efeito do sombreamento artificial no gmd e tpc
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
EFEITO DO SOMBREAMENTO ARTIFICIAL NO GANHO DE PESO E TEMPO DE PERMANÊNCIA NO COCHO DE BOVINOS
DE CORTE CONFINADOS
Pamella Marion
Rondonópolis – MT Março – 2013
ii
PAMELLA MARION
EFEITO DO SOMBREAMENTO ARTIFICIAL NO GANHO DE PESO E TEMPO DE PERMANÊNCIA NO COCHO DE BOVINOS
DE CORTE CONFINADOS
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Área de Concentração: Bovinocultura de Corte Orientadora: Prof. Msc. Fernanda Macitelli Benez
Rondonópolis – MT Março – 2013
iii
“Compreender que há outros pontos de vista é o início da sabedoria.” Campbell
iv
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do sombreamento artificial no
ganho de peso médio diário (GMD) e tempo de permanência no cocho de
alimentação (TPC) de 120 bovinos de corte da raça Nelore com idade média de
24 meses mantidos em confinamento. Os animais foram distribuídos em dois
tratamentos (com e sem acesso a sombra artificial), mantidos em currais de
confinamento com densidade de 11 m²/animal, e foram alimentados quatro
vezes por dia entre às 07:00 e 17:00h com silagem de Panicum maximum cv.
Mombaça, milho moído, torta de algodão, resíduos de cervejaria e núcleo
mineral. O GMD (kg/animal/dia) foi calculado por período, sendo P1 – dia 1 à
30, P2 – dia 31 à 63, e Ptotal entre os dias 1 e 63. O TPC (minutos/dia) foi
avaliado uma vez por semana durante os 63 dias, em intervalos de 10 minutos
(entre 07:00 e 17:00h). Os efeitos da disponibilidade de sombra sobre o GMD e
TPC foram comparados utilizando o modelo linear geral. Os animais com
acesso à sombra no P1 apresentaram maior GMD (2,35 ± 0,62kg/dia vs 1,84 ±
0,53kg/dia; P<0,05), mas não houve diferença significativa em P2 (1,75 ±
0,51kg/dia vs 1,81 ± 0,52kg/dia ;P>0,05) nem no Ptotal (1,99 ± 0,31kg/dia vs
1,89 ± 0,34kg/dia; P>0,05). O TPC foi menor durante todo o período
experimental para os animais com acesso a sombra, com média de 86,24
minutos/dia enquanto os animais sem acesso a sombra apresentaram média
de 92,34 minutos/dia (P<0,05). Conclui-se que animais com acesso a sombra
apresentaram melhor desempenho e menor tempo no cocho no início do
período de engorda, devido à melhoria no conforto térmico, e a adaptação dos
animais sem sombra só ocorreu no final do período de engorda.
Palavras–chave: bovino, comportamento, desempenho, estresse calórico,
sombrite
v
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the effect of shading in average
daily weight gain (ADG) and time spent at the trough feeding (TST) of 120 beef
cattle Nelore with an average age of 24 months. The animals were allotted in
two treatments (with and without access to artificial shade), kept in feedlot pens
with a density of 11 m²/ animal, and were fed four times a day between 07:00
and 17:00h with Panicum maximum cv. Mombasa silage, corn, cotton seed
meal, brewery waste and mineral supplement. The ADG (kg/animal/day) was
calculated for each period: P1 - day 1 to 30, P2 - day 31 to 63, and Ptotal - day
1 to 63. The TST (minutes/day) was assessed once aweek for 63 days, at
intervals of 10 minutes (between 07:00 and 17:00h). The effects of artificial
shadow on the GMD and TST were compared using the general linear model.
Animals with access to shade in P1 had higher ADG (2.35 ± 0.62kg/day vs 1.84
± 0.53kg/day, P<0.05), but no significant difference in P2 (1.75 ± 0.51kg/day vs
1.81 ± 0.52kg/day, P>0.05) nor in Ptotal (1.99 ± 0.31kg/day vs 1.89 ±
0.34kg/day, P>0.05). The TST was lower through the experimental period for
the animals with shade access with an average of 86.24 minutes/day, while the
animals without access to shade had average 92.34 minutes/day (P <0.05).
Was conclude that animals with access to shade had better performance and
less time in the trough at the beginning of the fattening period, due to improved
thermal comfort, and the adaptation of animals without a shadow only occurred
at the end of the fattening period.
Keywords: behavior, cattle, heat stress, performance, shading
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática da zona de termoneutralidade (NRC,
1981). ................................................................................................................. 4
Figura 2. Visão aérea do confinamento MT9 e divisão dos currais de engorda. 7
Figura 3. Ilustração da área de sombrite. ........................................................... 8
Figura 4. Gráfico do TGN por períodos do dia nos diferentes tratamentos. ..... 13
Figura 5. Gráfico do TPC nos dias de observação para os diferentes
tratamentos. ..................................................................................................... 17
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Constituição de cada dieta ofertada aos animais durante o período de
confinamento. ..................................................................................................... 9
Tabela 2. Constituição bromatológica estimada* ............................................... 9
Tabela 3. Médias dos dados de ambiente nos diferentes tratamentos por
períodos do dia. ................................................................................................ 12
Tabela 4. Ganho de Peso Médio Diário (GMD) em kg/dia e Média do Ganho de
Peso Acumulado (GPA) em kg, para os diferentes tratamentos nos períodos
experimentais (P1 e P2) e no período total (Ptotal) de confinamento. ............. 14
Tabela 5. Tempo de permanência no cocho (TPC), em minutos por dia para os
diferentes tratamentos nos períodos. ............................................................... 14
viii
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................ iv
ABSTRACT .........................................................................................................v
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... vi
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... vii
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
2. OBJETIVO ................................................................................................ 3
3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 3
4. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................... 7
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 11
6. ANÁLISE ECONÔMICA ......................................................................... 17
7. CONCLUSÃO ......................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 19
1. INTRODUÇÃO
A crescente demanda do mercado mundial por maior produtividade,
assim como por qualidade, faz com que vários seguimentos da pecuária
busquem alternativas para a melhoria da produção. De modo geral, as
pesquisas tem-se voltado especialmente para as áreas de nutrição,
melhoramento genético e reprodução, esquecendo-se de aspectos essenciais
que envolvem o comportamento e a fisiologia dos bovinos (PARANHOS DA
COSTA et al., 2002), assim como o bem estar dos animais
O bem-estar de um indivíduo pode ser definido como o seu estado em
relação às suas tentativas de adaptar-se ao ambiente em que vive (BROOM,
1986), e está diretamente ligado a sua qualidade de vida. O conhecimento
sobre a homeostase e necessidade animal são elementos primordiais para
discutir essa ciência em busca da melhoria das condições de criação
(CHIQUITELLI NETO, 2005).
Para que um animal se adapte ao ambiente e consiga se manter como
também produzir, fatores ligados ao manejo como: densidade, tamanho de lote,
familiaridade do lote, e conforto térmico devem ser levados em consideração.
Grande parte do território nacional localiza-se na faixa tropical, onde há
maior incidência de radiação solar e em consequência elevadas temperaturas o
que ocasiona frequentemente estresse térmico e redução do desempenho,
assim como alterações comportamentais dos animais. De acordo com
Silanikove (2000), em climas quentes os fatores climáticos que mais
influenciam o bem-estar e a produção animal são: a radiação solar, a
temperatura e umidade relativa do ar.
Em sistemas intensivos de produção de bovinos de corte, os animais
confinados são submetidos a uma radiação solar constante, e poucos são os
estudos que evidenciam os efeitos da descarga térmica sobre o desempenho e
comportamento dos animais.
Mudanças no ambiente, tais como a utilização de sombreamento
artificial, e a aspersão são ferramentas utilizadas em confinamentos, com o
objetivo de reduzir o estresse térmico de bovinos (CHIQUITELLI NETO, 2005;
2
BLAINE e NSAHLAI, 2010; MITLÖHNER et al., 2001, 2002; MADER et al.,
2004, 2007; SCHÜTZ et al., 2009; GAUGHAN et al., 2010).
A sombra artificial deve ser dimensionada de modo que abrigue todos os
animais ao mesmo tempo de forma confortável, permitindo que os mesmos
deitem e se movimentem respeitando o espaço individual de cada animal. De
acordo com Campos et al. (2005), a utilização do sombrite, além de oferecer
áreas sombreadas, tem a finalidade de avaliar a viabilidade da técnica em
comparação a outros tipos de abrigo, pois constitui uma opção mais
econômica, de fácil instalação e movimentação na propriedade se necessário.
O uso do sombreamento artificial já se mostrou eficiente em reduzir o
estresse calórico também em vacas leiteiras (KENDALL et al., 2006; SCHÜTZ
et al. 2009; TUCKER et al., 2008), assim como em ovinos (SHERWIN e
JOHSON, 1987; ANDRADE et al., 2007).
Alguns trabalhos como de Mitlöhner et al. (2001, 2002) com novilhas
confinadas durante o verão no Oeste do Texas evidenciaram que o uso de
sombreamento associado à aspersão, além de proporcionar melhoria no ganho
médio diário, qualidade de carcaça, e bem-estar dos animais (avaliado pela
redução da taxa respiratória e a diminuição de comportamentos agonísticos),
apresentando melhor retorno econômico.
Blaine e Nsahlai (2010) sugerem que animais confinados sem acesso a
sombra requerem em torno de quatro dias adicionais para alcançar o peso vivo
final semelhante aos animais com acesso à sombra. De modo que o
fornecimento do sombreamento foi novamente associado a um benefício
econômico, além do bem-estar dos animais.
Neste contexto, sabe-se que há necessidade de mais pesquisas na área
de modo que evidencie o quanto o estresse calórico pode influenciar no
desempenho além do comportamento de bovinos confinados.
3
2. OBJETIVO
Avaliar os efeitos do sombreamento artificial sobre o desempenho
produtivo e comportamento de bovinos de corte terminados em confinamento.
.
3. REVISÃO DE LITERATURA
A busca pelo conforto térmico aumentou ao longo da evolução dos
animais, e o bovino, sendo um animal homeotérmico, desenvolveu
mecanismos de termorregulação que se encarregam de manter o controle da
temperatura corporal, apesar das oscilações na temperatura ambiente
(CHIQUITELLI NETO, 2005). Titto et al. (1994) define o conforto térmico como
a faixa de temperatura na qual o animal homeotermo praticamente não utiliza
seu sistema termorregulador, seja para realizar termólise ou termogênese. Os
limites para a zona de conforto térmico são a temperatura crítica inferior (TCI) e
a temperatura crítica superior (TCS). Abaixo da TCI o animal entra em estresse
pelo frio e acima da TCS sofre estresse por calor (BACCARI JR., 1998).
De acordo com Baccari (1993) citado por SARTORI (2010) dentro da
zona de termoneutralidade (Figura 1), o gasto de energia para a mantença do
animal é constante e num nível mínimo, onde a retenção de energia da dieta é
máxima. Deste modo, a energia do organismo pode ser dirigida para os
processos produtivos, além dos de manutenção, não havendo desvio de
energia para manter o equilíbrio fisiológico.
4
Figura 1. Representação esquemática da zona de termoneutralidade (NRC, 1981).
Em condições de estresse, que pode ser definido como um estímulo
ambiental sobre o indivíduo, que sobrecarrega seus sistemas de controle e
reduz sua adaptação (BROOM, 2004), os animais acionam mecanismos
adaptativos que implicam diretamente em mudanças na taxa metabólica,
temperatura corporal, frequência respiratória, frequência cardíaca, alterações
hormonais e metabólitos sanguíneos e no comportamento. Essas mudanças,
que ocorrem para promover a adaptação do organismo ao meio, geralmente
implicam em perdas para o animal (CHIQUITELLI NETO, 2005). Na ocorrência
de estresse por calor, a energia é redirecionada do crescimento ou produção
para manter a termorregulação corporal e temperatura (BLAINE e NSAHLAI,
2010).
Em temperaturas ambientes elevadas, a evaporação é o principal
mecanismo de perda de calor do bovino (BLACKSHAW e BLACKSHAW,
1994), e a mesma depende da temperatura da superfície e da pressão de
vapor do ar. Quanto mais seco o ar ambiente, mais intensa será a perda de
calor por evaporação. Nos animais existem duas vias de termólise evaporativa:
a respiratória e a cutânea. A primeira é mais desenvolvida em espécies que
não usam a evaporação via cutânea (aves, suínos, cães, animais com
cobertura lanoso ou pilosa muito densa). Nos bovinos, cerca de 1/5 da
termólise evaporativa se processa através da respiração, sendo que o principal
mecanismo é a perda por evaporação cutânea através da sudorese ou
sudação (SARTORI, 2010). Diversos trabalhos mostram que a densidade de
glândulas sudoríparas é maior em zebuínos do que em taurinos (FERGUSON e
DOWLING,1955; ALLEN et al. 1962). Vacas adultas de raças européias
5
apresentam uma densidade média de 800-900 glândulas sudoríparas por cm²
de pele, ao passo que zebuínos apresentam densidade média de até 1500
glândulas/cm², sendo suas glândulas mais volumosas e ativas (SARTORI,
2010). O que evidencia que as respostas sobre a descarga de calor entre as
raças são diferentes.
Bovinos confinados recebem uma dieta com alto valor energético o que
aumenta a taxa metabólica e consumo de água, limitando assim a
termorregulação (BLACKSHAW e BLACKSHAW, 1994). A redução no
consumo de alimentos é uma resposta imediata ao estresse térmico, e
temperaturas acima de 35ºC, o consumo pode reduzir entre 10 a 35%,
principalmente em condições de confinamento (CONRAD, 1985). Esse
acontecimento ainda é acompanhado por uma queda na taxa metabólica e,
portanto, a manutenção é reduzida, o que ajuda a equilibrar a produção com a
perda de calor (TURNER e TAYLOR, 1983).
Trabalhos como o de Daly (1984), demonstram uma inibição no
comportamento alimentar nos horários mais quentes do dia, nos animais
sujeitos a radiação direta, resultados estes que coincidem com o de Pereira et
al. (1998) que avaliou os efeitos do sombreamento sobre o comportamento
alimentar de bezerros da raça Limousin.
O consumo de água está correlacionado com o consumo de matéria
seca e temperatura ambiente (WINCHESTER e MORRIS 1956). Em
temperaturas elevadas, a partir de 39ºC, o bovino zebu têm apenas cerca de
60% do consumo de água quando comparado aos taurinos (BLACKSHAW e
BLACKSHAW, 1994). De acordo com Possa (1989), em um estudo com vacas
taurinas e zebuínas foi observado que 53,72% da ingestão de água ocorreu no
período de maior radiação solar, não sendo observada diferença entre as
raças. No mesmo trabalho, os animais permaneceram maior tempo à sombra
entre 10:00 e 14:00 h, coincidindo com o período de maior ingestao de água.
Além do consumo de água, a frequência respiratória é considerada um
indicador fisiológico importante na avaliação do conforto térmico animal
(CHIQUITELLI NETO, 2005). Segundo Arrigala et al. (1962), a frequência
respiratória considerada normal para bovinos é de 15 a 30 movimentos por
minuto (mov/min.), mas é preciso ressaltar que existem diferenças de
frequência respiratórias de acordo com as raças, como demonstra Carvalho et
6
al. (1995) com um estudo realizado no Brasil, no qual a média é de 15
mov/min. para animais de raça zebuína e 64 mov/min. para animais de raça
taurina.
No estudo de Mitlöhner et al. (2002), a taxa respiratória de novilhas sem
acesso a sombra foi consideravelmente maior chegando a níveis de 120
mov/min. Também foi observado aumento significativo nos comportamentos de
ingestão de água e tempo em pé, bem como, redução nos comportamentos de
ingestão de matéria seca e tempo deitado do grupo que não dispunha do
recurso sombra.
Chiquitelli Neto (2005), estudando o uso de sombreamento artificial em
sistema de semi-confinamento de bovinos, observou um maior tempo em
permanência na postura deitado (P<0,05) dos animais com acesso a sombra.
No mesmo trabalho, foi observado uma maior procura por sombras alternativas
(porteiras e mourões) do grupo que não dispunha da estrutura de
sombreamento artificial.
Ansell (1981) e numera os seguintes sinais de estresse por calor em
ordem de gravidade, dentre os principais destacam-se:
1) O animal recusa a deitar-se, o que pode ser um esforço para maximizar
a área de superfície;
2) Faz movimentos com a cabeça na tentativa de molhá-la no cocho de
água;
3) Aumento da taxa de respiração, que não é considerada grave até ao
início da segunda fase de respiração, caracterizada por profundos
movimentos do flanco;
4) Alta temperatura retal, temperatura >41ºC requer tratamento imediato,
5) Respiração de boca aberta, cabeça estendida, língua para fora,
salivação abundante, nesse caso é característico de estresse térmico
avançado.
Existem alguns índices bioclimatológicos que auxiliam na mensuração
do conforto térmico, sendo o Índice de Temperatura de Globo e Umidade
(ITGU) e a Carga Térmica Radiante (CTR) os mais comumente utilizados.
Buffington et al. (1981) afirmam que o índice mais preciso para se medir o
conforto térmico para animais é o ITGU, que é calculado a partir da
7
temperatura de globo negro. O valor absoluto do ITGU engloba os efeitos da
temperatura de bulbo seco, da velocidade do ar, da umidade e da radiação.
4. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Confinamento MT9, localizado no sítio Santa
Luzia situado na BR-163 a 10 km do centro de Rondonópolis – MT. O período
experimental foi de agosto a outubro de 2011, totalizando 63 dias. O clima da
região é classificado como tropical com duas estações bem definidas: o verão
(chuvoso) e o inverno (seco).
A área do confinamento é de 92 hectares, sendo 72 hectares destinados
à produção de capim Mombaça (Panicum maximum cv. Mombaça) para
silagem, e os currais para engorda ocupam 2,95 hectares, sendo divididos em
três linhas as quais apresentam 10 currais cada (Figura 2). As linhas são
curvilíneas e construídas com declividade de 5%. BURGUI (2003) sugere que
uma área de confinamento deve apresentar uma declividade ao redor de 3 a
5% e solo com boa drenagem, para evitar a formação de lama no piso, o que
pode prejudicar o ganho de peso.
Figura 2. Visão aérea do confinamento MT9 e divisão dos currais de engorda.
A primeira linha do confinamento possui alguns currais experimentais
divididos com 6 fios de arame liso e um eletrificado, que apresentam 220m² (11
m de largura e 20 m de comprimento), dos quais foram utilizados 6 para
8
realização desse estudo. Os animais foram mantidos em uma densidade
constante de 11m²/animal e a disponibilidade do cocho foi de 55 cm por animal.
Foram utilizados 120 bovinos não castrados da raça Nelore, todos de um
mesmo proprietário, com idade média de 24 meses e 385 kg de peso inicial,
vermifugados e vacinados contra raiva e clostridioses.
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois tratamentos.
Sendo eles: com acesso ao sombreamento artificial (CS) e sem acesso ao
mesmo (SS) como mostra o esquema representativo. Os tratamentos
apresentaram três repetições com 20 animais cada.
O sombreamento artificial foi obtido através do uso de sombrite com
80% de bloqueio às radiações solares (POLYSAC®), disposto a 3m de altura
sobre uma estrutura simples de madeira (medindo 7,3m x 11m). A instalação
do sombrite foi no fundo de cada curral com disponibilidade de 4m²/animal
(Figura 3).
Figura 3. Ilustração da área de sombrite.
No ambiente, pode-se utilizar técnicas de sombreamento, sendo naturais
ou artificiais, que forneçam uma área entre 3 a 5 m² por animal. A sombra
natural possui a vantagem de ser mais barata e de proporcionar além da
redução no ganho de calor pelo animal, ganhos ambientais. Mas como o
crescimento das árvores é um processo lento, muitas vezes é necessário
lançar mão do sombreamento artificial. Este pode ser conseguido com a
utilização de sombrites (Pires et al. 2005). Os animais foram alimentados ad
9
libitum quatro vezes por dia, entre às 07:00 e 17:00h, sendo a quantidade
oferecida regulada de acordo com as sobras de alimento no cocho no dia
anterior.
As dietas apresentaram três formulações diferentes, para que
fornecesse para os animais níveis de fibra, proteína, energia de acordo com
cada fase do animal no período de engorda. As dietas foram denominadas
inicial, intermediária e terminação e as quantidades de cada alimento
constituinte de cada uma delas são específicas na Tabela 1. Na Tabela 2
encontra-se a constituição bromatológica de cada dieta.
Tabela 1. Constituição de cada dieta ofertada aos animais durante o período de confinamento.
Alimentos Inicial Intermediária Final
Silagem de Mombaça 33% 25% 15%
Milho 38% 44% 47%
Torta de algodão 25,8% 28% 28%
Resíduo de cervejaria - Cevada - - 7%
Núcleo Mineral 3,2% 3% 3%
Porcentagem com base na matéria seca.
Tabela 2. Constituição bromatológica estimada*
Alimentos MS
(%)
PB
(%MS)
FDN**
(%MS)
FDA**
(%MS)
NDT***
(%MS)
Silagem de Mombaça 26,60 6,33 75,47 47,26 47,15
Milho 75,67 11,14 16,52 - 83,18
Torta de algodão 90,62 29,96 58,91 36,00 55,98
Resíduo de cervejaria - Cevada**
26,40 34,50 33,10 13,80 58,00
*Valadares Filho et al. 2010. **FDN=corrigida para cinzas e proteínas; FDA=corrigida para
proteína; ***NDT=in vitro.
O desempenho dos animais foi avalidado através de pesagens
individuais no 30º e 63º dia, quando foram enviados ao abate. O ganho de peso
10
médio diário (GMD - kg/animal/dia) foi calculado em dois períodos: P1 – do 1º
ao 30º dia, P2 – do 31º ao 63º dia.
Os animais foram identificados com tinta preta de cabelo sem amônia
com a finalidade de calcular o tempo de permanência de cocho (TPC) de cada
animal.
A variável TPC pode ser definida através da estimativa do tempo
(minutos) que cada animal permaneceu com a cabeça dentro do cocho, e foi
avaliada entre 07:00h e 17:00h através da metodologia descrita por Martin e
Bateson (2000), que consiste em observação focal com amostragem do
comportamento em intervalos de 10 minutos, quando eram realizados registros
binários (sim ou não) da presença de cada animal no cocho. Posteriormente foi
estimado o tempo de permanência no cocho, assumindo que o animal
observado com a cebeça no cocho no momento do registro do comportamento
passou o intervalo prévio ao registro se alimentando.
As observações foram realizadas durante três vezes por semana
durante as duas primeiras semanas de confinamento e após esse período as
observações passaram a ser semanais. Em cada dia de coleta de dados, os
observadores se posicionavam no local de observação com no mínimo 30
minutos antes do arraçoamento, com a finalidade de familiarizar os animais
com a presença dos mesmos.
As variáveis climáticas temperatura ambiente (TA), temperatura globo
negro (TGN), e umidade relativa do ar (UM) foram monitoradas semanalmente
em intervalos de 30 minutos entre as 07:30 às 17:30h durante todo período
experimental em ambos os tratamentos, através de um termo-higrômetro digital
acoplado ao globo negro (confeccionado na própria Universidade pelo
professor Antônio Rodrigues da Silva, com materiais alternativos) e fixados sob
o sombrite e também no sol, na altura dos animais.
Para avaliar o ambiente (se era confortável ao animal ou não), aplicou-
se a equação de Índice de Temperatura do Globo Negro e Umidade (ITGU)
descrita por Campos (1986).
ITGU = tgn + (0,36 x tpo) - 330,08; onde:
ITGU = Índice de Temperatura de Globo Negro e Umidade;
11
tgn = Temperatura de globo negro (°K) e
tpo = Temperatura do ponto de orvalho, °K.
Para o cálculo da temperatura do ponto de orvalho, foi utilizada a
fórmula:
To= T-(14,55 + 0,114 x T) x [1-(0,01 x UR)]-{(2,5 + 0,007 x T) x [1-(0,01 x UR)]}3
- (15,9 + 0,117 x T) x [1-(0,01 x UR)]14; onde:
To = Temperatura do ponto de orvalho, ºC;
T = Temperatura do ambiente, ºC;
UR = Umidade relativa do ar, %.
Atualmente, existem limites de ITGU definidos para diversas espécies de
animais, especialmente os de interesse zootécnico, mas em 1976, o National
Weather Service – USA concluiu, após treze anos de estudo, que valores de
ITGU até 74 definem situação de conforto para bovinos; de 74 a 78, situação
de alerta; de 79 a 84, situação perigosa, e acima de 84, emergência (BAÊTA,
1985).
Os efeitos da disponibilidade de sombra sobre o GMD e TPC foram
comparados utilizando o modelo linear geral, que incluiu o tratamento como
efeito fixo par ao GMD e o mesmo efeito corrigido por período (P1 e P2) nos
tratamentos para a variável TPC. Os dados foram analisados pelo programa
SAS (2001).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios da temperatura do globo negro e umidade por
tratamento e períodos do dia se encontram na Tabela 3. De acordo com Baêta
(1997), para os animais de sangue zebu a faixa da zona de conforto térmico
está entre 10 e 27ºC, e a sua temperatura crítica superior em 35ºC. As
variáveis meteorológicas para o tratamento sem sombreamento se
12
apresentaram, nos horários entre 09:00 e 15:00h, com valores descritos acima
como valores de conforto térmico para animais.
No entanto Krube e Bhattacharyya (1991) não encontraram modificações
fisiológicas nos animais zebuínos em temperaturas variando de 17 a 37oC.
Vale destacar o decréscimo da umidade do ar nesse mesmo período, onde os
valores médios se encontram em condições de favorecimento das trocas
térmicas por evaporação.
Tabela 3. Médias dos dados de ambiente nos diferentes tratamentos por períodos do dia.
Períodos 07:30-09:30h 09:30-11:30h 11:30-13:30h 13:30-15:30h 15:30-17:30h
TGN CS 28,95 aA 32,94 abA 35,35 bA 34,95 bA 34,41 bA
TGN SS 35,20 aB 38,65 abB 41,37 bB 40,99 bcB 36,04 acA
UM CS 50,07 aA 38,55 abA 34,67 bA 31,08 bA 33,08 bA
UM SS 39,84 aA 31,28 aA 29,69 aA 26,17 aA 30,28 aA
TGN= Temperatura globo negro; UM= Umidade relativa; CS=Com acesso ao sombreamento artificial e SS= Sem acesso ao sombreamento artificial. Letras minúsculas devem ser comparadas nas linhas e maiúsculas nas colunas. Médias seguidas de diferentes letras, diferem estatisticamente (P<0,05).
A temperatura do globo negro (Figura 4) indica por meio do valor lido de
temperatura, os efeitos combinados da energia radiante, temperatura e
velocidade do ar, três importantes fatores que afetam o conforto térmico.
Constitui meio prático e barato de separar e determinar quantitativamente a
energia radiante do ambiente de uso já consolidada nas pesquisas atuais.
(BOND e KELLY, 1955).
13
TGN= Temperatura globo negro; CS=Com acesso ao sombreamento artificial; SS= Sem acesso ao sombreamento artificial. Figura 4. Gráfico do TGN por períodos do dia nos diferentes tratamentos.
Os valores calculados de ITGU para os tratamentos apresentaram
situação de emergência para o tratamento sem acesso a sombra (SS) e
situação perigosa para o tratamento em que os animais possuíam acesso a
sombra (CS), com valores médios de 85 e 80, respectivamente. Tais valores
sugerem que os animais SS encontravam em condições de estresse térmico
maior que os animais CS.
O ganho de peso médio diário (GMD) dos animais foram diferentes
(P<0,05) entre os tratamentos no período 1, mas o mesmo não foi observado
no período 2. Ao avaliar o efeito do período nos tratamentos, verifica-se que os
animais CS apresentaram maior GMD (P<0,05) no período 1 em relação ao
período 2, já o mesmo não ocorre nos animais SS, os quais apresentaram
GMD constantes. Não houve diferença (P<0,05) para o GMD entre os
tratamentos no período total (Ptotal), com valor de 1,99 kg/dia e 1,89 kg/dia
para os tratamentos CS e SS, respectivamente. Os dados de GMD são
apresentados na Tabela 4.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
07:00-09:00h 09:00-11:00h 11:00-13:00h 13:00-15:00h 15:00-17:00h
TGN
Períodos do dia
CS
SS
14
Tabela 4. Ganho de Peso Médio Diário (GMD) em kg/dia e Média do Ganho de Peso Acumulado (GPA) em kg, para os diferentes tratamentos nos períodos experimentais (P1 e P2) e no período total (Ptotal) de confinamento.
Tratamentos GMD (P1) GMD (P2) GMD (P total) GPA (P total)
CS 2,35 aA 1,75 aB 1,99 a 125,37 a
SS 1,84 bA 1,81 aA 1,89 a 118,78 b
CS=Com acesso ao sombreamento artificial e SS= Sem acesso ao sombreamento artificial. Letras minúsculas devem ser comparadas nas colunas e maiúsculas nas linhas. CV= 16,71% Médias seguidas de diferentes letras diferem entre si estatisticamente (P<0,05).
O TPC dos animais entre os tratamentos não foi diferente (P>0,05) no
P1, mas diferenciou (P<0,05) no P2 como também no Ptotal, onde o tratamento
CS apresentou menores valores. O TPC foi constante para o tratamento CS
nos períodos (P>0,05), mas foi maior no P2 para o tratamento SS (P<0,05). Os
valores de TPC são apresentados com detalhes na Tabela 5.
Tabela 5. Tempo de permanência no cocho (TPC), em minutos por dia para os diferentestratamentosnos períodos.
Tratamentos P1 P2 TPC médio
CS 85,48 aA 86,99 aB 86,24 a
SS 85,18 aA 99,50 bB 92,34 b
CS=Com acesso ao sombreamento artificial e SS= Sem acesso ao sombreamento artificial. Letras minúsculas devem ser comparadas nas colunas e maiúsculas nas linhas. CV= 25,49% Médias seguidas de diferentes letras diferem entre si estatisticamente (P<0,05).
Apesar do tempo de permanência no cocho no P1 não diferir entre os
tratamentos, os animais com acesso a sombra apresentaram maior ganho de
peso de 0,51 kg (27,7%), quando comparados aos sem acesso a sombra, esse
fato, acredita-se que seja devido à melhoria no conforto térmico e bem-estar
dos mesmos, que resulta em respostas fisiológicas positivas e menor tempo de
adaptação ao confinamento. Starling et al. (2005) afirmaram, após realizarem
estudos com ovinos, que possivelmente a elevação da temperatura
corresponde ao aumento do desconforto térmico dos animais e, portanto, à
maior secreção de cortisol.
15
Condições estressantes como o calor ativam o eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal (HHA) aumentando a secreção de cortisol (SILVA, 2003). De acordo
com Baruselli (2003), este hormônio atua antagonicamente a insulina,
reduzindo o metabolismo da glicose nos tecidos periféricos (músculo e gordura)
economizando-a para os tecidos de maior demanda (cérebro e fígado). Silva
(2003) afirma que os glicocorticoides atuam também sobre o sistema
timolinfático reduzindo o número de linfócitos e anticorpos e, por conseguinte, a
imuno-capacidade do organismo no combate as infecções.
A média do ganho de peso acumulado nos tratamentos apresentou um
acréscimo médio de 6,59 kg no peso final dos animais que tinham acesso a
sombra em relação aos que não receberam tal recurso, representando 5,5% de
acréscimo no peso final dos animais. Resultados semelhantes aos encontrados
por Chiquitelli Neto (2005) em que o ganho de peso acumulado
significativamente maiores nos animais que receberam o sombreamento
artificial em dois experimentos em confinamento (Experimento I, realizado com
novilhas da raça Nelore e o Experimento II, realizado com touros cruzados)
apresentando um acréscimo no peso final dos animais que receberam sombra
de 5,5% e 4,8%, respectivamente. Assim como aos resultados encontrados
por Mitlöhner et al. (2002), que utilizando novilhas com sangue taurino e
testando os efeitos da sombra durante o confinamento dos animais, observou
acúmulo de peso superior aos animais que receberam sombreamento, com
vantagem de 11,3 kg por animal para os animais que receberam tal recurso
(P<0,05), representando 2,04% de acréscimo no peso final das novilhas.
Gaughan et. al (2010), trabalhando com novilhos angus no verão
australiano, observou que o sombreamento artificial proporcionou um melhor
eficiência alimentar, ganho médio diário assim como o peso da carcaça quente,
além de uma redução na temperatura corporal e na taxa de respiração
ofegante. Sugerindo uma redução nos efeitos da carga de calor, melhorando
assim o bem-estar do gado. No entanto, ressalta que a sombra não elimina
totalmente os efeitos da carga calórica em animais taurinos.
O segundo período experimental do presente estudo, não apresentou
diferença estatística para GMD, o que pode ter ocorrido devido à melhor
adaptação, ou ainda pelo maior ganho de peso no P1 dos animais com acesso
16
a sombra, gerando animais mais pesados e mais exigentes quanto à energia
de manutenção.
A média de tempo de permanência no cocho foi significativamente maior
para os animais sem acesso a sombra o que pode ser justificado de acordo
com Blaine e Nsahlai (2010), os quais afirmam que bovinos em condições
quentes, tendem a evitar deitar-se a fim de aumentar a perda de calor por
convecção a partir da superfície do corpo e para evitar o ganho de calor
adicional por condução a partir do solo. Concordando com Mitlöhner et al.
(2001) que observou maior número de novilhas em pé, nos horários mais
quentes do dia, do grupo de animais que não dispunham de estrutura de
sombreamento.
Chiquitelli Neto (2005) trabalhando com touros Brangus em semi-
confinamento também observou uma maior pemanência dos animais que não
tinham acesso à sombra, nas proximidades do cocho, o que não pode ser
relacionado com um maior consumo.
Conforme relatado por Soares (2011), poucos são os estudos que se
utilizam a medida do tempo de permanência no cocho como um indicador de
consumo pelos bovinos. Isto se deve à escassez de pesquisas voltadas a
avaliação do comportamento alimentar, levando em consideração a influência
que os animais têm uns sobre os outros durante o arraçoamento, bem como a
ocorrência provável de diferenças individuais no comportamento alimentar. As
pesquisas que visam avaliar o consumo, geralmente, são realizadas com os
animais mantidos em baias individuais, excluíndo o efeito da facilitação social
de ida ao cocho e das interações sociais durante o consumo.
O aumento do TPC no tratamento SS no período 2 (Figura 5) pode ter
sido devido não ter outra atividade para ser realizada como também pela
procura de sombra nos palanques como foi observado nesse estudo. Apesar
do TPC ter aumentado, os animais não apresentaram maior GMD, sugerindo
que os animais não estavam no cocho se alimentando mas sim buscando uma
atividade para ser realizada.
17
CS=Com acesso ao sombreamento artificial e SS= Sem acesso ao sombreamento artificial Figura 5. Gráfico do TPC nos dias de observação para os diferentes tratamentos.
6. ANÁLISE ECONÔMICA
Para a análise econômica, foram considerados seguintes valores:
Preço da arroba do boi em Rondonópolis= R$ 88,00 (valor em:
12/03/2013);
Rendimento do ganho de peso= 70%
Investimento na estrutura do sombreamento artificial= R$ 1.970,00
Custo do investimento por animal= R$ 32,83
Ganho de peso acumulado durante o período de confinamento para o
grupo de animais que dispunham do acesso ao sombreamento artificial=
125,37 kg
Ganho de peso acumulado durante o período de confinamento para o
grupo de animais sem acesso ao sombreamento artificial= 118,78 kg
Diferença de peso da carcaça entre os tratamentos= 4,61 kg/animal (a
favor do tratamento CS)
Ganho com o incremento de peso= R$ 27,04 por animal
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
TPC
em
min
uto
s
Dias de observação
CS
SS
18
O lucro líquido obtido com a utilização do sistema de sombreamento (CS)
foi de R$ 27,04, ou seja, os animais que receberam o recurso sombra
proporcionaram uma renda extra para o produtor.
Realizando uma análise sobre o tempo necessário para que seja
ressarcido todo o investimento direto na estrutura de sombreamento, pôde ser
observado que, seriam necessários aproximadamente dois ciclos de
confinamento (1 ano), para que fossem quitados todos os investimentos
realizados para a implantação sombreamento artificial.
7. CONCLUSÃO
A tentativa de melhorar o conforto térmico com a utilização do
sombreamento artificial em confinamento de bovinos de corte, afeta
positivamente o ganho de peso médio diário, onde animais que dispunham de
acesso à sombra, obtiveram a média do peso de abate superior em 6,59 kg
quando comparados aos que não tinham acesso ao sombreamento.
Além de apresentar mudança comportamental dos animais, uma vez que
foi observado maior tempo de permanência no cocho para os animais sem
acesso a sombra.
19
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