distancia-mento e descompromisso da União em relação ao homem da região. As novas dimensões re-metem à antropologia amazôni-ca, no sentido renascentista que se contrapõe ao obscurantismo do teocentrismo medieval.

No discurso do “Empresário do Ano de 1985”, Petronio Pi-nheiro, um de seus discípulos mais destacados, a quem Cosme Ferreira acolheu como office-boy em 1937 e o viu chegar a superintendente na Companhia Nacional de Borracha, e depois a sócio, o homenageado assim se refere ao seu preceptor: “Ali, na Associação Comercial demos os primeiros passos, no sentido da identificação das nossas coisas, dos nossos problemas econômi-cos, das dificuldades que sempre cercam a produção regional, da batalha incessante para contor-ná-los. Conhecendo e conviven-do com figuras exponenciais do mundo empresarial do estado. Trabalhando sob as ordens do eminente e consagrado amazo-nólogo – Cosme Ferreira Filho, antes de chefe, um autêntico mestre e orientador dos mais jo-vens e a quem o Amazonas tanto deve.” Cosme, Petronio, Simões, Sabbá, Moysés, Benchimol, Guer-reiro, Albuquerque, entre tantos outros, deixaram-nos muitas li-ções de como transpor abismos e abrir picadas. Entre elas, porém, se destaca a crença em nosso destino, na imensidão de nossas potencialidades, e na capacidade de tomá-lo em nossas mãos, sem esperar por ninguém, nem pela hora, para fazer a vida acontecer a cada dia, a cada novo ano e desafio que se inicia!

Alfredo MR Lopes [email protected]

Cumpre acender a poronga!

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

Como em-preendedor, mirou nas promessas da biodi-versidade e potencialida-de florestal ao promover e estimular inovação tecnológica na cultura da seringuei-ra, da cas-tanheira, do guaraná e do pescado

Concursos públicos vão oferecer 47 mil vagasMesmo sendo um ano de eleições, em todo o país, serão realizados vários certames, principalmente, na esfera federal

Apesar do ano de elei-ções, o calendário de concursos públicos para 2014 está mo-

vimentado, com previsão de 47.112 mil vagas em todo país, segundo o Ministério do Planejamento. Segundo a pas-ta, desse total, 42.353 vagas poderão ser preenchidas em concursos de um modo geral e 4.759 para concursos com a finalidade específica de subs-tituição de terceirizados.

Entre os concursos mais es-perados do ano estão os da Caixa Econômica Federal, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), dos Correios, da Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados, da Polícia Fe-deral e da Receita Federal.

Seis ministérios tiveram concursos autorizados pelo governo federal. São eles: Mi-nistério da Agricultura, Pecu-ária e Abastecimento (Mapa), Ministério da Ciência, Tecno-logia e Inovação, Ministério da Educação, Ministério da Fazenda, Ministério da Saú-de e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No total, são esperadas mais de 6,5 mil vagas.

As polícias também devem oferecer um bom número de vagas em 2014. A Polícia Ci-

vil do Distrito Federal, Polícia Civil do Rio de Janeiro, Polícia Civil de Tocantins, Polícia Mi-litar do Acre, Polícia Militar do Distrito Federal, Polícia Militar do Rio de Janeiro e Polícia Militar de São Paulo podem ter mais de 7,8 mil vagas.

Segundo o coordenador pe-dagógico do site Rota dos Concursos, Larisson Mendes,

2014 é um ano que promete para quem pretende conquis-tar uma vaguinha no serviço público. Os principais motivos são a estabilidade e os bons salários e benefícios. São sa-lários que vão de R$ 2,2 mil a R$ 19 mil, por exemplo, para a Câmara Legislativa.

Da mesma maneira que recomenda foco nos estu-dos durante o final do ano,

o consultor Larisson Mendes também orienta atenção para a escolha dos concursos a serem prestados. “Não fique fazendo concursos para di-versas áreas, é importante manter o foco. Não é preciso dar tiro para todos os lados, como muitos iniciantes fa-zem”, ressalta.

Para o consultor, o ideal é escolher seleções da mesma área, que cobram matérias próximas. “Quem tenta uma vaga para a Câmara, por exemplo, pode tentar tam-bém o Senado. Se escolheu a Polícia Federal também tem a Polícia Civil. No judiciário tem os tribunais, o Minis-tério Público. É importante fazer variações dentro das áreas”, destaca.

RestriçãoComo em 2014 haverá

eleições para presidente, go-vernadores, senadores, depu-tados federais e deputados estaduais, a lei 9.505/97 res-tringe a nomeação, contrata-ção ou admissão do servidor público nos três meses que antecedem o pleito até a posse dos eleitos. A restrição se re-fere à esfera em que ocorre a eleição, no caso deste ano, no âmbito estadual e federal. Caixa Econômica Federal será uma das instituições que realizará concurso público neste ano

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CERTAMECaso homologação do concurso seja feita até três meses antes das eleições, nomea-ções podem ocorrer em qualquer período do ano. Em âmbito municipal, nomeações ocorrem sem restrições

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Municípios mineiros entram em situação de calamidadePelo menos 56 cidades de Minas Gerais decretaram situação de emergência e calamidade em razão das fortes chuvas

Em portaria, o Ministério da Integração Nacional reconhece situação de emergência em 56 mu-

nicípios de Minas Gerais cas-tigados pelas chuvas intensas do mês de dezembro, enquanto nos municípios de Sardoá e Vir-golândia foi decretado estado de calamidade pública.

O reconhecimento, feito pela Secretaria Nacional de Prote-ção e Defesa Civil, é necessário para que os municípios recebam ajuda federal para assistên-cia às vítimas e outras ações emergenciais. Os recursos são repassados por meio do Car-tão de Pagamento de Defesa Civil, cuja adesão é providen-ciada pela prefeitura local. O cartão foi criado em 2011 com o objetivo de garantir agilidade e transparência no repasse de recursos para cidades atingidas por desastres. Além dos recursos emergenciais, a União também destina verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ações e obras de prevenção e de segurança para populações que vivem em áreas de ocorrência de desastres na-turais, o PAC Prevenção.

O governo de Minas Gerais, entretanto, se queixa da longa espera para ter acesso aos re-cursos liberados pelo governo federal. De acordo com a as-sessoria do governo de Minas, no início de 2012, o estado apresentou 19 propostas de in-tervenções, que exigiriam inves-timentos estimados em R$ 2,5 bilhões por parte da União, que selecionou algumas propostas e aprovou a liberação total de R$ 793,2 milhões.

ExigênciasAinda segundo a assessoria,

desde então o estado tem cumprido todas as exigências para ter acesso aos recursos, que ainda não foram liberados em função do longo trâmite burocrático que precisa ser percorrido, e demanda em torno de um ano e meio até a liberação dos valores.

Os números não batem, po-rém, com os levantamentos feitos pelos ministérios do Planejamento e das Cidades. Em resposta conjunta à de-

manda da Agência Brasil, os ministériso salientam que, das propostas iniciais, no va-lor de R$ 2,38 bilhões, foram aprovados empreendimentos no total de R$ 1,73 bilhão (73% do solicitado), benefi-ciando 20 municípios.

De acordo com os dois mi-nistérios, os recursos para os projetos selecionados no PAC Prevenção, oriundos do Orça-mento Geral da União, estão disponíveis desde agosto de 2012, e os recursos para finan-ciamento foram disponibiliza-dos no início do ano passado. A decretação de situação de emergência e calamidade permite que o governo possa socorrer os desabrigados com urgência

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RECURSOSO reconhecimento, feito pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, é neces-sário para que os mu-nicípios recebam ajuda federal para assistên-cia às vítimas e outras ações emergenciais

São Paulo tem recorde de calor Escaldante. Sob sol inten-

so e vento quente, o calor bateu recorde em São Paulo e foi igualmente insuportá-vel no restante da região Sudeste e no Centro-Oeste do país. A capital paulista registrou, na sexta-feira, 3, a tarde mais quente desde outubro de 2012.

Segundo o Inmet (Ins-tituto Nacional de Mete-orologia), no mirante de Santana, os termômetros registraram 35,4ºC, a nona maior temperatura desde 1943. O recorde de tempe-ratura na cidade, segundo dados do instituto é de

37ºC, registrado em 1999. Apenas em 1998, 1999, 2002 e 2012 foram re-gistrados dias mais quen-tes do que sexta-feira, em São Paulo.

No Rio de Janeiro, enquan-to os termômetros chega-ram a 40,4ºC, a sensação térmica na zona oeste da cidade chegou a 52ºC. Mes-mo assim não foi recor-de. A temperatura foi a maior desde 8 de janeiro do ano passado.

Onda quenteEm Goiânia, Distrito Fe-

deral, Belo Horizonte e Vitó-

ria , a temperatura também esteve acima dos 30ºC.

Durante a tarde de sexta, 10 das 4 mil estações mete-orológicas ao redor do mun-

do mais quentes estavam na América Latina. Nove delas estavam no Brasil. Isso porque o hemisfério Norte está sob inverno ri-goroso e estava noite na África e na Oceania.

Segundo o Inmet (Insti-tuto Nacional de Meteoro-logia), a onda de calor no Brasil se deve à perma-nência de uma massa de ar quente e pouco úmida sobre a região central do Brasil. O fenômeno dimi-nuiu a ocorrência de chuvas desde o início da semana e fez com que o sol de verão elevasse a temperatura.

TEMPERATURA

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MASSA DE ARSegundo meteorologis-tas, uma massa de ar mida e fria vinda do Sul deverá amenizar o calor no litoral pau-lista, São Paulo e Rio, nos próximos dias. Há também previsão de fortes chuvas até hoje

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B7MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 País

Economia de R$ 300 mi com ProUni O Tribunal de Contas da União

(TCU) estima que o Ministério da Educação (MEC) tenha economi-zado mais de R$ 325 milhões em 2013 com alterações legis-lativas e melhorias na gestão e nos instrumentos de controle do Programa Universidade para Todos (ProUni) e do Fundo de Financiamento ao Estudante de Ensino Superior (Fies). A estima-tiva está no relatório de monito-ramento das auditorias feitas na execução dos programas.

Os programas são voltados para as instituições privadas. O ProUni concede bolsas inte-grais ou parciais a estudantes de baixa renda em instituições particulares de ensino superior e o Fies financia, a juros baixos e condições especiais, cursos para estudantes regularmente matriculados em universidades privadas. O relatório avalia as alterações feitas desde as au-ditorias de 2008 e de 2009, nas quais foram constatadas diversas falhas. Em 2013, o TCU considerou elevado o grau de implementação das reco-mendações feitas pelo órgão

e encerrou o ciclo de monito-ramento aos programas.

SupervisãoO monitoramento constatou

a implantação do Módulo de Supervisão de Bolsistas, que per-mitiu ao MEC identificar, analisar e excluir estudantes que não possuíam os critérios para par-ticipar do programa. Segundo o relatório, mais de 21 mil bolsistas irregulares foram excluídos entre 2009 e 2012. Somente em 2012, foram excluídos 15.581 alunos o que levou a uma economia estimada em R$ 25,3 milhões no exercício de 2013.

Também foram promovi-das alterações na legislação do ProUni, que fez com que a isenção fiscal recebida pelas instituições de ensino superior passasse a ser proporcional ao número de bolsas efetivamente ocupadas. A ação acarretou em uma economia de aproximada-mente R$ 303,5 milhões.

Um dos pontos destacados pelo TCU, em 2008, foi a falta de instrumentos eficientes de avaliação de cursos superiores

e de instituições de ensino superior para evitar a perma-nência de alunos participantes dos programas ProUni e Fies em cursos mal avaliados. Na época, 34,6% dos cursos no ProUni e 18% no Fies nunca ha-viam sido avaliados e, segundo o relatório, existia um “grande número” de alunos participan-tes dos dois programas em cursos com nota inferior a 3.

FiscalizaçãoO relatório do tribunal desta-

cou a implantação de uma rotina de fiscalização nas instituições de ensino feita pelo ministério. “A ação melhora a expectativa de controle, o que pode ser conside-rado uma evolução em relação à situação verificada em 2008, quando isso não ocorria de forma sistemática, propiciando a ocor-rência de irregularidades”.

Em 2013, foram firmados 517 mil novos contratos do Fies e a previsão para 2014 é que sejam firmados mais 400 mil. Já o ProUni ultrapassou a marca de 1 milhão de bolsas desde o início do programa.

PROGRAMA

O Prouni já alcançou mais de 1 milhão de estudantes com bolsas de estudos em universidades

ABR

‘Carandiru gaúcho’ recebe mais críticas internacionaisMedidas emergenciais foram pedidas por entidade americana ao governo com relação ao Presídio Central de Porto Alegre

A Organização dos Esta-dos Americanos (OEA) pediu ao Brasil medi-das emergenciais para

melhorar as condições do Pre-sídio Central de Porto Alegre, uma das maiores cadeias do país. Em 2013, um grupo de entidades integrado por juízes, médicos, promotores e enge-nheiros havia encaminhado uma representação à organi-zação solicitando algum tipo de intervenção sobre a cadeia.

Uma medida cautelar da Co-missão Interamericana de Di-reitos Humanos, braço da OEA para o setor, pede que o país “assegure condições de higie-ne”, “proporcione tratamento médico” e reveja procedimen-tos de segurança da prisão. O documento foi assinado no dia 30 e o prazo fixado para uma resposta é de 15 dias.

A comissão afirma que ficou demonstrado que os presos vi-vem “em situação de gravidade e urgência” e que suas vidas estariam “em grave risco”.

Um dos pontos abordados no documento é o trabalho feito por detentos na abertura de portas dentro da prisão. O grupo que recorreu à comissão afirma que os responsáveis pela segurança das alas da cadeia não entram em galerias e que criou-se a fi-

gura dos detentos “chaveiros”.

ControleA decisão afirma que o Estado

deve “recuperar o controle de se-gurança em todas as áreas” do presídio e não repasse “funções disciplinares” aos internos.

A comissão também questio-na a falta de medidas preven-tivas contra incêndios. O grupo que encaminhou a representa-ção alerta para a possibilidade de uma tragédia de grandes proporções.

O presídio abriga 4,5 mil pes-soas, o dobro de sua capacidade, e vive uma situação de cala-midade. Além da superlotação, um dos principais problemas da prisão é o sistema sanitário, que, devido a vazamentos, obriga os presos a conviverem com resíduos de esgoto.

Erguida em 1959, a estrutura do presídio é antiga e dificulta reformas. A prisão é de respon-sabilidade do governo gaúcho, mas a representação questiona as autoridades brasileiras.

Outro lado A Superintendência de Ser-

viços Penitenciários do gover-no do Rio Grande do Sul diz que ainda não foi notificada da decisão e que não se manifes-taria sobre os pedidos. Péssimas condições do Presídio Central de Porto Alegre chamaram a atenção da Organização dos Estados Americanos (OEA)

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Francisco: padres podem se tornar ‘pequenos monstros’Declaração do pontífi ce é uma referência a má formação dos sacerdotes e daqueles envolvidos em casos de abuso sexual

Papa Francisco está pre-ocupado com a formação dada aos sacerdotes e com os escândalos de ordem sexual dentro da Igreja Católica

DIVULGAÇÃO

O papa Francisco aler-tou que os padres podem se tornar “pe-quenos monstros”

se não forem devidamente treinados. E também advertiu contra a escolha de homens que teriam envolvimento em casos de abuso sexual para o sacerdócio, dizendo que a proteção de fi éis católicos é o mais importante.

“Temos de incluir a forma-ção do coração, caso contrário vamos criar pequenos mons-tros. Depois, esses monstros formam o povo de Deus”, afi r-mou Francisco, segundo a re-vista “La Civiltà Cattolica”.

De acordo com a publica-ção, o papa argentino fez os comentários durante uma reu-nião a portas fechadas com 120 superiores de ordens reli-giosas em 29 de novembro do ano passado no Vaticano.

A íntegra da audiência foi divulgada na última sexta-feira, 3, no site da revista “La Civiltà Cattolica”.

O Pontífi ce é citado ainda pe-dindo que os chefes “acordem o mundo” com o seu trabalho, especialmente com os pobres. O Vaticano não divulgou infor-mações sobre a reunião.

Monstros“A Igreja deve ser atrativa.

Acordai o mundo. Sede tes-temunhas de um modo di-ferente de fazer, de agir, de viver”, pediu o papa Francisco aos membros da União dos Superiores Gerais dos Insti-tutos Religiosos Masculinos. Na conversa, no Vaticano, o

papa dirigiu um aviso aos formadores dos seminários: “Devemos formar o coração. De outro modo, formamos pequenos monstros”. “Come-teremos sempre erros, não tenhamos dúvidas. Mas isto não deve travar-nos, porque há o risco de cometer erros maiores”, apontou Francisco, salientando que a igreja deve

sempre “pedir perdão e olhar com muita vergonha para os insucessos apostólicos causa-dos pela falta de coragem”.

“É preciso conhecer a rea-lidade pela experiência, dedi-car tempo para ir à periferia, para conhecer verdadeira-mente a realidade e a vida das pessoas, caso contrário, prevalecem abstrações ideo-lógicas e fundamentalistas, o que não é saudável”, declarou o pontífi ce.

PobrezaO papa já havia pedido mais

cidadania para combater a pobreza e o desemprego, na-quela que foi a última cele-bração litúrgica a que presidiu em 2013, tendo aproveitado a oportunidade para ques-tionar o uso que os católicos dão ao tempo.

“Muitas pessoas não en-contram trabalho ou realizam trabalhos mal pagos e às vezes indignos. Quem está investido de autoridade tem maior res-ponsabilidade, mas cada um é corresponsável, no bem e no mal”, frisou Francisco, citado pelo site da rádio Vaticano, ao referir-se à cidade de Roma, de que é bispo.

COMENTÁRIOSDe acordo com a publi-cação, o papa argenti-no fez os comentários durante uma reunião a portas fechadas com 120 superiores de or-dens religiosas em 29 de novembro do ano passado, no Vaticano

Terminada a série de celebrações de fim e do início do ano, a 22 de fevereiro che-ga o consistório para a criação dos novos cardeais.

O anúncio dos nomes dos escolhidos deverá ser anunciado no iní-cio de janeiro, dando tempo para preparar a grande celebração. Para 27 de abril está marcada a canoniza-ção dos papas João 23 e João Paulo 2º.

A viagem de Francis-co à Terra Santa, em maio, 50 anos após a peregrinação de Paulo 6º, é um acontecimen-to central de 2014. Em outubro decorrerá o Sínodo dos Bispos, sobre a família.

O início da peregrinação do pontífi ce

Em editorial, o “Finan-cial Times”, um dos mais importantes diários do mundo na área da fi nan-ça e economia, sublinha que o papa Francisco tem uma “sinceridade e auten-ticidade que nenhum líder mundial pode igualar”.

“Num tempo em que mui-tos estão profundamente preocupados pela vaidade das celebridades e pela riqueza dos plutocratas, o

papa depressa se tornou o líder global símbolo de compaixão e humildade”, afi rma o jornal e completa: “Mas o que é impressio-nante no papa é como ra-pidamente se tornou uma autêntica fi gura de proa para quem está preocu-pado com o que ele de-nomina “o ídolo chamado dinheiro” e a “indiferença globalizada neste mundo globalizado”.

‘Sinceridade e autenticidade’

Jornal elogia maneira simples em que se apresenta o papa

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 (92) 3090-1041

Perigo para frentistas no combustível

Dia a dia C2 e C3

DIEGO JANATÃ

Inpa leva prêmio Natura por pesquisa de repelenteA avaliação das propostas submetidas foi realizada por uma banca científi ca mista composta por três pesquisadores

A pesquisa desenvolvida no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) obteve formulações de repelentes da Piper aduncum, a pimenta-de-macaco, contra mosquitos da dengue e malária

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio

do Programa de Capacitação Institucional (PCI), ganhou a primeira edição do Prêmio de Ingredientes Vegetais Ama-zônicos, promovido pelo Pro-grama Natura Campus com uma pesquisa que usa óleos essenciais de uma planta da Amazônia como repelente e inseticida natural no comba-te aos mosquitos da dengue (Aedes aegypti) e malária (Anopheles darlingi). O prê-mio, no valor de R$ 30 mil, foi lançado em setembro, mas o resultado só foi divulgado no final de dezembro passado e tem como objetivo reconhe-cer e premiar pesquisadores da Amazônia que contribuem para o avanço da ciência.

A pesquisadora Ana Cris-tina da Silva Pinto, bolsista PCI do Inpa, desenvolveu boa parte das pesquisas sobre esses ingredientes vegetais obtendo seis formulações de repelentes a partir do óleo essencial de Piper aduncum, conhecida como pimenta-de-macaco, durante a dis-sertação de mestrado em Química e tese de douto-rado em Biotecnologia com pesquisas sobre cultivo na Embrapa, sob orientação do pesquisador e coordenador de Tecnologia e Inovação do Inpa, Adrian Martin Pohlit, e com a coorientação do pes-quisador Wanderli Tadei, da Coordenação de Sociedade, Ambiente e Saúde (CSAS) também do Inpa.

O trabalho desenvolvido refere-se ao desenvolvimen-to de formulações de repe-lentes e inseticidas a base de óleo essencial de Piper aduncum (cultivada e coleta-da na Embrapa pelo pesqui-sador Francisco Célio Maia Chaves) e a uma substância chamada E-isodilapiol.

Ana Cristina explica que a formulação e dosagens o de-rivado E-isodilapiol e o óleo foram adicionados confor-me dosagens estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para produtos inseticidas, tendo em vista os mesmos apresentarem baixa toxidade em camun-dongos e mortalidade de in-setos adultos (Aedes e Ano-pheles) em estudos recentes do Grupo de Pesquisas de Malária e Dengue do Inpa.

AtividadeAna Cristina Pinto explica

ainda os estudos demons-traram que a substância e o óleo essencial “tem alta ati-vidade” contra Plasmodium falciparum (protozoário que

provoca a malária) da qual gerou a patente por meio da Coordenação de Exten-são Tecnológica e Inovação (Ceti) do Inpa.

“Este prêmio representa uma etapa muito importante na minha vida acadêmica e profissional, pois ter o tra-balho reconhecido por uma instituição do porte da Na-tura é um grande incentivo para continuar desenvolven-do pesquisas dessa natureza no Inpa. Esta pesquisa ren-deu duas patentes, uma já aprovada e outra que está em fase de aprovação pelo setor de Inovação do Inpa”, explica a pesquisadora.

FONTEA pesquisadora Ana Cristina da Silva Pinto desenvolveu pesqui-sas sobre ingredientes vegetais obtendo seis formulações de repe-lentes a partir do óleo de Piper aduncum, a pimenta-de-macaco

Com pesquisa, Inpa foi premiado no Natura Campus de 2013

Ana Cristina ressalta que este trabalho vem sen-do desenvolvido por ela desde 2003 no Instituto com apoio do grupo de pesquisas a qual pertence com orientação e apoio dos pesquisadores Wan-derli Tadei e Adrian Pohlit e do pesquisador Francis-co Célio Maia Chaves (da Embrapa-AM).

Adrian Polhit também destacou a premiação. “Esse prêmio é uma gran-de oportunidade para Inpa mostrar este trabalho que é fruto de 10 anos de pes-quisas desenvolvidas pela pesquisadora Ana Cristina

sobre plantas da região e que podemos isolar subs-tâncias químicas e dar no-vos usos com atividade de inseticida, repelentes, an-timalárico e antioxidante, ou seja, são tentativas de desenvolver novos ingre-dientes com grande poten-cial para gerar no futuro novos produtos que podem benefi ciar a população. É um grande avanço para o Inpa”, disse.

Nesta primeira edição do prêmio foram inscritos 30 ingredientes de pes-quisadores de instituições públicas e privadas da Amazônia Legal.

Oportunidade para divulgação

A pesquisadora Ana Cristina da Silva Pinto, bolsista do PCI/Inpa, rece-berá um prêmio para fo-mentar a continuidade de pesquisas relacionadas a ingredientes vegetais.

A avaliação das propostas submetidas foi realizada por uma banca científi ca mista composta por três pesquisadores da Natura e dois pesquisadores brasi-leiros da área de produtos naturais. Entre os critérios, foram avaliados: a quanti-dade de ingredientes ve-getais desenvolvidos, os aspectos técnicos da pes-quisa, incluindo metodolo-gias, processos, rastrea-bilidade e caracterizações fi toquímicas e biológicas. O vencedor foi aquele que apresentou melhores notas a partir desses critérios.

Graduada em Química pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ana Cristina tem mestrado em Química de Produtos Na-turais (Ufam) e Doutorado

em Biotecnologia (Ufam). Foi docente por dois anos naquela Universidade. Ela é coordenadora de pro-jetos com fi nanciamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi -co e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), tem experiência na área de quí-mica e biotecnologia.

Natura CampusO Natura Campus, criado

em 2006, é o programa de relacionamento e constru-ção de redes de colaboração da Natura com a comunida-de científi ca com o objetivo de promover a geração de conhecimento, inovação e valor em rede. Dedicado à formação e o fortalecimen-to de parcerias, o programa conta com portal na inter-net em que são lançados desafi os, discutidos temas de ciência em blogs temá-ticos entre outras formas de interação.

Pesquisas deverão continuar

Árvore da pimenta-de-macaco: alternativa para a saúde

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C2 Dia a dia

Perigo ronda as bombas de combustívelExposição diária a solventes exalados pela gasolina pode provocar danos neurológicos em quem trabalha com eles

Os frentistas con-vivem diariamen-te com um ini-migo. Segundo

pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Pau-lo (USP), a exposição di-ária a solventes exalados pela gasolina pode provocar danos neurológicos.

Para a coordenadora do Centro de Informações Toxi-cológicas do Amazonas (CIT / AM), Amanda Mamed, o problema tem que ser avalia-do de forma mais rigorosa, contudo, é relevante ressal-tar a importância da prática sobre as ações de controle da insalubridade.

Os trabalhadores estão expostos a riscos provoca-dos pelo contato com hi-drocarbonetos aromáticos por meio dos combustíveis e óleos lubrificantes co-mercializados em postos e serviços. “Nesses ambientes é possível identificar o con-tato durante a atividade de abastecimento de veículos e outras atividades, como troca de óleo e lubrifica-ção, por exemplo”, explica a coordenadora. No entan-to, no Amazonas, durante o ano de 2013, não foi re-gistrado nenhum caso de intoxicação de funcionários pelo CIT / AM.

A técnica em segurança do trabalho Kelly Marques afirma que todo agente quí-mico pode causar danos à saúde. É necessário que a empresa faça o laudo de insalubridade para verifi-car a quantidade inalada e realizar a capacitação dos funcionários de acordo com a função exercida.

“A inalação diária des-ses agentes químicos afeta diretamente as vias res-piratórias e, por conse-guinte, os demais órgãos”, diz a coordenadora.

Entretanto, o presidente do Sindicato do Comér-cio Varejista de Derivados de Petróleo, Lubrificantes, Álcoois e Gás Natural do Estado do Amazonas (Sind-cam), Luiz Felipe Moura Pin-to, afirma que as informa-ções da pesquisa ainda não foram comprovadas.

Diante da gravidade do problema, que é de difícil diagnóstico, o presidente relata que a entidade, jun-tamente com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tem estudos sobre a ação do benzeno na vida dos traba-lhadores em postos de com-bustíveis do Estado.

“Os níveis de benzeno nos

combustíveis causaria dano somente se a pessoa ficas-se cheirando diretamente do tanque. Outro ponto impor-tante para ser avaliado é que os frentistas trabalham em ambiente aberto”, enfatiza Luiz Felipe.

O presidente da entidade explica ainda que os fren-tistas amazonenses hoje possuem um piso salarial de R$ 750 e recebem ain-da um adicional de 30% de periculosidade.

Entretanto, de acordo com a coordenadora Amanda Ma-med, a pesquisa serve como alerta para a população, so-bretudo, os trabalhadores e para as autoridades, que devem reavaliar as políti-cas públicas hoje existentes no país.

ADRIANA PIMENTELEspecial para o EM TEMPO

RISCOSAlerta dos danos neurológicos provo-cados por exposição a solventes exalados pela gasolina foi feito em pesquisa realiza-da pelo Instituto de Tecnologia da Univer-sidade de São Paulo

Danos neurológicos provocados por solventes contidos na gasolina podem afetar frentistas, expostos diretamente ao produto

Apesar de trabalhar há mais de 10 anos como frentista, Adriano Silva*, 34, relata que nunca sentiu nada e nem ouviu falar de qualquer colega de trabalho reclamando ou que tenha abandonado o emprego por conta disso.

Adriano, no entanto, muda o tom quando falar sobre segu-rança no trabalho que executa diariamente e relata que não realizou nenhum treinamento

para exercer a função, tudo que aprendeu foi acompanhando os frentistas mais antigos no posto de gasolina onde atua. “Sei que nós somos expostos a muitos riscos. Os empresários só querem saber da produtivi-dade, não importa o restante”, enfatiza o frentista.

A chefe de pista L. M.*, que é funcionaria de um posto de gasolina BR, possui opinião contrária e não vê problema

algum na profissão. Nesse pe-ríodo em que trabalha não pre-senciou nenhuma reclamação ou afastamento do emprego por problemas de saúde.

“Passei a minha gravidez toda trabalhando, e não sen-ti nada. Hoje o meu filho tem 10 anos e é saudável”, conta a frentista.

*identidade trocada ou omitida a pedido do en-trevistado

Profissionais garantem integridade da saúde

Frentistas podem ficar expostos a solventes de combustíveis

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REGISTROSApesar do alerta, trabalhadores do setor entrevistados pela reportagem afirmaram que nunca sentiram nenhum problema de saúde nem souberam de relatos de colegas com problemas

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Page 19: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 C3

Perigo ronda as bombas de combustívelAté o dia 15 de ja-

neiro, o combustível vendido passará a ter uma menor quantida-de de enxofre. Além do teor de enxofre, outros componentes terão seus limites reduzi-dos. São os hidrocar-bonetos olefínicos, os hidrocarbonetos aro-máticos e o benzeno (este último somente no caso da gasolina Premium, uma vez que o máximo permitido na gasolina comum já era de 1%).

Com o uso do com-bustível mais limpo, os carros, especialmente os mais antigos, re-duzem as emissões de poluentes. A estimati-va é diminuir em 94% a presença desse po-luente na atmosfera.

A Agência Nacio-nal do Petróleo (ANP) acredita que a quali-dade do produto será semelhante ao comer-cializado em paises como Estados Unidos, Canadá e México.

Componentes terão menor quantidade

A ANP anunciou que teor de enxofre dos combustíveis será diminuído até o próximo dia 15

O que os revendedores de combustíveis não sa-bem dizer é qual o pre-ço que o consumidor vai pagar nas bombas pela gasolina mais limpa.

“Essa gasolina é uma gasolina que deverá cus-tar mais caro na pro-dução. Agora, aumento é uma coisa que fica por conta do governo”,

afirma o presidente do Sincopetro/SP, José Alberto Gouveia.

O novo combustível substitui integralmente as gasolinas automotivas comercializadas em todo o território nacional e vai continuar sendo identi-ficado como “gasolina comum” e “gasolina pre-mium” nos postos.

Mudança versus valor cobrado

Novo combustível ainda não tem definição sobre valor

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 C5

BAIANO

Parintins resgata festa das PastorinhasTrazidos por Sila Marçal em 1915, os cordões se preparam mais uma vez para queima das palhinhas amanhã

Parintins (AM) – Em 1915, Parintins tinha apenas três ruas. A rua da frente, a rua do

meio, hoje avenida Amazonas, e a rua de trás.

Foi nessa Parintins que a jovem Fé de Souza Mendes com 17 anos, vinda da região do rio Uaicurapá, colocou pela primeira vez suas Pastorinhas e deu o primeiro passo em direção à história da cultura do povo tupinambarano.

Mas, Fé de Souza Mendes entraria para a história como Sila Marçal. Assim ela se tor-nou conhecida e a sua brin-cadeira virou “Pastorinhas de dona Sila”, que por mais de 60 anos anunciou a chegada do Natal e Ano-Novo.

“Era muito mais bonito, mais organizado, dia 6 a gente saia nas ruas seguidos por uma multidão, cantando, alegres, não precisava de caixa de som”, lembra Maria Arlece Dutra, filha de dona Sila, que brincou no cordão da mãe como galego, pastor e cigana, a personagem mais lembrada da brincadeira.

Depois de dona Sila surgi-ram outros cordões, todos re-sultados de promessas. Dona

Maria Isabel Catak, 70, que hoje coordena a pastorinha “As Natalinas”, disse que a brincadeira surgiu depois que sua mãe, a senhora Angelina de Souza Catak encontrou numa gruta no centro da flo-resta, região de Vila Amazô-nia (distante da sede do mu-nicípio 30 minutos de barco) uma imagem do Menino Jesus em 1962. “A partir daquele

ano, minha mãe colocou o cordão e em 1972, depois que ela morreu, eu assumi a brin-cadeira e estamos até hoje”, conta dona Maria Isabel.

Segundo ela, com o passar do tempo as adolescentes não querem mais brincar na pastorinha. “Querem o boi-bumbá, mas participar dos cordões, não”.

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Dona Sila Marçal, nascida Fé de Souza Mendes, em companhia do compositor Nelson Baixinho

TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

ORIGEMA tradição das Pas-torinhas em Parintins começou em 1915, com a chegada à ilha, então com apenas três ruas, da jovem Fé de Souza Mendes, que se tornaria conhecida como Sila Marçal

Maria Arlece Dutra, filha de dona Sila Marçal, que introduziu as Pastorinhas em Parintins em 1915: festa perdurou por anos sendo bem organizada sem necessidades de caixa de som, atraindo multidões para as ruas da cidade

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Page 21: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 C5

BAIANO

Parintins resgata festa das PastorinhasTrazidos por Sila Marçal em 1915, os cordões se preparam mais uma vez para queima das palhinhas amanhã

Parintins (AM) – Em 1915, Parintins tinha apenas três ruas. A rua da frente, a rua do

meio, hoje avenida Amazonas, e a rua de trás.

Foi nessa Parintins que a jovem Fé de Souza Mendes com 17 anos, vinda da região do rio Uaicurapá, colocou pela primeira vez suas Pastorinhas e deu o primeiro passo em direção à história da cultura do povo tupinambarano.

Mas, Fé de Souza Mendes entraria para a história como Sila Marçal. Assim ela se tor-nou conhecida e a sua brin-cadeira virou “Pastorinhas de dona Sila”, que por mais de 60 anos anunciou a chegada do Natal e Ano-Novo.

“Era muito mais bonito, mais organizado, dia 6 a gente saia nas ruas seguidos por uma multidão, cantando, alegres, não precisava de caixa de som”, lembra Maria Arlece Dutra, filha de dona Sila, que brincou no cordão da mãe como galego, pastor e cigana, a personagem mais lembrada da brincadeira.

Depois de dona Sila surgi-ram outros cordões, todos re-sultados de promessas. Dona

Maria Isabel Catak, 70, que hoje coordena a pastorinha “As Natalinas”, disse que a brincadeira surgiu depois que sua mãe, a senhora Angelina de Souza Catak encontrou numa gruta no centro da flo-resta, região de Vila Amazô-nia (distante da sede do mu-nicípio 30 minutos de barco) uma imagem do Menino Jesus em 1962. “A partir daquele

ano, minha mãe colocou o cordão e em 1972, depois que ela morreu, eu assumi a brin-cadeira e estamos até hoje”, conta dona Maria Isabel.

Segundo ela, com o passar do tempo as adolescentes não querem mais brincar na pastorinha. “Querem o boi-bumbá, mas participar dos cordões, não”.

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Dona Sila Marçal, nascida Fé de Souza Mendes, em companhia do compositor Nelson Baixinho

TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

ORIGEMA tradição das Pas-torinhas em Parintins começou em 1915, com a chegada à ilha, então com apenas três ruas, da jovem Fé de Souza Mendes, que se tornaria conhecida como Sila Marçal

Maria Arlece Dutra, filha de dona Sila Marçal, que introduziu as Pastorinhas em Parintins em 1915: festa perdurou por anos sendo bem organizada sem necessidades de caixa de som, atraindo multidões para as ruas da cidade

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Page 22: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

C6 Dia a dia

Magistrados foram mais processadosNúmero de processos administrativos disciplinares abertos pelo Conselho Nacional de Justiça dobrou em 2013

O número de Proces-sos Administrati-vos Disciplinares (PADs) instaura-

dos pelo Plenário do Conse-lho Nacional de Justiça (CNJ) contra juízes e desembar-gadores mais que dobrou em 2013. É o que mostra o balanço da movimenta-ção processual do órgão ao longo do ano passado. De acordo com o levantamento, ao todo, foram abertos 24 procedimentos para apurar suspeitas de desvios fun-cionais. Em 2012, a quanti-dade de ações registradas somou 11.

Segundo o balanço das atividades do Conselho, dos 24 processos autuados e distribuídos neste ano, 10 deles resultaram no afas-tamento cautelar de 13 magistrados investigados.

É o caso do PAD instaurado na 175ª Sessão Ordinária, realizada no dia 23 de se-tembro, para apurar indícios de irregularidades no pro-cesso de adoção de cinco irmãos da cidade de Monte Santo, na Bahia.

Na ocasião, o Plenário seguiu o voto do correge-

dor nacional de Justiça, mi-nistro Francisco Falcão, e decidiu pelo afastamento cautelar do juiz Vítor Ma-nuel Sabino Xavier Bizerra, por ter atuado em desa-cordo com a Lei Orgânica da Magistratura Nacional e com o Código de Ética da Magistratura. Ele proferiu decisões sem a citação ou intimação dos pais biológi-cos e sem a participação do Ministério Público.

Outro PAD aberto em 2013 foi contra os desembarga-dores Mário Alberto Simões Hirs e Telma Laura Silva Britto, presidente e ex-presi-dente do Tribunal de Justiça da Bahia. Eles foram afasta-dos dos cargos em razão de suspeitas de irregularidades na gestão do setor de preca-tórios da corte. Os indícios apontam que fraudes teriam gerado um prejuízo acima de R$ 400 milhões.

A decisão foi proferida na 178ª Sessão Ordinária, realizada no dia 5 de no-vembro. Na sessão seguinte, que ocorreu no dia 12 de novembro, o Plenário abriu outro processo administra-tivo disciplinar contra os dois. Desta vez, por omis-sões na administração da corte baiana.

GISELLE SOUZAAgência CNJ

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Magistrados foram mais processadosG

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O levantamento da movi-mentação processual mos-tra que, desde que fora instalado em 2005, o CNJ aplicou 67 penalidades que atingiram 64 magistrados (sendo dois deles em mais de um processo). No perío-do, o órgão de fi scalização e planejamento do Judiciário aplicou 44 aposentadorias compulsórias, 11 censuras, seis disponibilidades, qua-tro remoções compulsórias e duas advertências. Do total, 19 punições foram aplicadas neste ano. Doze delas foram aposentado-rias compulsórias, quatro censuras, uma advertência, uma remoção compulsória e uma disponibilidade.

Entre os PADs julgados em 2013, destaca-se o que resultou na aplicação da pena de aposentadoria compulsória com vencimen-tos proporcionais ao desem-bargador Bernardino Lima Luz, do Tribunal de Justiça do Estado do Tocantins (TJTO). Em outubro, o CNJ julgou procedente a denúncia do Ministério Público Federal de que o magistrado teria se utilizado do cargo de corre-gedor-geral de Justiça para obter vantagem pessoal e para terceiros, favorecido interesse próprio ou alheio,

praticado ato indevido de ofí-cio, patrocinado interesses privados diante da adminis-tração pública e participado de associação para a prática de atos ilícitos e ameaças a autoridades públicas.

Em outro PAD, julgado em junho, o Plenário aposen-tou compulsoriamente os desembargadores Osvaldo Soares Cruz e Rafael Godei-ro Sobrinho, ex-presiden-tes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN). Os desembargadores eram acusados de envolvimen-to em um esquema que desviou R$ 14,195 milhões destinados ao pagamento de precatórios.

Em setembro, o desem-bargador Edgard Antônio Lippmann Júnior, do Tribu-nal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), também re-cebeu a penalidade máxima aplicada pelo CNJ por ter re-cebido cópias de documen-tos sigilosos de inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e tê-las repassado a advogados, em vez de en-caminhar o caso aos órgãos competentes para apurar o vazamento dos documentos. O desembargador já havia sido penalizado pelo CNJ com aposentadoria compulsória em outro processo.

Desde 2005, 67 penalidades

Processos Administrativos Disciplinares apuram responsabilidades de juízes por infrações

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Na última sessão do ano, realizada no dia 17 de dezembro, o CNJ decidiu aplicar a pena de disponibi-lidade à magistrada Rosa Maria da Conceição Cor-reia Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Ela foi condenada por violação aos princí-pios de independência, imparcialidade, exatidão

e prudência na tomada de decisão em um processo judicial, após liberar, du-rante um plantão judicial, o pagamento de mais de R$ 13 milhões à parte autora de uma ação que não pos-suía caráter de urgência. A decisão foi proferida em tempo exíguo e sem que a parte contrária tivesse sido ouvida.

Sobre o processoO PAD destina-se à apu-

ração da responsabilidade de juízes e titulares de ser-viços notariais e de regis-tro por infração disciplinar no exercício da função. É instaurado por decisão do Plenário. A tramitação é regulamentada pelo Regi-mento Interno do CNJ e pela resolução 135.

Última sessão pune juíza baiana

Processos contra magistrados no país chegaram a

24 em 2013

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Fan Fest irá custar R$ 10 milhões

IONE MORENO

com possíveis mudanças Lei Rouanet

Projeto, que está sendo avaliado pela Câmara dos Deputados, prevê que seja publicado no DOU uma avaliação dos recursos utilizados por benefi ciados

O projeto de lei 5339/13, de au-toria do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e que está trami-tando em caráter conclusivo

na Câmara dos Deputados, exige que a Lei Rouanet passe por uma importante mudança na qual, todo recurso destinado a um benefi ciário seja publicado no Di-ário Ofi cial da União bem como no site ofi cial do Ministério da Cultural (MinC), após a sua conclusão. Além disso, caso a verba não tenha sido gasta conforme o artista tenho descrito no edital, esse mesmo fi cará impossibilitado de receber dinheiro público por até 3 anos.

Em Manaus, os artistas viram tal possí-vel mudança como positiva. “Acho ótimo quando tudo é feito com uma maior trans-parência. Principalmente quando lidamos com incentivo fi scal, pois conseguimos mostrar para toda a sociedade onde está sendo gasto todo o dinheiro fruto das isenções. Além disso, esse tipo de estratégia já é usada pela Funarte, por exemplo e deve ser aplicada em todos os órgãos”, diz Dyego Monnzaho, diretor da Companhia Cacos de Teatro.

Ele destaca, ainda, que a punição se faz necessária em todos os casos. “É correto! É uma forma que se encontra para disciplinar o artista e torná-lo mais responsável com o dinheiro público. Todos precisam entender que toda a verba deve ser gasta com o objeto proposto no edital. Precisa haver sim uma transparência com toda essa verba”.

A cantora Lucilene Castro também afi r-

ma que esse tipo de fi scalização deve ser realizada. “Concordo plenamente. As pessoas precisam ver onde está sendo gasto o dinheiro que vem da isenção de alguma empresa. Aliás, é uma verba que o governo federal deixa de recolher para investir nos artistas. E acho certo também ter essa punição, essa penali-dade. Adquirir uma “grana” e não prestar contas é tirar a oportunidade que outras pessoas tenham o acesso a esse benefí-cio”, comenta.

Prestar contasO produtor cultural Adriano Gobeth,

que tem cinco projetos aprovados pela Lei Rouanet, mas somente dois capta-dos – sendo um total e o outro parcial –, acredita que “a partir do momento que se tem dinheiro público em mãos é preciso sim prestar contas e passar por uma severa fi scalização”. Mas ele vai além e afi rma que: “Por se tratar de uma região afastada dos grandes centros, o Amazonas já deveria possuir leis tanto municipais quanto estaduais, nos moldes da Lei Rouanet. No qual o benefi ciado pudesse captar recursos, mas sempre passando por um crivo do governo ou da prefeitura. Isso facilitaria bastante no que diz respeito a vendagem do artista local que sempre foi acostumado a ser contratado pelo governo e não correr atrás do que pode ser seu”.

Porém, Lucilene vai além e afi rma que a Lei Rouanet deve passar por outras mudanças. “Na verdade, toda essa lei precisa de uma reestruturação. No nosso caso, por exemplo. Sabemos da quantida-

de de empresas no Estado que preferem ligar suas marcas a projetos ligados a grandes artistas de repercussão nacional. Enquanto nós artistas menores, fi camos de fora, sem receber incentivo necessá-rio. Sei que já tem algum projeto de lei que pede essa mudança, mas até agora nada foi feito”.

AvaliaçãoO projeto de lei propõe também que o

ministério divulgue os seguintes dados do projeto cultural benefi ciado: nome do projeto e do responsável pela exe-cução, número do registro no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), data da conclusão, recursos captados e justifi cativa para não haver realizado a avaliação fi nal que, neste caso, passa a ser de autoria da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura (Sefi c), ligado ao próprio MinC.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU) apurou em auditoria realizada em 2011, havia 8.129 mil prestações de contas de projetos ainda sem análise em um total de R$ 3,8 bilhões em recursos de renúncia fi scal. “A não verifi cação dessa documentação pode ocultar desvios e ou-tras irregularidades capazes de promover grave lesão aos cofres públicos”, afi rmou o senador Álvaro Dias.

A reportagem tentou entrar em con-tato com o secretário de Cultura do Estado, Robério Braga, para saber sobre a sua opinião sobre a possível mudança, mas foi informado pela sua assessoria de imprensa que o mesmo se encontra viajando.

O produtor cultural Adriano Gobeth, a cantora Lucilene Castro e o diretor Dyego Monnzaho aprovam as alterações na lei

FOTOS: DIVULGAÇÃO

BRUNO MAZIERIEspecial EM TEMPO

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

RESENHA

PERFIL

Augusto Severo, é músico e psicólogo

Considerados por muitos especialistas como a obra prima da Ficção Científi ca

no Cinema, “2001 – Uma Odisséia no Espaço” (MGM, 1968), comemorou, no primei-ro dia do ano de 2014, seu 46° aniversário, desde o seu lançamento em 1968. Mais do que só um bom fi lme de Ficção Científi ca, “2001” é o resultado direto do encontro de duas mentes fantásticas que contribuíram (e muito!) para nosso Mundo: Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke.

Arthur C. Clarke desde criança foi apaixonado por astronomia. Após a guerra, escreveu o artigo que seria a base da construção dos primeiros satélites geoesta-cionários para telecomunica-ções mundiais. Ele é autor de quase uma centena de contos, romances e artigos de divulgação científi ca, mas apenas dois de seus roman-ces foram adaptados para o cinema: “2001: Uma Odisséia no Espaço” e “2010: O Ano em que Faremos Contato”.

Stanley Kubrick foi um nova-yorquino nascido em 1928, que já era cineasta aos 22

anos e aos 25 despontava seu primeiro longa reconhe-cido pela crítica, “Fear and Desire”, de 1953, tendo sua carreira de fato iniciada com The Killing (No Brasil: O Gran-de Golpe), de 1956.

Em 1965, Kubrick desejou fazer uma fi ção científi ca que fugisse da até então moda da época: homenzinhos ver-des e monstros gosmentos. Ele acabou conhecendo Cla-rke por meio de seus elo-giados romances “sci-fi ”, que apresentavam o universo (e a possibilidade de vida fora da terra) num nível de compre-ensão muito além do “Somos de Marte e vamos acabar com vocês”. Daí em diante, os dois elaboraram juntos o corpo de “2001”, e em comum acordo, Kubrick assumiria o fi lme, en-quanto Clarke lograria para si a autoria do romance, embo-ra ambos tenham contribuído para realização de tudo.

Kubrick, diferente de Clarke, apostou num fi lme essencial-mente visual, com diálogos restritos e muita interpreta-ção inconsciente. Mas o que se destaca de fato no fi lme é a combinação assustado-ramente maestral entre a trilha sonora e a linguagem visual. A introdução do fi l-me, com a forte sinfonia de

Richard Strauss, Also sprach Zarathustra, (o lívro homôni-mo de Nietzsche é uma das infl uências diretas do fi lme) tornou-se por si só um ícone pop. E mais espantosa ainda é a valsa espacial entre um ôni-bus espacial e uma estação, fl utuando à orbita da Terra, embalada pelo Danúbio Azul de Johann Strauss 2, Elevan-do “2001” a uma obra prima cinematográfi ca da humani-dade digna de ser preservada pela National Film Registry, seleção especial da Bibliote-ca do Congresso dos EUA.

“2001” é tão pioneiro em sua linguagem, seus elemen-tos, sua história, que não há exagero em afi rmar que foi infl uência para praticamente tudo que se sucedeu no cinema após sua exibição. Da fi cção científi ca ao terror,a obra de Kubrick tornou “Ópera” o que estava sendo banalizado, re-formulando a discussão sobre vida inteligente fora da Terra a um nível “refl exivo e evolutivo” na compreensão do homem com o universo, e não ape-nas “comparativo”. Dos seres humanóides primitivos até o super-computador HAL 9000, “pensar” era um processo que colidia inevitavelmente com identifi car-se a si mesmo na realidade à sua volta. Para

os huma-nóides pri-mitivos do fi lme, isso é o primeiro salto para adquirir uma cultura que per-mitisse dominar a natureza (e o outro); para HAL, o super computador da Missão Disco-very One, era trazer para si a responsabilidade de sucesso da missão espacial, à custo da vida de toda a tripulação se necessário.

Neste seu 46° aniversário, o fi lme de Kubrick possui uma re-levância tão signifi cante que é

um desafi o “resumir” suas características.

O melhor seria lembrar seus momentos, sons, bicromias, planos estáticos, e termos em mente que, em algum momen-to de nossa história, alguns gênios construiram uma obra que foi capaz de nos atingir através de nossas percepções, conscientes e inconscientes, e dessa forma, elevaram o sig-nifi cado de “ser humano” a um outro patamar.

AUGUSTO SEVERO*ESPECIAL PARA EM TEMPO

os huma-nóides pri-mitivos do fi lme, isso é o primeiro salto para adquirir uma cultura que per-

um desafi o “resumir” suas características.

O melhor seria lembrar seus

Domingo tem samba no LappaO primeiro fi nal de semana

de 2014 não poderia come-çar diferente: com feijoada e muito samba de raiz. Neste sábado e domingo, o Lappa Bar está com uma programa-ção animada e divertida para quem ainda está no clima das festas de fi nal de ano.

Hoje, o projeto “Escritório do Samba” ganha mais uma edição, a partir das 15h. Entre as atrações estarão as bandas Poxa Vida, Ami-

zade do Samba e bateria da escola de samba Vitó-ria-Régia.

Um dos destaques do dia é o chope Brahma que é liberado das 15h às 18h. A entrada custa R$ 25, por pessoa.

Fechado E dos dias 5 a 22 de

janeiro, o Lappa Bar estará em reforma na área inter-na. Por isso, ficará fechado para eventos.

BALADA

‘2001’, de Kubrick, completou 46 anos no dia 1° de Janeiro

Uma das atrações da tarde de hoje é a bateria da escola de samba de Manaus Vitória-Régia

SERVIÇOESCRITÓRIO DO SAMBA

Quando:

Onde:

Ingressos:

Hoje, às 15h

Lappa Bar - Vie-rialvesR$ 25,00 por pessoa

ARQUIVO EM TEMPO

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

EXPOSIÇÃO - Até o dia 14 de fevereiro estará em cartaz, na Galeria do Centro Cultural Largo São Sebas-tião, a exposição ‘Euros - do risco ao pixel’, com serviço de audiodescrição.

Com o objetivo de promover práticas de acessibilidade, isto é, aumentar a possibilidade e a condição de alcance, para que a PcD visual possa se integrar e ter acesso a cultura e a arte oferecidas no estado, o evento disponibilizará o ser-viço em mais de 10 obras de artes com canetas interativas (pentop) que proporcionarão a audiodescrição. O horário de visitação é de terça a domingo, das 17h às 21h.

TEATRO INFANTIL - Os clássicos infantis, em versões modernas, fazem parte do Festival “Temporada dos Clás-sicos”, que o Teatro Manauara, apresenta em janeiro em comemoração aos 20 anos da Cia Metamorfose. Produzidos especialmente para espetáculos contarão histórias dos seres fantásticos que habitam as fábulas infantis. As apre-sentações acontecem aos sábados e domingos, às 17h.

A temporada abre no próximo sábado, dia 11, com o espetáculo “Branca de Neve e os Sete Anões”. Os in-gressos custam R$ 20 (meia-entrada) e estão à venda na bilheteria do teatro.

MANAUS PLAZA - Pelo terceiro ano consecutivo o Manaus Plaza Centro de Convenções recebeu o Prêmio Caio Regional, como um dos melhores espaços para a realização de eventos de pequeno e médio porte nas regiões Norte e Centro-Oeste do País. A premiação é referência nacional. O Manaus Plaza Centro de Conven-ções recebeu o prêmio Jacaré de Bronze, equivalente ao terceiro lugar da premiação nacional. Em 2011 e 2012, o Manaus Plaza Centro de Convenções já havia recebido os prêmios Jacaré de Prata e Jacaré de Ouro, respectivamente, na mesma categoria.

RESUMO

Fan Fest, da Copa, irá custar R$ 10 milhões O objetivo do evento é atrair os fãs do futebol para assistir aos jogos do mundial ao som de diversos ritmos. Em Manaus, a festa contará com a presença de atrações locais e nacionais, na Ponta Negra

Faltando seis meses para o início da Copa do Mundo de 2014 – onde Manaus será uma das

subsedes do evento – algumas novidades já foram reveladas. Dentre elas a realização do Fifa Fan Fest, que será realizado no período de 12 de junho a 13 de julho, no complexo turístico Ponta Negra, que conta com uma área total de 36 mil metros quadrados, e que busca atrair os fãs do futebol para assistir aos jogos do mundial ao som de diversos ritmos. A primeira edição foi realizada em 2006,

durante a Copa do Mundo da Alemanha.

Com expectativa de atrair 35 mil pessoas por dia, o Fan Fest será gratuito e aberto ao público em geral, segundo informações da assessoria de comunicação da coordenação da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 – Amazonas. Ainda ao que diz respeito o evento, serão convidadas atrações lo-cais e nacionais com direito a performances artísticos-cul-turais. Porém, por se tratar de um evento da Fifa em parceria com a Rede Globo, os artistas nacionais ainda não foram con-fi rmados como foi divulgado anteriormente.

Outro destaque do evento, sem dúvida, é a estrutura que será montada ao longo dos 24 dias. Com programação que inicia às 10h e segue até a meia-noite, o público que for até o local contará com um palco principal – leia-se: anfi -teatro – que terá um grande telão, além de outros dois te-lões em pontos estratégicos e que transmitirão os jogos da Copa, praça de alimentação, área para a prática de esportes e outras atividades.

Com investimento de R$ 10 milhões, de acordo com o que foi passado à Prefeitura de Ma-naus, o valor será investido em estruturas que buscam melhor

atender ao público, bem como oferecer segurança, limpeza e higiene, banheiros químicos, praça de alimentação, cerca-mento de perímetro, logística de artistas e locação de gerado-res de acordo com o horário de funcionamento do evento.

A prefeitura terá patrocí-nio de nove empresas ofi ciais ligadas ao evento, que irão adquirir os espaços destina-dos à divulgação da marca, bem como locação de área. Apenas uma pequena parcela será pago pelo município. Este acordo já havia sido defi nido pela Fifa em todas as subsedes que receberão o mundial.

Ainda segundo o site ofi cial

da Copa do Mundo de 2014 (www.copa2014.df.gov.br), o Fan Fest em 2010 foi realiza-do, inclusive, em cidades que não fi zeram parte do evento naquele ano, como o Rio de Janeiro, por exemplo. O diretor de marketing da Fifa, Thierry Weil, afi rma que a festa pro-porciona à Fifa e ao COL uma plataforma para fortalecer a experiência dos torcedores na Copa do Mundo, atraindo milhões de pessoas também fora dos estádios. “Nós es-tamos muito satisfeitos com o entusiasmo mostrado pelas sedes até agora e ansiosos para realizar juntos essa festa espetacular em 2014”.

BRUNO MAZIERIEspecial EM TEMPO

IONE MORENO

A estimativa é atrair um pú-blico de 35 mil pessoas por dia

Galinha Pintadinha no shopping

Desde o último o sábado, o Shopping Ponta Negra dará início à sua progra-mação de férias. Até o dia 2 de fevereiro, crianças de 1 a 12 anos poderão brincar gratuitamente no espaço “Turma da Galinha Pintadinha”, que estará montado na praça central do centro de compras.

Pela primeira vez em Manaus, a Galinha Pin-tadinha ofi cial estará em Manaus para tirar fotos com as crianças, que po-derão brincar diariamente em um circuito interativo com diversas atividades lú-dicas com os personagens do desenho infantil.

FuncionamentoO espaço vai funcionar to-

dos os dias das 14h às 20h e as crianças terão acessos a jogos educativos em que eles podem montar palavras com os nomes dos personagens, além de cineminha, escorre-gador, piscina de bolinhas e ofi cina de pintura. Além disso, os pais também podem par-ticipar das brincadeiras, aju-dando as crianças nas pintura e desenhos à mão livre.

O calendário com os horários da presença da Galinha Pintadinha já está disponível no site do shop-ping (www.shoppingponta-negra.com.br).

De acordo com o gerente de marketing do Shopping Ponta Negra, Rafael Fied-ler, o grande diferencial do evento será a interação da “Galinha Pintadinha” com as crianças, que terão acesso ao personagem. “Essa série é um dos maiores fenômenos dos últimos anos e as crian-ças são muito apaixonadas pelos personagens. Duran-te as férias, o shopping vai proporcionar a elas um en-contro que será realmente inesquecível”.

O Shopping Ponta Negra foi inaugurado em 7 de agos-to de 2013 e possui 190 opções de loja, além de 10 salas de cinema.

GRATUITO

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Aos 44 anos, texano irá apostar em personagens sombrios e complexos

Ator abandona o seu lado galã

Matthew McConau-ghey, 44, descobriu o segredo do suces-so: o egoísmo.

Nos últimos três anos, o texa-no que um dia foi chamado de “o novo Paul Newman” abandonou a conveniência dos papéis de galã em comédias românticas para se dedicar a personagens sombrios e complexos, como o machão homofóbico e aidético do longa “Dallas Buyers Club” e o detetive fi losófi co da série “True Detective”, que estreia no Brasil em 12/1, na HBO.

“Meu desejo pelos perso-nagens que interpreto é pu-ramente egoísta. Não me importo com o resultado. Se as pessoas gostam do que eu faço, ótimo”, dispara à Folha de S.Paulo o sério McConau-ghey, indicado ao Globo de Ouro pelo papel no fi lme.

A estratégia tem dado cer-to. Não procure mais pelo bo-nitão e mulherengo de “Como Perder um Homem em 10 Dias” (2003), papel que pare-ceu colar nas escolhas do ator por quase uma década.

“Não houve um momento de conversa com Deus ou uma epifania. É uma evolu-ção na minha carreira. Queria ter a mesma felicidade que tenho com minha família na minha profi ssão”, revela o astro, casado com a modelo brasileira Camila Alves, com quem tem três fi lhos.

Desde que deu uma pausa na carreira, em 2010, Mc-Conaughey fez um policial corrupto em “Killer Joe”, de William Friedkin, um foragido de coração mole em “Amor Bandido”, de Jeff Nichols, um dançarino/dono de strip-club em “Magic Mike”, de Steven Soderbergh, e um executivo virulento em “O Lobo de Wall Street”, de Martin Scorsese, previsto para 24/1 no Brasil.

A procura “amoral” de Mc-Conaughey em “Dallas Buyers Club” o levou ao extremo de perder 19 quilos para interpre-tar um trafi cante de drogas experimentais entre México

e EUA que ajuda a salvar a vida de milhares de aidéticos -inclusive a do personagem, que contrai o vírus em uma transfusão de sangue.

“Não me apoiar em uma certa vantagem física que eu tinha é libertador. Todo o peso que eu perdi do pescoço para baixo, eu ganhei do pescoço para cima”, fi losofa.

“Apesar disso, eu não dormia mais de três horas durante as fi lmagens, porque eu estava mentalmente ligado.”

É o mesmo caso de “True Detective”, aposta da HBO que terá oito episódios por temporada, criada pelo escri-tor noir Nic Pizzolatto.

Matthew McConaughey e Woody Harrelson interpretam dois detetives que investigam um assassinato com toques de

ocultismo que leva o espectador para três períodos diferentes na vida dos policiais.

“Foi como rodar um fi lme com um roteiro de 440 pági-nas. Seis meses trabalhando 16 horas por dia e acordando 5h30 da manhã”, diz McCo-naughey, ao lado do amigo de longa data, Harrelson.

“Eu chegava ao set sem saber o que ia fazer, mas Mat-thew se jogou inteiramente nesta nova experiência na televisão”, recorda-se Harrel-son, logo interrompido.

“Ei, não é televisão. É HBO!”, gargalha McConaughey pela primeira vez na entrevista ao repetir o bordão do canal. “Vou ganhar uns US$ 200 mil pela propaganda.”

MUDANÇAO texano que um dia foi chamado de “o novo Paul Newman” abandonou a conve-niência dos papéis de galã em comédias românitcas para se dedicar a personagens sombrios e complexos

Martin Scorsese exagera nos palavrões em fi lme

O novo fi lme do cineasta Martin Scorsese, “O Lobo de Wall Street”, que traz Leonardo DiCaprio no papel de um corretor de ações charlatão, bateu um recorde curioso: é o fi lme de fi cção com o maior uso do palavrão “fuck” na história.

Segundo informações da revista “Variety”, o palavrão é dito 506 vezes ao longo das três horas de fi lme.

O recorde anterior per-tencia ao fi lme “O Verão de Sam” (1999), de Spike Lee, com 435 “fucks” distribuí-dos em suas 2 horas e 20

minutos de duração.Ambos são fi lmes de fi c-

ção. No geral, o recorde ain-da pertence, por razões ób-vias, ao documentário “Fuck” (2005), de Steve Anderson -um trabalho jornalístico que se debruça sobre os usos e a origem desse palavrão.

Scorsese, porém, parece gostar de incluir a palavra “fuck” em seus fi lmes: entre os 20 mais bem colocados na lista, ainda estão outras duas produções suas. São elas “Cassino” (422 pala-vrões) e “Os Bons Compa-nheiros” (300 palavrões).

CINEMA

Ator texano Matthew McConaughey vai interpretar o machão homofóbico e aidético no longa-metragem “Dallas Buyers Club”

DIVULGAÇÃO

DIVLGAÇÃO

Di Caprio é um corretor de ações charlatão em novo fi lme

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV Tudo

Vai começar A Globo está para dar início aos

trabalhos de “Geração Brasil”, substituta de “Além do Horizonte” na faixa das 19h.

O toque de reunir de todo o elenco será na segunda-feira, 13.

É sempre isso...Mais uma vez, uma novela das

19h da Globo, como tantas outras que a antecederam, terá um ho-mem fazendo papel de mulher.

Função destinada ao Luís Mi-randa, com direito a operação para mudança de sexo.

Não é por nada... Mas apenas como observação:

existe coisa mais feia que homem vestido de mulher?

Nada contra ninguém. Gos-to é gosto, mas convenhamos que não é uma das coisas mais agradáveis de se ver. Só que os autores de novela parece que têm fi xação por isso.

Dia para issoA direção da Fox fi xou para 24

de janeiro a fusão dos canais Bem Simples e Fox Life.

Para o Brasil pode ser uma coisa diferente, mas trata-se de algo que já foi feito em outros países.

Nenhuma providênciaSó a partir desta segunda-fei-

ra, a direção do SBT vai começar a tomar providências para a estreia do Danilo Gentili.

O formato que se pretende é

algo parecido, mas não seme-lhante, por motivos óbvios, ao “Agora é Tarde” da Band.

Só na palavraTambém para esta próxima

semana deve se defi nir de vez a situação do Otávio Mesquita. E por se defi nir de vez, entenda-se, a assinatura de contrato entre as partes. Está tudo conversado, ajustado, mas nada de preto no branco até agora.

E tem outra...Que também já é possível

confirmar. Está certo o lança-mento do programa esportivo “Estádio SBT”.

Falta apenas a defi nição da-queles que serão os seus parti-cipantes fi xos.

Bate-rebate• A participação do Ed-

son Celulari no “Diver-tics” fi cou para domingo que vem.

• Danilo Gentili e Mil-ton Neves viajaram no mesmo avião para Mia-mi, mas acompanhados de turmas diferentes.

• Gugu Liberato pas-sou Natal e Ano-Novo com a família no Gua-rujá...

• ... Mas nem assim conseguiu escapar do assunto televisão...

• Uma conversa im-portante, bem de frente para o mar, aconteceu ainda durante o seu descanso.

TVs insistem em ser Globo

A televisão, como foco e de-terminação, deveria se preocupar em atingir todo tipo de público. O panorama que temos aí ainda está muito distante do que se deseja como ideal, porque existe uma Globo, com a sua grade de programação defi nida e bem-su-cedida, enquanto todas as outras sonham em ser iguais a ela.

Será que alguém da sua direção já se questionou?

DIV

ULG

AÇÃO

A programação da tarde é o grande quebra-cabeça da direção da Globo nos dias atuais.

É quase certa a in-versão dos horários de exibição da “Sessão da Tarde” como o “Vale a pena ver de novo”, a partir de abril.

Ficamos assim. Mas

amanhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

“Como se Fazia Um Deputado”, comédia em três atos inscrita por França Júnior satiriza os hábitos cor-rentes da política brasileira em fi ns do período imperial e refl etidas na Velha República. Mostra quais as estraté-gias e personagens que estavam em jogo na tão conhecida disputa pelo poder. Mas, como se fazia, ou melhor, como se faz um deputado?

“Deputado é um sujeito que se destaca do povo. Para o bem e para o mal. Um deputado é, por exemplo, um sujeito que aparece ao lado dos trabalhadores numa greve. É um sujeito que briga para defender o direito dos mais fracos e, às vezes, até apanha da polícia por causa disso.” Assim o professor doutor Francisco Weff ort conceitua deputado. É claro que apesar de estarmos diante de um conceito que, na verdade, evidencia um princípio, o deputado em sua grande maioria das vezes (na esmagadora maioria, na verdade) não corresponde a ideia principal e não nos faltam exemplos para tal afi rmação.

A presença e atuação do deputado, assim como para toda a atividade legislativa, é, para as massas, cerca-da de confusões, isto porque alguns candidatos insistem em confundir (ou legitimar em sã consciência) justa-mente o papel do Legislativo com o do Executivo. Peço perdão pelo ar meio professoral de minha arguição e mais ainda pelas observações sumárias aqui aludidas, mas é certo afi rmar que, infelizmente, estes tinos concei-tuais hoje fazem falta no jornalismo (a maior instância de legitimação do sistema político) só encontrando vazão na ciência política.

Se cada vez mais publicarmos o sen-tido e a ideia de deputado, sua função e para quem atua, empreendermos um trabalho didático de ensino de suas idiossincrasias, estaremos con-tribuindo em uma parte da reforma política que é a parte de educação

para a política, confundida em outros tempos com moral e cívica nos meus tempos de colégio. O deputado não é o cidadão que vai dar casa, passa-gem aérea, tapar os buracos da rua e manter a sua cidade limpa. Este é o papel do Executivo, no qual, o pre-feito e governador são os principais articuladores. O deputado é aquele que legisla, que cria ou veta leis. É ele quem as discute juntamente com a população. Se há leis que garantam o bem-estar social, é o deputado o principal agente neste processo.

O deputado surgiu em 1640 na Inglaterra. Numa rebelião provocada pela Câmara dos Comuns, os parla-mentares se recusaram a votar os impostos devidos ao monarca Carlos 1º transformando a atividade parla-mentar – o que antes, na Idade Média, era uma atividade apenas consultiva – em um “atividade legisladora”.

A tradição política brasileira ainda se assenta nos princípios políticos da Velha República, e mais ainda, como nos faz crer França Júnior, da elite imperial de pensamento rural e escra-vocrata. Na Velha República, o voto censitário deu lugar ao sufrágio uni-versal, excluindo-se evidentemente as mulheres e os analfabetos, grande parte da população brasileira – e as eleições ainda eram fraudadas!

Em “Como se Fazia um Deputado” (1882) temos representado o melhor retratoda tradição política brasileira assentada sobre a compra de votos e o casamento por interesse, afi nal, “estes casamentos por amor dão sempre em água de barreia”.

Veja bem, leitor, que a palavra mais utilizada no presente artigo foi “princípio”. O princípio do deputado, o princípio do conceito de deputado e o princípio moral de sua atuação. São estes os vetores a que devemos ter em mente e é a partir destes, da massifi cação de suas ideias, que podemos ajudar o povo a sonhar com um Brasil sem corrupção.

Márcio BrazE-mail: [email protected]

Márcio BrazAtor, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural

(..) alguns candidatos insistem em confundir (ou legiti-mar em sã consciência) justamente o papel do Legislativo com o do Executivo”

Como se faz um deputado

MÁRIO ADOLFO

REGI

ELVIS

GILMAL

Estilosa Ninguém ganha da Maria Casadevall em nenhuma

das novelas atualmente em cartaz ou de todas que existiram até agora.

Possivelmente é a única personagem que, passados 100 e tantos capítulos, jamais repetiu uma das suas roupas. É, na opinião da moçada, a primeira e única, a que se veste melhor.

Estilosa 2 A propósito, “Amor à Vida” foi tão importante

para Maria Casadevall, como Maria Casadevall também é para a própria novela. Vai levar, com certeza, todos os prêmios de revelação. A única estranheza é como uma funcionária do hospital consegue sustentar todo aquele luxo e onde cabem tantas roupas diferentes. Naquele minúsculo apar-tamento da história não pode ser.

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Programação da TV

3h15 Jornal Da Semana Sbt

4h Igreja Universal

5h Pesca Alternativa

6h Brasil Caminhoneiro

6h30 Aventura Selvagem

7h30 Vrum

8h Amazonas Da Sorte

9h Domingo Legal

13h Eliana

17h Roda A Roda Jequiti

SBT

Silvio Santos comanda a noite no SBT com o programa dele

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Você se irritar com contratempos e modifi ca-ções que o cotidiano impõe. Sua imaginação concebia que as coisas andassem melhor, em especial nos negócios e relacionamentos.

TOURO - 20/4 a 20/5 Você pensa de maneira fora do convencional, mas isso pode não funcionar bem neste dia. Procure o pensamento correto e adequado, em vez de se encantar com novidades. GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Um dia delicado para você comerciar, viajar, conversar e fazer contatos. A rebeldia e a violência contida em certos pensamentos lhe prejudica. Evite os atritos e os confl itos. CÂNCER - 22/6 a 22/7 Os problemas de trabalho e relacionamento batem à sua porta, para depois serem abran-dados ou resolvidos. Mantenha o foco de seus pensamentos e seus projetos. LEÃO - 23/7 a 22/8 Um dia tão atarefado que parece agitá-lo além da conta, apesar do vívido interesse em alguns assuntos e pessoas ligados ao trabalho. A agitação conduz a erros de avaliação. VIRGEM - 23/8 a 22/9 Os estudos fi losófi cos e espiritualistas são estimulados, mas pode haver dispersão dos pensamentos, mesmo que em torno de temas interessantes. LIBRA - 23/9 a 22/10 As solicitações do mundo tiram seu ritmo e fazem você se afastar de suas bases. De tão atarefado neste dia parece que não terá sossego. ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 A vida a dois ganha mais dinâmica devido aos questionamentos feitos com inteligência e boa vontade. Os interesses conjuntos são despertados, mas é tempo de reavaliação. SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Dinâmica forte no cotidiano, mas você tende a desafi ar aqueles que discordarem de você. Os esforços podem se perder se as atividades não estiverem bem planejadas. CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Tendência a estar muito ativo em diversas tarefas, cuidando de suas coisas ou ajudando outras pessoas. Contudo, você se pode por em confl ito com as pessoas que ajuda. AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Sua casa é o centro das ações, onde muitas situações se confl itam e podem lhe causar mal-estar. A pressa e o atrapalho ao se comunicar só fazem prejudicar mais. PEIXES - 19/2 a 20/3 Difi culdades nas atividades de comércio, co-municação e entendimento com as pessoas. As coisas não andam como você esperava e é mais difícil manter o controle e a direção.

CruzadinhasCinema

Álbum de Família: EUA. 10 anos. Cinépolis 6 – 16h15, 19h, 21h50 (leg/diariamente); Cine-mais Millennium – 14h20, 16h50, 19h20, 22h (leg/diariamente).

Até Que a Sorte Nos Separe 2:

BRA. 10 anos. Cinemark 1 – 12h40, 15h10, 17h50, 20h30 (diariamente), 23h (somente sexta-feira e sábado), Cinemark 7 – 11h, 13h30, 16h10, 18h50, 21h30 (diariamente); Cinépo-lis 2 – 13h45, 16h20, 19h05, 21h45 (diariamente); Cinépolis 7 – 14h30, 17h, 19h35, 22h (diariamente), Ci-népolis 9 – 13h, 15h30, 18h, 20h30 (diariamente); Playarte 5 – 12h50, 15h, 17h10, 19h15, 21h20 (diariamente), 23h25 (somente sexta-feira e sába-do), Playarte 6 – 14h, 16h10, 18h20, 20h30 (diariamente), 22h35 (somente sexta-feira e sábado), Playarte 7 – 18h31, 20h31 (diariamente); Cinemais Millennium – 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (diariamente), 14h30, 16h40,

18h50, 21h (diariamente); Cinemais Plaza – 15h, 17h10, 19h20, 21h30 (diariamente), 14h10, 16h20, 18h30, 20h40 (diariamente).

Questão de Tempo: Reino Uni-do. 12 anos. Cinépolis 10 – 15h (leg/diariamente); Cinemais Mil-lennium – 16h40, 19h20, 21h50 (leg/exceto terça-feira).

Ender’s Game - O jogo do exter-

minador: EUA. 10 anos. Cinemark 2 – 11h10, 16h40, 22h (dub/diariamen-te); Cinépolis 10 – 16h30 (leg/dia-riamente); Playarte 2 – 14h, 16h20, 18h40, 21h (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 14h, 16h30, 19h, 21h35 (dub/diariamente); Cine-mais Plaza – 14h15, 16h30, 18h40, 21h10 (dub/diariamente).

A Vida Secreta de Walter Mitty:

EUA. 10 anos. Cinemark 2 – 13h40,

19h20 (dub/diariamente); Cinépolis 10 – 19h10, 22h15 (leg/diariamente); Playarte 4 – 20h (dub/diariamente), 22h20 (dub/somente sexta-feira e sá-bado); Cinemais Millennium – 17h10, 21h40 (dub/diariamente).

Minhocas: BRA. Livre. Cinema-rk 3 – 11h50, 14h (diariamente); Cinépolis 6 – 13h50 (diariamente); Playarte 7 – 12h30, 14h25, 16h20 (diariamente), 22h35 (somente sexta-feira e sábado).

O Hobbit – A Desolação de

Smaug: EUA. 12 anos. Cinemark 5 – 14h30, 18h, 21h20 (dub/diaria-mente); Cinépolis 4 – 14h45, 21h35 (3D/dub/diariamente), 18h10 (3D/leg/diariamente); Playarte 9 – 13h30, 16h40, 19h50 (dub/diariamente), 23h (dub/somente sexta-feira e sábado); Playarte 10 – 14h10, 17h20, 20h30 (leg/diariamente), 23h40 (leg/somen-te sexta-feira e sábado); Cinemais Mil-

lennium – 15h10, 18h20, 21h30 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h50, 18h, 21h15 (dub/diariamente).

Última Viagem a Vegas: EUA. 12 anos. Playarte 8 – 18h30, 20h40 (dub/diariamente), 22h50 (dub/so-mente sexta-feira e sábado).

Crô: BRA. 12 anos. Cinemark 3

– 16h20, 18h30 (diariamente), 23h10 (somente sexta-feira e sábado); Cine-mais Millennium – 15h, 19h30 (dia-riamente); Cinemais Plaza – 15h20, 17h30, 21h40 (diariamente).

Jogos Vorazes – Em Chamas:

EUA. 14 anos. Playarte 8 – 12h50, 15h40 (dub/diariamente).

Carrie, a Estranha: EUA. 16

anos. Cinemais Plaza – 15h10, 17h20, 19h40, 21h50 (dub/diariamente).

REPRODUÇÃO

CONTINUAÇÕES

REDE TV

RECORD

GLOBO

4h Santa Missa Em Seu Lar

5h Amazônia Rural

5h30 Pequenas Empresas, Grandes

Negócios

6h05 Globo Rural

6h55 AutoEsporte

7h30 Esporte Espetacular

10h45 Cinema Especial

12h05 Temperatura Máxima

14h05 Divertics

15h25 Domingão Do Faustão

18h45 Fantástico

21h10 Junto E Misturado

21h55 Domingo Maior

23h35 Sessão De Gala

1h25 Corujão

2h45 Havaii Five - 0.

3h40 Festival De Desenhos

3h45 Bíblia Em Foco4h Santo Culto Em Seu Lar4h30 Desenhos Bíblicos7h Desenhos Bíblicos7h30 Record Kids8h Amazonas Da Sorte 9h Record Kids 10h Domingo Da Gente 13h15 O Melhor Do Brasil 17h20 Domingo Espetacular 21h15 Série Spartacus22h15 50 Por 1 23h10 Programação Iurd

6h30 Igreja Int.da Graça

7h30 Igreja Int.da Graça

8h30 Amazonas Dragway Na Tv

9h Rompendo Barreiras

10h Tv Kids

10h30 A Questão É

11h Igreja Da Graça

12h Fique Ligado

13h En Circuito

14h30 A Questão É

15h Ad & D

15h30 Tv Kids

15h45 Vídeo Mania

16h15 Ritmo Brasil

17h Mornigng Show –

Melhores Momentos

Confi ssões de Adolescente: BRA. 12 anos. Baseado no livro homônimo de Maria Mariana, que também originou a peça teatral e a série televisiva. O fi lme mostra agora, em 2013, as confi ssões e confusões de irmãs adolescentes que vivem os amores, dúvidas, decisões e aventuras de sua geração. O difícil rito de passagem dos 13 aos 19 anos. Cinemark 3 – 20h50 (diariamente); Cinépolis 10 – 14h (diariamente); Cinemais Millennium – 20h40 (diariamente); Cinemais Plaza – 19h30 (diariamente).

Frozen, Uma Aventura Congelante: EUA. Livre. Acompanhada por um alpinista, a jovem Anna parte numa jornada por perigosas montanhas de gelo na esperança de encontrar a lendária Rainha da Neve e acabar com a terrível maldição de inverno eterno que assola o reino. Cinemark 4 – 11h20, 13h50, 16h30, 19h10, 21h50 (3D/dub/diariamente); Cinemark 6 – 12h30, 15h, 17h30, 20h10 (dub/diariamente), 22h40 (dub/somente sexta-feira e sábado), Cinemark 8 – 13h20, 15h50, 18h20, 21h (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 1 – 12h30, 15h05, 17h55, 20h40 (3D/dub/diariamente); Cinépolis 5 – 13h30, 16h05, 18h40, 21h15 (3D/dub/diariamente); Playarte 1 – 13h50, 16h10, 18h30, 20h50 (3D/dub/diariamente), 23h10 (3d/dub/somente sexta-feira e sábado); Playarte 3 – 13h10, 15h30, 17h50, 20h (dub/diariamen-te), 22h10 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 4 – 13h11, 15h31, 17h51 (dub/diariamente); Cinemais Millennium – 14h50, 17h, 19h10, 21h20 (3D/dub/diariamente), 14h10, 16h20, 18h30 (dub/diariamente); Cinemais Plaza – 14h30, 16h40, 18h50, 21h (3D/dub/diariamente), 13h50, 16h, 18h10, 20h20 (dub/diariamente).

ESTREIA

17h45 Sorteio Da Telesena18h Programa Sílvio Santos22h De Frente Com Gabi23h Série0h Série 21h Série 32h20 Big Bang3h Igreja Universal

18h30 Te Peguei Na Tv

20h15 Teste De Fidelidade

21h35 Tv Shopping Manaus

22h35 Dr Hollywood

23h30 Fique Ligado (Reprise)

0h30 É Notícia

1h30 Bola Na Rede

2h Good News Especial

2h30 Igreja Int. Da Graça

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Com estreia prevista para sexta-feira, filme francês interpreta como as crianças veem os adultos

Longa ‘Feito gente grande’ mostra o olhar infantilCapturar o mundo adul-

to da perspectiva das crianças e sobrepor a fantasia e a desilusão

da realidade é um motivo fre-quente no cinema francês, de tempos em tempos revisitado em filmes extraordinários e outros mais comuns.

“Feito Gente Grande”, com estreia prevista para a próxi-ma sexta, retoma a tradição na forma de crônica de uma etapa na infância de Rachel, uma menina de 9 anos que começa a história escrevendo uma carta para lembrar uma alegria que perdeu.

A máquina de escrever na primeira cena, depois carros, telefones, figurinos e can-ções projetam essa infân-cia num passado recoberto com aura nostálgica, tempo perdido também na forma das coisas.

Lá, Rachel segue as ordens da mãe um tanto neurótica e observa o pai cumprir as fun-ções de marido cansado.

Na escola, a coleguinha Va-lérie faz o papel de parceira de jogos e desobediências, oferecendo-lhe um laço en-tre iguais. Por outro lado, a família desregulada da ami-ga surge como um campo de experiências novas, mais liberais. Essas e outras situ-ações são abordadas.

Filme mostra a retomada da tradição na forma de crônica de uma etapa na infância de Rachel, uma menina francesa

As duas vão, cúmplices, desafiar a rigidez escolar, expor a hipocrisia moral, brincar com a sexualidade de modo lúdico e sem pudo-res. Isso torna “Feito Gente Grande” uma produção dis-tinta dos filmes infantis que

os pais escolhem despreocu-padamente como diversão. A abordagem aqui não é a do entretenimento que trata o público de qualquer idade como criança.

Ao contrário dos bobinhos “O Pequeno Nicolau” e “A

Guerra dos Botões”, exem-plos recentes do cinema francês focados em crian-ças, “Feito Gente Grande” aborda as questões de sem-pre com menos idealismo e mais ironia, o que o torna um filme muito mais divertido.

‘Questões de sempre’ em xeque SERVIÇOFEITO GENTE GRANDE

DireçãoProdução

Estreia no Brasil

ClassificaçãoAvaliação

Carine Tardieu França, 2012Dia 10/1

livrebom

DIVULGAÇÃO

‘Glee’ temreestreia no Brasil

A morte de Cory Mon-teith reverbera no quinto ano de “Glee”, que teve reestreia ontem no Bra-sil. Um dos protagonis-tas da série, ele foi acha-do morto, aos 31 anos, pouco antes do começo das gravações, em julho do ano passado.

Em um episódio es-pecial (o terceiro da temporada), a série mostra como os cora-listas -e principalmen-te Rachel (namorada do ator na vida real)- estão lidando com a morte de Finn Hudson, o ex-atleta boa praça e desengonçado que o ator interpretava.

A causa da morte do personagem não é mencionada. A autópsia no corpo de Monteith apontou uma combina-ção de álcool e heroína em seu organismo.

A temporada conta ainda com novidades profissionais para Ra-chel e com um pedido de casamento para Kurt (Chris Colfer), além de dois episódios apenas com músicas dos Beatles e partici-pações especiais dos cantores Demi Lovato, como uma lésbica, e Adam Lambert.

SÉRIE

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

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MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

1 Visão inglesa sobre indígenas do BrasilTrecho de ‘Prosa’, de Elizabeth Bishop. Págs. 2 e 3

2 Abertura da peça ‘Um Réquiem para Antonio’

CapaCapaFotografi a deAlan Marques

A imaginação de Dib Carneiro Neto. Pág. 4

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G2 MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 G3

RESUMOAcompanhando em 1958 visita do escri-tor britânico Aldous Huxley (1894-1963), Elizabeth Bishop (1911-79) foi a Brasí-lia, então em constru-ção, e conheceu índios em MT. O relato “Uma Nova Capital, Al-dous Huxley e Alguns Índios”, do qual se ex-traiu este trecho, está no volume “Prosa”, que a Companhia das Letras neste mês.

1

Às oito decolou nossa aero-nave, um DC-3 da Aeronáutica brasileira. Era um avião agradá-vel, se a palavra pode ser usada para qualifi car um avião; novo, sem os estofamentos e cortinas habituais, porém com bancos de pelúcia azul e encostos recliná-veis. Tinha capacidade para 24 passageiros e, embora alguns homens desconhecidos tives-sem se juntado a nosso grupo, mesmo assim sobrava tanto espaço que podíamos baixar o encosto do banco à frente para nele apoiarmos os pés, como fazíamos nos trens quan-do crianças.

Lá embaixo, o continente descortinava-se em direção ao oeste, um mapa pardacento, em baixo relevo e tamanho natural. Ao longo das rugas do terreno há árvores; os riachos menores são de um tom opaco de verde-oliva. De vez em quando sobrevoamos um trecho mais elevado, com rochas desmoronadas que lem-bram fortalezas; talvez tenham sido essas formações, observou Callado (1) que deram origem à lenda da cidade perdida que o coronel Fawcett buscava; aquilo era o território de Fawcett.

Depois de algum tempo vimos um rio grande e azul, o Araguaia, correndo para o norte, como fazem todos os rios, para jun-tar-se ao Amazonas, a mais de 1.500 quilômetros dali. Callado, que estava com um traje de dril cáqui, caminhou pelo corredor dando a cada um de nós um comprimido antimalárico, tira-do de um frasco enorme: “É mais para efeito psicológico”, ele ex-plicou, “se bem que pode ser que a gente encontre mosquitos transmissores de malária”. Até fi car quente demais, os homens da Aeronáutica permaneceram com suas elegantes túnicas de lã azul-cinzenta, com bibicos da mesma cor. Eram simpáticos e hospitaleiros, e começaram a nos servir comida de imediato: sanduíches, depois jujubas e, por fi m, café adoçado servido em copinhos de papel, ao me-nos três vezes, mas isso é “de rigueur” em qualquer avião bra-sileiro, e por vezes até mesmo

ELIZABETH BISHOP TRADUÇÃO PAULO HENRIQUES BRITTOILUSTRAÇÃO DEBORAH PAIVA

Um texto inédito de Elizabeth Bishop

CURIOSOSMais indígenas vi-nham nos conhecer, às vezes eles nos apal-pando discretamente para saber se éramos homens ou mulheres, já que as mulheres do grupo também esta-vam de calça

Tradução

nos ônibus. Depois o avião fi cou cheirando a laranja, quando um aviador simpático descascou uma bandeja inteira de laran-jas para nós.

‘Lá-di’Começamos a ler trechos dos

vários livros que havíamos tra-zido, trocando de exemplares entre nós; mudávamos de lugar para conversar, como quem tro-ca de parceiros numa dança. A jovem intérprete comeu uma barra de chocolate grande e dedicou-se à leitura de uma revista chamada Lady (que se pronuncia “Lá-di”).

Ela entregou a revista a Hux-ley. Havia uma fotografi a dele de página inteira, numa entrevista coletiva recente no Rio; na foto, Huxley protegia os olhos e tinha uma expressão muito triste. A mulher dele fi cou indignada com a expressão: “Ah, por que será que eles sempre o fotografam com essa cara! Ele não é as-sim, não, absolutamente!”. O que mais me incomodou foi a legenda em letras garrafais: DIZ O VELHO HUXLEY” e alguma coisa a respeito da paz mun-dial. Huxley não sabe português, mas sabe espanhol, e eu temia que ele reconhecesse a pala-vra “velho”, que é parecida nos dois idiomas. Fiquei a debater comigo mesma se seria melhor explicar ou não dizer nada, e re-solvi fi car calada. Afi nal, naquele contexto a palavra parecia ter uma conotação afetuosa, ou então tinha apenas o sentido de que ele era famoso há muitos anos. (Nas últimas duas se-manas, Huxley estava fazendo sucesso no Rio; nas livrarias havia muitos livros seus, em cinco idiomas, e a imprensa só o tratava com elogios rasgados e grande respeito.)

Um dos homens que se jun-taram a nosso grupo era um tipo exuberante; não conseguia fi car parado em seu lugar, po-rém andava de um lado para o outro pelo corredor, com um chapéu de gaúcho, de couro, amarrado embaixo do queixo. O outro era um velho miúdo, com orelhas grandes e olhar melancólico. Fiquei sabendo que ele era o homem que deveria ter me recebido no aeroporto dois dias antes; naquele exato momento, ele confessou, era para estar recebendo um gru-po que chegava do Rio, mas em cima da hora resolvera vir conosco. Levava uma prancheta em que a primeira folha osten-tava o nome “Aldous Huxley” em letras maiúsculas. Apresen-tou a prancheta a Huxley e lhe pediu que escrevesse uma mensagem – suas impressões de Brasília, ou qualquer outra coisa – para uma coleção de mensagens de celebridades que vinham conhecer Brasília, que ele estava organizando e que seria guardada num museu a ser construído na cidade. Huxley pegou a caneta e começou a trabalhar e, depois de rasgar duas ou três folhas de papel, produziu algumas frases sobre a experiência interessante de voar do passado (as cidades co-loniais de Minas) para o futuro,

a novíssima cidade de Brasília. Dois dias depois, esse texto foi publicado nos jornais do Rio como sendo um telegrama que Huxley enviara ao presidente Kubitschek, dando uma impres-são um tanto estranha do estilo telegráfi co de Huxley.

Couve-fl orAgora estávamos voando

mais para o norte do que para o oeste, e a paisagem havia mudado gradualmente. So-brevoamos o rio das Mortes, e depois o rio das Almas. A algumas áreas Callado dava o nome de “matas de couve-fl or”. De fato, vistas de cima, as árvores da fl oresta lembram couve-fl or, e mais ainda bróco-lis, se bem que nessa região a mata não seja tão fechada nem tenha um tom de verde tão vivo quanto na Amazônia. Por fi m, alguém exclamou: “Olha! Uma aldeia indígena!”. E era mes-mo: numa clareira junto a um riacho lamacento, lá estavam cinco telhados de folhas de palmeira trançadas e dois ou três botes pequeninos parados na margem. Logo adiante havia uma pista de pouso, uma fi ta de vermelho desbotado de três ou quatro centímetros larga-da sobre a selva. Era o posto de Xavantina, uma referência aos índios xavantes, outrora guerreiros ferozes, conhecidos pelas fotos em que aparecem posando numa perna só, com os cabelos em mechas compridas. Nosso destino, porém, era mais adiante: os iaualapitis do posto Capitão Vasconcelos, à mar-gem de um pequeno afl uente do rio Xingu.

Callado, que era responsá-vel por esse trecho da viagem de Huxley, começou a fi car um pouco nervoso. Explicou-nos que não deveríamos ter expec-tativas excessivas em relação aos índios que íamos conhecer; afi nal, eles estão num posto, são misturados, por vezes cinco tribos diferentes estão lá ao mesmo tempo, e os que moram no posto em caráter perma-nente “não são interessantes”, segundo ele, como o são os que vivem em suas aldeias, inteira-mente isolados. Alguns deles por vezes usam uma camisa ou uma calça (mas para eles o único motivo compreensível para usar roupas é proteger-se dos mosquitos), e um dos homens fora levado ao Rio uma vez, para ver o Carnaval.

Por fi m apareceu outra pista de pouso, e outra clareira à margem de mais um riacho, desta vez de águas límpidas, e os telhados eram ovais. Voamos em círculos sobre uma área com buritis e um pé alto de ipê (2) totalmente fl orido, sem uma única folha – é uma das mais belas árvores fl orescentes do Brasil. Enquanto o avião des-cia, víamos os índios saindo das casas e correndo por uma estrada rústica em nossa dire-ção, e quando desembarcamos já havia cinco ou seis homens a nossa espera, seguidos por mulheres com crianças de colo. Estavam muito satisfeitos por nos ver, sorrindo efusivamen-te, pegando com avidez nossas mãos, a esquerda ou a direita, para apertá-las; dois ou três dos homens disseram “bom dia, bom dia”, em português. Mais índios chegavam o tempo todo e vinham apertar nossas

mãos, com força ou de leve, sorrindo, com expressões deli-ciosamente francas e alegres, exibindo os dentes quadrados e espaçados.

IaualapitisOs iaualapitis são de baixa

estatura, porém bem propor-cionados, os homens quase gorduchos, com músculos lisos, ombros largos e peitos lisos e largos. Andam inteiramente nus, usando apenas colares de conchas e cinturões de contas e conchas; as mulheres usam um “cache- sexe” simbólico feito com uma folha de palmeira dobrada, formando um pequeno retângulo com cerca de quatro centímetros de comprimento, sustentado por um fi o fi no, feito com a mesma palmeira. Esta peça de vestuário quase invisível é importante; por vezes elas param e viram-se de costas para ajustar o fi o. O cabelo é

muito abundante e surpreen-dentemente fi no e lustroso; as mulheres usam-no comprido, com uma franja; os homens adotam um corte em forma de cuia. Seus corpos quase não têm pelos; os fi os ocasionais que nascem são arrancados. Em sua maioria, os homens tingem mechas de cabelo ou toda a cabeleira com uma tinta vermelha e grudenta feita com urucum, o único corante, e a única cor, que eles possuem; alguns polvilhavam com urucum as orelhas, o pescoço e o peito, de um vermelho bem vivo. A pele é fi na e macia, um tom moreno escuro.

Algumas das crianças, meni-nas, tinham duas linhas negras paralelas traçadas nas pernas, do lado de fora, e a testa de uma delas estava pintada de vermelho vivo, dando a impres-são de que ela sofria de uma dor de cabeça terrível. Tanto

os homens quanto as mulheres levam os bebês no colo, e, além de colares de conchas, muitos usam também contas de vidro azul e branco. Um dos bebês, uma menininha de cerca de dez meses, estava encantadora, vestida apenas com um colar de pérolas falsas de seis voltas.

Os índios são limpos e chei-ram bem (eles tomam banho de rio várias vezes por dia) – porém as crianças têm o rosto imundo, sujo de lama. Apesar disso, os homens da Aeronáutica pega-ram as crianças (inclusive a menina do colar de pérolas) do colo dos pais e fi caram a car-regá-las. Havia uma atmosfera simpática de reencontro de ve-lhos conhecidos (3). Callado e os pilotos conheciam a maioria dos homens; alguns deles falavam um pouco de português, e uma conversa simples e repetitiva se manteve incessantemente durante toda a nossa visita. Hu-

xley foi apresentado como “um grande capitão (4)” e deixou que o apalpassem com admiração.

Havia muita poeira, e o ca-lor era forte; seguimos pela estrada e chegamos a uma área ampla, com chão de terra batida, onde havia quatro ca-sas. Uma enorme porca preta, com seus fi lhotes, saiu correndo quando nos viu; havia também muitos cachorros magros. Mais índios vinham nos conhecer, olhar para nós e segurar nossas mãos com suas mãos duras e quentes, às vezes nos apalpan-do discretamente para saber se éramos homens ou mulheres, já que as mulheres do grupo estavam de calça comprida. Todos os índios estavam nus em pelo, com exceção de um velho com uma camisa do Exército e duas moças com vestidos de algodão estampados de fl orzi-nhas vermelhas e brancas. Uma delas, de catorze ou quinze anos,

estava já no fi nal da gravidez; a outra, mais velha, era anã ou corcunda, uma criaturinha estranha e melancólica que ví-amos a toda hora andando de um lado para o outro durante nossa visita, como se traba-lhasse mais do que os outros, ou como se quisesse dar a impressão de que era tão ativa quanto qualquer um.

EspantoDe repente apareceu um ho-

mem branco, de meia-idade, magro, com uma barba de uma semana no rosto claro, trajando calça e camisa, porém descalço. Era o responsável pelo posto Ca-pitão Vasconcelos, Cláudio Villas Bôas, um dos três irmãos que trabalham há muitos anos para o Serviço de Proteção ao Índio. Como o rádio estava quebrado, ele só fi cou sabendo de nossa vinda quando ouviu o motor do avião, mas não manifestou o

menor espanto até o momento em que viu Huxley.

Foram-lhe apresentados Hu-xley e Laura. Em português, com uma voz fraca, Villas Bôas exclamou: “Mas é o Huxley? ‘Contraponto’?” (5). E por um momento pareceu prestes a desmaiar. Segurou a mão de Huxley e fi cou a falar com ele em português, com os olhos cheios de lágrimas. Nesse mo-mento outro homem branco, vestido e descalço, apareceu, saído do nada, um rapaz alto, bonito, com cara de bebê e uma espessa barba negra. Também ele exclamou, só que com um sotaque de inglês de classe alta: “Huxley! Por essa eu não esperava!”. Era um aluno de pós-graduação de Cambridge, historiador, que havia chegado ao posto um mês antes. Estava preparando uma tese sobre os efeitos do contato entre duas culturas diferentes, e também escrevendo um livro. “Ou me-lhor”, disse ele, “eu tenho mais é que escrever esse livro, porque ele já está vendido”.

Seguindo Villas Bôas, todos nós penetramos no interior escuro de uma das casas; ela estava ligada a outra menor, com paredes que não chegavam ao teto e uma mesa grande; e uma terceira cabana conectada a ela fazia as vezes de cozinha. Huxley subiu numa das redes e deitou-se (parecendo mui-to bem instalado); Villas Bôas fi cou de cócoras a seu lado, à maneira dos índios, e, com duas ou três pessoas atuando como intérpretes, começou a falar com Huxley com uma voz enferrujada e nervosa, como se há anos aguardasse uma opor-tunidade de falar com ele. Nós nos reunimos em torno deles para escutar, e foi uma cena tensa e comovente: a grande cabana escura, o grupo hete-rogêneo de brancos vestidos cada um a seu modo, o círculo de índios nus e sorridentes, e Huxley, balançando-se de leve, as pernas compridas tocando o chão, passivo e atento.

Villas Bôas disse-lhe que ti-nha lido todos os seus livros já traduzidos para o português, falou da importância que sua obra tivera para ele e passou a discorrer sobre os livros do avô de Huxley (6).

Então falou sobre os anos em que vinha trabalhando no Servi-ço de Proteção ao Índio, como é difícil ajudar os indígenas, uma batalha perdida contra a doença e a corrupção; mesmo com a ajuda dos médicos do Exército, ele vive com medo de infecções trazidas por forasteiros, pois basta uma pessoa com saram-po, por exemplo, para dizimar várias aldeias. Os índios não são proprietários de terra alguma; não há reservas onde eles pos-sam se refugiar se as terras em que eles vivem forem vendidas. Embora isso provavelmente não vá acontecer tão cedo, o fato é que a terra está sujeita à espe-culação, e a criação de Brasília fez com que essa possibilidade fi casse mil quilômetros mais próxima. Em toda a região do Xingu, calcula Villas Bôas, só devem restar agora cerca de 3.500 índios.

PolaroidLaura Huxley, que havia saído

da casa, estava aproveitando sua Polaroid; aqueles índios sa-

biam muito bem o que era uma câmara fotográfi ca e gostavam de posar, enfi leirados, um com o braço no pescoço do outro. Os que estavam do lado de dentro se reuniam em torno de nós, não exatamente pedin-do, mas certamente desejando os presentes que sabiam que havíamos trazido, e um pou-co constrangidos distribuímos nossos míseros cigarros, fósfo-ros e dropes Salva-Vidas. Uma mulher a toda hora me beliscava de leve, pedindo: “Caramelo? Chocolate? Caramelo?” (7) e lamentei não saber que esses doces eram os prediletos.

As redes estavam se enchen-do; o homem com o livro “Platão” estava reclinado numa delas, um dos pilotos brincava com um bebê em outra, e o homem do chapéu de gaúcho ocupava uma terceira rede com outro bebê, que agora estava usando o chapéu. Também eu me deitei numa rede e olhei para cima.

Os telhados altos são muito bem-feitos, com folhas de pal-meira dobradas sobre galhos horizontais, formando camadas superpostas, e a cúpula extensa se sustenta no alto com uma armação de galhos que não foram descascados. Ali havia pombos, que arrulhavam, e um casal de periquitos. Uma espe-tacular arara azul e amarela, empoleirada na parede da sala de jantar, encarava-nos e fala-va sem parar em nu-aruaque, imagino – o grupo linguístico a que pertencem os iaualapi-tis. Alguns mutuns –uma espé-cie de peru, negro e reluzente, com uma crista que parece um pente com bolas nas pontas e manchas verdes dos dois lados da cabecinha elegante – anda-vam por entre nossas pernas, a cacarejar. A sombra, as vozes contidas, as carícias e os sor-risos e as redes a balançar-se, tudo inspirava tranquilidade e devaneio, uma sensação terra a terra, até mesmo nostálgica, de estar de novo no chão depois de três horas de voo.

Ouvi um índio fazendo per-guntas ao aviador na rede ao lado da minha. Ele queria saber o nome de Huxley, qual das mulheres era dele e quantos fi lhos eles tinham. O aviador respondeu às perguntas; o índio fi cou examinando Huxley, a sor-rir, repetiu todas as perguntas e recebeu as mesmas respostas. (As conversas com os índios, ex-plicaram-me, têm o andamento de uma geleira. Uma narrativa simples pode se prolongar por horas, até mesmo por dias.) Como sabe todo aquele que já viu fotos de Huxley na capa de seus livros, ele é um homem muito bonito, aristocrático, mas a opinião fi nal do índio, expressa, com muito tato, em voz baixa, foi: “Feio” feio” “. E naquelas cir-cunstâncias Huxley não parecia feio, e sim muito alto, branco, refi nado e deslocado.

Depois de algum tempo sa-ímos e fomos até o rio, onde alguns dos nossos foram nadar, e os índios, sociáveis, caíram n’água também. Normalmente as aldeias fi cam a uma distância de mais de um quilômetro dos rios, para fugir dos mosquitos, e a população inteira atravessa a fl oresta, enfi leirada, todas as manhãs, ou de manhã e à tarde, para tomar banho de rio.

Um índio jovem era visitante da tribo dos caiapós, que está

em contato com os brancos há apenas dois anos. (Ainda estão sendo contatadas tribos novas, enquanto outras já são conheci-das há dois séculos.) O visitante usava calça e camisa, cabelo longo escorrido nas costas e amarrado com uma fi ta branca, e no lábio inferior uma placa oval de madeira, com dez centíme-tros de comprimento, tingida de vermelho do lado de baixo. Era um rapaz alegre, conversador (“Simpático, mas meio bobo”, Callado observou); quando lhe pediram que posasse para uma foto, teve a delicadeza de despir-se. Quando veio nadar conosco uma espécie de nado de peito, jogava água dentro da boca com a placa de madeira, bebendo como se fosse um pato. O rapaz inglês chamava-o de “Ronny”, um nome relativamente pare-cido com seu nome indígena cheio de vogais.

Como estávamos no fi nal da estação da seca, a água do riacho batia apenas na cintura, mas o fundo estava limpo e arenoso, e havia ondulações ver-dejantes no terreno, trepadeiras e touças de palmeiras delicadas; lembrava as xilogravuras nos li-vros antigos sobre explorações. O barco de “Ronny” estava na margem, cheio de maços de fo-lhas de palmeiras que ele levaria para sua aldeia. A construção do barco era simples: um tronco de árvore é cortado ao longo do comprimento e escavado com cunhas; a casca da árvore é então rasgada com gravetos, as pontas dobradas para cima, deixa-se a madeira secando e pronto, sem muito trabalho tem-se uma ótima canoa leve.

Depois fomos para a mar-gem, tirando mais fotos. Os índios adoraram as fotos da Polaroid (quem vai à fl oresta deve sempre levar uma câmara Polaroid e bastante fi lme) e por um triz não as rasgavam para ver logo como tinham saído; alguém surrupiou com muito jeito do bolso de Huxley algumas fotos que não fi caram boas, guardadas ali por Lau-ra. Uma nuvem de borboletas pierídeas de um amarelo claro pousou, trêmula, na lama úmi-da à beira-rio, como se fosse o início de uma regata; entre elas havia alguns exemplares magnífi cos de uma espécie que eu não conhecia, que quando fechava as asas fi cava idêntica a uma folha prateada seca e, quando as abria, eram duas faixas de veludo de um tom vivo de vermelho rosado. Huxley fi cou entusiasmado com essas borboletas, abaixando-se lá do alto para examiná-las de perto com sua lupa.

Então fomos chamados para o almoço: as salsichas que haví-amos trazido, uma panela de fei-jão-mulatinho e duas travessas de arroz mal cozido. (A comida habitual é mandioca; o arroz fora um presente recebido pouco antes.) “Ronny” vestiu as calças e ajudou a nos servir, enchendo de água os canecos de metal, manejando a concha cheia de feijão aguado, enquanto o disco de madeira no lábio subia e descia de modo simpático.

Os índios impediram que a arara azul e amarela pulasse sobre a mesa e fi caram bem perto de nós, observando cada bocado e sorrindo enfatica-mente cada vez que alguém olhava para eles.

Entre índios

1. O jornalista e escritor Antonio Callado (1917-97), autor de “Quarup” (1967), membro da comitiva que acompanhava Aldous Hux-ley (Nota da Redação).

2. Bishop escreve “îpé”.*3. No original, “Old-

Home-Week atmosphere”, referência a uma tradição

da Nova Inglaterra, em que antigos moradores de uma cidadezinha retornam a ela por uma semana para reen-contrar amigos de infância. (N.T.)

4. Em português no ori-ginal.*

5. O título do livro está em português no original.*

6. Thomas Henry Huxley (1825-95), biólogo, grande defensor da teoria da evolu-ção de Charles Darwin.*

7. Em português no ori-ginal.*

*Nota da tradução.

Notas

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Page 35: EM TEMPO - 5 de janeiro de 2014

G2 MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014 G3

RESUMOAcompanhando em 1958 visita do escri-tor britânico Aldous Huxley (1894-1963), Elizabeth Bishop (1911-79) foi a Brasí-lia, então em constru-ção, e conheceu índios em MT. O relato “Uma Nova Capital, Al-dous Huxley e Alguns Índios”, do qual se ex-traiu este trecho, está no volume “Prosa”, que a Companhia das Letras neste mês.

1

Às oito decolou nossa aero-nave, um DC-3 da Aeronáutica brasileira. Era um avião agradá-vel, se a palavra pode ser usada para qualifi car um avião; novo, sem os estofamentos e cortinas habituais, porém com bancos de pelúcia azul e encostos recliná-veis. Tinha capacidade para 24 passageiros e, embora alguns homens desconhecidos tives-sem se juntado a nosso grupo, mesmo assim sobrava tanto espaço que podíamos baixar o encosto do banco à frente para nele apoiarmos os pés, como fazíamos nos trens quan-do crianças.

Lá embaixo, o continente descortinava-se em direção ao oeste, um mapa pardacento, em baixo relevo e tamanho natural. Ao longo das rugas do terreno há árvores; os riachos menores são de um tom opaco de verde-oliva. De vez em quando sobrevoamos um trecho mais elevado, com rochas desmoronadas que lem-bram fortalezas; talvez tenham sido essas formações, observou Callado (1) que deram origem à lenda da cidade perdida que o coronel Fawcett buscava; aquilo era o território de Fawcett.

Depois de algum tempo vimos um rio grande e azul, o Araguaia, correndo para o norte, como fazem todos os rios, para jun-tar-se ao Amazonas, a mais de 1.500 quilômetros dali. Callado, que estava com um traje de dril cáqui, caminhou pelo corredor dando a cada um de nós um comprimido antimalárico, tira-do de um frasco enorme: “É mais para efeito psicológico”, ele ex-plicou, “se bem que pode ser que a gente encontre mosquitos transmissores de malária”. Até fi car quente demais, os homens da Aeronáutica permaneceram com suas elegantes túnicas de lã azul-cinzenta, com bibicos da mesma cor. Eram simpáticos e hospitaleiros, e começaram a nos servir comida de imediato: sanduíches, depois jujubas e, por fi m, café adoçado servido em copinhos de papel, ao me-nos três vezes, mas isso é “de rigueur” em qualquer avião bra-sileiro, e por vezes até mesmo

ELIZABETH BISHOP TRADUÇÃO PAULO HENRIQUES BRITTOILUSTRAÇÃO DEBORAH PAIVA

Um texto inédito de Elizabeth Bishop

CURIOSOSMais indígenas vi-nham nos conhecer, às vezes eles nos apal-pando discretamente para saber se éramos homens ou mulheres, já que as mulheres do grupo também esta-vam de calça

Tradução

nos ônibus. Depois o avião fi cou cheirando a laranja, quando um aviador simpático descascou uma bandeja inteira de laran-jas para nós.

‘Lá-di’Começamos a ler trechos dos

vários livros que havíamos tra-zido, trocando de exemplares entre nós; mudávamos de lugar para conversar, como quem tro-ca de parceiros numa dança. A jovem intérprete comeu uma barra de chocolate grande e dedicou-se à leitura de uma revista chamada Lady (que se pronuncia “Lá-di”).

Ela entregou a revista a Hux-ley. Havia uma fotografi a dele de página inteira, numa entrevista coletiva recente no Rio; na foto, Huxley protegia os olhos e tinha uma expressão muito triste. A mulher dele fi cou indignada com a expressão: “Ah, por que será que eles sempre o fotografam com essa cara! Ele não é as-sim, não, absolutamente!”. O que mais me incomodou foi a legenda em letras garrafais: DIZ O VELHO HUXLEY” e alguma coisa a respeito da paz mun-dial. Huxley não sabe português, mas sabe espanhol, e eu temia que ele reconhecesse a pala-vra “velho”, que é parecida nos dois idiomas. Fiquei a debater comigo mesma se seria melhor explicar ou não dizer nada, e re-solvi fi car calada. Afi nal, naquele contexto a palavra parecia ter uma conotação afetuosa, ou então tinha apenas o sentido de que ele era famoso há muitos anos. (Nas últimas duas se-manas, Huxley estava fazendo sucesso no Rio; nas livrarias havia muitos livros seus, em cinco idiomas, e a imprensa só o tratava com elogios rasgados e grande respeito.)

Um dos homens que se jun-taram a nosso grupo era um tipo exuberante; não conseguia fi car parado em seu lugar, po-rém andava de um lado para o outro pelo corredor, com um chapéu de gaúcho, de couro, amarrado embaixo do queixo. O outro era um velho miúdo, com orelhas grandes e olhar melancólico. Fiquei sabendo que ele era o homem que deveria ter me recebido no aeroporto dois dias antes; naquele exato momento, ele confessou, era para estar recebendo um gru-po que chegava do Rio, mas em cima da hora resolvera vir conosco. Levava uma prancheta em que a primeira folha osten-tava o nome “Aldous Huxley” em letras maiúsculas. Apresen-tou a prancheta a Huxley e lhe pediu que escrevesse uma mensagem – suas impressões de Brasília, ou qualquer outra coisa – para uma coleção de mensagens de celebridades que vinham conhecer Brasília, que ele estava organizando e que seria guardada num museu a ser construído na cidade. Huxley pegou a caneta e começou a trabalhar e, depois de rasgar duas ou três folhas de papel, produziu algumas frases sobre a experiência interessante de voar do passado (as cidades co-loniais de Minas) para o futuro,

a novíssima cidade de Brasília. Dois dias depois, esse texto foi publicado nos jornais do Rio como sendo um telegrama que Huxley enviara ao presidente Kubitschek, dando uma impres-são um tanto estranha do estilo telegráfi co de Huxley.

Couve-fl orAgora estávamos voando

mais para o norte do que para o oeste, e a paisagem havia mudado gradualmente. So-brevoamos o rio das Mortes, e depois o rio das Almas. A algumas áreas Callado dava o nome de “matas de couve-fl or”. De fato, vistas de cima, as árvores da fl oresta lembram couve-fl or, e mais ainda bróco-lis, se bem que nessa região a mata não seja tão fechada nem tenha um tom de verde tão vivo quanto na Amazônia. Por fi m, alguém exclamou: “Olha! Uma aldeia indígena!”. E era mes-mo: numa clareira junto a um riacho lamacento, lá estavam cinco telhados de folhas de palmeira trançadas e dois ou três botes pequeninos parados na margem. Logo adiante havia uma pista de pouso, uma fi ta de vermelho desbotado de três ou quatro centímetros larga-da sobre a selva. Era o posto de Xavantina, uma referência aos índios xavantes, outrora guerreiros ferozes, conhecidos pelas fotos em que aparecem posando numa perna só, com os cabelos em mechas compridas. Nosso destino, porém, era mais adiante: os iaualapitis do posto Capitão Vasconcelos, à mar-gem de um pequeno afl uente do rio Xingu.

Callado, que era responsá-vel por esse trecho da viagem de Huxley, começou a fi car um pouco nervoso. Explicou-nos que não deveríamos ter expec-tativas excessivas em relação aos índios que íamos conhecer; afi nal, eles estão num posto, são misturados, por vezes cinco tribos diferentes estão lá ao mesmo tempo, e os que moram no posto em caráter perma-nente “não são interessantes”, segundo ele, como o são os que vivem em suas aldeias, inteira-mente isolados. Alguns deles por vezes usam uma camisa ou uma calça (mas para eles o único motivo compreensível para usar roupas é proteger-se dos mosquitos), e um dos homens fora levado ao Rio uma vez, para ver o Carnaval.

Por fi m apareceu outra pista de pouso, e outra clareira à margem de mais um riacho, desta vez de águas límpidas, e os telhados eram ovais. Voamos em círculos sobre uma área com buritis e um pé alto de ipê (2) totalmente fl orido, sem uma única folha – é uma das mais belas árvores fl orescentes do Brasil. Enquanto o avião des-cia, víamos os índios saindo das casas e correndo por uma estrada rústica em nossa dire-ção, e quando desembarcamos já havia cinco ou seis homens a nossa espera, seguidos por mulheres com crianças de colo. Estavam muito satisfeitos por nos ver, sorrindo efusivamen-te, pegando com avidez nossas mãos, a esquerda ou a direita, para apertá-las; dois ou três dos homens disseram “bom dia, bom dia”, em português. Mais índios chegavam o tempo todo e vinham apertar nossas

mãos, com força ou de leve, sorrindo, com expressões deli-ciosamente francas e alegres, exibindo os dentes quadrados e espaçados.

IaualapitisOs iaualapitis são de baixa

estatura, porém bem propor-cionados, os homens quase gorduchos, com músculos lisos, ombros largos e peitos lisos e largos. Andam inteiramente nus, usando apenas colares de conchas e cinturões de contas e conchas; as mulheres usam um “cache- sexe” simbólico feito com uma folha de palmeira dobrada, formando um pequeno retângulo com cerca de quatro centímetros de comprimento, sustentado por um fi o fi no, feito com a mesma palmeira. Esta peça de vestuário quase invisível é importante; por vezes elas param e viram-se de costas para ajustar o fi o. O cabelo é

muito abundante e surpreen-dentemente fi no e lustroso; as mulheres usam-no comprido, com uma franja; os homens adotam um corte em forma de cuia. Seus corpos quase não têm pelos; os fi os ocasionais que nascem são arrancados. Em sua maioria, os homens tingem mechas de cabelo ou toda a cabeleira com uma tinta vermelha e grudenta feita com urucum, o único corante, e a única cor, que eles possuem; alguns polvilhavam com urucum as orelhas, o pescoço e o peito, de um vermelho bem vivo. A pele é fi na e macia, um tom moreno escuro.

Algumas das crianças, meni-nas, tinham duas linhas negras paralelas traçadas nas pernas, do lado de fora, e a testa de uma delas estava pintada de vermelho vivo, dando a impres-são de que ela sofria de uma dor de cabeça terrível. Tanto

os homens quanto as mulheres levam os bebês no colo, e, além de colares de conchas, muitos usam também contas de vidro azul e branco. Um dos bebês, uma menininha de cerca de dez meses, estava encantadora, vestida apenas com um colar de pérolas falsas de seis voltas.

Os índios são limpos e chei-ram bem (eles tomam banho de rio várias vezes por dia) – porém as crianças têm o rosto imundo, sujo de lama. Apesar disso, os homens da Aeronáutica pega-ram as crianças (inclusive a menina do colar de pérolas) do colo dos pais e fi caram a car-regá-las. Havia uma atmosfera simpática de reencontro de ve-lhos conhecidos (3). Callado e os pilotos conheciam a maioria dos homens; alguns deles falavam um pouco de português, e uma conversa simples e repetitiva se manteve incessantemente durante toda a nossa visita. Hu-

xley foi apresentado como “um grande capitão (4)” e deixou que o apalpassem com admiração.

Havia muita poeira, e o ca-lor era forte; seguimos pela estrada e chegamos a uma área ampla, com chão de terra batida, onde havia quatro ca-sas. Uma enorme porca preta, com seus fi lhotes, saiu correndo quando nos viu; havia também muitos cachorros magros. Mais índios vinham nos conhecer, olhar para nós e segurar nossas mãos com suas mãos duras e quentes, às vezes nos apalpan-do discretamente para saber se éramos homens ou mulheres, já que as mulheres do grupo estavam de calça comprida. Todos os índios estavam nus em pelo, com exceção de um velho com uma camisa do Exército e duas moças com vestidos de algodão estampados de fl orzi-nhas vermelhas e brancas. Uma delas, de catorze ou quinze anos,

estava já no fi nal da gravidez; a outra, mais velha, era anã ou corcunda, uma criaturinha estranha e melancólica que ví-amos a toda hora andando de um lado para o outro durante nossa visita, como se traba-lhasse mais do que os outros, ou como se quisesse dar a impressão de que era tão ativa quanto qualquer um.

EspantoDe repente apareceu um ho-

mem branco, de meia-idade, magro, com uma barba de uma semana no rosto claro, trajando calça e camisa, porém descalço. Era o responsável pelo posto Ca-pitão Vasconcelos, Cláudio Villas Bôas, um dos três irmãos que trabalham há muitos anos para o Serviço de Proteção ao Índio. Como o rádio estava quebrado, ele só fi cou sabendo de nossa vinda quando ouviu o motor do avião, mas não manifestou o

menor espanto até o momento em que viu Huxley.

Foram-lhe apresentados Hu-xley e Laura. Em português, com uma voz fraca, Villas Bôas exclamou: “Mas é o Huxley? ‘Contraponto’?” (5). E por um momento pareceu prestes a desmaiar. Segurou a mão de Huxley e fi cou a falar com ele em português, com os olhos cheios de lágrimas. Nesse mo-mento outro homem branco, vestido e descalço, apareceu, saído do nada, um rapaz alto, bonito, com cara de bebê e uma espessa barba negra. Também ele exclamou, só que com um sotaque de inglês de classe alta: “Huxley! Por essa eu não esperava!”. Era um aluno de pós-graduação de Cambridge, historiador, que havia chegado ao posto um mês antes. Estava preparando uma tese sobre os efeitos do contato entre duas culturas diferentes, e também escrevendo um livro. “Ou me-lhor”, disse ele, “eu tenho mais é que escrever esse livro, porque ele já está vendido”.

Seguindo Villas Bôas, todos nós penetramos no interior escuro de uma das casas; ela estava ligada a outra menor, com paredes que não chegavam ao teto e uma mesa grande; e uma terceira cabana conectada a ela fazia as vezes de cozinha. Huxley subiu numa das redes e deitou-se (parecendo mui-to bem instalado); Villas Bôas fi cou de cócoras a seu lado, à maneira dos índios, e, com duas ou três pessoas atuando como intérpretes, começou a falar com Huxley com uma voz enferrujada e nervosa, como se há anos aguardasse uma opor-tunidade de falar com ele. Nós nos reunimos em torno deles para escutar, e foi uma cena tensa e comovente: a grande cabana escura, o grupo hete-rogêneo de brancos vestidos cada um a seu modo, o círculo de índios nus e sorridentes, e Huxley, balançando-se de leve, as pernas compridas tocando o chão, passivo e atento.

Villas Bôas disse-lhe que ti-nha lido todos os seus livros já traduzidos para o português, falou da importância que sua obra tivera para ele e passou a discorrer sobre os livros do avô de Huxley (6).

Então falou sobre os anos em que vinha trabalhando no Servi-ço de Proteção ao Índio, como é difícil ajudar os indígenas, uma batalha perdida contra a doença e a corrupção; mesmo com a ajuda dos médicos do Exército, ele vive com medo de infecções trazidas por forasteiros, pois basta uma pessoa com saram-po, por exemplo, para dizimar várias aldeias. Os índios não são proprietários de terra alguma; não há reservas onde eles pos-sam se refugiar se as terras em que eles vivem forem vendidas. Embora isso provavelmente não vá acontecer tão cedo, o fato é que a terra está sujeita à espe-culação, e a criação de Brasília fez com que essa possibilidade fi casse mil quilômetros mais próxima. Em toda a região do Xingu, calcula Villas Bôas, só devem restar agora cerca de 3.500 índios.

PolaroidLaura Huxley, que havia saído

da casa, estava aproveitando sua Polaroid; aqueles índios sa-

biam muito bem o que era uma câmara fotográfi ca e gostavam de posar, enfi leirados, um com o braço no pescoço do outro. Os que estavam do lado de dentro se reuniam em torno de nós, não exatamente pedin-do, mas certamente desejando os presentes que sabiam que havíamos trazido, e um pou-co constrangidos distribuímos nossos míseros cigarros, fósfo-ros e dropes Salva-Vidas. Uma mulher a toda hora me beliscava de leve, pedindo: “Caramelo? Chocolate? Caramelo?” (7) e lamentei não saber que esses doces eram os prediletos.

As redes estavam se enchen-do; o homem com o livro “Platão” estava reclinado numa delas, um dos pilotos brincava com um bebê em outra, e o homem do chapéu de gaúcho ocupava uma terceira rede com outro bebê, que agora estava usando o chapéu. Também eu me deitei numa rede e olhei para cima.

Os telhados altos são muito bem-feitos, com folhas de pal-meira dobradas sobre galhos horizontais, formando camadas superpostas, e a cúpula extensa se sustenta no alto com uma armação de galhos que não foram descascados. Ali havia pombos, que arrulhavam, e um casal de periquitos. Uma espe-tacular arara azul e amarela, empoleirada na parede da sala de jantar, encarava-nos e fala-va sem parar em nu-aruaque, imagino – o grupo linguístico a que pertencem os iaualapi-tis. Alguns mutuns –uma espé-cie de peru, negro e reluzente, com uma crista que parece um pente com bolas nas pontas e manchas verdes dos dois lados da cabecinha elegante – anda-vam por entre nossas pernas, a cacarejar. A sombra, as vozes contidas, as carícias e os sor-risos e as redes a balançar-se, tudo inspirava tranquilidade e devaneio, uma sensação terra a terra, até mesmo nostálgica, de estar de novo no chão depois de três horas de voo.

Ouvi um índio fazendo per-guntas ao aviador na rede ao lado da minha. Ele queria saber o nome de Huxley, qual das mulheres era dele e quantos fi lhos eles tinham. O aviador respondeu às perguntas; o índio fi cou examinando Huxley, a sor-rir, repetiu todas as perguntas e recebeu as mesmas respostas. (As conversas com os índios, ex-plicaram-me, têm o andamento de uma geleira. Uma narrativa simples pode se prolongar por horas, até mesmo por dias.) Como sabe todo aquele que já viu fotos de Huxley na capa de seus livros, ele é um homem muito bonito, aristocrático, mas a opinião fi nal do índio, expressa, com muito tato, em voz baixa, foi: “Feio” feio” “. E naquelas cir-cunstâncias Huxley não parecia feio, e sim muito alto, branco, refi nado e deslocado.

Depois de algum tempo sa-ímos e fomos até o rio, onde alguns dos nossos foram nadar, e os índios, sociáveis, caíram n’água também. Normalmente as aldeias fi cam a uma distância de mais de um quilômetro dos rios, para fugir dos mosquitos, e a população inteira atravessa a fl oresta, enfi leirada, todas as manhãs, ou de manhã e à tarde, para tomar banho de rio.

Um índio jovem era visitante da tribo dos caiapós, que está

em contato com os brancos há apenas dois anos. (Ainda estão sendo contatadas tribos novas, enquanto outras já são conheci-das há dois séculos.) O visitante usava calça e camisa, cabelo longo escorrido nas costas e amarrado com uma fi ta branca, e no lábio inferior uma placa oval de madeira, com dez centíme-tros de comprimento, tingida de vermelho do lado de baixo. Era um rapaz alegre, conversador (“Simpático, mas meio bobo”, Callado observou); quando lhe pediram que posasse para uma foto, teve a delicadeza de despir-se. Quando veio nadar conosco uma espécie de nado de peito, jogava água dentro da boca com a placa de madeira, bebendo como se fosse um pato. O rapaz inglês chamava-o de “Ronny”, um nome relativamente pare-cido com seu nome indígena cheio de vogais.

Como estávamos no fi nal da estação da seca, a água do riacho batia apenas na cintura, mas o fundo estava limpo e arenoso, e havia ondulações ver-dejantes no terreno, trepadeiras e touças de palmeiras delicadas; lembrava as xilogravuras nos li-vros antigos sobre explorações. O barco de “Ronny” estava na margem, cheio de maços de fo-lhas de palmeiras que ele levaria para sua aldeia. A construção do barco era simples: um tronco de árvore é cortado ao longo do comprimento e escavado com cunhas; a casca da árvore é então rasgada com gravetos, as pontas dobradas para cima, deixa-se a madeira secando e pronto, sem muito trabalho tem-se uma ótima canoa leve.

Depois fomos para a mar-gem, tirando mais fotos. Os índios adoraram as fotos da Polaroid (quem vai à fl oresta deve sempre levar uma câmara Polaroid e bastante fi lme) e por um triz não as rasgavam para ver logo como tinham saído; alguém surrupiou com muito jeito do bolso de Huxley algumas fotos que não fi caram boas, guardadas ali por Lau-ra. Uma nuvem de borboletas pierídeas de um amarelo claro pousou, trêmula, na lama úmi-da à beira-rio, como se fosse o início de uma regata; entre elas havia alguns exemplares magnífi cos de uma espécie que eu não conhecia, que quando fechava as asas fi cava idêntica a uma folha prateada seca e, quando as abria, eram duas faixas de veludo de um tom vivo de vermelho rosado. Huxley fi cou entusiasmado com essas borboletas, abaixando-se lá do alto para examiná-las de perto com sua lupa.

Então fomos chamados para o almoço: as salsichas que haví-amos trazido, uma panela de fei-jão-mulatinho e duas travessas de arroz mal cozido. (A comida habitual é mandioca; o arroz fora um presente recebido pouco antes.) “Ronny” vestiu as calças e ajudou a nos servir, enchendo de água os canecos de metal, manejando a concha cheia de feijão aguado, enquanto o disco de madeira no lábio subia e descia de modo simpático.

Os índios impediram que a arara azul e amarela pulasse sobre a mesa e fi caram bem perto de nós, observando cada bocado e sorrindo enfatica-mente cada vez que alguém olhava para eles.

Entre índios

1. O jornalista e escritor Antonio Callado (1917-97), autor de “Quarup” (1967), membro da comitiva que acompanhava Aldous Hux-ley (Nota da Redação).

2. Bishop escreve “îpé”.*3. No original, “Old-

Home-Week atmosphere”, referência a uma tradição

da Nova Inglaterra, em que antigos moradores de uma cidadezinha retornam a ela por uma semana para reen-contrar amigos de infância. (N.T.)

4. Em português no ori-ginal.*

5. O título do livro está em português no original.*

6. Thomas Henry Huxley (1825-95), biólogo, grande defensor da teoria da evolu-ção de Charles Darwin.*

7. Em português no ori-ginal.*

*Nota da tradução.

Notas

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G4 MANAUS, DOMINGO, 5 DE JANEIRO DE 2014

Imaginação PROSA, POESIA E TRADUÇÃO

2

(Uma noite qualquer do ano de 1825, ano da mor-te do compositor italiano Antonio Salieri. Um quarto amplo. Quando a peça co-meça, Salieri está falando sozinho, divagando de for-ma meio débil e delirante. Wolfgang Amadeus Mozart está ao piano e sua presen-ça ainda não é percebida por Salieri. Toda a peça se passa dentro da cabeça de Antonio Salieri.)

Antonio Salieri (velho, aba-tido, dirigindo-se até a sua cama para deitar, faz um so-lilóquio inicial) “’ Ah, a inveja... Brota de que órgão do nosso corpo esse sentimento vis-coso e gosmento? Não creio que o mais abnegado dos praticantes da ciência e da medicina saiba nos responder ao certo. O coração já é por demais bombeado por todo tipo de artérias emaranha-das e amores difíceis... Prefi -ro acreditar que bastaria um mero jato de sangue bom para expulsar dali qualquer cancro modorrento como a inveja... O fígado? Também não. O fígado é fábrica de bile: vive ocupado em depurar a mais variada gama de líquidos diabólicos que nos inebriam desde a mais tenra idade. Que ilusão infeliz de que nos salvará de nossas ameaças mais etílicas... O estômago? Não: a inveja, ácida, não se dissolve nem com suco gás-trico. É tão corrosiva como se fosse abrindo crateras es-téreis na superfície da vida, uma estrada esburacada de insatisfação e de incompletu-de... Pulmões? Talvez, pois me falta ar toda vez que cobiço o que não tenho... Intestino? Pode ser também, já que a inveja, delgada, se enrosca e se enovela em mim, cada vez mais fétida... Ao menos se eu não tivesse nem olhos nem ouvidos, para fi car pouco exposto a esse sentimento torpe... Quem sabe se eu mes-mo me arrancar as pupilas agora mesmo e sangrar meus tímpanos, como nos arroubos dos personagens míticos da velha Grécia, sempre guiados pelas forças da natureza... Mas cegos e surdos não in-vejam justamente os que têm olhos e ouvidos? Aaaaaaaai de mim! Ah, a inveja que me apodrece os ossos... Se fosse concreta, ela teria o gosto e a consistência daquelas poções fumegantes de bruxas encar-quilhadas... Um caldeirão no fogo, unhas de felino, asas de morcego, ranho de hipo-pótamo, merda de elefante... Oh, deuses do além, preciso com urgência de três bruxas

DIB CARNEIRO NETO ILUSTRAÇÃO ZED NESTI

Abertura da peça ‘Um Réquiem para Antonio’

Ah, a inveja!

de rostos desfi gurados e de malignas imprecações! Ve-nham sem demora! Venham, moiras! Venham, górgonas! Triturem meu cérebro em vida, oh, vermes insensíveis, para que meus pensamentos fi quem ocos de todo conte-

údo. Para que eu não perca mais um só minuto tentando compreender e compreender e compreender o que pare-ce não comportar nenhuma explicação plausível... Querer ser o outro. Não há melhor exemplo do autoengano que

assola a humanidade. Pois se Deus assim nos fez, Deus as-sim nos quer. Ou não? Somos o ‘Seu’ exército de soldadi-nhos de chumbo, cada qual diferente do outro: nunca dois serão iguais, para deleite de um Deus cruel que nos cria

díspares justamente para que desejemos o que não temos... Pois é isso! É de Deus que brota a inveja! É desse Deus que implantam dentro de nós, desse carrasco que instalam em nossas entranhas, é Dele que nasce a inveja! E, por

ironia do criador, é para Ele próprio que ela se volta, pois quem é que não inveja Deus?! Mozart é Deus, estás me ouvindo, Wolfgang? Antonio Salieri quer ser o Deus Mo-zart, estás me ouvindo ainda, Wolfgang Amadeus?

RESUMOEste é o trecho ini-cial da peça inédita “Um Réquiem para Antonio”, que es-treia no próximo dia 17 no Tucare-na (São Paulo), em montagem dirigida por Gabriel Villela. Elias Andreato faz o papel do composi-tor italiano Antonio Salieri (1750-1825), e Claudio Fontana, o do austríaco Wolf-gang Amadeus Mo-zart (1756-91), no texto que recupera o tema da relação mí-tica de inveja entre os dois músicos.

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