UTILIZAÇÃO DA LEUCENA (LEUCAENA LEUCOCEPHALA) NA SUPLEMENTAÇÃO DE CAPRINOS E
OVINOS DE CORTE
Prof. Adelmo Ferreira de Santana – Caprinocultura e Ovinocultura
E-mail [email protected]
Departamento de Produção Animal
Escola de Medicina Veterinária
Universidade Federal da Bahia
CEP- 40.170-110 Salvador - Bahia
Anderson Maynart Viana – Acadêmico de Medicina Veterinária
Monografia apresentada como parte de conclusão do curso de Medicina Veterinária-Julho/2001
RESUMO
A diminuição na disponibilidade de forragem, bem como a perda acentuada e
progressiva na qualidade da mesma, fato observado na estação seca do ano, é um dos
problemas mais graves enfrentados pelos pecuaristas na região Nordeste do Brasil.Esta
carência acarreta em perda de peso acentuada dos animais, o que leva a diminuição na
eficiência produtiva e reprodutiva dos mesmos. Desta forma faz-se necessário buscar
alternativas alimentares para suplementação neste período, objetivando minimizar ou até
zerar os efeitos negativos decorrentes desta carência nutricional. A leucena (Leucaena
leucocephala) é uma leguminosa perene, bastante resistente a seca e que se adapta bem
às condições tropicais. Produz boa quantidade de forragem e esta possui alto valor
nutritivo, especialmente alto teor de proteína. Sua forragem apresenta boa digestibilidade e
pode ser usada na alimentação animal sob a forma de pastejo direto (consorciada com
gramínea ou banco de proteína) ou fornecida no cocho (fresca, fenada ou ensilada),
entretanto, seu consumo deve ser limitado a 30% da matéria seca consumida/animal/dia,
para que a mesma não provoque intoxicação aos mesmos. Propaga-se por sementes ou
mudas, entretanto por proporcionar um estabelecimento mais rápido seu plantio deve ser
feito preferencialmente por mudas. Seu uso como suplemento na estação seca, justifica-se
principalmente no fato de que as pastagens apresentam neste período um baixo nível
protéico.
2
1. INTRODUÇÃO
No Nordeste brasileiro ocorrem apenas duas estações climáticas bem definidas, uma
estação úmida ou estação das águas, com duração de quatro a seis meses, e uma estação
seca que dura de seis a oito meses. Durante a estação das chuvas, desenvolvem-se
forragens abundantes e de boa qualidade, fornecendo condições ideais para que os
rebanhos alcancem elevadas taxas de crescimento (SOUZA & ESPINOLA 1999). No entanto,
durante a estação seca a ausência de chuvas impede a renovação das pastagens e o pasto
remanescente perde rápida e progressivamente seu valor nutritivo, em conseqüência, na
plenitude da seca, as pastagens são escassas e de baixo valor nutricional o que resulta em
severa perda de peso, redução de produção de leite e aumento da taxa de mortalidade do
rebanho (SOUZA 1996).
Mesmo em áreas de pastagens cultivadas, onde se utilizam gramíneas artificiais, o
nível protéico, neste período, muitas vezes não é suficiente para os animais ganharem ou
manterem seu peso (SALVIANO 1983), segundo RAMOS et al. (1997), a alternativa viável
para aumentar a eficiência produtiva do rebanho é efetuar a suplementação neste período.
O suprimento desta deficiência pode ser feito através de concentrados protéicos, fonte de
nitrogênio não-protéico (uréia e outros) e leguminosas (SALVIANO 1983).Segundo RAMOS
et al. (1997) as duas primeiras formas têm custo elevado e são de difícil aquisição em
alguns centros urbanos, a terceira fonte, ou seja, as leguminosas podem ser produzidas na
própria fazenda.
A leucena (Leucaena Leucocephala) é uma leguminosa perene de porte arbustivo a
arbóreo, capaz de se adaptar as condições de baixa pluviosidade (SILVA 1992). Segundo
RAMOS et al. (1997), produz forragem de boa qualidade, rica em proteína e com teores de
minerais capaz de atender as exigências nutricionais dos animais, podendo ser fornecida no
cocho (fresca, fenada ou ensilada), como banco de proteína ou em consorcio com
gramíneas.
As principais limitações para seu uso na produção animal residem principalmente no
seu lento estabelecimento, por não se adaptar em solos ácidos e mal drenados e pelo seu
potencial tóxico quando consumida em excesso (JONES 1979). Quando não bem manejada
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por se tratar de planta arbustiva, pode atingir altura de crescimento alem do alcance animal
(SÁ 1997).
Sendo a ovinocaprinocultura no Nordeste do Brasil, uma atividade caracterizada,
principalmente, pela importância sócio-econômica que a mesma assume junto à população
rural das regiões mais áridas (fonte de proteína animal) e pelos índices zootécnicos destes
rebanhos estarem aquém da potencialidade produtiva dos mesmos, dentre outros pela
alimentação deficiente dos animais durante a estação seca, procedeu-se a revisão de
literatura com a finalidade de avaliar o potencial de uso da leucena (Leucaena leucocephala)
como suplemento alimentar para caprinos e ovinos de corte durante este período.
2. REVISÃO DE LITERATURA.
2.1-Considerações Gerais Sobre a Leucena (Spp).
A leucena é uma planta perene de porte arbustivo a arbóreo, a depender do tipo,
originária da América Central e México. Apresenta folhas de 15 a 25cm de comprimento,
flores brancas agrupadas em cabeça globular e vargens finas e achatadas com 15 a 25
sementes, estas ultimas de coloração marrom brilhante.
Segundo PUPO (1979) e KLUTHCOUSKI (1982), possui um sistema radicular possante
e profundo que lhe permite reciclar nutrientes do subsolo como também captar água nas
camadas mais profundas, o que lhe confere grande resistência à seca. Possui também
capacidade de fixar grandes quantidades de nitrogênio atmosférico, este em simbiose com
bactérias do gênero RHIZOBIUM, as quais fixam até 400 Kg de N/ha/ano.
De acordo com (MITIDIERI, 1988) a leucena desenvolve-se bem em regiões de clima
tropical ou subtropical, em altitude abaixo de 500m, embora suporte altitudes em regiões
próximas do Equador. Desenvolve-se melhor com precipitação entre 600 e 1700 mm,
todavia cresce bem onde ocorrem longas e severas estiagens, e com temperatura entre 22
e 30ºC, sendo que raramente cresce em temperatura inferior a 15ºC.
Prefere solos bem drenados, férteis e corrigidos quanto à acidez e ao alumínio
tóxico(SÁ 1997), sendo o solo de baixa fertilidade e ácido (pH abaixo de 5,5), com alto teor
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de alumínio trocável, prejudicial ao desenvolvimento do seu sistema radicular tornando a
planta menos resistente a estiagens prolongadas (RAMOS et al.1999a).
Existem mais de 100 variedades de leucena que são classificadas em três tipos:
Havaí ou arbustivo com até cinco metros de altura, floração precoce, boa produção de
sementes, pouca folhagem e elevada competitividade; Salvador ou Arbóreo, alto com até
20m de altura, tronco pouco engalhado e folhas, vargens e sementes maiores; e Peru ou
tipo médio, mais engalhada e folhosa, de maior aptidão forrageira e de mais fácil alcance
pelos animais em pastejo. As variedades Peru e Cunningham (Leucaena leucocephala) são
as mais conhecidas e usadas na nutrição animal (VEIGA & NETO 1992; OLIVEIRA 2000).
2.1.1-Composição Química e Digestibilidade.
O valor nutritivo da leucena para a pecuária refere-se principalmente ao nível de
proteína bruta que ela possui, sendo de 35% nas folhas jovens e 14 a 17% nas folhas mais
hastes e vargens (OLIVEIRA 2000). Segundo SILVA (1992), a composição química
encontrada na leucena demonstra ser esta espécie um suplemento forrageiro de alta
qualidade para as regiões semi-áridas. Seu valor nutritivo é comparável ao da alfafa por
possuir entre 27 a 34% de proteína de alto valor nutricional, devido ao adequado
balanceamento dos aminoácidos o que pode ser visto no quadro 1 (KLUTHCOUSKI 1982;
MITIDIERI 1988; VEIGA & NETO 1992; SILVA 1992). SÁ (1997) encontrou valores de
proteína bruta de 25% na fração folha e 17% na fração folha mais hastes de até meio
centímetro de diâmetro.
RAMOS et al. (1997), concordando com SÁ(1997) e OLIVEIRA(2000), afirma que
a qualidade da forragem depende muito da proporção entre folhas e caule(hastes), uma vez
que a primeira apresenta um percentual de proteína três vezes maior que a encontrada no
caule, mesmo aqueles com diâmetro menor que 6mm, como mostra a tabela abaixo.
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Quadro 1. Composição comparativa da farinha de folhas de leucena e de farinha de
folhas de alfafa.
Componente Unidade Folhas de
Leucena
Folhas de Alfafa
Total de cinzas % 11,0 16,6
Total de N % 4,2 4,3
Proteína bruta % 25,9 26,9
Fibra
modificada/detergente
ácido
% 20,4 21,7
Cálcio % 2,36 3,15
Fósforo % 0,23 0,36
β-Caroteno (mg/Kg) 536,0 253,0
Energia bruta (kJ/g) 20,1 18,5
Taninos (mg/g) 10,15 0,13
Aminoácidos (mg/gN)
Arginina 294 357
Cistina 88 77
Histidina 125 139
Isoleucina 563 290
Leucina 469 494
Lisina 313 368
Metionina 100 96
Metionina + Cistina 188 173
Fenilalanina 294 307
Treonina 231 290
Tirosina 263 232
Valina 338 356
Fonte: National Academy of Sciences, 1977.
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Tabela 1. Teores de fibra bruta (FB), proteína bruta (PB), cálcio (Ca) e fósforo (P)
na parte aérea da leucena var. Cunningham, com base na matéria seca.
Parte da
Planta
FB% PB% P% Ca%
Caule1 45,61 7,65 0,31 7,3
Folhas 10,99 23,00 0,27 0,21
1Diâmetro menor que 06mm.
Fonte: Ramos et Al, 1997.
Os teores de fósforo e cálcio da leucena estão acima das necessidades nutricionais do
rebanho, alem disso é uma excelente fonte de caroteno, característica valiosa,
especialmente durante a estação seca, quando há carência dessa provitamina nas
pastagens de gramíneas (VEIGA & NETO 1992). KLUTHCOUSKI (1982), concorda e afirma
ser a leucena rica fonte de outras vitaminas.
Outra qualidade nutricional da leucena segundo JONES (1979), é a presença de
quantidades importantes de tanino, este fator estaria relacionado ao fato de não se
observar timpanismo em animais que a consomem, como se observa com os que pastejam
alfafa.
De acordo com TEIXEIRA(1992), o tanino interage com as proteínas solúveis
liberadas pela maceração da forragem, inibindo assim a formação de espumas e gases.
Ainda segundo JONES, esta substância também pode desempenhar papel importante na
proteção de proteína contra a degradação ruminal, fazendo com que esta seja mais
assimilada no intestino delgado. TEIXEIRA(1992), afirma que esta resistência à degradação
bacteriana no rúmen deve-se a ligação do tanino a proteína. Quando este complexo
“tanino-proteína” chega ao abomaso, poderá ocorrer a dissociação do mesmo(pelas
condições de ph ou ação de pepsina), ficando a proteína sujeita a ação das enzimas do
quimo intestinal. O teor de fibra bruta nas folhas é de 13%, sendo inferior ao da alfafa que
é de 31%(KLUTHCOUSKI 1982 e RAMOS et al. 1997).
7
SILVA (1992) entre os anos de 1984 e 1987 avaliou oito cultivares de leucena quanto
a digestibilidade “in vitro” e composição de macro e microminerais. As cultivares mais
utilizadas para pastejo, Cunningham, Peru e K-8, apresentaram valores de digestibilidade
para a fração comestível (folhas e ramos com até seis mm de diâmetro) de 56,39%,
53,09% e 55,54%, respectivamente (tabela 2). JONES (1979) encontrou valores de
digestibilidade de 71% da matéria seca em caprinos alimentados só com leucena. O feno de
leucena possui alto potencial de degradação ruminal da proteína, podendo ser usado como
suplemento protéico na alimentação de caprinos na região semi-árida do Nordeste
(VASCONCELOS et al, 1997).
Quanto à composição mineral da leucena, SILVA (1992) conclui que pode não haver
deficiência de macro e microminerais em animais que pastejam satisfatoriamente, o que é
corrobado pôr RAMOS et al. (1997). Os resultados são mostrados nas tabelas 3 e 4.
Tabela 2. Dados de altura das plantas e digestibilidade “in vitro” de algumas
cultivares de leucena avaliadas no BAG/CPATSA.
Altura Digestibilidade “in
vitro”
Cultivar
Código
acesso
no SPCA 1o
Ano
2o
Ano
� F. Comestível F.
Lenhosa
K8 1,60 1,91 1,75 55,54 44,42
Cunningham 1,70 1,99 1,84 56,39 43,59
Peru 1,61 1,74 1,67 53,09 42,36
CPATSA
83470
1,52 1,44 1,48 56,18 45,82
CPATSA
83443
BRA-
001422
1,51 1,61 1,56 53,83 46,86
CPATSA
82382
BRA-
001864
1,15 1,22 1,18 56,94 44,37
CPATSA
83444
BRA-
001414
2,05 2,35 2,20 51,32 43,16
CPATSA
83405
1,14 --- --- 50,88 43,19
Fonte: SILVA, 1992.
8
Tabela 3. Teores de macronutrientes (%) encontrados na fração comestível das
cultivares de leucena.
Elemento K8 Cunningham Peru CPATSA
83470
CPATSA
83443
CPATSA
82382
CPATSA
83444
CPATSA
83405
P 0,125 0,136 0,121 0,142 0,177 0,164 0,143 0,150
N 4,38 4,64 4,19 4,40 4,33 4,47 4,28 4,38
K 1,57 1,77 1,74 1,85 1,89 1,89 1,65 1,94
Ca 1,22 1,42 1,40 1,22 0,99 1,00 1,40 1,25
Mg 0,46 0,48 0,47 0,40 0,41 0,41 0,45 0,41
Fonte: SILVA, 1992.
Tabela 4. Teores de micronutrientes (ppm) encontrados na fração comestível das
cultivares de leucena.
Elemento K8 Cunningham Peru CPATSA
83470
CPATSA
83443
CPATSA
82382
CPATSA
83444
CPATSA
83405
Na 40 51 39 30 34 33 33 37
Cu 22 28 27 22 14 17 22 17
Mn 135 107 113 135 113 112 75 90
Zn 22 27 26 22 21 23 23 23
Fé 138 130 151 130 123 133 141 159
Fonte: SILVA, 1992.
2.1.2-Valor Alimentar.
As folhas da leucena alem de serem constituídas de alto teor de proteína de boa
qualidade, são altamente palatáveis e tanto as mesmas, como seus ramos, flores, vagens e
sementes prestam-se à alimentação animal (XAVIER 1989; VEIGA & NETO 1992 ; RAMOS
et al. 1997), podendo ser consumida fresca, fenada ou ensilada, tanto jovens quanto
maduras (SALVIANO 1983), sendo muito apreciada pelos caprinos (RAMOS et al. 1999b).
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GURGEL et al. (1992) alimentando cordeiros em confinamento, com feno de leucena
(controlado) mais capim elefante (à vontade), observou que à medida que se aumentava a
quantidade de feno na dieta dos animais (250g;350g;450g e 550g), havia um decréscimo
no consumo do capim, enquanto que aumentava o consumo de matéria seca total. Segundo
os autores, os animais mostraram clara preferência pelo feno de leucena,
comparativamente ao capim elefante, o que pode ser explicado, em parte, pelo maior
conteúdo de proteína bruta e menor teor de fibra do primeiro em relação ao segundo
(Tabela 5).
Tabela 5. Composição químico-bromatológica do feno de leucena e do capim-elefante.
% na matéria seca Alimentos
MS(%)
PB EE FB ENN RM
ED
(Mcal/Kg MS)
Feno de leucena 89,30 20,16 3,36 20,27 49,94 6,27 2,48a
Capim-elefante 18,84 4,78 2,72 26,63 50,98 14,89 2,16b
Fonte: Gurgel et al(1992)
a- Costa(1989)
b- Valor extraído de National Research Council(1975)
O feno de leucena, por ser uma forragem de alta palatabilidade, quando associado
com forragens de baixo valor nutritivo, como a palha de espiga de milho, promove sensível
aumento de consumo de matéria seca e aumento da digestibilidade aparente das dietas
(COSTA et al. 1990).
2.1.3- Princípio Tóxico.
A leucena possui um principio tóxico que pode causar alterações nos animais que a
ingerem em excesso, trata-se da mimosina (PUPO 1979). Segundo Jones (1979) todas as
partes da planta contem este aminoácido tóxico, podendo alcançar um nível de 12% na
matéria seca, especialmente nas folhas, vagens e sementes. Esta intoxicação segundo
(MITIDIERI, 1988), é decorrente da produção do 3,4 dihidroxi-piridina (DHP), que é um
metabólito da degradação da mimosina por bactérias do rúmen. O DHP circulante interfere
no metabolismo do iodo, impedindo que a tiroxina seja sintetizada, o que leva a redução
dos níveis séricos desta e ao bócio (JONES 1979).
10
Segundo SÁ (1997) o sintoma mais comum desta intoxicação é a queda de pelo da
cabeça e na inserção da cauda, observa-se também salivação excessiva, redução da taxa
de crescimento e falta de apetite.
Esta intoxicação só ocorre quando a leucena é ministrada como alimentação exclusiva
ou em excesso na dieta animal (JONES 1979 ; RAMOS et al. 1997). Desta forma a toxidez
pode ser evitada usando-se a leucena em pastejo controlado por cerca de duas horas ao
dia, ou não permitindo que seu fornecimento ultrapasse 30% do total ingerido pelo
animal/MS/dia (SÁ 1996). Segundo VEIGA (1992), os ovinos são menos tolerantes a
mimosina que bovinos e caprinos.
NETO & VELLOSO (1986), alimentando ovinos exclusivamente com feno de leucena,
observaram acentuada queda de lã dez dias após o inicio do consumo e deslanamento total
por volta do volta do décimo quarto dia. Entretanto, quando os mesmos animais foram
alimentados com uma dieta contendo feno de leucena (30% e 60%) associado a feno de
Capim-Rhodes (70% e 40%), não foram observados sinais de intoxicação.
2.1.4-Produção de Forragem.
A leucena é uma planta forrageira que produz grandes quantidades de ramos, folhas,
flores, vagens e sementes, todos alimentos de boa qualidade. Sua produtividade vai
depender principalmente da variedade cultivada, clima, fertilidade do solo, espaçamento e
intensidade de uso (VEIGA & NETO 1992 ; RAMOS et al 1997).
Segundo SALVIANO (1983), as variedades Cunningham e Peru em Petrolina (PE),
tem apresentado produtividade em torno de 8T de matéria seca (MS/ha/ano). Na região do
Cerrado, a produtividade eleva-se para 11T de MS/ha/ano, e em condições mais úmidas já
se conseguiram até 20T de MS/ha/ano. Estes resultados são corrobados por SILVA (1992) e
COSTA et al.(1997).
SILVA (1992), avaliando o desempenho de oito cultivares de leucena no Centro
Nacional de Pesquisa do Semi-Árido, localizado no município de Petrolina (PE), obteve
produção de 9,2T; 8,4T e 7,1t/ha no ano de 1985 para a fração comestível para os
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cultivares CPATSA 83444, Cunningham e Peru, respectivamente (Tabela 6). Os dados
indicam que a menor produção foi de 2,6T/MS/ha, para a variedade CPATSA, sendo a
precipitação neste ano 756mm.
Tabela 6. Produção de matéria seca (Kg/ha/ano) de algumas cultivares de leucena
avaliadas no BAG/CPATSA, em 02 anos.
Fração Comestível Fração Lenhosa Cultivares Código
acesso
no
SCPA
1985 1986 � 1985 1986 �
K8 ---- 5.981 3.543 4.762 2.531 2.070 2.300
Cunningham ---- 8.427 4.430 6.428 4.886 3.848 4.367
Peru ---- 7.151 4.394 5.771 3.140 2.860 3.000
CPATSA
83470
---- 5.646 1.022 3.334 1.912 891 1.401
CPATSA
83443
BRA-
001422
3.622 1.310 2.466 1.702 574 1.138
CPATSA
82382
BRA-
001864
2.961 479 1.720 706 357 528
CPATSA
83444
BRA-
001414
9.269 4.818 7.043 5.911 3.961 4.936
CPATSA
83405
---- 2.622 ---- 1.311 778 ---- 389
� ---- 5.710 2.499 ---- 2.695 1.819 ----
Fonte: SILVA, 1992.
Já COSTA et al (1997), avaliando o desempenho de quatro cultivares quanto à
produção de matéria seca e proteína bruta, no cerrado de Rondônia, onde a precipitação
anual é em torno de 2000mm, obteve uma produção de 15,8T de MS/ha/ano de fração
comestível para a cultivar Cunningham. No ensaio este mesmo cultivar foi o que apresentou
maior produção de proteína bruta.
12
COSTA et al. (1998b), avaliou os efeitos da freqüência (42, 56,70 e 84 dias) e altura
de sobre o rendimento de matéria seca, obtendo os melhores resultados com cortes a cada
70 ou 84 dias e a cada 50 ou 80cm de altura do solo (Quadro 2).
Quadro 2. Rendimento de matéria seca comestível (MSC), teores de proteína
bruta (PB), fósforo, potássio, cálcio e magnésio da leucena, em função
da freqüência e altura de corte.
Freqüência
(dias)
Altura
de
corte
(cm)
MSC
(t/há)
PB (
%)
P
(g/Kg)
K
(g/Kg)
Ca
(g/Kg)
Mg
(g/Kg)
42
30
50
80
17,22
23,87
26,60
19,99
22,05
23,57
1,91
1,89
1,95
18,54
19,36
17,55
7,49
7,11
6,88
4,33
3,79
5,02
56 30
50
80
21,31
28,78
28,49
19,26
20,06
21,70
1,87
1,76
1,80
20,08
18,99
19,10
8,09
7,68
8,59
4,38
3,97
4,06
70 30
50
80
24,74
35,92
33,26
17,34
18,17
18,81
1,81
1,93
1,97
18,76
19,00
20,01
8,33
8,20
8,56
3,81
3,90
4,14
84 30
50
80
25,11
37,05
34,10
17,61
17,72
18,30
2,06
2,10
2,17
17,99
19,32
18,55
9,87
9,23
9,48
4,59
3,86
4,77
Fonte: COSTA et al, 1998.
LOPES et al.(1998), avaliando a composição química da leucena submetida a dois
espaçamentos (1,0 x 1,0 e 1,0 x 0,5), constatou não ter diferença significativa no teor de
proteína bruta entre os mesmos.
13
2.2-Implantação.
2.2.1-Correção do solo.
Este procedimento deve basear-se em prévia analise de solo, sendo que a quantidade
de calcário deve ser suficiente para elevar a saturação de bases para 45 a 50% ( USO
1996).
2.2.2-Adubação de Plantio.
As adubações fosfatadas e potassicas também devem ser baseadas em analise de
solo. O teor de fósforo recomendado é de 10ppm em se tratando de solos argilosos e
18ppm em solos arenosos. O adubo deve ser aplicado por ocasião do plantio, sendo metade
da dose a lanço e incorporada ao solo e a outra metade aplicada no sulco ou cova de
plantio. A adubação potassica é feita se o teor desse elemento no solo for inferior a 40ppm.
A aplicação deve ser preferencialmente parcelada, sendo 1/3 da dose no sulco ou cova de
plantio e os 2/3 restantes em cobertura, de 30 a 50 dias após a germinação (USO 1996).
2.2.3- Preparo das Sementes e Mudas.
O plantio pode ser feito por mudas ou sementes, o primeiro tem a vantagem de
proporcionar um estabelecimento mais rápido. Considerando-se sementes de boa
qualidade, onde 1Kg contem em média 15mil sementes, são necessários: 13Kg/ha com 1m
entre as linhas; 9Kg/ha com 1,5m entre as linhas e 6,5Kg/ha com 2m entre as linhas (SÁ
1997).
As sementes desta leguminosa apresentam naturalmente percentuais baixos de
germinação, geralmente inferiores a 50%. Esta dormência é explicada pela rigidez da casca
ou tegumento que impede a entrada de água (KLUTHCOUSKI 1982 ; RAMOS et al. 1997). A
escarificação é o processo utilizado com o objetivo de provocar pequenas ranhuras na casca
das sementes, permitindo desta forma a entrada de água e conseqüentemente elevando os
percentuais de germinação. Os métodos mais usados para quebra da dormência são:
escarificação em soda caustica a 20%; imersão em água quente (80ºC); escarificação com
ácido sulfúrico forte (98º); tratamento com água a temperatura ambiente e escarificação
com lixa. TELES et al. (1997) avaliando três dos métodos citados acima, obteve maiores
14
percentuais de germinação com imersão em água a 80ºC por cinco a 10minutos e em ácido
sulfúrico 98º por 10, 15 e 20 minutos. As sementes não tratadas apresentaram taxa de
germinação de 32,7%, como mostra o quadro 3.
Quadro 3. Efeito de métodos para quebra da dormência sobre a qualidade de sementes
e desenvolvimento de mudas de leucena (Leucaena leucocephala (Lam) De
Wit.).
Tratamentos Germinação
(%)
IVE1 Altura
de
plantas
(cm)1
Número
de
folhas/
planta1
Comprimento
de raiz
(cm)1
Matéria
seca
(%)1
T1- Sem
escarificação
32,7 e
1,46 c 37,90a 11,81ª 26,53ª 26,01ª
T2- Água a 80 ºC
por 5 minutos
94,7ab 6,9ª 38,60ª 12,67ª 25,63ª 26,19ª
T3- Água a 80 ºC
por 10 minutos
83,3abc
---
---
---
---
---
T4- Água a 80 ºC
por 15 minutos
63,3d
---
---
---
---
---
T5- Água a 80 ºC
por 80 minutos
36,7e
---
---
---
---
---
T6- H2S04 98 ºC
por 5 minutos
82,0bc
---
---
---
---
---
T7- H2S04 98 ºC
por 10 minutos
88,0ab
---
---
---
---
---
T8- H2S04 98 ºC
por 15 minutos
96,6ab
---
---
---
---
---
T9- H2S04 98 ºC
por 20 minutos
97,3ª 7,23ª 43,50ª 12,40ª
26,11ª 28,55ª
T10- Escarificação
com lixa
70,7cd 4,14b 41,62ª 12,69ª 25,24ª 28,39ª
Fonte: Telles, 1997.
15
Outro método que pode ser usado é a inoculação das sementes com rizóbio específico
para a leucena. Este tratamento permite intensificar o desenvolvimento de nódulos em seu
sistema radicular e conseqüentemente das bactérias que ai se desenvolvem em simbiose
(VEIGA & NETO 1992). Este processo proporcionará uma maior fixação de nitrogênio
atmosférico, este será usado pelas plantas, aumentando-lhes a produção de forragem e o
nível protéico da mesma (SÁ 1997). A inoculação é uma pratica simples, que consiste em
dissolver o inoculante em água e misturar com as sementes já escarificadas, até que se
forme uma película ao redor das mesmas e em seguida deixa-las secar a sombra.
Recomenda-se 20gr do inoculante por Kg de semente, o plantio deve ser feito
imediatamente após a inoculação (RAMOS et al. 1999b).
2.2.4- Época e Espaçamento.
De acordo com KLUTHCOUSKI (1982) e SÁ (1997), o plantio deve ser feito no inicio
da estação chuvosa, o que proporciona um desenvolvimento mais rápido, podendo atingir
em seis meses a condição de pastejo. O espaçamento depende exclusivamente do tipo de
exploração desejado. Para implantação de campo de produção de forragem, pede plantios
densos com distancia pequena entre as fileiras, proporcionando maximo rendimento por
área e permite manter as hastes mais finas o que garante uma forragem de melhor
qualidade. Recomenda-se neste caso distancia de um a dois metros entre as fileiras e cinco
a dez cm entre as plantas (SALVIANO 1983; SÁ 1997).
Para a formação de pastagens consorciadas, recomenda-se espaçamento de dois a
cinco metros entre as fileiras entre as quais será plantada a gramínea, este espaço permite
que estas últimas desenvolvam-se satisfatoriamente (KLUTHCOUSKI 1982).
VEIGA & NETO (1992) recomendam para uso em banco de proteína, a distancia de
um a dois metros entre as linhas ou sulcos e de 30 a 50 cm entre as plantas.
Segundo PUPO (1979) como a leucena apresenta um crescimento inicial lento,
principalmente na primeira fase depois da germinação das sementes, é aconselhável evitar
“competições” (capins e invasoras) até que a mesma atinja de 60 a 90 cm de altura. De
acordo com SEIFERT & THIAGO (1983), como esta leguminosa é bastante perseguida por
16
formigas, cupins, lagartas e herbívoros silvestres, a fase que decorre entre a semeadura e
os primeiros 90 dias é bastante delicada, exigindo freqüentes replantes.
2.3- Formas de Utilização.
A leucena pode ser usada na alimentação animal de diversas formas: em pastejo
direto, sob a forma de banco de proteína ou consorciada com gramínea; ou fornecida no
cocho fresca, sob a forma de feno ou de silagem (RAMOS et al. 1997). Esta leguminosa
exige um manejo cuidadoso, pois, por ser altamente palatável e conseqüentemente bem
aceita pelos ruminantes, e seu consumo em excesso pode levar a um super pastejo
(pastejo direto) o que pode prejudicar o rebrote da planta e ainda provocar intoxicação nos
animais (SÁ 1997).
Quando usada com a finalidade de pastejo direto recomenda-se mantê-la a 1,5m de
altura, o que é conseguido através de podas sistêmicas dos “ponteiros” (pontos de
crescimento), tornando-a perfeitamente acessível a todas as categorias animais (PUPO
1979).
Segundo RAMOS et al. (1997), em se tratando de caprinos o controle deve ser
cuidadoso e rigoroso, pois, após consumir as folhas e ramos finos, esses animais roem a
casca da leucena o que pode levar a morte da planta.
2.3.1-Banco de Proteína.
Consiste em uma área implantada exclusivamente com uma planta forrageira de alto
teor protéico, a qual os animais têm acesso controlado. A forma de acesso dependerá do
manejo da propriedade, podendo ser: por cerca de duas horas ao dia; por três a quatro dias
por semana ou em dias alternados (SÁ 1997; RAMOS et al. 1997). SEIFERT & THIAGO
(1983), recomendam que a leguminosa ocupe de 20 30% da área de pastagem, desta
forma o banco de proteína cobrirá as necessidades de suplementação no período seco.
Segundo SALVIANO (1983), o uso do banco de proteína no período seco, fornece ao animal
proteína suficiente para contrabalancear o baixo nível protéico da pastagem.
17
2.3.2-Consorciação com Gramínea.
Consiste em plantar a leucena em linhas únicas ou faixas de linhas, entre as quais
será plantada a gramínea. Devido ao crescimento inicial da leucena ser lento, a gramínea
deverá ser semeada um ano após o plantio da mesma, evitando assim competição entre
ambas (RAMOS et al. 1997). Segundo VEIGA & NETO (1992) esta pratica proporciona
elevar o nível nutricional dos animais em pastejo, o que resulta em aumento de
produtividade.
Segundo COSTA et al. (1998a), o diferimento de pastagem de leucena no final do
período chuvoso, proporciona um bom acumulo de forragem para suplementar o rebanho
no período seco.
2.3.3- Fornecimento no Cocho.
De acordo com RAMOS et al. (1997) , o primeiro corte é feito de 12 a 18 meses após
o estabelecimento. Daí em diante, poderão ser feitos cortes a cada 60 dias na estação
chuvosa e um corte no período seco, a uma altura de 40 a 60 cm do solo.
COSTA et al. (1998b) encontrou maior rendimento de matéria seca com cortes
realizados a 50 ou 80 cm do solo e a cada 70 ou 84 dias. A melhor época para se realizar o
corte é ao inicio do florescimento, quando a quantidade de folhas e o valor nutritivo são
elevados, como mostra a tabela 7.
Tabela 7. Produção de forragem e percentagem dos componentes da leucena.
Componentes (% da MS) Época dos
cortes
Altura das
plantas
(cm)
Rendimento
(Kg/MS/ha) Folha Caule1 Infloresc.
Janeiro/95 278 4.190 68,4 31,6 0,0
Março/95 216 3.030 47,8 48,7 3,4
1 Diâmetro menor que 6mm.
Fonte: RAMOS et al, 1997.
18
Para a confecção do feno, após feito o corte, o material deve ser triturado em
maquina forrageira e em seguida espalhado em chão acimentado, coberto por plástico ou
terreiro batido, para secar ao sol. O material deve ser revirado cerca de quatro vezes ao
dia, durante os dois dias de exposição. O feno deve então ser armazenado em local seco e
ventilado, neste caso, o teor de proteína é de 14 a 17%. Pode-se também, depois de feito o
corte, colocar os ramos para secar sem tritura-los. Decorridos os dois dias de desidratação,
os galhos são batidos para separa-los das folhas, estas então são recolhidas e ensacadas.
Este feno somente de folhas alcança um valor de 24 a 27% de proteína bruta (OLIVEIRA
2000).
O material após ser triturado pode ser servido fresco aos animais ou pode ser
ensilado. Pode-se ensilar a leucena com capim elefante, cana ou outra gramínea na
proporção de 1:1 ou 1:2(RAMOS et al. 1999a). A leucena também pode ser ensilada
sozinha, neste caso o teor médio de proteína é de 25%, com 60% de digestibilidade
(OLIVEIRA 2000).
2.4-Produção Animal.
De acordo com ANDRIGUETTO et al (1986), os animais devem receber durante toda
a vida uma quantidade mínima diária de proteína, para atender suas necessidades de
crescimento, recuperação de tecidos, gestação ou produção.
SOUZA & ESPINOLA (1999) no município de Pentecoste-CE, usando borregos da raça
Morada Nova, compararam o efeito da suplementação com feno de leucena e com guandu,
em pastagem consorciada, sobre o desenvolvimento ponderal dos animais durante a seca.
Os resultados mostraram que a suplementação com leucena foi capaz de melhorar
significadamente a taxa de crescimento dos animais neste período. Por outro lado os
borregos que não receberam suplementação ou foram suplementados com guandu, não
tiveram desempenho satisfatório (Tabela 8). Ainda segundo os autores, os animais
suplementados durante a estação seca devem estar prontos para o abate ao final da
mesma, pois, a vantagem obtida com a suplementação tende a ser anulada caso os animais
sejam mantidos em regime de pasto na estação das águas seguinte.
19
Tabela 8. Ganho de peso médio diário dos borregos na estação seca, na estação
das águas e nas duas estações em conjunto.
Ganho de Peso diário (g) Tratamento
Estação Seca Estação das Águas Duas
Estações
A- Capim-Buffel 21.40b 65,1a 39,6a
B- Capim Buffel +
Guandu
8,80b 65,3a 32,3a
C- Capim Buffel +
250g de Leucena
31,70ab 57,1a 42,3a
D- Capim Buffel +
500g de Leucena
59,60a 15,1b 41,1a
Médias, na coluna, seguidas de letras diferentes são diferentes (p<0,05) pelo teste Tukey.
Fonte: SOUZA & ESPÍNDOLA, 1999.
GURGEL et al (1992), no município de Quixadá-CE, avaliaram o uso do feno de
leucena no crescimento de carneiros confinados. Os animais foram divididos em quatro
grupos de acordo com os tratamentos (A,B,C e D). As dietas eram constituídas de Capim-
elefante à vontade e feno de leucena nas seguintes quantidades: tratamento A, 250g
(32,2%); B, 350g (42,3%); C, 450g (50,6%) e D, 550g (59,0%). Os autores observaram
que o aumento do percentual de feno de leucena na dieta resultou em diminuição no
consumo de capim elefante, entretanto, houve aumento do consumo de matéria seca total
(Tabela 9). No entanto, no que diz respeito ao ganho de peso diário, não houve diferença
significativa (Tabela 10), o que segundo os autores, pode ser explicado pelo baixo consumo
de energia.
20
Tabela 9. Consumo médio diário de matéria seca, em Kg por animal e em Kg
por 100Kg de peso vivo.
TRATAMENTO ALIMENTO
A B C D
Feno de leucena
Capim-elefante
Total
Consumo
0,223
(32,2)
0,470a
(67,8)
0,693c
de matéria
seca
0,311 (42,3)
0,427b
(57,7)
0,738b
(Kg/dia/animal)
0,394 (50,6)
0,385c (49,4)
0,779a
0,478 (59,0)
0,332d
(41,0)
0,810a
Feno de leucena
Capim-elefante
Total
Consumo
1,2
2,7a
3,9c
de matéria
seca
1,7
2,4b
4,1b
( Kg/dia/100Kg
2,3
2,2c
4,5a
de peso vivo)
2,7
1,9d
4,6a
Médias na mesma linha seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente em nível de
5% pelo teste de Tukey.
*Número entre parênteses indica as percentagens de capim-elefante e feno de leucena nas
respectivas dietas.
Fonte: GURGEL et al, 1992.
21
Tabela 10. Consumo diário de matéria seca, ganho de peso diário, ganho de
peso total, conversão alimentar e rendimento de carcaça.
Tratamentos Consumo
de
MS(g)
Ganho/dia
(g)
Ganho
total
(Kg)
Conversão
alimentar
Rendimento
de carcaça
A 693c 31,60a 3,54a 23,64a 38,3a
B 738b 34,19a 3,83a 22,30a 39,6a
C 779a 28,75a 3,22a 29,46a 38,4a
D 810a 27,41a 3,07a 30,76a 39,0a
Fonte: Gurgel et al(1992)
Médias na mesma coluna seguidas de letras diferentes diferem estatisticamente.
JUNIOR et al. (1999), em Fortaleza-CE, realizaram um experimento visando avaliar o
efeito da inclusão do feno de leucena sobre a digestibilidade e balanço de nitrogênio em
dietas à base de cana-de-açúcar desidratada em ovinos. Os resultados mostraram que a
inclusão do feno de leucena nas dietas proporcionou uma diminuição do teor de fibra bruta
e aumento do teor de proteína, o que resultou em aumento da digestibilidade de matéria
seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e celulose (Tabela 11). Também houve
maior retenção de nitrogênio, com conseqüente aumento de disponibilidade da amônia
ruminal (Tabela 12).
22
Tabela 11–Coeficiente de digestibilidade aparente dos constituintes das dietas.
Nível do feno de leucena(%) Constituintes
0 10 20 30 40
CV*(%)
Matéria seca
49,37b
51,66ab
52,32ab
52,65ab
55,16a
3,26
Matéria
orgânica
52,10 53,22 53,90 54,36 55,46 3,15
Proteína bruta
61,33b
60,63b
60,83b
62,11ab
64,15a
1,50
Fibra em
detergente
neutro
40,88b
41,00ab
43,64ab
46,11ab
50,63a
2,30
Fibra em
detergente
ácido
36,72 37,71 37,44 36,98 36,64 5,90
Energia bruta 48,45 49,05 50,77 50,59 50,53 3,10
Celulose 47,08c 47,50c
51,07b
50,86b
55,45a
1,80
Fonte: Júnior et al (1999).
* Coeficiente de variação.
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma linha, diferem entre si estatisticamente.
23
Tabela 12. Balanço de nitrogênio diário de ovinos para as diferentes dietas.
Níveis do feno de leucena(%) Parâmetros (Diário)
O 10 20 30 40
CV(%)
Ingerido (g/Kg 0,75) 0,62b 0,56b 0,90ab 0,93ab 1,21a 17,5
Ingerido (g/dia) 0,21b 6,30b 10,66ab 11,30ab 14,87a 21,0
Perdido nas fezes(g/dia) 3,12b 3,27b 4,76ab 4,83ab 5,97a 19,3
Perdido na urina(g/dia) 3,19b 2,49b 4,72ab 4,34ab 5,45a 23,2
Retido(g/dia) 0,91b 0,64b 1,18ab 2,13ab 3,45a 52,0
Fonte: Júnior et al (1999).
* Coeficiente de variação.
Médias seguidas por letras diferentes, na mesma linha, diferem estatisticamente entre si.
SOUZA (1996), avaliou o uso da leucena e do guandu como banco de proteína para
borregos em pastagem de capim-Buffel (Cenchrus ciliaris) durante a estação seca, sob
diferentes taxas de lotação. Os resultados mostraram que a leucena elevou o valor
nutricional da pastagem, permitindo elevar a taxa de lotação de quatro para seis
borregos/ha sem diminuir a taxa de ganho de peso diário e aumentando significativamente
a produtividade por área. O guandu não se comportou como uma leguminosa adequada
para melhorar a qualidade da pastagem, em termos de produtividade dos animais. Os
resultados são mostrados nas tabelas 13 e 14.
Tabela 13. Ganho de peso médio diário dos borregos(g/animal/dia) nas três
associações, em três diferentes taxas de lotação.
Associação de pastagem Lotação(borregos/ha)
Buffel exclusivo Buffel+Guandu Buffel+Leucena
04 42,4aA 26,7aB 50,0aA
06 19,5bB 18,5bB 49,1aA
10 16,6bA 11,5bA 15,6bA
Fonte: Souza (1996).
24
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem entre si
estatisticamente.
Médias na mesma coluna seguida de letras minúscula diferente diferem entre si
estatisticamente.
Tabela 14. Ganho médio de peso dos borregos por unidade diária(Kg/ha) nas
três associações de pastagens, em três diferentes taxas de lotação,
durante 238 dias de pastejo.
Associação de pastagem Lotação
(borregos/ha) Buffel
exclusivo
Buffel+Guandu
Buffel+Leucena
04 40,4aA 25,6aB 47,6bA
06 27,6aB 27,0aB 70,2aA
10 39,0aA 27,0aA 38,0bA
Fonte: Souza (1996).
Médias na mesma linha seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem entre si
estatisticamente.
Médias na mesma coluna seguida de letras minúscula diferente diferem entre si
estatisticamente.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
De acordo com os dados da revisão de literatura, pode-se concluir que:
1- A leucena é uma leguminosa que se adapta bem a regiões tropicais, principalmente por
sua elevada resistência a seca, fruto do seu vigoroso e profundo sistema radicular.
2- Produz uma forragem de excelente qualidade, sendo fonte de: proteína, vitaminas e
minerais. Alem disso é altamente palatável, podendo ser consumida verde, fresca, fenada
ou ensilada, sendo muito apreciada por caprinos e ovinos.
25
3-Possui um principio tóxico, a mimosina, aminoácido presente em todas as partes da
planta. Este só provoca intoxicação quando consumido em excesso, assim sendo seu
consumo deve ser limitado a 30% da matéria seca/dia.
4- Apresenta boa produtividade de forragem, sendo esta influenciada por fatores climáticos
e características do solo. Os cultivares mais utilizados são o Cunningham e Peru.
5- Desenvolve-se bem nas seguintes condições: altitude abaixo de 500m; precipitação
entre 600 e 2000mm/anuais; temperatura entre 22 e 30ºC e em solos férteis e bem
drenados.
6- Propaga-se por mudas ou sementes, sendo que esta apresenta dormência natural. O
plantio principalmente em áreas de sequeiro deve ser feito preferencialmente por mudas,
por ser de estabelecimento mais rápido.
7- Possui a importante capacidade de fixar grandes quantidades de nitrogênio atmosférico,
devido à simbiose com bactérias do gênero Rhizobium.
8- Pode ser utilizada na alimentação animal em pastejo direto, sob a forma de banco de
proteína ou em consorciação com gramínea, ou fornecida no cocho, fresca, fenada ou
ensilada. Por proporcionar um melhor controle da quantidade ingerida, recomenda-se o uso
como banco de proteína ou fornecimento no cocho.
9- Os resultados experimentais mostram boa possibilidade de uso na suplementação de
ovinos durante a estação da seca, permitindo minimizar ou até zerar os efeitos nocivos
deste período sobre os mesmos.
10-São necessárias mais pesquisas, principalmente com caprinos, para melhor e mais
completa avaliação sobre o desempenho produtivo dos mesmos, quando suplementados
com leucena.
26
4.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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