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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
CURSO DE AGRONOMIA
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA NA COMUNIDADE
PRINCESA DO XINGU, ALTAMIRA – PA.
Leandro Ribeiro Morbach
Altamira – Pará – Brasil
2011
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA
FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÔMICA
CURSO DE AGRONOMIA
Leandro Ribeiro Morbach
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA NA COMUNIDADE
PRINCESA DO XINGU, ALTAMIRA – PA.
Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto
Orientador
Altamira – Pará
Setembro – 2011
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado à Faculdade de Engenharia
Agronômica da Universidade Federal do
Pará, Campus Universitário de Altamira,
como requisito obrigatório para a conclusão
do curso de Agronomia.
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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
UFPA – Campus de Altamira - Biblioteca
Morbach, Leandro Ribeiro
Avaliação de genótipos de mandioca na comunidade Princesa do
Xingu, Altamira-PA/ Leandro Ribeiro Morbach; orientador, Profº Drº
Sebastião Geraldo Augusto. — 2011.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade
Federal do Pará, Campus Universitário de Altamira, 2011
1.Mandioca – Avaliação.I.Título.
CDD: 633.682
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho, em especial aos meus pais
Arno Morbach e Ana Maria Ribeiro Morbach, por não
medirem esforços, a minha irmã Fernanda e meu irmão
Luciano pela confiança, pelo apoio que me deram em
todos os momentos e muita paciência e compreensão
comigo em toda minha vida.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por tudo que tem feito em minha vida, e que sem ele não
estava realizando mais esse trabalho.
Aos meus pais Arno Morbach e Ana Maria Ribeiro Morbach, por sempre
estarem presentes em minha vida e que foram imprescindíveis para a concretização
desse sonho.
Ao meu Orientador Prof. Dr. Sebastião Geraldo Augusto, pela orientação,
dedicação ao presente trabalho.
Ao Sr. Miguel Calvi e Srª Julita F. Calvi e seus filhos Miquéias, Bruno e Lucas
por permitirem a implantação do experimento em sua propriedade e pela ajuda e
dedicação na condução das atividades.
Aos professores da Faculdade de Engenharia Agronômica e aos demais
professores e funcionários do Campus Universitário de Altamira que de forma direta ou
indiretamente contribuíram para realização deste trabalho.
A Universidade Federal do Pará pelo o esforço em trazer o curso de engenharia
agronômica para o município de Altamira.
Aos pesquisadores Pedro Celestino Filho, João Tomé Farias Neto, Adelar
Hoffman e a todos os técnicos, operários rurais e funcionários que integram o Núcleo de
Apoio à Pesquisa e Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – NAPT Transamazônica/EMBRAPA - Amazônia Oriental, na Cidade de
Altamira, PA.
A minha irmã Fernanda e meu irmão Luciano que contribuíram diretamente para
a realização desse trabalho.
Ao meu cunhado Rodrigo por me ajudar e apoiar durante todo o curso de
agronomia.
Agradeço a Edna, pessoa muito importante e que contribuiu significativamente
para realização deste trabalho.
Ao Edilson e Cecy Merêncio, pessoas que me deram muita força para conclusão
desse curso.
Aos amigos da turma de agronomia 2006 e colegas de curso, em especial ao
Hugo Borges França (Babaçu) e Geraldo Moreira Miranda, Hélia, Carol, Edna, Andreia,
Paulo André e ainda Cassio.
v
SUMÁRIO
Pág.
1- INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1
2- REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 3
2.1- CLASIFICAÇÃO BOTÂNICA E ASPECTOS ECOFISIOLÓGICOS............... 3
2.2- IMPORTÂNCIA ECONOMICA......................................................................... 4
2.3- IMPORTÂNCIA NUTRICIONAL...................................................................... 6
2.4- IMPORTÂNCIA SOCIAL................................................................................... 6
2.5- SISTEMA DE CULTIVO.................................................................................... 7
2.6- PRINCIPAIS PRAGAS QUE ATACAM A MANDIOCA................................. 9
2.6.1- Percevejo de renda.......................................................................................... 9
2.6.2- Cochonilhas..................................................................................................... 10
2.6.3- Broca do caule................................................................................................. 11
2.6.4- Mandarová da mandioca................................................................................ 12
2.7- AVALIAÇÃO DE VARIEDADES..................................................................... 13
3- MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 14
3.1- LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO............... 14
3.2- ORIGEM DAS VARIEDADES E PREPARO DAS MANIVAS SEMENTES.. 14
3.3- INSTALAÇÃO DO EXPERIMENTO................................................................. 15
3.4- CARACTERIZAÇÕES AGRONÔMICAS......................................................... 18
3.5- ANALISE ESTATÍSTICA................................................................................... 18
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 19
4.1- CARACTERIZAÇÕES AGRONÔMICAS.......................................................... 19
4.2- ANALISE DA PRODUÇÃO DE RAIZES.......................................................... 23
5- CONCLUSÕES....................................................................................................... 27
6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 28
7- ANEXOS.................................................................................................................. 33
vi
LISTA DE FIGURAS
Pág
Figura 01. Produtividades médias de raízes de mandioca das variedades estudadas. 25
Figura 02.a. Seleção das manivas sementes para o plantio........................................ 33
Figura 02.b. Correção do solo com aplicação de calcário dolomítico........................ 33
Figura 03.a.. Sintoma de planta atacada por cochonilha branca................................. 33
Figura 03.b.. Sintoma de planta atacada por cochonilha branca................................. 33
Figura 04.a.. Ataque da broca do caule, em fase de pupa........................................... 33
Figura 04.b. Ataque da broca do caule, em fase de larva. ......................................... 33
Figura 05.a. Planta infectada com podridão radicular................................................ 34
Figura 05.b. Raiz com podridão radicular.................................................................. 34
Figura 06.a. Presença de mandarová no experimento................................................ 34
Figura 06.b. Vestígios da presença de mandarová...................................................... 34
LISTA DE QUADROS
Pág.
Quadro 01 - Identificação dos tratamentos e variedades utilizadas no experimento.. 17
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 01 – Altura média das plantas, percentagem de plantas tombadas e cor da
polpa da raiz das variedades estudadas...........................................................
20
Tabela 02 – Percentagem de plantas atacadas pela broca do caule, pela cochonilha
branca e pela podridão das raízes.....................................................
21
Tabela 03 – Resultado do teste de Scott – Knott para as médias de produtividade
de raízes (t.ha¹) obtidas com as variedades avaliadas..................
24
vii
AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MANDIOCA NA COMUNIDADE
PRINCESA DO XINGU, ALTAMIRA – PA.
RESUMO: A introdução de cultivares de mandioca em um determinado ecossistema e
a seleção das mais adaptadas é um procedimento simples e de baixo custo que deve ser
realizado devido à alta interação entre genótipo e ambiente, pois dificilmente uma
variedade se comportará de maneira semelhante em todas as regiões ecológicas. Assim,
este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar 30 variedades de mandioca na
comunidade Princesa do Xingu, município de Altamira-PA. O delineamento
experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 30 tratamentos e três
repetições. O espaçamento utilizado foi 1,0 x 1,0 m, com 25 plantas por parcela. Foi
utilizado 1, 0 t.ha-1
de calcário dolomítico e 30 g da fórmula 11:30:17 por planta. Foi
avaliada a produtividade média de raízes pelo teste Scott - Knott, a 5% de
probabilidade, além da caracterização agronômica quanto à incidência de pragas e
doenças, porte das plantas e cor da polpa da raiz. Dentre as variedades com maior
produtividade de raiz, destaque para a Inajá, Chico vara, Inha, Saracura, Jurará amarela,
Amolada, Kiriris e Bastiana, que produziram mais de 40,0 t.ha-1
de raízes. Com relação
à broca do caule, destaque para as variedades mais tolerantes Saracura, Tomázia e
Kiriris, e as mais susceptíveis Olho roxo, Santinha, Duquinha, Inajá e Pau velho. Com
relação à podridão das raízes, destaque para as variedades com maior percentual de
ataque, a Duquinha, Taxi vovó, Paulo velho e Jurará amarela.
Palavras-chave: Manihot esculenta. Produtividade. Raiz. Farinha.
1
1. INTRODUÇÃO
O Pará é o principal produtor de mandioca do Brasil. Em 2006, foram
produzidas no Estado 5.078.426 toneladas, em uma área plantada de 314.076 hectares, o
que corresponde a uma produtividade de 16,2 t/ha (IBGE, 2006).
No Estado do Pará, o cultivo da mandioca é realizado principalmente pelo
segmento dos agricultores familiares, com o objetivo de garantir a sua subsistência. Por
falta de acesso a informações e tecnologias, esses agricultores vêm utilizando, ao longo
do tempo, práticas de preparo de áreas itinerantes, via derruba e queima, principalmente
de mata primária e capoeiras. Além disso, utilizam as mesmas variedades no decorrer
do tempo. O baixo nível tecnológico aplicado contribui para a baixa produtividade.
Apesar de ser um dos principais produtores nacional, apresenta produtividade
muito baixa em relação ao potencial da cultura, além do que a produção no Estado é
essencialmente utilizada na dieta alimentar, na forma de farinha.
Diante deste cenário, a introdução de novas variedades e o desenvolvimento de
técnicas apropriadas ao cultivo de mandioca sob as condições edafoclimáticas de cada
mesorregião são desafios para melhorar a produtividade e a qualidade e fazer com que
seu cultivo deixe de ser apenas a manutenção de uma cultura centenária de subsistência
para se transformar em um excelente negócio, capaz de atender não apenas a demanda
local, mas, também, de outras regiões, além de gerar mercado de trabalho e melhoria da
qualidade de vida das pessoas que estão envolvidas com esta atividade.
A introdução e avaliação de novas variedades de mandioca permitem a
disponibilização de variedades adequadas a cada seguimento da cadeia produtiva, seja
para a fabricação de farinha, de fécula, de ração, ou outras utilizações. Com isso, criam-
se alternativas de mercado e de trabalho, além de fortalecer o desenvolvimento
socioeconômico da região.
SAGRILO et al. (2007) destaca que a introdução e avaliação de novos
genótipos, em novas áreas, constitui o método de melhoramento genético mais comum
para a seleção de novas cultivares de mandioca, além de ser o mais simples e de
menores custos. A avaliação regional de novas cultivares se faz necessária uma vez que,
no caso da mandioca, a interação genótipo e ambiente é muito pronunciada. Com a
utilização de materiais já testados em outras regiões, reduz-se o tempo médio para
obtenção de cultivares que atendam as necessidades especificas dos agricultores.
2
De acordo com Fukuda & Silva (2003), devido à alta interação entre genótipo
ambiente, dificilmente uma variedade se comportará de maneira semelhante em todas as
regiões ecológicas. Portanto, tornam-se necessárias a avaliações continuadas de
variedades introduzidas em comparação as locais, visando selecionar aquelas que
melhor se adaptam as condições edafoclimáticas de cada região e possibilitem melhores
rendimentos.
Esse trabalho teve como objetivo introduzir e avaliar a produtividade de raízes
de 30 variedades de mandioca e definir as melhores a serem cultivadas no Território da
Transamazônica e Xingu.
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2-REVISÃO DE LITERATURA
2.1 – CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E ASPECTOS ECOFISIOLÓGICOS
A mandioca é planta dicotiledônea, pertencente à família Euphorbiaceae e
gênero Manihot. O gênero compreende várias espécies, das quais se destaca do ponto de
vista econômico a Manihot esculenta Crantz, que apresenta elevada rusticidade, se
adapta a diversos tipos de solo e clima (ALMEIDA et al., 1993).
Trata-se de um arbusto perene, monóico, lactescente, ereto, alcançando cerca de
3m de altura, com coloração que varia do verde até tons avermelhados ou violáceos. A
raiz é fasciculada, tuberosa, amilácea, revestida de súber mais ou menos espesso. O
caule é quebradiço, com medula espessa e cicatrizes salientes, deixadas pela queda das
folhas. As folhas alternas, caducas, longo pecioladas, membranosas, profundamente
divididas em cinco a sete segmentos palmados, lanceolados, acuminados, com bordo
liso e estípulas caducas. Possui flores de sexos separados, bifurcação de ramos; as flores
masculinas são menores e mais numerosas e as femininas, em número de duas ou mais,
encontram-se na base da inflorescência (ALMEIDA et al., 1993).
A mandioca é originária da América do Sul, principalmente da região
Amazônica, tendo o Brasil como País de origem. No entanto, a África é de longe o
continente de maior produção, isto demonstra que esta cultura está difundida em
inúmeras regiões do planeta, pois apresenta ampla tolerância as condições adversas de
clima e solo. É cultivada em regiões de clima tropical e subtropical, com precipitação
anual variável de 600 a 1.200 mm (CEPLAC, 2007), bem como em regiões de clima
equatorial, com precipitação anual superior a 2.500 mm, caso que ocorre na Amazônia
brasileira.
A propagação através da semente é utilizada apenas em cultivos para fins
experimentais e de melhoramento genético. Para cultivos comerciais é utilizado como
propágulo vegetativo o caule da própria planta, obtido do terço médio da parte aérea. O
caule é cortado em pequenos seguimentos de 15 a 20 cm de comprimento com cinco a
sete gemas, denominados ―maniva‖ (MATOS & CARDOSO, 2003).
A mandioca pertence ao grupo de plantas cianogênicas por apresentarem
compostos ciânicos e enzimas distribuídas e concentrações variáveis nas diferentes
partes da planta. Pela ruptura da estrutura celular da raiz, as enzimas presentes
4
(linamarase), degradam estes compostos, liberando o acido cianídrico (HCN), que é o
principio toxico da mandioca e cuja ingestão ou mesmo inalação, representa sério
perigo a saúde, podendo ocorrer casos extremos de envenenamento. Considera-se que a
dose letal é de aproximadamente 10 mg de HCN por kg de peso vivo (CAGNON et al.,
2002).
De acordo com Cagnon et al. (2002), em relação ao teor de acido cianídrico na
raiz, as cultivares são classificadas em mansas, quando possuírem menos de 50 mg de
HCN/kg de raiz fresca sem casca; moderadamente venenosas, quando possuírem entre
50 a 100 mg de HCN/kg de raiz fresca sem casca; e bravas ou venenosas, acima de 100
mg HCN/kg de raiz fresca sem casca, sendo as cultivares mansas também conhecidas
como de mesa, aipim e macaxeira (CAGNON et al., 2002).
De acordo com Mattos & Cardoso (2003), A presença do HCN é constatada em
todas as partes do vegetal. As folhas detêm as maiores porcentagens. Na raiz, o córtex
ou casca grossa, encerra teores mais elevados que a polpa, podendo o córtex das raízes
de variedade ―mansa‖ encerrar dose porcentual mais elevada que a polpa das raízes de
variedades "bravas". As variedades de mandioca com elevados teores de HCN podem
ser utilizadas para fins industriais, devido o teor de HCN nas raízes ser liberado durante
o processamento, porém a cocção pode não eliminar todo o acido, razão pela qual a
mandioca "brava", ainda que cozida, pode ocasionar acidentes, o que não acontece com
os produtos da indústria que são submetidos a temperaturas mais elevadas e por mais
tempo. A secagem (pelo calor do sol ou de secadores) elimina o ácido por volatilização.
2.2 – IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
A produção de mandioca está localizada em áreas tropicais, razão pela qual está
ausente da relação de plantas cultivadas na maioria dos países industrializados. Os cinco
principais países produtores são por ordem de importância: Nigéria, Brasil, Tailândia
República Democrática do Congo e Indonésia (FAOSTAT, 2008).
Segundo Treche (1995), a mandioca é considerada a quarta cultura mais
importante do mundo, depois do arroz, trigo e do milho, por sua contribuição na
alimentação humana, além de ter grande valor econômico agregado devido às diversas
formas de aproveitamento. Da mandioca tudo pode ser aproveitado, porem o consumo
5
das raízes em âmbito mundial é muito mais expressivo, sendo que dentre os principais
subprodutos destacam-se a fécula e a farinha.
A mandioca em relação a outros cultivos apresenta uma série de vantagens,
tais como: fácil propagação, elevada tolerância à longa estiagem, rendimento
satisfatório mesmo em solos de baixa fertilidade, pouca exigência em insumos
agrícolas, potencial resistência ou tolerância a pragas e doenças, elevado teor de amido
nas raízes além da possível utilização desde a raiz até a folha. A mandioca é utilizada na
elaboração de produtos alimentícios humanos e de rações animais, utilizando da raiz a
parte aérea da planta (ramas e folhas) a fim de serem fornecidas aos animais ―in natura‖,
na forma de fatias, trituradas ou de farelos desidratados, como componente de ração na
criação de suínos, aves e bovinos (CEREDA, 2005).
Verifica-se recentemente melhoria da qualidade sensorial da farinha produzida
por grandes indústrias e ampliação das aplicações a partir da mandioca ou seus produtos
como: a fécula, as raspas, dextrinas, colas, indústrias de papel, papelão e tecidos, a
produção de glicose, álcool e acetona, entre outros. Com a evolução dos hábitos
alimentares, as necessidades industriais e as exigências de mercado, a abertura e a busca
de mercado, novos usos vão surgindo (FOLEGATTI et al., 2005).
Apesar de o Brasil ser o maior produtor da América Latina, o rendimento da
cultura não se configura como o maior do continente, de forma que a produtividade
brasileira é inferior à produtividade obtida no Paraguai. Segundo Cock (1979), a
mandiocultura pode apresentar um potencial produtivo de 90 t/ha, porém, a média
brasileira é de apenas 14 t/ha (FAO, 2007).
Na distribuição da produção pelas diferentes regiões do Brasil, as Regiões
Nordeste e Norte se sobressaem em relação às demais, com participação de 46% e 25%
respectivamente. A Região Sul participa com 17%, o Sudeste com 7% e o Centro-Oeste
com 4% (IBRE/FGV, 2005 citado por FURLANETO, 2006). Nas Regiões Sul e Sudeste
a maior parte da produção é orientada para a indústria, principalmente nos Estados do
Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
Segundo DINIZ et al. (2004), a atividade mandioqueira proporciona receita
bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares a economia mundial, e uma
contribuição tributária de 150 milhões de reais ao Brasil. A produção destinada à
fabricação de farinha e fécula gera, respectivamente, uma receita anual bruta
equivalente a 600 milhões e 150 milhões de reais ao país, demonstrando que a cultura
apresenta contribuição significativa para o Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro.
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2.3 – IMPORTANCIA NUTRICIONAL
De acordo com Mattos & Cardoso (2003), a planta da mandioca pode ser usada
integralmente na alimentação de várias espécies de animais domésticos como bovinos,
bubalinos, aves e suínos. As raízes são fontes de carboidratos e a parte aérea além de
carboidratos também fornece proteínas, principalmente, nas folhas. Para a alimentação
animal o teor de ácido cianídrico deve ser baixo, tanto nas folhas como nas raízes, para
evitar intoxicação dos animais. Quando forem usadas variedades bravas na alimentação
animal, essas devem ser ministradas em forma de raspas desidratadas ou silagem.
Segundo Sousa & Fialho (2007), as raízes representam importante fonte
alimentícia, ricas em calorias e carboidratos, podendo ser destinadas ao consumo
humano e animal e além de possuir diversas formas de processamento, tais como: raiz
cozida, farinha, tucupi, amido, colas, papel, papelão, tecidos, produção de álcool e
acetona, etc.
O tipo de processamento pode levar a alteração de alguns nutrientes, porém, a
raiz da mandioca, segundo CORREA et al. (2005), pode proporcionar cerca de 1.460
Kcal/kg de peso fresco, podendo ser considerada, em termos nutricionais, como fonte de
energia barata necessitando de outros alimentos como fonte de proteína, vitamina,
mineral e gordura para suprir as necessidades nutricionais do homem. Na folha
encontra-se significativo teor de vitamina.
CEREDA (2001) relata que, a mandioca apresenta baixo conteúdo de vitaminas,
embora às variedades amarelas possam apresentar teores apreciáveis de caroteno, além
de vitamina C que, em grande parte, perde-se no processamento. Entretanto o consumo
de mandioca ou de seus derivados deve sempre ser acompanhado de alimentos ricos em
proteínas, como carnes e peixes, devido ser alimento essencialmente energético e com
baixo teor proteico.
2.4 – IMPORTANCIA SOCIAL
A mandioca é cultivada em todo Brasil, cultura que representa renda e alimento
para os agricultores, independente do tipo de solo, fertilidade e variações climáticas.
Segundo GIRAUD et al. (1995), a mandioca é produzida em mais de 100 países e
consumida por milhares de pessoas no mundo, principalmente nos continentes Africano
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e Asiático e na América do Sul. Constitui-se num alimento básico para as populações
pobres desses continentes e tem papel fundamental na luta contra os problemas de
nutrição que os assolam.
As casas-de-farinha ou ―farinheiras‖ são em geral construções simples com
grande importância social para os pequenos produtores que moram em seu entorno, pois
nessas ―farinheiras‖ trabalham direta ou indiretamente familiares e vizinhos de onde
elas estão instaladas (localizadas nas unidades de produção) se tornado um espaço de
sociabilidade, no plantio, na colheita, na fabricação da farinha, do tucupi, da goma da
tapioca participam homens e mulheres, adultos, jovens e crianças e frequentemente
estão presentes ainda vizinhos da comunidade, reunindo muitas vezes atividades de
trabalho e lazer (CARDOSO, 2005).
O sistema produtivo e a cadeia de comercialização da mandioca apresentam três
situações básicas, que levam em conta as interconexões entre a origem da mão-de-obra,
o nível tecnológico, a participação no mercado e o grau de intensidade do uso de capital
na exploração. São elas: a unidade doméstica, a unidade familiar e a unidade
empresarial. Mattos & Cardoso (2003), as define como: Unidade doméstica
caracterizada por usar mão-de-obra familiar, não utilizar tecnologia moderna, participar
pouco do mercado e dispor de capital de exploração de baixa intensidade; Unidade
familiar, ao contrário da doméstica, adota tecnologia moderna, tem uma participação
significativa no mercado e dispõe de capital de exploração em nível mais elevado;
Unidade empresarial caracterizada pela contratação de mão-de-obra de terceiros, adoção
de tecnologia moderna e com grande participação no mercado.
Segundo Cardoso (2005), as casas-de-farinha fazem parte do cenário regional
rural, onde sua presença está fortemente associada à colonização na Amazônia, por
representar a base alimentar da população, situação propiciada pela facilidade de cultivo
da planta, produzindo em condições adversas, além de encontrar na região norte
condições ambientais favoráveis ao seu cultivo e desenvolvimento.
2.5 – SISTEMA DE CULTIVO
O primeiro passo para implantar a mandiocultura, assim como em qualquer
outro cultivo, é o preparo de área. Na agricultura familiar este é feito no tradicional
corte e queima em áreas de floresta primária ou capoeira. Geralmente é um cultivo de
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sucessão onde a mandioca é a segunda cultura a ser implantada na área comumente
precedida de culturas anuais (TONTINI, 2009; SANTOS, 2007).
O sistema de corte-queima na prática do cultivo de culturas alimentares
apresentam inconvenientes como a poluição ambiental (através da queima), erosão,
perda de nutrientes, além de tratar-se de trabalho perigoso e penoso, com grande
desgaste físico do agricultor (Mattos & Cardoso, 2003).
No preparo do solo deve ser feita a análise do solo com a finalidade de orientar a
correção da acidez e a adubação de acordo com recomendações para o cultivo de
mandioca, a fim de permitir rápido desenvolvimento das plantas, cobrindo o solo mais
rapidamente. No Estado do Pará o plantio é normalmente em dois períodos climáticos
distintos: no início da estação chuvosa, no mês de dezembro ou início de janeiro, e o
―plantio de verão‖ no final da estação chuvosa, nos meses de maio e junho, quando as
chuvas diminuem de intensidade e frequência. No caso de riscos de excesso de umidade
no solo, o plantio pode ser realizado após o início das chuvas ou realizado o plantio da
maniva na vertical deixando em torno de 5 cm sob o solo (Mattos & Cardoso, 2003).
De acordo com Câmara et al. (1994), a seleção de ramas e a obtenção de
manivas de boa qualidade constituem-se em mecanismos de manejo capazes de elevar
significativamente o rendimento em raízes da cultura da mandioca. Na seleção de ramas
deve-se considerar, segundo Oka et al. (1987), a densidade, ou seja, a relação entre o
peso e o volume das manivas, características que determinam a sua capacidade de
brotação. Além desses aspectos, a idade da planta, o diâmetro da haste e a parte da
planta a ser usada como material de plantio é de grande importância na escolha das
ramas.
Plantas sadias e com idade entre 8 e 18 meses, com ramas maduras e bem
desenvolvidas, fornecem material de plantio de boa qualidade (Corrêa & Vieira Neto,
1978). Plantas mais jovens, por apresentar grande proporção de tecidos verdes e tenros,
e plantas mais velhas, pela intensa lignificação, não são ideais para fornecimento de
ramas para plantio. Embora brotem, as estacas provenientes de plantas verdes e pouco
lignificadas são muito susceptíveis ao ataque de patógenos e insetos, e desidratam muito
rapidamente. Por outro lado, plantas com mais de 18 meses apresentam os terços
inferiores muito lignificados, o que proporciona estacas com brotações tardias e brotos
pouco vigorosos (Lozano et al., 1982 ).
Juntamente com a seleção e o preparo, o comprimento das manivas e o número
de nós são de grande importância para o adequado estabelecimento da cultura. Manivas
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com 20 cm de comprimento, com pelo menos cinco nós, geralmente apresentam maior
taxa de brotação, permitindo o desenvolvimento de plantas mais vigorosas, o que resulta
num maior rendimento de raízes (Mattos, 1993; Souza, 1993), embora esse
comprimento possa variar de acordo com a posição de plantio e a variedade (Chan &
Mohd Isa, 1985). Quando o plantio é horizontal, manivas com 20 cm de comprimento
resultam em maior produção de raízes tuberosas e, para plantio inclinado, manivas com
30 cm produzem mais (Viana et al., 2000).
Um dos fatores determinantes da qualidade do material de plantio de mandioca é
o diâmetro da haste, que está ligado à idade. Uma observação prática, para avaliar o
grau de maturidade, é verificar se o diâmetro da medula é igual ou menor que 50% do
diâmetro da haste, em corte transversal. Em caso positivo, essa apresentasse em estádio
apropriado de maturação para ser plantada (Conceição, 1983). Como regra geral,
recomenda-se que o diâmetro da estaca selecionada não seja inferior à metade do
diâmetro da porção mais grossa do caule da variedade que está sendo usada (Lozano et
al., 1977).
2.6 – PRINCIPAIS PRAGAS QUE ATACAM A MANDIOCA
2.6.1 – Percevejo de renda
As espécies conhecidas vulgarmente como percevejos de renda são citadas como
associadas à cultura da mandioca em vários países da América Latina (BELLOTTI,
2002). Pertence a família Tingidae (Hemiptera. Heteroptera), gênero Vatiga, sendo
descritas cinco espécies para a região neotropical, V. illudens, V. manihotae, V. pauxilla,
V. variante e V. cassiae (FROESCHNER, 1993). Bellotti et al. (1999) citam a
predominância de V. illudens, no Brasil, embora segundo o autor também ocorrem as
especies V. manihotae, V. variante e V. cassiae.
Os insetos adultos do percevejo de renda são de coloração cinza, enquanto que
as ninfas são esbranquiçadas (LOZANO et al., 1983) com escurecimento das antenas e
cercos à medida que se desenvolvem.
Esses insetos localizam-se inicialmente na face inferior das folhas basais e
medianas da planta, porém em altas populações atingem as folhas apicais, sendo
favorecidos por períodos de seca (BELLOTTI et al. 2002b). Alimentam-se do
10
protoplasto das células do prênquima foliar e consequentemente deixam inicialmente
pontos cloróticos nas folhas, que podem evoluir para tons marrom-avermelhada
(BELLOTTI, et al., 1999). Devido às lesões ocasionadas pela praga ocorre redução da
fotossíntese, provoca queda das folhas inferiores, e no caso de infestações severas pode
ocorrer desfolha completa da planta (BELLOTTI et al., 2002c).
Na avaliação de redução de produtividade os resultados variam, sendo que
alguns trabalhos apontam redução de 55% (FIALHO et al., 2009), 39 % (BELLOTTI et
al., 1999), 21% (FIALHO et al.,1994) e sem redução na produtividade (MARTINAZZO
et al., 2007b). Já para dano na parte aérea, os trabalhos apontam entre 48 a 50% de
redução das folhas no terço superior da planta (FIALHO et al., 2009).
Estudos indicam que os danos desse inseto podem ser influenciados pelos níveis
de compostos cianogênicos da planta. Trabalhos realizados com cultivares mansas e
bravas apontaram redução no nível de infestação nas variedades com teores de ácido
cianídrico acima de 100 ppm (OLIVEIRA et al., 2005; SANTOS et al.,2008a ; FIALHO
et al.,2009).
A melhor recomendação atualmente é a adoção de boas práticas de manejo que
contribuam para o bom desenvolvimento das plantas, como por exemplo, a correção e
adubação do solo, a obtenção de ramas para plantio em áreas não infestadas, a seleção
de manivas-sementes, o plantio em cultivos múltiplos ou consorciados e a rotação de
culturas (FIALHO et al., 2001).
2.6.2 – Cochonilhas
Segundo BELLOTTI et al. (2002b) existem mais de 15 espécies de cochonilhas
alimentando-se de mandioca distribuídas pela África e América Latina, contudo apenas
as espécies Phenacoccus herreni e P. manihoti tem importância econômica, sendo
ambas de origem tropical.
Essas espécies tem ciclo semelhantes, diferindo apenas no fato de P. herreni se
reproduzir sexuadamente, com a presença de machos enquanto que P. manihoti se
reproduz via partenogênese, ou seja, fêmea originando fêmeas (BELLOTTI et al.,
2002b).
Os danos são causados tanto pela fase jovem quanto pela fase adulta da
cochonilha, sendo caracterizados pelo dano direto pela sucção da seiva, deixando a
planta debilitada, com aspecto de deficiência nutricional; dano pela toxidez da saliva,
11
causado principalmente nas regiões jovens da planta ocasionando deformação das
brotações que ficam encarquilhadas com aspecto de repolho e causando encrespamento
das folhas e queda precoce das mesmas e, em população elevadas causa necrose dos
tecidos apicais e consequente morte dos ponteiros (BELLOTTI et al., 1999, 2002;
BENTO et al., 2002).
Quanto ao seu potencial de dano, observou-se uma redução média de 76% no
peso de raízes de plantas oriundas de manivas infestadas com a cochonilha quando
comparada às oriundas de manivas sadias, para a região do cerrado brasileiro
(OLIVEIRA et al. 2005; OLIVEIRA E FILHO, 2005b).
Em relação ao controle dessas espécies é feito pelos inimigos naturais como
polífagos e oligófagos, são citados predando as cochonilhas (NEUENSCHWANDER,
2001), dentre esses as joaninhas são as mais importantes reguladoras quando altas
populações de cochonilhas ocorrem, contudo apresentam baixa eficiência quando a
população da praga é baixa (HERREN E NEUENSCHWANDER, 1991).
Considerando que uma das principais vias de disseminação da praga é através de
material vegetativo contaminado, um dos principais meios de controle é a seleção de
ramas com boas condições sanitárias, não oriundas de regiões com a presença da praga
(BELLOTTI et al, 1999). Os autores sugerem também a destruição das plantas nos
focos iniciais da cochonilha, sendo importante neste caso a vistoria detalhada das áreas
com histórico de ataque. Além das práticas culturais mencionadas acima, a correção e
adubação adequada do solo é importante para reduzir o impacto da praga. Solos pobres
favorecem a população da cochonilha e desfavorecem o parasitóide A. Lupezi
(BELLOTTI et al, 1999).
2.6.3 – Broca do caule
As brocas do caule encontram-se praticamente em todas as regiões produtoras de
mandioca do mundo, mas são especialmente importantes nas Américas, principalmente
no Brasil. Em geral causam dano esporádico ou localizado. As larvas variam em
tamanho e forma segundo a espécie, sendo encontradas fazendo túneis na região central
ou medula das hastes, que em consequência podem secar e partir-se pelo efeito do
vento. Nas hastes infestadas ou sobre o solo ao lado das plantas podem ser encontrados
excrementos e exsudados que caem das galerias escavadas pelas larvas. Os adultos
12
alimentam-se dos ápices das hastes jovens, o que retarda o crescimento da planta
(NEUENSCHWANDER, 2001).
Durante os períodos secos, as plantas atacadas podem perder suas folhas e secar.
Quando a infestação é severa, as plantas podem morrer.
O Brasil, não há registros de redução no rendimento de raízes, porém ocorre
diminuição da quantidade e qualidade do material de propagação. Em trabalho efetuado
em Cruz das Almas, BA, na Embrapa Mandioca e Fruticultura, durante período em que
ocorreu ataque severo da broca do caule, avaliando-se o Banco de Germoplasma de
Mandioca, foram selecionadas 20 variedades entre as mais atacadas. As manivas-
semente foram oriundas de hastes atacadas e plantadas sem adubação. Verificou-se que
houve uma redução de até 41% na brotação, variando entre as cultivares. À medida que
as avaliações eram feitas, o percentual de mortalidade das plantas aumentou. Assim,
ocorreram reduções de 47%, 50% e 57%, aos 30, 60 e 130 dias, respectivamente, após
brotação. Observou-se que as plantas que sobreviveram não apresentavam
desenvolvimento normal (raquíticas), afetando a qualidade das hastes e,
consequentemente, o rendimento de raízes (EMBRAPA, 1999).
Recomenda-se observar periodicamente o mandiocal, especialmente durante o
verão. As hastes atacadas devem ser cortadas e queimadas, a fim de evitar o
desenvolvimento das larvas, o que reduz as populações da praga. Recomenda-se ainda a
utilização de manivas sadias para o plantio, o que deve ser feito através de uma seleção
criteriosa. Procurar sempre usar material proveniente de plantações onde não houve
ataque da broca do caule (EMBRAPA,1999).
2.6.4 – Mandarová da mandioca
As lagartas que se alimentam de Euphorbiaceae, Erinnyis ello são conhecidas no
Brasil pelos nomes vulgares de ―gervão‖ e ―mandarová‖ da mandioca; chamam-nas
também de ―marandová‖. Praga tão grave e que tanto prejuízos traz ao agricultor, exige
sérios cuidados no sentido de ser combatida (FERREIRA, 1941).
O gervão come as folhas de mandioca e aipim, bem como as partes mais tenras
dos pés. Quando ataca roças novas, com menos de um ano, provoca muitas vezes a sua
morte total. Em plantações mais velhas atrasa seu crescimento e diminui, grandemente,
sua produção de raízes (FERREIRA 1941).
13
FERREIRA LIMA, 1941, assinalando os danos causados pelo gervão, em
plantações de mandioca de Santa Catarina e tratando dos meios de o combater, relata:
―Em cálculos feitos por agricultores locais, os prejuízos decorrentes das
lagartas assumem proporções assustadoras. Assim, uma roça normal que
em media produziria 300 quilos de farinha, quando atacada pela lagarta
passa a produzir em media 90 quilos, ou seja, se perde em media 70% da
produção em uma lavoura de mandioca‖.
2.7 – AVALIAÇÃO DE VARIEDADES
Com o objetivo de avaliar a produtividade de raízes e o rendimento de farinha de
15 variedades regionais de mandioca, Guimarães et al. (2009) conduziram um trabalho
na área experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, em Vitória da
Conquista. Para simular as condições normais de cultivo da região o solo foi arado e
gradeado, porém sem calagem e adubação e utilizaram o espaçamento de 1,0 x 0,6 m.
Nesta pesquisa foram verificadas produtividades de raízes variando de 5,7 a 18,7 t.ha-¹,
rendimento de farinha de 18,9 a 25,0% e produtividade de farinha variando de 1,2 a 3,9
t.ha-¹. Verificaram ainda que das variedades mais produtivas em t.ha -¹ de raízes apenas
a Platinão permaneceu entre as de maiores rendimentos de farinha (%) . Mesmo assim,
aquelas com maiores produtividades de raiz foram as que proporcionaram maiores
produtividades de farinha, em t.ha-¹. Por outro lado, as variedades com menor
produtividade (t.ha-¹) de raízes também foram as de menor produtividade (t.ha-¹) de
farinha. Destaca-se nessa pesquisa a variedade Platinão, significativamente superior nos
três quesitos avaliados.
Rodrigues et al. (2007) avaliaram a produtividade de raízes de 10 variedades de
mandioca em Latossolo Amarelo Distrófico de textura arenosa, no município de
Salvaterra, PA. A área foi preparada com grade aradora. Foi utilizado o espaçamento de
1,0 x 1,0 m, com a aplicação de 2,0 kg.cova¹ de composto orgânico no plantio e uma
adubação de cobertura com o equivalente a 600 kg.ha¹ de NPK, formulação de
10:28:20, 30 dias após. A produtividade de raízes variou de 17,2 a 54,1 t.ha-¹ com as
variedades Pai Mane e Roxinha, respectivamente.
14
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 – LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Para a condução do experimento foi estabelecida área experimental na
propriedade rural do senhor Miguel Cavalini Calvi, localizada na comunidade Princesa
do Xingu, na Vicinal 6 (seis), distante 28 km da sede do município de Altamira, PA. A
área escolhida para implantação da lavoura possui como característica o relevo plano,
sendo a vegetação anterior constituída de pastagem com capim Braquiarão (Brachiaria
brizantha).
Silva et al. (2009), avaliaram dados meteorológicos da cidade de Altamira-PA,
relativos ao período de 1990 a 2002 . Os resultados indicaram que a precipitação média
anual é de 2.123 mm, caracterizado por um período chuvoso entre os meses de janeiro a
maio, com 74% das chuvas, sendo março o mês com maior precipitação pluvial, com
média de 379,2 mm. Apenas 14% das chuvas ocorrem de julho a novembro, sendo
agosto o mês mais seco, com média de 22,5 mm. A temperatura média diária anual do
período foi de 27,3°C, com média das máximas e das mínimas de 32,4°C e 22,1°C,
respectivamente. A umidade relativa do ar média mensal foi de 80,4%. No mês de julho
acontece o período de maior insolação, com 7,4 horas de brilho solar médio diário.
A lavoura foi implantada em um Latossolo Amarelo Distrófico, textura arenosa,
que segundo o Centro Nacional de Pesquisa de Solos da EMBRAPA (1999),
compreende solos minerais em avançado estádio de intemperização, possuem baixa
capacidade de troca de cátions, são em geral fortemente ácidos, com baixa saturação por
bases.
Este trabalho contou com a participação do Núcleo de Apoio à Pesquisa e
Transferência de Tecnologia – NAPT Transamazônica, da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA Amazônia Oriental, localizada na Cidade de
Altamira, PA.
3.2 – ORIGEM DAS VARIEDADES E PREPARO DAS MANIVAS SEMENTES
15
Foram avaliadas 30 variedades de mandioca, sendo 25 fornecidas pela
EMBRAPA Amazônia Oriental, oriundas do Banco de Germoplasma localizado na
cidade de Belém, PA, e cinco (05) obtidas de agricultores visinhos ao local do
experimento, conforme quadro 01. As manivas foram obtidas de plantas sadias com
idade variando entre 12 e 16 meses. Foram selecionadas para o experimento apenas as
manivas localizadas no terço médio das plantas (Figura 2.a em anexo), cortadas em
tamanhos iguais a 20 cm e utilizadas as que possuíam diâmetro de aproximadamente 2,0
cm, com cinco a sete gemas vegetativas (CORREA e ROCHA, 1979).
3.3 – INSTALAÇÃO DO EXPERIMENTO
O experimento foi implantado no delineamento Inteiramente Casualizado com
30 tratamentos (variedades) e três repetições, totalizando 90 parcelas experimentais.
Cada parcela foi estabelecida em área de 5 m x 5 m, com as covas espaçadas de 1,0 m x
1,0 m, somando 25 plantas por parcela. A parcela útil utilizada para obtenção da
produtividade média de raízes foi constituída pelas nove (09) plantas centrais da parcela
total. As demais plantas da periferia de cada parcela experimental foram utilizadas,
nesse quesito, com a finalidade de atuar como bordadura e atenuar os efeitos externos.
As parcelas experimentais (25 m2) foram separadas entre si por uma faixa de 2,0
m longitudinalmente e 3,0 m transversalmente. A área total utilizada para a pesquisa foi
de 107 m x 49 m. Os tratamentos aplicados com a identificação das respectivas
variedades de mandioca estão relacionados no Quadro 01.
O preparo da área experimental foi iniciado no dia 19/04/2009 utilizando-se o
Rhoundup WG, na dose de 5,0 mL por litro de água, para a dessecação do Brachiarão.
Após a dessecação, foi realizada a gradagem no dia 20/05/2009, para incorporação dos
restos vegetais e nivelamento do solo. Nesse mesmo dia foi realizado o balizamento das
parcelas experimentais e feita a aplicação 1, 43 t.ha-1
de calcário dolomítico com PRNT
70%, o equivalente a 1,0 t.ha-1
com PRNT 100%, (figura 2.b em anexo). O plantio foi
realizado no dia 21 de maio de 2009. Trinta dias após o plantio foi realizada uma
adubação com 30 g por planta do formulado 11:30:17.
A limpeza da área foi realizada com duas capinas manuais e dois roços manuais
no terceiro e sexto e no nono e décimo segundo mês após a germinação,
respectivamente. O controle de pragas foi realizado sistematicamente, reportando-se o
16
ataque de formigas cortadeiras, com o uso de isca formicida, e mandarová com o uso de
Lorsbam, na dose de 2,5 mL por litro de água. Não foi verificado ataque significativo de
doenças da parte aérea que justificasse o controle. A colheita das variedades foi
realizada 12 meses após a germinação. Em seguida identificadas e pesadas.
17
Quadro 01 - Identificação dos tratamentos e variedades utilizadas no experimento.
TRATAMENTOS VARIEDADES ORIGEM TRATAMENTOS VARIEDADES ORIGEM
TRAT-01 Cearense EMBRAPA TRAT-16 Amolada EMBRAPA
TRAT-02 Saracura EMBRAPA TRAT-17 BRS Mari EMBRAPA
TRAT-03 Pacajás EMBRAPA TRAT-18 Kiriris EMBRAPA
TRAT-04 Olho Verde EMBRAPA TRAT-19 BRS Poti EMBRAPA
TRAT-05 Jurará EMBRAPA TRAT-20 Paulo Velho EMBRAPA
TRAT-06 Inha EMBRAPA TRAT-21 Ouro Preto EMBRAPA
TRAT-07 Chico Vara EMBRAPA TRAT-22 Maraquaim EMBRAPA
TRAT-08 Maranhense EMBRAPA TRAT-23 Jurará amarela EMBRAPA
TRAT-09 Pau Velho EMBRAPA TRAT-24 Milagrosa EMBRAPA
TRAT-10 Surubim I EMBRAPA TRAT-25 Duquinha EMBRAPA
TRAT-11 Surubim II EMBRAPA TRAT-26 Taxi vovó EMBRAPA
TRAT-12 Inajá UFPA TRAT-27 Bastiana EMBRAPA
TRAT-13 Capembas UFPA TRAT-28 Tomazia EMBRAPA
TRAT-14 Ararão UFPA TRAT-29 Olho Roxo UFPA
TRAT-15 Manivão EMBRAPA TRAT-30 Santinha UFPA
18
3.4 – CARACTERIZAÇÕES AGRONÔMICAS
As variedades foram avaliadas quanto aos seguintes aspectos de interesse agronômico:
produtividade média, cor da polpa, altura média, índice de tombamento e índices de ataque
pela broca do caule, cochonilha branca e podridão das raízes.
A produtividade média de raízes foi obtida aos 12 meses, pela pesagem
individualizada por parcela, após a limpeza e retirada da parte não aproveitável pela indústria.
Simultaneamente, nas mesmas plantas, foi avaliado o índice de ataque por podridão das
raízes, em percentagem, e a cor da polpa.
A altura média das plantas e o percentual de plantas tombadas foram avaliados nas 15
plantas das três filas centrais de cada parcela experimental, aos 10 meses de idade.
Após constatação em campo do alto índice de infestação pela broca do caule e da
cochonilha branca, em 04/12/2009 foi realizada uma avaliação, por parcela, do percentual de
plantas atacadas por essas pragas.
3.5 – ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi realizada a análise de variância para verificar a existência de diferenças
significativas entre as médias de produtividade de raízes dos tratamentos (variedades)
avaliados. As médias de produtividades foram submetidas ao teste de Scott-Knott a 5% de
significância.
Para a realização das análises estatísticas foi utilizado o Software ―SAEG – Sistema
para Análises Estatísticas‖, Versão 9.1 (2007), desenvolvido pela Universidade Federal de
Viçosa.
19
4 – RESULTADO E DISCUSSÕES
4.1 – CARACTERIZAÇÕES AGRONÔMICAS
A Tabela 01 contém os resultados de altura média, índice percentual de tombamento e
cor da polpa das variedades estudadas. Com relação à cor da polpa, a importância maior está
na diversidade de usos que se pode ter. No caso da fabricação de farinha, a classificação
também é feita pela cor, o que pode está diretamente relacionada à cor da polpa da raiz.
Ainda, existe a possibilidade de outros usos, como é o caso da produção de tucupi como
aproveitamento da manipueira, obtida pela prensagem da mandioca ralada, que pode agregar
renda ao produtor. Nesse caso, o uso é exclusivo de variedades com polpa amarela.
Existem regiões que preferem farinhas de cor amarelo e, na ausência de variedades
com essa coloração natural, os produtores de farinha fazem uso de corantes artificiais. Assim,
a disponibilização de variedades de alta produtividade e com coloração de polpa amarelo,
como é o caso das variedades Jurará amarela, Tomázia e Ouro preto, que proporcionaram
produtividades de 42,28, 38,38 e 37,29 t.ha-1
, respectivamente, tornam-se uma solução,
principalmente para o seguimento da produção orgânica. Além disso, essas variedades
também poderão ser usadas para a produção do tucupi, que é altamente consumido na região
Norte, principalmente nos Estados do Pará, Amazona e Amapá.
Com relação à altura média das plantas, o porte variou de 151 cm, com a variedade
Olho roxo, a 250 cm, com a variedade Surubim I.
Com relação ao tombamento de plantas na área de plantio, devido ao vento ou outros
fatores, que certamente redundam em perda de produtividade e qualidade das raízes, pode não
estar diretamente relacionado à altura das plantas. Observa-se pela Tabela 01 que as
variedades com maior percentual de tombamento foram a Inha, Pacajás, Maranhense, Ararão
e Tomázia, com 33,3, 31,1, 28,9, 26,7 e 24,4% de plantas tombadas, respectivamente, e as
suas alturas médias foram 194, 203, 204, 222 e 215 centímetros. No entanto, as variedades
mais altas foram a Surubim I, Kiriris, Saracura, Surubim II e Bastiana, com alturas de 250,
246, 241, 239 e 236 centímetros, respectivamente, com índices de tombamento que variou de
zero (0,0) a 11,1%.
A Tabela 02 contém os resultados do índice percentual de plantas atacadas pela broca
do caule, pela cochonilha branca e por podridão das raízes, entre as variedades estudadas.
Com relação à podridão das raízes, uma das doenças que mais causam prejuízos na
20
mandiocultura, às variedades com maior percentual de ataque foram a Duquinha, Taxi vovó
Paulo Velho e Jurará amarela, com 55,6, 38,9, 33,3 e 27,8% de plantas atacadas,
respectivamente.
Tabela 01 – Altura média das plantas, percentagem de plantas tombadas e cor da polpa da raiz
das variedades estudadas.
VARIEDADES ALTURA
(cm)
TOMBAMENTO
(%)
COR DA POLPA
DA RAIZ
Cearense 204 0,0 Branco
Saracura 241 11,1 Branco
Pacajás 203 31,1 Creme
Olho verde 230 13,3 Branco
Jurará 228 2,2 Branco
Inha 194 33,3 Creme
Chico Vara 194 17,8 Branco
Maranhense 204 28,9 Creme
Pau velho 192 20,0 Branco
Surubim I 250 4,4 Amarelo
Surubim II 239 4,4 Amarelo
Inajá 195 15,6 Branco
Capembas 190 6,7 Amarelo
Ararão 222 26,7 Amarelo
Amolada 227 4,4 Branco
BRS Mari 223 0,0 Creme
Kiriris 246 0,0 Branco
BRS Poti 220 2,2 Creme
Paulo Velho 213 20,0 Branco
Ouro preto 208 4,4 Amarelo
Jurará amarela 213 6,7 Amarelo
Milagrosa 190 6,7 Branco
Duquinha 174 11,1 Creme
Taxi vovó 224 6,7 Branco
Bastiana 236 8,9 Branco
Tomázia 215 24,4 Amarelo
Olho roxo 151 0,0 Creme
Santinha 199 0,0 Branco
21
Tabela 02 – Percentagem de plantas atacadas pela broca do caule, pela cochonilha branca e
pela podridão das raízes.
VARIEDADES
PLANTAS COM
BROCA DO
CAULE
(%)
PLANTAS COM
COCHONILHA
BRANCA
(%)
PLANTAS COM
PODRIDÃO DAS
RAÍZES
(%)
Cearense 1,3 6,7 5,6
Saracura 1,3 9,3 0,0
Pacajás 4,0 9,3 5,6
Olho verde 2,7 0,0 22,2
Jurará 12,0 1,3 11,1
Inha 8,0 0,0 0,0
Chico Vara 12,0 4,0 11,1
Maranhense 8,0 0,0 22,2
Pau velho 13,3 0,0 0,0
Surubim I 8,0 0,0 22,2
Surubim II 5,3 0,0 0,0
Inajá 13,3 2,7 0,0
Capembas 8,0 0,0 0,0
Ararão 4,0 0,0 0,0
Amolada 5,3 0,0 22,2
BRS Mari 1,3 1,3 5,6
Kiriris 4,0 0,0 5,6
BRS Poti 4,0 0,0 0,0
Paulo Velho 6,7 0,0 33,3
Ouro preto 9,3 0,0 16,7
Jurará amarela 5,3 0,0 27,8
Milagrosa 8,0 0,0 0,0
Duquinha 13,3 0,0 55,6
Taxi vovó 6,7 0,0 38,9
Bastiana 8,0 0,0 16,7
Tomázia 1,3 0,0 5,6
Olho roxo 46,7 5,3 5,6
Santinha 17,3 0,0 0,0
Cuidados redobrados devem ser tomados com a introdução dessas variedades na
região estudada, que até então não tem apresentado registro significativo dessa doença.
Contudo, dentre essas variedades, somente a Jurará amarela se destacou com relação à
produtividade de raízes, com 42,28 t.ha-1
, conforme pode ser constatado na Tabela 03. Assim,
22
como a pesquisa tem por objetivo, também indicar variedades promissoras para a região,
automaticamente essas variedades deverão ser eliminadas do campo de matrizes. Maior
atenção também deve ser dada às variedades Olho verde, Maranhense Surubim I e Amolada,
que apresentaram 22,2% de ataque por podridão das raízes (Figura 5a e 5b em anexo).
Os índices percentuais de plantas atacadas pela cochonilha (Figura 3a e 3b em anexo)
branca não ultrapassaram a taxa de 10% em nenhuma variedade, como pode ser constatado na
Tabela 03. Esse pequeno surto parece ter sido conseqüência da forte estiagem sobre a região
no período estudado, conforme dados da Estação Climatológica do INMET, em Altamira, PA,
que indicaram índices pluviométricos da ordem de 30 mm, 30 mm, 50 mm, 30 mm e 300 mm
nos meses de agosto a dezembro de 2009, respectivamente (INMET, 2009). Conforme relato
de FERREIRA (1941), é comum o aparecimento desse inseto sob essas condições. Vale
ressaltar que, com o controle do mandarová (Figura 6a e 6b em anexo), realizado em
04/12/2009, também foi observado uma redução drástica desse inseto, não causando maiores
danos.
Com relação ao ataque de broca do caule (Figura 4a e 4b em anexo), os dados da
Tabela 03 indicaram que todas as variedades tiveram algum nível de ataque. Porém, é
importante ressaltar que as variedades Cearense, Saracura, Pacajás, Olho verde, Ararão, BRS
Mari, Kiriris, BRS Poti e Tomázia apresentaram incidência em menos de 5% das plantas,
destacando-se dentre elas a Saracura, com 1,3%, a Kiriris com 4,0% e a Tomázia com 1,3%
de ataque por broca que, além de apresentarem bom nível de tolerância essa praga, também
foram agrupadas entre as melhores variedades no quesito produtividade de raízes pelo teste de
Scott Nott (P < 0,05), com 43,18; 41,48 e 38,38 t.ha-1
, conforme consta na Tabela 01.
Por outro lado, as variedades Jurará, Chico vara, Pau Velho, Inajá, Duquinha, Olho
Roxo e Santinha foram as que apresentaram maior incidência de plantas atacadas pela broca
do caule, com índices variando de 12 a 46,7% de plantas atacadas. Nesse grupo, destacam-se
negativamente as variedades Olho roxo e Santinha, com 46,7 e 17,3%, respectivamente, que
apresentaram as menores produtividades de raízes (Tabela 01). A baixa produtividade
observada nessas duas variedades certamente foi influenciada pelo alto índice de ataque desse
inseto praga.
Dentre as variedades do grupo que apresentaram maior produtividade de raízes, as
variedades Inajá, com 13,3%, e a Chico Vara, com 12,0% de ataque por broca, devem ser
melhor avaliadas, pois foram as duas que apresentaram maior rendimento de raízes, com mais
de 45 t.ha-1.
23
Por se tratar de uma praga de difícil controle, a atenção deve ser redobrada na seleção
das manivas sementes, pois é nessa fase que ocorre maior disseminação desse inseto.
Houve ataque mandarová no experimento e foi feita um controle sistemático, com a
aplicação de Lorban, na dose de 2,5 ml por litro de água.
4.2 – ANÁLISE DA PRODUÇÃO DE RAÍZES
O experimento foi implantado com 30 variedades, conforme consta no Quadro 01.
Desse total foram excluídas as variedades Manivão e Maraquaim devido ao baixo índice de
germinação, com 4,4% e 28,9%, respectivamente.
Os resultados das produtividades médias de raízes, em t.ha-1
, das 28 variedades de
mandioca colhidas aos 12 meses de idade foram submetidos à análise de variância, cujos
resultados indicaram a existência de diferenças altamente significativa (P < 0,01). O
Coeficiente de Variação do experimento foi de 22,9%.
Os valores das produtividades médias de raízes das variedades foram agrupados pelo
teste de Scott-Knott a 5% de significância e os resultados encontram-se na Tabela 03. As
produtividades médias variaram de 45,83 a 13,29 t.ha-1
, com as variedades Inajá e Santinha,
respectivamente. A média geral foi de 34,91 t.ha-1
.
Observando a Tabela 03, verifica-se que as variedades Inajá, Chico vara, Inha,
Saracura, Jurará amarela, Amolada, Kiriris, Bastiana, Milagrosa, Jurará, Pau Velho, Tomázia,
Ouro preto e Taxi vovó foram iguais entre si e significativamente superiores às demais, com
produtividades variando de 45,83 (Inajá) a 35,74 t.ha-1
(Taxi vovó). As variedades Olho roxo
e Santinha se destacaram pelo pior desempenho, com 18,33 e 13,29 t.ha-1
de raízes,
respectivamente.
Considerando que o teste de Scott-Knott trabalha com agrupamentos de médias, é
importante observar na Tabela 03 que as variedades Inajá e Chico Vara, apesar de
apresentarem produtividades iguais estatisticamente às variedades Ouro preto e Taxi vovó,
elas produziram mais de 8,0 t.ha-1
que as outras duas variedades. Tomando por base os
resultados de Polla (2010), que trabalhou com as duas primeiras variedades na mesma região,
isso pode significar mais de 2,0 t.ha-1
de farinha, o que economicamente pode ser bastante
significante. Vale ressaltar ainda que, das 14 melhores variedades desse experimento, as
variedades Inajá, Chico Vara, Inha e Pau Velho também foram as mais produtivas no trabalho
realizado por Polla (2010).
24
Tabela 03 – Resultado do teste de Scott – Knott para as médias* de produtividade de raízes
(t.ha¹) obtidas com as variedades avaliadas.
VARIEDADES PRODUTIVIDADES MÉDIAS (t/ha-1
)
Inajá 45,83 A
Chico vara 45,53 A
Inha 44,43 A
Saracura 43,18 A
Jurará amarela 42,28 A
Amolada 41,78 A
Kiriris 41,48 A
Bastiana 41,27 A
Milagrosa 39,25 A
Jurará 38,99 A
Pau velho 38,69 A
Tumázia 38,38 A
Ouro preto 37,29 A
Taxi vovó 35,74 A
Paulo velho 34,16 B
Cearense 33,25 B
Pacajás 32,81 B
Olho verde 32,70 B
Capembas 31,89 B
BRS Mari 31,55 B
Maranhense 31,17 B
Surubim II 30,37 B
Surubim 29,26 B
Duquinha 28,94 B
BRS Poti 28,40 B
Ararão 27,29 B
Olho roxo 18,33 C
Santinha 13,29 C
* Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Scott - Knott a 5%
de significância.
Comparando os resultados da Tabela 03 com os da produtividade média do Estado do
Pará, que é da ordem e 16,2 t.ha¹ (IBGE, 2006), verifica-se que das 28 variedades estudadas
apenas as variedades Olho roxo e Santinha não superaram esse valor, destacando-se que as
cinco primeiras variedades, Inajá, Chico Vara, Inha, Saracura e Jurará Amarela foram 183,
181, 174, 167 e 161% mais produtivas que a média estadual. Ressalta-se que esses resultados
foram obtidos com calagem e adubação do solo. A variação das produtividades médias entre
as variedades estudadas está ilustrada na figura 01.
25
Figura01. Produtividades médias de raízes de mandioca das variedades estudadas.
Guimarães et al. (2009), avaliando 15 variedades de mandioca em Vitória da
Conquista, no Sudoeste da Bahia, obtiveram produtividades de raízes variando de 5,7 a 18,7
t.ha-1
, bem abaixo dos resultados encontrados nesse trabalho. Embora se trate de variedades e
condições edafoclimáticas bem distintas, os resultados ressaltam o potencial do município de
Altamira em relação a outras regiões tradicionais nesse cultivo, bem como a importância de se
avaliar regionalmente as variedades disponíveis e o intercâmbio de material genético
interinstitucional, pois devido à relação genótipo x ambiente, o material genético que não
responde bem em um agrossistema, pode ser interessante para outro.
Rodrigues et al. (2007) avaliaram 10 variedades de mandioca no município de
Salvaterra, agrossistema da Ilha de Marajó, no Estado do Pará. Esses pesquisadores obtiveram
resultados variando entre 17,2 a 54,1 t.ha-1
, ou seja, algumas variedades tiveram produtividade
de raízes superiores e outras inferiores aos desse trabalho. Contudo os autores além de
trabalharem com outras variedades e em local ecologicamente diferente, utilizaram adubação
orgânica e química. Isto demonstra que os resultados de produtividades alcançados com as
variedades utilizadas nesse trabalho também poderão ser incrementados com a correção do
solo e adubação equilibrada, pois nos dois casos trata-se de Latossolo Amarelo Distrófico de
26
textura arenosa. As variedades Inajá, Chico Vara, Inha, Saracura e Jurará Amarela,
comparativamente, apresentam excelente potencial de produção de raízes.
Como a calagem e a adubação foram realizadas sem os resultados da análise do solo,
ou seja, foram estabelecidas como correção mínima por se tratar de um solo com mais de 30
anos com o uso de pastagem, os resultados indicam a necessidade de novos estudos para
calibração dos níveis ideais de calagem e adubação para as condições edafoclimáticas locais.
Segundo ENGETECNO (2009), o rendimento médio de farinha é de aproximadamente
25 a 30%, o que depende, segundo o autor, da variedade e da eficiência dos equipamentos
utilizados. Polla (2010) trabalhando também com as quatro variedades de maior rendimento
físico, em ordem decrescente, Inajá, Chico vara, Inha, Saracura, obteve rendimento de farinha
do tipo puba da ordem de 28,1, 26,1, 29,3 e 20,8%, respectivamente. Tomando por base esses
resultados e assumindo o rendimento médio de 25% de farinha, com as produtividades obtidas
para essas quatro variedades (Tabela 03) pode-se projetar um rendimento médio da ordem de
11,0 t.ha-1
de farinha. Esses resultados estão de acordo com os obtidos por Polla (2010) e
demonstram o alto potencial das quatro variedades para a produção de farinha, o que permite
fazer a indicação das mesmas para a região do estudo.
27
5 – CONCLUSÕES
Entre as variedades agrupadas com maior produtividade, a Inajá, Chico Vara, Inha,
Saracura e Jurara Amarela, em ordem decrescente, foram as que obtiveram os maiores índices
de produtividades de raízes.
As variedades olho roxo e santinhas destacaram negativamente com os menores
índices de produtividade de raízes.
Em relação a ataque de podridão das raízes, as variedades mais resistentes foram Pau
velho, Surubim II, Inajá, Capembas, Ararão, BRS Poti, Milagrosa, Santinha e as mais
susceptíveis foram Duquinha, Taxi vovó, Paulo Velho, Jurará amarela, Amolada, Surubim I,
Maranhense e Olho verde, todas com índices maiores que 20% de incidência de podridão das
raízes.
Com relação à broca do caule, destaque para as variedades mais tolerantes, com
índices menores que 5% de incidência de ataque da broca do caule Saracura, Tomázia e
Kiriris, e as mais susceptíveis foram Olho roxo, Santinha, Duquinha, Inajá e Pau velho, com
índices maiores de 10% de ataque.
28
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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33
7. ANEXOS
Figura 02.a. Seleção das manivas sementes para o
plantio.
Figura 02.b.. Correção do solo com aplicação de
calcário dolomítico.
Figura 03.a.. Sintoma de planta atacada por
cochonilha branca.
Figura 03.b.. Sintoma de planta atacada por
cochonilha branca.
Figura 04.a.. Ataque da broca do caule, em fase de pupa. Figura 04.b. Ataque da broca do caule, em fase de
larva.