educação e trabalho 1
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IX SEMINRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS HISTRIA, SOCIEDADE E EDUCAO NO BRASIL
Universidade Federal da Paraba Joo Pessoa 31/07 a 03/08/2012 Anais Eletrnicos ISBN 978-85-7745-551-5
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ARELAOENTRETRABALHOEEDUCAONOBRASIL
(UFT)
RESUMO
OtextoapresentareflexesacercadarelaoentretrabalhoeeducaonoBrasil,sobretudoapartirdasmudanasocorridas nas ltimasdcadas. Fazsemister ressaltar que o tema sobre trabalho e educao no Brasil para sercompreendido de forma mais ampla e dialtica precisa ser situado no contexto polticoeconmico e social demudanas bem como no reordenamento das relaes sociais estabelecidas em diferentes perodos. Neste caso,apresentamosemnossasreflexesumconjuntodefatoresrelacionadosadiversoscontextos,ideologiasedemandas.A educao pblica brasileira apresenta hoje diversas diretrizes orientadoraspara seu desenvolvimento em seusdiferentes nveisde ensino, istoporquedesdemeadosdadcada de 90 temseassistidoa criao dediferentesmedidasno sentidodeatenderasnovasdemandasoriundasdombitopolticoeeconmicoque,demodogeral,reforamaredefiniodopapeldoEstadonoquedizrespeitoasuaatuaonasociedade.Assim,oobjetivoprincipaldeste estudo consistiu em identificar como a escola, e mais especificamente a formao do indivduo, vmconstituindose no cenrio brasileiro mediante as reformas e demandas advindas das necessidades do sistemaprodutivo econmico. Para tanto, realizamos umapesquisabibliogrfica no sentido de reunir, a partir de estudosdesenvolvidosnarea,anlisesereflexesquepossamcontribuirparaaampliaododebateacercadotema.Nestesentido, destacamos os estudosdeMarx (2005), Kuenzer (2006), Ferreira (2000),Queiroz (2003), Frigotto (2003),Antunes (2001), entre outros que contriburam significativamentepara a construo deste texto.Demodo geral,podeseverificarquetaismedidasvoaoencontrodasnovasdemandasadvindasdosistemaprodutivodominanteque,nestecontexto,passaimplementarnovasestratgiasdeorganizaoefuncionamentocomoformadesuperaoda crise desencadeada nos anos 70. Com base nas leituras e estudos realizados, constatouse que a escola e aeducao, de formamais ampla no Brasil,historicamente vm seorganizando e se desenvolvendo com vistasaoatendimentodasnecessidadesdo setorprodutivoemvigor,manifestando,emdiferentescontextos,caractersticassemelhantessdesenvolvidaspelosistemaprodutivoevidenciandocom issomarcasdeprincpiosnopropriamenteeducacionais que levem em considerao a peculiaridades do processo ensinoaprendizagem, e sim deprincpiospermeados por ideologias e interesses oriundos do setor econmico, contribuindo, desse modo, para adescaracterizaodopapelsocialdaescolae,porconseguinte,daeducaoedeseusobjetivosprprios.Palavraschave:Trabalho.Educao.SistemaProdutivo.Capitalismo.
Introduo
OtextopartedeestudosrealizadossobrearelaoentretrabalhoeeducaonoBrasil,
maisespecificamenteapartirdoprocessodereformasemudanasocorridasnasltimasdcadas.
Aintenodemonstrarqueaeducao,demodogeral,historicamentevemseorganizandode
acordocomasnecessidadesapresentadaspelosmodosdeproduodosetorprodutivocapitalista
assumindo, com isso, caractersticas bastante semelhantes as desenvolvidas no mbito
econmico.
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AsleiturasrealizadasnosindicaramqueotemasobretrabalhoeeducaonoBrasilpara
ser compreendido de forma mais ampla e dialtica precisa ser situado no contexto poltico
econmicoesocialdemudanasbemcomonoreordenamentodasrelaessociaisestabelecidas
emdiferentesperodos.Nestecaso,apresentamosemnossas reflexesumconjuntode fatores
relacionadosadiversoscontextoseideologiasedemandassciopolticoeeconmicas.
Paraconstruodestetexto,realizamosapesquisabibliogrficabuscandoidentificar,nos
referenciais da rea, elementos que nos possibilitassem compreender o objeto de estudo
destacandose os estudos de Marx (2005), Kuenzer (2006), Queiroz (2003), Frigotto (2003),
Antunes (2001),entreoutros.O textoqueaseguirseapresentanopretende fazerhistricoda
relaoentre trabalhoeeducaonoBrasil,mas to s apresentarquestesquepossibilitem
ampliarasdiscussesacadmicasacercadotemadeformacrticaecontextualizada.
Trabalhoeeducao:conceitosedefinies
DeacordocomosestudosdeMarx(2005),otrabalhooqueidentificaohomem,pela
realizaodo trabalhoqueohomemse realiza,ouseja,apartirdainteraodohomemcoma
naturezaparagarantirsuasubsistncia.
No entanto, ao analisar o trabalho,mediante as relaes desenvolvidas no sistema de
produocapitalista,Marx (2005)afirmaqueo trabalhocaracterizasecomoalienado,umavez
que,oseudesenvolvimentopassaanegaraprpriaexistnciahumana.Acontradioinstalada
pelocapitalismotiradohomemoseutrabalhoemtrocadeumpagamento,eestarelaosed,
eminentemente,pelaexploraodo trabalhador,sendoesteentendidocomomeramercadoria,
capazdegerarlucroaocapital.Tal fatopodeserentendidoapartirda lgicadevalorizaodo
capital,emdetrimentodotrabalhohumano.(Id.,Ibid.).
O trabalhadordeixadeproduzirparaatendersuasnecessidadesvitais,epassaavender
suaforadetrabalhoparatentargarantirsuasubsistncia.Assim,oprodutodotrabalhohumano
tornase alheio ao trabalhador, considerandose que as condies pela qual o processo de
produo realizadooalienamda formamaisperversapossvel,pois tiramdeleou seja,do
homem/trabalhador a satisfao em realizlo, o prazer pelo trabalho, oferecendolhe a
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explorao e a desvalorizao, tornandose, portanto, o trabalho um objeto, algo externo e
independenteaotrabalhador.Contudo,podemosafirmarque:
[...] O trabalho, como todos os processos vitais e funes do corpo, umapropriedade inalienveldo indivduohumano.Msculose crebrosnopodemser separadosdepessoasqueospossuem;nosepodedotaralgum com suaprpriacapacidadeparaotrabalho,sejaaquepreoforassimcomonosepodecomer,dormirouterrelaessexuaisemlugardeoutrapessoa.Destemodo,natroca,otrabalhadornoentregaaocapitalistaasuacapacidadeparaotrabalho.[...].(BRAVERMAN,1987,p.56).
Nessalinhaderaciocnio,Marx(Ibid.)afirmaquearealizaodotrabalhodeveser
para o homem,motivode satisfao e reconhecimento de sua espcie, uma atividade que o
proporcione prazer e no sofrimento, como acontece no processo de produo do sistema
capitalista, no qual a fora de trabalho1 passa a ser um objeto, uma mercadoria passvel de
comercializao e, que, portanto, no pertence ao trabalhador, e sim ao indivduo que tiver
condiesdeadquirilo,oumelhor,decomprlo.
Da justificarse a razo de o trabalhador sentirse estranho diante do produto de seu
prpriotrabalho,poisaalienaodotrabalhadornoocorresomentecomrelaoaoprodutodo
trabalho,que aele se contrape,mas tambm como atodeproduo, vistoque,o trabalho
constituiseenquantoumaatividadeindependentecomoalgoquenomaislhepertence.Quanto
maisotrabalhadorproduz,maissedistanciadesuaidentidadenatural,tornandosecadavezmais
condicionadopeloeparaotrabalho,numarelaodeexploraoehostilidade.Aesse respeito,
Marx(Ibid.)apresentaaseguintereflexo:
Arealizaodotrabalhosurgedetalmodocomodesrealizaoqueotrabalhadorse invalidaatamortepela fome.Aobjetivaorevelasedetalmaneiracomoperdadoobjetoqueotrabalhadorficaprivadodosobjetosmaisnecessrios,nosvida,mastambmaotrabalho.Sim,otrabalhotransformaseemobjeto,que
1 De acordo com Souza Jnior (2000, p. 160), Fora de Trabalho : [...] A potencialidade de trabalho que ostrabalhadores vendem aos capitalistas em troca de salrio. a capacidade, energia fsica emental, de realizartrabalhotil,postaa serviodocapitalistaqueaadquiriu.A forade trabalhoumamercadoriae seria igualaqualqueroutranofosseofatodepossuirapropriedadeexclusivadecriarvalor.Comooutrasamercadoriaforadetrabalhotambmpossuivalordeusoevalordetroca.Ocapitalistacompraaforadetrabalhoporseuvalordetroca,atravsdeumsalrio,oqualserusadoparaareproduodaforadetrabalho.Poroutrolado,umavezdepossedessamercadoria,aadquirido,ocapitalistaapeemfuncionamento,desfrutandodeseuvalordeuso,queconsisteprecisamentenacapacidadedecriarvalor.Aforadetrabalhoacapacidadederealizarotrabalho.Marxconsideravaadistinoentreforadetrabalhoetrabalho,queatentonohaviasidopercebida,comoumadesuasmaiorescontribuiesEconomiaPoltica.In:Dicionriodaeducaoprofissional(2000).
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elesconsegueadquirircomomximoesforoecominterrupesimprevisveis.A apropriao doobjetomanifestase a talponto comoalienaoquequantomais objetos o trabalhador produzir, tantomenos ele pode possuir emais sesubmeteaodomniodoseuproduto,ocapital.(MARX,2005,p.112).
NoentendimentodeMarx(Ibid.),arealizaodotrabalhohumanonosistemacapitalista
assume um carter contraditrio ao seu real sentido de ser, pois as condies para o seu
desenvolvimentoestoaliceradasemumsistemaorganicamentedesigualeinjusto,podendose
aplicar, (perfeitamente) nessa lgica , s relaesdesenvolvidasnesse processo, o discurso
realizadoporMaquiavel (2004),dequeos fins justificamosmeios.Emoutraspalavras,o lucro
obtidonoprocessoprodutivojustificatodoequalquerprocedimentorealizadoparasuaobteno.
Aoanalisararelaoantagnicaentrecapitaletrabalho,medianteosistemacapitalistade
produo,Flix(1989)ressalta:
Arelaosocialquedecorredessemododeproduoumarelaoantagnicaem que se confrontam os detentores dos meios de produo e da fora detrabalho.Nessarelao,deum lado,osquepossuemocapitalseapropriamdamaisvalia mediante a explorao da fora de trabalho; de outro lado, ostrabalhadoresvendemasuaprpriaforadetrabalhoparasubsistirem,pormistoimplicaemmanterarelaodeproduoestabelecidanocapitalismo.(FLIX,1989,p.37).
Nesta perspectiva, entendemos quepensar a realizaodo trabalho humano emnossa
sociedade,antesde tudo,pensaro tipode relaoqueseestabeleceentrecapitale trabalho,
vistoque,apartirdessarelaoqueasdiversasatividadesrealizadaspelohomememsociedade
sodefinidas.Nessecaso,
TrabalhoeeducaonoBrasil:reformas,ajusteseadequaes.
A educao pblica brasileira apresenta hoje diversas diretrizes orientadoras para seu
desenvolvimentoemseusdiferentesnveisdeensino,istoporquedesdemeadosdadcadade90
temse assistido a criao de diferentes medidas no sentido de atender as novas demandas
oriundasdombitopolticoeeconmicoque,demodogeral,reforamaredefiniodopapeldo
Estadonoquedizrespeitoasuaatuaonasociedade.
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Demodogeral,podeseverificarque taismedidasvoaoencontrodasnovasdemandas
advindas do sistema produtivo dominante que, neste contexto, passa implementar novas
estratgiasdeorganizaoefuncionamentocomoformadesuperaodacrisedesencadeadanos
anos70.
Fazsemistercompreenderqueestasmedidastmporobjetivomaterializaroprojetodo
novoparadigmadeproduoque,apoiadonamicroeletrnicaecujaprincipalcaractersticaa
flexibilidade,visaintensificarodomniodocapital.Estemovimentoconstituiusepornovasformas
de organizao e gesto do trabalho como resposta s exigncias do mercado globalizado e
competitivoquemarcamonovopadrodeacumulaocapitalista(KUENZER,2006).
Segundo Kuenzer (IDEM), a escola, mediante o sistema capitalista dominante,
historicamente vem se organizando de acordo com as mudanas ocorridas nos modos de
produo e funcionamento do setor produtivo gerando, com isso, prejuzos incalculveis
formaodoindivduo/cidadoeaodesenvolvimentodasociedadeumavezqueaincorporao
deprincpioseconmicosinstituioescolarresultananegaodesuaessncia,poismedida
quetrazparasuarealidade,mecanismosvoltadosaoatendimentodasnecessidadesprodutivasdo
sistemaelacontradizsuaespecificidadedeinstituioformadoraaogerarumaeducaorestritae
condicionadaaocumprimentodaalienaohumana.
Dacompreenderseo fatode,durantemuitosanos,asescolaspblicasbrasileiras terem
adotado o modelo de organizao e funcionamento educacionais baseados na dinmica da
fragmentaodeaes,controledo tempo,especializaes,superviso,etc.,poisdesdeoincio
dosculoXX,predominava,nasociedadeindustrialomodelodeproduotaylorista/fordistano
qualrequeriaumperfildetrabalhadorquefossecapazdedesempenharfunescombaseemtais
caractersticas.
O sculo XX foi marco de grandes acontecimentos mundiais, sobretudo os de cunho
polticoeeconmico,quemarcaramaconfiguraodenossahistria,aexemplodasduasgrandes
guerrasmundiaisedascrisesdosanosde1930e1970/80que,dentreoutros,revelamocarter
despticoehegemnicodocapital.
Frigotto (2003), ao analisar os efeitos da crise de 30 paraos aspectos sociais, destaca
elementosbastantesignificativos,osquaisnosajudamnoentendimentoacercadas relaesde
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trabalhoque se estabeleceram a partir dessemomento, sobretudo por evidenciarem que: A
problemticacrucialdeordempolticoeconmicaesocialdacrisedosanos30manifestasetanto
nodesempregoemmassa,quantonaquedabrutaldastaxasdeacumulao.Ambosincidiamna
reproduodaforadetrabalho[...].(FRIGOTTO,2003,p.60).
Nocontexto,emqueaeconomiadediversospasesencontravaseseriamenteagravada,a
intervenodoEstadonaeconomiadespontara como formadeamenizarosdanosprovocados
pelacrise,nombitosocial.Aesse respeito,destacamososestudos realizadospor JohnKeynes
como soluo para os problemas enfrentados pelo capital, em especial, no que se refere ao
desempregoerecesso.
Aconcepodifundida,nesseperodo,eradequeoEstadodeveriaassumirposiocentral
noplanejamentodasatividadeseconmicas,oquedeuorigemaoEstadodoBemEstarSocial2nos
pasesdesenvolvidoseoEstadoDesenvolvimentista3nospasesemdesenvolvimento,aexemplo
doBrasil.(SILVA,2003).
justamentenessecontextodecrisedaeconomiaqueSilva (2003)afirma terocorrido
consolidaodomodelo produtivo taylorista, na perspectivade suprir a demandamundial de
produoe garantir aestabilidadedo sistema capitalista.Com isso,omodelo taylorista ganha
importncia num momento em que a sociedade mundial encontravase economicamente
enfraquecidaedesestruturadadevidoguerra.
AesserespeitoHeloani(1994,p.42)afirma:
Os anos 20 assistiam consolidao do taylorismo nos Estados Unidos e naEuropa.Paraosinteressesdocapital,essaconsolidaosedaoapresentaraOCT(OrganizaoCientficadoTrabalho) como capazde forneceroprogresso socialpelaintroduodeinovaestcnicas.
2DeacordocomDuarte(2000,p.146147),oEstadodeBemEstarSocial,podeserentendidoenquanto:FormadeEstadocapitalistaquesedistinguepelaspossibilidadesqueofereceaoscidadosdeacessoaossistemasnacionais(pblicos ou regulados pelo Estado) de educao, sade, previdncia social, renda mnima, assistncia social,habitao,emprego,etc.EsteEstadoatua,portanto,naorganizaoeproduodebense serviospblicosenaregulaoproduoedistribuiodebenseserviossociaisprivados.
3 Segundo Santana (2002, p. 2) O Estado Desenvolvimentista caracterizase pela forte presena do Estado noMercado (Estado empresrio), sobretudo nas reas de infraestrutura para propiciar o desenvolvimento daeconomiadomercado,mediantesubstituiode importaes.NoBrasil,oEstadoDesenvolvimentistaconsolidasenoregimemilitarcomoDecretoLei200,de25defevereirode1967,quandohumcrescimentodescomedidodaadministraoindireta,acompanhadodeumenfraquecimentodaadministraodireta.
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Nessemesmocontexto,emqueo taylorismoconsolidavaseenquantomtodoeficazde
organizaodotrabalhonosetorprodutivosurgeaTeoriadasRelaesHumanas,aqual,segundo
Tragtenberg (1989) tem por objetivo principal a conformao dos trabalhadores. Sobre essa
questodestacaoautor:
[...]Comrelaeshumanassurgeaempresaeducadoradehomens,poispartesedanoodequeaexperinciadasresponsabilidadesdotrabalhadortemvalorformativo,masdeixaacargodaempresaeaseusconselheirosagirsobreosqueprocessam a formao. Relaes Humanas um elemento simplificador eidealista,manipuladorerealista.(TRAGTENBERG,1989,p.17).
Ainda no entendimento de Tragtenberg, a Teoria das Relaes Humanas parte
eminentemente de estudos da Psicologia com a preocupao de agir sobre grupos de
trabalhadorescomo formademanterumaconvivnciaharmnicaesemconflitos.Essa teoria
teve como idealizador EltonMayoque sededicou aoestudodo comportamentohumano. Em
outraspalavras,oreferidoautordizque:
AgrandepreocupaodeMayodominarosconflitos,dominaracisonaalmaque se d na empresa, instituindo slidas relaes sociais e cooperaesespontneas. A arte das relaes humanas passa a ser sinnimo da arte decooperao. A empresa o novo sacrrio, fornece a segurana, o apoio e osconselhosdasigrejasantigas,squeonovoclrigooadministrador,aquelequedominaastcnicasdaHumanRelations.(TRAGTENBERG,1989,p.20,grifosdoautor).
Em sntese, perceptvel que as teorias das relaes humanas buscavam adaptar os
trabalhadores,scondiesdetrabalhoimpostasnaquelecontextoneutralizandoosconflitosda
existentes. A esse respeito Trantemberg (1989) afirma: [...] Ao homem econmico de Taylor
contrapeseohomempsicolgicodeMayo,apreocupaocomboasrelaeshumanasocupao
lugardosaumentossalariaisoudiminuiodajornadadetrabalho[...].(TRANTEMBERG,1989,p.
21).
DeacordocomosestudosrealizadosporHeloani(1994),oTaylorismoalmdeumaforma
deorganizaodotrabalhoconfigurousenummovimentomundialqueultrapassouaorganizao
dotrabalhorealizadonafbrica,chegandoaatingiraorganizaodavidaemsociedade,umavez
que omodo de desenvolvimento dessemodelo pressupunha no apenas a cooperao entre
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capital e trabalho, mas tambm o reordenamento da subjetividade do trabalhador. Assim,
observamosque:
[...] alm de sua verso mais conhecida de mecanismos normatizadores (emvirtudedesuapropostadegestodetemposemovimentos),elaborouaprimeiratentativadeadministraodapercepodostrabalhadores.Aocontrriodoquefrisam algunsmanuais de administrao, o seu projeto no se dava apenas apartirdoestudodamelhormaneiradeproduzir.Omelhormodopressupunhaacooperaorecprocaentrecapitaltrabalhoeoreordenamentodasubjetividadedointeriordoprocessoprodutivo.(HELOANI,1994,p.07).
Talesclarecimentonospermite compreenderqueo taylorismo, comoexpressodeum
mtodo cientficodeorganizaodo trabalho,atendeuasexpectativasdedesenvolvimentodo
capitalcomsualgicadeeficinciaeracionalizaodotrabalhopormeiodeexperinciasquese
estenderamdoprocessoprodutivo,realizadonombitodafbrica,paraaadministraoemgeral.
Apartirdesseentendimentoeanalisandomaisprofundamenteoesquemaelaboradopor
Taylorparaaorganizaoecontroledo trabalho,Tratenberg (op.cit.)afirmaqueaspessoasse
alienamnospapiseestes,porsuavez,nosistemaburocrticoenoformalismoorganizacional4.
Medianteesta lgicadeestruturaorganizacional,podemosperceberqueTaylorpensou
numa forma de organizar o trabalho, de maneira que a empresa pudesse alcanar a maior
produtividade possvel, sendo, portanto, necessria aplicao de alguns instrumentos
viabilizaodeumaadministraocientfica.
Ao refletir sobre a lgica de organizao do trabalho, segundo os princpios da
administraocientficaidealizadaporTaylor,Kuenzer(1995)enfatizaemseusescritos:
Nombitodasprescriesacercado controledo trabalho comprado tendoemvista os interesses do capitalismo, Taylor (1970) acresce fragmentao dotrabalho a diviso de funes entre gerncia e trabalhador. Considerando aimpossibilidade de queos trabalhadores independentes absorvam e executemprocessosuniformese racionaisde trabalhoa fimdeacompanharoprogressotecnolgico, a administrao dever responsabilizarse pelo planejamento dastarefasapartirdo conhecimentoprofundodoprocessoprodutivo, cabendoaooperrioapenasaexecuo segundo instruessuperiores. (KUENZER,1995,p.2930).
4 Para maiores esclarecimentos acerca deste assunto, consulte: Tratenberg (1992), em sua obra Burocracia eIdeologia.
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Comoficaclaronasanlisesdaautora,aintenodeTaylorestavainteiramentevoltada
racionalizao e ao controledo trabalho,da estabelecerprincpios quepudessem favorecer a
institucionalizaodessecontrole.Nestesentido,justificaseointeressedeTaylor,comrelao
mudanadasatitudesmentaisdos trabalhadores,paraaefetivaodaadministraocientfica,
pois,segundoessaconcepo,todosospressupostosidealizadosaelevaodaprodutividades
alcanariam resultadossatisfatrios,casoos trabalhadores incorporassemparasimesmosesses
pressupostos.
Verificamos que, a gesto do trabalho5 para Taylor inserese como instrumento de
controle,noapenasdoprocessodeproduo,como tambmdasubjetividadedo trabalhador,
poisnossuasaesnombitodotrabalhocomoseupensamento,demodogeral,passariama
serconduzidospelospressupostosdotaylorismo.
visvelque apreocupaodeagir sobre a subjetividadedo trabalhador apresentouse
comoestratgiaafavordocapital,vistoquetalpressupostoentendiaqueamudanadeatitude
dos trabalhadores geraria maior produo e lucratividade, podendose obter no s maiores
lucroscomo tambmmelhoressalrios.Assim, justificouseanecessidadedoseveroeabsoluto
controledagernciasobreamaneirapelaqualotrabalhodeveriaserexecutado.
Combasenesse raciocnio,observasequeoprincpioeducativosubjacentepedagogia
taylorista/fordista tevepor finalidadeatenderadivisosociale tcnicado trabalhopormeiode
definies claras acerca das fronteiras entre as aes intelectuais e instrumentais, isto , o
fortalecimentoentrepensamentoeao.
AesserespeitoKuenzer(2006,p.35),apresentaaseguinteanlise:
[...]apedagogiadotrabalhotaylorista foidandoorigem,historicamente,aumapedagogia escolar centrada ora nos contedos, ora nasatividades,mas nuncacomprometida com o estabelecimento de uma relao entre o aluno e oconhecimentoque verdadeiramente integrasse contedoemtodo,demodoapropiciarodomniointelectualdasprticassociaiseprodutivas[...]
5Sobreaexpressogestodotrabalho,temseoentendimentodeque:Refereseaoprocessoatravsdoqualsoadministradostodososaspectosrelativosatividadedetrabalhoeenvolvidosnaproduodeumbemouservio.Atravs desse processo, so delimitadas as aes que devem ser seguidas para a realizao dos objetivos doprocessodetrabalho.Essasaesconfiguramumconjuntodeanlisesededecises,procedimentosdeexecuoede comunicao, exerccio de liderana, estratgias de motivao, mtodos de avaliao e controle [...].(EVANGELISTA,2000,p.175176).
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Kuenzer (IDEM) enfatiza que, se o modelo produtivo taylorista/fordista caracterizouse
pela organizao de um trabalho pautado, principalmente, na diviso tcnica do trabalho, na
especializao, na repetio do movimento e na produo em massa; na rea educacional,
desenvolviamse prticas pedaggicas paralelas a essa organizao. Da o processo ensino
aprendizagem, mediante esse contexto, caracterizarse, principalmente, pela aquisio de
atividades repetitivasem grandequantidade, controladaseespecializadasemumdeterminado
tipo de conhecimento, memorizao, fragmentao do trabalho, contedos rgidos,
hierarquizao,entreoutros,quesetornamcompreensveis,tendoemvistaque:
Oprincpioeducativoquedeterminouoprojetopedaggicodaeducaoescolarpara atender a essas demandas da organizao do trabalho de basetaylorista/fordista,aindadominanteemnossasescolas,deuorigemstendnciaspedaggicas conservadoras em todas as suas modalidades, as quais, emboraprivilegiassemoraaracionalidade formal,oraaracionalidadetcnica,sempresefundaram na diviso entre pensamento e ao. (KUENZER, 2006, p. 35, grifonosso).
Partindo desse entendimento podemos identificar as influncias do modelo taylorista
sobreasprticasdesenvolvidasnaescola,destacandose,especialmente,adivisoentreastarefas
depensamento(destinadasaossujeitosqueplanejam,decidemetc.)easaes(voltadasqueles
que apenasexecutam aquiloque foipreviamentedeterminado),oque caracterizaadicotomia
entreotrabalhointelectualetrabalhomanual.Nestesentido,ressaltaseque:
Nadamaisadequadodoqueumaescolaque,pararealizarotrabalhopedaggicoassimdefinido,seorganizassedeformarigidamentehierarquizadaecentralizadapara assegurar o prdisciplinamento necessrio vida social e produtiva.(KUENZER,2006,p.3637).
Com isso, podemos verificar que a organizao da educao, mediante o
taylorismo,estruturousedemaneiraquepudesse responder aos interessese sdemandasdo
mercadode trabalhoque seexercia como referidomodelodeproduo. Todavia, com a crise
desencadeada no incio dos anos 1970, a base tcnica de produo e organizao
taylorista/fordista vai aos poucos sendo substituda por um novo paradigma tecnolgico e
produtivo.
Novas perspectivas passam a ser vislumbradas para a organizao do trabalho
produtivoeconsequentementeeducacionais,poisnesseperodoomodelotaylorista/fordistade
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produo comeara a apresentar com,maior evidncia, sua ineficincia diantedas demandas
advindas do setor econmico, mostrando limitaes ao atendimento das necessidades do
mercadopelocenrioglobalizado.
Frigotto (2003), analisandomaisprofundamenteesseperodo ressaltaque anaturezae
especificidadeda crisedos anos1970 caracterizaramse,principalmente,peloesgotamentodo
modelofordistadeacumulaoeregulaosocialedoEstadodeBemEstar.
[...]acrisedosanos70/90noumacrisefortuitaemeramenteconjuntural,masumamanifestaoespecficadeumacriseestrutural.Oqueentrouemcrisenosanos70constituiuseemmecanismodesoluodacrisenosanos30:polticasestatais, mediante o fundo pblico, financiando o padro de acumulaocapitalistanosltimoscinqentaanos[...].(FRIGOTTO,2003,p.62).
Compreenso semelhante pode ser percebida nas anlises de Pino (2002) que, a esse
respeito,destacaasseguintesconsideraes:
[...] A crise da dcada de 70 foi a expresso do esgotamento de ummodelobaseadonaproduoemmassa,deumlado,enochamadoEstadodeBemEstarSocial, de outro. As condies que prevaleciam nos anos 30 e que surgiramperiodicamente desde 1973 tm de ser consideradasmanifestaes tpicas datendncia de superacumulao. Toda crise capitalismo se caracteriza pelasuperproduo de mercadorias, gerando fases peridicas de superacumulao[...].(PINO,2002,p.67).
Comopodemosobservarnas anlisesdos autores acima citados, a crisedos anos1970
manifestou,entreoutrascoisas,oesgotamentodomodelotaylorista/fordistadeproduoque,a
partirdessecontexto,passaaapresentarlimitaesnaorganizaoegestodotrabalho,dando
impulsoaoprocessodereestruturaoprodutivadosanos1980que,emlinhasgerais,tevecomo
principal desafio superar as deficincias dessemodelo de organizao do trabalho e viabilizar
mecanismosquepossibilitassemnovamenteocrescimentoeconmico.
De acordo com Ferreira (2000), o termo reestruturao produtiva consiste em um
processo:
[...] complexo demudanas na configurao dos sistemas produtivosque vemocorrendo nas ltimas dcadas no contexto da crise atual do capitalismodesencadeadoraapartirdo finaldosanos1970e inciodadcadade80.Taismudanas tm comoobjetivo superaras limitaesedeficinciasapresentadasno perodo recentepela forma de organizaoda produo dominante atosanos1960/70omodelotaylorista/fordista[...].(FERREIRA,2000,p.283).
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Aindadeacordocomesseentendimento,observamosqueoprocessode reestruturao
produtivaencontrouseassentadoemtrseixosprincipaisquesecomplementam,sendoeles:1)
as novas tecnologias da III Revoluo Industrial, enfatizandose a a microeletrnica; 2) as
mudanasorganizacionais,destacandose,particularmente, asnovas formasdeorganizaodo
trabalho;e3)as inovaesgerenciaise institucionais,entendidascomoasmudanasnagesto
dosrecursoshumanosenasestratgiasempresariais.(Id.,Ibid.).
A partir da interao desses eixos, verificamos a emergncia de novas formas de
organizao do trabalho e da produo, como parte intrnseca superao da crise. A esse
respeito,Queiroz(2003,p.124)afirma[...]Ocaminhoesboadoparaasuperaodessacrisealia
uma nova forma de reorganizao econmica e ideolgica, o neoliberalismo, com um novo
sistemadeacumulaodocapital,osmodelospstayloristaepsfordista.
Segundo Queiroz (2003), com o processo de reorganizao do sistema econmico e a
crescente competitividade dosmercados, obrigandoos abuscar uma produo cada vezmais
eficaz e flexvel, tornouse necessria readaptaodos sistemas de gesto eorganizaodo
trabalho. Nessa nova lgica de produo, outras caractersticas passam a compor essa
organizao, tendo em vista as novas concepes surgidas nopstaylorismo. E, identificando
algumascaractersticasdessenovocontextoeconmico,observadoque:
[...] Acirramse as competies industriais e entremercados estrangeiros, e oconsumidorest cada vezmaisatentoaospadresdequalidadedosprodutos.Essequadro levou incorporaodealgunsaspectosda revoluoToyotaquetransformouosmodelosdegestoeproduo industrialdo Japo,apartirdasdcadasde50e60,dentrodaempresademesmonome. (QUEIROZ,2003,p.126).
O novo modelo produtivo, procurando romper com a dinmica do antigo modelo
caracterizadopela rigidez,apresentacomoumdeseusprincipaispilares,aacumulao flexvel,
sobretudopormeiodautilizaodoavanotecnolgico.Emlinhasmaisgerais,consideramosque
osestudosdeAntunes(2001),definemmuitobem,ascaractersticasdonovomodeloproduo:
[...]o toyotismo (via particular de consolidao do capitalismomonopolistadoJapo do ps1945) pode ser entendido como uma forma de organizao dotrabalhoquenasceapartirdafbricaToyota,noJapo,equevemseexpandindopeloOcidente capitalista, tanto nos pases avanados quanto naqueles que seencontram subordinados. Suas caractersticas bsicas (em contraposio ao
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taylorismo/fordismo)so:1)suaproduomuitovinculadademanda;2)elavariada e bastante heterognea; 3) fundamentase no trabalho operrio emequipe,commultivariedadede funes;4)temcomoprincpioo just in time,omelhor aproveitamentopossvel do tempo de produo e funciona segundo osistemadekanban,placasousenhasdecomandoparareposiodepeasedeestoque(que,notoyotismo,devesermnimo).(ANTUNES,2001,p.21).
Notemosquantoaessenovomodelodeproduoque,emboramudadososprincpios
rgidosdeorganizaodotrabalhoparaoutrosdecartermaisflexvel,algicapredominantea
mesma, isto , a explorao da classe trabalhadoraque,nessemodelo, passa a acontecer de
formaaindamaisintensa,poisagorasereferenoapenasaoesforofsico,mas,para,almdisso,
osaspectosmentaispassam tambmaserexplorados.Assim,observamosoqueestcolocado
peloprocessodereestruturaoprodutiva:
[...]noasuperaodecaractersticasque,emessncia,sooprpriomododeproduocapitalista.Estamos,istosim,diantedanecessidadedeexploraroutroscomponentesdaforadetrabalhoatagorarelegadospeloshomensemulheresdenegcio.(PINO,2002,p.68).
Neste sentido, fazse necessrio destacar que, embora se observe o discurso da
necessidadedemelhorformaodostrabalhadores,maiorautonomia,flexibilidadeetc.,oquede
fato seobserva apreocupao com aelevaodaprodutividadeeno com a valorizaodo
trabalhadoremsi,jqueesteagorasetornaumtrabalhadorpolivalente6.
Kuenzer(2002),tambmrefletindoacercadasnovascaractersticasquepassamacompor
operfildotrabalhadoradequadolgicadomodelotoyotista,enfatiza,entreoutras,aexigncia
de:
[...] habilidades cognitivas e comportamentais, tais como: anlise, sntese,estabelecimento de relaes, rapidez de respostas e criatividade diante desituaes desconhecidas, comunicao clara e precisa interpretao e uso dediferentes formasde linguagem, capacidadepara trabalharemgrupo,gerenciarprocessos,elegerprioridades, criticar respostas,avaliaprocedimentos, resistirapresses, enfrentar mudanas permanentes, alia raciocnio lgicoformal intuiocriadora,estudarcontinuadamente,eassimpordiante.(KUENZER,2002,p.86).
6SegundoMaus(2000,p.30),otrabalhadorpolivalente:[...]aquelequedominealgunsconhecimentos,possuaumaboaformaogeral,tenhaflexibilidade,versatilidade,eoutrascaractersticasquenoenvolvemfundamentoscientficointelectuais,privilgiodeapenasumaminoria.
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Nessamesmalinhaderaciocnio,Wolf(2004)destacaemseusestudosqueotoyotismoa
partir dos anos de 1990, destacouse como fator integrante da reestruturao produtiva,
caracterizandosecomoumaverdadeira reformaadministrativano interiordasempresas.Nesse
caso,Wolf(2004,p.362)ressalta:
[...] Foi, omodelo toyota de produo que inspirou as tcnicas de gesto dotrabalhopresentesnosPQTs, isto,aquelasquerespondempelaadequaodafora de trabalhosnovas demandasdequalificao requeridaspelapresentereestruturao empresarial: flexibilidade, polivalncia, envolvimento eparticipao.Qualidadesque[...]garantemaomesmotempo,oengajamentoeodesenvolvimento das habilidades dos trabalhadores que otimizam a novamaquinariainformatizada.
Claro est que o trabalhador, mediante esta nova fase do capitalismo, precisa ser,
praticamente,infalvel,completoeadaptvelaqualquersituaoqueocorranombitodoseu
trabalho,enfim,possuirascondiesnecessriasparagarantirsuaprpriaempregabilidade7.
Essalgica,nospermiteafirmarque,medianteessenovomododotrabalho,pautadoem
inovaes tecnolgicas, novas formas de organizao e gesto do trabalho, o trabalhador
entendido como flexvel, polivalente e dotado de competncias e habilidades necessrias ao
aceleramentodacompetitividadenomercadodetrabalhoser[...]convidadoavestiracamiseta
de suaempresa;exignciasque rebaterona formaoprofissionalenosistemaeducacional.
(FONSECA,2006,p.205).
Assim,paraatenderaoperfildessenovo trabalhador,impostopelomodeloToyotista,os
espaoseducacionaisassumemaresponsabilidadededesenvolvernovasprticaspedaggicas,de
organizao e gesto, processos avaliativos, metodolgicos e formativos a fim de suprir a
demandademodeobraqualificadaparaomercadodetrabalho,poiscomoafirmaMarx(1987,
p.29)[...]cadanovafasedadivisodotrabalhodeterminaigualmenteasrelaesdosindivduos
entresi,noqueserefereaomaterial,aoinstrumentoeaoprodutodotrabalho.
Neste cenrio, em que novos desafios passam a fazer parte da educao em seus
diferentesnveisemodalidadesdeensino,umnovoprojetopedaggicoconstrudocomvistasa
7DeacordocomEvangelistaeMachado(2000,p.141),estetermobaseiase:[...]naposseounodomniodenovascompetncias;sereferescondiessubjetivasdeinseroepermannciadossujeitosnomercadodetrabalho,eainda,sestratgiasdevalorizaoenegociaodesuacapacidadedetrabalho[...].
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substituir o modelo educativo pautado na produo taylorista/fordista, pois como ressalta
Kuenzer(2002,p.80):
[...]Mudadasasbasesmateriaisdeproduo,preciso capacitaro trabalhadornovo, para queatenda s demandasde umprocessoprodutivo cada vezmaisesvaziado,noquala lgicadapolarizaodascompetnciassecolocade formamuitomaisdramticadoqueaocorridasobotaylorismo/fordismo.precisoqueotrabalhadorsesubmetaaocapital,compreendendosuaprpriaalienaocomoresultantedesuaprticapessoalinadequada[...].
A novapedagogia, com base nomodelo toyotistadeproduo, substitui a rigidez pela
flexibilidade e rapidez como forma de atender as demandas diversificadas de qualidade e
quantidade. Estapedagogia,pautadaemprincpiosditos inovadores vem sendo implementada
pormeiodepolticas,programasepropostas governamentais subjacentes aessenovopadro
produtivo.(KUENZER,2006).
Neste caso, princpios como descentralizao, autonomia, participao, gesto
democrtica,entreoutros,passamafazerpartedosdiscursoseducacionais.Contudo,necessrio
entender que tais princpios encontramse pautados na lgica privatista e mercadolgica de
educao que retira cada vez mais a responsabilidade do Estado pelo provimento de uma
educaopblicaedequalidadesocial,repassandoescolaeaprpriasociedadecivilestatarefa.
Nesseparticular,observamosapereneeperversalgicainstitudapelosistemacapitalista
deproduorealizaodotrabalhohumano,pois,acadanovafasededesenvolvimentodesse
sistema,perceptvelumaexploraoaindamaiorsobretrabalhador,umavezquesobreelerecai
noapenasaresponsabilidadepelomaioremelhoraproveitamentodaproduo,comotambm
pela sua insero no mercado de trabalho, agora muito mais competitivo e escasso s reais
demandassociais.
Alm disso, chamamos ateno para o fato de que embora o modelo toyotista de
organizaodotrabalhotenhasidopropagadoporseusidealizadorescomomtodosdegestodo
trabalhoqueromperiacomaestruturargida,despticaelimitadadaatividadecriativa,talcomo
se desenvolviao trabalhonomodelo taylorista/fordista, suamaterializao apenas permitiu a
continuidade,emnovasbases,conformaodotrabalholgicadocapital,assumindoapenas
uma nova roupagem com a qual est revestido omesmo velho fenmeno de reproduo do
sistemacapitalista,pois:
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A similitude com as tcnicasdo sistema Taylorde padronizao dos tempos emovimentos operrios patente, s que, agora, no plano cognitivo, dopensamento.Longedofimdotrabalhotaylorizado,portantooqueverificamosumataylorizaodascapacidadescognitivas.(WOLF,2004,p.384).
Com isso, verificamosqueoparadoxoathoje seperpetua,pois,embora seenfatizeo
desenvolvimento de prticas mais conscientes e crticas acerca da realidade, ainda assim
identificamospropostasdeeducaoajustadaslgicadomercado,bemcomoafragmentaoe
dualidadeentreopensareofazer,aindatopresentesemnossasociedade.
A ideia de organizao racionaldo trabalho, pautada na disciplina, controle, divisodo
trabalho,especializao,superviso, incentivossalariaiseprmiosporprodutividade, tambm
visvelemnossosdias,oquenos fazentenderque,mesmocom todoo teorde rejeioqueo
paradigmatayloristanosinspirahojeemplenosculoXXI,averdadequeaindanoconseguimos
substitulo totalmente, seja nas formas de organizao do trabalho, seja em nossas relaes
sociais,comoafirmaBraverman(1974),emseusestudos.
Nestecontexto,observamosqueaeducao,emsuaformamaisampla,tornaseummeio
de aperfeioar aprodutividadedaempresaemdetrimentodaeducaopolitcnica concebida
comoprocessoque integrao saberprticoeo saber terico com vistas formao amplado
cidadocapazdeoportunizarumaslidabasecientficaetecnolgicaaoseducandospormeiode
uma viso dialtica na qual a educao no seja reduzida a um mero instrumento til de
preparaoparaotrabalho(ARANHA,2002).
ConsideraesFinais
No decorrer deste trabalho, verificamos que a educao no Brasil, ao longo de sua
trajetria, sofreu mudanas e adaptaes aos modelos de organizao e desenvolvimento do
trabalho realizadonosetorprodutivocapitalista.Nessalgica,constatamos,porexemplo,quea
organizao do trabalhoescolar,dependendodo contexto sciopoltico e econmico do pas,
assume caractersticas diferenciadas, tendo em vista as exigncias postas ao processo de
produo.
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Nessesentido,observamosqueasprticaseducacionaisdesenvolvidasnasescolaspblicas
brasileiras, tornamse ummeiode aperfeioar a produtividade da empresaem detrimentodo
trabalho que agora ainda mais explorado, sob o discurso da responsabilidade, cooperao,
esprito de iniciativa, capacidade de preveno, entre outras caractersticas peculiares a nova
organizaodotrabalhoqueseestendeaosdiversossetoressociais.
O estudo revelou que a organizao do trabalho humano na sociedade capitalista
historicamentevemsendoinfluenciadapelalgicadeorganizaodosmodelosprodutivosque,
independentemente do momento histrico em que so desenvolvidos, apresentam sempre o
mesmoobjetivo:avalorizaodocapital.
Dessa forma, verificamos que um conjunto demecanismos e estratgias peculiares ao
atendimentodasnecessidadesdessesistema,emsuasdiferentesfasesdemetabolismo,temsido
utilizadoparao cumprimentode suasmetas, sejapormeiodo controleedivisodo trabalho,
fragmentao das atividades, especializao, racionalizao, seja por meio de flexibilidade,
qualidadetotalderesultados,eficinciaeeficciadaproduoespritodecoletividadeetc.,tendo
emvistaasdemandasdosetorprodutivo.
Com isso, constatamos baseados no referencial consultado que, a escola e mais
particularmente a formao do indivduo, assume caractersticas bastante semelhantes s
desenvolvidas pelos modelos de produo, evidenciando com isso marcas de princpios no
propriamente educacionais que levem em considerao a peculiaridades do processo ensino
aprendizagem, e sim de princpios permeados por ideologias e interesses oriundos do setor
econmico,contribuindo,dessemodo,paraadescaracterizaodopapelsocialdaescolae,por
conseguinte,daeducaoedeseusobjetivosprprios.
Referncias
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