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e como ensinar a essa nova geração & EDUCAÇÃO POR ANA PRADO DIREÇÃO DE ARTE ROB FRIEDE UMA PUBLICAÇÃO EVOLUÇÃO ENTENDENDO O ALUNO DO SÉCULO 21 ENTENDENDO O ALUNO DO SÉCULO 21

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  • E N T E N D E N D O O A L U N O D O S C U L O 2 1- E C O M O E N S I N A R A E S S A N O VA G E R A O

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    1 W W W . G E E K I E . C O M . B R

    e como ensinar a essa nova gerao

    &EDUCAO

    P O R A N A P R A D OD I R E O D E A R T E R O B F R I E D E

    UMA PUBLICAO

    EVOLUO

    ENTENDENDO O

    ALUNO DO

    SCULO 21

    ENTENDENDO O

    ALUNO DO

    SCULO 21

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    SUMR IOVOC ENCONTRAR NESTE EBOOK:

    INTRODUO VISO GERAL DA GERAO YRELAO DOS JOVENS COM A INTERNETCOMO ELES REALMENTE USAM A TECNOLOGIA NOS ESTUDOS3.1 RELAES CONTRADITRIAS E O DESAFIO CONCENTRAOO PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DAS NECESSIDADES DO ALUNO DO SCULO XXIEXPERINCIA QUE DEU CERTOOUTRAS FONTES CONSULTADAS

    PARTE 1PARTE 2PARTE 3

    PARTE 4PARTE 5

    346810131517

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    I N T RODUO

    Em um mundo em que a tec-nologia evolui em uma enorme velocidade e proporciona re-volues em diferentes cam-pos, a educao no pode ficar de fora de sua rea de influ-ncia. No entanto, no Brasil, a grande maioria das escolas ainda funciona com mtodos do incio do sculo 20 apesar de seus alunos estarem mais expostos do que nunca s no-vidades tecnolgicas.

    No h dvidas de que urgente a necessidade de mu-dar a forma como os conhe-cimentos so trabalhados na sala de aula. Mas isso no pode ser feito de forma irrefletida: antes de se modernizarem as escolas, fundamental que se-jam compreendidos aqueles

    que so os maiores interessa-dos nisso tudo: os estudantes.

    Saber que eles usam celu-lares e esto nas redes sociais no o suficiente para se en-tender sua verdadeira relao com a tecnologia e a internet e, portanto, para se dedu-zir como esses recursos po-dem ser usados para benefici-los. O objetivo deste e-book apresentar alguns insights do que estudos e especialistas j conseguiram levantar sobre os estudantes do sculo 21. As informaes que apresen-taremos a seguir so essenciais para que educadores e gestores da rea possam elaborar pla-nos eficientes em aliar a tec-nologia educao para esta e as futuras geraes.

    E

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    Os jovens nascidos at o ano 2002, definidos como gera-o Y ou millennials (que so o foco deste e-book, embora as informaes que traremos aqui tambm valham para a chamada gerao Z, que in-clui os nascidos em anos mais recentes), foram os primeiros a estarem imersos em tecno-logia praticamente desde seu nascimento, o que foi deter-minante para o desenvolvi-mento de seu estilo de comu-nicao e aprendizagem.

    Segundo o artigo The Net Generation in the Classroom, de Scott Carlson, publicado em 2005 no The Chronicle of Higher Education1, so bem caractersticas dessa gerao a facilidade no uso de novi-dades tecnolgicas, a dificul-dade em manter a ateno em algo, a confiana em sua ha-bilidade de fazer vrias coisas ao mesmo tempo, a saturao

    de informaes e a crena de que sabem tudo fatores que representam um desafio real para os professores e para a educao como um todo.

    Carlson nota ainda que es-ses jovens so espertos, mas impacientes, querendo sempre resultados imediatos. Outras caractersticas importantes: eles esto mais familiarizados com a diversidade do que com o tradicional (o que se explica em parte pelo amplo acesso informao permitido pela tec-nologia e pelo fato de cresce-rem em um contexto em que os modelos tradicionais esto ruindo boa parte deles vem de uma famlia com pais di-vorciados, por exemplo). Isso influencia a maneira como veem os estudos e o trabalho, buscando frequentemente for-mas de mistur-los com o la-zer e rejeitando modelos e ro-tinas engessados.

    JVISO GERAL DA GERAO YPA R T E 1

    1 Carlson, S. The Net Generation in the Classroom. The Chronicle of Higher Education, agosto de 2007. http://chronicle.com/free/v52/i07/07a03401.htm

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    Por outro lado, eles tm sido notados como mais aptos a controlar o prprio aprendizado e escolher mtodos tecnolgi-cos e no convencionais para aprender melhor. O crescimento do ensino a distncia, com o uso de vdeos em vez de aulas pre-senciais, um timo exemplo dessa caracterstica, escreve Scott Carlson. Ainda no tema educao, interessante notar que, por terem chegado escola em uma poca em que o trabalho em grupo era largamente incentivado, esse estilo de trabalho e apren-dizado continua sendo o preferido da maioria.

    A DIFERENA ENTRE GERAESNASCIDOS ENTRE 1925 E 42: GERAO SILENCIOSAAfetados pela dura realidade da guerra, que ameaou a continuidade da sociedade como a conheciam, eles valorizam o dever, a honra, o trabalho duro e o respeito s regras, e tendem a usar uma forma de comunicao mais prtica e formal.

    NASCIDOS ENTRE 1943 E 60: BABY BOOMERSCriados em uma era de segurana, prosperidade e conformismo, o que os leva a se rebelar contra aquilo que, para eles, uma sociedade vazia e estril. A sua personalidade e estilo de comunicao concentram-se fortemente no crescimento pessoal, realizao e no politicamente correto.

    NASCIDOS ENTRE 1961 E 81: GERAO X Tendo passado por uma forte transformao dos valores sociais durante seus anos de formao, reagem contra excessos de idealismo se tornando cticos, pragmticos, individualistas e pouco impressionados com autoridade. So adaptveis, equilibrados e mais confortveis com a comunicao informal.

    NASCIDOS ENTRE 1982 E 2002: MILLENNIALS OU GERAO YGerao que em pouco tempo de vida presenciou os maiores avanos na tecnologia e na comunicao eletrnica, cresceu em meio a um clima poltico global inconstante e com grande exposio cultura popular e diversidade. No respeita modelos tradicionais e tem dificuldade de concentrao em uma tarefa s.

    Fonte: VISTAS Online, American Counseling Association

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    A pesquisa Juventude Co-nectada de 2014, coordenada pela Fundao Telefnica Vivo e realizada em parceria com o IBOPE, o Instituto Paulo Mon-tenegro e o Ncleo das Novas Tecnologias da Comunicao Aplicadas Educao Escola do Futuro-USP, traz informa-es teis para entender espe-cificamente os jovens brasilei-ros na era digital. Segundo o estudo, que envolveu entrevis-tas com 1.440 jovens de 16 a 24 anos das cinco regies do pas, o telefone celular o princi-pal meio de acesso internet para 42% dos entrevistados de todas as classes socioeconmi-cas, seguido pelo computador de mesa (33%), computador porttil (22%) e tablet (3%). O celular aparece como opo preferencial por permitir a co-nexo internet a toda hora e em qualquer lugar, caracters-tica marcante nessa gerao.

    mais acessvel para todo mundo. O pessoal est mais ligado nessa coisa de querer saber o que est acontecendo, disse um jovem consultado.

    A forma como usam o tempo na internet tambm re-vela muito sobre essa gerao: em primeiro lugar aparecem atividades de comunicao (re-des sociais, mensagens instan-tneas, e-mails). At 90% dos jovens fazem uma dessas ativi-dades mais de uma vez por dia, diariamente ou quase todos os dias. Em seguida aparecem ati-vidades de lazer, seguidas por leitura de jornais e revistas e busca por informaes em ge-ral. Educao e trabalho apare-cem em quarto lugar.

    A internet se consolidou como importante suporte para a consulta escolar pelo jovem brasileiro, tanto para a reali-zao de pesquisas, tarefas e trabalhos quanto para a ob-

    ARELAO DOS JOVENS COM A INTERNETPA R T E 2

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    teno de informaes sobre cursos e atividades educativas e de capacitao, diz o rela-trio. A prtica de realizao de cursos online j uma re-alidade no cotidiano da ju-ventude brasileira conectada e aponta para uma tendncia (22% declara fazer ou ter feito). Pesquisas para estudos e tra-balhos da escola ou da facul-dade so atividades praticadas mais de uma vez ao dia, diaria-mente, ou quase diariamente por 43% dos jovens entrevis-tados. J buscar informaes online sobre cursos revelou-se prtica cotidiana, ou quase,

    para cerca de um tero [de-les]. As enormes possibilida-des de se ter informaes so-bre outras culturas na internet tambm so muito valorizadas pelos jovens e muitas vezes chegam a despertar o interesse pelo aprendizado de lnguas estrangeiras.

    Tambm fcil encontrar pessoas com interesses simi-lares, participar de grupos de discusso e ter acesso a conhe-cimentos e pontos de vista que jamais conheceriam sem a in-ternet. interessante notar, po-rm, que os jovens internautas tm conscincia de que o rece-

    bimento de informaes pela internet no algo totalmente passivo e exige deles um traba-lho de apurao. Um dos entre-vistados explicitou isso da se-guinte forma: Tenho acesso a diversos contedos, sejam eles parciais e imparciais, sendo eu o principal encarregado de apurar as informaes. Outro completou: O modo como eu me informo bastante dife-rente do que simplesmente me sentar em frente TV e acei-tar todo aquele contedo. Pela internet, voc precisa buscar pela informao, apurar fon-tes e tudo mais.

    Segundo pesquisa da Fundao Telefnica, mais de 40% dos jovens usam a internet quase diariamente para pesquisas relacionadas ao estudo; para 42%, o celular o principal meio de acesso web. O modo como me informo diferente do que me sentar em frente TV e aceitar todo aquele contedo. Na internet, voc precisa buscar a informao, disse um deles.

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    At o final do sculo 20, os re-cursos didticos utilizados nas escolas se restringiam a livros didticos, lousa, aula expositiva e trabalhos em grupo. Hoje, embora recursos multimdia tambm sejam usados, as aulas ainda mantm aquela estrutura em que os conhecimentos, ha-bilidades e tarefas so apresen-tados pelo professor e a ativi-dade dos alunos receptiva e, em muitos casos, passiva. Em-bora ainda sejam vlidos, esses recursos no evidenciam liga-o com a revoluo que est acontecendo fora da sala da aula e que afeta diretamente a vida dos alunos, que j ado-taram uma postura bem mais ativa na busca de outros tipos de conhecimento na internet.

    O fluxo de informaes re-cebidas pelos meios tecnolgi-cos e pela conexo constante tambm est ligado a uma al-terao significativa da capa-

    cidade de concentrao da ge-rao atual. Carlson, no artigo citado anteriormente, acres-centa que, por se consumir in-formao atravs de uma larga variedade de fontes miditicas, geralmente de forma simult-nea, fica cada vez mais dif-cil prestar ateno por muito tempo a um professor falando para uma sala de aula cheia.

    Mas j existe um esforo para adotar a tecnologia na sala de aula, muitas vezes de forma independente e, por teste dos professores: alguns deles pos-tam aulas e disponibilizam contedos informativos e ta-refas utilizando-se das TICs (Tecnologias de Informao e Comunicao). Alm disso, comum que professores (ou at diretores escolares) e alu-nos estendam sua relao para as redes sociais, abrindo cami-nho para tirar dvidas e trocar informaes fora do horrio

    ACOMO ELES REALMENTE USAM A TECNOLOGIA NOS ESTUDOSPA R T E 3

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    de aula. A pesquisa Juventude Conectada constatou que os jovens se mostram abertos e receptivos amizade e ao com-partilhamento online de con-tedos com seus professores e outros membros da hierar-quia escolar, valorizando a sua disponibilidade para orientar e tirar dvidas por e-mail e Fa-cebook. Isso aproxima profes-sor e aluno. No ano passado, na poca de vestibular, eu ti-rava todas as dvidas de ma-temtica com o professor pelo Facebook, relatou um deles.

    Sandro Botticelli virou Sandro #muitoferaessemeubrother. Um texto sobre a Capela Sistina conquistou Da Vinci: Migo, voc arrasa!!! O professor Pedro Castro, do Colgio Pensi, no Rio, pediu aos alunos que imaginassem como seria a Renascena se j houvesse Facebook e montou uma pgina para que interagissem. Criou um modelo de trabalho pedaggico em rede social.

    A internet tambm grande aliada como fonte de conhecimentos complementa-res. Cerca de 75% dos jovens dizem j ter utilizado a rede na escola a fim de obter infor-maes para atividades pro-postas em aula. Outros 54% concordam que a internet per-mite o preparo e a autoavalia-o para provas e testes como o Enem, vestibulares e concur-sos pblicos, e 45% concordam total ou quase totalmente que na internet aprenderam coisas teis para suas vidas ou para o

    seu trabalho, que no apren-deriam na escola ou mesmo na faculdade. H, portanto, que se reconhecer que, para o jovem brasileiro, a internet uma ferramenta complemen-tar escola no seu aprendi-zado cotidiano, exercendo tanto funes de apoio s roti-nas, procedimentos e currcu-los educativos formais quanto aportando contedos e sabe-res que extrapolam os conhe-cimentos que circulam den-tro dos estabelecimentos de ensino, conclui o estudo.

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    Diferentemente do que talvez se espere, no entanto, os estu-dantes no se mostram muito empolgados ou sonhadores em relao incluso da tecnologia na educao, mas isso pode ser explicado pelo fato de que eles se encontram formatados para exigir o mnimo do ambiente escolar justamente aquele que deveria proporcionar grandes transformaes em suas vidas.

    Falas de estudantes reuni-das no estudo Juventude Co-nectada incluem coisas como: No precisa ser tudo isso, no. S precisa que o Wi-Fi seja me-lhor ou Eu acho que tinha de bloquear as redes sociais e libe-rar a internet para os alunos. Por exemplo, se voc est no meio da aula e o professor precisa que a gente faa uma pesquisa, po-demos faz-la ali mesmo.

    Uma pesquisa de mestrado desenvolvida recentemente na Faculdade da Educao (FE) da

    USP concluiu que alunos de clas-ses populares ainda no veem a presena de aparelhos tecnolgi-cos em sala de aula como parte do processo de aprendizagem. Durante um ano letivo, o autor, Andr Toreli Salatino, observou trs turmas do ensino mdio de um colgio da periferia da ci-dade de So Paulo, na zona leste, e aplicou questionrios aos alu-nos. O acompanhamento se deu em sala de aula e tambm em outros espaos escolares, como o ptio em horrio de intervalo entre as aulas e perodos de en-trada e sada.

    O estudo concluiu que aque-les jovens no usam as novas tecnologias para construrem relaes com o que aprendido na escola na verdade, eles, muitas vezes, utilizam seus ce-lulares para se ausentarem da-quele mundo. Isso no signi-fica, porm, que a proibio de telefones celulares em sala de

    DRELAES CONTRADITRIAS E O DESAFIO CONCENTRAOPA R T E 3 . 1

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    aula seja o suficiente, uma vez que, na escola, esses alunos dis-traem-se com ou sem a pre-sena de recursos tecnolgicos.

    Ainda segundo o estudo, do professor a responsabili-dade de tentar criar situaes de aprendizagem que incluam a utilizao dos diversos apa-relhos tecnolgicos, j que as tecnologias no fazem nada por si mesmas. Mas impor-tante que essa introduo de tecnologia no perca o foco no processo de aprendizagem, contribuindo para que os alu-nos criem uma relao com o contedo de sua disciplina.

    Por mais que a cooperao entre docente e tecnologia para auxiliar no progresso do ensino seja importante, no en-tanto, Salatino afirma que no se pode deixar iludir. Em de-terminadas situaes, ser di-fcil introduzir recursos tec-nolgicos. Grande parte dos estudantes de classes popula-

    res no compreende o ensino em instituies escolares como meio de ascenso social. Os jovens devem crescer em dois mundos: o juvenil e o escolar. Tudo se passa como se esses jovens no tivessem crescido no mundo escolar, no vendo perspectivas em seus estudos. Dessa maneira, a maioria dos jovens mostra uma forma de socializao paralela escola, investindo sua criatividade, in-teligncia e seu tempo na uti-lizao de aparelhos tecnolgi-cos e em algo que se mostrou central nessa experincia: a produo e manuteno de re-des de sociabilidade via for-mas rpidas de comunicao, que cadenciavam o decorrer de todas as aulas observadas, afirma ele2.

    A pesquisa Juventude Co-nectada tambm observou uma relao contraditria en-volvendo internet e estudos: Se, por um lado, apontada

    2 http://www.usp.br/agen/?p=200398

    Se, por um lado, apontada como valiosa ferramenta de suporte e colaborao para a pesquisa de contedos curriculares e para o acesso e recuperao de material dado em aula pelo professor, (a internet) por outro lado, apontada como elemento de desconcentrao e disperso.

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    como valiosa ferramenta de suporte e colaborao para a pesquisa de contedos curricu-lares e para o acesso e recupe-rao de material dado em aula pelo professor, por outro lado, apontada como elemento de desconcentrao e disperso especialmente por seu uso prioritrio para o acesso s redes sociais, diz o estudo. Relatos de alunos confirmam: alm de 57% deles acredita-rem que em muitos casos a internet atrapalha a aprendi-zagem ao distrai-los e reduzir seu tempo de estudo, muitos dizem preferir um local sem acesso internet para estudar.

    Mas a dificuldade de con-centrao no o nico pro-blema. Apesar de serem vidos usurios de redes sociais, mui-tos jovens ainda tm uma viso conservadora sobre o potencial das novas tecnologias para aju-d-los nos estudos, o que pode ser uma indicao de que eles no compreendem bem o que

    significa a revoluo tecnol-gica que esto vivenciando. As escolas, por sua vez, tambm no esto desempenhando bem o seu papel de gui-los em uma reflexo sobre isso. A capaci-dade tcnica que essas novas geraes tm no acompa-nhada por uma reflexo sobre a prpria dimenso da inter-net. Precisamos ensinar a eles conceitos mais amplos de praa pblica, de tica, de construo de tecnologia, do lugar que a tecnologia pode ocupar no de-senvolvimento da prpria ci-dade, por exemplo. Intensifi-car a importncia da internet dando poder a todo cidado, garantindo que toda pessoa te-nha condio de criar os seus prprios contedos e de fato mudar muita coisa em seu en-torno: esse potencial no pa-rece estar sendo to explorado, declarou Rodrigo Nejm, diretor da SaferNet Brasil (ONG que atua na pesquisa e preveno de crimes de internet).

    A capacidade tcnica que essas novas geraes tm no acompanhada por uma reflexo sobre a prpria dimenso da internet.

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    Pesquisas sobre o assunto sem-pre trazem a mesma observa-o: de nada adianta a escola ter modernas tecnologias de informao e comunicao se os professores no estiverem preparados para us-las. A tec-nologia no se transforma em aprendizagem sozinha e a in-formao, por si s, no pro-move o senso crtico. Os estu-dantes tm a mesma opinio: 47% dos jovens brasileiros que participaram do Juventude Co-nectada concordam totalmente ou quase totalmente com a afir-mao de que o fato de o pro-fessor saber utilizar tais tecno-logias um importante fator de aprendizado. Eis, como o estudo define, uma oportunidade para discutir o novo papel do profes-sor, cuja funo de transmissor unidirecional de conhecimento deixa de fazer sentido em um contexto em que os alunos tm acesso irrestrito informao.

    No entanto, isso obviamente no torna o professor desneces-srio pelo contrrio, ele ganha novos papis importantssimos, como curador e orientador. H uma certa confuso entre in-formao e conhecimento. Temos muitos dados, muitas informaes disponveis. Co-nhecer integrar a informao no nosso referencial, no nosso paradigma, apropriando-a, tor-nando-a significativa para ns. O conhecimento no se passa, o conhecimento cria-se, cons-tri-se, escrevem as profes-soras Eliana Fatobene Martins e Luzia Marta Bellini, da Uni-versidade Estadual de Maring (UEM), no artigo A escola no sculo 21: quais desafios de-vem enfrentar seus gestores?. A internet oferece oportunida-des de interaes significativas, com e-mails, as listas de dis-cusso, os fruns, os chats, os blogs, as ferramentas de comu-

    PO PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DAS NECESSIDADES DO ALUNO DO SCULO 21PA R T E 4

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    nicao instantnea e os sites de relacionamento, mas o profes-sor precisa informar e orientar os alunos sobre a utilizao da internet, sobre as vantagens e os perigos que ela oferece.

    Diante da infinita quan-tidade de informao intil, mentirosa e at nociva dispo-nvel na rede, capaz de con-fundir e enganar mesmo adul-tos experientes, fundamental que os jovens contem com um guia que lhes ajude a filtrar o que recebem e lhes indique o que vale ser discutido, pen-

    sado, refletido. No livro O Culto do Amador, o escri-tor americano Andrew Keen faz uma crtica ferrenha m qualidade do que publicado online, o que resulta, segundo ele, em menos cultura, menos notcias confiveis e um caos de informao intil. Para fil-trar os contedos mais impor-tantes da quantidade inume-rvel de besteiras disponveis online, preciso ter experin-cia e uma boa bagagem cultu-ral, coisa que os jovens ainda no tm.

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    Unindo esforos com escolas e professores, plataformas que re-nem tecnologia e educao (e compreenso do pblico-alvo) j esto dando bons resultados no Brasil. Um exemplo disso o Geekie Lab, uma plataforma on-line de aprendizado adaptativo que possibilita a preparao para o Enem (Exame Nacional do En-sino Mdio) por meio de ferra-mentas de diagnstico e estudo personalizado. Os estudantes re-alizam simulados que permitem identificar seus pontos fracos e a plataforma indica um programa de estudos que atenda especifica-mente s suas necessidades.

    Aline Oliveira Martins, 19 anos, de So Bernardo do Campo (SP), est entre os usurios mais engajados da plataforma e explica um ponto positivo desse tipo de tecnologia: Estudar para vesti-bular requer tempo e, no meu caso, preciso dividir este tempo com outras obrigaes. Estudar o que eu realmente preciso oti-

    miza esse tempo de estudo e eu posso ver onde eu preciso focar e em quais matrias posso rela-xar e estudar menos. A possi-bilidade de estudar pelo celu-lar portanto, em praticamente qualquer lugar outra vanta-gem. Carlos Alexandre da Silva Lopes, 26 anos, do Rio de Janeiro, conta: Estudei em escola particu-lar e gostei bastante da plataforma de estudo da Geekie. Estudo bas-tante a caminho do trabalho e na volta para casa.

    Esse tipo de ferramenta tam-bm beneficia os professores ao permitir que saibam quais as foras e fraquezas de cada aluno e acompanhem a evolu-o de cada um. Isso pode mo-tiv-los e ajud-los a encontrar meios mais eficientes de trans-mitir o contedo se a maioria dos alunos est com dificuldade nos mesmos pontos, por exem-plo, isso pode significar que a explicao do professor no a mais adequada.

    UEXPERINCIA QUE DEU CERTO PA R T E 5

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    O resultado nos surpreendeu. Muitos dos estudantes haviam dito no incio que no conseguiam ver a internet como ferramenta de estudo, mas o ndice de engajamento que tivemos deles foi altssimo: 75% permaneceram no programa [que de dois anos] at o fim. Eles passaram a ver que possvel sentar frente do computador e estudar. O que ajuda muito ter uma plataforma personalizada: o aluno no simplesmente entra na internet e procura por conta prpria o que estudar. Ele entra em um local que j rene tudo o que precisa [videoaulas, exerccios, cronograma etc.].

    Para aumentar o engajamento, importante tambm o uso contnuo de meios para envolver os estudantes e criar vnculos com eles. Criamos um grupo no Facebook para que se comuniquem entre si e com os professores e, alm das aulas de reforo online de portugus e matemtica, desenvolvemos um mdulo de cultura que, por meio da gamificao e inspirado na Jornada do Heri, de Joseph Campbell, trabalha habilidades scioemocionais por meio de misses e projetos a serem desenvolvidos em grupo tanto online quanto presencialmente. O jogo dividido em fases e, em cada uma, h

    uma misso que se relaciona a uma habilidade a ser desenvolvida, como o protagonismo. Ao fim do mdulo, eles tero ainda criado solues para problemas reais nas reas de educao, meio ambiente e sade. Ns acreditamos que esse mdulo de cultura essencial para que se engajem no estudo das matrias convencionais.

    Outra coisa interessante a mudana em curso da percepo de provas como algo negativo. Como tem a questo do diagnstico, de que as provas so algo para acompanhar a evoluo do aluno e, assim, ajudar e recomendar o que precisam estudar, vem acontecendo uma mudana de atitude em relao a elas. Quanto ao desempenho, fizemos, no ano passado, um teste comparativo entre alunos do mdulo online e do presencial e o resultado foi muito semelhante at havia alunos do online que se saram melhor que os do outro grupo.

    Decidimos investir na tecnologia da educao porque ela no tem barreiras: conseguimos chegar s regies mais pobres e remotas com um mnimo de estrutura. A gente acredita que est no caminho certo, e existem vrios outros grandes projetos, como a Khan Academy, ajudando a provar isso.

    Instituies que trabalham com educao h anos j comearam a adotar plataformas tecnolgicas no s para ajudar de forma mais eficiente os estudantes, mas tambm para alcanar um nmero maior de pessoas em regies mais remotas do pas. Fundado h 15 anos, o Instituto Ismart oferece oportunidades de estudo a jovens de baixa renda, financiando aulas presenciais de reforo e bolsas de estudo. Em 2014, comeou a etapa online em parceria com a Geekie, o que j permitiu triplicar o nmero de estudantes beneficiados. Beatriz Mantelato, coordenadora do projeto, fala sobre a experincia:

  • E N T E N D E N D O O A L U N O D O S C U L O 2 1- E C O M O E N S I N A R A E S S A N O VA G E R A O

    J U N H O . 2 0 1 5

    1 7 W W W . G E E K I E . C O M . B R

    Carlson, S. The Net Generation in the Classroom. The Chronicle of Higher Education, agosto de 2007. http://chronicle.com/free/v52/i07/07a03401.htm

    Moran, J.M. Novas Tecnologias e Mediao Pedaggica.

    http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/157/artigo234764-1.asp

    http://www.bridgeresearch.com.br/dv_files/arquivos/201211011424_dbarquivos.pdf

    http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/novo-perfil-professor-carreira-formacao-602328.shtml

    http://www.infoteca.inf.br/endipe/smarty/templates/arquivos_template/upload_arquivos/acervo/docs/3716p.pdf

    http://www.lendo.org/geracao-y-caracteristicas-educacao/

    http://www.mindlab.com.br/mindlab/wp-content/uploads/2012/04/Ensinando-para-o-Seculo-XXI.pdf

    http://www.fundacaotelefonica.org.br/Conteudos/Publicacoes/137/juventude-conectada

    http://education.mit.edu/papers/GamesSimsSocNets_EdArcade.pdf

    http://www.counseling.org/docs/default-source/vistas/vistas_2005_vistas05-art70.pdf?sfvrsn=10

    OUTRAS FONTES CONSULTADAS

  • www.geekie.com.br

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