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ELAINE RODRIGUES FERREIRA KISTER
A IMPORTANCIA DO CONHECIMENTO DA LlNGUAGEM LIBRAS NA
FORMA9AO DO PROFESSOR E NO PROCESSO DE INCLUSAO
ESCOLAR DO INDIViDUO SURDO
Monografia apresentada ao curso de LelrasPortugues/lngles de Facufdade de eie-nciasHumanas; Letras e Artes de Universidade Tuiuti doParana, como requisito parcial para obtem;80 do titulode licenciatura em LetrasOrientadora: Professora Joeran Machado Bueno.
CURITIBA2009
RESUMO
Este trabalho busca analisar a importancia do aprendizado da
LIBRAS na forma~ao profissional do academico de Letras, como forma de
oferecer ao aluno surdo uma educac;:ao de melhor qualidade. Discute questoes
relacionadas a forma~ao do professor para trabalhar com portadores de
necessidades especiais, especialmente com surdos, valendo-se de dados
coletados junto aos academicos do curso de Letras de uma unica universidade,
onde a pesquisadora tambem esla conc1uido 0 referido curso. Utiliza-s8 como
fante a pesquisa bibliografica e a pesquisa de campo. Considera-se relevante
este estudo para a conscientizac;:aoda importancia que existe em oferecer uma
formac;:ao adequada ao professor, para que ele possa aluar de forma
condizente com a lei de inclusao social, atendendo as expectativas de seu
alunado e tambem contribua no processo de construc;:aode uma escola igual
para todos e de uma sociedade mais justa.
PaJavras chaves: LIBRAS, Formayao de professor, inclusao social,
necessidades especiais.
SUMARIO
INTRODU<;Ao ... . 06
CAPiTULO I
A DIMENSAo SOCIAL DA llNGUAGEM LIBRAS NA FORMA<;AoPROFISSIONAl DO PROFESSOR DE lETRAS lICENCIATURA... .. ....09
1.2 - FALANDO SOBRE SURDEZ... . 18
1.3- LIBRAS - LlNGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS.. . 03
CAPiTULO II
A IMPORTANCIA DO APRENDIZADO DA LlNGUAGEM LIBRAS NAFORMA<;Ao DO PROFESSOR... . 25
CAPiTULO III
A IMPORT AN CIA DADA PElOS ACADEMICOS DE lETRAS PARA 0APRENDIZADO DE LIBRAS.. . 34
3.1- DO QUESTIONARIO .. . 34
3.1.1 - Oas questoes ... . 35
3.2 - DOS RESULTADOS 35
3.3 - ANALISE E DISCUsSAO .. . 38
CONSEDERA<;OES FINAIS .43
REFERENCIAS .45
1 - INTRODUC;:AO
A presente pesquisa tern 0 objetivo de analisar a import§lncia do aprendizado
de LIBRAS (Lingua Brasileira de Sinais) pelo academico de Letras, da Universidade
Tuiuti do Parana, e tambem a formay8o profissional oferecida pelo curso para
trabalhar com as alunos com necessidades educativas especiais, especialmente
com surdos, de acordo com a lei de inclusaa social vigente.
Para que uma pessoa surda seja incluida e verdadeiramente aceita numa
sociedade e preciso mais do que ter urn simples interprete, e necessaria que as
pessoas com as quais convive a compreendam, tanto quanta aquelas do convivio
familiar, que sao importantes para sua forma~ao, como tambem seus colegas de
escola e seus professores.
As pessoas com deficiencia auditiva au as que sao completamente surdas
sao capazes de um convivio social amplamente satisfat6rio desde que sejam
atendidas algumas necessidades especificas de seu problema. Nao podemos
pensar neste caso que os surdos sao como outros alunos com deficiencia, jil que a
linguagem e um fator determinante para a formac.;:ao de qualquer individuo e
geralmente por serem surdos, os mesmos terao maiores limites em sua linguagem
expressiva e comunicativa, e assim precisarao de apoio e metodologias que supram
suas dificuldades. Tambem permitir que os surdos participem de espa90s antes
freqOentados somente por "ouvintes" talvez nao seja a melhor maneira de diminuir
as diferen9as e a exclusao. Apesar de tantas lutas para serem aceitos, ainda hoje,
os surdos parecem viver num mundo paralelo, isolados, onde sao poucos os que
conseguem entrar e compartilhar momentos importantes devido a dificuldade para
se comunicarem.
Sabe-se que leis foram criadas para garantirem a essas pessoas os seus
direitos, mas tambem infelizmente, podemos verificar que ainda ha muito a ser feito
para que elas realmente se concretizern em todas as instituic;oes de ensino e lugares
freqOentados pelos surdos.
Se nos importamos tanto a ponto de aprendermos uma lingua estrangeira,
como 0 ingles e 0 espanhol, que ja fazem parte do curriculo escolar, por motivos
financeiros, status au mera prazer, por que nao pensamos no aprendizado de
LIBRAS como uma forma de diminuir as dificuldades de comunicaC;ao em nossa
propria sociedade? Por que ate hoje essa modalidade da lingua nao fol incluida no
curricula escolar? Como as professores conseguem passar seu conhecimento e
ajudar 0 aluno a construir 0 proprio conhecimento atraves de urn interprete, nao
sendo devidamente preparado para trabalhar com esse aluno? Eles nao deveriam
aprender essa forma de comunicac;ao desde 0 magisterio? Por que as crianc;as
ouvintes nao aprendem LIBRAS desde 0 inicio de sua formagao escolar? Se apenas
algumas dessas rnedidas fossem tomadas, possivelmente diminuiriam as
dificuldades enfrentadas pela comunidade surda e tornaria a sociedade mais justa,
onde a palavra inclusao teria urn novo sentido, sendo considerada a constrUC;<3odo
conhecimento do aluno surdo, sem privilegiar 0 conceito oralista. respeitando sllas
necessidades e tambem pramovendo uma interaC;8o verdadeira com seus
profess ores e colegas.
Uma das dificuldades enfrentadas, hoje, em nossa sociedade, em relaC;3o a
educagao de surdos, sao crianc;as que nao dominam nenhuma Ifngua, seja a de
sinais, LIBRAS, ou a "oral", visto que geralmente sao filhos de pais ouvintes, e que
atendendo a lei de inclusao social, sao inseridas nas escolas de educac;ao regular,
onde a majaria sao ouvintes. Esta crianc;a com certeza tera dificuldades para
compreender 0 conteudo que esta sendo aplicado e nao havendo acompanhamento
adequado para que ela consiga adaptar-se a nova realidade, sera prejudicada pela
falta de prepare das instituic;6es e tambem dos profissionais do ensino, vindo ate
mesmo a S8 desinteressar pelos estudos e desistlr.
8aseado nestas implicac;oes, este trabalho levanta a seguinte problematica:
Qual a importancia do ensina de LIBRAS na formac;ao do professor, a favor de uma
educayao com mais qualidade para as surdos? Para tal, busca esclarecer a
import,,"cia do ensino da linguagem LIBRAS no curso de forma~ao de professores,
no ensina superior, e a valor dado pelos profissionais em sala de aula para esta
linguagem, bern como pelos academicos de licenciatura em Letras para esse
aprendizado, vista que 0 curso de licenciatura em Letras prepara 0 profissional para
trabalhar com Unguas e que estao sujeitos a trabalharem tanto com alunos ouvintes
como surdos, de acordo com a perspectiva inclusiva atual.
Este trabalho foi dividido em tres capitulos. 0 primeiro discutira a dimensao
social da linguagem LIBRAS e contara um pouco da sua trajetoria. 0 segundo
capitulo abordara a importancia do aprendizado da linguagem LIBRAS na forma~ao
do professor e 0 terceiro capitulo analisara atrav8s de uma pesquisa de campo com
os alunos do curso de Letras da Universidade Tuiuti do Parana, a importimcia dada
ao aprendizado da LIBRAS na sua forma~ao profissional.
CAPiTULO I - A DIMENSAO SOCIAL DA LlNGUAGEM LIBRAS NA FORMACAO
PROFISSIONAL DO LlCENCIADO EM LETRAS
Nao e tao recente a discussao em torna das quest6es que envoivem alunos
com necessidades especiais, essa perspectiva jil existia na constitui9ao do Centro
Nacional de Educa9ao Especial - CINESP, do Ministerio da Educa9ao e Cultura -
MEC, em 1974, mas a patavra apresentada para nomear essa pratica era
"integrac;ao"
Segundo Sassaki (1997) integra9M refere-se a ideias de que a pessoas
com deficiencia podem ser inseridas nas diversas areas da sociedade desde que
consigam adaptar-s8 aD meio, superando seU$ limites. Nao havia a preocupac;c3o em
preparar a sociedade para recebe-Ia, assim como traz 0 conceito de inclusao, que
busca uma nova maneira de S8 pensar a sociedade, como urn espac;:o acessivel a
todos, e tern levado com essas reflex6es, modificar-se naD 56 os espa90s fisicos
como escatas, empresas, espa90s urbanos, mas tambem conscientizar seus
membros de tal modo que sejam eliminados os fatores que excluiam certas
pessoas do seu seio e mantinham afastados aquelas que foram excluidas. Esse e
um processo que deve ser continuo e envolver toda a sociedade, na intenc;:ao de
acolher a todos, independentemente de suas diferen9as individuais. Ainda estamos
na fase de transic;:ao de um paradigma para outro, sendo inevitavel que essas duas
palavras, integrac;:ao e inclusao sejam usadas com diversas interpretac;:6es por
diferentes pessoas.
A partir da Declara9ao de Salamanca, em 1994, passou-se a considerar a
inclusao dos alunos com necessidades educativas especiais em classes regulares,
como a forma mais avanc;:ada de democratizac;:ao das oportunidades educacionais,
na medida em que se considerou que a maior parte dessa populac;:aonao apresenta
qualquer caracteristica intrinseca que nao permita essa inclusao, s6 nao devendo
participar as individuos que realmente nao apresentassem condic;:oes para
acompanhar as demais.
Para Moura (1996, p. 238) "os surdos pertencem a um grupo minoritario que
sofre uma restriyao que precisa ser compreendida na sua plenitude" Se nao houver
entendirnento das necessidades de adaptac;:aode um surdo, as chances para que
ele tenha sucesso no processo de inclusao serao minimas e nao sera possivel
garantir uma educagao de qualidade, embora esteja garantido pela lei 0 seu direito
de estudar em uma escola regular e esta determine que haja igualdade de
condic;:6esfrente aos demais alunos. Nao desconsiderando totalmente as beneficios
da iniciativa de inclusao e uma escola igual para todos, mas sim considerando que
como varias outras, essa medida tambern e passive I de diferentes interpretac;:6es,
pais nem sempre os resultados dessa inclusao sao positivos.
A Lei de Oiretrizes e Bases da Educayao Nacional (Lei 9.394, de 20.12.1996), nocapitulo V, define educaytio especial como "modadlidade de educa<;ao escolaroferecida preferenciatmente na rede regular de ensino. para portadores denecessidade especiais" (art. 58). A oferta de educa<;ao especial e "deverconstitucional do Estado· (art. 58 parag. 3°). Alem disso a LOB preve "curriculos,metodos e lecnicas, recursos educativos e organiza<;tio especlficos" para aatendimento adequado de Necessidades Educativas Especiais (art. 59, 1) e•...professores de ensino regular capacitados para a integrayao desses educandosnas classes comuns" (art. 59,111).(...Jo processo de educa<;ao[inclusao], entretanto, nao e facilmente alcanyado apenasatraves da instaura<;ao de uma lei. Tampouco pode ser concluido rapidamenteExige uma serie de medidas gradativas de reformulayao do ensino que comeyapelos ja citados currfculos e metodos, [capacitayao dos professoresj, e vai atem. 0atendimento de pessoas com NEE, na rede regular de ensinoexige de seusprofissionais conhecimentos produzidos em diferentes areas (psicologia, medicina,pedagogia, arquitetura etc.) para gerar urn saber interdisciplinar.
Referindo-se aos individuos surdos, e preciso levar em considerac;:aoque
existem diferen9as nas formas de aprendizagem e que os mesmos dificilmente
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conseguirao acompanhar os outros alunos (ouvintes) sem se sobrecarregarem com
atividades extras, aulas de refor~os, e que muitas vezes nao participarao da
metodologia aplicada em sala de aula, por esta ter sido pensada para a maiaria.
Assim, da mesma forma este aluno ainda estaria sendo excluido, de uma forma
"disfar~ada", mas ocasionando possiveis desgastes emocionais, pois 0 aluno surdo
nao pode compreender um conteudo transmitido em uma lingua que ele na~
domina, fato que restringe a sua aprendizagem a uma quantidade muito reduzida de
conhecimento e com qualidade questionavel (SACKS, 1990). Neste processo de
aprendizagem e de extrema importancia 0 empenho da familia, ela e quem ira
garantir que essa crian~a tenha ou nao acesso as possibilidades de receberem
acompanhamento adequado, pois quase sempre atendimentos com profissionais
especializados sao oferecidos em horarios diferenc;ados, 0 que obriga os pais a
reverem suas atividades cotidianas, como a trabalho, para conseguirem ajudar seus
lilhos.
Apesar dos surdos estarem incluidos entre os alunos com necessidades
educativas especiais, pais a lei de inclusao social busca alcanc;ar a tados que de
alguma forma necessitam de atendirnento especial, as quesWes que envolvem estes
individuos vern sendo discutidas ja ha muitos anos, principalmente no que diz
respeito a lingua brasileira de sinais, LIBRAS, e seus beneficios ou nao, para a
aquisiC;30da linguagem pelo surdo, chegando ate mesmo a ser comparada com
gestos primitivos dos tempos das cavernas, portanto, inferior. Por Dutro lado, isso
pode ser indicac;aode que desde do inicio da humanidade ja utilizavamMseos sinais
para a comunicac;c3o.Podemos afirmar, sob esse ponto de vista, que "as Linguas de
Sinais existiram desde que existe a lingua oral humana, e sempre que existirem
surdos reunidos por mais de duas gera,oes em comunidades" (SACKS, 1990, p.
62).
II
A existemcia de uma lingua somente e considerada a partir do momenta que
exista uma cultura a ela ligada, nao delimitando os meios de transmissao utilizados,
a extensao do vocabulario, ou 0 tipo de som emitido pelos "falantes" Rocha Lima
(2003) trata a lingua como um instrumento de comunica<;:ao geral, aceito pelos
membros de uma coletividade, nunca um sistema unico, mas um conjunto de
sistemas que leva em si varias tradi<;:6es. "A lingua e um sistema: um conjunto
organizado, opositivo de relagoes, adotado por determinada sociedade para 0
exercicio da linguagem entre os homens." (ROCHA LIMA, 2003, p. 5).
o fato das Linguas de Sinais serem "fa lad as" e nao terem registros escritos,
nao e possivel saber sua origem e 0 que se sabe sobre ela e seus usuarios ainda e
muito pouco. 0 primeiro livro conhecido em Ingles que descreve a Lingua de Sinais
data de 1644, com autoria de J. Bulwer, Chirologia, confirmando que jil nesta epoca
havia uma preocupa<;:ao com a educa<;:ao do surdo. Essa preocupa<;:ao e refor<;:ada
com a publica<;:ao, em 1648, do livro Philocophus, do mesmo autor, dedicado a do is
surdos: 0 barones Sir Edward Gostwick e seu irmao William Gostwick, no qual se
afirma que 0 surdo pode expressar-se verdadeiramente por sinais se ele souber
essa lingua tanto quanto um ouvinte domine sua lingua oral (in WOll,1987, p.12).
Pode-se dizer que 1775 foi uma data marcante para a comunidade surda, devido afunda<;:ao do Instituto de Surdos e Mudos de Paris, que e 0 atual Instituto de Surdos
de Paris, onde 0 abade l'Epee (1712-1789) desenvolveu seu trabalho de descrigao
da Lingua de Sinais utilizada pelos surdos de Paris, produzindo uma especie de
"dicionario" da lingua francesa para a lingua de sinais. Seu trabalho educacional foi
difundido por todo 0 mundo como 0 "metodo manual" ou "frances" Isso provocou
uma mudan<;:a radical na metodologia de ensino que vigorava na epoca, ja que os
alunos de L'Epee aprendiam a lingua escrita e a Ilngua de sinais, deixando a
oraliza<;:ao de lade e tambem possibilitou que varios surdos, nao somente da Fran<;:a,
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mas da Russia, Escandinavia, Espanha, Italia e Estados unidos tivessem uma
ascensao social, ocupando cargos de importancia na sociedade de seu tempo, alga
que jamais aconteceria se nao houvessem recebido tal eduCa9ao, sem ela,
continuariam limitados as tarefas mais baixas au a mendigar pelas ruas. (SANCHEZ,
1990, p. 51 citando STOKOE, 1978). Esta pequena passagem pela hist6ria da
Linguagem de Sinais nos mostra como ela e importante e seria capaz de modificar a
realidade do surdo em nossa sociedade se fosse realmente valorizada, ou
reconhecida como parte da cultura desse grupo social, portanto impossivel de ser
desconsiderada.
Em 1809, Watson (que era neto de Thomas Braidwood, fundador da primeira
escola para surdos na lnglaterra) descreve em seu livro Instruction of the deaf and
dumb um metodo combinado de sinais e desenvolvimento da fala. Mas apesar dos
estudos com a Linguagem de Sinais estarem apresentando um resultado positivo,
em 1880, no famoso Congresso de Milao, realizado no perioda de 06 a 11 de
setembro de 1880, baseado na proposta do metoda germiinico, a "oralismo", que
acreditava que um dos maiores problemas da educa9ao dos surdos estava
exatamente no uso da comunica980 gestual e na existElnciade escolas residenciais
especiais para surdos, porque potencializavam 0 problema, reuniu cento e oitenta e
duas pessoas, na sua maioria ouvintes, vindos de parses como Belgica, Fran9a,
Alemanha, Inglaterra, ltalia, Suecia, Russia, Estados Unidos e Canada. Com a
objetivo de discutir a educaryc30de surdos e analisar as vantagens e os
inconvenientes do internato, 0 perlodo necessario para educaryc30formal, 0 numero
de alunos por salas e, principalmente, como os surdos deveriam ser ensinados, par
meio da linguagem oral au gestual, nao contando com a participa,ao nem com a
opiniao da minoria interessada - as surdos -, um grupo de ouvintes imp6s a
superioridade da lingua oral sobre a lingua de sinais e decretou que a primeira
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deveria constituir 0 unico objetivo do ensino, mesmo ja tendo este metoda
fracassado antes, ao inserirem alunos surdos em escolas regulares. 0 Congresso
declarou que 0 metodo oral, na educayc30 de surdos, deveria ser preferido em
rela<;c3oao gestual, pois as palavras eram, para os ouvintes, superiores aos gestos.
Assim, com essa decisc3o, inicia-se mais urn capitulo da long a caminhada
pelo reconhecimento da lingua de Sinais, que passa a ser progressivamente banida
na educa<;80 de surdos, s6 sendo retomada a partir da decada de 1940 ou mais
tarde. 0 porque dessa decisao tao radical, ate hoje nao se tern res posta clara, mas
uma das hipoteses e que se acreditava na cura da surdez devido ao
desenvolvimenta de tecnologias das proteses reabilitadoras.
Neste contexto, com certeza a luta dos surd os, pelo reconhecimento de sua
cultura e linguagem, continuou mesmo que quase imperceptivel, pelos professores
surdos que nao aceitavam que professores ouvintes ensinassem alunos surdos.
Apesar de quase esquecida, nem por isso a Lingua de Sinais deixa de existir. Os
Estados Unidos continuam ate hoje sendo 0 centro mundial mais importante de
pesquisa lingOistica em Lingua de Sinais, contando, inclusive, com alguns
pesquisadores surdos em suas equipes, inaugurando um momento de trabalhos que
trazem forte influencia da visao culturalista. A entrada de pesquisadores surdos no
cenario da pesquisa linguistica sobre as Linguas de Sinais podera trazer uma
mudan,a qualitativa no trabalho que vem sendo realizado ate hoje em todo 0
mundo.
No Brasil, e conhecido como 0 "inicio oficial" da educayao dos surdos
brasileiros, a funda<;ao, no Rio de Janeiro, do Instituto Nacional de Surdos-Mudos
(INSM, atual Instituto Nacional de Educa,ao de Surdos- INES), atraves da Lei 839,
assinada por D. Pedro II em 26 de setembro de 1857. A publicayao do mais
importante documento encontrado ate hoje sobre a lingua Brasileira de Sinais,
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LIBRAS, e de 1873, 0 Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos, de autoria do
aluno surdo Flausino Jose da Gama, com lIustra90es de sinais separados par
categorias animais, objetos, etc. Da mesma forma que nos Qutros paises, aqui no
Brasil em 1911, influenciados pelo Congresso de Milao, a LIBRAS tambem passa a
ser rejeitada, sen do privilegiada a visao oralista. Mas devido ao empenho de alguns
professores, funcionarios sllrdos e tambem de ex-alunos das escolas, que nao
abandonaram a pratica, houve a manutenc;:ao dessa lingua e urn resgate nos dias de
hoje. Em seu artigo LIBRAS: A lingua de Sinais dos Surdos Brasileiros, a
pesquisadora Celia Regina Ramos e tambem mae de urn adolescente surdo, tala
sobre a proibi9ao do usa da LIBRAS em sala de aula, ela cita a relata de uma
professora que presenciou esse momento:
Somente em 1957. par iniciativa da direlora Ana Rlmal; de Faria Doria e parinfluencia da pedagoga Afpia Couto, finalmente a lingua de Sinais foi oficialmenteproibida em sala de aula. Medidas como 0 impedimenta do contato de alunos maisvelhos com as novatos foram tomadas, mas nunca a exilo foi plena e a LIBRASsobreviveu durante esses anos denlro do alual INES. Em depoimento informal,uma professora que atuou naquela epoca de proibiryoes (que durou, alias, ale adecada de 1980) contou-nos Queos sinais nunca desapareceram da escola, sendofeilos por debaixo da pr6pria roupa das crianryas eu embaixo das carteirasescolares ou ainda em esparyosem que nao havia fiscalizaryao,E evidente, porem,que um tipo de proibiryaodesses gera prejuizos irrecuperaveis para uma lingua epara uma cuitura.
Muitas lutas comprovam que no decorrer dos anos varios obstaculos tem
side encentrados para se oferecer uma educag80 justa e eficiente para os surdos e
tambem a grande importancia de se reconhecer a LIBRAS como aliada no processo
de formac;aodos individuos surdes e para urna sociedade verdadeiramente inclusiva
em relac;aoa eles. A lei de inclusao social garante no papel 0 direito para que ele
estude numa sala de alunes ouvintes, mas nao garante que essa educac;ao seja de
qualidade, com profissionais preparados para recebe-Ios, Ihes proporcionando um
desenvolvimento intelectual realmente eficaz que a tome capaz de competir no
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mercado de trabalho, da mesma forma que um aluno ouvinte, sendo realmente
incluido socialmente em todas as areas. Nao se pode desconsiderar que existem
necessidades pr6prias a serem atendidas no que se diz respeito a inclusao social
escolar e a educa((ao do individuo surdo.
o investimento para forma((ao de professores para trabalhar com essa
diversidade praticamente nao existe, mUlto pouco tern side feito nos cursos de
formayao desses profissionais e na maioria das vezes a funcyao de estabelecer urn
contato desse aluno com os demais num ambiente de ouvintes, ou seja, numa sala
de alunos ouvintes, fica sobre a responsabilidade de um interprete, de quem esse
aluno torna·se dependente, havendo pouca interac;:ao entre professor e aluno. Essa
situa9ao demonstra que nao se da muita importancia pela forma com que esse aluno
constr6i seu conhecimento, pois nem todos os professores encontram·se
didaticamente preparados para essa situac;:ao, sendo assim, a sua metodologia
tambem estara comprometida, obrigando a proprio aluno a esforc;:ar-se a dobro para
acompanhar 0 andamento das aulas, causando·lhes frustrac;:oes e ate mesma
desistencia. A proposta de inclusao que propoem uma escola igual para todos,
parece atender rnais as quest6es de integrac;:ao social e nao aprendizagem, ou seja,
vai ser born para "ele" conviver com pessoas "norma is", 0 futuro do surdo e pensado
a partir do ponto de vista do Qutro, 0 ouvinte, como S8 0 surdo, a partir do contato
rna is frequente com "ouvintes~ passaria a desenvalver·se rnelhor em relayao
principalmente a aquisiC;ao da linguagem, como aconteee naturalmente com as
crianc;a ouvintes. Mas a processo nao e tao simples assim, de aeordo com Celia
Regina Ramos:
Ah~mde pesquisadora e profisslonal engajada na luta dos Surdos brasileiros. soutambem mae de um jovem surdo de quinze anos. Meu filho nunca frequentou umaescola especial para Surdos. Durante 8 anos de sua vida Toribio passou duashoras. 5 vezes por semana em uma clinica de reabilita9ao fonoaudiol6gica. Maisdois anos nessa jornada tr~s vezes por semana. Ap6s uma mudanr;:ade cidade, ele
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passou a ser atendido duas vezes par semana com uma fono individual, par 45minutos. Aa campletar 12 anos, decidimos conjuntamente que Taribio deixaria defrequentar a fono, em funca.ado acumulo de atividades normais de um adolescente(esportes, curso de informatica) ja que, alem do tempo dedicada ao estudo emcasa ele ainda conta com a ajuda de uma professora particular duas vezes parsemana. Toribio pode ser considerada oralizado, para a padrao de sua surdezprofunda. Mas sua fala na.o e totalmente compreensivel para muitas pessoasNunca fai reprovado na escola. Parece ser uma pessoa feliz. A oPCa.ode se colocaruma crianca Surda em escolas regulares traz infinitos problemas, que a cada dianossa familia lem lulado para superar. Com amor e dedicacao em primeiro lugar, eem segundo e indispensavel lugar, com muito apoio de profissionaisespecializados.( ..) (RAMOS, 2007).
o que precisamos hoje e aprimorar essas discussoes em torno dessas
quest5es que envolvem a comunidade surda, e agir. Em relagao a aquisi9aO da
linguagem, tanto a LIBRAS quanto 0 metodo oralista se completam, ajudando 0
surdo na compreensao do mundo a sua volta. 0 metodo oralista, mesma com 0
desenvolvimento da tecnologia na area de aparelhos para surdez, e 0 empenho da
fonaaudiologia nao conseguiram sozinhos resolver esse problema, como apontam
as estudos do medico uruguaio Carlos Sanches, realizados na Venezuela. Sanches
(2000), constatou que crian9as educadas nas escolas oralistas da rede oficial, 0 qual
incluia crian9as surdas em sala de ouvintes, os surdos nao conseguiam tornar~se
usuarios constantes e fluentes da lingua escrita, devido a muitas lacunas que nao
era possivel ser preenchidas pelos surd os, pela falta de compreensao, deixando a
comunica9ao sem sentido, a que poderia ser consideravelmente melhorado com a
linguagem de sinais. Devido a este resultado hi! 0 apoio, por parte do pesquisador,
para que sejam criadas escolas bilingOes, onde os alunos surdos teriam suas
necessidades atendidas por profissionais devidamente preparados em salas
separadas e nao deixariam de conviver no mesma espago com os alunos ouvintes
em atividades pre programadas e tambem nos horarios livres para socializagao,
intervalos, entrada, saida etc.
Acredito que nesses momentos ocorreria a verdadeira inclusao, onde seriam
atendidos as necessidades dos surdos, sem torna-Io mais diferente ainda pela sua
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dificuldade, mas demonstrando empenho de lodos no interesse de diminuir ou quem
sa be acabar com as barreiras que separam esses dois mundos, interrompidos pela
falta de comunicac;ao, afinal se os surdos podem aprender a linguagem oral apesar
de suas limitac;oes para se tornarem mais pr6ximos e interagir com esse mundo de
"ouvintes", estes tambem pod em e devem aprender a Linguagem de Sinais,
LIBRAS, para ajudar a encurtar a distancia entre esses dois mundos.
1,2- FALANDO UM POUCO SOBRE SURDEZ
Para 0 professor ou qualquer pessoa que esteja envolvida em algum tipo de
trabalho pedag6gico com pessoas surdas, compreender esse fen6meno aumenta a
possibilidade de atender as necessidades especiais do aluno. Segundo Bevilacqua,
M. C. (1998), altera,oes ou disturbios no processo normal da audi,ao, seja qual for a
causa, tipo grau ou severidade, constitui uma altera9ao auditiva que leva a uma
diminuic;ao da capacidade de ouvir e perceber os sons. Perceber, reconhecer,
interpretar e, finalmente, compreender as diferentes sons do ambiente s6 e posslvel
gra<;as a existencia de tres estruturas que funcionam de forma ajustada e
harmoniosa, canstituindo 0 sistema auditivo humano. 0 ouvida humane e compasto
por tres partes: uma, e externa; as outras duas, internas, estao localizadas denlro da
caixa craniana. 0 som e um fen6rneno resultante da movirnentac;ao das particulas
do ar. Qualquer evento capaz de causar andas de pressao no ar e considerado urna
fonte sonora, A fala, par exempla, e 0 resultado do movimento dos 6rgaos fono-
articulat6rios, que par sua vez provoca movirnentac;ao das particulas de ar,
produzindo entaD 0 som. 0 processo de decodificac;ao de urn estimulo auditivo tern
inleio na c6c1ea e termina nos centr~s auditivos do cerebra, possibilitando a
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compreensao da mensagem recebida. 0 periodo de aquisigao da surdez pode ser
dividida em dois grupos:
•Congenitas, quando 0 individuo ja nasceu surdo. Nesse caso a surdez e
pre-lingual, ou seja, ocorreu antes da aquisi,ao da linguagem.
•Adquiridas, quando 0 individuo perde a audic;ao no decorrer da sua vida.
Nesse caso a surdez podera ser pre ou p6s-lingual, dependendo da sua ocorrencia
ter S8dado antes ou depois da aquisigao da linguagem.
Quanto a 8tiologia (causas da surdez), elas se dividem em:
Pre-natais - surdez provocada por fatores geneticos e hereditarios,
doen,as adquiridas pela mae na epoea da gesta,ao (rubeola, toxoplasmose,
citomegalovirus), 8 exposigao da mae a drogas ou medicamentos que podem afetar
a audigao.
• Peri-natais: surdez provocada mais FreqOentementepar parto prematuro,
an6xia cerebral (Faltade oxigenagao no cerebro logo ap6s 0 nascimento) e trauma
de parto (uso inadequado de forceps, parto excessivamente rapido, parto
demorado).
• P6s-natais: surdez provocada por doengas adquiridas pelo individuo ao
10ngoda vida, como: meningite, caxumba, sarampo. Alem do usa de medicamentos
e outros fatores que tambem tem relagao com a surdez, como avanc;o da idade e
acidentes.
Sendo a surdez uma privac;ao sensorial que interfere diretamente na
comunicagao, alterando a qualidade da relac;ao que a individuo estabelece com 0
meio, ela pode ter serias implicac;oes para 0 desenvolvimento de uma crianc;a,
confarme 0 grau da perda auditiva que as mesmas apresentem. 0 audiometro e um
instrumento ulilizado para medir a sensibilidade auditiva de um individuo. 0 nivel de
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intensidade sonora e medido em decibel (dB). Par meio desse instrumento faz-se
possivel a realizayao de alguns testes, obtendo-se uma classificayao da surdez
quanto ao grau de comprometimento ou intensidade da perda auditiva, a qual esta
classificada em niveis, de acordo com a sensibilidade auditiva do individuo. A
audiyao considerada normal e de 0 a 15 decibeis. Qutros niveis sao:
Surdez leve: de 16 a 40 dB. Nesse caso a pessoa pode apresentar
dificuldade para ouvir 0 som do tic-tac do rel6gio, ou mesmo uma conversayao
silenciosa, cochicho, mas e capaz de perceber os sons da fala; adquire e
desenvolve a linguagem oral espontaneamente; 0 problema geralmente e
tardiamentedescoberto;dificilmente coloca-se 0 aparelho de amplifica,ao porque a
audiyao e muito pr6xima do normal.
Surdez moderada: de 41 a 55 dB. A crian,a pode demorar um pouco para
desenvolver a fala e linguagem; apresenta alterayoes articulat6rias (tracas na fala)
por nao perceber todos os sons com clareza; tern dificuldade em perceber a fala em
ambientes ruidosos; sao crianyas desatentas e com dificuldade no aprendizado da
leitura e escrita.
Surdez acentuada - de 56 a 70 dB. Com esse grau de perda auditiva a
pessoa pod era ter alguma dificuldade para ouvir uma conversayao normal.
Surdez severa: de 71 a 90 dB A crianya tera dificuldades em adquirir a
fala e linguagem espontaneamente; podera adquirir vocabulario do contexto familiar;
existe a necessidade do uso de aparelho de amplifica,ao e acompanhamento
especializado.
Surdez profunda: acima de 91 dB . A crian,a dificilmente desenvolvera a
linguagem oral espontaneamente; s6 responde auditivamente a sons muito intensos
como: bombas, trovao, motor de carro e aviao; freqOentemente utiliza a leitura
20
orofacial; necessita fazer usa de aparelho de amplificaC;ao e/ou implante co clear,
bem como de acompanhamento especializado.
A surdez pode ser, ainda, classificada como unilateral, quando se apresenta
em apenas um ouvido e bilateral, quando acomete ambos ouvidos.
Estudos sobre surdez, publicado na cartilha "Deficif§ncia Auditiva na {dade
Escolar",. Programa de Saude auditiva da Secreta ria de Saude do Estado de Sao
Paulo, esclarece alguns pontos que os professores devem observar, principalmente
o professor que trabalha com alfabetizaC;ao, pois muitas vezes as dificuldades de
aprendizagem pod em estar ligadas a audic;ao. E importante conhecer essas
particularidades sobre a surdez para poder observar:
• Se a crianc;a apresenta dificuldade na pronuncia das palavras,
• Se a crianc;a aparenta preguic;a ou desanimo,
•Se a crianc;a atende aos chamados,
• Se a crianc;a inclina a cabec;a, procurando ouvir melhor,
• Se a crianc;a usa palavras inadequadas e erradas, quando comparadas as
palavras utilizadas por outras crianc;as da mesma idade,
•Se a crian9a nao se interessa pelas atividades ou jogos em grupo,
• Se a crian9a e vergonhosa, retraida e desconfiada.
• Se fala muito alto ou muito baixo,
• Se a crian,a pede repeti,ao frequentemente.
1-3 LIBRAS - LlNGUAGEM BRASILEIRA DE SINAIS
Existem diferentes IInguas de sinais para cada comunidade de surdos, por
exemplo, existe a lingua de sinais americana que e usada por surdos dos Estados
Unidos. A lingua de sinais brasileira e uma lingua usada pela comunidade surda
brasileira. Eo uma lingua reconhecida pela Lei 10436/2002 e pelo Decreto
5626/2005. Essa lingua e de modalidade visual-espacial, ou seja, se realiza no
espa90 com gestos, articuladores visuais: as maos, 0 corpo, os movimentos e 0
21
espayo de sinalizayao. A Lingua Brasileira de Sinais, nao teve sua origem da lingua
portuguesa; mas sim na Lingua de Sinais Francesa, que e uma outra lingua de
modalidade gestual visual. A Lingua Portuguesa influenciou diretamente a
construyao lexical da Lingua de Brasileira de Sinais, mas apenas por meio de
adapta,oes, por serem linguas em contato. A LIBRAS nao e a simples transcri,ao
da lingua portuguesa atraves de gestos e sim uma lingua a parte, assim como as
diversas I1nguas naturais e humanas existentes, ela e composta por niveis
lingOisticos como: fonologia, morfologia, sintaxe e semantica. Da mesma forma que
nas linguas orais·auditivas existem palavras, nas linguas de sinais tambem existem
[tens lexicais, que recebem 0 nome de sinais. A diferenga e sua modalidade de
articulagao, a saber visual-espacial, ou cinesico·visual, para outros. Assim sendo,
para se comunicar em Libras, nao basta apenas conhecer sinais, e tambem
necessario conhecer a sua gramatica para combinar as frases, estabelecendo
comunicayao. Os sinais surgem das combinayoes de configuragoes das maos,
movimentos e de pontos de articulagoes, locais no espago ou no corpo onde os
sinais sao feitos, os quais, juntos comp6em as unidades basicas dessa Lingua.
Assim, a LIBRAS se apresenta como um sistema IingOistico de transmissao de
ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil, e a lingua
usada entre os surdos, a partir do momento em que acontece 0 encontro surdo·
surdo. As escolas, igrejas, as associagoes dos surdos, sao alguns dos locais em que
a comunidade surda se encontra e usa a sua lingua. Como qualquer outra lingua,
tambem existem diferenyas regionais, portanto deve-se ter atenyao as variay6es
praticadas em cad a unidade ou regiao. Ainda nao existe um sistema de escrita
proprio para LIBRAS, portanto ela tem side transcrita usando palavras em portugues
que correspondam ao significado dos sinais. Para designar que a palavra em
portugues indica um sinal, e grafada convencionalmente em letras maiusculas. Por
22
exemplo: CARRO, SOL. Os verbos sao usados no infinitivo. exemplo: LOJA EU IR,
ANDAR.
Mesmo com muito esfofvo, um individuQ surdo, nunca conseguira equiparar a
dominio da lingua oral, ainda que fa,a leitura labial, ao dominio da sua lingua
materna de sinais, par issa na maiaria das vezes necessita de urn interprete. A
comunicagBo oral deixa muitas lacunas, que 0 surdo nao consegue preencher,
devido a sua dificuldade de interpretayBo das palavras. Ha duas situac;oes, no Brasil,
em que 0 surdo tern a direito garantido par lei a ter um interprete: na area penal, em
depoimentos e julgamentos e tambem na area educacional, no processo de
educag30 de surdos em classes de ensino regular.
Segundo Neiva Aquino (2008), Fonoaudi610ga e Psicopedagoga do Centro
Estadual de Atendimento ao deficiente da audio comunica,ao - CEADA de Campo
Grande -MS; que atua tambem como Tradutora e Interprete de Lingua Brasileira de
Sinais e Lingua Portuguesa, as constantes modificagoes e progresso neste campo,
nas concepvoes de ensino de lingua de sinais, atualmente, tem-se dado enfase ao
mecanismo de aprendizado visual do surdo e a sua condivao bilingue-bicultural.
Contudo, 0 surdo e billngOe~bicultural no sentido de que convive diariamente com
duas linguas e culturas: sua lingua materna de sinais (cultura surda) e lingua oral
( cultura ouvinte), ou de LIBRAS, em se tratando dos surdos brasileiros.
CAPiTULO II - IMPORTANCIA DO APRENDIZADO DA LlNGUAGEM LIBRAS NA
FORMACAo DO PROFESSOR
Nao 56 professores e pais devem carregar a responsabilidade de refletir sabrequais deveriam ser as objetivas da educar;ao: cada cidadao tern interesse nisso.Como nossa sociedade deveria ser? e uma questa.o que nao se pade evitar. Elaesta tao imbricada na queslao da educa9c3o que as duas nao pod em fiearseparadas [... ).( Jhon White, The Aims of Education Restated, 1973}.
Uma sociedade e formada e pade ser transformada atraves de agoes
educativas. Somas treinados para vivermos em sociedade, e 0 meio social exerce
forte influencia sabre os individuos que, ao assimilarem tais influencias, tarnam-se
rna is capazes de estabelecer uma relac;ao ativa e transformadora em relac;ao ao
meio social. Essas influencias manifestam-se atraves de conhecimentos,
experiencias , valores, cren9as, modos de agir, tecnicas e costumes acumulados por
viuias gerac;oes. A educaC;Elo, seja ela format, ou informal, e responsavet pelos
processos formativos que ocorrem numa sociedade, e inevitavel envolver-se, peto
simples fato de existirmos socialmente. A pratica educativa e um fen6meno social e
universal, uma atividade necessaria a existencia humana e ao funcionamento de
qualquer sociedade.
A partir desse pensamento, presume-se que cada sociedade deve zelar pela
formaC;Elo dos individuos que a comp6em, observando suas necessidades,
respeitando suas diferen,as e proporcionando a todos as mesmas oportunidades,
auxiliando no desenvolvimento de suas capacidades fisicas e espirituais e assim
prepara-Ios para as varias instancias da vida social. A pratica educativa e um
processo que leva os individuos ao conhecimento e experiEmcias culturais que os
24
torn am aptos a atuar no meio social e a transforma-Io em fun<;:ao de necessidades
economicas, sociais e polfticas da coletividade.
Neste contexto, nao podemos deixar de considerar a importancia do
professor, 0 trabalho docente e parte fundamental neste processo pelo qual os
membros de uma sociedade sao preparados, considerando 0 tempo que se passa
dentro de uma instituiyao de ensino ao longo da vida. Ha sempre uma
intencionalidade, urn objetivo naquilo que se ensina, ou seja, e 0 que deve acontecer
para que as transforma<;:6es atraves da educa<;:ao sejam beneficas para todos.
Para garantir que isso acontega, nao basta ao professor gostar da profissao
ou ter vocagao, isso sem duvida e importante, mas deve somar com uma boa
preparagao, para exercer com exito 0 seu papel na sociedade. As disciplinas
cursadas pelo professor durante 0 seu periodo de formagao academica devem
torna-Io apto para isso, trabalhando as diversas situagoes que poderao ser
encontradas durante sua carreira, no sentido de torna-Io mais dinamico e seguro
quanto a pratica do ensino.
1. As universidades podem desempenhar um importante papei consultivo nodesenvolvimento da educa<;ao das necessidades especiais. em particularno que respeita a investiga<;o3o. avalia<;o3o. forma<;o3o de formadores.elabora<;tlO de programas de forma<;ao e produ<;ao de materiais. Oeve serpromovida COOpera((03O entre universidades e institui((oes de ensinosuperior, nos paises desenvolvidos e em desenvolvimento. Esta liga<;o3oentre a investiga((03o e a formagao e de enorme imporUmcia, sendoigualmente importante envolver pessoas com deficiencia nestainvestiga((ao e forma<;ao, afim de assegurar que as suas perspectivassejam plena mente reconhecidas. ( Declara<;o3o de Salamanca, 1994-paragrafo 47)
o processo de ensino e uma atividade conjunta de professores e alunos,
onde 0 professor e 0 mediador, ele apenas organiza e direciona as atividades, com
a finalidade de promover as condig6es e os meios pelos quais os alunos assimilam
25
ativamente conhecimentos, habilidades, atitudes e convicl'oes, trabalho que se torna
dificil quando 0 professor nao encontra-se devidamente preparado e depara-se, em
sala de aula, com urn aluno pertador de alguma deficiemcia, e precisa de
metodologias e didaticas diferentes para acompanhar a restante da turma, ou ao
menDS que 0 professor conhec;a seu problema e saiba quais as meiDs necessarios
para ajuda-Io, instrwyoes muitas vezes, que 0 professor nao recebeu durante sua
formal'ao.
Neste casa eria-s8 uma lacuna, interrompendo 0 processo de ensina
aprendizagem, causando urn desgaste emocional tanto para 0 professor como para
o aluno. Quando falamos em formac;ao de professores para trabalharem com alunos
portadores de necessidades especiais, pensamos no geral, como S8 fosse passivel
treinar um profissional para lidar com varios tipos de deficiencias numa sala de aula
ao mesmo tempo, como 0 cega, a surdo, a cadeirante, au 0 aluno com Sind rome de
Down e outros, nao considerando que cada um tera necessidades pr6prias e a
professor sendo um s6, tera que dar conta desse processo, desconsiderando ainda
outros pontos relacionados a indisciplina, violencia, que hoje infelizmente, fazem
parte do ambiente escolar em maior escala.
A Declaral'ao de Salamanca (1994), proporcionou uma maior abertura para
discussao sobre uma politica de igualdade e democratizal'ao das oportunidades
escolares, assim tambem como a lei de inclusao escolar, que garantem a direito de
portadores de necessidades especiais estudarem em escolas regula res, mas
deixaram algumas lacunas a serem preenchidas que ate agora sao objetos de
discussoes. A intenry80 realmente e boa e promissora, mas a realidade pode nao ser
tao simples assim. Ao lermos as artigos previstos nas leis, a respeito de inclusao de
alunos portadores de necessidades especiais na escola e formaryao de professores
26
para trabalharem com estes individuos, parece tudo muito facil, desde que nao
consideremos como obstaculos outros problemas referentes a educac;aoescolar. As
escolas, haje, enfrentam problemas serios com viole!ncia, indisciplina dos alunos,
falta de preparo de profissionais, mal condic;6esde estrutura flsica, desistencias dos
alunos em alguns colegios e salas super lotadas em outros, etc.
Conforme se Ie no preambulo da Declara~ao Mundial sobre Educa9ao para Todosembora as na90es do mudo tenham afirmado na Declaracao Universal dos DireitoHumanos, ha mais de 50 anos, que !oda pessoa tem direito a educacao e apesardos esfor~os realizados por paises do mundo inteiro para assegurar esse direito alodos, ainda persiste uma realidade muito distanle daquela idealizada (FACION,2002 )
o que pensar entao sobre incluir um aluno especial nesse ambiente onde
mal se da conta dos considerados "normais" No que se diz respeito a interac;ao e
convivencia pode ser benefico, mas em relac;ao a educac;ao, construc;ao de
conhecimento, um ha de ser prejudicado, e esse como sempre e a minoria, neste
caso representada pelos deficientes. Nao e possivel trabalhar com uma ideia de
escola inclusiva; aquela que acomoda todos os alunos independentemente de suas
condic;6esfisicas, intelectuais, sociais, emocionais au linguisticas, sem preocupar·
se com a formaC;aodo profissional que colocara esta proposta em pratica.
Quando tais garantias legais sao pastas a prova no cotidiano da comunidade, daescofa e do aluno, percebemos que 0 direito que garante 0 acesso escolar nao e amesmo que garante 0 ensino de qualidade, ou ainda, que a escola para todos naoe a escola de todos. (FACION, 2002)
Se a inten9ao e desenvolver uma pedagogia voltada para as necessidades
do aluno a fim de inclui·lo de forma justa na sociedade, e preciso primeiramente
pensar e acreditar no principio de que todas as crian,as podem aprender e que
lodos devem ter acesso ter acesso igualitario a urn curriculo basico diversificado e
27
uma educayao de qualidade com professores preparados para fazer as adaptac;oes
necessarias para atingir estes objetivos.
Esse processo tambem exigira, tanto dos professores como das institui<;oes
de ensina uma serie de modificayoes nos seus objetivos,conteudos, criterios,
procedimentos de avaliac;ao, atividades, e metodologias, para atender as diferenyas
individuais desses alunos, sem transforma·los num "peso" para 0 andamento das
aulas e trabalho dobrado, sufocando ainda rnais ° professor. E preciso refletir sobre
a politica de inclusaa na rede regular de ensino,pois incluir nao deve apenas
consistir na permanemcia ffsica desses alunos na escola, mas no seu
desenvolvimento, tornando-o capaz de atuar na sociedade tanto quanto qualquer
outro individuo, respeitando seus limites.
Nao podemos pensar que a aluna com necessidades educativas especiais
tern a abrigayao de adaptar-se a escola e sua familia e a (mica respansavel para
que ele tenha sucesso. A escola tambem e respansavel par este processa e tern que
ser consciente de sua funyao social. Neste contexto, justifica-se a impartancia que
precisa ser dada a formayao de educadores e a reflexao a respeito de novas formas
de educa~ao. como discute em seu artigo. Patricia Ferreira Bianchini Borges (2008).
que e professora da Rede Municipal de Ensino de Uberaba, licenciada em Letras
pela Uniube - MG, e p6s-graduanda em Estudos Linguisticos: "Fundamentos para a
Ensino e Pesquisa" pela UFU - MG.
[...] e preciso refletir sobre a forma9ao dos educadores. uma vez que ela nao e parapreparar alguem para a diversidade, mas para a inclusao; porque a inclusao naotraz respostas prontas, nao e uma ~multi~habilita9ao para atender a lodas asdificuldades possiveis na sala de aula, mas uma forma9.30 na qual 0 educadorolhara seu aluno de um outro modo. tendo assim acesso as peculiaridades dele,entendendo e buscando 0 apoio necessario.(BORGES 2008).
28
Levando em consideraryao tambem a realidade das institui90es de ensino,
hoje, em rela9ao ao despreparo dos professares, excesso de trabalho devido as
salas lotadas e a baixa remunera9ao, ao alto grau de estresse em consequencia dos
problemas com indisciplina, podemos deduzir que ao inves de incluir estamos
excluindo alunos do ambiente escolar, par este estar se tornando desatualizado e
nao capacitado para acompanhar as rapidas e constantes mudan9as socia is, nao
podendo atender suas necessidades.
Assim, acreditar no sucesso de um processo de aprendizagem de qualidade
par um aluno surdo numa escola que nao se encontra devidamente preparada para
recebe-Io torna-se um desafio e muitas vezes desencoraja, passando a ideia de que
isso e impossivel dar certo.
A escola brasileira e marcada pelo fracasso e pela evasao de uma partesignificaliva de seus alunos, que sao marginalizados pela insucesso, parpriva90es conslantes e pela baixa auto-estima resullante da exclusaoescolar e da social - alunos que sao vitimas de seus pais, de seusprofessores e, sobreludo, das condi90es de pobreza em que vivem,lodos as seus sentidos. (MANTOAN, 2003, p. 27)
Considerando que cada deficiencia tem suas necessidades basicas em
rela9ao a educa9c30 escolar, a foco deste segundo capitulo concentra-se em discutir
a forma9c3o de professares para trabalhar com a problema da surdez em sala de
aula de ensino regular, de acordo com a lei de inciusao.
Segundo a pesquisadora em LingOistica e assessora da FENEIS,
(Federal'ao Nacional de Educal'ao e Integral'ao dos Surdos) Tania Felipe, em
entrevista a Inter Press Service (IPS), (. ..) " a incorporaqao de crianqas surdas nao
proporciona inclusao verdadeira." Para ela, a responsabilidade ortogada aos
professores e muito pesada, e 0 aluna e considerada uma carga, vista que tem uma
29
lingua propria, visual, sinalizada, mas que tambem nem sempre consegue fazer born
uso dela, mesmo tendo pais ouvintes, 0 aluno chega as escolas sem saber a lingua
oral ou a linguagem de sinais LIBRAS, e encontra urn professor que tambem nao
domina esta tecnica, pois na sua formayao isso nao foi oferecido, e urn interprete
neste caso ajuda muito pouco, pois nem sempre e possivel recuperar 0 tempo
perdido e colocar este aluno no mesmo nivel de aprendizagem que os outros. 1550
exigiria do professor urna postura diferente em sala de aula, urna metodologia capaz
de alcanyar a todos e atividades diferenciadas, a que se tornaria dificil ja que 0
professor nao foi preparado para trabalhar especificamente com esse tipo de aluno
e nao conhece as caminhos para Ihe oferecer urn apoio significativo. 0 professor
acaba transferindo essa responsabilidade aos professores de reforyo e ao interprete,
que muitas vezes tera que ensinar tambem alguns passos para a comunicayao,
tanto para professor como para 0 aluno, fato que seria amenizado se a linguagem
LIBRAS fizesse parte do curriculo escolar e da forma<;ao de professores, assim
tambem como disciplinas que colocassem esse profissional a par das necessidades
intrinsecas na educal):aode surdos.
(...) Sem conseguir bons resultados em rela<;aoa oraliza<;~IO,muito menos aaudibiliza<;aoe conseqoenlemente a escolariza<;ao, que foi sendo arrasladaate os dias atuais, os efeitos da repercussao da surdez provocaram nafamilia e no circulo de amizades sentimentos de decep<;ao por um modelonao atingido. Constatamos a necessidade de aceila<;ao do modelo dadiferen<;a.que passou a ser apresenlado par nosso filho ap6s 0 inicio de suapropria idenlificar;:tlOcomo pessoa surda nos meias afins. campanheiros detrabalha e de escala, tambem surdas, e, fundamentalmente, depois docontata e da aquisi<;aoda lingua de sinais. A partir dai, sentimos tambem,nos outros, a necessidade de conhecer 0 espar;:o intrigante Que muiloschamam de "mundo dos surdos" e Queoulros denominam de "gueto", termosdefinidos par ouvintes. Aprendemos Que a terma mais correta e adequado e"comunidade surda", denomina<;aaadotada par seus represenlantes maiorese legitimos. os pr6prios surdos. Naquele momento, tomamas consciencia deque precisavamos inverter os papeis, passando de mae/professora de surdosa mae/aluna de surdos. Foi entao que a inseguran<;a, mesmo com toda aformar;:aoespecializada que tinhamos, deu lugar a uma certeza de que eraestando ao lado dos surdas, ouvindo-os, observando-os, respeitando seusdesejos e anseios, e nao falando por eles. e que eslariamos realmenleaprendenda sabre surdas e surdez.
30
As universidades e faculdades devem ter consciemcia da qualidade do
profissional que mandam para 0 mercado de trabalho se realmente estiverem
comprometidas com 0 papel que desempenham na sociedade. 0 ensino e algo
importante, capaz de Iransformar vidas, par isso, quanto melhor for a preparat;80 do
professor, quanto mats ele conhecer a respeito das possibilidades que envolvem sua
profissao, mats seguran~a e sabedoria ele tera para !idar com as situa~6es.
A complexidade que existe em ensinar, em reunir uma quantidade de
pessoas em volta de urn educador e a partir dai Irabalhar desenvolvendo
metodologias para suprir as necessidades existente na busca do conhecimento ealgo relevante e par issa deve ser valorizada pela sociedade. 0 docente e urn
agente transformador, influente, e desde que esteja bern preparado, pode capacitar
pessoas para as diversas acasioes, mesma que sua fun~ao seja mal campreendida,
numa sociedade em que as valores necessitam de avalia~oes. De acordo com a
educador e escritor Ricardo Ribeiro (1998. p. 72):
A doc~ncia e uma profissao cada vez mais complexa. orientada porfinalidades que, alem de nem sempre serem claras, sao muitas vezestambem ret6ricas: formacao integral do individuo, desenvolvimento dascapacidades basicas, transmissao do conhecimento, ensino deconnecimentos,atitudes. valores, nabilidades. De maneira geral, existe umaresislencia a introduzir na definicao 0 fator institucional que redefine e comcerteza delemita a profissao docente: a formacao integral do individuo(aceilandoa definicaomais generica)nao se reduz a professor- aluno. ~ umaatividade que se realiza em grupo. no contexto de instiluicao escolar deinteresse nacionaJ,que define desde os grandes objetivos da relacao ate 0
uso cotidianode tempo e do espacoescolares.
A educadora Daiana Espindola Bertolin (2007), retrata a escola como: "8
uma das institui~6es mais totais, depois da familia, onde se pode desenvolver a
abertura de pensamentos, a rapidez de perceP9E10, a capacidade de brigar por seu
espa90".
J 1
Torna-se dificil pensar que isto pode dar certo num contexte onde 0
professor nao con segue entender seu aluno e criar um ambiente de ensino
favoravel, devido a distancia criada pela falta de comunicaC;ao, no caso de alunos
surdos que sao incluidos em sala de ouvintes, 0 fato do professor ter conhecimento
de LIBRAS nao dispensaria 0 apoio de um interprete, mas com certeza faria
diferen9a a esse aluna e tambem aas pais, par saberem que quem recebe seu filha
na escola esta preparado e conhece as dificuldades e delimitac;oes que ele enfrenta
em busca de seu conhecimento.
A linguagem estabelece relac;oes, cria 0 mundo a nossa volta. E importante
para 0 professor e para 0 aluno, mesmo que em pequenos momentos, esse contato
e essa troca, isso fortalece os lac;os de afetividades essenciais para um bom
desenvolvimento cognitiv~.
32
CAPiTULO III - A IMPORTANCIA DADA PElOS ACADEMIC OS DE lETRASPARA 0 APRENDIZADO DE LIBRAS
Para investigar qual a importfmcia do aprendizado de Libras na forma98o de
professores, desenvolveu~se uma pesquisa de campo do tipo qualitativa, na qual
fcram entregues questionarios com quest6es abertas e fechadas aDs academicas do
curso de Letras da Universidade Tuiut; do Parana. Estabeleceu-se somente a
referida institui980 par ser a mesma cnde a pesquisadora esta concluindo 0 curso de
Letras.
o procectimento metoctol6gico desenvolveu-se da seguinte forma:
1° - Fai elaborado a questionario
2° - 0 questionario foi validado par uma professora especializada na area,
com forma,ao em LIBRAS.
3° - Foram entregues 60 (sessenta) questionarios e solicitado que
responctessem, a pesquisadora aguardava 0 preenchimento e logo apes efetuava 0
recolhimento. Os questionarios que foram deixados com os academicos para serem
respondidos em outro momenta, nao foram entregues. Assim foram apresentados
aos academicos 60 questioniuios e foram devolvidos 53 (cinquenta e tres),
representando a amostragem da pesquisa. 0 criterio para a participayao da
amostragem foram academicos que tenham tido, seja durante 0 curso ou apes 0
semestre curricular prestado, ou seja como optativa, a acesso a disciplina de
LIBRAS, com carga de no minimo 36 heras.
3,1 - DO QUESTIONARIO
o questionario continha 5 questoes sendo 3 fechadas e 2 abertas.
33
3.1.1 - Das quest6es
As questOes investigadas foram:
1) Voce acha importante 0 aprendizado da LIBRAS em sua
forma,ao? Justifique.
2) Voce considera que esta sendo preparado para receber como aluno urn
individuo surdo em sala de aula, como permite a lei de inclusao social?
3) Como futuro professor ou professor atuante voce considera que a
faculdade (Iicenciatura que esta cursando) realmente Ihe prepara para
atender as alunos com necessidades especiais?
4) Voce fez ou pretende fazer algum curso para trabalhar com portadores
de necessidades especiais? Qual?
5) Tem alguma sugestao para melhorar a forma,ao do professor nesta
area?
3.2 - DOS RESULTADOS
1) Sabre a primeira questao quando foi perguntado se achavam importante
o aprendizado da LIBRAS na sua forma,ao, 49 responderam que sim,
totalizando 92,4% e 4 responderam nao, totalizando 7,6 %.
As justificativas apresentadas fcram:
(10) importante para atender a inclusao ja existente e diminuir 0
preconceito.
(12) melhorar 0 processo de inclusao e a qualidade do ensino oferecido
para 0 aluno.
34
(18) importante para melhorar a forma,ao profissional do professor, para
que 0 professor esteja melhor preparado para lidar com a inclusao.
(10) nao justificaram
(01) nao achou necessario porque nunca esteve numa situa9ao que
necessitasse tal conhecimento.
( 02) Nao tern interesse em trabalhar com esse tipo de grupo.
2) A segunda questao procurava saber S8 0 academico considera que esta sendo
preparado para reeeber como aluno urn indivfduo surdo em sala de aula, como
permite a lei de inclusao social e 48 alunos responderam que naG e 5 que sim.
Correspondendo a 90,5% de respostas negativas e 9,5% positivas.
3) A terceira pergunta buscava investigar S8 como futuro professor ou professor
atuante 0 academico considera que a faculdade (Iicenciatura que esta cursando)
realmente Ihe prepara para atender os alunos com necessidades especiais. oa
mesma forma que na segunda questao, 48 academicos ( 90,5° %) responderam que
nao e 5 que sim, (9,5%).
4) A quarta questao investigou se 0 academico pretendia fazer algum curso para
trabalhar com portadores de necessidades especiais equal seria 0 curso. Das
respostas apresentadas:
(12) Nao fez nenhum curso mas pretende fazer LIBRAS
(03) Nao fez e nem pretende fazer algum curso
(06) Ja faz LIBRAS e pretende continuar
(11) Nao fez, mas pretende fazer, ainda nao sabe qual
(09) Nao pretende fazer nenhum po is nao tern interesse nesta area.
(03) Pretende fazer curso de LIBRAS e Braile
(04) Nunca pensou no assunto
(02) Nao respondeu
35
(01) Pretende fazer especializayao em Educayao Especial
(02) Pretende fazer Braile
5) A quinta pergunta procurou saber S8 tinham alguma sugestao para melhorar a
formay8o do professor para trabalhar com portadores de necessidades especiais.
Das respostas obtidas:
(2) incluir estagio nesta area tambem
(1) Que 0 ensine superior indua 0 ensina de LIBRAS e mais recursos para alunos
cegos
(5) Ampliayao da carga horaria do curso
(6) Incluir LIBRAS em todos os periodos do curso
(14) Incluir disciplinas que falem sabre deficiencias, necessidades especiais
(15) Nao tin ham sugestao
(2) A universidade poderia oferecer uma p6s-gradu89ao para as interessados nesta
area
(3) LIBRAS deve ser obrigatoria e nao optativa
(1) Incluir libras em outro curso de licenciatura naD 56 em Letras
(1) Os professores devem ser mais exigentes com as alunos
(1) Incluir aprendizado de Braile no curso
3.3 - ANALISE E DISCUSSAO
Ao discutirmos sabre questoes que nos envolvem e tambem aDs Qutros, que
diretamente DU indiretamente fazem parte do nosso mundo, demonstramos
36
interesse e criamos a possibilidades de reflexao sobre esses assuntos. Muitas vezes
nao percebemos sozinhos que certas coisas sao possiveis ou precisam ser feitas,
ate que alguem realize algo que nos fac;:a refletir.
Assim acontece, por exemplo, com algumas leis que existem enos nem
mesmo sabemos, mas se existem e porque com certeza algum dia alguem
constatou essa necessidade.
Durkheim encontra 0 principio e a fonte da moralidade na solidariedade socialAssim como ele expoe em um livra publicado ap6s sua morle (Li<;:oesde sociologia- Fisica dos costumes e do direito). podem~se distinguir duas grandes formas desolidariedade. Os costumes, primeira forma. remetem aos deveres que as sereshumanos tem uns para com os outros, pelo fato de pertencerem a um grupo socialNeste registro Durkheim elenca tres grupos importanles: a familia. a corpora<;:flOprofissional e 0 Estado. (LALLEMENT. 2003, p. 202-203)
E comum nos preocuparmos somente com aquilo que esta diretamente
ligado ao nosso conforto proprio e buscarmos 0 que nos interessa, isso nao quer
dizer que nao nos importamos com os outros ou que som~s egolsta, mas e certo
que enquanto um problema ou situac;:ao nao nos atinge diretamente nao nos
sensibilizamos 0 suficiente para procurarmos uma soluc;:ao, e como se dissessemos
"cada um com seus problemas" e pensando e agindo assim, muitas vezes nao
percebemos que, para que aja certas mudanc;:as e necessario que a sociedade se
mobilize e exija, crie uma possibilidade.
No caso dos alunos com necessidades educativas especiais, geralmente e
isso que acontece, os mais interessados para que as leis sejam cumpridas sao os
familiares, amigos mais proximos e alguns poucos interessados, talvez por isso as
transformac;:6es acontec;:am lentamente nesta area.
A consciencia coletiva significa bem 0 que e 0 social. Prova que 0 todo nao esimplesmente as somas da partes a grupo social pensa, senle, age de outro mododo que fariam seus membros isolados. Os grupos. as sociedades possuem umaindividualidade pSiquica pr6pria que se reflete em uma consciencia coletiva( LALLEMENT, 2007, p. 234)
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Como ja fol comentado, todos devem buscar uma sociedade mais justa, e
para que a pro posta de inclusao social tenha sucesso, principalmente as instituit;6es
de ensino e as responsaveis pela formac;ao de profissionais envolvidos com a
educaC;Elo devem ter essa consciencia e levantar essa bandeira, pois e atraves da
educac;ao e conscientizaC;Elo que acontecem as transformat;6es dentro de uma
sociedade. Infelizmente 0 que podemos constatar, hoje, e que a maloria das
instituic;6es nao estao preparadas para receber como aluno urn portador de
necessidade especial, e este muitas vezes deixa de procurar este servic;o porque
sa be das dificuldades que enfrentara e 0 esforc;o que tera que fazer nao compensa
a qualidade do que Ihe sera oferecido. De acordo com 0 artigo " Questoes atuais
sobre 0 ensino para deficientes auditivos no Brasil" das pesquisadoras Madalena
Aparecida Silva Francelin e Telma Flores Genaro Motti:
o panorama das escolas publicas apresenta contrastes: algumas escolas comniveis elevados de ensino e outras, da zona rural, com apenas um professor einstalacOes precarias. E e nas regi6es mais pobres, onde se concentra a maioriados alunos matriculados e de docenles nao tilulados, que 0 ensino e maismunicipalizado. Isso demonslra que esse processo ate hoje nao represenlou aimplementacao de uma porrtica que beneficiasse 0 sistema educacional brasileiro( FRANCELlN, MOTTl, 2008)
Muitos pais ainda se sentem inseguros para matricularem seus filhos
surdos numa escola regular, pois sabem que os professores nao sao preparados
para este tipo de situac;ao e mesmo nao admitindo, sabem que seus filhos nao
acompanhariam os colegas sem terem tratamento adequado. As escolas especiais
ainda sao a melhor opc;ao, mesmo que tenham que enfrentar 0 problema com a
distancia, pois nem sempre existe uma escola perto de casa que atenda esta parte
da comunidade.
A Organiza,8o Mundial de Saude (OMS) estima que em qualquer popula,8o
humana, 10% das pessoas tern algum tipo de deficiencia. Os individuos com
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deficiencia auditiva ficariam com 1,5% desse total, mas devido as dificuldades com a
distancia e ao preconceito, muitos acabam desistindo e outros nem mesmo chegam
a procurar uma instituicyao que Ihe oferecya apoio e condic;:oes para desenvolver-se
nos estudos, pois nao acreditam que seja possivel conseguir um espacyo num
mercado de trabalho competitiv~ e seletivo como 0 atual.
Enfim, sao varios os fatores que nos levam a refietir sobre a necessidade
de se investir mais em educac;:ao e formacyao de qualidade para professores,
incluindo em seus curriculos praticas que contemplem essa parte da populac;:ao e
possa responder de acordo com a lei de inclusao social. Ja e urn grande passo
alguns cursos de formac;:ao de professores oferecerem a disciplina LIBRAS em sua
grade curricular, mesmo que seja como optativa, mas ainda falta muito para
atingirmos as expectativas de uma comunidade que ha muito tempo vern lutando
para conquistar seu espac;o e demonstrar seu valor. Podemos reforc;ar essa ideia
com os dados da pesquisa realizada com os alunos da faculdade de Letras da
Universidade Tuiuti do Parana, fornecidos anteriormente. Das 53 amostragens
recolhidas, 92,4% concordam que e importante a aprendizado da LIBRAS na
formac;:ao profissional do professor, tendo como maior parte das justificativas as
possibilidades de atender a inclusao ja existente e diminuir 0 preconceito, melhorar 0
processo de inclusao e a qualidade do ensino oferecido para 0 aluno surdo e par ser
importante para melhorar a forma\,ao do professor, para que ele esteja preparado
para lidar com a inclusao. Mas em relacyao a segunda e terceira questao que
buscava investigar se consideravam que estao sendo preparados para trabalhar
com alunos surdos em sala de aula e se a faculdade Ihe of ere cia a devida
preparac;:ao para trabalhar com esse tipo de necessidade especial, 90,5%
responderam que nao. A maio ria demonstrou que tern interesse em fazer algum
curso nesta area, e entre algumas das sugestoes para melhorar 0 curso de
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formac;ao de professores na area de Letras esta 0 aumento da carga horaria do
curso, inclusao de disciplinas que tratem de assuntos relacionados as necessidades
especiais e estagios com portadores de necessidades especiais.
Os alunos demonstraram interesse em adquirir urn conhecimento maior
sobre as quest6es relacionadas a necessidades especiais, para poderem atender
melhor a proposta de uma escola igual para todos, como traz a lei de inclusao social,
mas tambem deixaram claro que nao se sentem preparados para esta missao com a
formac;aoque estao recebendo.
Refletindo esses resultados, voltamos ao ponto ja comentado, que
existem muitos projetos e leis que buscam modificar a situac;aodo surdo em nosso
pais, mas uns dos pontos mais importantes, que e oferecer uma formac;ao de
qualidade para os profissionais que estarao diretamente ligados a esses individuos
ainda deixa muito a desejar. Embora existam muitas reflexoes em torno dessas
quest6es, a educac;ao, principalmente a formac;aode professores, ainda precisa de
mars atenc;ao, por parte do governo e tambem dos proprios academicos. Como
educadores devemos preocuparmo-nos com a conscientizac;ao e buscarmos cada
vez mars 0 aperfeic;oamento profissional para melhor atender aqueles que
dependem e esperam receber de seus mestres uma educac;ao de qualidade e
significativa para sua vida profissional e social, pais eo a educac;aoque fara diferenc;a
na busca de uma escola inclusiva, de uma sociedade mais justa onde realmente
estaremos contribuindo para acabar com as diferenc;ase preconceitos que envolvem
a comunidade surda e as muitas barreiras para 0 reconhecimento e a aceitac;ao da
linguagem LIBRAS. como aliada na educa,ao dos surdos e como lingua olicial
dessa comunidade, assim como a Lingua portuguesa para as ouvintes, e par isso
digna de ser ensinada nos cursos de formac;ao de professores, como forma de
melhorar a relacionamento entre professores e alunos e possibilitar uma melhor
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compreensao das particularidades que permeiam os portadores dessa deficiencia, e
a partir dessas considerayoes sintam seguranya para receber 0 aluno surdo e
possam elaborar para suas aulas atividades que contemplem as duas realidades.
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CONSIDERAC;;OES FINAlS
Depois de muitas leituras para realiz8gElo desta pesquisa e tambem maior
relacionamento com pessoas envolvidas nesta area de ensina, que ha muito vern
trabalhando para ampliar os direitos dos surdos e fazer funcionar a lei com todas as
suas qualific896es, percebi a importimcia que as professores exercem nesta luta e
como uma formayao qualificada faz diferenc;a.
Foi passivel observar que a preocupa9c3o em torna deste assunto tern
crescido e ja caminhamos muito em relayao aDs esforc;os feitos no passado. Hoje
pessoas portadoras de necessidades especiais sao mais valorizadas e aos poueos
estao conseguinda transformar nossa sociedade nurn lugar mais justa e acessivel a
todos an de 0 pr6prio espago fisico esta sendo modificado para melhor atender as
necessidades dos portadores de deficiemcia. E necessario que estas reflexoes
continuem e se ampliem na inten980 de melhorarmos ainda mais. Sabemos que ha
muito a se fazer, principalmente em rela980 a educa9ao de qualidade para
portadores de necessidades especiais, nao somente para surdos, como analisarnos
neste trabalho, mas e preciso entender que incluir e estar preparado para receber de
rnaneira a contemplar 0 que eada urn necessita para sentir-se bern 0 sufieiente e
para tambem sentir-se parte desta soeiedade. Todos preeisam estar bem informados
e deeididos a participar deste processo, pais, professores, alunos, diretores,
pedagogos, profissionais da area da saude e acima de tudo 0 governo, que vai gerar
recursos para que tudo isso seja possivei. Quase sempre pensamos no portador de
necessidades espedais como 0 outro. como uma responsabilidade do governo e da
familia, quando na verdade todos precisam buscar juntos uma solu980. A falta de
informa98o a respeito das eoisas, gera preconeeitos e atitudes erradas. Conhecer 0
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problema nos possibilita tentarmes criar soluvoes para resolve-los. As discussoes
em torno do reconhecimento da LIBRAS e da educagao de surdos ja trouxeram
grandes progressos, 0 que nos leva a acreditar que estamos no caminho certe, mas
para continuarmos crescendo, as faculdades, universidades e instituivoes de ensino
em geral precisam fazer sua parte, buscar melharias, tentar realmente incluir e nao
mascarar 0 problema quando se deparam com um aluno "especial". E precise rever
propostas de ensino, metodologias e incluir nos curriculos disciplinas que ajudem a
suprir essas necessidades e que incentive e oferevam acesso a estas areas e
valorizem 0 que ja esta sendo feito. Essas discussoes ainda sao irrelevantes nos
curso de formavao de profissionais da area de ensino, como pudemos perceber na
pesquisa realizada, somente quando 0 aluno se interessa e procura infarmac;:oesa
respeito disso e que Ihe e apresentado algum projeto ou alguma indicac;:aode cursos
e preparavao nesta area. Informar e conscientizar sao alguns dos caminhos
essenciais para acabarrnos com as barreiras. S6 quando entendemos as coisas
somas eapazes e sentimo-nos seguros para envolvermo-nos com elas. Talvez seja
par 1550 que nossos professores, hoje, eneontrarn-se perdidos diante dessas
questoes. A falta de infarmavao e preparac;:ao,eria a rejeic;:ao,gera 0 medo de nao
saber lidar com 0 desconheeido.
No caso do aluno surdo, e preciso eonhecer e entender sobre 0 seu
problema para conseguir ajuda-Io, 0 lato de simplesmente permitir que ele participe
de uma ciasse de alunos ouvintes e disponibilizar urn interprete nao Ihe garante uma
educav80 de qualidade, 0 interprete apenas transmite 0 que 0 professor esta
explicando atraves da linguagem LIBRAS, 0 que nern sempre quer dizer que 0 aluno
surdo esteja entendendo, nem mesmos que esta sendo incluido socialmente, pois
eontinuara dependendo de uma (mica pessoa para se eomunicar, quando estiver
sozinho ou seu interprete precisar ausentar-se, nao tera muitas opc;:oes para
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interagir. Ir a escola, para uma crianya, e fazer parte do ambiente escolar deve ser
mais do que receber 0 conteudo ensinado durante as aulas, considerando que
passa uma parte significativa do seu tempo neste ambiente. Ela precisa interagir
com seus colegas e professores, mesmo que seja em apenas alguns momentos,
precisa sentir que as pessoas a sua volta sao capazes de recebe-Ia como parte de
um grupo, que nao a tratam com indiferenya e nem a excluem, mas respeitam seus
limites e sabem como agir para que ela sinta-se a vontade. Sao poucos os que tem
conhecimento ou tentam interagir com individuos com necessidades especiais, 0
fato de nao conhecerem sobre 0 assunto, causa 0 medo de nao saberem ° que
fazer ou fazer alguma coisa errada, neste caso entao, 0 que se pensa e que 0
melhor e deixar para quem sabe, e assim criam-se as barreiras para a inclusao. No
caso dos surdos, mesmo alguns educadores que trabalham com formayao de
professores, desconhecem que a LIBRAS e reconhecida como lingua oficial dos
surdos e considerada uma segunda Lingua, isso porque assuntos relacionados a
necessidades especiais nao sao trabalhados com a devida atenyao que deveria,
ficam restritos aos que precisam realmente ou por algum outro motivo se
interessam, ainda nao e algo social, pensado como algo do interesse de todos, e e
isso que precisa ser mud ado, porque quando se fixa uma lei, toda a estrutura
precisa ser repensada para que ela se cumpra e nao fique esquecida, existente
apenas no papel. A educayao e a conscientiza<;ao e 0 comeyo e a base para essa
transformayao, sem duvida. Se nao houver entendimento por parte das institui<;6es
de ensino, que formam professores e outros profissionais envolvidos, isso
dificilmente acontecera, continuaremos a pass os lentos em busca de uma escola
que ofere<;a as mesmas condi<;6es de aprendizagem para todos e de uma
sociedade inclusiva.
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REFERENCIAS:
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