elvira raulino mendes de oliveira - … · umc, na rádio pioneira, adoeceu, e o monsenhor raimundo...
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ELVIRA RAULINO MENDES DEOLIVEIRA
Apresentadora, política, jornalista, radialista e até jurada do Chacrinha
Elvira Mendes Raulino de Oliveira nasceu em Teresina no dia 21 de
setembro de 1946, dia
consagrado ao radialista. Filha de Mário Raulino, nascido em Altos, e de
Maria José da Purificação Mendes Raulino, nascida em José de Freitas.
Altos, naquela época, não possuía ainda maternidade e, assim,
geralmente, todos os altoenses nasciam na capital do Estado.
O pai, um dos maiores líderes políticos de Altos, era da UDN – União
Democrática Nacional. Participou de incontáveis campanhas políticas
ao lado de Eurípides de Aguiar, José Cândido Ferraz, Mathias Olímpio,
Antônio Maria Correia, Arimatheá Tito, Simplício Mendes e Esmaragdo
de Freitas em oposição ao Interventor Leônidas Melo, e ao ditador
Getúlio Vargas, no País.
Era o período da redemocratização brasileira, entre 1945 e 1946. Mário
Raulino, de personalidade forte, comandava, com coragem e pulso, a
política de Altos, povoados e municípios vizinhos. Foi deputado
estadual, de 1947 a 1951.
Os irmãos de Elvira são: Felipe José, o Felipão (foi prefeito de Altos);
José Raulino, que foi para o exército e hoje é reformado como coronel;
Francisco, funcionário aposentado da 26ª CSM; Teresa (já falecida);
Honorina (Mamãe Outra) e Mário Filho, médico, professor da
Universidade Federal do Piauí, fazendeiro e ex-secretário de Saúde de
Altos.
Elvira Raulino teve três filhas, frutos do casamento com José Ronaib:
Beatriz, que teve os filhos Ronaib Neto e Teresa Raquel; Sanmya
Beatriz, que teve os filhos Kerlynho, Maria Elvira, João Mário e João
Vítor, e Mara Beatriz, que teve as filhas Linda Mara, Júlia e Gabriela
(Gêmeas).
INFÂNCIA NO MORRO DA ARARA
Passou grande parte da infância no meio dos matos, porque a sua mãe
fazia questão de estar ao lado do marido em todos os momentos,
inclusive acompanhando-o em suas visitas a passeio ou a serviços
pelas fazendas de sua propriedade, principalmente a do Morro da Arara,
onde a menina Elvira passava a maior parte do tempo, de novembro até
a metade de março, quando ia para a escola, e nas férias de julho, o
mês todo. Por isso teve um contato muito grande com as atividades
rurais, a ponto de aprender a tirar palha de carnaúba (só não tirava o pó
porque o pai não permitia, alegando que iria prejudicar a sua saúde),
apanhar e quebrar tucum, o que, além de um prazer enorme,
assegurava um dinheirinho para comprar seus brinquedos e outros
desejos.
Elvira Raulino sempre se mostrou independente, e desde cedo
aprendeu a dar valor a cada centavo que ganhou, porque tudo que tem
foi conquistado com muito suor.
Nas horas de folga, ficava ouvindo aquele povo simples, bom e leal
contar histórias de trancoso sobre príncipes e princesas, reis e rainhas,
daí a razão dela ainda hoje ter mania por histórias assim, como anjos,
reis, rainhas, príncipes, princesas, contos de fadas.
RADIALISTA
Iniciou sua carreira como radialista e não como jornalista, embora seja
mais conhecida como tal. Como pertencia à União de Moços Católicos,
um dia um funcionário que apresentava o programa TV para o Céu, da
UMC, na rádio Pioneira, adoeceu, e o monsenhor Raimundo Nonato
Melo, que a achava muito esperta, pediu que ela o substituísse, fazendo
com que ela se apaixonasse à primeira vista pelo microfone. Depois, o
saudoso professor e historiador Josias
Clarence Carneiro da Silva, membro da Academia Piauiense de Letras,
que morava perto da casa dela, na rua Rui Barbosa, em Teresina, teve
que fazer um curso de museologia em São Paulo, e a convidou para
substituí-lo no programa que fazia também na rádio Pioneira.
Com na época, a profissão não era muito recomendada para moças de
família, principalmente para uma quase criança, Elvira Raulino foi
obrigada a apresentar-se sob o pseudônimo de Márcia Beatriz, no
programa que começava às 13 horas.
Para ir para a rádio, ia disfarçada e, assim mesmo, escondida. Mas,
pelo talento, honestidade, e muita força de vontade, aos poucos
conquistou o respeito e a admiração de todos, principalmente do seu
pai, que, ao morrer em 1964, partiu feliz com a filha radialista que tinha.
Trabalhavam com a Elvira Raulino nessa época Osório do Lobão,
Geremias Pereira da Silva, Drummond, Labaneve e o Hélio, entre
outros.
Em 1962, trabalhou na Rádio Clube. Em 1965, atraída pelo Concurso
de Miss Brasil, então organizado no Piauí pela Rádio Difusora de
Teresina, Elvira Raulino ingressou na emissora “associada”, onde
permaneceu até 1967, ano em que se transferiu para a Rádio Pioneira.
Em 1968, voltou para a TV Rádio Clube, apresentando, de Segunda a
Sábado, sempre às 13 horas, o seu programa social.
JORNALISTA
A partir daí, além do rádio passou a se envolver também com o jornal,
conseguindo o primeiro emprego n’O Compasso, do senhor Benedito
Almeida, por volta de 1962/1963. Como sempre fez amizade fácil, num
instante se entrosou com a turma do jornalismo também. O colega
Oswaldinho a levou para trabalhar no jornal Folha da Manhã, do Wilson
Parente. Em seguida, o Volmar Miranda consegue o seu contrato para o
jornal O Dia, onde, inicialmente, trabalhou por 25 anos.
Ao sair para ir para o jornal O Estado, do saudoso Helder Feitosa,
deixou a sua filha Mara Beatriz como substituta. O jornal O Estado, num
passe de mágica, depois do assassinato do Helder Feitosa, passa para
as mãos do empresário Paulo Guimarães, que mantém o nome por
pouco tempo, fechando o jornal e reabrindo-o com a denominação de
Meio Norte, onde Elvira Raulino também pontificou com uma página
social por um bom período. Atualmente, mãe e filha
assinam a mesma página social no jornal O Dia.
JORNAL DIÁRIO DO PIAUÍ
Elvira Raulino, de empregada, resolve ser empresária. Em sociedade
com Genésio Araújo monta, em 1978 (?), o jornal Diário do Piauí, que
teve vida breve. Um dia, tendo que viajar para a Europa, para manter
negócios e curtir um pouco o Velho Mundo, como sempre faz, de
quando em vez, ao retornar encontrou a empresa em pé de guerra. O
Ministro Petrônio Portella, que também fora governador do Estado,
havia concedido uma entrevista para o jornal e, nela,
meteu o pau no Governador Alberto Silva, que usando da autoridade,
influência e tudo mais que tinha ou não tinha direito, processa os
empresários, o que faz com que a Elvira Raulino seja levada para a
Polícia Federal, e lá tire retrato de frente, de costa, de lado, e passe,
ainda, pelo constrangimento de melar os dedos na ficha criminal.
Chocada com toda a violência moral que passou, principalmente porque
era inocente de tudo, resolve acabar com a sociedade, dizendo que o
“melhor mesmo é ser empregada, cumprir a sua tarefa, receber o seu
dinheirinho no final
do mês e não se preocupar com mais nada, como pagar pessoas,
fornecedores, agüentar abuso das autoridades e ainda ter que
responder por todas as besteiras que os cabeças de vento fazem na
redação”.
Os cabeças de vento eram Alberoni Lemos Filho, Pires de Sabóia,
Menezes y Morais, William Melo Soares, Kenard Kruel, Francisco
Eduardo de Moraes Lopes, Josemar Neres, dentre outros que
abrilhantaram aquele jornal de curta duração, mas que formou uma das
melhores escolas de jornalismo do Piauí.
PIAUÍ DE PONTA A PONTA
Quando ela começou a trabalhar, não havia ainda televisão no Piauí, só
no Maranhão e Ceará. Dessa forma, na TV, Elvira Raulino iniciou-se
com um programa chamado Piauí de Ponta a Ponta, que era diário, e
enviado pela Radional da TV Difusora, em São Luís. Aqui, instalaram
uma torre que captava o programa de lá. Mas, uma vez por semana, ela
fazia o programa ao vivo na TV Difusora, viajando de trem, de carona,
de qualquer maneira, levando sempre misses e outras personalidades
de destaques do nosso Estado.
Nunca, por motivo que fosse, deixou de cumprir com o seu
compromisso. Aliado a esse espírito
profissional, o seu programa logo ganhou notoriedade na região, dada a
sua espontaneidade e o largo círculo de amizade que conquistou. Foi
nesse período que ela conheceu a Genu Moraes, que morava em São
Luís, já casada com o empresário Antônio de Moraes Correia, e era
muito bem relacionada naquela cidade, a ponto de ter exercido ali o
cargos de vereadora e de Presidente do Sindicato dos Jornalistas de
São Luís, em substituição, como vice-presidente,
ao presidente Moscoso, assassinado pelo delegado de polícia, que
havia sido acusado pelo jornalista de ter feito contrabando de café no
jornal O Pequeno, daquela cidade.
Genu Moraes fazia, à época, o programa Genu Apresenta Genu, na TV
Difusora, do grupo Raimundo Bacelar, e tinha a coluna Genu Repórter,
no Imparcial, dos Diários Associados.
Grande mulher, sempre prestativa, Genu Moraes hospedava-a em sua
residência, apresentando-a para as mais altas figuras da região e do
País. Foi assim, por exemplo, que nasceu a sua grande amizade com o
Presidente José Sarney e o Ministro Edson Vidigal, do Superior Tribunal
de Justiça, por exemplo.
TV RÁDIO CLUBE
Como todas as pessoas da época, Elvira Raulino também participou da
campanha de venda de ações da TV Rádio Clube. Por sinal, o terreno
onde hoje funciona a TV Rádio Clube, no Monte Castelo, pertencia ao
pai da jornalista e radialista, que o convenceu a passá-lo para o Dr.
Walter Alencar, a fim de que ele pudesse concretizar o sonho de instalar
a primeira estação de televisão do Piauí.
Elvira Raulino teve ainda grande participação na aquisição da
concessão da TV Rádio Clube. Foi em 1971, quando o Ministro Higino
Cassete visitou o Piauí. Ao lado do Dr. Alberto Silva, governador do
Estado do Piauí, ela foi visitar o Ministro.
Bonita, com um corpo da chamada falsa magra, botou uma saiazinha
curta e se encheu de cartazes, dando boas vindas ao visitante e
solicitando o seu empenho na liberação da concessão que faltava para
fazer a TV Rádio Clube funcionar, uma vez que o prédio já estava
construído e equipado com os mais modernos equipamentos para a
época. O Ministro, um velhinho simpático, de imediato topou com a cara
dela, e ela também com a dele. No meio de tantas conversas, onde
Elvira Raulino sempre procurava agradá-lo, e de tantas correrias, o
Ministro cai levando-a também na queda, rolando os dois pelo chão.
Para se desculpar, o Ministro pergunta a ela qual seria o seu desejo,
que ele faria tudo para realizá-lo. Não se fazendo de rogada, ela disse
que queria a concessão da TV Rádio Clube.
Promessa feita, promessa cumprida.
BREVE HISTÓRICO DA TV RÁDIO CLUBE
Para registro histórico, a Rádio Clube, de início, era LTDA., e operava
utilizandose da Rádio Difusora do Maranhão, uma vez que, na época,
não tinha canal para Teresina. Para todos os efeitos legais, a Rádio
Clube funcionava em Timon (MA), embora estivesse instalada mesmo
na rua Barroso, 175, sul, em Teresina.
Quando o ex-governador Chagas Rodrigues e o Grupo Bacelar
venderam as ações para Jorge Chaib, Nogueira Filho, coronel Pedro
Borges e professor Walter Alencar, em 1963, este último modifica o
nome para TV Rádio Clube de Teresina S. A., e, a partir de 1964, lança
a venda de ações para a instalação da TV Clube, propriamente dita. Por
volta de 1967/1968, o professor Walter Alencar compra as ações dos
três sócios, e no dia 3 de dezembro de 1972, em pleno governo
desenvolvimentista de Alberto Silva (ajudado que era pelo Ministro do
Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, parnaibano como ele) põe
para funcionar "A Força de um Ideal", já em terreno próprio, adquirido
da família Raulino, de Altos, em troca de ações e muitas festas para
arrecadação de fundos, na hoje avenida Walter Alencar, 2120, bairro
Monte Castelo.
O jornalista Teddy Ribeiro, diretor de jornalismo da Rádio Clube, foi
quem lançou a pedra
fundamental e tratou da liberação do canal. Mauro Bezerra (atualmente,
secretário de governo do prefeito Jacson Lago, em São Luís) era o
diretor administrativo. O professor Pedro Mendes assumiu a direção
geral, antes da venda das ações para o professor Walter Alencar.
RÁDIO SÃO JOSÉ DOS ALTOS
Embora dizendo que é melhor ser empregada que ser patroa, e mesmo
tendo passado tudo que passou quando foi uma das donas do jornal
Diário do Piauí, Elvira Raulino não pensou duas vezes quando teve a
oportunidade de dar à sua cidade a primeira emissora de rádio. Muita
amiga do Presidente José Sarney, resolveu fazer campanha para
mostrá-lo que ele estaria fazendo justiça dando um canal de rádio para
uma radialista e jornalista das mais autênticas.
Lutou e conseguiu. A Rádio São José dos Altos, de sua propriedade,
entrou no ar, em
fase experimental, no dia 22 de agosto de 1987, tendo sido sua
inauguração e programação normal comemoradas no dia 21 de
setembro do mesmo ano. No dia 15 de abril é levado ao ar o primeiro
Jornal da São José, com apresentação de Toni Rodrigues. Correndo
nas veias o
sangue mais de empregada do que de patroa, Elvira Raulino trata os
funcionários da Rádio São José dos Altos como colegas, porque, mais
do que ninguém, sabe os problemas que as pessoas passam como
empregadas.
Elvira Raulino, de temperamento afável, fica uma arara, contudo,
quando dizem que a rádio dela é do interior, no que rebate de prontidão:
“Do interior não, minha rádio é da Capital Mundial da Manga”, nome
como Altos é carinhosamente conhecida pela grande quantidade de
mangueiras existentes tanto na zona rural como no centro da cidade.
Essa denominação foi dada pela própria Elvira Raulino há mais de 15
anos. Como prefeita, mandou instalar duas grandes placas (uma na
entrada e outra na saida) anunciando a todos que estão passando pela
Capital Mundial da Manga.
ATO FÉ E PIEDADE
Por causa da Rádio São José dos Altos, por ser uma pessoa sem
apego a bens materiais, e pela sua religiosidade, com crença fervorosa
em Santa Teresinha do Menino Jesus, Elvira Raulino praticou uma das
primeiras reformas agrárias particulares de Altos. Herdeira de uns
terrenos, em frente à estação ferroviária de Altos, que “era para ver o
trem chegar”, um dia recebe a notícia de que 18 famílias invadiram um
de seus terrenos. Achando que seria uma maldade tirar as pessoas de
lá, eles que nada tinham e ela que tinha um pouco mais, fez promessa
para São José: se a Rádio São José dos Altos ficasse no coração do
povo e fosse
poderosa, daria o terreno para todas elas.
A sua Rádio cresceu, encontra-se no coração do povo, e ela, feliz,
pagou a promessa. Assentou todas as 18 famílias e mais algumas que
chegaram depois. O radialismo e o jornalismo que pratica marcam a
Elvira Raulino por ser diferente do colunismo tradicional, que reúne
muitas mentirinhas, fantasias, puxa-saquismo.
Com ela é preto no branco. Nunca gostou de enfeitar, de mentir, por
isso é muito natural. Por isso foi denominada a Papisa do Colunismo
Social. Por isso, numa festa super concorrida, promovida pelo Sindicato
dos Jornalistas Profissionais no Estado do Piauí, na gestão do
presidente Kenard Kruel, recebeu, no Jóquei Clube, da antecessora
jornalista e radialista Alice Moreira o título de Rainha da Imprensa.
Quando o Sindicato dos Jornalistas fazia pesquisa de opinião, Elvira
Raulino ganhava sempre o primeiro lugar como colunista social, por
fazer uma coluna super diversificada, furando (dando notícias em
primeiro lugar) os colegas das áreas esportivas, política, policial,
econômica, de cidade, entre outras editorias do jornalismo. A sua
inspiração vem do primeiro colunista que o Brasil teve, que foi o Pero
Vaz de Caminha, que, escrevendo para o Rei Dom Manuel, de Portugal,
dava conta de tudo que se passava e o que o País possui de bom e de
ruim.
E quando anuncia alguma coisa, não é porque alguém contou não, ela
se faz presente a todos os lugares, mesmo que seja um vestuário de
jogadores, como já aconteceu por diversas vezes.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Elvira Raulino ocupou, durante anos, elevado cargo na Assessoria de
Comunicação da Universidade Federal do Piauí, como técnica, sem
nunca ter assumido oficialmente a função de assessora de
comunicação. Mas, como jornalista e querendo que o Piauí sempre
brilhe em qualquer parte do mundo, por onde andava divulgava as
ações da UFPI, que ela ainda considera uma das melhores do País.
A PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO DE COLUNISTAS – ASCROPI
Elvira Raulino criou a primeira Associação de Colunistas Sociais do
Brasil, a ASCROPI – Associação dos Colunistas Sociais do Estado do
Piauí, que já dirigiu por diversas vezes. A partir daqui, outras foram
sendo criadas no País, com isso nascendo a Federação de Colunismo
Social.
JOSÉ RONAIB E PAIXÃO PELO FUTEBOL
A sua paixão por futebol é tão grande que acabou se casando com um
desportista, o cearense José Ronaib Oliveira, à época integrante de um
dos clubes de futebol piauiense.
Da solenidade de casamento, realizada na catedral de Nossa Senhora
das Dores, em Teresina, foram testemunhas o Des. Edgard Nogueira
(então Presidente do Tribunal de Justiça), o Coronel Joffre do Rêgo
Castelo Branco e o jornalista José Lopes dos Santos (então diretor da
Rádio Difusora).
Foi ainda a pioneira vestindo uma camisa de time e disputando
memoráveis partidas pelo Altos Esporte Clube, na década de 60.
Quando não estava jogando, o seu coração batia pelo River Atlético
Clube. Um dia, ao ser entrevistada, perguntaram a ela por que estava
atuando num time de futebol? A sua resposta foi simples, e direta:
“Porque uma mulher pode fazer tudo, e, às vezes, muito melhor que o
homem faz”.
A PIONEIRA NO TURISMO PIAUIENSE
Foi dela, ainda, a idéia da criação da primeira Associação de Turismo
do Piauí, criada no governo Helvídio Nunes. É que chegou um convite
para um Congresso de Turismo em Brasília e, como na época, havia a
mentalidade de que turismo era coisa de colunista social, Elvira Raulino
foi escolhida para representar o Estado.
Lá, conheceu um senhor já velhinho, conhecido apenas por Jacques,
um dos nomes mais famosos do turismo do momento, que deu a idéia
para que ela reunisse, aqui, as pessoas mais influentes e criasse a
Associação Piauiense de Turismo. Chegando à nossa capital, convidou,
de imediato, Edgar Nogueira, A. Tito Filho, Castelo Branco e criou a
ASPITUR, que, durante anos, fez o papel que hoje a PIEMTUR faz, com
uma diferença: ninguém ali recebia um tostão para divulgar o Piauí.
Após a criação da PIEMTUR, foi criado o CONSPITUR – Conselho de
Turismo do Piauí, do qual fez parte por ter sido a pioneira do turismo
piauiense. Devotando um profundo amor pelo Piauí e as suas
potencialidades, um dos dias mais felizes de sua vida foi quando foi
convidada para ser presidente da PIEMTUR – Empresa de Turismo do
Piauí, assumindo o cargo em solenidade realizada no Palácio de
Karnak.
Elvira Raulino, que já havia visitado 15 vezes a Europa, 9 os Estados
Unidos, conhecendo bem todos os países da América do Sul, tendo
estado também na Grécia e no Egito, assim como já tinha andado cada
palmo das cidades brasileiras, achou que, por tudo isso, podia dar cabo
de sua missão. Ledo engano.
Na época, o repasse que recebia da Secretaria da Fazenda, como cota
mensal, pagando todas as despesas obrigacionais (água, luz, telefone,
funcionários, fornecedores etc.), não sobrava nem para o cafezinho,
muito menos alavancar o turismo piauiense promovendo eventos aqui e
participando de atividades no Brasil e no exterior.
Mas, destemida e cheia de amizades influentes, ligava para o Paulo
Maluf, Amaral Culam, José Sarney, Edson Vidigal, João Claudino, J.
Macêdo, pedindo dinheiro a um e a outro para tocar os seus projetos.
Um dia, o Presidente José Sarney disse para ela: “Minha filha, deixe de
pedir dinheiro para o governo, peça para você, garanta o seu futuro,
porque depois você deixa o cargo e ninguém vai se lembrar dos seus
esforços. Governo é uma porcaria, uma ilusão de vida”. A resposta de
Elvira Raulino foi na ponta da língua: “Presidente, eu amo tanto o Piauí,
que não me importo com isso. No momento, o que eu quero é fazer da
PIEMTUR a maior
empresa do País. E vou conseguir, custe o que custar”. Os funcionários,
vendo o esforço que ela fazia, passaram a colaborar em tudo por tudo,
inclusive abrindo mão de vantagens como diárias, horas extras e outros
benefícios de lei.
Com a contribuição de todos, conseguiu promover uma exposição do
Nonato Oliveira nos Estados Unidos, e criou o que ela chama de Febre
do Turismo no Piauí, dando assistência a todas as promoções locais,
nacionais e internacionais.
Para se ter uma idéia do seu idealismo, e desprendimento, um dia o
saudoso médico e intelectual Clidenor de Freitas Santos, membro da
Academia Piauiense de Letras, faz a doação para ela de uma casa em
Luiz Correia. Recebidos os papéis, transformou o lugar na Casa do
Turista do Piauí.
NO PROGRAMA DO CHACRINHA
Elvira Raulino tinha tanto prestígio nacional que, por mais de dez anos,
representou o Piauí no Programa do Chacrinha, como era conhecido o
apresentador mais famoso da televisão brasileira, o saudoso Abelardo
Barbosa.
Elvira Raulino era uma das juradas mais amadas do Chacrinha. Ela
participou do penúltimo programa dele. Dois dias antes dele falecer ela
recebeu um telefonema de despedida do apresentador, que foi
considerado, por sua irreverência, o pai do movimento tropicalista de
renovação da cultura brasileira na década de 60, liderado
nacionalmente pelo poeta piauiense Torquato Neto e pelos baianos
Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Tom Zé, Capinam, dentre
outros.
PRIMEIRA AGREMIAÇÃO POLÍTICA FEMININA
Elvira Raulino criou também a primeira agremiação política feminina do
Brasil – a Arena Feminina que, depois, se transformou no Movimento
Organizado Feminista – MOF. A revista Veja, que tinha como seu
correspondente no Piauí o jornalista Montgomery Hollanda, um dos
mais brilhantes profissionais da nossa imprensa, pautou-lhe para que
fizesse uma matéria com a Elvira Raulino e o seu movimento feminista
político.
RIVALIDADE POLÍTICA NA ASCROPI
Naquela época, só existiam dois partidos no Brasil, a Arena, da
situação, e o PMDB, da oposição. A rivalidade política era muito grande.
Como a Elvira Raulino tem a política no sangue, e defende com unhas e
dentes os seus amigos e as suas convicções, ela se meteu numa
grande confusão social e política em Parnaíba.
Os colunistas sociais estavam em Parnaíba, na churrascaria Luar do
Sertão, de propriedade do senhor João Batista, irmão da Dra. Iracema
Santos Rocha, e prefeito da cidade, para eleger a nova diretoria da
ASCROPI. Elvira Raulino fazia oposição à chapa situacionista,
encabeçada pela Dra. Iracema Santos Rocha, e estava lá, apesar de
em menor número, agitando que só. Em dado momento, conversando
com o ex-governador Chagas Rodrigues, ela escuta o colunista
social Rubem Freitas “meter o pau” no Dr. Alberto Silva. Sem pensar na
reação, ela parte em defesa do amigo, tomando o microfone das mãos
do Rubem Freitas, que revida, toma o microfone de volta e o quebra na
cabeça dela.
Sangrando, e agredida de todas as maneiras, ela saiu de lá, às pressas
para o Hotel Piauí, conduzida por alguns amigos, dentre os quais o
ainda adolescente Kenard Kruel, que ali estava fazendo parte do coral
do Ginásio Clóvis Salgado, que havia sido convidado para cantar na
solenidade. Elvira Raulino estava acompanhada pela filha Mara Beatriz,
muito menininha na época.
CANDIDATA A VEREADORA EM TERESINA
Candidata a vereadora de Teresina, somando todas as possibilidades,
sendo a mais otimista possível, esperava ter um pouco mais, um pouco
menos de 800 votos. Quando as urnas se abriram, teve mais de mil
votos. Não foi eleita, mas ficou feliz em saber que teve tanto apoio,
sendo marinheira de primeira viagem e não ter gasto nenhum centavo
para receber tantos votos.
Era a prova de sua popularidade, como radialista e jornalista apenas.
CANDIDATA A PREFEITA EM ALTOS
Com tio e irmão ex-prefeitos de Altos, e assistindo a uma degradação
da política em sua cidade, Elvira Raulino resolve enfrentar o fogo
cerrado da situação e se candidata a prefeita, não logrando êxito. Mas,
sem deixar se abater, reúne forças e, mais experiente, parte para uma
nova campanha, dessa vez saindo-se vitoriosa para uma administração
que tem um mote: Ser a Melhor Prefeita do Brasil.
PREFEITA DE ALTOS
Quando de sua eleição, Elvira Raulino (PSDB), obteve 8.038 votos,
equivalente a 50,28% do total de votos válidos. O seu vice-prefeito foi
Antônio Francisco Gil Barbosa, do PMDB.
As eleições de 2000 significaram um marco a partir da universalização
do voto eletrônico, que permitiu maior rigor e celeridade ao pleito.
Dentre suas obras, pode ser citada a criação da Guarda Municipal de
Altos,com um contingente inicial de 23 guardas.
Outras obras envolvem a promoção de eventos culturais e reforma de
prédios públicos.