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DRAMATEMÁTICA
Vinícius Borovoy Sant'ana
UERJ
Resumo:
Teatro e matemática seriam caminhos distintos? Imagine poder conciliar, a
didática e trabalhar os conceitos dessa área de conhecimento e construir com os
alunos um raciocínio onde possam ser compreendidos conteúdos de forma lúdica e
prazerosa. O objetivo da oficina “Dramatemática” é apresentar conceitos básicos de
teatro e jogos dramáticos, propiciando aos seus participantes o envolvimento e a
liberdade necessária para a experiência pessoal, desenvolvendo habilidades,
talentos e conhecimentos matemáticos. Com o auxílio do teatro, conseguimos
perder o medo da Matemática e passar a ter uma nova visão sobre a disciplina,
através da linguagem teatral que tem o poder de despertar os nossos sentimentos e
aflorar emoções.
Palavras-chave: Formação de professores, Matemática, Teatro, Aprendizagem,
Imaginação.
1. Introdução
Os Jogos teatrais podem trazer o frescor e vitalidade para a sala de aula. As
oficinas de jogos teatrais não são designadas como passatempo do currículo, mas
sim como complementos para aprendizagem escolar, ampliando a consciência de
problemas e ideias fundamentais para o desenvolvimento intelectual dos alunos
(SPOLIN, 2007, p.29).
Dessa forma a oficina “Dramatemática” tem como objetivo introduzir o
conceito básico do teatro, aplicando os conhecimentos matemáticos através dos
jogos teatrais. A seguir analisaremos o passo a passo da oficina.
2. Metodologia
2.1. Conversa Inicial
No primeiro momento, realizaremos uma conversa inicial com os
participantes, objetivando saber os conhecimentos prévios de cada um acerca do
teatro, suas aspirações e desejos em relação a prática desta oficina como os
mesmos veem a matemática relacionada com o lúdico e se já fazem uso de alguma
prática em sala de aula.
Fonte: Dados de pesquisa
2.2. Jogo da corrente
Como segunda atividade, proporemos o jogo da corrente, que é uma
adaptação de um jogo proposto pelo Grupo de Educação Matemática do CAP UERJ
(GEMAT – UERJ). Tal jogo é composto por 10 fichas, podendo estender dependendo
da quantidade de participantes. Cada participante recebe uma ficha com uma
charada matemática. Inicia-se com a carta escrita “eu começo”, nela contêm uma
charada e a resposta está em outra carta. Nas cartas respostas, acompanham
outras charadas, e as respostas estão em outra ficha, e assim, suscetivamente, até
que se forme um círculo com todos os participantes. As pessoas vão dando as mãos
na medida em que a pessoa que possui a resposta da charada se identifica e lê a
sua charada para encontrar a pessoa que possui o número correspondente. Uma
atividade lúdica, onde conseguimos trabalhar com o termo desconhecido de forma
descontraída, que promove a interação dos participantes e nos dá suporte para a
próxima atividade, onde teremos os participantes formando uma roda.
Fonte: Dados de pesquisa
2.3. A bola do conhecimento.
Essa etapa é onde cada participante se apresentará aos demais, através de
uma brincadeira bem dinâmica e dividida em três rodadas. Na primeira rodada, a
bola será passada de um por um e ao receber a bola, o participante deverá dizer o
seu nome e o segmento em que atua. Após fazer a sua apresentação, em sentindo
horário, deverá repassar a bola para o próximo participante, e assim suscetivamente
até o último. Após a apresentação de todos os participantes, repetiremos o mesmo
passo mais duas vezes, mas agora faremos apenas a apresentação do nome.
Exercício de memorização, onde será treinada a capacidade de fixação dos
participantes e o “escutar uns aos outros”, fortalecendo a concentração e a atenção.
Na segunda rodada, testaremos a capacidade de absorção de informação dos
participantes. A bola será entregue ao participante que dará início à brincadeira, ele
deverá escolher para quem lançará a bola e dizer o nome (do participante
escolhido). O participante que receber a bola, caso o nome proferido por quem
lançou esteja correto, deverá prosseguir a brincadeira, do mesmo molde que o
anterior. Em caso negativo (o nome não esteja correto), o participante não deverá
pegar a bola, deixando-a cair ao chão, sendo assim, nesse caso, os participantes
deverão bater uma palma, em seguida, o participante para quem a bola foi lançada,
deverá pegar a bola e dar segmento à brincadeira. A terceira rodada é jogo dos
múltiplos: Nessa etapa, o primeiro participante deverá falar o nome do participante
para quem ele lançará a bola em seguida de um múltiplo de um número
estabelecido pelo grupo e assim por diante. Quando um participante errar o nome do
participante para quem ele lançou a bola, o mesmo deverá proceder conforme na
segunda rodada da brincadeira. Caso, o erro seja referente aos múltiplos, todos os
participantes deverão bater duas.
Fonte: Dados de pesquisa
2.4. Alongamento corporal e vocal
Antes de iniciarmos as próximas atividades, que exigem esforço
físico/muscular, é comum e fundamental realizarmos um aquecimento muscular, com
o intuito de melhorar a performance, atrasando a fadiga muscular e prevenindo
lesões futuras. É nesta linha de comparação que faremos um aquecimento vocal
antes do uso continuado da voz e também o aquecimento corporal para as
atividades físicas vindouras.
2.5. Reconhecimento do espaço
Caminharemos pelo espaço da sala, sabendo utilizar todo o espaço com a finalidade
de não esbarrar uns aos outros, perceber as pessoas que estão ao redor. Ao longo
dessa caminhada, acontecem algumas intervenções propostas, como: O maior
homem do mundo, onde o participante tem que se “estender, alongar”; O menor
homem do mundo, onde o participante tem que parecer o mais “reduzido, ínfimo”
que puder. Dentre outras atividades como a aceleração de passos e o andar como
efeito de câmera lenta”. Estabeleceremos também o trabalho com alguns
sentimentos, dentre os quais se destacam: a sensação de apreensão, onde o
participante deverá trazer sentimentos de apreensão em determinadas situações
criadas; sentimento de perseguição: Estar sendo seguido e algumas emoções que
podem ocorrer como adversidades. Ao final desta primeira sequência, iniciaremos a
formação de duplas para a brincadeira do hipnotismo. A brincadeira consiste em
todos os participantes estabelecerem contato visual uns com os outros e pelo olhar,
sem haver nenhuma utilização de palavras, eles devem se convidar para formar
duplas para o próximo passo da brincadeira.
Fonte: Dados de pesquisa
2.6. Hipnotismo
Nesta segunda sequência de reconhecimento de espaço chamado
hipnotismo, um participante irá por a mão a poucos centímetros do rosto da sua
dupla e este ficará hipnotizado, devendo manter o rosto à mesma direção da mão do
hipnotizador. Este inicia uma série de movimentos com a mão, fazendo com que o
seu companheiro faça com o corpo todas as contorções possíveis mantendo a
mesma distância.
Após o comando
trocam-se de
posições.
Fonte: Dados de pesquisa
2.7. Amor, ódio, amor
Nesta terceira sequência, mantendo as mesmas duplas, cada uma deverá
esboçar sentimentos de amor recíproco. O sentimento deve ser expresso falando
número 12, 33, 44. O sentimento vai aumentando, até que o mediador (a) da
atividade indicará que este deve se transformar aos poucos em ódio, sendo
expresso através de números também. Ao atingir o grau máximo do sentimento,
retorna a demonstração de amor pelo(a) companheiro(a).
Fonte: Dados de pesquisa
2.8. Jogo do Stop
Nessa atividade, estipularemos um tema, por exemplo: Aula de matemática e
a partir desse tema, duas pessoas de forma aleatória iniciam uma cena e quando o
mediador(a) falar a palavra STOP, os dois participantes que estão realizando a
atividade, param na posição em que estiver e uma pessoa de forma voluntária
assume a posição de uma pessoa ao tocar nela. Desta forma esta participante que
estava realizando a atividade sai e o(a) novo(a) participante assume a mesma
posição do corpo da anterior porém se inicia assim uma nova cena, mantendo
porém o mesmo tema já estabelecido. Assim realizamos essa atividade até que
todos participem.
Fonte: Dados de pesquisa
2.9. Improviso
Havendo tempo, como última atividade, os participantes serão divididos em
grupos de no máximo 4 participantes por grupo e cada grupo desenvolverá uma
cena curta envolvendo um conteúdo matemático escolhido junto com os
participantes.
3. Considerações Finais
Através do feedback de participantes da oficina “Dramatemática” aplicada no
primeiro seminário de educação matemática do Colégio Estadual Hebe Camargo em
30 de setembro de 2015, chegamos a conclusão de que o projeto cumpre ao que se
propõe, que é o de mostrar de forma prazerosa um novo olhar sobre a matemática.
Estamos diante de uma oficina adaptável ao público ao qual se destina.
É frequente recebermos o retorno dos participantes relatando a felicidade ao
concluir cada passo proposto, cada brincadeira, pois, ao início da mesma,
questionavam-se sobre a capacidade de realizar tais atividades. O objetivo inicial é o
de mostrar uma nova vertente aos participantes, uma nova leitura, onde a
matemática pode ser abstraída por novos horizontes, através de relações pequenas,
através de brincadeiras. O participante passa a estar submerso ao mundo
matemático, existe a relação de pertencimento.
Muitos dos relatos, ao final da oficina, incentivam o projeto e dizem que seria
interessante se mais professores de matemática tivessem acesso a
“Dramatemática”, para poderem ampliar suas capacidades de percepção sobre essa
forma lúdica do conhecimento.
5. Referências
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. – Rio de janeiro :
Civilização Brasileira.1977
POLIGICCHO, Andrea Gonçalves. Teatro: Materialização da narrativa
matemática. Andrea Gonçalves Poligiccho. Orientação: Maria Cristina Bonomi. São
Paulo: S.N., 2011. 148 f.; ils.; Apêndice.
SPOLIN, Viola. Jogos Teatrais: o fichário de Viola Spolin / Viola Spolin; tradução
de Ingrid Dormien Koudela. – São Paulo : Perspectiva, 2001.
SPOLIN, Viola. Jogos Teatrais para a sala de aula: um manual para o professor /
Viola Spolin; tradução de Ingrid Dormien Koudela. – São Paulo : Perspectiva, 2008.