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EDUCA ÇÃO EM S ERViÇO - TREINAMENTO PARA AL UNOS DO ANO DE E NFERMAG EM Maa Madalena Ferra Cva 17 Maria Lúcia da Silva 18 RESUMO: Relata o conta to de ac adêmicos de enfermagem com o treinamento e reciclag em de uma equipe de funcionár ios da en- fermagem d e um hospital geral. a través de um projeto de extensã o. Observamos que a partic ipação ness e projeto r eforçou nos acadêmic os de enf ermage m a i mportância do papel educativo do enfermeiro e mostr ou-nos a nec essidade de cont atos freqüentes en tre acadêmi cos de enfermage m e sua função educativ a, p ara que após formados po s sam desenvolver a educação em serviço, princ ipalmente jun to à sua equipe de trab alho, com segurança. UNITERMOS: Educação - Papel educativo do Enfermeiro. INTRODUÇÃO O enfermeiro no decorrer de sua v ida prof issional des emp enha papéis como: o assistencial, o adm in istrat ivo e o educativo. relacionando-se com a equip e de trabalho, pacientes , família e comunidade. É o líder da equ ipe de enf ermag em, e os m embros qu e cdmpõem esta equipe são os responsáve is pela assistênc ia prestada ao paciente durante as 24 horas do dia. Realizar educação em s erviço é interferir d iretam ent e na m elhoria da quali dade de serviço a s er oferecida a o client e, além disso. o pap el educativo do enfermeiro aux ilia na estruturação dos demais papéis. Para desempenhar esta função, o profiss ional prec isa desenvolver uma caracterist ica importante que é a comunicação, essênc ia para a concretização da interação que envolve um processo educat ivo. Com esse objetivo a proposta foi desenvolver atividades de comunicação durante a disciplina de relações interp essoais, onde o aca dêmico estava desenvolvendo estudos ma is aprofun- dados acerca desse assunto. Propusemos-nos a colocar o acadêmico do 4° ano em contato com o treinamento e reciclag em de uma equip e de funcionários de enf ermagem d e um hospital gera l, fazendo com que essa partic ipação fosse o mais próx imo possível da r ealidade que após formados v ivenciarão com suas equipes de trabalho. Com esta propos ta os alunos participaram de um projeto de ext ensão com os seguintes objet ivos para que foss em capaz es de: - Levantar temas básicos jun to à população alvo. 1- Enfermeira do seto r de Educação Conti nuada do Hospit al Evangé lico de Londrina. I� Enfermeira docent e da disciplina Re lações Int erpessoais do C entro d e Estudos Sup eriores de Londrina. R nras. I�·nl l. Brasí lia. v . . n. I p . 65-74. jan./mar. 1

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EDUCAÇÃO EM SERViÇO - TREINAMENTO PARA ALUNOS DO 4 ° ANO DE ENFERMAGEM

Maria Madalena Ferrari Criva ri 1 7

Maria Lúcia da Silva 1 8

R ESUMO: R e l ata o conta to de a c a d êmicos d e enferm a g e m c o m o

trei n a m e n to e rec i c l a g e m d e u m a e q u i p e d e f u n c i o n ários d a en­ferm a g e m d e u m hospita l gera l . a través d e u m projeto d e extensão. Observ a mos q u e a partic ipação n esse projeto reforç ou nos a c a d ê m i cos d e e nferm a g e m a i m p ortâ n c i a do p a p e l e d u c a tivo do enfermeiro e

m ostrou-nos a n e c ess id a d e de c o n ta tos fre q ü e n tes entre a c a d ê m icos d e

enferm a g e m e s u a f u n ç ã o e d u cativ a , para q u e a pós formados poss a m desenvolver a e d u c a ç ã o e m serv iço , pri n c i p a l m ente j u n to à s u a e q u i p e d e tra b a l h o , c o m segura n ç a .

UNIT E RMOS: E d u c a ç ã o - P a p e l e d u c a tivo d o Enfermeiro .

I NTRODUÇÃO

O enferme i ro no decorrer de sua vida profi ss iona l desempenha papé is como : o ass istencia l , o adm in i strativo e o educat ivo. re lacionando-se com a equ ipe de traba lho , pacientes , fam í l i a e comun idade . É o l íder da equ ipe de enfermagem, e os membros que cdmpõem esta equ ipe são os responsáveis pe la ass istência prestada ao paciente du rante as 24 horas do d ia . Rea l iza r educação em serv iço é interferi r d i retamente na melhoria da qua l idade de serv iço a ser oferecida ao c l iente , além d i sso . o papel educativo do enferme i ro auxi l i a na estrutu ração dos demais papé is .

Para desempenhar esta função , o profiss iona l precisa desenvolver uma caracterist ica importante que é a comun icação , essência para a concretização da i nteração que envolve um processo educativo . Com esse objet ivo a proposta fo i desenvolver ativ idades de comun icação du rante a d iscip l i na de re lações i nterpessoa i s , onde o acadêmico estava desenvolvendo estudos ma is aprofun­dados acerca desse assunto . Propusemos-nos a co locar o acadêm ico do 4° ano em contato com o tre inamento e recic lagem de uma equ ipe de funcionários de enfermagem de um hosp ita l gera l , fazendo com que essa partic ipação fosse o mais próx imo possíve l da rea l idade que após formados v ivenc iarão com suas equ ipes de traba lho .

Com esta proposta os a lunos part ici param de um projeto de extensão com os segu intes objet ivos para que fossem capazes de :

- Levantar temas bás icos junto à popu lação a lvo .

1 - Enferme i ra do setor de Educação Conti nuada do Hospi ta l Evangél ico de Londrina . I � Enfermeira docente da discip l ina Relações I nterpessoa i s do Centro de Estudos Superiores de

Londri na .

R. nras. I�·nli.mll . Bras í l ia . v . -lI). n . I p. 65 -74. jan . /mar. 1 1)1)6

- Pr iorizar os temas de acordo com as expectativas e necess idades do pessoal de enfermagem

- Elaborar o processo de tre inamento . - Executar o tre i namento . - Ava l ia r o processo v ivenciado

A part i r desta at iv idade desenvolv ida pelos a lunos . e laborou-se este traba lho objetivando co letar dados que re latassem a percepção do a luno com re lação ao processo v lvenclado

REVISÃO DE LITERATURA

Crivar? entende "como de crucia l va lor o desenvolv imento de um processo educativo , contí nuo , d inâm ico , s istemático , envolvendo o traba lho durante o efetuar de suas ativ idades , va lorizando suas experiências , sua h i stória . seus sentimentos , seus conhecimentos e ava l iando esse processo educativo , de forma ta mbém s istemát ica para o aproveitamento do mesmo" .

Vie ira et a i , apud Padilha5 , afi rmam que a educação é essencia lmente uma ativ idade humana de com un icação . Sendo um ser socia l . o homem com u n lca­se com o fato re lacionando-se . A educação s ign i f ica todos os p rocessos pe los quais o homem adqu i re compreensão do mundo. bem como apt idâo para l idar com seus prob lemas .

Padilha complementa que a educação em serv iço é fundamenta l para uma tomada de consciência da necess idade de formação s istemática , programada de modo a ati ng i r todos os n íve is de pessoa l , oferecendo a todos oportu n idade de cresc imento profiss iona l e pessoa l .

Rodrigues6 ressa lta q u e a educação em serv iço , proporcionada de modo crítico e construt ivo , constitu i o e lemento fundamental para a transformação dos serv iços de saúde .

Ch a ves et a l 1 acred itam que os traba lhadores , depo is que são se lecionados , raramente estão prontos para um desempenho eficaz . Até I mesmo os empregados com longo tempo de serv iço precisam de tre inamento , po is este os ajuda a ev i tar a obso lênc ia e a desempenhar melhor suas ativ idades .

Ressa lta também que a educação em serv iço em enfermagem s ign if ica a aqu is ição progress iva de competência , que só será reconhecida á medida que a qua l idade do cu idado se reve la na tota l idade da prática de ass istência de enfermagem.

Para Cas tro, apud Crivar?- . educação em serv iço é um p rocesso p lanejado, que se efet iva no ambiente de traba lho , v isando o preparo do pessoal para faci l i ta r a sua adaptação e o desenvolv imento das qua l idades pos it ivas que permitam o seu progresso .

Cha ves et a l 1 colocam que o tre inamento serve como um processo de transformação quando empregados não tre inados são transformados em traba lhadores capazes , pe lo menos quanto ao aspecto de con hecimentos .

I? Um.\". Fn/CrIJl . B rasí l i a . \ ' . -lI) . I I 1 p. (»)-7-l. ja l l . /mar. 1 1)')(, (,(,

Crivar/- coloca que a educação deve ser reciclada . e conseqüentemente modernizada , opondo-se efetivamente aos dogmas da inércia , já que tem no seu bojo o d inam ismo do cotid iano , do meio socia l i nexoravelmente c íc l ico no qua l está i n serida .

O acadêmico de enfermagem é um futu ro profi ss iona l , sendo por isso necessár io ser tre inado no seu processo educaciona l para o desempenho do seu papel educativo .

Sousa7 afirma que o empenho por mudanças no ens ino da enfermagem decorre da necess idade de que a formação do enferme i ro deve ser ajustada ás crescentes ex igênc ias de saúde da popu lação , com curri cu los adequados á rea l idade socia l .

Bas tos, apud Rodrigues6 , coloca que a necess idade de manter atua l izado o pessoal da saúde torna-se ev idente , ao mesmo tempo que se torna necessária a mudança no conteúdo da educação , que não pode ma is restri ng i r-se aos con hecimentos práticos puramente ut i l itá rios que serão u ltrapassados rap idamente ; deve e la permit i r a cada um adqu i ri r apt idões que faci l item adaptações às ci rcunstãncias .

Para Padilha4 . o enferme i ro é um educador em qua lquer campo de atuação, seja no . ens ino ou em serv i ço , e tal função é tão i m portante quanto a ass istencia l , adm in i strativa ou cient ífica . po is estas , sem a educação , de ixam de ter s ign if icado . Portanto , a formação u n ivers itária deve ser fundamental para que o enferme i ro adqu i ra uma v isão educativa do seu traba lho perante a equ i ­pe , fam i l i a res e comu n idade .

Souza7 enfatiza que os prob lemas l i gados à defi n ição do papel do enferme i ro passa certamente pela compreensão , aprofundamento e apr imoramento das funções do superv isor . em que ele deve assumi r i ntegra lmente as tarefas de capacitação dos serv iços .

A O M . S 3 precon iza que o processo educativo . a lém de aumentar a eficiência da organ ização , aumenta a sati sfação dos agentes no traba lho , e deve ser cons iderada um e lemento essencia l no processo da carre i ra a ser oferecido a cada traba lhador , i nd iv idua lmente , como um d i re ito bás ico .

U m s i stema adequado d e ed ucação , segundo a O . M . S . , apresenta a s segu intes característ icas : a ) u n iversa l idade : deve m in i stra r educação a todos o s membros de cada categoria de pessoal de saúde : b ) deve s e r baseada n a aná l i se d a s necess idades ; c ) deve s e r seqüencia l e progress iva du rante toda a carre i ra do traba lhador: d ) deve estimu la r a cooperação entre esco la e serviço; e ) deve estar estritamente re lacionada com outros s i stemas de formação de recursos h umanos de saúde em part icu lar .

A aprend izagem deve estar re lacionada à v ivência do traba lhador . Os p rofi ss iona is de uma mane i ra gera l aproveitarão melhor as oportun idades quanto mais p róximas e las forem das suas rea l idades e mot ivações .

Rodrigues ressa lta q u e o campo da medic ina e m gera l , pe la s u a natureza , parece que é onde se tem adqu i rido ma ior experiência em educação . Complementa a inda que é por meio do pape l de educador. v i ncu lado às suas

(, 7 H.. Um.\". Fnferm B ras í l ia . \ ' . -l I) . 1 1 . 1 p. Ci S - 7 -l . ja l l . /l l lar . 1 1)96

experiências práticas , que os enfermeiros vão entender o s ign if icado dos novos conceitos e seu papel face a e les .

Coloca também que o profiss iona l pode se tornar marg ina l izado não só pela ignorânc ia dos avanços da ciência ou da sua prática como também pelo esquecimento dos conheci mentos adqu i ridos através da escola ou da prática ; portanto , para operaciona l izar um projeto inovador na área de saúde , é essencia l a formação e reciclagem de recursos humanos .

Para Sousa? , a prática de enfermagem deve atuar de forma i novadora nas institu ições e na comun idade , p roporcionando uma ass istência i ntegral que envo lve s imu ltaneamente o atend imento ind iv idua l curativo com o aspecto social e preventivo . Deve também levar em conta suas re lações i nterpessoa is dentro da equ ipe de saúde onde vai prevalecer a competência técn ica .

Acrescenta , a inda , q u e a s ráp idas transformações socia is e cientif icas requerem que a enfermagem se adapte ás crescentes exigênc ias de saúde da popu lação e cr ie e lementos que tornem operaciona l o s istema de serv iços da popu lação .

Atua lmente busca-se na área da saúde uma otim ização do s i stema , tornando-o efetivo e eficiente . Para tanto , todos os profiss iona is da área de saúde devem envolver-se com esta proposta , i n ic iando seus esforços numa atuação i ntegrante .

Segundo Carruf, apud padilh a4 • nosso crescimento i nte lectua l e emocional depende das hab i l idades rea is que temos para estabelecer re lações construtivas no sentido de obter-se a compreensão e a aqu iescência de quem precisa de ajuda . Portanto , a prática pedagóg ica não pode ser desv incu lada da ass istencia l para não corrermos o r isco de formarmos enferme i ros sem uma visão amp la da saúde hosp ita lar e comun itária , coerente com a rea l idade .

METODOLOGIA

o presente estudo fo i desenvolvido junto a 20 acadêmicos do curso de enfermagem , que partici param do projeto de extensão intitu lado - EDUCAÇÃO EM S E RViÇO TR E I NAMENTO PA RA ALU NOS DO 4° ANO DE EN FERMAG EM.

Esta ativ idade de extensão aconteceu durante o ano de 1 994 em um hosp ita l de médio porte , com aprox imadamente 240 le i tos . da c idade de Londrina no estado do Paraná ; que serve como campo de estág io para o curso de enfermagem de uma institu ição particu lar de ens ino superior também loca l izada na c idade de Londrina , estado do Paraná .

Todos os a lunos que cursavam o 4° ano deste curso partici param desta ativ idade . Tota l izavam 20 a lunos que foram d iv id idos em g ru pos de 6. 7 e 7 alunos respectivamente . A supervisão era fe ita pela professora da d iscip l ina Relações I nterpessoa is e pela enfermeira da Educação Conti nuada do hosp ita l .

Esta ativ idade era rea l izada durante o horário de traba lho da equ ipe de enfermagem do período vespertino , por ser o horário menos atri bu lado de ativ idades hosp ita lares , e desenvolv ida gera lmente na sa la destinada ao lanche dos funcionários , por ser este o ún ico loca l d ispon ive l nos setores .

R . Um.\". Fn(erlll . Brasí l ia . v . -l 9 . n . ) p. ('5 -7-l. jan . /mar. ) 1)1)6

o projeto de i nser ir o a luno de g raduação em ativ idade de educação em serv iço con stava dos seg u intes passos :

1 . Os a l unos reun iam-se com as superv i soras em uma sa la do hosp i ta l , onde receb iam todas as orientações re lat ivas à d inâm ica da ativ idade . N esta oportun idade cada part ic ipante esco lh ia seu setor de atuação entre u n idades méd ico-ci rú rg icas , matern idade . ped iatri a , berçário e hemod inâm ica , de acordo com sua p referência e com a d ispon ib i l idade do hosp i ta l .

2 O a luno permanecia no setor esco lh ido , apresentando-se aos fu ncionários , explanando sobre os objet ivos da educação em serviço, fornecendo deta lhes sobre o projeto e co letando junto às equ ipes temas que poderiam ser abordados . após se leção de todas as sugestões , eram e le itos 3 assuntos cons iderados priori tários por todos .

3 De posse dos temas esco lh idos , a l unos e superv isores reu n iam-se na b ib l ioteca da facu ldade para levantamento b ib l iográfico e as dev idas orientações ind iv idua is sobre como as pa lestras deveriam ser montadas e que recursos cada a luno poder ia ut i l izar para faci l i tar o aprend izado da equ ipe acerca dos assuntos determ i nados .

4 . A part i r da í cada a luno passava a traba lhar os temas que deveriam ser apresentados , rea l izando estudos e organ izando sua pa lestra por i nte i ro . Esta ativ idade era desenvolv ida sob superv isão i nd i reta , ou seja . o a luno só p rocurava o professor se houvesse necess idade .

5 . Concl u idas as pa lestras , eram rea l izadas novas reu n iões (norma lmente em três d ias ) onde cada estudante apresentava seus assuntos para os dema is . Esta apresentação serv ia de tre ino para o a luno e de revisão ou aprend izado para os dema is . Estes encontros antecederam em pe lo menos uma semana os tre inamentos com a equ ipe de enfermagem, para que cada acadêmico pudesse rea l izar as a lterações necessárias . Estas poss íve is mod ificações eram suger idas pelos superv isores e demais a lunos ouv intes .

6 . Com tudo acertado , os a lunos d i rig iam-se aos setores para rea l ização dos tre inamentos . A equ ipe de enfermagem de cada u n idade era d iv id ida em dup la ; enquanto do is membros ass ist iam as pa lestras os demais p restavam ass istência aos pacientes . Portanto , cada a luno repetia sua au la quantas vezes fossem necessár ias de acordo com a d ispon ib i l idade e o n ú mero de func ionários de cada u n idade . Este tre inamento t inha a duração de três d ias consecutivos , onde d ia riamente era abordado um tema d iferente , gastando-se no máx imo 40 m inutos por apresentação .

7 . Term inados os tre inamentos . cada func ionário receb ia uma folha de ava l iação , onde ser iam dadas notas variando de O a 1 0 nos segu intes itens : - re lacionamento entre ele e o i nstrutor - recursos aud iov isua is -tempo gasto pe lo i nstrutor para expor o assunto - clareza e domín io do i nstrutor na exposição do assunto - loca l e horário do tre inamento -ava l iação de como ti nha s ido sua aprend izagem e sugestões . Concom itante a isso os a l unos tam bém preench iam u m outro formu lário contendo os mesmos itens em s i stema de auto - ava l iação . Ao fina l , os a l unos receb iam o seu i nstrumento e o i nstrumento ut i l izado pelos funcionários para que pudessem compara r as notas dadas e as

H. I3ms. Fn/erm . Brasí l ia . \ ' . -l I) . l i . 1 p. (»)-7-l. jan ./mar. 1 1)%

receb idas , percebendo a d iferença entre como ele se v iu e como fo i v isto enquanto i nstrutor.

Todo este processo fo i repetido com cada grupo de a lunos . Para a coleta de dados desta pesqu isa uti l izou-se de um formu lário

(Anexo 1 ) constando de perg untas abertas e fechadas , referi ndo-se á experiênc ia v ivenciada no p rojeto .

A tabu lação dos dados fo i rea l izada através de números i nte i ros e porcentagem .

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Na d i scussão dos resu ltados será abordada a v ivência dos a l unos neste projeto .

Coletar estas i nformações é de grande importância para o progresso do traba lho desenvolv ido , v i sto que educação em serviço é uma ativ idade inerente ao p rofiss iona l enfermei ro .

Dos dezenove questionários d i stribu ídos aos a lunos , q uatorze foram devolv idos e t iveram seus resu ltados tabu lados e ana l i sados .

TABELA 1 : Distribu ição dos a lunos quanto à questão "Você sentiu d ifi ­cu ldade no leva ntamento dos temas ?"

Pela anál ise dos dados da Tabela 1 , pode-se observar que a malona dos a lunos 1 3 (92 , 83%) re lataram não terem sent ido d if icu ldades no levantamento dos temas e apenas 1 (7 , 1 4%) referi u te r encontrado d ificu ldades nesta etapa e a legou ter s ido pe lo des interesse de a lguns funcionários .

Este des interesse demonstrado por uma pequena porcentagem de funcionários também contribu i para a experiência vivenciada pelo a luno , v isto que ele teve que tre inar sua capacidade de criativ idade e motivação quanto à necess idade de aprimoramento técn ico-cient ífico po is , para PA D I LHA (4) , a educação em serv iço não funciona se não houver o envo lv imento partic ipativo de toda equ ipe no processo . demonstrando o quanto é importante o traba lho e o comprometimento conjunto , na obtenção dos resu ltados esperados .

TABELA 2 : D istribu ição dos a lunos quanto à q uestão "Você sentiu d ifi ­cu ldades na confecção das au las ?"

R. Hms. Fn/álll . Bras í l ia . v . � I) . n . 1 p. (í 5 -7�. jan ./mar. 1 1) % 70

Os dados da Tabela 2 demonstram que apenas 3 (2 1 ,43%) dos a lunos sent i ram d if icu ldades na confecção das au las . sendo que os motivos apresentados foram a fa lta de tempo para e laboração das ativ idades e desconhecimento dos assuntos selec ionados pelos func ionários . 1 1 (78 , 57%) dos entrevistados re latam não terem tido prob lemas na confecção das au las .

TABELA 3 : D istribu ição dos a lunos quanto à q uestão "Você sentiu d ifi­cu ldades na rea l ização das au las ?"

A aná l i se da Tabela 3 nos mostra que 1 2 (85 , 72%) dos ana is cadêmicos referi ram não terem encontrado obstácu los na rea l ização do tre inamento com os funcionários e 2 ( 1 4 , 28%) re lataram que s im e afi rmaram que esta era uma experiênc ia m u ito nova para e les .

Para C HAVES et a i ( 1 ) o tre inamento de funcionários é imprescind ível e deve-se sobrepor a qua lquer d ificu ldade , cons iderando-se que quanto menos se tre ina o pessoal ma is i ntensamente é preciso superv is ionar.

TABELA 4 : Os dados da Tabela 4 referem-se à questão "Houve a lguma d i ­ficu ldade no seu re lac ionamento com os func ionários ?"

A aná l i se dos dados da Tabe la 4 demonstra que 1 1 (78 , 57%) dos a lunos não t iveram prob lemas de re lacionamento com os funcionários e 3 (2 1 ,43%) referi ram d if icu ldades de re lacionamento a legando que a lguns membros da equ ipe não demonstraram interesse nos tre inamentos e outros reclamaram do loca l em que os traba lhos estavam sendo rea l izados .

Acred ita-se que a necess idade de aprend izagem e aperfe içoamento seja inerente à maioria dos seres h umanos . Conforme San tos et a i , apud Padilha4 , a educação continuada é um processo conti nuo e p lanejado que v isa prop ic iar ao homem ascensão pessoal e profiss iona l .

TABELA 5 : D istribu ição d o s a lunos segundo à q uestão "Você sentiu a lgu­ma d ificu ldade no re lac ionamento com os enfermei ros ?"

7 1 R. Bras. I�n!erlll . Brasí l ia . \ ' . -l9. n . I p . 65-74. jan . /mar. 1 996

Quanto à d ificuldade de re lac ionamento com os enferme i ros ; 1 3 (92 , 86%) dos acadêmicos relataram que essa re lação fo i tranqü i la , que os erlfertneiros das un idades contribu í ram para o bom andamento dos tre inamentos colaborando em todos os aspectos ; apenas 1 (7 , 1 4%) referi u prob lemas de entrosamento com o enfermeiro responsável pela un idade .

TABELA 6 : Distribu ição dos a lunos quanto à contribu ição ou não do pro­jeto na sua vida profiss ional

Todos os g raduandos - 14 ( 1 00 , 00%) - foram unân imes em afi rmar que a part ic ipação neste projeto contribu i rá para sua v ida profiss iona l .

Este t ipo de ativ idade proporcionou resu ltados posit ivos na formação dos acadêmicos ; segundo padilha4 , os a lunos do curso de graduação são futu ros profiss iona is e, se não obtiverem uma educação adequada ao p resente , or ientada ao futu ro e que enfatize a reflexão , serão sempre rot ine i ros e jamais agentes de mudança .

TABELA 7 : Distribu ição dos a lunos quanto à s u a op in ião sobre o s aspec­tos positivos do projeto.

OBS. : - Os a lunos deram mais que uma resposta a esta q uestão . Pe los dados desta Tabela observa-se que a maior ia - 5 (26 , 32%) -

respondeu que este projeto faci l itou o re lacionamento entre e les e os demais membros da equ ipe , e a mesma proporção - 5 (26 , 32%) - referi u aperfe içoamento no seu próprio con hecimento científico .

R. Bms. Vnterm . Brasí l ia . v. 49. ll . I p . 6 5 -74. jan ./mar. L 996 72

TABELA 8 : Distribu ição dos a lunos quanto às críticas com relação ao projeto.

A Tabela 8 demonstra que 1 0 (6 1 , 50%) não fizeram críticas ao p rojeto, 2 ( 1 2 , 50%) sugeri ram que todo o processo de desenvolv imento dos traba lhos fosse ma is longo , 2 ( 1 2 , 50%) que houvesse um loca l ma is adequado para o tre inamento e não sa la de lanche, 1 (6 ,25%) que os enfermei ros partici passem de forma mais efetiva inclu indo uma ajuda na confecção e execução dos tre inamentos e 2 (6 , 25%) que os funcionários fossem ma is estimu lados a participar através de melhoria no p lano de cargos ou pagamento de horas ex­tras .

A tota l idade dos dados co letados refletem a importância da ut i l ização de técn icas comun icativas pelo a luno , do exercício da criativ idade, da motivação e da importância do p lanejamento part icipat ivo da equ ipe envolv ida .

Cons ideramos q u e esta prática deva estar inserida no aprend izado do a luno , p reparando-o para o desempenho de seu pape l profiss iona l .

CONSIDERAÇÕES F INAIS

A anál ise dos resu ltados nos poss ib i l i ta conclu i r que : - A ma io r parte dos acadêmicos (92 ,68%) não senti ram d ificu ldades quanto

ao levantamento dos temas . - Apenas 2 1 ,43% sentiram d ificu ldades na confecção das au las . - Doze a lunos (85 , 72%) referi ram não terem encontrado obstácu los na

rea l ização do tre inamento e onze (78 , 57%) re lataram não terem t ido p rob lemas de re lacionamento com os funcionários .

- Somente 1 a luno (7 , 1 4%) colocou prob lemas de entrosamento com o enferme i ro responsável pe la un idade .

- Todos foram unân imes em afi rmar que a part ic ipação neste projeto contribu i rá para sua v ida profiss iona l , citando como pontos pos it ivos me lhora no relacionamento com enferme i ros e funcionár ios , amp l iação dos seus p róprios conhecimentos técn ico - científicos , fornecimento de subs íd ios para sua futura v ida p rofiss iona l , desenvolv imento dos aspectos d idáticos e educativos , a lém da oportun idade de aprimoramento .

- A ma ioria - 1 0 (62 , 50%) - não fez nenhuma crítica ao p rojeto .

CRíTICAS E SUGESTÕES FEITAS PELOS ACADÊM ICOS

1 . Desenvolver o p rojeto em um período mais longo . 2 . M in i strar as au las em loca l ma is apropr iado.

7 3 R. Bras. Enferm . B rasíl ia . v . 49. 11 . 1 p. 65-74. jan./mar. 1 996

3 . Maior envolv imento e participação do enfermeiro da un idade . 4 . Estimu lar a participação dos funcionários através de melhorias no p lano

de cargos e sa lários ou pagamento de horas extras . Espera-se que a d ivu lgação deste relato possa contribu i r na imp lantação de

novos projetos que ressa ltem a importância do papel educativo do enfermeiro .

ABSTRACT: This work reports the trainee-nurses contact with recycling of a nursing team at a general hospital through an extension project. It has been observed that the participation in thsi project reinforced to the trainee-nurses the importance of the nurses educative role and have showed us the necessity of more frequent contacts between trainee­nurses and their educational role, so that, after graduation, they will be able to develop education in service, mainly next .to their work-team with security .

K EYWORDS: Educatiçm - Nurse Educational Role

BIBLIOGRAFIA

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