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Dra Ana Lucia Munhoz C. de
Albuquerque
Lactário
LACTÁRIO:
Deve existir em todas as Unidades Hospitalares que possuam atendimento pediátrico e/ou obstétrico, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº307, de 14 de novembro de 2002
Altera a Resolução - RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002 que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
Lactário:Definição
“É a unidade do Serviço de Nutrição e Dietética Hospitalar destinada ao preparo, higienização e distribuição de preparações lácteas e fórmulas infantis, seguindo rigorosas técnicas de controle higiênico-sanitário e microbiológico das formulações preparadas em tal unidade.” (ROCHA; NOGUEIRA, 1997)
“Lactário é a área destinada ao preparo e distribuição de fórmulas lácteas e não lácteas e dietas enterais. Esta área deve apresentar rigorosas técnicas de assepsia e controle da temperatura de produção do alimento, visando possibilitar ao paciente uma alimentação segura do ponto de vista microbiológico.” (MEZOMO, 2002).
Lactário: classificação das áreas físicas
Alimento:
O alimento é indispensável à promoção da saúde do ser humano, em quantidade suficiente para cobrir as necessidades nutricionais básicas e com qualidade higiênico-sanitária. As etapas de transformação, as quais o alimento é submetido para torná-lo apto ao consumo humano, podem contaminá-lo com agentes causais de enfermidades tornando-o veículo de transmissão de doenças (ALMEIDA et al., 2008)
Mucosa intestinal
Sistema digestório: importância de mantê-lo “saudável”
A microbiota normal do trato digestivo humano possui aproximadamente 1014 células viáveis/indivíduo.
Funções importantes no local que colonizam:
a) a resistência à colonização, impedindo ou reduzindo a multiplicação de microorganismos exógenos que por acaso penetram no ecossistema digestivo;
b) a imunomodulação, que permite uma resposta das defesas imunológicas locais e sistêmicas;
c) a contribuição nutricional, que oferece diversas fontes energéticas e de vitaminas, além de participar da regulação da fisiologia digestiva do hospedeiro.
Objetivo:
Lactário na assistência neonatal
Sistema digestório:
O neonato normal x Trato digestivo
Microbiota local não desenvolvida;
Alteração das imunidades local e sistêmica;
Elevado pH gástrico;
Tempo de esvaziamento gástrico reduzido;
Sistema digestório:
Primeira colonização pelos micro-organismos da microbiota intestinal materna, durante o parto.
Aleitamento materno exclusivo: mais indicado – maior proteção contra doenças infecciosas, parte por garantir a melhor colonização intestinal.
Neonatos e lactentes que recebem exclusivamente leite materno tem colonização intestinal por bífidobactérias e lactobacilos. Aqueles que utilizam fórmulas lácteas tem coliformes e bacteroides.
O neonato na UTI
Prematuridade;
Baixo peso;
Doenças associadas: infecção, anóxia,
isquemia, distúrbios metabólicos e
hidroeletrolíticos.
Uso de antimicrobianos
Desafios:
Drogas: aminas, cafeína e bloqueadores H2
Uso de hemoderivados
Uso de dispositivos invasivos
Início tardio da dieta
Uso de fórmulas lácteas
Reduzido contato com familiares
O neonato apresenta elevado risco
para infecções por patógenos
relacionados ao trato digestivo !
“Imaturidade Fisiológica”
Colonização anormal
Invasões
DESAFIOS!!!
Atenção para o lactário!!!
Contaminação da dieta pode levar à enterocolite!
Enterocolite pode resultar em seqüelas permanentes!
Contaminação da dieta pode levar à morte!
Lactário: organização
Correta localização no hospital.
Previsão de amplo espaço.
Distribuição exata das áreas de trabalho.
Instalação de equipamentos necessários.
Boa administração.
Estrutura física
Três ambientes distintos:
Sala de higienização
Sala de preparo
Ante-sala (paramentação)
Armazenamento
Dimensões: LEI - RDC Nº 307, DE 14 DE NOVEMBRO DE 2002
Altera a RDC nº 50 de 21 de fevereiro de 2002 que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
Lactário: Deve existir em EAS que possuam
atendimento pediátrico.
EAS com até 15 leitos pediátricos, pode ter área
mínima de 15,0 m² com distinção entre área suja e
limpa, com acesso independente à área limpa feito
através de vestiário de barreira.
Dimensões: LEI
Sala composta de: Área para recepção, lavagem de mamadeiras e outros utensílios: 8,0 m²
Área para desinfecção de alto nível de mamadeiras: 4,0 m²
Área para esterilização terminal :1,0 m²
Dimensões: literatura
A área calculada deve ser de 0,30m²/berço ou leito de pediatria
Sala de higienização:30%
Sala de preparo:50%
Ante-sala (paramentação):20%
Ambiente do Lactário
Entradas independentes para os setores de preparo e
reprocessamento;
Área de acesso com pia adequada e local para
paramentação;
Circulação de ar positiva no preparo;
Dimensões, iluminação e ventilação adequadas;
Ambiente do Lactário
Pode ser compartilhado com a sala de manipulação e envase de
NE, desde que:
sala separada para fogão, geladeira, micro-ondas e freezer;
existência de procedimentos escritos quanto a horários
distintos de utilização
Revestimento em paredes, pisos, tetos e bancadas resistentes
aos agentes de limpeza e desinfecção;
Acabamento que tornem as superfícies monolíticas;
Ralos de esgotos sifonados e com tampas;
Produção/Manipulação de Dietas
A manipulação deve ser realizada em área específica
para este fim.
A nutricionista é responsável pela supervisão de todos
os processos.
A manipulação deve ser realizada com técnica
asséptica, seguindo procedimentos escritos e validados.
Antissepsia de mãos com água e sabão ou álcool.
Uso de paramentação completa: gorro, máscara, luvas
e capote estéreis.
Produção/Manipulação de Dietas
Desinfecção da bancada com álcool 70% (três fricções) ou
outros produtos ( ex:propionato de quaternário de amônio
e cloridrato de polihexametileno biguanida - Surfasafe®)
Uso de campo estéril no local de preparo.
Uso de câmara de fluxo laminar.
Água para preparo: estéril ou fervida por 5-10 minutos.
Evitar utensílios como peneiras, coadores, colheres
liquidificadores.
Produção/Manipulação de dietas
Todos os utensílios envolvidos na limpeza dos artigos e
no preparo devem ser esterilizados ou desinfetados.
As fórmulas devem ser envasadas no utensílio de uso
final, não sendo recomendado o reenvase.
Acondicionamento em recipiente atóxico, compatível
físico-quimicamente com a composição do seu conteúdo.
Deve manter a qualidade físico-química e microbiológica
durante a conservação, transporte e administração.
Produção/Manipulação de Dietas
As mamadeiras devem ser imediatamente fechadas após
envase.
Rotulação clara.
Inspeção visual.
Insumos e recipientes devem ser previamente
desinfetados.
Reservar amostras de cada sessão conservadas sob
refrigeração (2ºC a 8ºC), para avaliação microbiológica
laboratorial, por até 72 h após produção.
Produção de dietas :
passo-a-passo
Limpeza do lactário (a cada turno)
Manter ambiente fechado
Fazer programação da dieta e rotulação contendo nome, horário, tipo de leite e
volume
Colocação de gorro e máscara
Produção de dietas
Higienização de mãos por 20 segundos com água e sabão ou ÁLCOOL 70% glicerinado
Na área de preparo:
separar material: 1 campo e 1 capote estéreis, 1 par de luvas estéreis, artigos
para o preparo.
bancada: desinfecção com álcool 70% (três fricções, com compressas
diferentes) ou outros produtos (ex:propionato de quaternário de amônio e
cloridrato de polihexametileno biguanida - Surfasafe®).
OBS:
1. a área de preparo deve ser reservada para essa finalidade.
2. deve ser em bancada revestida por material que facilite sua limpeza e
desinfecção e não possua pia (“bancada seca”).
Produção de dietas
Abrir campo estéril sobre bancada previamente limpa e desinfetada.
Realizar a desinfecção de latas e frascos de água estéril com álcool 70%
(3X com gazes distintas) e colocá-los sobre o campo. Abrir, com
técnica asséptica, seringas, perfusores, tampas de seringa,
mamadeiras, chucas, bicos e tampas e também colocá-los no campo
Abrir o capote e luvas estéreis
Produção de dietas
Realizar a degermação das mãos com clorexidina degermante por dois
minutos e secar com compressa estéril ou
utilizar álcool 70% (ANVISA/ MS/ FIOCRUZ 9 de julho de 2013)
Vestir capote estéril e calçar luvas estéreis, com técnica asséptica
Abrir o frasco de leite, transferir a quantidade para a mamadeira ou
recipiente com tampa e adicionar o volume de água estéril
necessário. Proceder a mistura SEM USO DE LIQUIDIFICADOR!
Ocluir as latas de leite após o preparo
Produção de dietas
Após a separação de todas as dietas, identificar cada
frasco com nome do RN, data, horário da mamada
e tipo/volume de leite
Acondicionar na geladeira
Durante o processo não tocar em locais não
desinfetados, como porta, bancada, telefone, etc
Armazenamento
Geladeira exclusiva para fórmula láctea.
Controle térmico interno (4º a 8ºC) e externo (21º a
24ºC) a cada turno de trabalho, com registro em folha
própria.
Fórmula
Consumo para dieta não industrializada: IMEDIATO x
em até 24 horas (2 a 4ºC)
Após aberta, oferta imediata.
Armazenamento/Transporte
Transporte
Envoltórios
Recipientes
Administração Responsabilidade da enfermeira.
Aquecimento no lactário (banho-maria: nível da água não pode
ultrapassar a metade da mamadeira).
Não fracionar ou manipular na UTI.
Dispositivos – trocas:
Cateter gástrico: não trocar rotineiramente, tolerar até 7 dias.
Preferir a base de poliuretano ou silicone. Fono: palato com
deformidades pela permanência do dispositivo.
Cateter duodenal: sem troca definida.
Perfusores: a cada dieta ou dieta enteral industrializada 24h.
Reprocessamento de Artigos
E=esterilização D=desinfecção
Item 1ª opção 2ª opção
Mamadeiras e bicos E – autoclave/óxido de etileno
D – água em ebulição/termodesinfecção
D – hipoclorito 0,5% ou 0,025%
Utensílios para preparo E – autoclave/óxido de etileno
D – água em ebulição/termodesinfecção
D – hipoclorito 0,5% ou 0,025%
Recipientes de guarda Álcool 70% D – hipoclorito 0,5% ou fricção a 1%
Reprocessamento
Limpeza mecânica:
Lavagem dos artigos com água corrente e detergente, auxílio
de escova de cerdas escuras
Secar completamente sobre pano seco (compressa ou
campo)
Reprocessamento
Preparar a bancada desinfetando com álcool 70% (três fricções) e
colocar campo.
Retirar os artigos com o auxílio de pinça previamente desinfetada e
apoiar sobre o campo. Os artigos podem ficar secando no local
ou proceder à secagem com auxílio de gaze ou compressa
estéreis, com a ajuda de luvas estéreis
Colocar em recipiente reprocessado, fechado
Compostos clorados
Variadas concentrações:
• Forma líquida (hipoclorito de sódio)
• Forma sólida (hipoclorito de cálcio)
• Utilização de EPI
Vantagem: baixo custo, ação rápida, baixa toxicidade
Desvantagem: difícil de ser validado, corrosivo para metais, inativado na presença de matéria orgânica, odor forte, irritante de mucosa.
Uso do hipoclorito:
Colocar totalmente imerso em solução de hipoclorito de
sódio 0,025%.
O artigo não deve conter bolhas de ar no interior.
Deixar por 60 minutos em recipiente fechado e opaco.
Reprocessamento
Os artigos usados para o preparo das fórmulas deverão estar
secos e desinfetados ou esterilizados.
Todo material utilizado deve ser guardado limpo e seco em
recipientes fechados.
Os recipientes onde são guardados os bicos e utensílios
utilizados para o seu manuseio, além de limpos devem ser
desinfetados com álcool 70% ou hipoclorito de sódio 1%.
Perigos!
Contaminação das fórmulas
Intrínseca: pó do leite contaminado.
Surtos de Enterobacter sakazakii ( Infect Control Hosp Epidemiol
1989; MMWR 2002
Extrínseca: mãos dos profissionais de saúde,
manipulação das formulas na UTI ou berçário,
aquecimento inadequado...
Manipulação de Leite Materno
Legislação própria;
Vínculo da maternidade com BLH;
Local para ordenha: domicílio, UTI, sala própria;
Kit individual e esterilizado;
Orientação das mães, checagem periódica e inspeção do material
coletado.
Ordenha a beira do leito e pronto uso;
Fracionamento em capela de fluxo laminar e armazenamento leite
cru por no máximo 12h, sob refrigeração (geladeira exclusiva)
Manipulação de Leite Materno
Paramentação das mães e profissionais;
Higienização das mãos com álcool glicerinado;
Limpeza da mama com água ou soro fisiológico;
Desprezar jato inicial;
No caso de uso de bombas, manter o frasco de coleta fechado
durante o processo.
Leite materno
Geladeira: 12h
Congelador comum: 7 a 14 dias
Freezer a –20º C : 6 meses
Outras legislações importantes
RDC Nº63 de 6 de julho de 2000 (NE).
Resolução CFN 380/2005 (atribuições do nutricionista).
RDC Nº171 de 4 de setembro de 2006 (normas de BLH).
Resolução RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001 (Aprova o Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos)
IRAS e o trato digestório
Enterocolite necrosante (NEC)
Origem multifatorial: imaturidade do trato digestivo,
isquemia, “superpopulação” de bactérias
gastrointestinais e características da dieta
microorganismos e/ou produção de toxinas.
10 a 15% dos RN com muito baixo peso
5 a 10% dos RN a termo
Moore DL in Mayhall CG, 2000.
NEC
Quadro clínico - NEC
Resíduos gástricos/vômitos biliosos
Sangue nas fezes
Letargia/toxemia
Sepse
Distensão, hiperemia, plastão parede abdominal, irritação peritoneal
NEC
Lactário
Revisão dos seguintes processos:
1. Preparo das formulas
2. Limpeza do ambiente
3. Manejo dos resíduos
4. Controle de doenças
Lactário
Sugestões:
1. Controle microbiológico mensal das amostras processadas.
2. Treinamento em instituição de referência.
Importante
É de grande importância que os funcionários que atuem
no Lactário tenham consciência da responsabilidade de
seu trabalho e prezem, sobretudo, a segurança no
preparo das fórmulas.
A presença de funcionários com doenças diarréicas,
doenças de pele tipo furunculose, dermatites ou micoses
deve ser notificada para avaliar afastamento temporário
de suas funções no setor.
Exames periódicos.
Saúde, Higiene e Conduta RDC nº63 6/7/200 (NE) 4.1.4.1. A admissão dos funcionários deve ser precedida de exames médicos,
sendo obrigatório a realização de avaliações periódicas, conforme estabelecido na NR no 7 do Ministério do Trabalho.
4.1.4.2. Em caso de supeita ou confirmação de enfermidade ou lesão exposta, o profissional deve ser encaminhado ao serviço de saúde ocupacional (medicina do trabalho), o qual tomará as providências necessárias.
4.1.4.3. A equipe de enfermagem deve atender a um alto nível de higiene, sendo orientada para a correta lavagem das mãos e retirada de jóias e relógio antes de operacionalizar a administração da NE.
4.1.4.4. Todos os funcionários devem ser instruídos e incentivados a reportar aos seus superiores imediatos quaisquer condições relativas ao ambiente, equipamento ou pessoal que considerem prejudiciais à qualidade da NE.
4.1.4.5. A conduta da equipe de enfermagem deve ser pautada pelos preceitos éticos em relação a atividade profissional, bem como ao atendimento do paciente e sua família.
OBRIGADA!