elementos da sintaxe fílmica
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ELEMENTOS DA
SINTAXE FÍLMICA
A análise de uma produção fílmica pressupõe o
esquadrinhamento dos elementos sintáticos que a
compõem, por intermédio de decupagem que aponte
os componentes da linguagem cinematográfica
empregados em sua construção.
Ou seja, a análise de um filme NÃO SE LIMITA A
DESCRIÇÃO DE SEQUÊNCIAS OCORRIDAS OU DE SEUS
EIXOS NARRATIVOS, ainda que esta seja uma etapa
fundamental, não podendo ser dissociada de todo o
processo.
Entre os elementos constituintes de um filme (e
para esta classificação, não levaremos em
consideração a dimensão de um “fotograma”), o plano
é a menor porção, como destacam Julier e Marie (2009),
estando, sempre, alocado entre dois pontos de
montagem (que provocam um “corte” no olhar sob
determinado ponto de vista).
Dimensão de planos
PLANO GERAL: plano amplo, de longa
distância, usado geralmente para estabelecer uma
cena e dar ao público um ponto de referência para os
planos subsequentes.
VERTIGO (Alfred Hitchcock, 1958)
PLANO CONJUNTO: um plano no qual a
pessoa inteira ou objeto é visível no plano.
VERTIGO (Alfred Hitchcock, 1958)
VERTIGO (Alfred Hitchcock, 1958)
PLANO AMERICANO: um plano mais aberto
que o médio. Um plano americano de um ator, por
exemplo, enquadra tudo a partir do joelho para cima.
ACOSSADO (Jean-Luc Godard, 1960)
VERTIGO (Alfred Hitchcock, 1958)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PLANO MÉDIO: para a figura humana, um
plano que enquadra a pessoa da cintura para cima.
DR. FANTÁSTICO (Stanley Kubrick, 1964)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PRIMEIRO PLANO: um plano fechado na
cabeça e ombros de uma pessoa.
O GRANDE DITADOR (Charlie Chaplin, 1941)
DR. FANTÁSTICO (Stanley Kubrick, 1964)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PLANO DETALHE: enquadramento em
primeiríssimo plano de determinado objeto. Ao
enquadrar pessoa, apresenta uma parte do rosto ou a
mão, por exemplo.
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PLANO DE LOCALIZAÇÃO: usualmente, um
plano geral usado próximo do início da cena para
estabelecer a interrelação com os detalhes a serem
mostrados em seguida em planos mais próximos.
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
REACTION SHOT: um corte para o rosto do
ator para revelar uma resposta emocional.
REACTION SHOT/plateia OS PRODUTORES (Susan Stroman,
2005)
TWO SHOT: plano enquadrando duas pessoas,
geralmente da cintura para cima.
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
CAMPO-CONTRACAMPO: sucessão de planos
que se segue em um diálogo entre personagens, onde
a câmera se localiza over the shoulder, alternando o
objeto mostrado.
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
Movimentos de
câmera
PANORÂMICA: a câmera se move ao longo do
eixo horizontal, vertical ou oblíquo. Uma panorâmica
é geralmente usada para definir a locação ou a ação
seguinte.
POSSIBILIDADES DE PANORÂMICA
TRAVELLING: movimento no qual a câmera se
movimenta deslocando o eixo sobre o qual está
apoiada, aproximando-se ou afastando-se dos
elementos de uma cena, de forma linear
POSSIBILIDADES DE TRAVELLING
Ângulos de
enquadramento
FRONTAL: a câmera se posiciona no nível do
personagem, enquadrando toda a ação sob um ponto
de vista retilíneo.
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PLONGÉE: a câmera se posiciona acima do
personagem e/ou ou objeto representado,
enquadrando-o de cima para baixo.
TAXI DRIVER (Martin Scorsese, 1976)
CONTRA-PLONGÉE: a câmera se posiciona
abaixo do personagem e/ou objeto representado,
enquadrando-o de baixo para cima. Pode, por vezes,
conferir grandeza a determinada personagem.
CIDADÃO KANE (Orson Welles, 1941)
CÂMERA BAIXA TOTAL: Em Kill Bill, Quentin
Tarantino explorou ao máximo os enquadramentos
possíveis para representar a dinamicidade de suas
personagens, em cenas de luta.
KILL BILL (Quentin Tarantino, 2003)
CÂMERA ALTA TOTAL: A assinatura do
contrato de aliciamento de Travis, em Taxi Driver,
como motorista de taxi, já contém o germe (pelo
menos é o que sugere a permanência do ponto de
vista fora de prumo) da louca matança final à qual ele
entregará empreendimento que talvez tenha sido
ditado "do alto”.
(JULIER; MARIE, 2009, p.27)
TAXI DRIVER (Martin Scorsese, 1976)
Escolha de
enquadramentos
O suspense gerado por Hitchcock em
Correspondente estrangeiro (1940), se estabelece na
concatenação de planos de escalas muito distintas. Do
alto da torre de uma igreja, Roley planeja empurrar
Jones para a morte.
(Dancyger, 2006, pp.106-107)
Jones olha a paisagem. Logo no plano seguinte
temos as mãos estendidas de Roley, precipitando-se
para a câmera até que vemos sua mão em detalhe.
Hitchcock então corta para um plano geral de um
homem caindo no chão. Não sabemos quem é, mas o
sentido de antecipação constrói-se sobre o destino de
Jones.
(Dancyger, 2006, pp.106-107)
CORRESPONDENTE ESTRANGEIRO (Alfred Hitchcock, 1940)
Logo no início de Vertigo (1958), Hitchcock usa
planos de detalhe e grandes planos gerais para definir
a fonte da doença de Scottie: seu medo de altura.
Planos detalhe, grandes planos gerais e movimentos
de câmera subjetiva criam a sensação de pânico e
perda na descoberta de sua doença.
(Dancyger, 2006, p.114)
VERTIGO (Alfred Hitchcock, 1958)
Na célebre cena do assassinato de Marion
Crane, em Psicose, quando Hitchcock quer registrar
o choque de Crane, seu medo e sua resistência, ele usa
o plano detalhe de sua boca ou de sua mão.
(Dancyger, 2006, p.108)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
Quando quer aumentar o sentido de choque,
Hitchcock corta para um plano subjetivo da
personagem, que visualiza a arma do assassinato.
(Dancyger, 2006, p.108)
PSICOSE (Alfred Hitchcock, 1960)
O uso do plano de detalhe e dos planos subjetivos
faz a cena do assassinato se arrastar por tempo maior
do que parecer dolorosamente longa.
(Dancyger, 2006, p.108)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AUMONT, Jacques; MARIE, Michel. Dicionário teórico e crítico do cinema. Campinas: Papirus editora, 2010.
DANCYGER, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. História, teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
GOLIOT-LETÉ, Anne; VANOYE, Francis. Ensaio sobre a análise fílmica. Campinas: Papirus editora, 2006.
LAURENT, Julier; MARIE, Michel. Lendo as imagens do cinema. São Paulo: SENAC, 2009.
MARIE, Michel. Godard e a Nouvelle Vague. Campinas: Papirus editora, 2009.