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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA
EFEITOS DO DESTREINAMENTO EM COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA EM PESSOAS VIVENDO COM
HIV/AIDS.
Juliany de Souza Araújo
NATAL-RN
2017
ii
EFEITOS DO DESTREINAMENTO EM COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS.
JULIANY DE SOUZA ARAÚJO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestra em Educação Física.
ORIENTADOR: DR. PAULO MOREIRA SILVA DANTAS
FICHA CATALOGRÁFICA
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Araújo, Juliany de Souza. Efeitos do destreinamento em componentes da aptidão física de pessoas vivendo com HIV/AIDS / Juliany de Souza Araújo. - 2017. 50 f. : il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2017. Orientador: Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas. 1. Síndrome de imunodeficiência adquirida – Dissertação. 2. Destreinamento - Dissertação. 3. Aptidão física - Dissertação. 4. HIV - Dissertação. I. Dantas, Paulo Moreira Silva. II. Título RN/UFRN/BCZM CDU 616.98:578.828
iii
AGRADECIMENTO
Agradeço ao Senhor da minha vida e autor da minha história, Deus, por
todo amor, cuidado e fortaleza nessa etapa tão importante e difícil.
A minha família pelo incentivo nas horas complicadas, pela
compreensão as minhas ausências e por todo apoio material, emocional e
espiritual que são essenciais em minha vida.
A meu orientador Paulo pela confiança, oportunidade e todo aprendizado
humano e acadêmico que vivencie estes anos.
Aos amigos da base de pesquisa Atividade Física e Saúde- AFISA em
especial a Marília, Racquel, Leonardo, Scheila, Thaisys, Renata por todo
aprendizado e apoio.
Ao meu grupo de pesquisa Viver+, nas pessoas de Daniele, Rafaela,
Tatiane, Jason, Ricardo, Alan, Lucas, Phelipe, Pedro, Anny, Jean, Evelyn,
Gidyene, Paloma e aos voluntários do projeto, toda minha gratidão pela ajuda
diária, pelos ensinamentos, pela paciência e pelo incentivo constante.
A minhas amigas do coração Monica Rocha, Anne Caroline, Andressa
Castro, Larissa Pinto, Maria Clara e todas que suportaram minhas ausências,
estresses e me amaram e apoiaram mesmo assim.
In memoria o amigo Daniel Frazão e meu tio Marcos Antônio pelas
partilhas, pela presteza e abraço fraterno de que me lembro todo dia, minha
saudade e gratidão.
.
iv
SUMÁRIO
1.0- INTRODUÇÃO .......................................................................................... 10
1.1- Relevância do Estudo ............................................................................ 12
2.0- OBJETIVOS .............................................................................................. 12
2.1-Objetivo geral .......................................................................................... 12
2.2-Objetivos Específicos .............................................................................. 13
2.3- Hipótese ................................................................................................. 13
2.3.1- Hipótese substantiva .............................................................................. 13
2.3.2- Hipótese Estatística............................................................................... 13
3.0- REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 14
3.1- Exercício Físico na pessoa vivendo com HIV/AIDS ............................ 14
3.2- Aptidão física ....................................................................................... 17
3.2.1- Composição corporal ............................................................................. 18
3.2.2- Força ...................................................................................................... 19
3.2.3- Capacidade cardiorrespiratória .............................................................. 20
3.3- Destreinamento ................................................................................... 22
4.0- METODOLOGIA ..................................................................................... 24
4.1-Caracterização da pesquisa ................................................................... 24
4.2-População e amostra .............................................................................. 24
4.3- Critérios de Inclusão .............................................................................. 24
4.4- Critérios de Exclusão ............................................................................. 25
4.5- Considerações Ética .............................................................................. 25
4.6- Delineamento do estudo ........................................................................ 26
4.7- Avaliações e instrumentos de medidas .................................................. 26
4.7.1- Avaliação da Composição Corporal ....................................................... 27
4.7.2- Avaliação da força muscular (força isométrica) ...................................... 27
4.7.3- Avaliação cardiorrespiratória .................................................................. 27
4.8- Protocolo de intervenção com exercício ................................................ 29
4.9- Destreino ............................................................................................... 30
5.0- ESTATÍSTICA ........................................................................................ 31
6.0- RESULTADOS ....................................................................................... 32
7.0- DISCUSSÃO .......................................................................................... 34
8.0- CONCLUSÃO ......................................................................................... 38
9.0- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 40
ANEXOS .......................................................................................................... 46
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fluxograma do estudo ..................................................................... 26
vi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resumo do protocolo de intervenção. ............................................ 31
Tabela 2 - Características descritivas dos grupos experimental e controle. .... 32
Tabela 3 - Composição corporal do grupo experimental e controle nos momentos pré destreino e pós destreino. ........................................................ 33
Tabela 4 - Força do grupo experimental e controle nos momentos pré destreino e pós destreino. ................................................................................................ 33
Tabela 5 - Aptidão cardiorrespiratória do grupo experimental e controle nos momentos pré destreino e pós destreino. ........................................................ 34
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
ACSM- American College of Sports Medicine
AIDS- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
ART- Terapia Antirretroviral
CNS- Conselho Nacional de Sáude
DCVs- Doenças Cardiovasculares
DXA- Absortometria Radiológica de Dupla Energia
EPOC- Consumo Excessivo de Oxigênio Pós Exercício
FCmáx- Frequência Cardíaca máxima
FPM- Força Preensão Manual
HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana
IP- Inibidores de Protease
ITRN- Inibidores de Transcriptase Reversa Nucleosídeo
ITRNN- Inibidores de Transcriptase Reversa Não Nucleosídeo
L1- Limiar 1
L2- Limiar 2
PVHA- Pessoa Vivendo com HIV/AIDS
PSE- Escala de Percepção de Esforço Subjetiva
SAE- Serviço de Atendimento Especializado em Pessoas com HIV/Aids
TCD4+ - Linfócitos T auxilares
TCLE- Termo de Consentimento Livre Esclarecido
VO2máx- Consumo de Oxigênio máximo
VO2 pico- Maior Consumo de Oxigênio atingido
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RESUMO
EFEITO DO DESTREINAMENTO EM COMPONENTES DA APTIDÃO FISICA EM PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS.
Autora: Juliany de Souza Araujo
Orientador: Dr. Paulo Moreira Silva Dantas
O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do destreinamento em componentes da aptidão física de pessoas vivendo com HIV/AIDS. A metodologia utilizada foi de caráter experimental com amostra composta por Grupo Experimental (GE) com 11 Pessoas vivendo com HIV/Aids, sob terapia antiretroviral e Grupo Controle (GC) com 10 pessoas sem a infeção; todos os sujeitos apresentaram liberação médica e foram classificados como insuficientemente ativos. Avaliou-se composição corporal através do DXA, aptidão cardiorrespiratória pelo Ergoespirômetro e força de membros superiores e inferiores por dinamômetro isocinético. Ambos os grupos realizaram intervenção com treinamento combinado por 15 semanas e o destreinamento foi avaliado após cinco semanas. Após a análise de normalidade dos dados pelo teste de Shapiro Wilk foi utilizado teste Wilcoxon para avaliar diferença entre os parâmetros avaliados antes e após o tempo de destreinamento. Os resultados apontaram diferença significativa nos limiares 1, 2, VO2 pico e na força de membros inferiores no GE, enquanto no GC apresentaram apenas no limiar 2 e VO2 pico. Concluímos que dentre os componentes da aptidão física, o destreinamento promoveu maiores prejuízos na capacidade cardiorrespiratória e na força muscular da pessoa vivendo com HIV/AIDS. Já para a composição corporal o efeito do destreinamento foi semelhante em ambos os grupos estudados, sendo observado retrocesso em alguns componentes. Dessa forma, podemos afirmar que a suspenção de programas de treinamentos com exercícios físicos deve ser evitada, a fim de minimizar os prejuízos causados pela inatividade física e efeitos adversos do vírus HIV e terapia, que tornam pessoas vivendo com HIV/AIDS susceptíveis as doenças cardiovasculares.
Palavras chaves: Destreinamento; Aptidão física; HIV.
ix
ABSTRACT
THE EFFECT OF DETRAINING IN THE COMPONENTS OF PHYSICAL
FITNESS IN PEOPLE LIVING WITH HIV/AIDS
Author: Juliany de Souza Araujo
Advisor: Dr. Paulo Moreira Silva Dantas
The goal of this study was to evaluate the effect of detraining in the components of physical fitness of people living with HIV/Aids (PVHA). The study was experimental with a sample composed by an Experimental Group (EG) with 11 PVHA, under antiretroviral therapy and a Control Group (CG) with 10 individuals without the infection; all which were under medical release and insufficiently active. The body composition was evaluated through the DXA, as well as the cardiorespiratory aptitude through the ergometer and the strength of the upper and lower limbs through dynamometry. Both groups conducted interventions with combined training for 15 weeks and the interruption of exercise was evaluated after a period of 5 weeks. After the analysis of normality of the data by the Shapiro Wilk test, the Wilcoxon test was used for the inferential statistics to evaluate the differences between the evaluated parameters before and after the interruption of training. Results showed significant difference in the thresholds 1, 2, VO2 peak and in the strength of the lower limbs on the EG, while the CG only showed difference in the threshold 2 and VO2 peak. We have concluded that among the components of physical aptitude, the interruption of training promoted more deleterious effects in the cardiorespiratory capacity and in muscular strength in the PVHA. As for body composition, the effect of training interruption was similar in both groups, with an observed worsening in some components. We emphasize that the interruption of training programs with physical exercises should be avoided, in order to minimize the losses caused by physical inactivity and the adverse effects of the HIV virus and therapy, which make the PVHA susceptible to cardiovascular diseases. Key-words: Detraining, Physical fitness, HIV.
10
1.0- INTRODUÇÃO
A Síndrome da imunodeficiência deficiência adquirida (AIDS) é uma
doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que ataca
principalmente as células CD4 e linfócitos T do sistema imunológico, causando
a imunossupressão e deixando os indivíduos vulneráveis a doenças
oportunistas. As formas de contágio e transmissão são via sexual, vertical e
parental pelo sangue e/ou fluídos corporais (1).
Os primeiros casos de AIDS foram relatados em 1981 entre brancos e
homossexuais nos EUA. Posteriormente, em 1982, foram relatados casos entre
população negra, haitianos, residentes nos EUA e tornou-se a maior pandemia
mundial. Desde o início da epidemia de AIDS no Brasil, até junho de 2015,
foram registrados no país 798.366 casos (2).
Nas últimas três décadas, após o advento da terapia antirretroviral
(ART), o HIV/AIDS foi transformado em uma doença crônica passível de
tratamento eficaz para o seu controle e contribuiu para o declínio da
morbimortalidade associada ao HIV, através da indução do controle virológico
favorável, aumento da resposta imunológica e dos efeitos clínicos, promovendo
uma maior expectativa de vida entre pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA).
(3).
O Tratamento da infecção pelo HIV com a ART melhorou a taxa de
sobrevivência dessa população, embora esteja associada a distúrbios
fisiológicos, físicos, antropométricos e metabólicos (4).
Entre esses distúrbios está a lipodistrofia, que representa uma síndrome
morfofuncional caracterizada principalmente por acumulo de gordura central,
perda de gordura periférica nas extremidades e face e por distúrbio no
metabolismo dos lipídios, dislipidemia, resistência à insulina, a Síndrome de
Wasting que se caracteriza pela perda gordura corporal e de massa muscular
de forma abrupta ou crônica, maior ou igual a 10% por ano ou de 5% por dois
semestres consecutivos e outro distúrbio é o estresse oxidativo gerado pela
toxicidade dos medicamentos que culminam na acidose metabólica aumentada
(4-6).
11
Além dos distúrbios supracitados, a medicação provoca uma capacidade
aeróbia reduzida, o que contribui para uma menor capacidade funcional dos
indivíduos, acentuando ainda mais os efeitos deletérios da infecção que exerce
consequências à integridade biopsicosocial do indivíduo com HIV/AIDS. (5, 7,
8).
Diante desse contexto, terapias coadjuvantes precisam ser incluídas na
rotina diária de PVHA, no intuito de minimizar essas alterações da infecção e
da terapia medicamentosa. Na literatura é bem evidenciado o efeito benéfico
do exercício físico regular na aptidão física, ou seja na capacidade do indivíduo
em realizar atividades diárias, demonstrando melhorias nas funções
cardiorrespiratória, força muscular e composição corporal de PVHA (9-12),
assim como em pessoas sem o vírus do HIV/AIDS (13-15). A aptidão física é
um importante componente relacionado à saúde, pois o seu declínio traz um
risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares (DCVs) (16).
Nessa perspectiva, a prática regular de exercício físico traz ao corpo
adaptações fisiológicas que permitem a manutenção da saúde do indivíduo. No
entanto, quando interrompido, o corpo perde essas adaptações benéficas como
uma resposta à demanda fisiológica diminuída. Esse processo é chamado de
destreinamento (17-19) e se apresenta como uma perda total ou parcial das
adaptações induzidas pelo treinamento, comprometendo assim a aptidão física
e mostrando ser um parâmetro deletério a saúde (20).
A literatura mostra que a perda de parâmetros de aptidão física provoca
risco aumentado de doenças crônicas não transmissíveis, assim como má
qualidade da alimentação e estilo de vida inativo. É observado na literatura
que a PVHA tem dificuldade de aderência ao tratamento e especificamente ao
exercício físico por não perceberem grandes mudanças de composição
corporal e força quanto as pessoas sem infecção, mas com a quantificação
dessas perdas do destreinamento esses indivíduos podem perceber a
importância da adesão de programas regulares de exercício físico uma vez que
a interrupção do exercício físico esses parâmetros são perdidos (21).
Sabe-se do efeito do destreinamento em pessoas sem o vírus HIV/AIDS
como uma perda que traz prejuízo à saúde. No entanto, nenhum estudo tem
12
elucidado o efeito do destreino em PVHA. Uma vez que essa população
apresenta alterações metabólicas e físicas, esse conhecimento demonstra
parâmetro importante na prevenção da saúde e precisa ser investigado para
maiores esclarecimentos dessa temática sobre essa população, como também
para embasar a prática clínica das equipes multidisciplinares quanto a
importância do exercício físico para PVHA.
1.1- Relevância do Estudo
Mesmo sendo orientado a prática de exercício físico como terapia
coadjuvante para minimizar os efeitos adversos do vírus no corpo e dos
medicamentos à pessoa vivendo com HIV/AIDS, estas apresentam dificuldades
de adesão ao exercício e a própria medicação, seja pelos excessivos efeitos
colaterais, seja pelo caráter estigmatizante da doença, seja pela não aceitação
da mesma, entre outros fatores que tornam a baixa adesão um dos mais
graves problemas do sistema de assistência à saúde (22).
Partindo dessa premissa, o estudo pretende gerar dados para futuras
pesquisas e políticas públicas de saúde, além de promover mudanças
comportamentais nessa população com relação à maior adesão ao exercício
físico e aos diversos tratamentos aos quais são orientados. Com possibilidades
de contribuições para a desmistificação dos estigmas e estereótipos da doença
com transcendência desses paradigmas por parte da pessoa vivendo com HIV/
AIDS. E ainda poderá alertar os profissionais de saúde para atentarem à essa
problemática, visando à promoção da saúde dessas pessoas.
2.0- OBJETIVOS
2.1-Objetivo geral
Avaliar efeito do destreinamento em componentes da aptidão física em
pessoas vivendo com HIV/AIDS.
13
2.2-Objetivos Específicos
- Verificar composição corporal pré e pós destreinamento;
- Medir a força de membros inferiores e superiores pré e pós destreinamento ;
- Identificar capacidade cardiorrespiratória pré e pós destreinamento;
- Comparar os componentes da aptidão física intra grupos.
2.3- Hipótese
2.3.1- Hipótese substantiva
O presente estudo antecipa que existe interferência de um período de
cinco semanas de interrupção de exercício físico sobre a composição corporal,
a força e a capacidade cardiorrespiratória em pessoas sem vírus HIV/AIDS.
Sendo assim supõe-se haver maiores declínios em pessoas vivendo com
HIV/AIDS pelo fato de apresentarem alterações morfofuncionais próprias da
infecção.
2.3.2- Hipótese Estatística
H0- Existem mudanças mais prejudicial na composição corporal, nos
níveis de força e na capacidade cardiorrespiratória no grupo experimental após
o destreinamento;
H1- Não existe mudanças mais prejudiciais na composição corporal, nos
níveis de força e na capacidade cardiorrespiratória no grupo experimental após
o destreinamento.
14
3.0- REVISÃO DE LITERATURA
3.1- Exercício Físico na pessoa vivendo com HIV/AIDS
Desde o início da pandemia da AIDS, o exercício físico é uma estratégia
de manejo para as complicações cardiometabólicas e morfológicas decorrentes
da infecção e da medicação nas PVHA (23).
A princípio, os estudos que norteavam sobre exercício e HIV estavam
fundamentalmente focados nas possíveis adaptações ao exercício dos
sistemas imunológico e cardiovascular, já que era postulado que em pessoas
sem a infecção o exercício moderado melhora a função imune e que exercícios
de alta intensidade traziam uma imunossupressão temporária (23).
Entretanto diante da complexidade do sistema imunológico que está
interligado a outros sistemas como o neuroendócrino e sistema nervoso
central, outros fatores podem influenciar seu funcionamento como os hábitos
alimentares, de sono, medicação (24).
Vieram então outros estudos tentando investigar e controlar esses
fatores de estilo de vida para melhor avaliar o efeito do exercício moderado e
de alta intensidade nesse sistema. Estudos (23, 25-27) concordam nos seus
resultados, aumentos significativos na capacidade funcional, cardiovascular e
nos níveis de linfócitos T auxiliares/indutores (TCD4+) em pessoas vivendo
com HIV/AIDS, em ambas intensidades.
Após a era da terapia antirretroviral altamente ativa, houve um aumento
da sobrevida das PVHA devido a inserção dos inibidores de protease (IPs), que
possuem uma maior eficiência, porém essa nova classe de medicamentos
trouxe consigo uma nova síndrome caracterizada pelos distúrbios metabólicos
como hiperlipidemia, hiperglicemia e redistribuição anormal de gordura no
corpo. Isso fez mudar o enfoque das pesquisas da adaptação ao exercício no
sistema imunológico para adaptação nos outros sistemas endócrino e muscular
(23).
Foi então que os estudos com revisão sistemática e metanálise
mostraram que o exercício tem o potencial de amenizar uma gama de efeitos
15
colaterais associados com a infecção pelo HIV, seja melhorando perfil lipídico e
glicêmico, seja na oxidação de gordura trazendo mudanças de composição
corporal que podem atrasar a progressão da doença e melhorar a qualidade de
vida de adultos vivendo com HIV/AIDS. Além disso, os estudos mostraram que
o exercício é geralmente considerado seguro, porque ele não compromete a
função imune e é benéfico para aumentar a capacidade funcional, aptidão
física, humor e sensação de bem-estar (1, 12) (28).
Em dezembro de 2013, o Brasil publicou o “Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para o Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos” (PCDT), dando
mais um passo de vanguarda para a resposta à epidemia, ao se tornar o
primeiro país em desenvolvimento e o terceiro do mundo a recomendar o início
imediato da ART para todas as PVHA, independentemente da contagem de
CD4. Vários estudos demostraram que o início cada vez mais precoce da
Terapia Antirretroviral altamente ativa não só melhora a qualidade de vida das
PVHA, mas também reduz o risco da transmissão (29, 30).
Com a iniciação imediata dos medicamentos, ocorreram as
consequentes reações adversas precoce, enfrentando o problema de saúde
pública que é a adesão às terapias medicamentosas ou coadjuvantes - dieta e
exercício físico.
Com a terapia medicamentosa ocasionando diversos efeitos colaterais
na composição corporal e metabolismo dessa população e as terapias
coadjuvantes, entre elas o exercício físico, entrando em cena no intuito de
atenuar esses efeitos deletérios surge então a necessidade das indicações e
prescrições de exercício físico para PVHA. Estudos (12), (9), (31) mostram a
necessidade de prescrição de treinamento aeróbico, resistido, combinado ou
concorrente como efeito benéfico para minimizar as alterações morfofuncionais
nessa população.
O exercício aeróbico com enfoque na melhora da capacidade de manter
um esforço por um longo tempo está relacionado ao desempenho das
atividades diárias, e esse pode ser prejudicado pelo uso prolongado dos
medicamentos antirretrovirais. Os estudos fornecem evidências claras de que
os indivíduos infectados apresentam capacidade em responder aos estímulos
16
induzidos por programa de exercícios aeróbicos, melhorando as variáveis
cardiorrespiratórias volume sistólico, capacidade oxidativa do músculo e
enzimas mitocondriais (5, 7, 32).
Metanálises de Obrien et al. (2016), relatam que o exercício aeróbico
constante, intervalado ou combinado devem ter duração de pelo menos 20
minutos, três vezes por semana e pelo menos durante cinco semanas. Essa
rotina mostra ser segura e leva a melhorias em termos de aptidão
cardiorrespiratória (consumo máximo de oxigênio, tempo de exercício),
composição corporal (diminuição de porcentagem gordura corporal e aumento
de massa magra), força ( flexores e extensores do joelho) e estado psicológico
(qualidade de vida e sintomas de depressão) (9).
Já que o exercício aeróbico aumenta o consumo máximo de oxigênio
(VO2máx), a atividades das enzimas oxidativas, os estoques de glicogênio
intramuscular, a densidade e capacidade mitocondrial dos músculos, melhora a
capacidade de difusão pulmonar, o débito cardíaco, a densidade capilar e o
controle da saturação da hemoglobina (11, 33).
Os exercícios resistidos também representam uma importante estratégia
coadjuvante na terapêutica nesses indivíduos independente de melhora da
função imunológica, devido ao fato dessa intervenção possibilitar restauração e
aumento da massa muscular. Esse efeito anabólico pode ser de relevância
clinica significativa devido à perda de massa muscular entre esses indivíduos
ser uma consequência comum da evolução da doença, causando fraqueza,
incapacidade funcional e morte (34).
O exercício de resistência mostrou outros benefícios específicos entre as
pessoas com HIV/AIDS, como a melhora de condicionamento cardiovascular,
aumento da massa óssea, menos possibilidade de fraturas e sem dúvida,
incremento de força é o benefício mais importante do exercício de resistência
para a qualidade de vida dessas pessoas, pois melhora a biomecânica e as
respostas cardiovasculares, facilitando as atividades da vida quotidiana (5).
Em geral, as adaptações resultantes de um programa exercício de força
incluem aumento da massa corporal magra, aumento da massa óssea, melhora
17
na coordenação inter e intra-muscular e aumento da área de secção
transversal das fibras musculares do tipo I, IIa e IIb (35).
Por fim, o treinamento concorrente apresenta exercícios aeróbicos
contínuos ou intervalado e resistidos de séries múltiplas ou simples na mesma
sessão de treino, porém as adaptações decorrentes de cada método de treino
disputam entre si e não ocorrem as adaptações máximas de cada treinamento.
Esse método tenta desenvolver uma quantidade maior de sistemas (1, 36).
Estudos com treinamento concorrente em PVHA tem sido bem indicado
pelo fato desse método desenvolver as diversas capacidades funcionais, já que
essa população apresenta alterações nos vários sistemas morfo-funcional (1,
5).
Assim também acontece no treinamento combinado, que também
consiste em exercícios resistidos e aeróbicos na mesma sessão de treinamento
porém as adaptações de cada método não disputam entre si. Mansueto et al,
(2015) afirma que essa combinação pode ser mais eficaz no estado funcional
do que programas que envolvem apenas um componente de otimização.
Especificamente na PVHA, esse tipo treino minimiza as principais modificações
morfofuncionais dessa população pelo uso da medicação (37).
3.2- Aptidão física
A aptidão física pode ser entendida como dimensionamento das
capacidades para realizar trabalho muscular e como a capacidade de realizar
esforços físicos da vida diária (38).
A aptidão é um componente relacionado a saúde que garante a
sobrevivência em boas condições orgânicas no ambiente que se vive, evitando
doenças hipocinéticas. Pode ser determinada por diversos fatores: ambientais,
idade, sexo, adiposidade corporal, patologia (39). Envolve os componentes
associados à prevenção e a redução de doenças das funções
cardiorrespiratória, da composição corporal, força, resistência e flexibilidade
(39).
18
Estudos demonstram uma frequência de comprometimento funcional na
população com HIV/AIDS semelhante à descrita em outros estudos de pessoas
não-infectados por HIV que eram 20 ou 30 anos mais velho que os infectados,
sendo indicativo de envelhecimento precoce (40). Esse comprometimento
funcional é um forte preditor de risco de quedas e fraturas, assim como fator
indicador de outras doenças morfofuncionais (41).
3.2.1- Composição corporal
A composição corporal refere-se ao fracionamento da massa corporal
em seus dois diferentes componentes. São a gordura (total de lipídios no
organismo) e a massa isenta de gordura (massa magra - tecido muscular,
esquelético, pele, órgãos) (42).
A análise desses componentes pode ser de forma direta (dissecação),
indireta (Absortometria radiológica de dupla energia- DXA, pesagem
hidrostática, tomografia, ressonância magnética) ou duplamente indireta
(bioimpedância elétrica, antropometria), que oferecem valiosas informações
sobre o comportamento de indicadores relacionados ao crescimento físico, aos
programas de controle de massa corporal, mediante intervenções dietéticas e
de prática de exercícios físicos e condições clínicas (42).
As pessoas vivendo com HIV/AIDS precisam fazer uso de combinações
terapêuticas ART, contendo drogas da classe dos inibidores de protease (IP),
inibidores de transcriptase reversa nucleosídeo (ITRN) e não nucleosídeo
(ITRNN) para supressão da replicação viral (30). No entanto, observou-se com
essa terapia alterações metabólicas como dislipidemia, resistência insulínica,
hiperglicemia, entre outras e, na composição corporal, como redistribuição
anormal de gordura corporal. O conjunto dessas alterações é denominada
síndrome lipodistrófica (4).
A lipodistrofia pode ser classificada clinicamente em: lipoatrofia
caracterizada pela redução da gordura em regiões periféricas como braços,
pernas, face e nádegas, podendo apresentar proeminência muscular e venosa
19
relativas; lipohipertrofia caracterizada pelo acúmulo de gordura em região
abdominal, presença de gibosidade dorsal, ginecomastia e aumento das
mamas em mulheres; e a forma mista: caracterizada pela associação de
componentes das duas formas anteriormente descritas (43).
Anormalidades na composição corporal têm sido relatadas em 40 a 50%
de pacientes ambulatoriais infectados pelo HIV; a proporção é maior entre 10 a
80% naqueles recebendo terapêutica antirretroviral (4) o que traz um risco
aumentado de doenças cardiovasculares (DCV) (44), como também Síndrome
Wasting ou Síndrome Consumptiva, definida como a redução involuntária de
10% ou mais do peso corporal habitual, podendo ser perda de gordura e massa
muscular, acompanhada de diarréia e/ou febre e/ou fraqueza crônica (43, 45).
Não é bem evidenciado ainda na literatura um consenso para o
tratamento dessas alterações. Alguns estudos sugerem intervenções como
controle da terapia com possibilidades de mudanças para adequar menor risco,
controle rigoroso das dislipidemias com medicamentos auxiliares, e mudança
do estilo de vida com orientação de dieta e exercício físico (6).
A partir disso surge a necessidade de intervenções com exercício físico
para modificar ou minimizar esses efeitos, tanto do vírus como da medicação.
Estudos recentes evidenciam melhoras nesses parâmetros e outras
dificuldades de mudanças significativas, porém com o uso frequente dessas
intervenções se tornam indispensáveis para controle desses parâmetros que se
mostram nessa população deletério à saúde e estigmatizantes socialmente.
3.2.2- Força
O tecido muscular é responsável pela autonomia motora dos indivíduos.
A massa muscular é o resultado do equilíbrio entre síntese e degradação
(turnover) das suas proteínas (46). Portanto é um componente indispensável à
realização das atividades da vida diária, além de estar fortemente relacionada
com a independência física e motora (7).
Assim a redução de massa muscular esquelética, sarcopenia, pode
explicar a redução do desempenho físico. Geralmente, está associada ao
20
envelhecimento, deficiências energéticas, infecção pelo vírus HIV e doenças
crônicas inflamatórias em não idosos (35).
Em indivíduos infectados por HIV, a sarcopenia está associada ao
desequilíbrio entre a síntese e degradação de proteínas, à má nutrição, à
produção anormal de citocinas e à disfunção endócrina (47). E em
consequência da sarcopenia, a diminuição de força muscular e potência
muscular que está associada também com o avançar da idade e a inatividade
física, que resulta principalmente em deficiências da função locomotora,
deterioração da capacidade funcional e limitações em atividades do cotidiano
(48).
Um indicador de capacidade funcional em estudos epidemiológicos tem
sido a força de preensão manual. De forma geral, quem apresenta força de
preensão manual (FPM) reduzida é sedentário, possui pouca massa magra
corporal, apresentam problemas de saúde e limitações funcionais em
atividades que exigem a participação do membros superiores (49). Assim
como, quem apresenta baixos níveis de força na avaliação com os
dinamômetros isocinéticos com célula de carga.
Neste contexto, surge a necessidade de exercício de força para a
população com HIV/AIDS. Vários estudos (1, 7, 50), mostram melhora dos
níveis de força e aumento da área muscular, tornando necessário o exercício
físico como tratamento para essas alterações que apresentam progressivo
declínio.
3.2.3- Capacidade cardiorrespiratória
A realização de esforço físico envolve a transformação da energia
química, armazenada na forma de adenosina-trifosfato (ATP) em energia
mecânica. Para esse esforço ser mantido, por meio de contrações musculares,
é indispensável a participação de todos os sistemas fisiológicos do corpo,
dentre eles o sistema cardiorrespiratório (51). Esse sistema garante a
captação, transporte e consumo de oxigênio (O2) atmosférico as mitocôndrias
dos músculos responsáveis pela síntese de ATP pelo processo aeróbico (51).
21
Esse mecanismo ocorre de forma eficiente graças a processos
adaptativos do sistema cardiorrespiratório que sofrem influência de fatores
ambientais (temperatura, pressão, umidade), fatores genéticos (tipo fibra
muscular, doenças), fatores internos (sexo, idade, peso, altura) e fatores
ligados ao exercício (intensidade, tipo, duração) (46, 51).
Para avaliar a eficiência desse sistema cardiorrespiratório, o teste de
esforço físico é a principal ferramenta de medida dessas informações. Esse
teste consiste em submeter o indivíduo a um trabalho muscular, com protocolo
padronizado e individualizado que permita monitorar as respostas fisiológicas
do sistema cardiológico, respiratório e metabólico, afim de diagnosticar
doenças cardiovasculares, avaliar capacidade funcional e intervenções
terapêuticas e ainda prescrever exercício físico (52, 53).
No teste de esforço ocorre a captação direta dos gases inalados e
exalados por um ventilômetro para determinar o consumo máximo de oxigênio
(VO2 máx.), que é uma quantificação mais precisa da capacidade do indivíduo.
Quando é submetido a um aumento progressivo desse esforço, o VO2 se eleva
de forma linear até um ponto em que aumentos adicionais de esforço não mais
modificam o VO2, atingindo um platô. Nesse momento atinge-se a condição do
consumo máximo de oxigênio, em virtude da saturação de O2 nos músculos e
coração (53).
A taxa máxima do consumo de oxigênio do indivíduo (VO2 máx), tem
sido considerada como um dos determinantes chaves de desempenho de
resistência aeróbica (53). Entretanto, a medida de VO2 máx é raramente obtida
em indivíduos sedentários, com doenças crônicas e/ou infectados com
HIV/AIDS, pois o esforço é interrompido por estafa física ou especificamente na
PVHA, por fadiga muscular periférica. Nessas circunstâncias, obtêm-se o VO2
pico, que corresponde ao consumo máximo no teste constituindo um marcador
qualitativo de transporte de O2, que por mais que apresente valores inferiores
ao VO2 máx é tido como parâmetro de medida de capacidade
cardiorrespiratória (54, 55).
Tem sido observado, numa escala decrescente, que o comprometimento
da capacidade de extração e utilização do oxigênio pela fibra muscular ocorre
22
em maior grau nos indivíduos HIV+ submetidos à ART, em seguida nos
infectados sem uso da ART e, por fim, nos HIV negativos. Possivelmente, os
mecanismos envolvidos nesse processo estão relacionados com a infecção e
inflamação pelo HIV, com a ART ou com a combinação destes fatores (55).
Diante disso, torna-se importante avaliar e prescrever exercícios físicos
como medida preventiva e terapêutica para pessoas com HIV/AIDS, uma vez
que vários estudos (12, 14, 28, 31, 56) demostram que o exercício consegue
modular esses comprometimentos, trazendo benefícios clinicamente
significativo na capacidade cardiorrespiratória.
3.3- Destreinamento
O destreinamento é definido como a perda parcial ou total das
adaptações fisiológicas do treinamento em virtude da interrupção ou redução
dos treinos, que compromete a aptidão física do indivíduo e consequentemente
a sua saúde (46, 57). Esse fenômeno pode ocorrer devido a uma lesão, ao
processo de envelhecimento, por uma suspenção voluntária e/ou como parte
do ciclo anual de treinamento a fim de treinar outras capacidades (35).
A magnitude do destreinamento depende do condicionamento do
indivíduo, do tipo de treinamento ao qual foi submetido e ao tempo de
interrupção ou redução do treinamento. Como também pode depender da
idade, sexo, raça, patologia e fatores genéticos (58).
Em uma revisão (59) sobre destreinamento em adultos saudáveis, diante
de curto prazo de interrupção, entre uma a quatro semanas, há um rápido
declínio dos ganhos das adaptações do treinamento em indivíduos altamente
treinados e que em indivíduos recentemente treinados esse declínio é
moderado e a longo prazo, ou seja, mais de quatro semanas de suspensão ou
estímulo insuficiente, os indivíduos altamente treinados diminui
acentuadamente as adaptações do treino, mas permanece acima dos valores
de grupo controle durante o destreinamento, enquanto os indivíduos recém
treinados apresentam diminuição total das adaptações adquiridas.
23
Assim como o treinamento, o destreinamento também ocorre em função
da especificidade do treino. O exercício aeróbico apresenta características de
aumentar o VO2 max, capacidades oxidativas das mitocôndrias, diminuir
frequência cardíaca e lactato sanguíneo que são mais rapidamente perdidas
com o destreinamento. Diferente do treinamento anaeróbico, que melhora
níveis substratos anaeróbicos (ATP-CP, creatina, glicogênio), aumenta
tamanho das fibras musculares e a função das enzimas, aumenta os níveis de
lactato com o treinamento e apresenta por mais tempo retenção dessas
características com o destreinamento (51, 58).
Porém vale ressaltar que isso também é condicionado pela intensidade
do treino. Exemplo disso é o estudo (34) que constatou que um programa de
treinamento de alta intensidade (80-85% 1-RM) resulta em uma melhor
retenção de força muscular em comparação com um programa de baixa
intensidade (50-55% de 1-RM) após período 16 semanas de destreinamento.
Em uma revisão sobre destreino e força (60), apresentaram estudos
mostrando que de fato, em duas semanas já apareceram reduções do corte
transversal do músculo em jogadores de futebol e levantadores olímpicos,
principalmente causado pela redução do tamanho das fibras do tipo II (rápidas).
Quando o período sem estímulos de treinamento chega de oito a 12 semanas,
a redução do corte transversal do músculo associado à queda da atividade
eletromiográfica leva a uma queda da aplicação de força entre 7 a 12%.
No destreinameto da capacidade cardiorrespiratória, a curto prazo, em
atletas altamente treinados é caracterizado por um rápido declínio VO2máx,
mas geralmente permanece acima dos valores de indivíduos sedentários. E
diminui em menor grau nos recentemente treinados, mas esses ganhos do
treinamento são muitas vezes completamente revertida quando o treinamento é
interrompido por um período superior a quatro semanas, em virtude de uma
redução imediata no sangue e no volume plasma (20).
O destreinamento não apresenta muitos resultados na composição
corporal, pela dificuldade de mudanças significativas nesse parâmetro com
intervenções de curto e médio prazo, que são mais comuns nos estudos. Em
estudo (61), com homens saudáveis de idade universitária, os autores
24
avaliaram o destreinamento depois de 24 semanas de intervenção com um
grupo de exercício resistido e outro com aeróbico, e mostraram efeito
significativamente maior na massa magra, tamanho braço, e panturrilha após
intervenção resistida do que o outro grupo, seguido de perda significativas com
o destreinamento.
Todos esses achados são em população sem vírus HIV/AIDS, não sendo
esclarecido na literatura o efeito dessa interrupção em PVHA. Contudo, esse é
um parâmetro importante, já que essa população normalmente apresenta
alterações deletérias normalmente pela infecção e o uso da medicação.
4.0- METODOLOGIA
4.1-Caracterização da pesquisa
O estudo de caráter longitudinal do tipo experimental não randomizado,
com amostra não probabilística por conveniência e grupos independentes, em
que as variáveis independentes (treinamento) serão manipuladas para medir
seus efeitos sobre as variáveis dependentes (aptidão física) com o propósito de
determinar o grau de mudança produzido pelo treinamento (62).
4.2-População e amostra
A população do estudo foi composta por pessoas vivendo com HIV/AIDS
selecionados no hospital de infectologia do estado e em acompanhamento
clínico nos Serviços de Atenção Especializada em HIV/AIDS, as quais
formaram o grupo experimental (GE), e pessoas sem infecção do HIV/AIDS
selecionados por meio de cartazes impressos e mídia social, formando o grupo
controle (GC). A amostra foi composta por 21 pessoas divididas em: 11 no
Grupo experimental e 10 no Grupo controle.
4.3- Critérios de Inclusão
25
- Grupo Experimental:
Diagnóstico de HIV/AIDS por pelo menos dois anos;
Fazer uso da ART;
Apresentar contagem de linfócitos TCD4 igual ou superior a 500
cópias/mm³, carga viral indetectável (≤ 50 cópias/mm³);
Estar com liberação médica para prática de exercício físico;
Ter frequência mínima de 75% no programa de exercício físico;
Assinar Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
- Grupo Controle:
Sem diagnóstico de HIV ou qualquer doença crônica;
Estar com liberação médica para prática de exercício físico;
Ter frequência mínima de 75% no programa de exercício físico;
Assinar Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
4.4- Critérios de Exclusão
Apresentar qualquer tipo de infecção aguda ou crônica ou qualquer
doença que impeça a sua participação no programa de exercício físico;
Ter participado exercício físico no período de destreinamento.
4.5- Considerações Ética
Todos os participantes assinaram o termo de consentimento livre
esclarecido. O estudo foi aprovado no comitê de ética em pesquisa da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob número 1134038/2015,
atendendo aos itens propostos pela resolução 196/96-CNS-Brasil e respeitando
as normas internacionais de experimentação com humanos (63).
26
4.6- Delineamento do estudo
Legenda: GE- grupo experimental; GC- grupo controle; PVHA- pessoas vivendo com HIV/Aids; PSHA- pessoa sem vírus HIV/Aids; n- número de indivíduos. Figura 1 - Fluxograma do estudo
4.7- Avaliações e instrumentos de medidas
A aptidão física (composição corporal, função cardiorrespiratória e
força) dos participantes foram avaliadas em três momentos, durante a
permanência no estudo, sendo considerados da seguinte maneira: 1º momento
27
“pré-treino”= avaliação feita antes da intervenção, 2º momento “pré-destreino”=
após aproximadamente 48h do término da intervenção com exercício físico e 3º
momento “pós-destreino”= após 5 semanas de interrupção da prática de
exercício físico, sempre na parte da manhã em dias diferentes com intervalo de
48h entre os testes de esforço, força e DXA. Todos os testes os indivíduos
foram instruídos a abster-se de cafeína, fumo e exercício físico por 24h.
4.7.1- Avaliação da Composição Corporal
Mensurada pelo método indireto de Absortometria Radiológica de Dupla
Energia (DXA) (GE Medical Systems Lunar®- EUA), Modelo Prodigy, que
analisou a composição total do corpo (massa gorda e massa magra) e por
segmentos (membros inferiores e superiores, tronco e cabeça). Os indivíduos
foram digitalizados em decúbito dorsal utilizando protocolos padrão.(64)
4.7.2- Avaliação da força muscular (força isométrica)
A força de membros inferiores foi mensurada pela cadeira flexora e
extensora com célula de carga da marca Miotec®. Nesse teste, avaliou-se
força da musculatura flexora e extensora do joelho. Dessa forma, para analisar
a força dos músculos flexores, o indivíduo se posicionou sentado na cadeira
com perna dominante na posição de flexão no ângulo 45º; e para análise da
força dos músculos extensores, o indivíduo se posicionou sentado, com
extensão 60º do joelho. Já a força de membros superiores foi predita pela
preensão manual através do dinamômetro manual da marca Jamar®, em que o
indivíduo ficava sentado com braço dominante com ângulo de 90º do cotovelo.
4.7.3- Avaliação cardiorrespiratória
Realizada pelo teste de esforço. Os sujeitos foram instruídos a fazer
jejum de duas horas antes do teste. O teste foi realizado em esteira rolante
28
motorizada (Centuriom 300®, Brasília-DF, Brasil) seguindo um protocolo de
rampa individualizado, objetivando uma duração entre oito e 12 minutos. A
velocidade e inclinação foi incrementada gradativamente até que o indivíduo
atingisse exaustão voluntária. As variáveis ventilatórias foram mensuradas
utilizando o analisador metabólico de gases (modelo- Metalyzer 3B-
MICROMED®), através do método breath by breath, e em seguida calculadas
as médias a cada 20 segundos, as quais eram analisados pelo programa
Metasoft. A unidade do Cortex foi calibrada pelo método de circuito fechado,
através de gás de calibração (cilindro de 16 %O2 e 5 %CO2 original, fornecido
pelo fabricante), o que permitiu uma nova calibragem antes de cada teste. Os
critérios para aceitar o teste como máximo, se resumiram em aceitar pelo
menos três dos seguintes critérios: a) exaustão voluntária; b) FC máxima
atingida de pelo menos 90% da prevista para a idade (220-idade); c) razão de
troca respiratória > 1,1; d) consumo máximo de oxigênio, observado pelo
conceito de platô, quando o VO2 estabiliza não ocorrendo uma diferença ≤
150ml.kg-1.min-1 entre os valores dos últimos 30 segundos de teste ou pico
quando o VO2 atinge maior valor durante o teste, não ocorrendo estabilização
(53, 65).
Durante o teste, incluindo os períodos de repouso e recuperação, foram
monitoradas continuamente a frequência cardíaca (FC) por meio de um monitor
cardíaco de marca polar® FT1-Finlândia, e aferida a Pressão arterial (PA)
antes e após o teste, pelo Monitor de Pressão Arterial automático, modelo
HEM-7200 - Omron®.
Determinação do limiar ventilatório (L1) e Ponto de compensação
respiratória (L2): O L1 foi determinado por três avaliadores e de forma
independente, utilizando como critério o método visual da perda da linearidade
da relação entre o consumo de oxigênio-VO2 e a produção de dióxido de
carbono-VCO2 (V-slope) (66). Para a confirmação do limiar, também foi
utilizado o ponto mais baixo do equivalente ventilatório de oxigênio (VE/VO2)
antes de ele começar a subir, sem aumento concomitante do equivalente
ventilatório de dióxido de carbono (VE/VCO2), o comportamento da PetO2 e o
menor valor do quoeficiente de troca respiratória (R). O L2 foi identificado a
29
partir da inspeção gráfica dos dados, CO2 cruzando com VO2, VE/VO2 e
VE/VCO2, em que se observava um aumento sistematizado dos equivalentes
ventilatórios com confirmação pelo maior valor da PetCO2, precedendo sua
queda abrupta. E o VO2 pico o maior valor de consumo de oxigênio observado
no teste (53).
4.8- Protocolo de intervenção com exercício
Ambos os grupos passaram por intervenção de treinamento combinado,
que consiste em exercícios aeróbicos e resistidos na mesma sessão de treino,
respeitando os princípios de treinamento preconizado pelo American College of
Sports Medicine- ACSM (31, 67).
O treinamento aeróbico foi feito em um ginásio antes da sessão de treino
resistido, com duração de 20 minutos em caminhada na intensidade leve
controlada através da escala de percepção subjetiva de esforço de Borg
adaptada entre 4 e 5 (68). Foi realizada ancoragem com a escala de Borg a
cada dois minutos com o intuito de manter a intensidade constante. A
determinação da intensidade leve foi com o objetivo de evitar exaustão e
interferência no treino resistido como também reduzir a possibilidade de lesões
osteomioarticulares, característico da população com HIV/Aids. (9, 28)
No treinamento resistido a prescrição seguiu o modelo de periodização
ondulatória semanal, na qual ocorre a variação de estímulos através de
mudanças na intensidade dos treinos a cada semana (67, 69). A variação
ocorreu através de estímulos de resistência, hipertrofia e força. A periodização
foi dividida em macrociclo, mesociclos e microciclos. O macrociclo teve
duração de 15 semanas, sendo subdivididos em cinco mesociclos, com três
microciclos cada (Um para resistência, um para hipertrofia e um para força,).
Cada sessão de treinamento foi realizada três vezes por semana em dias não
consecutivos e teve duração entre 60 a 80 minutos. O volume, intervalos e
intensidade utilizados no treinamento foram os seguintes:
30
o Treino de resistência: três séries de 15 repetições, um minuto de
intervalo e intensidade de 40 a 60 % Fcmáx monitorado pela PSE 4-6
OMNI-Res.
o Treinos de hipertrofia: três séries de 11 repetições, um minuto e 30
segundos de intervalo e intensidade de 70 a 80% Fcmax monitorado
pela PSE 7-8 OMNI-Res.
o Treinos de força: três séries de seis repetições, dois minutos e 30
segundos de intervalo e intensidade de 80 a 100% monitorado na PSE
8-10 OMNI-Res) (70)
Em relação ao método de treino adotado, utilizou-se o parcelado ABC, em
que cada letra representa um dia da semana e um treino específico. Nos
treinos A: tiveram como foco as musculaturas quadríceps, peitoral e abdômen
(superior), no treino B: isquiotibiais, dorsal,panturrilha e abdômen (inferior)e no
treino C: tríceps, bíceps, ombro, glúteos e abdômen (transverso e oblíquo).
Sendo prescritos exercícios para segmentos corporais mais atingidos pela
lipodistrofia e com intervalo de estímulos de 48 a 72h entre as sessões com
objetivo de favorecer a regeneração muscular desses indivíduos evitando
imunossupressão (71).
4.9- Destreino
Foi feito cinco semanas de interrupção de exercício físico. Orientado aos
indivíduos a abster-se de qualquer prática de exercício físico e que
mantivessem seus hábitos de vida normal.
31
Tabela 1 - Resumo do protocolo de intervenção.
TREINO FREQUÊNCIA DURAÇÃO INTENSIDADE VOLUME INTERVALO MÉTODO
AERÓBICO
3 vezes/
semana em
dias não
consecutivos
20 min/
sessão
Leve (4-5
BORG) Constante Não Contínuo
RESISTIDO
3 vezes/
semana em
dias não
consecutivos
60 a 80
min/
sessão
Ondulatória
Semanal
Resistencia:
40 a 60 %
Fcmax – (PSE
4-6 OMNI-Res)
Hipertrofia: 70
a 80% Fcmax
(PSE 7-8
OMNI-Res)
Força: 80 a
100%- (PSE 8-
10 OMNI-Res)
6
exercícios/
sessão
Resistencia:
3 séries de
15
repetições
Hipertrofia:
3 séries de
11
repetições
Força: 3
séries de 6
repetições
Resistencia:1
min
Hipertrofia:1
min e 30 seg
Força: 2 min
e 30 seg
A: Peitoral
quadríceps,
e abdômen
(superior)
B: Dorsal,
isquiotibiais,
panturrilha
e abdômen
(inferior)
C: Tríceps,
bíceps,
ombro,
glúteos e
abdômen
(transverso
e oblíquo)
Legenda: PSE - Escala de Percepção de Esforço BORG ; OMNI-RES
5.0- ESTATÍSTICA
Após a análise de normalidade dos dados pelo teste de Shapiro Wilk
utilizamos como descrição os valores de mediana e intervalo de confiança. Na
estatística inferencial, o teste Wilcoxon foi utilizado para avaliar a diferença
entre os parâmetros avaliados antes e após o tempo de destreinamento e
32
também foi calculado o delta percentual, para determinar a diferença entre os
grupos, considerando para o teste de hipótese o nível de significância p < 0,05.
6.0- RESULTADOS
Não houve diferença significativa entre os grupos no momento inicial do
estudo (pré treinamento) na estatura, idade, sexo, consumo oxigênio, níveis
força e atividade física (IPAQ), diferenciando somente na massa corporal,
conforme tabela 2.
Tabela 2 - Características descritivas dos grupos experimental e controle.
GE GC P
MASSA CORPORAL (Kg) 62,6 (54,5-68,8) 79,9 (67,2-83,4) 0,01*
ESTATURA (cm) 164,0 (155,3-168,0) 161,5 (155,8-169,1) 0,85
IDADE (anos) 49,0 (41,2-52,1) 45,5 (33,5-53,2) 0,50
H/M (n) 7/4 3/7 0,13
VO2(ml/min/kg) 29,0 (26,4-33,1) 26,0 (22,1-31,2) 0,22
DBD (Kgf) 35,3 (26,3-42,1) 30,7 (25,6-46,2) 0,77
FFPD (Kgf) 12,9 (10,0-16,8) 13,7 (20,5-12,5) 0,19
FEPD (Kgf) 37,4 (29,0-40,7) 26,6 (23,1-49,8) 0,80
IPAQ (insuficiente ativo) 90,9 % 90 %
DBD- Dinamometria Braço Dominante; FFPD-Força Flexão Perna Dominante; FEPD- Força Extensão Perna Dominante H- Homens; M- Mulheres; IPAQ- Questionário internacional de atividade física; VO2- Consumo máximo oxigênio; ART- terapia antirretroviral.
Na tabela 3, 4 e 5 estão os dados de composição corporal, força de
membros superiores/inferiores e aptidão cardiorrespiratória e a variação
percentual alcançada (∆%) nos dois grupos (GE e GC), respectivamente.
33
Tabela 3 - Composição corporal do grupo experimental e controle nos momentos pré destreino e pós
destreino.
GE GC
Pré Pós ∆(%) Pré Pós ∆(%)
MC (Kg) 64,5 (44,4-79,3) 63,6 (44,2-80,8) -1,3 78,7 (50,3-93,6) 78,2(54,4-94,1) -0,6
GB (%) 23,8 (12,5-40,7) 24,5 (13,0-41,0) 2,9 37,4 (16,8-49,6) 38,5(16,5-48,6) 2,9
GP (%) 21,9 (10,4-40,8) 20,1 (11,1-40,3) -8,2 38,9 (17,5-49,9) 39,8 (18,1-49,4) 2,3
GTr (%) 31,0 (17,9-48,8) 31,8 (18,7-49,2) 2,5 38,0 (23,5-64,2) 38,3 (24,7-64,1) * 0,7
GT (%) 26,4 (17,2-41,3) 26,2 (16,2-40,4) -0,7 37,0 (17,8-48,9) 37,8 (18,1-49,9) * 2,1
MLG (Kg) 46,4 (33,2-63,1) 46,0 (32,6-63,6) -0,8 44,7 (37,4-70,7) 44,6 (37,2-70,8) - 0,2
MC- Massa corporal; GB- % gordura braços; GP- % gordura pernas; GTr- % Gordura tronco; GT- % Gordura
total; MLG- Massa livre gordura. *Diferença significativa
Os resultados da tabela 3 apontam aumento significativo na gordura total
do corpo e na gordura do tronco no GC, evidenciando que houve prejuízo
relevante nesse parâmetro após o destreinamento. Nos outros segmentos da
composição corporal o destreinamento mostra que não houve diferença
significativa, porém quando observamos o delta de variação, houve redução do
percentual de gordura de pernas no GE em 8,2% e massa livre de gordura de
0,8% e aumento da gordura de tronco de 2,5%, enquanto no GC o percentual
de gordura na perna aumenta em 2,3 % e reduz a massa livre de gordura em
0,2%, após destreinamento, o que demonstra o efeito da lipodistrofia na PVHA.
Tabela 4 - Força do grupo experimental e controle nos momentos pré destreino e pós
destreino.
GE GC
Pré Pós ∆ (%) Pré Pós ∆ (%)
DBD 39,2 (19,8-54,9) 37,0 (20,0-53,7) -5,6 32,8 (26,3-62,7) 30,5 (24,0-59,0) -7,0
FFPD 18,5 (10,7-25,1) 17,1 (8,7-24,1)* -7,5 17,6 (12,7-30,3) 17,5 (11,2-28,4) -0,5
FEPD 42,0 (29,3-59,6) 37,3 (22,3-52,8)* -11,1 33,8 (25,3-74,9) 31,9 (25,0-74,0) -5,6
DBD- Força dinamometria Braço Dominante; FFPD- Força Flexão Perna Dominante; FEFD- Força
Extensão Perna Dominante. * Diferença significativa
34
Na aptidão de força, houve redução significativa na flexão e extensão da
perna do GE quando observado ao GC, revelando perda nos níveis de força,
após destreinamento. O que mostra um comportamento de perda maior da
PVHA, possivelmente, em virtude do acometimento de sarcopenia presente
nessa população, conforme a tabela 4. Quando observamos o delta de
variação os dados se confirmam, porém na força de membro superiores o GC
apresenta maior perda percentual.
Tabela 5 - Aptidão cardiorrespiratória do grupo experimental e controle nos momentos pré destreino e pós destreino. GE GC
Pré Pós ∆ (%) Pré Pós ∆ (%)
VO2 L1 18,7 (8,5- 28,1) 14,0 (9,2-24,1)* -25,1 13,7 (11,0-22,9) 12,4 (10,5-28,2) -9,4
VO2 L2 30,6 (15,6-44,1) 24,0 (13,2-33,9)* -21,5 27,2 (14,7-33,6) 22,0 (16,8-41,8)* -19,1
VO2 PICO 33,7 (22,3-47,0) 30,0 (24,9-41,6)* -10,9 31,5 (25,4-42,8) 28,5 (13,8-40,6)* -9,5
Legenda: L1 -Consumo de oxigênio no limiar 1; L2-Consumo de oxigênio no limiar 2; VO2 PICO- Maior Consumo de oxigênio atingido; * diferença significativa.
Já na aptidão cardiorrespiratória, os resultados mostram redução
significativa nos limiares 1, 2 e no VO2 pico do GE enquanto no GC encontrou-
se redução significativa somente no limiar 2 e VO2 pico, o que demonstra perda
dessas capacidades, podendo inferir que o destreinamento promoveu prejuízos
maiores na capacidade aeróbica (limiar 1) do GE quando observado ao GC,
como vemos na tabela 5. Confirmados pelos dados de variação percentual.
7.0- DISCUSSÃO
O objetivo do nosso estudo foi avaliar efeito do destreinamento em
componentes da aptidão física de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Diante
desse propósito, nosso principal achado foi na aptidão cardiorrespiratória e na
força de membros inferiores, sendo estes os parâmetros que o destreinamento
promoveu maiores prejuízos para PVHA.
35
Dentre as variáveis da aptidão cardiorrespiratória analisadas, o limiar 1
ou ventilatório, caracterizado pelo limite entre a fase do exercício
predominantemente aeróbico e a fase que inicia a acidose metabólica ou onde
ocorre a transição da produção de energia muscular e aumento das
concentrações de lactato no sangue (72), foi o que apresentou maiores
reduções em PVHA com a suspenção do treinamento (p=0,03), seguido do
limiar 2 e VO2 pico. Esses prejuízos podem ser explicados pela demanda
fisiológica diminuída, a qual causa menor densidade mitocondrial e capilar e,
consequentemente, reduz a oxigenação das musculaturas periféricas (20).
Uma provável explicação para esse déficit cardiorrespiratório deve-se a
um comportamento específico em PVHA elucidado na literatura, que refere-se
a acidose metabólica, proveniente do estresse oxidativo originário da ação do
próprio vírus no corpo e da toxicidade de algumas medicações antirretrovirais,
as quais produzem excesso de espécies reativas de oxigênio (EROs) e
atingem as células TCD4+ baixando sua capacidade antioxidante, fazendo com
que o indivíduo apresente uma maior dificuldade em realizar o balanço redox e,
por consequência, causando dano celular na mitocôndria, uma das organelas
celulares mais importantes e responsáveis pelo transporte de elétrons para
cadeia respiratória (44, 73, 74). O destreinamento, portanto, parece enfatizar o
mecanismo que já está bastante presente em PVHA, e retira, de modo geral, o
benefício que o treinamento combinado regular promove, como o maior efeito
no consumo excessivo de oxigênio pós-exercício (EPOC), ação essa, que
permite a remoção dos metabólicos, diminuindo assim, a acidose láctica.
Foi avaliado também o VO2 pico, conhecido como um preditor de
doenças cardiovasculares e apresenta relação direta com a mortalidade da
população geral (53). Nossos achados apontam que o destreinamento
promoveu perda significativa do VO2 pico tanto no GE como no GC (p= 0,003 e
p= 0,018). Porém, quando observamos o delta de variação, vemos maior perda
percentual no GE quando comparado com GC (10,9% vs 9,5%). Sendo assim,
diante dessa diferença, nos indica que o GE obteve maior déficit no VO2 pico
após o destreinamento. Provavelmente, esse resultado seja proveniente da
36
acidose láctica aumentada inerente a essa população, o que implica maior
risco de doenças e mortalidade.
Para explicar essa justificativa, é pertinente enfatizar que quando a
acidose láctica ocorre no organismo, é necessário diminuir a acidez para
manter o pH alcalino, para então, ocorrer o transporte do oxigênio de modo
eficiente. Assim, uma hipótese em PVHA no metabolismo energético o sub
produto do Piruvato, o íon H+ se acumula em razão dessa disfunção
mitocondrial ou pela falta de carreadores NAD e FAD que não conseguem levar
esse íon H+ para cadeia respiratória, causando altos níveis lactato no sangue
(75, 76) e o mecanismo de tamponamento não funcione corretamente.
Esse funcionamento inadequado, faz com que o oxigênio apresente
pouca afinidade com a hemoglobina, fazendo com que a produção de dióxido
de carbono aumente rapidamente e os íons bicarbonatos não consigam suprir
a demanda de transporte até os pulmões, ocasionando diminuição do
tamponamento, culminando em uma acidez precoce (fadiga), podendo ser o
responsável pelo desempenho aeróbico prejudicado desses indivíduos. Essa
hipótese, seria a provável causa dos maiores prejuízos na aptidão
cardiorrespiratória relacionados ao destreinamento em PVHA quando
comparadas às pessoas sem HIV/AIDS que não apresentam essas alterações
metabólicas.
Já está elucidado que pessoas sem HIV apresentam perda das aptidões
cardiorrespiratória com a suspenção do exercício físico (18, 77). No entanto,
não encontramos estudos que apresentem os efeitos do destreino em PVHA,
sendo essa, uma limitação para a discussão, mas também uma investigação
importante que visou preencher esta lacuna.
O limiar 2 ou ponto de compensação respiratória também foi observado
em nosso estudo, e é caracterizado pela mudança do metabolismo energético,
no qual, mede a capacidade anaeróbica dos indivíduos. Sabe-se que esse
parâmetro apresenta relação com a força muscular (78). Segundo Raso et al.
(2013) a perda da força muscular parece prejudicar o esforço anaeróbio tanto
por fazer o lactato se acumular em uma fração inferior do consumo máximo de
oxigênio, como por causa da fadiga precoce e pelo menor volume de músculo
37
que está disponível para ativação durante o teste de esforço. Nos nossos
resultados esse limiar apresenta diferença significativa em ambos os grupos
(GE p=0,003 e GC p=0,009), demonstrando prejuízo, no entanto, quando
analisado o delta de variação, a redução foi maior na PVHA (21,5% GE vs
19,1% GC), isso poderia ser explicado pela relação com a força, já que GE
apresentaram níveis de perda maior do que o GC que apresentou uma maior
retenção tanto dos níveis força quanto de massa muscular.
Na variável força muscular, observou-se que o destreino apresentou
comportamentos mais deletérios na força flexão e extensão da perna no GE
quando observado ao GC, com diminuição significativa dos níveis de força ( p=
e p= ) após destreino, confirmados pela perda percentual de variação ( 7,5% e
11,1 vs 0,5% e 5,6% ). Já na força de preensão manual, não houve diferença
entre os grupos mas é observado uma perda maior dos níveis de força no GC
(7% vs 5,6%). Uma explicação para esse efeito na PVHA, deve-se
possivelmente ao fato desses sujeitos apresentarem como efeitos adversos a
lipoatrofia (alteração da composição corporal com perda de gordura na regiões
periféricas ) e/ ou síndrome de Wasting, que apresenta relação direta com a
sarcopenia (perda massa muscular), como relata estudos de Raso et al. que
apontam uma redução induzida por HIV da massa muscular e da consequente
perda da força muscular (78).
Quanto a composição corporal, observamos, após o destreino, o
aumento significativo da Gordura Total (p= 0,036) e Gordura do Tronco
(p=0,036) no GC, o que pode ser explicado pelo fato desse grupo ter
demonstrado melhora, ou seja, perda de gordura corporal durante o tempo de
treinamento (15 semanas de intervenção com exercícios combinados antes do
período de destreino). Já no GE, apesar de observarmos mudanças em valores
absolutos no período do destreino (aumento de gordura), essas alterações não
ocorreram de forma significativa podendo ser explicado pelo fato de que tal
grupo não obteve redução significativa na gordura corporal no período de
treinamento, resultados coerentemente justificados a partir do princípio da
reversibilidade, ou seja, quanto maior os ganhos, maiores as perdas, como não
obtiveram grandes ganhos também não tiveram perda significativa. (79)
38
Possivelmente, o curto tempo de intervenção (15 semanas) que
antecedeu o período de destreinamento não foi suficiente para produzir
mudanças significativas em PVHA, como reportado em estudos que discutem a
dificuldade em modificar de forma significativa a composição corporal dessa
população em diferentes períodos de intervenção (10, 80). Consequentemente,
não demonstrou perdas significativas após destreinamento.
Por mais que não apresente valores significativos, vale observar
mudanças prejudiciais em termos absolutos, com redução do percentual de
gordura de pernas no GE em 0,8% e da massa livre de gordura de 0,4 kg,
enquanto no GC o percentual de gordura na perna aumenta em 0,9% e diminui
em 0,1 kg na massa livre de gordura, após destreinamento, o que demonstra o
efeito da lipodistrofia na PVHA, mais precisamente da lipoatrofia, a qual
acarreta a perda de gordura periférica corporal.
Diante de todos os achados, sugere-se que a suspensão de programas
de exercícios físicos seja evitada principalmente em PVHA, já que os efeitos do
destreinamento apresentaram-se mais deletérios nessa população. Além disso,
torna-se imprescindível a aderência do exercício aeróbico no programa de
treinamento como medida de prevenção e tratamento de doenças
cardiometabólicas.
A escassez de estudos os quais avaliaram o efeito do destreinamento,
em pessoas vivendo com HIV/AIDS dificulta a comparação entre os achados,
mas, ao mesmo tempo, confere originalidade e relevância dos resultados
apresentados no presente estudo. Outra limitação decorre do número amostral
pequeno, caso bem corriqueiro nos estudos com população com HIV e com
intervenção de curto/médio prazo, como também medições de marcadores
bioquímicos, proteicos e/ou gênicos que confirmem a justificativa do estresse
oxidativo e acidose metabólica causarem maior destreinamento.
8.0- CONCLUSÃO
Concluímos que dentre os componentes da aptidão física, o
destreinamento, promoveu maiores prejuízos na capacidade cardiorrespiratória
39
e na força muscular de membros inferiores de pessoas vivendo com HIV/AIDS
quando observados às pessoas sem HIV/AIDS. Enquanto a composição
corporal o destreinamento entre os grupos foram semelhantes, apresentando
perdas parciais.
Dessa forma podemos afirmar que a suspenção de programas de
treinamentos com exercícios físicos deva ser evitada, a fim de minimizar os
prejuízos causados pela inatividade física e efeitos adversos do vírus HIV e
terapia, que tornam PVHA susceptíveis a doenças cardiovasculares.
40
9.0- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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