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Felipe Dal’Bianco Gonzaga
EFEITO DO TREINAMENTO CONCORRENTE NA ECONOMIA DA
CORRIDA
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional / UFMG
2017
Felipe Dal’Bianco Gonzaga
EFEITO DO TREINAMENTO CONCORRENTE NA ECONOMIA DA
CORRIDA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a especialização em
preparação física esportiva, da Escola de Educação Física, Fisioterapia
e Terapia Ocupacional (EEFFTO) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), como requisito à obtenção do título de especialização.
Orientador (a): Karine Naves de Oliveira Goulart
Belo Horizonte
Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional / UFMG
2017
Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Educação Física, Fisioterapia e
Terapia Ocupacional
Trabalho de conclusão de curso de Especialização intitulada “Efeito do treinamento
concorrente na economia de corrida”, de autoria de Felipe Dal’Bianco Gonzaga,
aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:
______________________________________________________________________
Mariana Paulino Oliveira – Orientador Depto de Esportes/Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG
______________________________________________________________________
Eduardo da Silva Alves – Orientador Depto de Esportes/Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG
Belo Horizonte, 01 de julho de 2017
Dedico esse trabalho primeiramente a DEUS, que a cada dia vem me capacitando
para novos desafios. Aos meus familiares, amigos, professores e alunos, que são
a razão da busca incessante pelo conhecimento.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha orientadora Karine Naves de Oliveira Goulart pela enorme
atenção e disponibilidade em me orientar. Agradeço aos mestres pelos
ensinamentos diários e aos meus amigos de turma, que são amigos na profissão,
pelo excelente companheirismo e dedicação ao curso. Muito obrigado.
RESUMO
INTRODUÇÃO. O treinamento concorrente é caracterizado pela prática simultânea do
treinamento de força com alguma modalidade de treinamento aeróbio. O treinamento de
força propicia adaptações neuromusculares, como, rigidez musculotendinosa,
recrutamento e sincronização de unidades motoras, coordenação intra e inter-muscular,
inibição neural e pode melhorar o desempenho em atletas de resistência e fatores de
potência muscular específicos do treinamento aeróbico. Desta forma, consideramos uma
ótima economia de corrida um atleta com Vo2max aumentado e que consiga ter um
dispêndio de energia menor no limiar de lactato, assim podemos perceber como o
treinamento aeróbico pode agir diretamente para melhorar a economia de corrida,
tornando-se uma importante ferramenta para o desempenho. Muitos corredores tem a
percepção de que treino de resistência aeróbica só melhora com muito treino de
resistência. Historicamente, os corredores hesitavam em realizar o treinamento de força
devido a preocupações com possíveis efeitos colaterais como hipertrofia na densidade
capilar e função mitocondrial. Com intuito de buscar um maior entendimento sobre a
influência no treinamento aeróbico e assim contribuir para o cotidiano de atletas de
corrida, a presente revisão de literatura tem como objetivo verificar o efeito do
treinamento concorrente na economia da corrida. METODOLOGIA. Foram selecionados
seis artigos que atenderam aos seguintes critérios: 1) artigos experimentais que tenham
sido publicados a partir do ano de 2010; 2) artigos cuja amostra fosse composta por
corredores de rua profissionais ou recreativos; 3) presença de treinamento concorrente
(força e aeróbico) no desenho experimental; 4) economia de movimento da corrida como
variável apresentada nos resultados do estudo. RESULTADO. Dos seis estudos
analisados, cinco apresentaram melhora na economia de corrida. Os protocolos
analisados, mostraram que os estudos que estimularam treinos de força explosiva,
apresentaram uma influência na economia de corrida. CONCLUSÃO. Os estudos
observados mostram que fatores neuromusculares podem interferir diretamente na
melhoria da capacidade aeróbica quando se faz uma análise aguda do treinamento
concorrente. O treinamento de força tende a induzir a eficiência do trabalho muscular e
melhorar a estabilidade corporal, o que permite um maior volume de treino e uma melhor
transmissão de impulso. O treinamento de força pode influenciar positivamente muitos
parâmetros que são supostamente correlacionados com a economia de corrida.
Palavras-Chave: Treinamento concorrente. Economia de corrida. Treinamento de força.
Treinamento de resistência.
ABSTRACT
INTRODUCTION. Concurrent training is characterized by the simultaneous practice of
strength training with some form of aerobic training. On the other hand, strength training
is related through neuromuscular adaptations, such as musculotendinous rigidity,
recruitment and synchronization of motor units, intra- and inter-muscular coordination
and neural inhibition, has the potential to improve performance in endurance athletes and
power factors Muscle-specific aerobic training. In this way, we consider a great running
economy an athlete with increased Vo2max and who can have a lower energy expenditure
at the lactate threshold, so we can see how aerobic training can act directly to improve
the running economy, becoming an important Tool for performance. Many runners have
the perception that aerobic endurance training only improves with much resistance
training. Historically, runners hesitated to perform strength training because of concerns
about possible side effects such as hypertrophy in capillary density and mitochondrial
function. In order to gain a better understanding of the influence on aerobic training and
thus contribute to the daily life of running athletes, the present literature review aims to
verify the effect of concurrent training on the running economy. METHODS. Six articles
were selected that met the following criteria: 1) experimental articles that have been
published since 2010; 2) articles whose sample consisted of professional or recreational
street runners; 3) presence of concurrent training (strength and aerobic) in the
experimental design; 4) economy of movement of the race as a variable presented in the
results of the study. RESULT. Of the six studies analyzed, five showed improvement in
the running economy. The protocols analyzed showed that the studies that stimulated
explosive strength training had an influence on the racing economy.
CONCLUSION. The observed studies show that neuromuscular factors can directly
interfere in the improvement of aerobic capacity when an acute analysis of the concurrent
training is made. Strength training tends to induce muscle work efficiency and improve
body stability, which allows for a greater volume of training and better impulse
transmission. Strength training can positively influence many parameters that are
supposed to correlate with running economy.
Keywords: Concurrent training. Running economy. Strength training. Resistance
training.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 9
2 METODOLOGIA ............................................................................................................. 14
3 RESULTADOS .................................................................................................................. 15
4 DISCUSSÃO ...................................................................................................................... 17
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 25
9
1 INTRODUÇÃO
O treinamento aeróbico propicia adaptações ao sistema cardiovascular em repouso e
durante o exercício físico. Dentre os parâmetros cardiovasculares que sofrem as
adaptações ao treinamento aeróbico estão a frequência cardíaca e a pressão arterial, sendo
que um dos principais efeitos do treinamento é a diminuição da frequência cardíaca em
repouso principalmente quando o treinamento aeróbico é realizado em intensidade baixa
e moderada entre 50- 70% do consumo máximo de oxigênio (Vo2max), (NEGRÃO,
MOREIRA, SANTOS; FARAH e KRIEGER 1992); (BRUM et al.1995); (KALIL et al.
1997). Além disso, ocorrem adaptações músculo esqueléticas em indivíduos saudáveis
que revertem os efeitos do descondicionamento. O treinamento aeróbico melhora também
o metabolismo oxidativo no músculo esquelético, aumentando a capilaridade, o fluxo
sanguíneo muscular, a densidade, o tamanho mitocondrial e a atividade enzimática
(HENRIKSSON et al. 1992; NEUFER et al. 1989). Essas mudanças adaptativas
aumentam a capacidade de trabalho e o limiar anaeróbio (HOLLOSZY et al. 1984;
YOSHIDA et al. 1982).
Como consequências dessas adaptações aos treinos aeróbicos temos o aumento do
Vo2max e do limiar de lactato sanguíneo. De acordo com Basset e Howley (2000), o
Vo2max e o limiar de lactato podem influenciar a economia de corrida, sendo essa
definida quando o consumo de oxigênio for menor em uma determinada velocidade e
com o Vo2max aumentado, que consiga ter um dispêndio de energia menor no limiar de
lactato ou seja, seu gasto energético para a velocidade é menor, (BOSQUET et al. 2002)
sendo assim essa economia pode ser responsável por até 30% do desempenho em provas
de corridas, (SAUNDERE et al. 2004).
Exercícios de longa duração, conhecidos como exercícios de resistência realizados antes
dos exercícios de força exercem efeitos deletérios, como a redução do desempenho. Os
fatores mais prováveis para que isto ocorra são: estresse térmico, desidratação,
percentagem de consumo máximo de oxigênio (VO2máx), limiar de lactato, fibras do tipo
I recrutadas e conteúdo de glicogênio no organismo. Já as atividades de curta duração são
afetadas por fatores como a motivação, disponibilidade de creatina- fosfato (CP) e
glicogênio muscular.
10
Desta forma, consideramos uma ótima economia de corrida um atleta com Vo2max
aumentado e que consiga ter um dispêndio de energia menor no limiar de lactato, assim
podemos perceber como o treinamento aeróbico pode agir diretamente para melhorar a
economia de corrida, tornando-se uma importante ferramenta para o desempenho,
(SANTOS e NAVARRO 2015).
Segundo Midgley (2007) o Vo2max representa uma importante alteração fisiológica
como o aumento da difusão do oxigênio na corrente sanguínea e sua utilização, gerando
mudanças no limiar de lactato, diminuição da concentração de lactato e aumento a
tolerância do lactato em intensidades elevadas. Alterações referentes à economia de
corrida estão ligadas a redução da demanda de energia para o esforço.
Além disso, condições prévias antropométricas podem ter influência, como por exemplo,
peso corporal e composição corporal, comprimento e composição das extremidades
inferiores, relação de tamanho corporal superior e inferior. Vários critérios de movimento
devem estabelecer um modelo de técnica de execução econômica, (LUCIA et al. 2006).
Alguns critérios como contatos de chão, ângulos de joelho, fases de balanço, extensão de
quadril e uma pequena oscilação vertical do centro de gravidade. Além disso, os pequenos
picos de força verticais no pé e a alta energia elástica gerada, desempenha um papel
importante para a melhor economia de corrida, (BELL et al.1988), (SAUNDERS et al.
2006), (SIMON et al. 1998) e (WILLIAM et al. 1987). Estudos de intervenção que visam
a otimização da economia em marcha geralmente se concentram na melhoria da
coordenação de corrida (BAILEY et al. 1991), (BELL at al. 1988), ou no aumento da
eficiência do trabalho muscular por diferentes tipos de treinamento de força (JONHSTON
et al. 1997), (SAUNDERS et a. 2006).
Já o treinamento de força está relacionado por meio de adaptações neuromusculares,
como, rigidez musculotendinosa, recrutamento e sincronização de unidades motoras,
coordenação intra e inter-muscular e inibição neural, tem o potencial de melhorar o
desempenho em atletas de resistência e fatores de potência muscular específicos do
treinamento aeróbico (PAAVOLAINEN et al. 2000).
Teoricamente, um atleta de resistência treinado pela força será mais econômico, pois as
forças sub-máximas desenvolvidas durante cada passo diminuirão para uma porcentagem
menor de valores máximos e terão uma resistência de força muscular melhor
(PAAVOLAINEN et al. 2000).
11
Os atletas serão capazes de produzir velocidades máximas de funcionamento ou de
ciclagem mais elevadas através de uma capacidade melhorada para absorver rapidamente
e criar força contra o solo (BEATTIE et al. 2014). Adaptações musculares podem incluir
aumento da atividade enzimática anaeróbia, aumento na produção de força, aumento do
glicogênio intramuscular ou dentro dos principais grupos de tipos de fibras
(ABERNETHY et al. 1994; KRAEMER et al. 1988; SALE et al. 1988).
Adaptações neurais podem incluir recrutamento e sincronização de unidades motoras,
melhoria da taxa de desenvolvimento da força e no ciclo alongamento-encurtamento
(ABERBETHY et al 1994; KRAEMER et al 1988; SALE et al 1988). Em combinação,
essas adaptações podem contribuir para corredores sustentarem ataques, subirem colinas
ou durante sprint na final de provas, o que deve melhorar o desempenho em execução
(TANAKA et al., 1998).
O treinamento concorrente é caracterizado pela prática simultânea do treinamento de
força com alguma modalidade de treinamento aeróbio (HICKSON et al. 1980;
KRAEMER et al. 1995; KARAVIRTA et al. 2009). Este tipo de treinamento é
considerado por alguns autores uma forma mais completa de treino, por promover,
simultaneamente, ganhos na força muscular e na capacidade aeróbia. Por essa razão, o
treinamento concorrente tem sido muito estudado tanto no âmbito da saúde quanto no alto
rendimento (CADORE et al. 2010; PAAVOLAINEN et al. 1999).
Treinamento de força e resistência podem ser realizados concorrentemente para melhorar
a performance em esportes, assim como para reabilitação de lesões e doenças
cardiovasculares (BELL et al. 2000; CHTARA et al. 2005). Atletas e indivíduos
fisicamente ativos ao empregar o treinamento concorrente em suas rotinas podem ser
afetados pela interferência que a primeira atividade pode causar na atividade subsequente.
O estímulo fisiológico dirigido para o músculo como resultado do treinamento de força e
de resistência é divergente em natureza e tem sido sugerido que são estímulos antagônicos
para o ganho de força (BELL et al. 2000).
No entanto, alguns estudos têm observado que os ganhos na força muscular podem ser
menores em indivíduos submetidos a um programa de treinamento concorrente quando
comparados à indivíduos que praticaram somente o treinamento de força (CADORE et
al. 2010). Essa situação ficou conhecida como “fenômeno de interferência” (LEVERITT
et al. ABERNETHY et al. 1999; LEVERITT et al. 2003).
12
Já economia de corrida pode ser definida como o custo de oxigênio (VO2) para uma dada
intensidade absoluta de exercício. Alguns autores têm mostrado uma variabilidade
interindividual bem elevada na economia de corrida, mesmo entre indivíduos bem
treinados e com valores similares de consumo máximo de oxigênio. Uma melhor
economia de corrida pode ser vantajosa, principalmente em provas de endurance, pois
permitirá uma menor utilização fracional do VO2max, para qualquer intensidade
submáxima de exercício.
Dessa forma, os efeitos do treinamento aeróbico no desempenho do treinamento de força
já estão bem estabelecidos na literatura. Com relação às adaptações aeróbicas, diversos
estudos demonstraram não haver diferenças quando o treino aeróbico é realizado
isoladamente ou quando associado ao treino de força (HENNESY e WATSON 1994;
KRAEMER et al. 1995; BELL et al. 2000; MCCARTHY et al. 2002). Entretanto, no
estudo de Chtara et al. (2005), o grupo no qual o treinamento aeróbico foi realizado
anteriormente ao de força obteve maiores ganhos na capacidade aeróbia do que o grupo
que treinou força antes do aeróbio. O autor sugeriu que uma possível fadiga decorrente
da primeira atividade (treino de força) pode ter reduzido a efetividade ou as adaptações
fisiológicas da segunda atividade (treino aeróbico), prejudicando assim o desempenho.
Além disso, alguns autores têm investigado de forma aguda os efeitos do treinamento de
força no comportamento metabólico do exercício aeróbio quando realizados em uma
mesma sessão (KANG et al. 2009; ALVES et al. 2012). Esses estudos possibilitam um
melhor entendimento sobre as alterações fisiológicas que ocorrem durante o treino
aeróbico em uma sessão de treinamento concorrente.
Muitos corredores tem a percepção de que treino de resistência aeróbica só melhora com
muito treino de resistência. No entanto, pesquisas atuais indicam que força anaeróbica
também pode ser importante para aumento do desempenho aeróbico através de alterações
musculares (ABERNETHY et al. 1994; KRAEMER et al. 1988; SALE et al. 1988).
Historicamente, os corredores hesitavam em realizar o treinamento de força devido a
preocupações com possíveis efeitos colaterais como hipertrofia na densidade capilar e
função mitocondrial (MAC DOUGALL et al. 1979). No entanto, o estudo de Kraemer
et al. (1988) mostra que o Vo2max do treinamento de resistência pode aumentar a
13
eficiência da corrida, atenuando a redução das fibras musculares tipo I e do tecido
conjuntivo.
A maioria dos estudos investigaram as alterações propiciadas pelo treinamento
concorrente no desempenho de força CRAIG et al (1991) LEVERITT e ABERNETHY
(1999). Com intuito de buscar um maior entendimento sobre a influência no treinamento
aeróbico e assim contribuir para o cotidiano de atletas de corrida, a presente revisão de
literatura tem como objetivo verificar o efeito do treinamento concorrente na economia
da corrida.
14
2 METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa utilizando o banco de dados “PubMed” para identificar
estudos que avaliaram o efeito do treinamento concorrente na economia de movimento
da corrida. A pesquisa na literatura foi realizada no período entre janeiro e março de 2017.
As palavras chave utilizadas para a busca dos artigos científicos foram: “training
concurrent” and “running economy”, sendo encontrados 17 artigos. Ao final, foram
selecionados seis artigos que atenderam aos seguintes critérios: 1) artigos experimentais
que tenham sido publicados a partir do ano de 2010; 2) artigos cuja amostra fosse
composta por corredores de rua profissionais ou recreativos; 3) presença de treinamento
concorrente (força e aeróbico) no desenho experimental; 4) economia de movimento da
corrida como variável apresentada nos resultados do estudo. A figura 1 apresenta o
número de artigos que restaram após verificação de cada critério.
15
3 RESULTADOS
Dos seis estudos analisados, cinco apresentaram melhora na economia de corrida. Os
protocolos analisados, mostraram que os estudos que estimularam treinos de força
explosiva, teve uma influência na economia de corrida. O quadro abaixo mostra a relação
entre os protocolos desenvolvidos e os resultados apresentados nos seis estudos.
Estudo Amostra Duração Protocolo
de T.F
Protocolo de
T.R
Resultados
Skovgaard e
colaboradores
(2014)
23 corredores
masculino
15
semanas
Força
explosiva
velocidade
concêntrica
máxima
possível
Sprint’s 30’’
Corrida 1500m
Corrida 10km
A economia de
corrida melhorou
3,1%
Sedano e
colaboradores
(2013)
18 corredores
masculino
12
semanas
Força
explosiva
(pliométrico)
e força
máxima
Correr 10’ em
3 velocidades
diferentes
(12/14/16km/h)
E.M e velocidade
de pico sem
efeitos
significativos
sobre o VO2
cinética padrão.
Piacentini e
colaboradores
(2013)
16 corredores
6
semanas
Treino de
força
utilizando
entre 85-
90% 1RM
Teste de esteira
5’ mais lento
que ritmo de
prova
5’ Ritmo de
prova
5’ ritmo acima
de prova
EM melhorou
significativamente
(p, 0,05) no grupo
TF (6,17%)
Kenji Doma
and Glen
Bede Deakin
(2012)
14 corredores
5
semanas
leg press
leg curls
Banco
extensor
Intensidade
de 6RM
Durante 10’
corrida três
estágios:
- 70% limiar
ventilatório
- 90% limiar
ventilatório
- 110% limiar
ventilatório
Não apresentou
melhora
significativa
16
Ferrauti e
colaboradoes
(2010)
22
corredores 8
mulheres e
14 homens
8
semanas
Treino de
força
contração
explosiva
(excêntrico
de 1’’,
concêntrico
de 2’’)
15 km por
semana com
uma
velocidade de
corrida de 90-
95% da
velocidade de
maratona
Melhora na
velocidade de
corrida e VO2 nos
limiares
submáximos
Taipale e
colaboradores
(2010)
28 corredores
6
semanas
3 grupos:
Força
Maxima 50-
80% 1RM
Força
explosiva
30-40%
1RM
Circuit
Training 50-
70% 1RM
20- 30 minutos
de exercício de
resistência de
baixa
intensidade
Melhoria do Vo2
e melhoria
significativa E.M
17
4 DISCUSSÃO
Até o final da década de 1990 não era comum corredores de provas de média e longa
distâncias se envolverem em programas específicos de treinamento de força. Isso ocorria
pela crença de que o treinamento de força favoreceria o ganho de massa muscular,
reduziria a densidade capilar e o volume das mitocôndrias na musculatura esquelética, o
que, em uma primeira avaliação, prejudicaria o desempenho atlético do corredor
(YAMAMOTO et al. 2008).
No entanto, nesse mesmo período, Paavolainen (1999) chamou a atenção para a
importância da economia de corrida e os possíveis benéficos que o treinamento de força
poderia influenciar no desempenho de corredores. Com isso, investigações acerca das
estratégias capazes de melhorar o desempenho e também dos mecanismos responsáveis
pela melhora da economia de corrida se tornaram relevantes (SAUNDERS et al. 2004).
Como podemos observar na presente revisão, dos seis estudos analisados, cinco
apresentaram como resultado a melhoria da corrida após um período de treinamento de
força.
No estudo de Skovgaard (2014) foi verificado se o treinamento de resistência em
velocidade seguido de treinamento de força explosiva teria interferência direta na
economia de corrida em atletas moderadamente treinados. Foram utilizados três
protocolos, no primeiro foram realizados sprints de 30 segundos de duração com 3
minutos de recuperação passiva e logo após exercícios utilizando a maior velocidade de
força concêntrica (potencia), para os exercícios agachamento, levantamento terra e leg
press. O segundo protocolo foi utilizado o teste de Yo-Yo seguido de 1RM de
agachamento e leg press. O terceiro protocolo foi realizado um teste de esteira para
quantificar a cinética da economia de corrida e VO2max, em seguida 1RM no
agachamento e 5RM no levantamento terra para determinar a força dinâmica máxima.
Foi realizado uma corrida de 10 km para determinar a resistência a longo prazo e para
determinar a resistência intermitente intensa uma corrida de 1,500 m. Os principais
achados do estudo foram que um período de treinamento simultâneo de resistência à
velocidade e treinamento de força, incluindo duas sessões semanais de treinamento
aeróbio, melhorou o desempenho de 10 km, 1.500 m e teste de Yo-Yo de corredores de
resistência moderadamente treinados, o treinamento levou a uma melhor economia de
corrida, elevação da força dinâmica máxima, enquanto VO2max, morfologia muscular,
18
capitalização, permaneceram inalteradas. O estudo de Skovgaard (2014), está
relacionado com os achados de Cavanagh e Williams (1982) onde demonstrou a relação
direta do comprimento de passada com a economia de corrida e que possa estar
relacionada a velocidade de corrida adotada. Portanto no estudo de Skovgaard (2014), os
voluntários sempre correram em velocidades elevadas, aumentando a amplitude das
passadas e assim contribuindo para uma maior economia. Cavanagh e Williams (1982),
analisando os efeitos da variação do comprimento de passada no consumo de oxigênio,
verificaram que a demanda aeróbica para uma determinada velocidade de corrida é menor
quando o comprimento de passada corresponde a um comprimento menor. Em outras
palavras, aumentar ou diminuir demasiadamente o comprimento de passada pode
acarretar em um aumento no VO2submáx e consequentemente, uma menor economia de
corrida (TARTARUGA et al. 2008).
Já no estudo de Taipale et al. (2010), foi percebido a necessidade de treinar adaptações
de forças explosivas para que os corredores melhorem a velocidades. No estudo de
Taipale et al. (2010), após realizarem 6 semanas de treino de força os voluntários
melhoraram a velocidade de corrida, o Vo2max e a economia de marcha. Essa melhora
ocorreu tanto no grupo que realizou protocolo de treinamento de força máxima quanto no
grupo que realizou protocolo de treinamento de força explosiva. As alterações
neuromusculares e o aumento da força estão associados com essas melhoras da economia
de corrida e pareceram ser mais relevantes para aumentar o desempenho da corrida do
que enfatizar apenas o aumento do Vo2max, isso porque, na corrida a um grande
benefício quando se tem capacidade de produzir forças rápidas, (potencia). Esse estudo
sugere que o treinamento de força é uma importante estratégia para aumentar o
desempenho de atletas corredores, corroborando os estudos anteriores de (JOHNSTON
et al. 1995); (SAUNDERS et al. 2004); (SPURR et al. 2003) e (TUNRNER et al. 2003).
Os autores relatam que uma melhora na economia de movimento da corrida aumenta a
velocidade em uma determinada distância ou aumenta a distância percorrida a uma dada
velocidade devido à diminuição do consumo de oxigênio, gerando como consequência,
uma melhora no desempenho aeróbico.
Ainda analisando a relação da melhora de corrida em diferentes velocidades, o estudo de
Taipale et al. (2010) mostraram que durante o período de intervenção o treinamento de
força máxima e força explosiva contribuíram para aumentos significativos no Vo2max e
na economia da corrida, tanto para a corrida realizadas em velocidades de 10km/h quanto
19
na corrida nas velocidades de 12km/h. Aumentos significativos também foram
observados após a redução do volume de treinamento de força máxima. Esse resultado
foi verificado no término da intervenção de treinamento de força. Após o período de
redução do volume de treinamento de força e aumento do volume do treinamento
aeróbico, foi notado aumento significativo nos quilômetros de corrida percorrido,
coincidindo com reduções na força máxima. Esses achados confirmam o estudo de Bell
et al. (2000), em que também foi verificado que o aumento no volume e na intensidade
do treinamento de corrida, pode gerar diminuições na força máxima, na força explosiva
e na ativação do músculo. Sendo assim, os autores concluíram que o aumento na carga de
treinamento aeróbico (especialmente corrida) tem como resultado um maior estresse
mecânico e gera interferência na força muscular.
Esta conclusão também está de acordo com Hickson (1980) e Hunter (1987), que
afirmaram que o desenvolvimento de força inicial pode ser dificultado se o volume de
treinamento aeróbio é alto. A corrida de resistência envolve a produção repetida de baixa
força e carga de impacto que fornece um tipo diferente de estímulo comparado ao
treinamento de força. Além disso, os músculos das pernas não estão totalmente ativados,
mesmo durante a corrida de alta intensidade, o que indica que há uma limitação sobre
quantas fibras musculares podem ser recrutadas para aumentar a capacidade de produção
da força.
Já no estudo de Piacentini et al. (2013), foram investigados os efeitos do treinamento de
força regular em um programa de corrida com atletas de resistência másters, com idade
acima de 35 anos. Os voluntários utilizados por Piacentini et al. (2013), estavam
envolvidos no mesmo programa de periodização para correrem uma maratona. Essa
periodização consistia em treinos de 4-5 dias por semana para um volume total de 50 km
semanal, distribuídos em corridas lentas, treinamento de intervalo e corridas de tempo
enfatizando a melhora do Vo2max. Para o programa de treinamento de força foi
constituído de 4 séries de 3-4 repetições de exercícios para o corpo inferior e superior em
85-90% do 1RM estimado. Os intervalos de repouso entre os conjuntos foram de 3
minutos. Os resultados deste estudo demonstraram um aumento significativo de 6,17%
na economia de corrida dos atletas másters, além de uma melhoria 17% no 1RM, sem
alterações concomitantes na massa corporal, porcentagem de peso corporal, massa gorda.
O aumento de 17% no 1RM observado neste estudo foi menor que o encontrado em
estudos anteriores que avaliaram os efeitos do treinamento de resistência em adultos mais
20
velhos (HUNTER e MACALUSO 2004). O desenvolvimento da força mostrou-se menor
quando o treinamento aeróbico é adicionado a um programa de treinamento de força, uma
vez que os estímulos fisiológicos dirigidos ao músculo esquelético como resultado do
treinamento de força e de resistência são divergentes na natureza (HUNTER et al. 2004),
(HAKKINEN et al. 2003).
A menor interferência é de fato evidente quando se treina simultaneamente a potência
aeróbica máxima e a força máxima, isso porque o estímulo de treinamento para aumentar
a força seria dirigido principalmente ao sistema neural, enquanto as adaptações para
aumentar a potência aeróbica máxima induzem principalmente adaptações periféricas e a
interferência parece ser menor (DOCHERTY et al. 2000). Portanto, o treinamento de
resistência crônica pode retardar o declínio significativo na morfologia muscular
(FERRAUTI et al. 2010).
Ainda em estudos de atletas moderadamente treinados Ferrauti et al. (2010) utilizou para
o protocolo de treinamento de força 4 conjuntos de exercícios para o membro inferior
com series de 3-5 repetição, para enfatizar adaptações neurais, minimizando a hipertrofia
muscular em uma tentativa de melhorar a economia de corrida. Para os músculos do
tronco, um protocolo consistente de resistência 3 séries de 20-25 repetições. Para o
protocolo do treinamento de corrida foi determinado que os aletas tivessem um volume
de treinamento de aproximadamente 250 min por semana. Assim como no estudo de
Piacentini et al. (2013), os participantes estavam participando de uma periodização
visando uma maratona.
Ao investigarem atletas recreativos de maratona, analisaram que a coordenação da
marcha, comprimento da passada, frequência da passada e os parâmetros comuns
utilizados para medir a economia em marcha, como VO2 a uma velocidade de marcha,
permaneceram inalterados, apesar da melhora na força da perna em resposta a um
treinamento de força de baixo volume. Isto está de acordo com o presente estudo em que
as intervenções de treinamento de força não influenciaram a mecânica em corridas
recreativas. O programa parece ser mais estável e dominante no controle do movimento
de corrida em comparação com a influência das periférica da musculatura. Embora não
tenham encontrado um aumento significativo na economia e no desempenho em marcha,
o estudo mostra um efeito claro na força muscular que pode ser vantajosa para o corredor
21
de resistência numa perspectiva de longo prazo, por uma transferência coordenada tardia
ou prevenção de sobrecarga ortopédica (KELLY et al. 2008).
Segundo Ferrauti et al. (2010) a economia de corrida parece ser prejudicada pela
intervenção no treinamento de força devido ao ligeiro aumento da captação de oxigênio
em velocidades de marcha submáximas. A menor interferência é de fato evidente quando
se treina simultaneamente a potência aeróbica máxima e a força máxima, isso porque o
estímulo de treinamento para aumentar a força seria dirigido principalmente ao sistema
neural, enquanto as adaptações para aumentar a potência aeróbica máxima induzem
principalmente adaptações periféricas e a interferência parece ser menor (DOCHERTY
et al. 2000).
Portanto, o treinamento de resistência crônica pode retardar o declínio significativo na
morfologia muscular (FERRAUTI et al. 2010).
Já o estudo de Sedano et al. (2013) investigou atletas de elite e os efeitos de treinamento
simultâneo no seu desempenho. O protocolo de treinamento foi realizado da seguinte
maneira; para o treinamento de força explosiva eram realizadas três tentativas de salto
contra movimento, validando o melhor salto, após 5 minutos de descanso, os corredores
realizaram saltos verticais máximos durante 25 segundo. Para o treinamento de força
máxima foi realizado 1RM de agachamento (90º), mesa flexora, banco soleo e extensão
de joelhos, foi realizado descanso de 5 minutos entre os exercícios. Para o protocolo de
corrida foi realizado 10 minutos de aquecimento a 8 km.h-1 em esteira, começando a
corrida em12 km/h e a velocidade inicial foi aumentando progressivamente 0,25 km/h a
cada 30 segundos até chegar à exaustão.
A ideia principal no estudo de Sedano et al. (2013), foi que a adição de treinamento de
força explosiva para corredores altamente treinados melhora o desempenho tanto da
velocidade máxima quanto da economia de corrida sem mudanças em variáveis como
VO2max ou FCmax. No estudo de Millet et al. (2002) mostra que atletas de resistência
de elite podem substituir algum treinamento aeróbio por treinamento de força, atenuando
a melhora do desempenho aeróbio sem produzir mudanças nas variáveis citadas por
(TAIPALE et al. 2010), (HOFF et al. 2002), (AGAARD et al. 2010).
O princípio da especificidade do treinamento prediz que o treinamento de resistência
sozinho deve produzir um aumento maior no VO2máx comparado ao treinamento
concorrente. Os dados do estudo de Sedano et al. (2013) não apoiaram este princípio,
22
provavelmente devido ao nível da capacidade aeróbia dos sujeitos, atletas de elite muito
bem treinados, ou seja, que possivelmente já alcançaram ou estão próximos do limite de
treinabilidade do VO2. A adição do treinamento de força não afetou negativamente o
desenvolvimento do VO2max, conforme os estudos de (MILLET et al. 2002); (HOFF et
al. 2002); (BALABINIS et al. 2003); (RONNESTAD et al. 2010); (CADORE et al.
2011). Isto indica que as características neuromusculares e anaeróbicas dos músculos
contribuem para o desempenho da corrida e que os fatores centrais não são determinantes
de desempenho (PAAVOLAIEN et al. 1999), (MILLET et al. 2002), especialmente
quando variáveis como VO2max são mantidas constantes, como é o caso de atletas bem
treinados (JUNG et al. 2003).
Baseado na hipótese de que o desempenho aeróbico é influenciado não só por fatores
centrais, mas também por fatores periféricos relacionados às características
neuromusculares (JONES et al. 2000), (PAAVOLAIEN et al. 1999), (BASSETT e
HOWLEY 2000).
Dos seis estudos analisando o estudo de Doma e Deakin (2015) foi o único que não
apresentou uma melhora na economia de corrida. No estudo foram verificados protocolos
sobre os efeitos do treinamento de força em dias alternados, juntamente com o
treinamento de resistência em dias consecutivos, sobre o tempo até a exaustão durante
um período de 6 dias. A sessão de treinamento de resistência para chegar à exaustão foi
realizada em uma esteira para obter um estímulo de treinamento de resistência dividido
em três estádios. Primeiro estágio, uma corrida de 70% limiar ventilatório durante 10
minutos. Segundo estágio, uma corrida de 90% do limiar ventilatório durante 10 minutos.
No terceiro estágio foram realizadas quatro séries de intervalos a 110% do limiar
ventilatório com relações de trabalho e repouso de aproximadamente 1: 1, ou seja, 1,5min
de corrida e 2min de repouso passivo.
Os resultados de Doma e Deakin (2015), mostraram que o treinamento de força
prejudicou o desempenho de corrida com esforço máximo, porém, o desempenho de
corrida submáximo não foi afetado na maioria dos dias, indo de acordo com os estudos
de (SCOTT, ROZENEK, RUSSO, CRUSSEMEYER e LACOUSER 2003), mostraram
resultados semelhantes ao treinamento de força, não afetando a economia em marcha com
um período de recuperação de 24 horas, indicando um efeito mínimo do treinamento de
força no desempenho de corrida submáxima. No entanto, permanece desconhecido se as
sessões de treinamento de força executadas em dias alternados, isto é, 48 horas de
23
recuperação, afetariam a qualidade das sessões de treinamento de duração diária, ou seja,
24 horas de recuperação entre sessões de treinamento de resistência. Em contraste,
verificou-se que o treinamento concorrente prescrito com essa configuração (força em
dias alternados e resistência em dias consecutivos) pode gerar um efeito de acumulação
de fadiga. Esse efeito foi constatado por meio da redução sustentada no torque antes das
sessões de treinamento aeróbico, e como consequência, pode ter prejudicado a execução
do esforço máximo. Embora alguns estudos tenham demonstrado que os exercícios de
resistência submáxima aceleram a recuperação da fadiga induzida pelo exercício FAUDE
et al. (2009); (FUIJITA, KOIZUMI, SUKENO, MANABE e NOMURA, 2009), os
presentes achados Chtara et al, 2005 sugerem que uma combinação de exercício de
resistência de intensidade moderada a alta compromete a dinâmica de recuperação e
aumenta a duração da fadiga iniciada pelo treinamento de força.
Outro ponto de grande interesse e que ainda permanece controverso na literatura diz
respeito aos mecanismos responsáveis pela melhoria da economia de corrida após o
treinamento de força (KUBO et al, 2010). Entre os possíveis mecanismos, mudanças
sobre os componentes contráteis e elásticos dos músculos e tendões têm sido sugeridas
(SPURRS, MURPHY, WATSFORD, 2003); (BERRYMAN, MAUREL, BOSQUET,
2010); (KUBO et al., 2010); (NORDEZ et al., 2011). Dentre elas, alterações na rigidez
músculo tendão, mais conhecida como stiffnes muscular, estão relacionadas a mudanças
sobre a economia de corrida após um período de treinamento (PAAVOLAINEN et al.
1999); (SPURRS, MURPHY, WATSFORD, 2003); (SAUNDERS et al. 2004);
(BONACCI et al., 2009). Entretanto, esses efeitos são ainda controversos.
Apesar de todos os estudos evidência de que o treinamento simultâneo pode melhorar o
desempenho da corrida é necessário necessários para estruturar programas de
treinamentos mais eficazes. Apesar da forte relação entre economia de corrida, o
treinamento explosivo ou pirométrico é o tipo de treinamento mais estudado em
corredores. As adições de exercícios pirométricos melhoram o desempenho da economia
de corrida (SPURRS et al. 2003) e (PAAVOLAINEN et al. 1999).
Embora muitos estudos já tenham sido publicados sobre o tema, a atual revisão de
literatura avaliou poucos estudos. Uma revisão utilizando mais base de dados e coletando
um maior número de artigos deve ser realizada, para que mais protocolos experimentais
sejam discutidos e maiores informações sejam passadas ao público interessado.
24
5 CONCLUSÃO
Os estudos observados mostram que fatores neuromusculares podem interferir
diretamente na melhoria da capacidade aeróbica quando se faz uma análise aguda do
treinamento concorrente. Exercícios aeróbicos realizados concomitante aos exercícios de
força máxima ou força explosiva podem influenciar diretamente na economia de energia
da corrida. Para ser eficaz, especialmente em atletas de resistência, o programa precisa
maximizar aumentos de coordenação e adaptações neurais e mudanças nos padrões de
recrutamento, com mínima hipertrofia muscular possível.
O treinamento de força tende a induzir a eficiência do trabalho muscular e melhorar a
estabilidade corporal, o que permite um maior volume de treino e uma melhor transmissão
de impulso. O treinamento de força pode influenciar positivamente muitos parâmetros
que são supostamente correlacionados com a economia de corrida
Para que atletas e treinadores tenham mais informações sobre a influência do treinamento
de força na economia de corrida, uma pesquisa que contenha maiores números de estudos
e com protocolos experimentais mais específicos para o tema deve que ser realizada.
25
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