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3 QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004 Dez anos de Química Nova na Escola Recebido em 29/10/04, aceito em 3/11/04 ESPAÇO ABERTO A seção “Espaço aberto” visa abordar questões sobre Educação, de um modo geral, que sejam de interesse dos professores de Química. Q uímica Nova na Escola, ou QNEsc, como carinhosa- mente nos referimos à revis- ta no nosso cotidiano de editores, nasceu durante o VII Encontro Nacio- nal de Ensino de Química, realizado em Belo Horizonte em julho de 1994. Numa bela tarde de inverno, em uma sala do Instituto de Ciências Exatas da UFMG, o sol brilhou de forma es- pecial para a Química e seu ensino no Brasil. No mês seguinte, em uma reunião no Instituto de Química da USP, em São Paulo, um grupo de professores ligados à Divisão de Ensino de Química da SBQ, e que viria a compor o primeiro corpo de editores associados da revista - Alice Lopes, Áticco Chassot, Eduardo Mortimer, Júlio Cézar Lisboa, Lenir Zanon, Roberto Ribeiro da Silva, Romeu C. Rocha-Filho e Roseli Schnetzler -, elaborou as primeiras idéias sobre a linha editorial da futura revista: abrigar diversas seções de modo a contemplar uma variada gama de interesses das pessoas ligadas profissionalmente ao ensino de Química; produzir uma revista inovadora, ousada, mas simples e direta. Imaginávamos que alguns professores talvez assinassem a revista apenas pelos experimentos que apareceriam na seção Experi- mentação no Ensino de Química, pe- las características e histórias dos ele- mentos químicos que apareceriam na seção Elementos Químicos, ou pelo relato do Prêmio No- bel daquele ano ou da descoberta dos novos elementos químicos que apare- ceriam na seção Atualidades em Quí- mica. No entanto, sabíamos que outros professores, que se preocupavam com inovações pedagógicas e em mudar sua prática cotidiana, também apreciariam os Relatos de Sala de Aula ou a discus- são conceitual, muitas vezes polê- mica, de Conceitos Científicos em Destaque, ou ainda os temas rele- vantes para a sociedade e para a formação do cidadão que aparece- riam em Química e Sociedade. Por outro lado, sabíamos que os profes- sores participantes dos vários grupos de pesquisa em Educação Química então já existentes no país, assim como os alunos de mestrado e dou- torado ligados a esses grupos, pode- riam usufruir de seções como Pesqui- sa em Ensino de Química e Aluno em Foco. E várias pes- soas, de todos os gostos, com certeza apreciariam artigos de História da Quí- mica. Foi com esse espírito, de contem- plar uma ampla diversidade de inte- resses e atrair todo e qualquer profes- sor para a leitura de Química Nova na Escola, na esperança de contribuir para a melhoria de suas aulas, que o grupo reunido naquela tarde de inver- no decidiu pôr as mãos na massa e preparar o primeiro número da revista, a ser lançado em maio do ano seguin- te na reunião anual da Sociedade Bra- sileira de Química. Decidimos convi- dar um professor do Ensino Médio - o Prof. Nelson Beltran, com ampla experiência editorial da época das publicações da Funbec - para ser o Eduardo Fleury Mortimer Neste artigo apresentamos um pouco da história e um balanço de Química Nova na Escola com base nas informações com as quais lidamos no dia-a-dia da editoria: critérios utilizados na definição dos árbitros para cada artigo recebido; a relação entre trabalhos submetidos, aceitos e recusados; o perfil dos nossos autores; a distribuição dos artigos por seção. A idéia é compartilhar com o público leitor a história da consolidação da nossa revista e apontar para tendências e problemas no seu crescimento, principalmente em relação à sua produção, mas sem deixar de levantar questões relativas à sua distribuição e ao uso pelos professores de Química. Química Nova na Escola, história, editoria QNEsc nasceu em uma bela tarde de inverno, em uma sala do Instituto de Ciências Exatas da UFMG, durante o VII Encontro Nacional de Ensino de Química, realizado em Belo Horizonte em julho de 1994

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004Dez anos de Química Nova na Escola

Recebido em 29/10/04, aceito em 3/11/04

ESPAÇO ABERTO

A seção “Espaço aberto” visa abordar questões sobre Educação, de um modo geral, que sejam de interesse dosprofessores de Química.

Química Nova na Escola, ouQNEsc, como carinhosa-mente nos referimos à revis-

ta no nosso cotidiano de editores,nasceu durante o VII Encontro Nacio-nal de Ensino de Química, realizadoem Belo Horizonte em julho de 1994.Numa bela tarde de inverno, em umasala do Instituto de Ciências Exatasda UFMG, o sol brilhou de forma es-pecial para a Química e seu ensinono Brasil. No mês seguinte, em umareunião no Instituto de Química daUSP, em São Paulo, um grupo deprofessores ligados à Divisão deEnsino de Química da SBQ, e que viriaa compor o primeiro corpo deeditores associados da revista - AliceLopes, Áticco Chassot, EduardoMortimer, Júlio Cézar Lisboa, LenirZanon, Roberto Ribeiro da Silva,Romeu C. Rocha-Filho e RoseliSchnetzler -, elaborou as primeirasidéias sobre a linha editorial da futurarevista: abrigar diversas seções demodo a contemplar uma variadagama de interesses das pessoasligadas profissionalmente ao ensinode Química; produzir uma revista

inovadora, ousada, mas simples edireta. Imaginávamos que algunsprofessores talvez assinassem arevista apenas pelos experimentosque apareceriam na seção Experi-mentação no Ensino de Química, pe-las características e histórias dos ele-mentos químicos que apareceriam naseção ElementosQuímicos, ou pelorelato do Prêmio No-bel daquele ano ouda descoberta dosnovos elementosquímicos que apare-ceriam na seçãoAtualidades em Quí-mica. No entanto,sabíamos que outros professores,que se preocupavam com inovaçõespedagógicas e em mudar sua práticacotidiana, também apreciariam osRelatos de Sala de Aula ou a discus-são conceitual, muitas vezes polê-mica, de Conceitos Científicos emDestaque, ou ainda os temas rele-vantes para a sociedade e para aformação do cidadão que aparece-riam em Química e Sociedade. Por

outro lado, sabíamos que os profes-sores participantes dos vários gruposde pesquisa em Educação Químicaentão já existentes no país, assimcomo os alunos de mestrado e dou-torado ligados a esses grupos, pode-riam usufruir de seções como Pesqui-sa em Ensino de Química e Aluno em

Foco. E várias pes-soas, de todos osgostos, com certezaapreciariam artigosde História da Quí-mica.

Foi com esseespírito, de contem-plar uma ampladiversidade de inte-

resses e atrair todo e qualquer profes-sor para a leitura de Química Nova naEscola, na esperança de contribuirpara a melhoria de suas aulas, que ogrupo reunido naquela tarde de inver-no decidiu pôr as mãos na massa epreparar o primeiro número da revista,a ser lançado em maio do ano seguin-te na reunião anual da Sociedade Bra-sileira de Química. Decidimos convi-dar um professor do Ensino Médio -o Prof. Nelson Beltran, com amplaexperiência editorial da época daspublicações da Funbec - para ser o

Eduardo Fleury Mortimer

Neste artigo apresentamos um pouco da história e um balanço de Química Nova na Escola com base nas informaçõescom as quais lidamos no dia-a-dia da editoria: critérios utilizados na definição dos árbitros para cada artigo recebido;a relação entre trabalhos submetidos, aceitos e recusados; o perfil dos nossos autores; a distribuição dos artigos porseção. A idéia é compartilhar com o público leitor a história da consolidação da nossa revista e apontar para tendênciase problemas no seu crescimento, principalmente em relação à sua produção, mas sem deixar de levantar questõesrelativas à sua distribuição e ao uso pelos professores de Química.

Química Nova na Escola, história, editoria

QNEsc nasceu em uma belatarde de inverno, em uma

sala do Instituto de CiênciasExatas da UFMG, durante oVII Encontro Nacional de

Ensino de Química,realizado em Belo Horizonte

em julho de 1994

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004Dez anos de Química Nova na Escola

editor da revista, convictos que éra-mos, e ainda somos, da importânciado trabalho em parceria e do respeitomútuo, inclusive às diferenças, entreos pesquisadores universitários e osprofessores da educação básica.Decidimos também convidar o Prof.Eduardo Peixoto, que havia contem-plado os sócios da SBQ com a bri-lhante seção sobre os elementos quí-micos nos boletins impressos daSociedade, a se juntar a nós e ficarresponsável por essa seção.

Esse sonho de fazer uma revistaque pudesse contribuir decisivamentepara a melhoria do ensino de Químicae para a formação inicial e continuadade professores não havia surgido ali,naqueles dias ensolarados do invernode 1994, quando ainda comemorá-vamos o título de tetracampeões domundo, arrebatado pela nossa sele-ção canarinho havia poucos dias. Eleera, de certa forma, um coroamentode todo o acúmulo de experiênciaspropiciado pelos então 14 anos deencontros nacionais e regionais e di-versas outras iniciativas organizadaspela comunidade reunida na Divisãode Ensino de Química da SBQ. Umprojeto financiado pelo Sub-Progra-ma para a Educação em Ciências(SPEC) do PADCT-CAPES, importanteiniciativa que ajudou a criar e conso-lidar uma comunidade brasileira deEducação em Ciências e que já finan-ciava nossos encontros, propiciou osuporte necessário para o lançamen-to da revista. Afinal, além de custearas despesas comdiagramação e pro-dução gráfica, eranecessário reuniresse grupo de edito-res, então os únicosautores, para darforça e coesão inicialà revista e garantirque ela pudesse al-çar vôo e se sustentar no ar com ascontribuições espontâneas da comu-nidade.

As nossas reuniões presenciais,entre o editor e os então editores as-sociados, realizadas na sede da SBQpara o fechamento dos primeirosnúmeros da revista, com certeza dei-xaram saudades entre todos nós que

delas participamos. Nelas discutía-mos exaustivamente cada artigo, jálido de antemão por todos, prepará-vamos as linhas mestras do editoriale discutíamos a pauta do número se-guinte, já preocupados em incorporaroutros colegas como autores nosnúmeros iniciais da revista.

A consolidação de QNEscEsse nosso esforço inicial foi alta-

mente recompensado e QNEsc com-pleta 10 anos como uma revistadefinitivamente incorporada à cenaeducacional brasileira, com amplarepercussão não só entre os pesqui-sadores da área de Educação emCiências mas em toda a comunidadede químicos reunidos na SBQ. A revis-ta foi classificada no Qualis da últimaavaliação trienal da CAPES comnacional A na área de Química e na-cional B nas áreas de Educação e deEnsino de Ciências e Matemática. Osdados apresentados no Quadro 1também testemunham claramenteessa evolução. A vontade inicial doseditores em fazer a revista, sua pre-sença marcante como autores nos

quatro números ini-ciais e a colaboraçãodos colegas maispróximos à Divisãode Ensino de Quími-ca garantiram a pu-blicação semestral,sempre em dia, deQNEsc nos anos de1995 e 1996. A partir

de 1997, a submissão espontânea deartigos à revista vai se ampliando pro-gressivamente. De cinco artigos em1997, passamos para 28 já em 1999e em 2001 alcançamos a meia cen-tena de artigos por ano, patamar emque a submissão se estabilizou.

Por outro lado, o Quadro 1 tam-bém revela que a porcentagem de

artigos recusados - algo em torno dos50% - é bastante alta. Isto remete aalgumas questões fundamentais paraa editoria de uma revista que busca aqualidade e tem um perfil bastantediferenciado, por exemplo, em rela-ção às revistas acadêmicas que sãounicamente dedicadas à publicaçãode resultados de pesquisa. QNEsc éuma revista acadêmica e, como tal,tem todos os artigos submetidos arbi-trados por, no mínimo, dois assesso-res. O rigor no trabalho de arbitragemé fundamental para garantir a qua-lidade da revista e isto resulta numnúmero relativamente alto de recusas.Além disso, em QNEsc, normalmente,esses dois árbitros não pertencem àmesma comunidade de pesquisado-res. Por causa da natureza indiscipli-nar da área de atuação da revista - aEducação Química - geralmente pre-cisamos ser assessorados por umpesquisador da Química, que conhe-ce profundamente o assunto aborda-do no artigo, e por um pesquisadorda Educação em Ciências, que co-nhece profundamente as implicaçõesmetodológicas e teóricas para a Edu-cação e para o ensino do tema, an-tes de podermos tomar a decisãosobre aceitar um artigo, aceitá-lo commodificações, solicitar uma refor-mulação geral ou recusá-lo. Essadupla arbitragem por pessoas quevivem em universos acadêmicos dife-rentes muitas vezes resulta em con-flito de visões nos pareceres, o quetraz como conseqüência a necessi-dade de um terceiro parecer. Istomuitas vezes contribui para aumentaro tempo entre a submissão do artigoe seu resultado final.

Em geral temos conseguido fe-char a revista com artigos na maioriadas seções. Com exceção de Alunoem Foco e Pesquisa em Ensino deQuímica, as seções com o menor nú-

Quadro 1: Números de artigos submetidos, aceitos e recusados, por ano1.

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total

Submetidos 5 11 28 32 47 52 452 220Aceitos 3 6 14 16 25 25 17 106Recusados 2 5 14 16 22 27 21 107

1Não foi possível obter esses dados antes de 1998.2Sete artigos submetidos em 2003 ainda estavam em processo de julgamento quando escre-vemos este artigo.

QNEsc foi classificada noQualis da última avaliação

trienal da CAPES comnacional A na área de

Química e nacional B nasáreas de Educação e de

Ensino de Ciências eMatemática

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004

mero de artigos publicados ao longoda nossa história, todas as outras se-ções têm mantido o patamar mínimomédio de um artigo a cada número.No outro extremo, temos Experimen-tação no Ensino de Química, cuja mé-dia é superior a dois artigos por núme-ro. Destaca-se, ainda, o aumento donúmero de artigos publicados nosúltimos anos em Relatos de Sala deAula, o que, como comentaremos,reflete uma característica bastantepositiva da nossa comunidade: aconstrução de parcerias entre profes-sores universitários eprofessores da edu-cação básica.

Há ainda queressaltar que a revis-ta tem se mostradoaberta à dinâmica daárea e ao apareci-mento de novas in-terfaces com a Educação em Quími-ca. Assim, já em 1997 incorporáva-mos duas novas seções à revista:Educação em Química e Multimídia,para a qual foi convidado o Prof. Mar-celo Giordan, e Espaço Aberto, queteve por objetivo possibilitar que arevista tratasse de temas não contem-plados nas seções pensadas ori-ginalmente. Por meio dessa seção,temas educacionais mais amplos,como avaliação e currículo, passarama ser tratados na revista. Essa refor-mulação iniciada em 1997 completou-se em 1999, quando modificou-se odesenho editorial da revista de modoa torná-lo mais próximo das outras

publicações da SBQ e aumentar aagilidade do trabalho editorial. Nessamudança, foi decidido que a revistapassaria a ter três editores responsá-veis - um deles no papel de editor co-ordenador -, que foram escolhidosentre os então editores associados.Os editores associados passaram acompor o Conselho Editorial, que foiampliado para incorporar dois profes-sores brasileiros e quatro estrangei-ros. Otávio Aloísio Maldaner e RejaneMartins Novais Barbosa ficaramresponsáveis pelas seções Conceitos

Científicos em Desta-que e Aluno em Foco,e António FranciscoCarrelhas Cachapuz(Aveiro, Portugal),Aureli Caamaño (Bar-celona, Espanha), Gi-sela Hernández (Ci-dade do México,

México) e Peter Fensham (Vitória,Austrália) passaram a compor o Con-selho Editorial, conferindo-lhe umcaráter internacional.

O próximo desafio que se colocapara QNEsc é o aumento de sua pe-riodicidade. As informações do Qua-dro 1, combinadas àquelas do Qua-dro 2, revelam a dimensão dessedesafio. Para que possamos publicartrês e não apenas dois números porano, será necessário um aumento decinqüenta por cento nas submissões,ou seja, no lugar dos 50 artigossubmetidos em média nos últimosanos, precisamos de 75. Esse é umaumento considerável e, para atingi-

lo, será necessária uma grande mobi-lização de toda nossa comunidade:dos pesquisadores, de nossos estu-dantes de mestrado e doutorado, dosprofessores de Ensino Médio que tra-balham em parceria conosco nos pro-gramas de formação continuada, denossos alunos de licenciatura. Istoremete a um outro dado que gosta-ríamos de compartilhar com o leitor,relativo ao perfil profissional dosautores de QNEsc, apresentado aseguir.

Quem publica em QNEscO Quadro 3 mostra o tipo de atua-

ção profissional dos autores dos arti-gos publicados nas diferentes seçõesda revista. O exame das porcenta-gens de autores de cada setor mostrauma clara predominância de autoresdocentes universitários (67%), segui-dos de longe por docentes da educa-ção básica (11,1%), alunos degraduação (8,6%) e alunos de pós-graduação (6,4%). O exame de comoessa distribuição se manifesta nasdiferentes seções da revista revela, noentanto, algumas tendências interes-santes.

A maioria dos artigos da seção Re-latos de Sala de Aula envolve parce-rias entre docentes universitários edocentes da educação básica (médiaou fundamental). Esta também é umacaracterística de vários artigos daseção Experimentação no Ensino deQuímica. Essas duas seções são asque tiveram mais artigos publicadosnesses 10 anos de QNEsc (vide

Dez anos de Química Nova na Escola

Quadro 2: Número de artigos por ano por seção.

Ano

Seção 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Total

Química e Sociedade 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 19Educ. em Quim. e Multimídia1 - - 1 2 2 2 1 1 1 1 11Conc. Cient. em Destaque 2 2 2 2 2 2 1 1 1 2 17Atualidades em Química 4 2 2 2 3 2 2 2 3 1 23História da Química 2 2 2 2 2 3 4 1 1 4 23Relatos de Sala de Aula 2 2 2 2 2 3 3 2 5 4 27Pesq. em Ensino de Química 2 2 2 1 1 - 2 2 2 2 16Aluno em Foco 2 2 1 1 2 1 - 1 - - 10Exper. no Ensino de Química 4 2 4 6 5 3 3 5 6 6 44Elemento Químico 2 2 2 2 2 1 2 2 2 2 19Espaço Aberto2 - - - 2 2 2 2 1 2 1 12Total 22 18 20 24 25 21 22 20 25 24 221

1Esta seção passou a existir a partir do segundo número de 1997.2Esta seção passou a existir a partir do primeiro número de 1998.

A maioria dos artigos daseção Relatos de Sala deAula envolve parcerias

entre docentesuniversitários e docentes

da educação básica (médiaou fundamental)

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004

Quadro 2). São também as seçõesque envolvem o maior número de au-tores por artigo e que apresentam amaior diversidade em relação à áreade atuação profissional dos autores.Para a seção Experimentação no Ensi-no de Química, listamos na coluna“outros” quatro artigos publicados porgrupos de pesquisa ou de atuaçãoem Ensino de Química, que normal-mente também envolvem parceriasentre professores universitários e pro-fessores da educação básica, com aparticipação também de alunos de

graduação e pós-graduação. As se-ções Elemento Químico e História daQuímica são aquelas que envolvema menor diversidade de área de atua-ção dos autores, que são na sua qua-se totalidade professores universitá-rios. A seção Experimentação noEnsino de Química tem um númerosignificativo de autores que são alu-nos de graduação (22), na maioriadas vezes atuando em parceria comprofessores universitários.

Os alunos de pós-graduação têmpublicado muito pouco suas pesqui-sas em QNEsc, pelo menos nasseções exclusivas da revista para apesquisa - Pesquisa em Ensino deQuímica e Aluno em Foco. Se quiser-mos fortalecer QNEsc e ter a perspec-tiva de ampliar sua periodicidade, umbom caminho é incentivar nossosestudantes de pós-graduação a pro-duzirem artigos para a revista.

Não é desprezível o número deprofessores da educação básica quepublicaram artigos na seção Pesquisaem Ensino de Química (cinco auto-res). Esse dado, junto àquele consta-tado em relação à participação dosprofessores da educação básica co-mo autores, conjuntamente com osdocentes universitários, na seção

Relatos de Sala de Aula, demonstraque nossa comunidade tem realizadotrabalhos em parceria com docentesda educação básica, o que é positivoe corrobora as tendências atuais dostrabalhos sobre formação de profes-sores (vide o artigo de Schnetzler,neste número). No entanto, o amplopredomínio de artigos publicadospelos professores universitários indicaque essas parcerias precisam serampliadas e aprofundadas no sentidode tornar o professor do Ensino Médioum parceiro cada vez mais freqüentena produção de artigos. Entendemosque, na área de Ensino de Química,a QNEsc é um veículo bastante apro-priado para publicar os resultadosdessa parceria.

O que se publica em QNEscO exame do Quadro 4 mostra uma

grande diversidade de temas quí-micos, históricos e educacionais abor-dados em QNEsc. O levantamento,realizado até o ano de 2002, mostraque praticamente todos os temas quí-micos que fazem parte dos currículosde educação básica têm sido tratadosna revista. Há uma concentraçãopositiva de temas cuja abordagemnesse nível de ensino é essencialmente

Dez anos de Química Nova na Escola

Quadro 3: Distribuição dos artigos de QNEsc por tipo de atuação profissional dos(as) autores(as), nas diferentes seções1.

Atuação profissional

Seção Professor Aluno de Aluno de Professor de Professor de Pesquisador Outrouniversitário pós-graduação graduação escola técnica educação básica

Química e Sociedade 26 4 3 1 6 1 1Educ. em Quim. e Multimídia 15 1 2 - 1 - 1Conceitos Cient. em Destaque 20 2 - 2 1 - -Atualidades em Química 28 5 1 - - 4 -História da Química 22 1 - - - - -Relatos de Sala de Aula 36 3 4 2 22 1 3Pesq. em Ensino de Química 21 - 2 - 5 - -Aluno em Foco 12 2 1 2 1 - -Exper. no Ensino de Química 60 7 22 - 9 - 7Elemento Químico 17 - - - - - -Espaço Aberto 15 1 - - - - 3Total 272 26 35 7 45 6 15Porcentagem sobre 67,0 6,4 8,6 1,7 11,1 1,5 3,7total (406 autores)

1Neste levantamento, computamos todos os autores de cada artigo. No entanto, o número total de autores não reflete o total de indivíduos quepublicaram na revista, pois uma mesma pessoa pode ter sido lançada mais de uma vez se ele publicou mais de um artigo na revista. Optamospor listar os professores de escolas técnicas em uma coluna à parte pelo fato de a maioria desses autores atuarem ou nos CEFETs (CentrosFederais de Educação Tecnológica) ou em escolas técnicas ligadas a universidades federais (por exemplo, o Colégio Técnico da UFMG), quesão escolas em que as condições de trabalho aproximam-se mais àquelas da universidade do que às das escolas básicas. Na coluna “Outros”listamos profissionais técnicos não ligados diretamente às atividades de ensino e os grupos de pesquisa e/ou ensino que assinaram os artigosenquanto tais.

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004

Formação continuadade professores de Quí-mica, parcerias colabo-rativas

Quadro 4: Palavras-chave distribuídas por seções ao longo dos anos.

Espaço Aberto

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

Química e Multimídia Relatos de Sala de Aula Pesquisa no Ensino deQuímica

Aluno em Foco Experimentação noEnsino de Química

Ensino/aprendizagem,Ensino Médio, interação,mediação, linguagemquímica, conhecimentoquímico escolar, currícu-lo, aprendizagem signifi-cativa, linguagem con-ceitual

Pesquisa, ensino de Quí-mica, linguagem, elabo-ração conceitual, ensi-no-aprendizagem

concepções alternati-vas, átomos, material,reações químicas,

Ácidos e bases, pH, tam-pões, indicadores, extra-tos vegetais, ácidos ebases, indicadores, es-cala de pH, água dura,detergentes, água mole,ácido ascórbico, vitami-na C, óxido-redução

Transformação química,estrutura da matéria, en-sino-aprendizagem, in-teração, formação conti-nuada, professor, ensinode Química

Átomo, conceito de mo-delo, mediação do pro-fessor, Ensino Médio deQuímica, cidadania,educação química

Solução, dissolução, re-lação empírico-teórica,equilíbrio químico, con-cepções de estudantes,constante de equilíbrio

Constante de Avogadro,mol, eletrólise, ácido-ba-se, cristalização, extra-ção, filtração

Internet, avaliação de li-vros didáticos de Ciên-cia

Problemas autênticos,contextualização dasaprendizagens, conheci-mento escolar significa-tivo, leite, nutrientes,substância, aprendiza-gem significativa, currí-culo

Cinética química, con-cepções alternativas,aprendizagem de Quími-ca, livros didáticos por-tugueses, concepçõesde Ciência, perspectivaempirista, perspectivaracionalista

Simultaneidade e sin-cronia, modelos anima-dos, concepções alter-nativas

Equilíbrio químico, princí-pio de Le Chatelier, efei-to do íon comum, ioniza-ção, hidrólise, álcool, be-bidas alcoólicas, trânsito,bafômetro, leite, caracte-tísticas, componentes,fraudes do leite, polímeroformol-caseína, acidezdo leite, cola de caseína

Mecanismos de busca,banco de dados, acessoà informação, comunica-ção, oralidade, escrita,redes de computadores

Cotidiano e ensino deQuímica, ensino-apren-dizagem, feromônios,Química Orgânica, pro-grama de ensino de Quí-mica, abordagem ma-croscópica, aprendiza-gem significativa

Transformação química,ensino de Química, con-cepções alternativas

Calor, temperatura, ensi-no de Termoquímica,concepções alternativas

Cromatografia, extração,isolamento, cromatogra-fia em papel, tinta de ca-neta, cromatografia, cro-matografia de adsorção,giz, solos, pH, conduti-vidade elétrica, pilhas,corrente, voltagem, lâm-padas

Ensino Médio, currículo,disciplina, temas trans-versais, disciplina esco-lar, parâmetros curricula-res nacionais

Tema gerador, jornaison-line, solução de pro-blemas, arte e ciência,hipermídia, modelos ci-entíficos, modelos men-tais

Aulas de Química, inves-tigação/reflexão práticaspedagógicas, argilas,educação ambiental, li-vros paradidáticos

Processo de aprendiza-gem, idéias científicas,idéias informais, Peda-gogia, conhecimentocientífico, ensino de Ci-ências, experimentação,simulação

Processo de aprendiza-gem, idéias científicas,idéias informais, peda-gogia, estratégias, este-reótipos, táticas, resis-tência e rejeição

Detergentes, espuma,emulsificante, sabões,raio atômico, metais,água de cal, gás carbô-nico, equilíbrio químico,açúcares, álcool, fer-mentação alcoólica, le-vedura, produção debebidas, estequiometria

Currículo, textos esté-ticos, conhecimento,avaliação, currículo, En-sino Médio, exame na-cional

Software educativo,tema gerador, soluçãode problemas,educação aberta,atendimento pelaInternet

Processos extrativos,pesquisa-ação, plantasmedicinais, QuímicaOrgânica, álcool, sabõese detergentes, EnsinoMédio, técnicas deensino, Química Experi-mental

Ensino-aprendizagem,elaboração conceitual,equações químicas

Essências, extração, pi-lhas, cobre, magnésio,ar, oxigênio, teor de oxi-gênio

Cinética Química, con-textualização conserva-ção de alimentos, ava-liação emancipatória, ex-clusão

Ensino de Química, me-diação pedagógica,ambiente multimediati-zado

Ensino de Ciências, se-xualidade, doenças se-xualmente transmis-síveis, volumetria, inter-disciplinaridade, funçãomatemática, Epistemo-logia e História da Quí-mica, leis e relaçõesponderais na Química

Teorias, leis e resultadosexperimentais no ensinode Química

Modelos de ensino,equilíbrio químico, livrosdidáticos, formação con-tinuada, investigação-ação, ensino de metais

Plásticos, polímeros,materiais alternativos,polímeros, PVC, indica-dor natural, leite enrique-cido, análise qualitativa,ferro, cálcio, cidadania

Experimentos de baixocusto, criatividade, co-munidade, ensino deQuímica e sobrevivênciahumana, recursos natu-rais, produtos extraídose sintéticos

Divulgação da Ciência,jornalismo on-line, ensi-no de Química

Petróleo e derivados, re-fino, ensino de Química,Química Analítica, cida-dania, transdisciplina-ridade

Professor, atuação, ética,mediação interdiscipli-nar, formação de profes-sores, projeto de ensinode Química

Concepções sobre Ci-ências, Epistemologia,sala de aula

Poluição atmosférica,dióxido de enxofre, quí-mica atmosférica doenxofre, polímero super-absorvente, ensino alter-nativo, tratamento deefluentes, EletroquímicaAmbiental, experimentosem microescala, reaçãorelógio iodo/iodeto, ma-terial de baixo custo,chafariz de amônia

Dez anos de Química Nova na Escola

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004Dez anos de Química Nova na Escola

Química e Sociedade Conceitos Científicos em Destaque Atualidades em Química História da Química Elemento Químico

Filtros solares, bron-zeamento, radiaçãoultravioleta, xampu,sabões, detergentes,acidez e basicidade,pH

Substância, Bachelard, Epistemolo-gia, reação química, equação quími-ca, fenômeno

Mol, quantidade de maté-ria, nomenclatura degrandezas, CFC, ozônio,pressão, temperatura,volume molar, elementosquímicos

Alquimia, sincretismo:alquimia/química mo-derna, raios X, radioa-tividade, Becquerel,Röntgen, Ciência no fi-nal do século XIX

Hidrogênio, hélio,lítio

1995

1996 Átomo, elétrons, estru-tura atômica, tecnolo-gia, aromas, óleos es-senciais, perfumes

Fórmulas químicas, água, ligaçõesquímicas, obstáculos verbais, media-ção didática, eletronegatividade, po-tencial padrão de redução

Criogenia, superconduti-vidade, materiais cerâmi-cos, fulerenos, alótroposdo carbono, Prêmio No-bel

Balmer, Ciência no finaldo século XIX, desco-berta de novos elemen-tos, Espectroscopia, es-pectro solar, hélio, des-tilação: origens, con-cepções e utilização atéo século XVI

Berílio, boro

1997 Álcool, etanol, ‘bafô-metros’, intoxicação,leite, composição,propriedades

Ferramenta, relação teoria-prática,matéria, substância, teoria molecu-lar, ligação química, Lewis, Linnett,Mulliken, modelo de bandas

Elementos químicos, ele-mentos 101 a 109, anti-matéria, anti-hidrogênio,Prêmio Nobel, síntese deATP, ATPase, elementos101 a 109

Maomé, mulheres e aCiência, vultos da hu-manidade, vultos daQuímica, Pasteur, histó-ria, germes, microrga-nismos, imunologia

Carbono, nitrogê-nio

1998

1999

Feromônios, comuni-cação química, inse-tos, efeito estufa, ga-ses-estufa, aqueci-mento global

Estrutura molecular, Mecânica Quân-tica, interação molecular, energia quí-mica, calor, energia

Cromatografia, sílica, fasemóvel, fase estacionária,Prêmio Nobel, QuímicaQuântica, métodos com-putacionais

Afinidade, afinidade se-letiva, atração, reaçõesquímicas, valência, al-quimia, Michael Sendi-vogius, pedra filosofal,salitre

Oxigênio, flúor

Colóides, dispersõescoloidais, misturas,água, meio ambiente,poluição, tratamentode água

Funções inorgânicas, conceitos áci-do-base, livros didáticos, absorção,composto orgânico, cor, indicador,luz

CO, catalisadores, indús-tria química, femtoquími-ca, Prêmio Nobel, veloci-dade de reações quími-cas, elementos químicos,massas atômicas relati-vas, nomenclatura oficialbrasileira

Reações ácido-base,teorias ácido-base, His-tória da Química, Aston,espectrógrafo de mas-sa, isótopos

Neônio, sódio

2000

2001

Pilhas, sistemas ele-troquímicos, bateriasprimárias, bateriassecundárias, contami-nação por mercúrio, ri-beirinhos, RegiãoAmazônica

Bond-stretch isomers, teoria, conhe-cimento químico, fotossíntese, con-cepções dos estudantes, ensino deCiências

Plástico condutor, mate-riais, polímeros, políme-ros condutores, PrêmioNobel

Augusto dos Anjos,Ciência no final do sécu-lo XIX, interdisciplinari-dade, Alessandro Volta,pilha elétrica, Luigi Gal-vani, eletricidade animal,energia, eletricidade,descoberta de novoselementos químicos

Magnésio

Dentifrícios, higienebucal, amálgamas,papel, celulose, fabri-cação industrial

Solução tampão, equilíbrio químico,capacidade tamponante

Nomenclatura IUPAC,Química Orgânica, En-sino Médio, catálise assi-métrica, Prêmio Nobel,compostos quirais

Werner, Jørgensen, in-tuição, conhecimento,ciência não-ocidental,cultura no incaico, tec-nologias pré-colombia-nas, Prêmio Nobel,Van’t Hoff, mulheres,Prêmio Nobel, ambienteintelectual

Alumínio, silício

2002 PET, Educação Am-biental, plásticos, ten-são superficial, corpohumano, pulmões,datação, decaimentoradioativo, carbono14

Elemento químico, história, conceitoestruturante

Célula a combustível,células galvânicas, áci-dos orgânicos, biomolé-culas, cotidiano, espec-trometria de massa, RMN,macromoléculas bioló-gicas, Prêmio Nobel

Biblioteca de Alexandria Fósforo, enxofre

Quadro 4 (Continuação)

problemática, como ligação química,estrutura atômica e quantidade de ma-téria; de conceitos mais gerais, comotransformação química; e de temasque são problemáticos do ponto devista da relação entre o conhecimentocotidiano informal do aluno e o conhe-

cimento químico, como equilíbrioquímico, acidez e basicidade. Mas istonão impede que outros temas tenhamdestaque especial em alguns núme-ros, sejam eles ligados a assuntostradicionais da Química - como a Ele-troquímica, amplamente abordada no

número de maio de 2000, que marcoua comemoração do bicentenário dapilha elétrica - ou a assuntos de reper-cussão das relações da Química coma sociedade e com o cotidiano doaluno - como leite, petróleo e água.

Nesse último aspecto, não só a

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004Dez anos de Química Nova na Escola

seção Química e Sociedade, mastambém Relatos de Sala de Aula, Ex-perimentação no Ensino de Químicae Atualidades em Química têmpublicado artigos sobre temas quí-micos de ampla repercussão social,tecnológica e ambiental - contamina-ção por mercúrio, efeito estufa e ca-mada de ozônio, poluição e tratamen-to da água, plásticos, bebidas alcóo-licas etc. -, contribuindo efetivamentepara a divulgação de abordagens aoensino de Química que privilegiam aformação do cidadão consciente,crítico e participativo.

Uma característica importante deQNEsc é a preocupação de estar emdia com o nosso tempo e com a Quí-mica contemporânea, tanto pela pu-blicação de artigos tratando de temascontemporâneos que raramente sãoabordados nos livros didáticos - polí-meros condutores, fentoquímica, cé-lulas a combustível, supercondutivi-dade, o tema científico que confere oprêmio Nobel a cada ano etc. - comopela preocupação em comemorardatas importantes da ciência, comoo já citado bicentenário da invençãoda pilha elétrica, os 50 anos da pu-blicação do artigo de Watson e Crickpropondo o modelo de dupla hélicepara o DNA (não listado nas tabelas,pois foi publicado em 2003), os 100anos do Prêmio Nobel etc.

Foi no sentido de ampliar essacaracterística de QNEsc que a Divisãode Ensino de Química da SBQ bus-cou financiamento de projetos junto

à Vitae e ao CNPq que possibilitarama ampliação da linha editorial da Di-visão, pela publicação dos CadernosTemáticos de Química Nova na Es-cola, já no seu número 5, e dos Vídeosde Química Nova na Escola, comquatro vídeos já publicados, que sãoprogramas de aproximadamente 20minutos para exibição aos alunos nasaulas de Química. Esses primeirosvídeos tratam dos seguintes temas:As águas do planeta Terra; A químicada atmosfera; A quí-mica dos remédios,dos fármacos e dosmedicamentos; Polí-meros sintéticos. Osdois primeiros foramproduzidos a partirde textos do cader-no temático sobreQuímica Ambiental;o terceiro a partir dostextos do cadernotemático sobre Quí-mica dos Fármacos;e o quarto a partir de um texto do ca-derno temático sobre Novos Materiais.No editorial do número 13 de QNEsccomentávamos que a idéia de pro-duzir cadernos temáticos abordandotemas atuais da Química surgiu a par-tir da constatação de que os profes-sores de Química que atuam nos nív-eis de Ensino Fundamental e Médiotêm dificuldade em encontrar biblio-grafia em língua portuguesa sobreesses assuntos, que seja ao mesmotempo rigorosa, atualizada e aces-sível. Considerando que a SociedadeBrasileira de Química conta, entreseus sócios, com profissionais daQuímica altamente qualificadosatuando na fronteirade áreas importantese socialmente rele-vantes, a Divisão deEnsino de Químicada SBQ e os editorese conselho editorialde Química Nova naEscola entenderamque poderiam contri-buir para preencher essa lacuna, aopromover a articulação de grupos detrabalho envolvendo pesquisadores

de ponta nas áreas escolhidas emembros da Divisão de Ensino deQuímica, que por sua experiência naformação de professores pudessemcontribuir para que os temas fossemtratados de forma acessível aosprofessores do Ensino Fundamentale Médio.

A produção dos vídeos a partir doscadernos temáticos tem por objetivodisponibilizar aos professores mate-rial de apoio para que eles possam

trabalhar esses te-mas atuais com seuspróprios alunos. Aidéia é que o profes-sor prepare a se-qüência de aulas so-bre, por exemplo, po-límeros sintéticos, apartir do texto sobreo tema disponível nocaderno temático so-bre novos materiais,e utilize o vídeo, osexperimentos e os

textos de Química Nova na Escola nassuas aulas.

Nesse sentido, QNEsc tem procu-rado estar sintonizada com o seutempo, tanto em relação à Educaçãoquanto à Química. Contribuem paraesse aspecto, além das seções jámencionadas, também Pesquisa emEnsino de Química, Aluno em Foco,Espaço Aberto e Educação em Quí-mica e Multimídia. Ao tratar de temasatuais da pesquisa em Educação -formação de professores, linguagemquímica e aprendizagem, investiga-ção-ação, currículo, avaliação, con-cepções dos estudantes etc. -, todoseles com ampla repercussão na prá-

tica pedagógica doprofessor de educa-ção básica, a revistatem contribuído paraa formação de pro-fessores críticos, ino-vadores e reflexivos,e para fomentar o de-bate e a parceria en-tre professores uni-

versitários e professores da educaçãobásica, nos vários grupos brasileirosde formação de professores e

QNEsc tem contribuindoefetivamente para a

divulgação de abordagensao ensino de Química queprivilegiam a formação docidadão consciente, crítico

e participativo

Uma característicaimportante de QNEsc é apreocupação de estar emdia com o nosso tempo e

com a Químicacontemporânea, tanto pela

publicação de artigostratando de temas

contemporâneos como pelapreocupação emcomemorar datas

importantes da ciência

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA N° 20, NOVEMBRO 2004

Abstract: Ten Years of Química Nova na Escola: The Consolidation of a Project of the SBQ Division of Chemical Education - In this paper part of the history and an account of Química Nova na Escolais presented based on the information that are dealt with in the daily routine of the editorship: criteria used in the definition of referees for each received article; the relationship between submitted,accepted and rejected papers; the profile of our authors; the distribution of papers by section. The idea is to share with readers the history of consolidation of our journal and point out tendencies andproblems in its growth, mainly concerning its production, but also raising questions related to its distribution and use by chemistry teachers.Keywords: Química Nova na Escola, history, editorship

Dez anos de Química Nova na Escola

pesquisa em Educação em Química/Ciências.

Desafios para o futuro: Ampliar aperiodicidade e melhorar adistribuição de QNEsc

Gostaria de terminar refletindo so-bre nossos desafios para os próximosdez anos. A distribuição é um dosmais importantes aspectos para ga-rantir o sucesso de QNEsc enquantoprojeto de uma comunidade que tempor objetivo melhorar a formação doprofessor e a qualidade do ensino deQuímica. Pouco adianta produzirmosuma revista e outros materiais de ex-celência se eles não chegarem àsmãos de seu principal alvo: os profes-sores de Química espalhados poreste país. Entendo que uma das de-mandas mais urgentes para nossacomunidade é ampliar a divulgaçãode QNEsc e de seus produtos e pro-mover campanhas para sua assina-tura. O número de assinaturas da re-vista não tem crescido; ao contrário,diminuiu nos últimos anos. Se consi-derarmos que o assinante de QNEsctem recebido vídeos e cadernostemáticos sem custo adicional, essa

Para saber maisConsulte os artigos de QNEsc, até o

número 16, no sítio da Divisão de En-sino de Química da SBQ: www.sbq.org/ensino.

diminuição de alguma forma refleteque nós, enquanto comunidade, te-mos feito pouco para divulgar a revis-ta. Há que se considerar que o au-mento da periodicidade seria muitoimportante para aumentar o númerode assinantes. Receber apenas umarevista por semestre não é um apelomuito forte para um professor, comtodas as limitações salariais, mantera assinatura da revista. Dessa forma,é necessário que nossa comunidadeperceba a importância de fortalecerQNEsc nessas duas frentes: promo-vendo sua divulgação e criando con-dições para que mais pessoas pos-sam produzir artigos a ela destinados.

Química Nova na Escola é, semdúvida, um projeto consolidado doqual toda nossa comunidade deve seorgulhar. Que os próximos dez anospossam contribuir para ampliar aindamais sua qualidade e alcance paraque possamos comemorar, então,não apenas outra data simbólica, masa melhoria efetiva do ensino e daQuímica brasileira.

Eduardo Fleury Mortimer ([email protected]), bacharel e licenciado em Química pelaUFMG, doutor em Educação pela USP e com pós-

doutorado na Universidade Washington, em St. Louis(EUA), é docente da Faculdade de Educação daUFMG. Atualmente atuando como professor con-vidado do CNRS e INRP na ENS-LSH em Lyon, Fran-ça, Eduardo é o editor coordenador de Química Novana Escola.

Coleção Explorando o Ensino –Química

A Secretaria de Educação Bá-sica e a Secretaria de EducaçãoTecnológica do Ministério da Edu-cação publicarão, em breve, o quar-to volume, Química, da ColeçãoExplorando o Ensino. Esta coleçãotem o objetivo de apoiar o trabalhodo professor em sala de aula, ofe-recendo um rico material didático-pedagógico referente às disciplinasde Matemática, Biologia, Química eFísica. Os textos desse quarto vo-lume são uma seleção de artigos(65) que saíram nos 14 primeirosnúmeros de Química Nova na Es-cola. O volume terá tiragem de 69

mil exemplares e será distribuídopelo MEC a professores de todo opaís.

Esta publicação, a exemplo doque ocorre com Química Nova naEscola, estrutura-se em seções, demodo a contemplar a diversidadede interesses dos professores. Es-sas seções abordam temas atuaisno desenvolvimento da Química ede seu ensino, e incluem as rela-ções entre a ciência, a sociedade ea história, relatos de experiências,de resultados de pesquisa, expe-rimentos didáticos e a discussão deconceitos químicos fundamentais edas dificuldades envolvidas na suaaprendizagem. Em algumas dessasseções, o professor encontrará arti-

gos que podem ser usados dire-tamente com seus alunos em salade aula. É o caso dos artigos publi-cados nas seções Elemento Quí-mico, Experimentação no Ensino deQuímica, Química e Sociedade emuitos dos artigos publicados nasseções História da Química e Re-latos de Sala de Aula. Em outrasseções, como Atualidades em Quí-mica, Pesquisa em Ensino de Quí-mica, Aluno em Foco, ConceitosCientíficos em Destaque e EspaçoAberto, o professor encontrará ma-terial para preparar suas aulas e pa-ra refletir sobre sua prática pedagó-gica.

Eduardo F. Mortimer - UFMG

Nota