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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SOCIO-PEDAGÓGICAS
“Educação- Um processo socializador”
Por
Lucinéia Moreira de Souza
Professor Orientador: Marco Antonio Larosa
Março de 2004 Rio de Janeiro
2UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SOCIO-PEDAGÓGICAS
“Educação- Um processo socializador”
Rio de Janeiro
Março de 2004
Monografia apresentada como exigênciaFinal do Curso de Pós-graduação-Psicopedagogia.
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“Não é possível fazer uma reflexão sobre o que é educação sem refletir sobre o próprio homem”.
Paulo Freire
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MENSAGEM:
“SEMEIA SEMPRE”
“No grande cosmos, tu és um semeador, tu és presença e pessoa”.
Não podes fugir á responsabilidade de semear...
Não digas; o sol é áspero.
O sol queima,
Chove freqüentemente,
A semente não serve.
Não é tua função julgar a terra, o tempo, as coisas...
TUA MISSÃO É SEMEAR...
As sementes são abundantes...
E germinam facilmente;
Um pensamento
Um gesto,
Um sorriso,
Uma promessa de alento,
Um aperto de mão,
Um conselho amigo
Um pouco de água.
Não semeies, porém descuidadamente,
Como alguém que se desencumbe de uma missão,
Ou cumpre uma simples tarefa.
7semeia com interesse, com amor, com atenção,
como que encontra nisso
o motivo de sua felicidade:
E, ao semear, não penses: quanto me dará?
Quando será a colheita?
Recordas que não semeias para enriquecer-te,
Aguardando o ganho multiplicado.
Semeias, porque não podes viver sem dar,
Porque não podes servir a Deus
Sem servir os teus irmãos...
És dono de ti e da vida,
Quando trocas o teu pouco com o outro.
Sem esperar riquezas...
Enriquecerás.
Sem pensar na colheita...
Teus bens se multiplicarão.
Porque semeias num Reino,
Onde dar é receber.
Onde dar a vida é perdê-la para encontrá-la,
Onde gastar/servindo é crescer e transformar,
Semeia sempre, em todo terreno,
Em todo tempo,
A boa semente,
Com amor, com carinho.
Como se estivesse semeando o próprio coração...
SAI SEMEADOR...
Parte... Prepara...
Levando contigo tudo o que tens,
E acolhe o que o outro pode te dar...
Vigia e vela...
Lembra que o fruto é para partilhar,
A glória, para Deus,
8E, na simplicidade, dize: OBRIGADO.
Sê, pois um semeador...
HOJE, AGORA... AQUI E JÁ.
RESUMO:
Tendo em vista a importância da educação para a cidadania e a
transformação da sociedade, o tema “Educação: Um processo socializador”, foi
desenvolvido a partir de estudos e pesquisas em torno das seguintes temáticas:
acompanhar ao longo da existência humana a relevância da educação. Ela tem sido a
mola propulsora na evolução das civilizações.
Através de respostas a uma demanda substancialmente nova, na escalada
acelerativa da evolução humana implica um vertiginoso investimento na qualificação do
ensino como meta da escola do século XXI.
Os avanços no dimensionamento da luta pela Educação assume medidas
proporcionais à velocidade das mudanças.
Pode-se constatar que precisamos migrar da dicotomia da discussão sobre
o nível da qualidade, boa ou não da educação para a concepção de uma educação de
qualidade, capaz de construir o conhecimento, acumular e disponibilizar informações,
provocar o aprimoramento da dimensão multifacetada do homem.
O desenvolvimento do processo democrático que ocorre atualmente
obriga a reformular as perguntas básicas sobre os fins da educação, sobre quem assume
a responsabilidade de formar as novas gerações e sobre qual legado cultural, quais
valores, qual concepção de homem e de sociedade desejamos transmitir.
Nesse contexto fica claro que diante da inexorável globalização da
economia e do novo modelo de produção o Brasil está diante do grande desafio de
preparar as gerações futuras herdeira da nossa história contemporânea.
Há de se considerar, portanto a melhoria do preparo educativo e
tecnológico e a reversão do quadro de anemia de nossas crianças e jovens são fatores
preponderantes para que o Brasil entre, de fato, para o afirmar-se como um país que
9busca desenvolvimento compatível com as imperativas necessidades de justiça sócia,
qualidade de vida para o seu povo e evolução.
Não é suficiente uma análise técnica que não leve em conta esse quadro
global, pois construirá uma nova versão de pensamento tecnocrático. Uma discussão
dos fins da educação sem suas expressões operacionais seria não só estéril do ponto de
vista da ação, fértil teoricamente.
Portanto os conflitos presentes e os que ainda adverão de tais mudanças
serão acomodadas mais rapidamente e os seus traumas diminuídos se as ações forem
direcionadas a construção de uma Pedagogia integral. Possibilitando ao aluno não só
assimilar conhecimento, mas também reunir informações e poder ser o agente de
transformação do eu próprio meio e destino.
Somente a partir da educação de boa qualidade pode-se construir uma
sociedade digna. Apenas precisamos não permanecermos como expectadores, mas
tomar nas mãos o desafio de construir o novo.
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PENSAMENTO: Antes do compromisso, Há hesitação, a oportunidade de recuar. Uma ineficácia permanente. Em todo ato de iniciativa (e de criação), Há uma verdade elementar Cujo desconhecimento destrói muitas idéias E planos esplêndidos. Há momento em que nos comprometemos de fato, a Providência também age. Ocorre toda uma série de coisas para nos ajudar, coisas que de outro modo nunca ocorreriam. Toda uma cadeia de eventos emana da decisão, fazendo vir em nosso favor todo Tipo de encontros, de incidentes. E de apoio material imprevistos, que. Ninguém poderia sonhar que surgiriam Em seu caminho. Começa tudo o que possas fazer Ou que sonhas poder fazer. A ousadia traz em si o gênio, o poder e a magia.
Goethe
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SUMÁRIO:
Introdução.....................................................................................................................12
1- Educação: Cultura e sociedade ........................................................................14
1.1-Educação e sociedade: Como vencer esse desafio...........................................17
1.2- Educação: Tarefa da escola e missão de todos................................................22
2- Sociedade Moderna e as transformações da Educação Escolar........................24 3- 2.1- Função Histórica e social da escola................................................................26 4- Educação: mudanças de concepção de escola..................................................30 5- 3.1 A Escola que temos X A Escola que queremos...............................................32 3.2- A “ Inclusão educativa” como condição do cidadão......................................36
4- Educação: Um passaporte para a vida...............................................................39 4.1- A função social do Professor..........................................................................41 4.2- Reconstrução do Professor como sujeito........................................................42
Conclusão....................................................................................................................45 Bibliografia:................................................................................................................46
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INTRODUÇÃO
A Economia, a Ciência e a Tecnologia encontram-se em estágios de
desenvolvimentos que possibilitam às sociedades de todo mundo o acesso à informação
e ao conhecimento de forma diversificada, em tempo virtual e amplitude global.
O fenômeno está reorganizando as relações humanas sobre o planeta e
alterando, veloz e profundamente, o cotidiano social.
Neste contexto, a reflexão sobre o papel da educação na sociedade e em
seu desenvolvimento implica, conseqüentemente, abordar o duplo problema de definir
os conhecimentos e as capacidades que a formação do cidadão exige e a forma
institucional pela qual esse processo de formação deve conter.
Até agora estávamos acostumados a aceitar a dúvida no plano das idéias
e das análises, deixando a pretensão de segurança aos responsáveis pelas políticas, que
têm a obrigação de tomar decisões e não podem permitir-se nem a dúvida nem a
experimentação. Mas as atuais circunstâncias, em vez de ampliar o âmbito no qual se
13aceita a incerteza, o estão fechando. A sociedade do futuro, submetida a um ritmo
acelerado e constante de mudança deveria ser dotada de instituições capazes de manejar
a incerteza sem apelar à supressão do debate.
Imaginemos que, nos próximos dez anos, quando as crianças dos países
de primeiro mundo estiverem ingressando no mercado de trabalho, exercerão tarefas
resultantes do montante de empreendimentos tecnológicos e econômicos de seus países,
que investiram na infância, em uma educação de qualidade formando homens e
mulheres saudáveis e capazes de comandar o progresso de suas nações. Enquanto isso
nossas crianças, desnutridas, acabarão por se evadirem das escolas ou se capacitarão em
escolas deficientes, descontextualizadas em relação a novos modelos do mercado de
trabalho.
A educação deve, pois, adaptar-se constantemente a estas transformações
da sociedade, sem deixar de transmitir as aquisições, os saberes básicos furtos da
experiência humana.
Neste contexto, convém acrescentar algumas recomendações relativas ao
conteúdo da formação de professores, ao seu pleno acesso à educação permanente.
Defende-se, igualmente, que se deve dotar o sistema educativo, não
somente de educadores e professores bem formados, mas também dos meios
necessários a uma educação de qualidade.
Portanto, o papel da Educação é o de alicerçar as mudanças
imprescindíveis neste novo tempo. Transformações advindas da luta pela justiça social,
pelo extermínio da fome, por horizontes reais de emprego, lazer preservação da natureza
e da vida.
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1-EDUCAÇÃO: Cultura e sociedade
Alguns Pontos Para Reflexão.
Podemos admitir que o homem é um ser histórico já que suas ações e
pensamentos mudam no tempo, à medida que enfrenta os problemas não só da vida
coletiva, como também da experiência pessoal, buscando pressupostos filosóficos, o fio
condutor que auxilia a interpretação dos fatos históricos.
Na verdade as questões de educação são engendradas nas relações que os
homens determinam ao produzir sua existência.
A partir das relações que estabelecem entre si, os homens criam padrões
de comportamento, instituições e saberes, cujo aperfeiçoamento é feito pelas gerações
sucessivas, o que lhes permite assimilar e modificar os modelos valorizando em uma
determinada cultura. É a educação, portanto, que mantém vivo a memória de um povo
dando condições para sua sobrevivência.
Diz-se que a educação é uma “instância mediadora” que toma possível a
reciprocidade entre o indivíduo e sociedade. A sociedade é toda ela uma situação
educativa, dado que a vivência entre os homens é condição da educação.
Esse processo, no entanto, não é isento de distorções. De início, nas
sociedades tribais a cultura global foi transmitida de maneira informal pelos adultos,
atingindo todos os indivíduos.Nas sociedades mais complexas, porém com o passar do
tempo, a educação formal assume um caráter intelectualista cada vez mais distanciado
da atividade concreta destinando-se apenas a elite. As demais classes têm preterido a
15sua formação, considerada desnecessária porque a eles é destinado o trabalho braçal, a
dominação de uns sobre os outros.
Socialização é um processo educativo que procura tornar o indivíduo um
membro da sociedade, capaz de atua junto a outros homens, aprendendo e ensinando, o
que torna possível a educação e desta forma os indivíduos organizam sua vida em
sociedade formando instituições sociais. Essa recorrência sistemática vai organizando
essas formas de ação de tal modo que as instituições se destacam do todo social por
terem uma função ou finalidade, um objetivo que satisfaça a determinadas necessidades
do homem, e uma estrutura, isto é, regras que organizam tanto as relações humanas dos
que dela participa, como o espaço físico onde acontecem. Portanto se os homens são
produtos das instituições sociais, eles também agem para criá-las e modificá-las.
Na antiguidade, a Grécia não forma uma unidade política, mas se compõe
de diversas regiões, que com o tempo, constituem as cidades-estados. Ainda que se
mantivessem como unidades políticas autônomas, o caldeamento inicial de diversos
povos converge para uma mesma civilização, pois as diferentes cidades têm, em
comum, o idioma e a religião além de similaridades nas instituições sociais e políticas.
A civilização micênica, desde o início do segundo milênio a.C. reúne
vários povos, sobretudo aqueus, que se estabelecem com um regime de comunidade
primitiva. Com o tempo, forma-se uma aristocracia militar, é a figura do guerreiro
adquire importâncias cada vez maiores, cujos chefes mais destacados vivem nos
castelos de Tirinto e Micenas.
Os tempos homéricos (dos séculos XII ao XIII a.C.) são assim chamados
pó que nessa época teria vivido Homero (século IX ou VIII a. c) a quem se atribuiu à
autoridade das epopéias Ilíada e Odisséia. O enriquecimento dos senhores faz surgir
uma aristocracia proprietária de terras, que aos poucos implanta o sistema escravista.
16 No período arcaico (século VIII a VI a. c) ocorrem grandes
transformações sociais e políticas, com o advento das cidades-estados (poleis) e a
caracterização de uma sociedade dividida em classes e baseada escravidão.
Por volta do século VIII a.C. a escrita já se encontrava suficientemente
desligada de preocupações religiosas, sendo utilizada para facilitar a administração dos
negócios. Data nessa época a invenção da moeda.
No fim do período, várias lutas sociais denunciam uma crise social e
política que resulta do conflito entre a aristocracia rural e os setores populares
representados pelos comerciantes em ascensão. As leis escritas, decorrentes de
reformas, favorecem o acesso aos ricos comerciantes ao poder e no final do século VI a.
c as reformas de Clístenes dão condições para o nascimento de uma nova ordem
política, que é a democracia.
O período arcaico também marca a gestação de novos tempos. Aparecem os
primeiros filósofos e o pensamento científico se desliga de preocupações míticas.
O período clássico (século V e IV a. c) representa o apogeu da civilização grega.
A esplêndida produção nas artes, literatura e filosofia delineiam definitivamente o que
virá a ser a herança cultural do mundo ocidental.
Na política o auge do ideal grego de democracia é representado por Véricles.
Trata-se, no entanto, de uma “democracia escravista” na qual os cidadãos são apenas
homens livres.Na época Atenas tinha cerca de meio milhão de habitantes, dos quais 300
mil eram escravos e 50 mil, metecos (estrangeiros). Excluindo as mulheres e as
crianças, apenas os 10 % restantes têm o direito de decidir por todos.
Em todas as atividades artesanais o braço escravo “liberta” o cidadão para se
dedicar às funções teóricas, políticos e de fazer, consideradas mais dignas.
Surge, pois, a necessidade de elaborar teoricamente o ideal da formação não do
herói, submetido do destino, mas do cidadão. Este deixa de ser o depositário do saber da
comunidade, para se tornar o que elabora a cultura da cidade. A ênfase no passado é
deslocada para o futuro, o homem não está preso a um destino traçado, mas é capaz de
projeto, de utopia.
Neste sentido o homem inicia a idealização de uma democracia que realmente
pudesse alcançar a todos.
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1.1 EDUCAÇÃO E SOCIEDADE; COMO VENCER ESSE DESAFIO.
A educação se opera, na sua unidade dialética com a totalidade, como um
processo que conjuga as aspirações e necessidades do homem no contexto objetivo
de sua situação histórico-social. A educação é, então, uma atividade humana
participe da totalidade da organização social. Essa relação exige que se considere
como historicamente determinada por um modo de produção dominante, em nosso
caso, o capitalismo. E, no modo de produção capitalista, ela tem uma especificidade
que só é inteligível no contexto das relações sociais resultantes do conflito de duas
classes fundamentais.
(Cury, 1985, p.13).
No século XVIII a Revolução Industrial começa a alterar a fisionomia do
mundo do trabalho, enquanto no século XIX se perceberá todo o impacto dessas
mudanças.
O advento das máquinas modifica profundamente as relações de
produção com o desenvolvimento do sistema fabril em grande escala e a
necessidade de divisão do trabalho. Dá-se também uma revolução nos transportes,
com o navio a vapor, a construção de rodovias e ferrovias. Novas fontes de energia,
como o petróleo e a eletricidade, substituem o carvão. Acentua-se o processo de
deslocamento da população do campo para as cidades, que concentram grande
massa trabalhadora.
O século XIX representa o período da consolidação do poder dos
burgueses.
O contraste entre a riqueza e a pobreza é cruel nesse século em que a
jornada de trabalho vai de 14 a 16 horas, inclusive com mão-de-obra infantil e
feminina.
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O fenômeno da urbanização acelerada, decorrente do capitalismo
industrial, cria forte expectativa com respeito à educação, pois a complexidade do
trabalho exige qualificação da mão-de-obra.
No século anterior surgiram tentativas de universalização do ensino, mas
é no século XIX que se concretizam, com a intervenção cada vez maior do estado
para estabelecer as escolas elementar universais, leigas, gratuitas e obrigatórias.
Além de ampliar a escola elementar, a reorganização secundária mantém
uma dicotomia pela qual se destina à elite burguesa a formação clássica e
propedêutica, enquanto para o trabalhador diferenciado da indústria e do comércio é
reservada a instrução técnica. Nos ensinos universitários, ampliados decorrentes do
avanço da tecnologia. Aparecem também as escolas da primeira infância, iniciadas
por Froebel. O interesse pela educação se estende às escolas normais denominação
genérica dada ao curso de preparação para o magistério.
Ao lado da expansão da rede escolar, outro objetivo dos educadores no
século XIX é formar a consciência nacional e patriótica do cidadão. Surgem nítidas
preocupações com os fins sociais da educação e a necessidade de preparar a criança
para a vida em sociedade. Enfatizam-se a relação entre educação e bem-estar social,
estabilidade, progresso e capacidade de transformação.
Percebe-se, pois, que a igualdade proposta pela burguesia é
primeiramente a igualdade na troca baseada no contrato de cidadãos livres, e iguais,
e depois é também a igualdade jurídica a lei é igual para todos são iguais perante a
lei.
Sabe-se, que a igualdade Jurídica esconde na verdade, a desigualdade dos
indivíduos concretos; de um lado o proprietário privado, de outro o trabalhador
assalariado. Para o proprietário privado o livre contrato permite uma nova forma de
19domínio “social” com o que subordina os demais a si mesmo. Para o trabalhador
assalariado, esse mesmo livre contrato significa só uma forma de servidor social,
pela qual se subordina ao outro.
A igualdade básica entre os homens, posta na manufatura, foi expressa
em nível de organização do saber escolar por Comenius que em sua Didática magna
(1632), mesmo preservando a distinção das classes sociais, propõe para todos pelo
fato de.
Todos serem homens, um mínimo comum e universal de escolarização padronizada
e pública com base no experimentalismo científico.
Com a instalação da corte portuguesa no Brasil, além das adaptações
administrativas necessárias, ainda não há propriamente o que poderia ser chamada
de uma pedagogia brasileira.
No entanto, alguns intelectuais, influenciados pelas idéias européias,
tentam imprimir novos rumos à educação, ora apresentando projetos de leis, ora
criando escolas.
De modo geral, podemos dizer que no século XIX ainda não há uma
política e planejada. As mudanças tendem a resolver problemas imediatos, sem
encará-los como um todo.
A Constituição outorgada pela Coroa sustenta o princípio de liberdade de
ensino sem restrições e a intenção de “instrução primária gratuita a todos os
cidadãos”. Finalmente a lei de 1827, “a única que em mais de um século se
promulgou sobre o assunto para todo o país e que determina a criação de escolas de
primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos (art. 1o.) e, no art. XI escolas
de meninas nas cidades e vilas mais populosas. Os resultados, porém, dessa lei que
fracassou por várias causas econômicas, técnicas e políticas, não corresponderam
aos intuitos do legislador”.
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O golpe de misericórdia que prejudicou de vez a educação brasileira vem, no
entanto de uma emenda à Constituição, o Ato adicional de 1834. Essa reforma
descentraliza o ensino superior, enquanto destinados à escola elementar e
secundária. Dessa forma a educação da elite fica a cargo do poder central e a do
povo, confiada as províncias. A descentralização impede de vez a unidade orgânica
do sistema educacional.
A escola reflete o modelo de Estado presente na sociedade. O Estado no
Brasil tem se posicionado, historicamente, a favor dos grupos mais afastados, este
sim tratados como cidadãos. A escola pública no país, como já vimos, reflete a
sociedade de classes e no tocante à cidadania, vivem situações nas quais há
explicitamente a sua negação.
A educação é condição indispensável para o desenvolvimento auto-
sustentado do País. Nossas desigualdades sociais não serão superadas apenas com
uma melhor distribuição de renda e com solidariedade de classes médias.
“O que é uma sociedade sem exploradores nem explorados? É a
sociedade em que nenhum homem, nenhuma mulher, nenhum grupo de pessoas,
nenhuma classe explora a força de trabalhos dos outros. É a sociedade em que não
há privilégios para os que trabalham com a caneta e só obrigações para os que
trabalham com as mãos, nas roças e nas fábricas. Todos são trabalhadores a serviço
do bem de todos. Não se cria uma sociedade assim da noite para o dia. Mas é
preciso que o povo comece a ter na cabeça, hoje, esta forma de sociedade, como
Pedro e Antônio tinham na cabeça, antes de derrubar a árvore, a forma do barco que
fizeram”.Freire corrobora com o pensamento: “Para fazer a sociedade nova
precisamos também de trabalhar, precisamos também de transformar a sociedade
velha que ainda temos” (p.68 e 69).
A educação do nosso país tem se mostrado ineficiente na formação de
seus cidadãos, deixando à margem do processo crianças e jovens, que acabam sendo
privados de instrumentos necessários á uma efetiva condição de participação social.
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Portanto a reflexão é dever diário, constante e ininterrupto dos que atuam
com e pela Educação, pois alimenta a inteligência, fomenta a expansão das idéias
porque examina por meios do entendimento da razão; mostra, revela, traduz,
transmite-se se comunica.
A escola é uma peça de engrenagem maior...
A maneira como a escola está organizada é a maneira como está organizada a
sociedade em seu caminho.
Os mais pobres são marginalizados pela escola do mesmo jeito que são
explorados no plano das relações de trabalho e impedidos de participar da vida
política.
A escola não é democrática porque a sociedade em que vivemos ainda não é
verdadeiramente democrática. Os donos do poder são também o dono do saber e os
pobres são excluídos tanto da escola quanto da participação das decisões.
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A escola, portanto, é parte integrante desta sociedade injusta e desigual,
em que a regra de comportamento é “cada um por si e salve-se quem puder”.
Há quem pense que, enquanto as relações de poder na sociedade não
mudarem, a escola continuará funcionando do mesmo jeito. Esse pessoal acha que
não adianta tentar mudar a escola.
Ora, os que pensam assim esquecem que, justamente porque a escola está
dentro da sociedade, quando mexemos na escola estamos mexendo na sociedade.
E a sociedade, por sua vez, também não é uma coisa fixa, parada, que
não muda. A sociedade, por sua vez, também não é uma coisa fixa, parada, que não
muda. A sociedade não são só os donos do poder. A sociedade é também todos
aqueles que, até agora, não tiveram vez nem voz. A sociedade somos todos nós.
( Ceccon, Oliveira, 1991, p.81-82)
Para uma transformação significativa dessa situação é indispensável uma
clara e corajosa ação política. Na construção das mudanças que não são apenas
econômicas e sociais, mas também culturais, garantindo o acesso à cidadania.
1.2. EDUCAÇÃO: TAREFA DA ESCOLA E MISSÃO DE TODOS
Neste tempo quando o homem ganha velocidade virtual, há que se compreender
que o que se espera da Educação contemporânea vai além dos desafios e ações que
possam ser utilizados para chegarmos ao imaginário e subjetivo nível de uma
Educação de qualidade.
Por décadas, alimentamos o desejo de ver a sociedade brasileira usufruindo um
programa educacional que se aproximasse desse ideal.
23 Aquilo que, até pouco tempo imaginávamos ser o suficiente para educarmos a
nossa sociedade, pode agora, já estar defasado. Vivemos no limiar de uma nova
ruptura civilizacional. Somos a geração de transição dessas mudanças. Convivemos,
simultaneamente, com obsoletas economias e instituições erguidas num modelo já.
Condenado à extinção, principalmente, nos países do segundo e terceiro mundos e
com os novos paradigmas da evolução humana que revolucionam os meios e modos
de produção criando, assim, novas tensões, novos conflitos políticos, num novo
modo de trabalho, uma nova economia e novas formas de lazer, acarretando
mudanças profundas na relação familiar e exigindo, portanto, uma nova Educação
capaz de contextualizar-se diante dos sinais dos tempos. É grande o novo desafio do
Brasil. Como educar e capacitar nossa gente diante deste fenômeno mundial? Quer-
se alcançar um patamar satisfatório em relação à erradicação do Ensino
Fundamental.
Há que se reconhecer que nos últimos anos, encaminhamos as escolas milhões
de crianças, até então sem essa oportunidade. É necessário educar o Brasil para que
ele emerja, construindo sua Economia lastreada nos potenciais de sua terra e através
da participação plena de seu povo.
Mello, Guimar Namo de. Na sua obra Cidadania competitividade coloca a
redescoberta da educação nas agendas das políticas públicas. A educação é hoje uma
prioridade revistada no mundo inteiro. A educação escolar adquire centralidade nas
pautas governa mentais e na agenda dos debates que buscam com equidade social.
Que nós, formadores da mais caçula civilização tropical do planeta, tenhamos a
consciência de que há um novo caminho a ser trilhado e que nesse percurso
pratiquemos a justiça descentralizando o poder, distribuindo as riquezas, gerando
emprego e renda, promovendo cidadania e a inclusão, exterminando a fome e a
miséria. Mas, a base para tudo isso é uma Educação soberanamente competitiva,
cuja tarefa é da escola, mas a missão é de todos nós, para que brevemente em um
futuro censo, o IBGE possa dar um outro retrato do Brasil, com menos desigualdade
social, com justa distribuição de renda e com menos violência.
24 Portanto preparar as novas gerações para conviver, partilhar e cooperar no seio
das sociedades democráticas e solidárias obriga a planejar e desenvolver propostas
curriculares que contribuam para reforçar esse modelo de sociedades.
2- SOCIEDADE MODERNA E AS TRANSFORMAÇÕES DA
EDUCAÇÃO ESCOLAR.
Na sociedade moderna, os homens se distinguem em duas categorias frente à
posse sistemática e organizada do conhecimento, os que sabem e os que não sabem,
na medida em que os primeiros são os que podem dizer e agir, tomar decisões,
interferir, dirigir e opinar sobre a totalidade da vida social, nos campos da cultura,
do trabalho, da vida política, na ordem Jurídica, o saber se converte em instrumento
de poder. Ele não cria o poder, mas libera os canais para seu pleno exercício,
preparando-os para a educação escolar cria ao mesmo tempo os instrumentos para o
exercício do poder o arbítrio do poder.
Às vezes, tem-se a impressão de que trabalhar em educação em nossos pais é
remar contra a maré da nossa história.
Fato ainda mais dramático no início do século XXI, quando a educação escolar
popular se torna, cada vez mais, um imperativo de sobrevivência social e pessoal.
É imperioso investir no trabalho educacional buscando mudar nossa história, não
bastando apenas recursos materiais, amor e, sobretudo esperança, na certeza de que
o “jeito” que este imenso rico e lindo país precisa passar necessariamente, pelo
trabalho de “adoçar” o mundo com o conhecimento e valores, realizado pelo
educador.
25 A relação do Homem com a natureza e na vida em sociedade é mediada pelo
trabalho que, ao produzir a significação do mundo social, produz a própria
existência do Homem como tal. Esse é o resultado do processo de busca da
satisfação das necessidades tanto individuais quanto coletivas. Se o primeiro atende
à satisfação do indivíduo em suas questões de existência básica (material e).
(Simbólica) no segundo age como elemento de coesão do campo social
estabelecendo formas de organização e exploração da força de trabalho.
Essas duas questões não podem ser vistas em separado, mas como parte do
mesmo processo. Assim a inserção do indivíduo no campo social passa pela
possibilidade que este tem de acesso à produção social.
Isso nos revela que a educação escolar, longe de servir a qualificação de
oportunidades ou de democratização de competência para a vida social e política
segundo Borges Pereira J.B., é confiada ao estreito círculo dos interesses dos grupos
que controlam a totalidade da vida social, transformando-a em poderoso instrumento
de diferenciação e legitimação das diferenças. Não é de sua natureza a produção
dessa diferenciação, mas ela é usada para a sua perpetuação.
Sendo assim, a aprendizagem torna-se um processo permanente para indivíduos
e organização de múltiplos ambiente de aprendizagem, sejam condições essenciais
para absorção de novas capacidades, habilidades e atitudes. Com isso a educação
continuada atinge indivíduos em toda sua trajetória profissional, apontando a
educação como um grande negócio cuja lucratividade potencial pode ser percebida
pelo contingente de competidores que ingressam a todo instante nesse mercado.
O nível de conhecimento e de tecnologia que adquirimos no mundo
contemporâneo é tão grande que poderíamos viver o reino da abundância. Entretanto
vivemos um mundo de muita iniqüidade e pobreza.
Contudo podemos fazer muito para mudar isso. Os homens como sujeitos não
podem perder a dimensão da relativa autonomia que possuem diante da estrutura e
de sua imensa capacidade para criar uma nova sociedade. Mas isso não é tarefa que
26começa no futuro de todas as nossas ações. Começa aqui, agora e sempre no
exercício dessa cidadania que tem por objetivo a sociedade sonhada para a
humanidade.
No decorrer do processo de aprendizagem o estereótipo das situações escolares
deve ser rompido dependendo da dinâmica que se instaure dentro e fora da sala,
considerando o que o outro sabe, como vive e aprende valorizando seu
conhecimento e sua vivência, buscando dessa maneira estabelecer nas relações entre
ensinantes e aprendentes.
Essas novas relações devem ser concebidas com o propósito de trabalhar para
que o político atravesse o educativo num único processo e não em formas
dissociadas e paralelas.
“A vida está cheia de desafios que se aproveitados de forma criativa,
transformam-se em oportunidades”.
Maxwell Maltx
2.1- FUNÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL DA ESCOLA
A atual sociedade brasileira vem pelo menos no discurso, resgatando a
importância da escola à qual está associado seu caráter democratizado. Este caráter
imprime-se tanto no acesso (para todos os cidadãos) quanto na competência
(eficiência educacional). Impõe-se valorizar os dois critérios, pois não basta
proporcionar a todo apenas o acesso, mas também a apropriação do conhecimento e
da tecnologia. Escola democrática é aquela que efetivamente, democratiza o saber.
27 “A educação faz a mediação com relação ao processo de transformação da
realidade. A educação, portanto, não transforma de modo direto e indireto e sim de
modo indireto e mediato, isto é agindo sobre os sujeitos da Prática”.
Dermeval Saviani
O caráter transformador da escola é determinado pelo nível de consciência e
instrumentalização científica, técnica, crítica e criativa que seus alunos venham a.
Alcançar para assumirem, de fato, seu papel ativo na história. Sem competência
educacional nem transformação social não é “catequizar” ideologicamente, mas
fomentar as capacidades intelectuais, as atitudes e os comportamentos críticos
produtivos de bens materiais e culturais.
A escola compete, ainda, exercer um caráter mediador, ou seja, através do
domínio do código científico e de suas diversas linguagens, o cidadão escolarizado
potencializa suas relações com a natureza e com a sociedade. Pela escola, o cidadão
não só avança na capacidade de interpretar a realidade, mas, sobretudo, de fazer-se a
si mesmo ao interagir com esta realidade de forma crítica, consciente e produtiva.
Outra função essencial da escola atual é o seu caráter globalizado. Os avanços
tecnológicos tornaram o mundo mais acessível. As novas relações sociais, em nível
micro e planetário, criam novos conceitos histórico-geográficos, culturais,
econômicos e comerciais. Por sua vez, impõe-se hoje uma nova concepção de
história, de sociedade e, portanto, de homem, o que implica um novo conceito de
escola e seu papel social. As fronteiras da ciência e da tecnologia estão dando lugar
à globalização da produção e da cultura.
O fundamental é que a escola habilite o estudante a operar com instrumentos
necessários à sua vida profissional, social política e cultural. Ele precisa, portanto
adquirir algumas habilidades, como saber, ler, escrever, realizar cálculos, identificar,
28analisar, compreender, transformar e estar inserido no meio em que vive com
consciência.
Motta, Fernando C. P. coloca a educação como instrumento de poder, ninguém
escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de
muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela, para aprender, para ensinar.
Não há uma forma única nem um único modelo de educação, a escola não é o
único lugar onde ela acontece e talvez nem seja a melhor, o ensino escolar não é a
única prática.
O tipo de Educação que se pretende é desenvolver é a que não discrimine, dando
oportunidade a todos de competir nesse mundo globalizado. Uma educação que
permita ao aluno construir seu saber, transformá-lo, e aplicá-lo em benefício próprio
e de outros; contribuindo assim para a mudança na sociedade.
Esperamos construir um cidadão crítico e criativo, reflexivo capaz de analisar e
resolver seus problemas, enfim um cidadão apto a ser um vencedor neste mundo
competitivo.
Mediante o ponto de vista acima citado temos sentido a necessidade de mudança
dos currículos e da implementação de técnicas pedagógicas mais criativas,
dinâmicas e eficazes.
Para meditar:
É o aluno que deve se adaptar às exigências da escola ou é a escola que deve
atender às necessidades do aluno?
Às vezes, a escola não consegue aferir a real capacidade da criança.
Às vezes desconhece os processos naturais que levam à aquisição do
conhecimento.
29
Às vezes não estabelece a “ponte” entre o conhecimento formal e o
conhecimento prático que a criança já possui.
As práticas que me parece interessante hoje na escola é aquela na qual os
conhecimentos do aluno servem de base para a aquisição de novos conhecimentos.
É necessário que se forme o cidadão com o direito de opção, que funcione na
sociedade independentemente do papel que vá desempenhar.
A escola deve fornecer subsídios aos alunos para que possam atuar na sociedade
como cidadãos livres que são libertos através do conhecimento.
Através do currículo escolar de sua boa organização e administração, o aluno
poderá alcançar bases para a formação de hábitos e atitudes que o levem à
participação na vida social e ao pleno exercício da cidadania.
Se a educação escolar for eficaz na construção do conhecimento globalizado,
terá cumprido sua função social e política. Através do ensino de qualidade com
questões sociais, políticos e econômicos sem sentir-se oprimido pela ignorância.
Apesar de a escola não ter razão de ser em si mesma e para si mesma, o sucesso
do país depende muito do que se produza na sala de aula. Melhorias significativas
na educação resultam e fomentam melhorias significativas na sociedade.
30
6- EDUCAÇÃO: MUDANÇAS DE CONCEPÇÃO DE
ESCOLA
Já é lugar comum a afirmação de que vivemos numa época de mudança.
Porém, a mudança mais significativa que se pode registrar é a do modo como
vemos a realidade de como dela participamos, estabelecendo sua construção. No
qual, em toda a sociedade, reserva-se o desenvolvimento da consciência de que o
autoritarismo, a centralização, a fragmentação, o conservadorismo e a ótica do
dividir para conquistar do perde-ganha estão ultrapassados, por conduzirem o
desperdício ao imobilismo ao ativismo inconseqüente, a desrresponsabilização
por atos e seus resultados e em última instância, á estagnação social e ao
fracasso de suas instituições.
Essa mudança de paradigma é marcada por uma forte tendência á
adoção de concepções e práticas interativas, participativas e democráticas,
caracterizadas por movimentos dinâmicos e globais, com os quais, para
determinar as características de produtos e serviços, interagem dirigentes,
funcionários e “clientes” ou “usuários”, estabelecendo alianças, redes e
parcerias, na busca de soluções de problemas e alargamento de horizontes.
Em meio a essa mudança, não apenas a escola desenvolva essa
consciência, com a própria sociedade cobra que o faça. Assim é que a escola se
encontra, hoje no centro de atenções da sociedade. Isto porque se reconhece que
a educação, na sociedade globalizada e econômica centrada no conhecimento,
constitui grande valor estratégico para o desenvolvimento de qualquer
sociedade, assim como condição importante para a qualidade de vida das
pessoas.
31 Educação, portanto, dada sua complexidade é crescente
ampliação, já não é vista como responsabilidade exclusiva da escola. A própria
sociedade, embora muitas vezes não tenha bem claro de que tipo de educação
seus jovens necessitam já não está mais indiferente ao que ocorre nos
estabelecimento de ensino. Não apenas exige que a escola seja competente e
demonstre ao público essa competência, com bons resultados de aprendizagem
pelos seus alunos e bom uso de seus recursos como também começa a se dispor
a contribuir para a realização desse processo, assim como a decidir sobre os
mesmos.
Todo esse movimento, alterando o sentido e concepção de
educação, de escola e da relação escola/ sociedade, tem envolvido um esforço
especial de gestão, isto é, de organização da escola, assim como a articulação de
seu talento, competência e energia humana de recursos e processos, com vistas á
promoção de experiências de formação de seus alunos, capazes de transformá-
los em cidadãos participativos da sociedade. Trata-se de uma experiência nova,
sem parâmetros anteriores para a qual devemos desenvolver sensibilidade,
compreensão e habilidades especiais, novos e abertos.
A Lei de Diretrizes e Bases ( Lei nº 9.394/96) recoloca entre os
fins da educação Nacional o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho e é a primeira
vez que vai além, quando ao referir-se aos princípios que devem nortear o
processo educativo, dando ênfase à gestão democrática do ensino público, à
vinculação entre a educação escolar e a valorização da experiência extra-escolar.
Cada sistema de ensino deverá definir quais serão as normas que orientarão esse
tipo de gestão, de acordo com as suas possibilidades, tendo como um dos
princípios básicos a participação das comunidades escolares e locais em
conselhos escolares ou equivalentes.
Para Moacir Gadotti, construir essa “outra” educação pública de
qualidade não basta que a análise dos governantes e as soluções apontadas
estejam corretas. È preciso que elas sejam legitimadas pela discussão coletiva.
32Quem opera a mudança é o coletivo. A escola pública de qualidade para todos
precisa ser uma escola em rede de colaboração solidária em todos os níveis,
buscando a construção democrática pós-capitalista. As redes em educação se
constituem em espaços abertos que se auto-reproduzem e assim se fortalecem,
constituindo-se em movimentos em permanente mudança. A escola precisa
passar de uma concepção de educação como produção em série (seriação) e de
repetição de saberes da sociedade industrial, da parcelarização do conhecimento,
para uma concepção transdisciplinar, intertranscultural, própria onde
predominam a autonomia e a aprendizagem colaborativa, onde todos dizer a sua
palavra.
Transferindo toda essa problemática para a educação, e mais
especificamente para a educação básica, percebe-se a necessidade de alteração
em seus objetivos. Hoje, há premência de se direcionar a aprendizagem para a
compreensão ampla de idéias e valores indispensáveis no momento atual; do
mesmo modo, é importante ter conhecimentos e habilidades cognitivas; e, por
fim, a formação de hábitos e valores que favoreçam o convívio com as
mudanças e com as diferenças, para se produzirem à solidariedade e a rejeição às
desigualdades sociais.
Isso poderá ser obtido a partir de uma metodologia baseada na
interdisciplinaridade, na qual o professor seja um elemento mediador do
conhecimento, exercitando a pesquisa de novos saberes, em sintonia com as
necessidades dos tempos atuais.
3.1- A Escola que temos X A Escola que queremos:
“A concepção atual dos grandes conjuntos escolares conduz
professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria sérias
barreiras”.
Celestial Freinet
33
No atual contexto cultural e tecnológico somos, a todo o momento
levado a enfrentar novos desafios, que nos exigem uma visão mais crítica e
abrangente dos recursos que nos cercam, imprimindo uma nova ordem ao tempo
e ao espaço em que viemos.
O paradigma produtivo atual expõe novas necessidades
econômicas, visto que, os modos de produção se flexibilizaram pelo acelerado
processo de intercomunicação e a globalização da economia. Começa a ser
percebida a importância do trabalho em equipe, onde todos estão envolvidos em
todo o processo, inclusive nos momentos de tomada de decisão relativos à
produção. A automação está promovendo o fim das fronteiras profissionais e de
certas funções, exigindo a utilização das funções cerebrais na dimensão máxima
das suas possibilidades, ou seja, de uma forma mais globalizadora. E não
compartimentalizada como tem sido até então, com a dualidade corpo/mente,
razão/emoção.
Se o mundo passa por um processo de transformação que atinge a
todos os setores da sociedade, a escola, enquanto instituição social deve também
se transformar.
Percebe-se que a escola, tal como temos hoje, não corresponde
aos anseios de seus diversos segmentos e da sociedade em geral. O predomínio
do modelo baseado quase exclusivamente nas atividades, expositivas de
conteúdos pouco significativos e descontextualizados, gera a passividade, a
rotina, a memorização ou fracasso, impossibilitando que o aluno desenvolva a
capacidade de investigar, explorar, descobrir, elaborar opções, aprender por si
mesmo, tornando-se competente em diversos domínios do saber.
O resultado é que os alunos se decepcionaram e acabam evadindo
da escola, pois esta não mantém relação com a vida, à participação social e o
mundo produtivo atual.
34
É fundamental então uma reflexão sobre o papel da escola que
queremos, tendo como parâmetro as transformações que se apresentam e as
perspectiva desse novo homem para um novo mundo que se faz necessário.
Não é de hoje que a instituição escolar sofre crítica quanto a seu
papel-função e os professores buscam novos caminhos. Porém, nesse momento
de crise da escola, provocando, muitas vezes, uma desorientação radical nos
docentes, ao mesmo tempo em que estabelece um movimento para compor o
perfil da educação escolar que realmente atenderá aos anseios e necessidades
dos elementos envolvidos no processo educativo.
Um dos viés da crise escolar que mais angústias tem causado aos
professores é a absoluta falta de sentido para o estudo por parte dos alunos que
questionam: estudar para que? E o que serviu de resposta por tanto tempo-
"studar para ser alguém na vida” – deixou de ser verdade absoluta, pois a
realidade coloca por terra o mito da modalidade social através da escola, que
ficou protegida até a pouco, alicerçada na suposta parceria com o mercado. Mas,
como ter trabalho num mundo sem emprego? Como despertar nos alunos o
gosto pelos estudos sem ter como suporte o discurso do futuro promissor?
Segundo Japiassu, “ a famosa cabeça bem-arrumada, bem feita,
bem estruturada e objetiva não passa de uma cabeça malfeita, fechada, produto
da escola e de modelagem. Por isso, trata-se de uma cabeça que precisa
urgentemente ser refeita. É o interdisciplinar ajuda a se refazer essa cabeça. Pois
cultiva o desejo de enriquecimento por enfoques novos, o gosto pela
combinação das perspectivas e alimenta a vontade de ultrapassagem dos
caminhos já batidos e dos saberes já adquiridos”.
Isso significa que é relevante, o professor desenvolver um
trabalho no qual a tônica seja centrada no aprender a aprender e refazer todo o
35dia a informação, questionar, selecionar conteúdos pertinentes e escutar os
alunos em suas múltiplas possibilidades.
“ A escola, dando mais um passo, com seus programas carregados
de informação sistematizada, pode fazer com que o sujeito aprenda essa
informação sem que tenha significado para ele, ou sem que lhe proporcione tudo
o que lhe poderia dar. A aprendizagem passa a ser conhecimento quando tem um
sentido para quem adquire, o que significa que ilumina algo novo, faz de outra
forma ou com um tipo de compreensão mais profunda o que já se conhece por
experiências prévias. Em outras palavras, é necessário ligar a informação
proporcionada com a previamente existente, contextualizando a subjetivamente.
Esse elance, que situa o novo em conexão com o anterior, pode ocorrer ou não
de modo espontâneo. Compete á educação, orientada reflexivamente, que essa
características e as condições que afetam os educandos. Esta é a regra básica da
aprendizagem escolar”.
( Gimeno Sacristán, p.211)
A Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
abre caminhos para inovações dos educadores mais preocupados com o alto
nível de descolamento entre os currículos e a realidade dos alunos, os problemas
de nosso país, do mundo e da própria existência.
Inúmeros experimentos de inovações no ensino básico vêm sendo feitos
em todo o país e em todos os níveis de ensino.
A maturidade de uma escola faz com que ela perceba que a realidade
educacional é bem mais complexa nos tempos em que vivemos. É preciso
paciência e capacidade de esperar, mantendo viva a tenção. É preciso certo
tempo antes de percebermos, que junto numa sociedade que pretende fragmentar
o pensamento e os pensantes.
36 Perante esta situação é preciso criar outras possibilidades de
educação com conteúdos e métodos mais elaborados, para dar respostas às
diferenças individuais.
Cabe à educação fornecer aos alunos as bases culturais que lhes
permitam decifrar, na medida em curso, o que supõe a capacidade de operar uma
triagem na massa de informações, fornecendo resposta aos múltiplos desafios
das sociedades, na perspectiva de um enriquecimento contínuo dos saberes e do
exercício de uma cidadania adaptada ás exigências do nosso tempo.
3.2- A “ inclusão educativa” como condição do cidadão.
Do ponto de vista político, a cidadania está em evidência porque a
democracia também está, porque existem preocupações com seu enfraquecimento,
porque, ao mesmo tempo, é vista como o único regime político e de organização social
aceitável hoje em dia, ou porque surgiram novas circunstâncias que afetam o panorama
político e cultural em que vinha sendo considerada. A erosão dos direitos sociais
ocorrida por causa da regressão do estado de bem-estar nas duas últimas décadas do
século XX, pela mão das políticas econômicas neoliberais que acentuaram as
desigualdades, tornou-nos mais conscientes da necessidade de revitalizar os direitos dos
cidadãos.
A educação para a cidadania é toda uma visão de como deve
pensar, planejar e desenvolver a escolarização sob o ponto de vista de que assim se
contribui para a reconstrução e a melhoria da sociedade.
E o que é, afinal, educar se o objetivo primeiro não for
proporcionar ao aluno as melhores condições para que ele se torne um cidadão?
37Educar para a cidadania é apontar possibilidades, mostrar caminhos desvelar esperanças
sem definir limites à liberdade de buscar o ser, o saber, o saber ser.
Portanto, requer que essas questões sejam apresentadas para
aprendizagem e reflexão, tendo em vista que ser cidadão significa gozar de todos os
direitos civis, políticos e sociais do Estado. E o homem só poderá participar
efetivamente, agindo como cidadão no, pleno exercício de seus direitos e deveres, se
tiver condições de compreender como a sociedade se constitui e funciona, tendo
consciência da importância da diversidade cultural de cada grupo.
A capacidade de inclusão tem, pois uma primeira projeção na
inserção nas atividades produtivas. Nas sociedades globalizadas, essa capacidade de
inclusão significa consegui-la para um contexto cada vez mais amplo, em que a força de
trabalho, como afirma Giddens(1999), terá de ser mais cosmopolita, nivelada por um
certo grau de educação. Em segundo lugar, tem uma dimensão intelectual, como
capacitação para o entendimento do mundo. A complexidade deste exige a prolongação
da escolaridade obrigatória para além do ensino fundamental. Da perspectiva de
democracia participativa, é mais evidente ainda que a educação seja condição da
inclusão social. Os cidadãos conscientes, críticos e ativos participantes na sociedade
atual necessitam de cesto nível educativo para decodificar o mundo que têm diante de si
a adotar posições inteligentes em cada momento. Ter consciência do que são o mundo e
a sociedade atuais não é algo que se, pois chegar espontaneamente e com facilidade a
partir do senso comum, sem contribuições de aprendizagens que não costumam ser
adquirida no intercâmbio cotidiano com as coisas. Os mais educadores podem entender
melhor essas situações e dispor de mais capacidade e de uma maior flexibilidade para se
acomodar a essas condições alteráveis. Aos menos capacitados resta apenas a
perplexidade de não compreender. Em terceiro lugar, a inclusão tem uma vertente
emocional; a de poder sentir-se como sujeito plenamente criador, livre e autônomo.
Esses três aspectos são essenciais para o equilíbrio psicológico das pessoas em nosso
mundo.
38 A capacitação que propicia a inclusão é a primeira condição da
igualdade entre os cidadãos, além de contribuir para sua liberdade e autonomia. As
desigualdades da cidadania.
Assim, pode-se afirmar que a cidadania é, como vemos algo mais
que um “status” que se concede aos mesmos de uma comunidade que os define como
iguais e outorga-lhes uma série de direitos. Consiste também em uma cultura a construir
que a educação e convocada a tornar possível.
“Quem somos nós, quem é cada um de nós, senão uma
combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginação?
Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de
objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexendo e
reordenado de todas as maneiras “possíveis”.
Ítalo Calvino
Pode-se concluir que a capacidade do homem assemelha-se na sua
biologia. Ao nascermos somos uma folha em branco, com a mesma textura e mesmo
tamanho, sobre a qual é escrita a história pessoal de cada um. História esta que se
diferencia principalmente pelo grau de educação a que se submete cada indivíduo, uma
boa educação nos fará viver com mais dignidade mais justiça e mais cidadania.
39
7- Educação: Um passaporte para a vida.
“O ensino Fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e
gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão”.
(LDB – Secção III-Do Ensino Fundamental)
A educação básica é um indispensável “passaporte para a vida” que faz
com que os que dela se beneficiam possam escolher o que pretendem fazer, possam
participar na construção do futuro coletivo e continuar a aprender. É essencial se
quisermos lutar com êxito contra as desigualdades sociais.
Cada etapa do Ensino Fundamental compreende a construção de
conhecimentos em processos de socialização, vivências e experiências, contemplando as
diversas vias de que os seres humanos se valem para construir conceitos valores e
identidades. Essa organização se faz não para criar unidades compartimentadas, mas,
períodos adequados à idade de formação dos alunos, sem perder de vista o grande ciclo
da Educação Básica.
Se a escola atraiu e continua a atrair tantas críticas, é porque está
profundamente viciada a sua renovação é uma tarefa urgente. O que fazer? Continuar
como estamos?
É necessário te bem claro para onde estamos caminhando, sem, contudo
ter estruturado “a prior” o caminho a ser percorrido. Este será construído no decorrer de
uma prática concreta e comprometida na qual cada equipe encontrará sua própria forma
de caminhar. Assim, é importante saber como fazer essa “travessia”.
Toda a equipe da escola deve ser chamada a participar desse construir
coletivo, pois dele resultará a finalidade mais ampla a ser imprimida à proposta de
trabalho da escola, assim como os objetivos que deverão norteá-la que conduzirão à
ação de cada um no seu dia-a-dia. A partir dessa tarefa serão traçados alvos comuns a
40serem alcançados por todos. Isso não significa perda de identidade, mas a construção de
uma identidade coletiva baseada em princípios fundamentais comuns, definidos com a
participação de todos, num ativo processo de reflexão.
A tarefa não é simples, pois envolve, por parte dos profissionais da
educação, compreensão crítica das transformações atuais mudança de postura, conceitos
e valores já enraizados e a elaboração do projeto político pedagógico pessoal e da
escola.
Alguns pressupostos nos parecem fundamentais para a realização de
umas escolas que seja de fato elemento de transformação das relações sociais e
ecológicas e dentro de suas possibilidades, contribuir para o estabelecimento de um
mundo melhor.
• Ser a escola espaço de criação da identidade dói educando e de
socialização e criação de laços comunitários;
• Perceber a nova concepção de ver o mundo como sistema
equilibrado e, por isso, reformar e trabalhar os conhecimentos
dessa nova era;
• Oportunizar a formação para a autonomia intelectual e para o
pluralismo;
• Ajudar o aluno adquirir método de pensamento, conhecimento,
pesquisa e investigação.
• Considerar que, vivendo numa época onde o conhecimento dobra
aceleradamente, é preciso possibilitar meios para o
desenvolvimento da capacidade, nos alunos, de aprender a
aprender.
41• Desenvolver a autonomia moral que passa pela
experiencialização de vivências e de relações de respeito- mútuo,
eqüidade, justiça, solidariedade e diálogo, como propões os
Parâmetros Curriculares nacionais, sobre o tema Ética;
Assim, a educação passa a ser um assunto que diz respeito a todos os
cidadãos que passam a ser atores e não mais simples consumidores passivos de uma
educação dada pelas instituições.
Em suma, a “educação ao longo de toda a vida”, deve aproveitar todas as
oportunidades oferecidas pela sociedade.
4.1- A função Social do Professor.
A falta de clareza sobre o ponto de partida e de chegada da ação
educativa pode gerar dispersão de forças e ações desarticuladas da equipe escolar.
Por razões históricas, o professor não se vê como sujeito de seu trabalho,
capaz de interferir nos rumos da educação que produz. Afinal, alguém sempre decidiu
por ele, cabendo-lhe apenas a execução das decisões. No interior das escolas raramente
se discute a função social e o papel dos professores enquanto pessoas condutoras do
processo pedagógico.
E a função do professor modifica-se gradualmente, deixando de ser
apenas o informante para ser também aquele que informa e aprende junto com os
alunos, e que faz a mediação necessária à concretização cotidiana do projeto educativo
no âmbito da sala de aula.
42 Se, como nos diz Paulo Freire, “a educação é um ato essencialmente
político” e nesse sentido, “Ninguém educa ninguém sem uma proposta política, seja
qual for”, podemos localizar aí o nó do processo de mudança: a não percepção, por
parte de alguns professores, da contradição entre suas concepções e sua prática.
É preciso ter clareza que a teoria em si não se transforma o mundo, mas
pode contribuir para a sua transformação, na medida em que o professor, consciente dos
objetivos a serem atingidos, tendo clareza das necessidades do momento histórico-social
e com conhecimento das diversas teorias, faça a escolha adequada.
É preciso interpretar e analisar o contexto da realidade educativa e
planejar intervenções didáticas pertinentes e de qualidade. Ser um professor que pensa e
toma decisões é ser um professor que desenvolve o “fazer”, mas também o “saber fazer”
e a compreensão do “para fazer”, articulando a reflexão sobre o processo de
aprendizagem.
Assim é preciso repensar a formação de professores de maneira a cultivar
nos futuros professores, precisamente, as qualidades humanas e intelectuais aptas a
favorecer uma nova perspectiva de desenvolvimento profissional permanente, que inclui
formação inicial e continuada “Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando.
Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para
constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para
conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.
Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia.
4.2-Reconstrução do professor como sujeito.
A alteração das condições objetivas, embora necessária, não é suficiente.
Houve uma época, por exemplo, há cerca de 40 anos, em que a escola era
43adequadamente aparelhada para as demandas de então, o professor era bem remunerado,
etc. e mesmo assim sua prática era extremamente elitista. O desmonte pelo qual o
professor passou deixou marcas profundas seja em termos de seu ânimo para o trabalho,
em relação á sua forma de pensar ou à sua postura diante do mundo. Portanto, cabe um
novo olhar.
Na medida em que ajuda o discente a ter acesso á cultura, refletir,
imaginar, criar atribuir valor, criticar e desenvolver a consciência, o professor trabalha
com a produção de sentido, tendo um papel decisivo, visto que, antes de querer saber
para que estudar determinado conteúdo (por exemplo, oração subordinada substantiva),
o aluno quer saber para que estudar e, a rigor, antes ainda quer saber para que viver!
Com a crise dos modelos, dos paradigmas tradicionais, aliada à revolução
tecnológica, estamos colocados como nunca diante de tarefas históricas extraordinárias:
simplesmente recriar as formas de organização das relações entre os homens, o trabalho,
afetividade, o lazer, a cultura, a política, uma vez que as condições para a reprodução
material da vida estão dadas potencialmente, todavia, ao mesmo tempo, estão
aprisionadas em uma estrutura ultrapassada de organização social, gerando uma
contradição fundamental.
O mundo está para ser reinventado. Isto nos remete a solicitar o melhor
de cada um e de todos nós: usar o conhecimento, a imaginação, a intuição, a criatividade
para encontrar alternativa, partilhando a profunda crença na possibilidade de mudança e
de construção de um futuro melhor para todos. Mais do que nunca, portanto, o professor
é necessário.
Considero que os conflitos presentes e os que ainda advirão de tais
mudanças serão acomodadas mais rapidamente e os seus traumas diminuídos se as
atenções, os esforços, os recursos e as ações forem direcionados a construção de uma
Pedagogia integral. Possibilitando ao aluno não só assimilar conhecimento, mas
também reunir informações e poder ser o agente de transformação do seu próprio meio e
destino.
44
Portanto, apenas precisamos não permanecer como espectadores,
mas tomar nas mãos o desafio de construir o novo.
Se não podemos prever, pelo menos temos noções sobre o que
não queremos. Somente a partir da Educação de boa qualidade e do Ensino pode-se
construir uma sociedade digna.
Cabe hoje que as perspectivas que se apresentam para a educação
sejam compreendidas e reelaboradas pelos professores e todos os demais grupos sociais
comprometidos com o processo educacional, visando à elaboração de projetos
pedagógicos que privilegiem a revisão crítica dos conteúdos, o resgatedos valores
perdidos na sociedade do TER, o desenvolvimento do trabalho interdisciplinar, onde as
disciplinas curriculares e áreas do saber sejam instrumentos através dos quais se possa
desenvolver a capacidade de pensar, de compreender o mundo, de questionar e atuar
consciente e adequadamente na sua transformação.
45
CONCLUSÃO
A educação é hoje, em todos os quadrantes do mundo, o mais importante
dos problemas humano: a ela, portanto, é que se dirige o desafio da continuidade, ou
não, das conquistas e do convívio construtivo da raça humana neste planeta.
Utilizada na sua legitimidade, a educação transforma-se essencialmente
em instrumento de libertação. Manipulada erroneamente, tem a força de fazer surgir
a destrutividade que nos pode aniquilar a todos. Por isso mesmo, o seu caráter
instrumental tem de ser periodicamente atualizado, sendo praticamente a única
dimensão perdurante, descoberta pelo homem, que liga e vincula o fluxo das
gerações.
O desafio da educação enfrenta, em linhas gerais e fundamentais, todas
essas componentes imperecíveis da educação.
A escola tem que ser respeitada para sempre existir e nunca deixar sua
característica fundamental, que é preparar os alunos para a vida atual em sociedade.
A educação tem problemas que precisam ser sanados quando todos os órgãos
respeitarem o verdadeiro papel da escola e os seus profissionais estejam
comprometidos com a qualidade da educação e se responsabilizado pela formação
das características de cada um dos alunos. A escola tem sua função social definida e
precisa ser respeitada para existir e progredir conforme a evolução do mundo.
46
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