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ECONOMIA SOLIDÁRIA E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA: CAMINHOS ANTAGÔNICOS OU COMPLEMENTARES PARA
O DESENVOLVIMENTO SOCIAL NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Área temática: Educação em Sistema de Gestão
Leonardo Santos da Silva
Resumo: Este trabalho centra-se no estudo da economia solidaria e formação empreendedora e as possibilidades
para o desenvolvimento social na Educação profissional de jovens e adultos (PROEJA) servindo como referencial para
a elaboração de uma metodologia de multiplicadores da cultura da economia solidária. Realizou-se pesquisa de
natureza bibliográfica e qualitativa, tendo como objetivo analisar a economia solidaria e a formação empreendedora
como possíveis pontos de convergências, visando a contribuir frente ao novo contexto que se encontra o País e o
mundo de crise econômica, tendo como conseqüência a escassez da oferta de trabalho bem como o desaparecimento do
emprego. Fruto de estudos dos processos de aprendizagem, sob enfoque da economia solidária, foi destacado o
surgimento de possibilidade de organização coletiva e empreendedora desenvolvendo-se junto a professores e alunos
no ambiente em sala de aula um espaço de praticas de gestão democrática, autogestão, solidariedade, comercio justo,
participação cidadã, criatividade, autonomia e busca pelo o novo através da ação coletiva do trabalho associado, onde
ambos se complementam no processo ensino aprendizagem.
Palavras-chaves: Economia solidária, formação empreendedora e educação de jovens e adultos
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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1. INTRODUÇÃO
Segundo Kuenzer, (2002, p. 85),
as mudanças ocorridas no mundo do trabalho a partir dos anos de 1990,
com a globalização da economia, com reestruturação produtiva e com as
novas formas de relação entre Estado e sociedade civil a partir do
neoliberalismo, mudam radicalmente as demandas de disciplinamento, e,
em decorrência, as demandas que o capitalismo faz à escola.
As transformações ocorridas no mundo do trabalho como bem expressa Acácia Kuenzer na
epígrafe acima, trazem novos desafios para a Educação. A partir dos anos 1990, as mudanças no
sistema educacional brasileiro, como parte da reforma do Estado brasileiro trouxeram novas
determinações entre Estado e sociedade, entre educação e trabalho.
Essas transformações imprimiram uma nova reorientação para a política educacional brasileira,
principalmente, no que se refere à formação profissional do educando jovem e adulto, pois no Brasil já
foram criados vários programas destinados a educação de adultos, no entanto, o Plano Nacional de
Educação- PNE apresenta como uma das principais justificativas para a existência de evasão escolar
nessa modalidade de ensino, a necessidade do ingresso do aluno no mercado de trabalho (Brasil,
2001).
Nesse contexto, surge um novo paradigma para a educação escolar, que exige uma formação
profissional com finalidade de capacitar indivíduos para que tenham condições de disponibilizar
durante seu desempenho profissional os atributos adquiridos na vida social, escolar, pessoal e laboral,
preparando-os para lidar com a incerteza, com a flexibilidade e a “empregabilidade”. (NEVES, 2006).
No Brasil observa-se que os alunos da modalidade de ensino da educação de jovens e adultos –
EJA passaram por uma história de exclusão, que limita o acesso a bens culturais e materiais
produzidos pela sociedade. Ao regressarem à escola, esses alunos buscam alternativas para reverter o
processo de exclusão no qual estão inseridos.
Considerando essa realidade, emerge a necessidade de uma educação que possibilite adquirir
trabalho e renda apresentando-se com uma alternativa para inserção, no âmbito escolar, de situações
presentes na sociedade, pois, o papel da escola passa a ser também de formar pessoas com condições
de desenvolverem competências e habilidades que estimulem a identificação de oportunidades e
interesses, transformando sonhos e visões em projetos exeqüíveis.
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Assim, mostra-se razoável inserir na educação de jovens e adultos a economia solidária,
possibilitando elementos para aquisição de trabalho e renda através da cooperação e do trabalho
associado, onde transcenda a busca pela ocupação e se configure em participação e atuação do sujeito
em sociedade.
Baseando-se nos pensamentos de Freire (1997), que nenhuma ação educativa pode prescindir
uma reflexão sobre o homem e de uma analise a respeito de suas condições culturais a inserção dos
conteúdos das disciplinas escolares deve transpor as barreiras de ensinar exclusivamente para a escola,
devendo os conhecimentos apresentar vinculações com a realidade presente na vida do educando.
Sendo assim, e tomando por base as questões postas para a educação num mundo em constante
transformação, e ainda, a própria realidade do aluno do Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA,
buscou-se através deste estudo, analisar os possíveis pontos de convergências entre economia solidária
e formação empreendedora, como disciplina nos cursos do PROEJA, por considerar que este programa
se constitui no universo, onde as diferentes dimensões pedagógicas, políticas e sociais estão
condensadas.
O desenvolvimento deste trabalho se materializou através de pesquisa bibliográfica qualitativa,
onde foram aprofundadas as categorias teóricas centrais sobre: economia solidária, formação
empreendedora e educação de jovens e adultos.
2. A TRAJETÓRIA DO EMPREENDEDORISMO
O conceito de empreendedorismo segundo Burch (1986, apud, GARCIA, 2000 p. 43),
é a ação de ser empreendedor, uma derivação do termo francês
entreprendre, cujo significado é empreender, perseguir oportunidades;
satisfazer necessidades e desejos através da inovação de novos negócios.”
Portanto, o empreendedorismo originou-se da economia francesa e
historicamente vem sendo rotulada de maneira simplista apenas
caracterizada como à criação de um negócio e vinculada à competição,
desconsiderando sua origem e evolução, não se preocupando geralmente
em buscar um significado mais relevante.
A percepção esquecida e distanciada da formação empreendedora para uma ação de cunho
coletivo e participativo de sua ação na organização do trabalho e participação na vida em sociedade,
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ganha força no modelo do sistema capitalista vigente e atenuada com os processos de globalização das
economias mundiais.
Ao pressupor ações como saber identificar, aproveitar ou criar oportunidades e elaborar
projetos para a consecução de metas, objetivos, a formação empreendedora não pode ficar fora do
processo educacional. (ANDRADE, 2005).
Com este, ao vislumbrar os empreendimentos voltados para economia solidária requerem esse
papel e atitude de desenvolver e liderar as atividades produtiva do trabalho associado com visão
empreendedora da organização, quer otimizando processos, utilizando a criatividade e direcionando as
ações usualmente direcionadas no ensino de um agir individual para um coletivo, tendo a autogestão, o
comercio justo, solidariedade, o cooperativismo como princípios basilares.
Para Andrade (2005, p.29) o empreendedorismo está atribuído,
a indivíduos mais confiantes e mais desejosos de independência e
autonomia do que as pessoas não-empreendedoras. Também demonstram
forte predisposição pessoal para o progresso, sendo menos permeáveis a
atitudes fatalistas sobre o futuro e sobre as próprias condições para
enfrentar os fatores adversos do meio.
Deste modo, como já se descobriu a necessidade do empreendedorismo na sociedade, é
imprescindível que se crie uma educação empreendedora para todas as áreas da atividade humana, com
o advento do aluno empreendedor ou educador-empreendedor, porém, que seja introduzido os
princípios de economia solidaria, visto que, a utilização de um cenário preexistente se torna tão
necessário e importante ao se transpor abruptamente determinadas ações no âmbito da escola.
No entanto, a separação da formação empreendedora e da economia solidaria tão somente é um
desfavor ao processo de dialogo entre as demais áreas, como ineficiente com um projeto político
pedagógico que permeie a autonomia, formação critica e cidadã do individuo.
De acordo com Andrade (2005, p.12)
em momentos históricos cuja organização social é marcada por
problemas como desemprego, a má distribuição de renda, a desigualdade
de oportunidades e a violência, investir na formação empreendedora
apresenta hoje ser a melhor alternativa. Mais que um programa social,
isso significa uma visão de mundo e de vida, um compromisso político de
todo cidadão com a nação e o planeta.
Sendo assim, as instituições educacionais podem colaborar na solução dessas dificuldades
socioeconômicas, preparando pessoas para empreender, gerar empregos, criar riquezas para o país.
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Portanto, precisamos de um povo participativo, sensível e produtivo, capaz de utilizar suas
potencialidades e exercer suas atribuições com plenitude profissional, com atitude ética e
empreendedora, para assumir os riscos de sugerir caminhos que beneficiem a todos.
Destarte o cenário de desemprego estrutural onde as limitações de ordem dos recursos se
tornam evidentes e desenvolver perspectivas em sala de aula de organização e participação coletiva
mostram-se viável empreender desta forma, justificada pela reunião de esforços conjuntos ao contrario
da ação individual.
“O cooperativismo de modo geral, foi utilizado como instrumento do Estado no processo de
“modernização” e apropriado pelo modelo capitalista de produção, com formas tradicionais ou
populares de cooperação, sobre tudo em momentos de crise social”. (ADMS, p.89, 2010).
Atualmente, o questionamento sobre a busca tradicional pelo emprego, inevitavelmente escasso
e eventualmente inexistente, vem fortalecendo a idéia de que o aluno possa vir a ser um profissional
empreendedor, criador de seus próprios meios de sobrevivência e gerador de novas oportunidades para
outras pessoas. Isso seria ampliado a partir dos conhecimentos adquiridos na formação baseados nos
princípios da economia solidária como: organização coletiva do trabalho, autogestão, gestão
democrática, comercio justo, apropriação coletiva do saber e dos resultados das atividades econômicas.
Assim, essas experiências vêm estimulando, nas últimas décadas, o debate acerca da formação
profissional. Hoje, porém, uma nova abordagem para essa área começa a ser defendida, pois diante de
tantas mudanças no mundo do trabalho, a preocupação maior não é mais em formar para o emprego,
mas formar sujeitos capazes de agir coletivamente no mundo do trabalho, atingindo uma espécie de
“empregabilidade” coletiva.
Para Barbosa (2000, p. 59),
empregabilidade é “a capacidade de alguém manter-se empregado neste
contexto em que a vertiginosa corrida tecnológica, decorrente do
desenvolvimento da TI (tecnologia da informação), mas também
estimulada com fins capitalistas, constrói e destrói consecutivamente
métodos e processos de trabalho, ao tornar rapidamente obsoleto o
conhecimento”.
Existem varias iniciativas no Brasil que estimulam e desenvolvem trabalhos voltados para
formação empreendedora, este fruto de uma percepção global no qual o mundo vem passando de
mudanças e incertezas nas organizações estas por conseqüência do processo da globalização, vem
adotando ações como:
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Projeto Empreendedorismo na Escola desenvolvido através da parceria entre SEBRAE (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), SEDUC (Secretaria de Educação);
Instituto Endeavor;
Iniciativas do SEBRAE como:
Feira do empreendedor promovida pelo SEBRAE em todo país;
Prefeito empreendedor;
Desafio SEBRAE de empreendedorismo;
Projeto aprender a empreender;
Feiras, congressos, fóruns e outros de apoio a formação empreendedora e ao
empreendedorismo entre outros.
Em virtude dessas iniciativas é que o empreendedorismo no Brasil vem crescendo a cada dia e
ganhando espaço nos esforços dos gestores públicos para destinação desses incentivos para o
desenvolvimento econômico e social do país e contribuindo para mudanças de atitudes e
comportamentos das pessoas no que se refere a construção de uma vida mais justa e digna para todos.
No entanto, o processo da educação baseada na contemplação de aprendizagem que favoreça o
desenvolvimento do pensamento crítico e também que atenda as nuance da vida no trabalho, requer
elementos que facilite o dialogo entre tais conhecimentos e não a segregação de um em detrimento do
outro, onde ambos podem ser complementares, evitando o planejamento cartesiano das disciplinas.
3. A FORMAÇÃO EMPREENDEDORA NO PROEJA
Historicamente a educação de jovens e adultos no Brasil registra apenas circunstâncias
especialmente destinadas a amparar os excluídos e os demais desvalidos da sorte de obter acesso a
educação escolar na idade regular, assumindo assim um caráter assistencialista que tem marcado toda
sua trajetória.
Esse percurso em dias atuais vem tentando ser transformado através de políticas públicas
educacionais, tendo como objetivo a universalização da educação básica, que atualmente vem sendo
aliada à formação para o mundo do trabalho, com o acolhimento exclusivo a jovens e adultos com
trajetórias escolares descontinuas.
nessa conjuntura é que surge o PROEJA, como política pública
educacional, originária do Decreto nº. 5478, de 24/06/2005 e denominada
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inicialmente como o Programa da Educação Profissional ao Ensino
Médio na Modalidade Educação de Jovens e adultos, o Programa expôs a
decisão governamental de atender à demanda de jovens e adultos pela
oferta de educação profissional técnica de nível médio, da qual, em geral,
são excluídos, bem como, em muitas situações, do próprio ensino médio.
Posteriormente a essa ação, houve revogação do Decreto supracitado,
pela promulgação do Decreto n° 5.840, de 13 de julho de 2006, que
trouxe diversas mudanças para o programa, entre elas a ampliação da
abrangência, no que concerne ao nível de ensino, pela inclusão do ensino
fundamental, e, em relação à origem das instituições que podem ser
proponentes, pela admissão dos sistemas de ensino estaduais e municipais
e entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e
formação profissional, passando a denominação para Programa Nacional
de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
Modalidade de Educação de jovens e adultos. (BRASIL, 2007)
Conforme em (BRASIL, 2007, p. 13), o horizonte que se anseia aponta para a permanência da
ação proposta, ou seja, para sua consolidação para além de um programa de integração de educação
profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos, pois uma política
realmente de inclusão necessita assumir a condição de:
formação humana no, seu sentido lato, com acesso ao universo de saberes
e conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos historicamente
pela humanidade, integrada a uma formação profissional que permita
compreender o mundo, compreender-se no mundo e nele atuar na busca
de melhoria das próprias condições de vida e da construção de uma
sociedade socialmente justa.
O atenuante na situação brasileira no que diz respeito à presença forte de jovens na EJA, em
grande parte devido a problemas de não permanência e insucesso no ensino fundamental “regular”.
Embora se tenha equacionado praticamente o acesso para todas as crianças, não se conseguiu conferir
qualidades às redes para garantir que essas crianças permaneçam e aprendam.
Além disso, o Estado tem dificuldades em diminuir eficazmente as desigualdades
socioeconômicas e as famílias são obrigadas a buscar no trabalho das crianças uma alternativa para a
composição de renda mínima, roubando o tempo da infância e o tempo da escola.
Assim, adiante esses jovens retornam, via EJA, convictos da falta que faz a escolaridade em
suas vidas, acreditando que o insucesso no mundo do trabalho está relacionado exclusivamente à baixa
escolaridade.
Contudo, segundo Documento Base do PROEJA,
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não se deve subsumir a cidadania à inclusão no “mercado de trabalho”,
mas assumir a formação do cidadão que produz pelo trabalho, a si e o
mundo. Esse largo mundo do trabalho- não apenas das modernas
tecnologias, mas de toda a construção histórica subsumir a cidadania à
inclusão no “mercado de trabalho”, mas assumir a formação do cidadão
que produz, pelo trabalho, a si e o mundo. Esse largo mundo do trabalho
– não apenas das modernas tecnologias, mas de toda a construção
histórica que homens e mulheres realizaram, das mais simples,
cotidianas, inseridas e oriundas no/ do espaço local até as mais
complexas, expressas pela revolução da ciência e da tecnologia – força o
mundo contemporâneo a rever a própria noção de trabalho (e de
desenvolvimento) como inexoravelmente ligada à revolução industrial.
(Brasil, 2007, p.13)
Diante do exposto e considerando, ainda, a realidade da decadência da quantidade de postos de
trabalho, a educação profissional e obrigada a reorientar a própria formação do educando, tornando-a
mais abrangente, permitindo ao sujeito, além de conhecer os processos produtivos, adquirir
competências e habilidades para inserir-se de formas diversas no mercado de trabalho, inclusive
gerando emprego e renda.
Nesse sentido a permanência da pratica de economia solidária complementada com a formação
empreendedora como disciplina na EJA, se constitui como um conjunto de conhecimentos
indispensáveis para os educandos, visto que estes na sua grande maioria já vivenciaram situações
diversificadas impostas pelo mundo do trabalho servido de base para a contextualização dos
conteúdos.
O aluno pensador não pode se limitar a conceitos e praticas que não tenha uma visão política de
um projeto de educação para alem de reprodutores e transmissores de idéias alheias, aqueles devem ser
preparados para serem mediadores e multiplicadores de praticas que favoreça a cooperação e a
formação cidadã e formuladores de idéias e práticas sociais, atendendo a uma função de natureza
eminentemente social e política.
Conforme Santomé, (1998, p.45), é inegável que durante séculos, a sociedade vem construindo
muros intransponíveis entre os campos do saber e ao apostar na interdisciplinaridade significa apostar
também em um tipo de pessoa mais “aberta, flexível, solidária, democrática e crítica.
Assim, a formação que contemple não somente a manutenção de mercado, mas, que em
concomitância da formação provinda dos princípios de economia solidaria e empreendedora
instrumentalize o sujeito com elementos que supere sua realidade e posso agir no ambiente de forma
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critica e construtiva do seu fazer em sociedade, dando assim, espaço para uma educação mais
significativa.
Ainda, fazendo parte de sua contemplação temas de importância para o desenvolvimento social
tais como: a sustentabilidade, meio ambiente equilibrado, o empreendedor coletivo, formação de
capital social e a escola como referência de comunidade.
Sob essa ótica, o empreendedor coletivo é aquele que tem como sonho promover o bem-estar
da coletividade, a melhoria das condições de vida de todos. Em outras palavras, o empreendedor
coletivo é o indivíduo capaz de aumentar a capacidade de conversação de uma comunidade, ampliando
ou criando a conectividade entre seus diversos setores, gerando o capital social, que é insumo básico
do desenvolvimento, e cujo trabalho consiste em criar as condições para que a comunidade desenvolva
sua capacidade realizar seus objetivos.
Segundo DUNCAN (2005 p.01),
o capital social vem sendo compreendido como um fator endógeno às
comunidades e grupos sociais, que pode ser fortalecido e desenvolvido,
assumindo características de elemento fundamental em processos de
desenvolvimento sustentável em regiões que se manifestam
desigualdades.
Em virtude destes, regiões que apresentam baixos indicadores de desenvolvimento
freqüentemente são também regiões cujo capital social é pouco desenvolvido ou pouco empregado em
ações de expressivo valor para a solução de problemas de interesse público.
Inversamente, regiões com dinâmicas coletivas e realizadoras demonstram uma maior
capacidade de mobilização, organização e participação, favorecendo iniciativas coletivas que
dependem em grande medida, da coesão social, solidariedade e confiança dentre os que delas
participam.
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4. ECONOMIA SOLIDÁRIA
Segundo Singer (2003, p.25),
a economia solidária começou a ressurgir, no Brasil, de forma esparsa na
década de 1980 e tomou impulso crescente a partir da segunda metade
dos anos de 1990. Ela resulta de movimentos sociais que reagem à crise
de desemprego em massa, que tem seu início em 1981 e se agrava com a
abertura do mercado interno às importações, a partir de 1990. Em 1991,
tem início o apoio de assessores sindicais a operários que conseguem se
apossar da massa falida da empresa que antes os empregava, formando
uma cooperativa de produção, que retoma as operações e assim “salva”
os postos de trabalho até então ameaçados de fechamento.
A organização do trabalho associado marca no Brasil em momentos de crise social, provindas
da globalização da economia e os trabalhadores recorrem a cooperação mutuo, elemento este marcante
na capacidade do homem de superação e sobrevivência, configurando em certa medida nos ambientes
informais das relações como uma conduta social.
Conforme Demoustier (2001, p.19), em outros momentos na historia do trabalho associado,
a Revolução Francesa de 1789 escancarou as portas para a economia de
mercado e para o capitalismo. Ao afirmar os direitos individuais do
homem e as grandes liberdades econômicas (liberdade de
empreendimento, liberdade de comercio e liberdade do trabalho).
Por outro lado, a Revolução Francesa determina eliminar qualquer forma de associação que
trata-se de assuntos entre pessoas e o Estado, configurada na lei de Chapelier em 1791, proibindo toda
forma de ação solidaria e de reivindicações e manifestações, deixando os operários vulneráveis perante
os sistema (DEMOUSTIER, 2001).
Apesar das dificuldades a época surge inúmeras ações de assistência social, filantropia e de
resistência que tiveram forte influencia para posteriormente as organizações cooperativistas e
associativismo, conquista dos direitos e liberdades dos indivíduos.
A partir de 1830 surgem associações de consumo desenvolvidas pelos operários com intuito de
melhores preços e depois apropriar-se do processo de produção para melhoria de seus rendimentos,
onde tinha o empresário com esse domínio de acumulação exclusivo (DEMOUSTIER, 2001).
Importante ressaltar, que ainda nos dias atuais a luta pela quebra ou minimização dos efeitos
perversos da acumulação do capital é batalha travada nos ambientes sociais de combate e discussão
sobre superação da exclusão social e as diversas formas de privação do indivíduo.
Conforme Singer (2004, p.03),
como defesa contra a exclusão social e a queda na indigência, as vítimas
da crise buscam sua inserção na produção social através de variadas
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formas de trabalho autônomo, individuais e coletivas. Quando coletivas,
elas optam, quase sempre, pela autogestão, ou seja, pela administração
participativa, democrática, dos empreendimentos. São estes os que
constituem a economia solidária.
Assim, o desencadeamento dos problemas sociais de falta de trabalho e renda e todos os seus
aspectos atenuantes provindos da pobreza e miséria, que as nações até os dias atuais vêm tentando
minimizar com suas ações, momentos através do Estado e em outros através de organizações da
sociedade civil, não governamentais e sem fins lucrativos.
Nesse sentido, o trabalho associado e a cooperação surgem como saída para a crise marcada
pelo sistema à época, centrada no emprego, e através da cooperação e do sentimento de coletividade
que as pessoas foram enfrentando suas barreiras e desafios, com grandes dificuldades o cooperativismo
se mostrou como uma alternativa que invertesse a ordem economia do período.
Em 1844, inaugurada a experiência dos Equitativos pioneiros de Rochadale, marco importante
para os princípios co trabalho cooperativo que para além da solução da retirada dos intermediários
existentes nas transações comerciais, onde estes levavam maior parte dos lucros, foram constituídos
princípios cooperativistas que até hoje, são referencias para a autogestão e economia solidaria.
(DEMOUSTIER, 2001).
Controle democrático (1 homem = 1 voz, qualquer que seja o montante de capital que ele
possuía na cooperativa);
Justiça econômica (divisão dos lucros proporcional à atividade de cada membro);
Remuneração limitada do capital;
A empresa cooperativa financia ações de formação, profissional ou geral, para seus membros.
Estes fundamentos são encontrados nos dias atuais pelas organizações com caráter associativo,
que contempla problemas sociais do trabalho assalariado indigno, alternativa ao auxilio mutuo e pela
cooperação, ao principio da concorrência, alternativa a propriedade privada, organização coletiva do
consumo e produção, esses possibilitam ao aluno da educação de jovens e adultos condições para
superação de sua realidade.
Conforme Gide (apud ADMS, p. 90), uma corrente cooperativista liderada por Gide, que
colocou o cooperativismo como uma “terceira via” como alternativa ao capitalismo e ao socialismo.
Sua implementação seria possível, de acordo com o autor, mediante um processo de educação dos
indivíduos e da multiplicação das experiências de cooperativismo.
Nesse sentido, pensar em uma condição solida de mudança social que venha contemplar de forma
significativa a vida das pessoas é desenvolver estas configurações sociais em sala de aula como forma de
aprendizado e possa se atingir com eficácia os objetivos organizacionais.
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5. MÉTODOS
A presente pesquisa, de natureza bibliográfica e qualitativa, tomou como unidade de analise a
educação de jovens e adultos, para este realizou-se levantamento bibliográfico no qual aprofundou as
categorias entre economia solidária, formação empreendedora seus possíveis antagonismos ou
elementos complementares na educação de jovens e adultos como aporte ao desenvolvimento social.
Conforme Severino (2007, p.201) o método trata-se de um conjunto de procedimentos lógicos e
de técnicas operacionais que permitem o acesso as relações causais constantes entre os fenômenos.
Ainda segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 83), o método é o conjunto das atividades
sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo -
conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista.
Nesse sentido, o método pode ser entendido como o percurso detalhado a partir de técnicas que
subsidiam o pesquisador realizar juízo de valor sobre o objeto de estudo, contribuído assim, para
alcance dos objetivos propostos pela pesquisa.
Lakatos e Marconi (2003, p. 174), sobre Técnica de pesquisa, é um conjunto de preceitos ou
processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a
parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos.
A presente pesquisa, de natureza qualitativa, bibliográfica, terá como unidade de análise, a
economia solidaria e a formação empreendedora como possíveis pontos de convergência na educação
de jovens e adultos como estratégia de desenvolvimento social.
Para Lakatos e Marconi (2003, p. 183) pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias,
abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo,
desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais:
rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua
finalidade colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito,
dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferencias seguidas de
debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicadas, quer
gravadas.
Em Trujillo, (1974, p.230) fundamenta que, a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do
que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou
abordagem, chegando a conclusões inovadoras.
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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A mudança do paradigma do emprego caracteriza o final do século XX e início do século XXI.
Uma constante exigência por níveis de desempenho individual autônomo, que destaquem a iniciativa e
a capacidade de geração do próprio trabalho são demandas sociais emergentes. Este cenário tem
oportunizado o desenvolvimento de estudos que estimulem a capacidade empreendedora nos
indivíduos.
Este trabalho centrou seus objetivos na estruturação de uma proposta de ensino da economia
solidaria concomitantes as noções de empreendedorismo no PROEJA, iniciativa capaz de estimular em
suas ações comportamentais que denotem características vinculadas ao movimento chamado agentes
de economia solidaria, quanto à identificação das características do processo de aprendizagem da
formação empreendedora, possível identificar características próprias vinculadas ao empreendedor e
sua forma de aprendizagem, considerando também, como indivíduos fundamentais para o
desenvolvimento econômico e social, em que pese o fato de possuírem características que dinamizam
as relações de trabalho, carreira e trabalho associado.
A iniciativa individual e a capacidade de geração do próprio trabalho são fatores observados na
cultura ocidental, porem, pouco significativo em otimizar um grupo maior de indivíduos quando
provindos pela organização do trabalho cooperativo.
O estudo destas características foi vital para a elaboração da proposta de um programa de
formação de multiplicadores da cultura de cooperação que deseja ser abrangente e capaz de estimular
comportamentos e transformar realidades.
A proposta de ensino vinculada à nova pedagogia permita criar estratégias de educação gerando
um ambiente em que as características empreendedoras possam ser valorizadas, pois constroem um
espaço de interação e de aprender prático, essência da formação empreendedora.
Ao permitir o desenvolvimento de visões mais amplas do mundo do trabalho que possibilitem a
criação de novos conhecimentos, dando espaços a novas tecnologias sociais, que preencham lacunas
em meio a um processo de desenvolvimento social, está a economia solidária.
Constatou-se através do estudo bibliográfico necessidade da formação que possibilite a
cooperação como alternativa de emprego frente sua da escassez e está é mais atenuante nos sujeitos da
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educação de jovens e adultos, frente a todo seu histórico de exclusão social, provindos de
conseqüências estas do cenário sócio político e econômico do País.
A iniciativa individual é necessária porem, com muita fragilidade no que concerne ao cenário
de atividades econômicas duradoras, onde se tem um numero expressivo de pessoas que se lançam no
empreendedorismo, porem, com pouca continuidade em longo prazo de suas atividades.
Nesse sentido, em certa medida estes provindo de um cenário de desemprego, ausência de
conhecimento especifico sobre tais empreendimentos, ausência de apoio financeiro, elevando estes à
situação de fracasso rápido.
Os problemas sociais por qual passaram as gerações todas provindas da capacidade do
individuo prover suas mais variadas necessidades, estas contempladas pelo trabalho, porém, com o
interstício do meio em capacidade de oportunidade de trabalho.
Entretanto, a cooperação entre os indivíduos como mecanismo de prover a necessidade de
trabalho, viabiliza-se pela capacidade de superação e enfrentamento de forma coletiva das dificuldades
e barreiras impostas pelo meio, com maior dificuldade pela iniciativa individual.
A capacidade do individuo de unir-se e cooperar para resolver seus problemas é algo marcante
na evolução das sociedades, no entanto no mundo do trabalho na qual as pessoas estão acometidas
existem iniciativas que instrumentalize profissionalmente o trabalho associado, porém, ainda pouco
expressivo ao cenário ainda persistente de exclusão social.
7. CONCLUSÃO
Na trajetória do empreendedorismo humano está a busca de atendimento de necessidades na
qual acometem a vidas das pessoas, utilizando para este a capacidade de inventividade (inovação) para
melhor atender tais necessidades.
No entanto, o trabalho é parte integrante deste, e um dos melhores elementos de possibilitar
ascensão social, embora a possibilidade das coisas seja importante para facilitar a vida das pessoas,
porém, o ciclo do desenvolvimento não fecha pela falta de otimização da oportunidade de trabalho.
Nesse sentido, a formação empreendedora emerge como uma atitude a ser tomada como
capacidade dos indivíduos proverem sua própria necessidade de trabalho atendendo outras
necessidades das coletividades.
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Conforme Barbosa trata este como “empregabilidade” capacidade do individuo manter-se
empregado e adaptar-se as mudanças provindas estes da atual crise de estruturação do sistema
capitalista que atinge a escassez de oportunidade de trabalho.
No entanto, a passagem do empreendedorismo do homem sempre foi marcada por atendimento
de necessidades diversas e em maior medida individuais, iniciadas estas na revolução industrial.
Conforme Demoustier, a revolução francesa afirma os direitos individuais do homem e as
grandes liberdades econômicas, porém, proíbe qualquer forma de cooperação e associação entre as
pessoas, eliminando assim, qualquer forma destas de ter iniciativas de buscar e atender suas
necessidades de trabalho, ficando assim a mercê dos ditamos dos donos dos meios de produção,
evidenciada na lei de Chapelier em 1791.
Singer reforça a idéia de busca da oportunidade de trabalho de forma coletiva estes
constituintes da economia solidaria, como: autogestão, gestão participativa e democrática, comercio
justo, como forma otimizada de diminuir a exclusão social e oferta de trabalho e renda.
Conforme o exposto, a sociedade se estruturou individual e coletivamente, onde a primeira
conquista através de suprimir os direitos e liberdades das pessoas em detrimento da minoria, a segunda
com pressuposto de maior justiça social por atender um numero maior de pessoas.
Assim, vislumbrar uma educação de jovens e adultos que permeia atitudes e elementos como:
cooperação, participação democrática, visão critica da ação em sociedade, iniciativa e busca de
oportunidades, perseverança, criatividade, estes podendo ser complementares com a diferença de ser
uma ação, pensamento e interesses coletivos em detrimento do individualismo.
Ao buscar o dialogo e estreitamento entre economia solidaria e formação empreendedora, está
necessariamente oportunizando-se uma inovação no contexto social em reformular e reorientar suas
perspectivas de ação no plano da educação e posteriormente na dinâmica do mundo do trabalho.
O trabalho associado mostra-se como grande possibilidade de contemplação de trabalho e
renda, especialmente o público da educação de jovens e adultos que vem de um contexto de exclusão
social, onde os fatores primordiais para estes era a dificuldade de inserção no mundo do trabalho
devido à baixa escolaridade, conforme documento base do PROEJA.
No entanto, ao observar o cenário do mundo do trabalho onde a organização, a competição e as
mudanças são cada vez mais intensas é que se fazem necessários a organização coletiva do trabalho e a
cooperação, visto que, se por outro lado a máxima de enfrentamento da crise do sistema era através
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ação empreendedora individual como forma de atingir “empregabilidade” onde a otimização deste
encontra-se no atendimento coletivo.
Contudo, a economia solidária e formação empreendedora podem ter caminhos tanto
antagônicos como complementares para o desenvolvimento social na educação de jovens e adultos,
sendo determinante no campo das decisões políticas sobre qual tipo de desenvolvimento seja
importante para uma nação.
A contextualização dos conhecimentos através da interdisciplinaridade como expressa Santomé
se mostra como barreira a uma educação significativa no sentido da formação de sujeitos pensantes e
criativos em detrimento da manutenção de mercado.
Sendo assim, as formações das matrizes curriculares nos cursos técnicos enfrentam problemas
de seu adensamento onde as disciplinas e conteúdos precisam relacionar-se para que se atinja maior
significado e contextualização no ensino.
Assim, observar estruturas montadas no campo do ensino é pensar como tais conteúdos,
disciplinas, modelos podem fundir-se em um projeto de ensino que contemple os aspectos
significativos da formação cidadão e para atuação nos problemas da realidade, pensar na cooperação e
organização do trabalho associado como base de superação dos problemas de trabalho e renda do
publico de jovens e adultos.
O que observa em antagônicos entre economia solidária e formação para o empreendedorismo,
é que o primeiro atua coletivamente e o segundo age individualmente para atender o mesmo problema
de trabalho e renda.
Assim, união de esforços para desenvolvimento de determinada atividade econômica é razoável
vislumbrar um cenário favorável no fortalecimento e vitalidade deste, para tanto a necessidade
primordial para tal objetivo conforme Gide colocou o cooperativismo como uma “terceira via” como
alternativa, através de processo de educação dos indivíduos e da multiplicação das experiências de
cooperação.
Em Duncan fundamenta que os processos de desenvolvimento sustentáveis estão mais inseridos
em comunidades com certo nível de capital social corroborando com Gide sobre a educação do
cooperativismo e socialização dessas experiências.
Por outro lado, nas percepções neoliberais em que pese menos atuação do Estado na economia
para com este possa se “auto-regular” e as necessidades do mercado de trabalho possa ser atendido,
contempla uma vez que, a preocupação do Estado é com atendimento com o auto-emprego e bem estar
social, assim, o trabalho associado possibilita maior inserção das pessoas no mundo do trabalho,
diminuindo assim a sua ação no mercado.
Com o exposto, direcionar uma educação que favoreça a economia solidária inserindo nas
estruturas e modelos existentes a perspectiva do trabalho associado como alternativa de
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desenvolvimento social, no que tange oportunidade de trabalho e renda, sendo estes para além da
resolução de tais problemas, mas, uma postura critica da ação do homem em prol de um tipo de
sociedade justa, igualitária e solidária e que possa atuar de forma diferente ao resolver os problemas,
repensando a práxis de formar indivíduos para busca de emprego cada vez mais escasso, mas,
favorecendo sua própria criação de trabalho otimizado de forma associada nos princípios da economia
solidária.
Assim, pensar em um tipo de ensino voltado para economia solidária é vislumbrar um agente
empreendedor social e coletivo que reconheça a participação coletiva não somente como forma de
busca de trabalho e renda, mas, um agente político e social que favoreça um sistema atual que possa
ser reconhecido como desenvolvido.
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