2
Universidade Federal de Alfenas
UNIFAL - MG
Hílquias Tamiris S. Rodrigues
O fluxo de trânsito em função das
indústrias na
cidade de Alfenas – MG.
Alfenas/MG
2010
2
Hílquias T. S. Rodrigues
O fluxo de trânsito em função das indústrias na
cidade de Alfenas – MG.
Monografia apresentada à Universidade
Federal de Alfenas/MG para a obtenção
Do grau de bacharel em Geografia.
Orientador: Evânio Branquinho
Alfenas/MG
2010
2
Hílquias T. S. Rodrigues
O fluxo de trânsito em função das indústrias na
cidade de Alfenas – MG.
A Banca examinadora abaixo-assinada aprova
a Dissertação apresentada para o TCC
Trabalho de Conclusão de Curso da
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL),
Do curso de Geografia Bacharelado
Aprovada em:
Profº.
Instituição:
Assinatura:
Profº.
Instituição:
Assinatura:
Profº.
Instituição:
Assinatura:
2
RESUMO
O trânsito é uma questão presente hoje na maioria das cidades mundiais, e considerado
como um dos grandes vilões, causadores de problemas. Alfenas também esta inseridas nesse
contexto, mesmo sendo uma cidade considerada de médio porte, com pouco mais de 70 mil
habitantes segundo o IBGE. Já possui congestionamentos, falta de infra estrutura e um
sentimento de insegurança, revelado pelo aumento no número de acidentes.
A situação piorou, a olhos de leigos, depois da instalação de grandes indústrias,
algumas multinacionais, na cidade, com a instalação do Distrito Industrial, gerou-se um
grande volume de veículos pesados passando pelo centro da cidade, e também ao fato de que
é necessário atravessar toda a cidade para se ter acesso a BR 369 em direção a grande Belo
Horizonte o que piora a situação da circulação na cidade.
Palavras-chave: trânsito, indústrias, Alfenas.
2
SUMÁRIO:
1- INTRODUÇÃO........................................................................
2- JUSTIFICATIVAS.......................................................................
3- METODOLOGIA.................................................................
4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................
4.1 - ACESSIBILIDADES URBANAS ....................................................................
4.2 - TRASPORTE URBANO E PROBLEMAS AMBIENTAIS ............................
4.3 - ALFENAS, UMA CIDADE MÉDIA .................................................................
5- HISTORICO DE ALFENAS.......................................................................
6 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA URBANA ..............................................................
6.1 - CARACTERÍSTICAS GERAIS .......................................................................
6.2 - CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DO MUNICÍPIO ...............................
6.3- AS INDÚSTRIAS EM ALFENAS ...................................................................
6.4- O DISTRITO ............................................................................................
7 - A FERROVIA E A RODOVIA .........................................................................
8 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................
9 - BIBLIOGRAFIA .........................................................................................
2
1- INTRODUÇÃO
O propósito deste trabalho é compreender a dinâmica do trânsito de veículos na cidade
de Alfenas, localizada no sul de Minas Gerais. Estimativas assistemáticas apontam para um
incremento na intensidade do fluxo de veículos dentro dos limites urbanos nas últimas duas
décadas.
A hipótese de partida é que a intensidade do fluxo de veículos tenha aumentado após a
instalação do Parque Industrial nas proximidades do centro urbano, há cerca de pouco mais
que uma década. Já o Parque foi criado no final da década de noventa segundo a Prefeitura
Municipal.
A relação indústria/circulação se mostra muito relevante: “O transporte é,
freqüentemente considerado como o fator elementar mais determinante na localização da
fábrica. Isto é menos verdadeiro do que ocorreu historicamente, mas o transporte permanece
como fator essencial na localização de muitas indústrias” (SMITH, 1971 apud FISCHER,
1978). E ainda: “O transporte deve ser considerado como uma parte integrante do processo
de produção porque uma mercadoria pode ser considerada sem utilidade quando ela não
atinge seu lugar de consumo” (ESTALL-BUCHANAN, 1973 apud FISCHER, 1978).
As cidades devem ser dotadas de um ambiente urbano que as enriqueça, e que inverta
o atual cenário de degradação que se constata, particularmente nas áreas metropolitanas.
Como elementos vitais da urbanização, o transporte e a circulação podem ser os carros-chefe
desse processo de recuperação, pois no dizer de Milton Santos, “o próprio padrão geográfico é
definido pela circulação, já que este é mais numeroso, mais denso e detém o comando das
mudanças de valor no espaço” (SANTOS, 1999, p. 45)
A função dos transportes é oferecer mobilidade, criando a circulação de pessoas e
produtos. Para a geografia, o transporte é um fator essencial, pois estrutura os espaços,
dotando-os com seus próprios trechos e gerando os fluxos, que ultrapassam, em muito a
simples circulação de pessoas no ambiente urbano. Pois segundo (FISCHER, 1978) os
processos industriais implicam efeitos em diferentes graus sob a ótica da intervenção do
transporte, porque reúnem em um mesmo lugar produtos e materiais brutos que devem sofrer
transformações, e em seguida encaminham os semi-produtos e os produtos finais para os
lugares de utilização e de consumo. O resultado é que para cada indústria, uma localização
diferente implica em diferenças nos custos de transporte, por isso tantos problemas de trafego
e transito para as cidades, como no caso de Alfenas.
Os problemas gerados pelo transporte urbano impõem a necessidade de uma
2
abordagem mais profunda sobre o tema, é por isso que este trabalho pretende compreender
melhor o transporte, tomando como referência o trânsito em Alfenas. Porque, a partir deste
trabalho, poderemos começar a refletir a respeito das questões apresentadas acima.
Um dos principais problemas oriundos do transporte urbano é a degradação do
ambiente urbano, uma vez que o transporte é um dos elementos que mais contribui para a
poluição nas cidades.
A questão da circulação pode se tornar uma deseconomia, uma vez que tem grande
importância nos processos de formação e integração dos territórios, se for uma influência
ruim, com um tráfego complexo e lento, terá um impacto negativo nesses processos.
2- JUSTIFICATIVAS
O estudo da dinâmica dos veículos, especialmente os de grande porte, como
caminhões e ônibus, oferece a oportunidade de compreender os fatores que interferem na
qualidade de vida da população do município como um todo. Além de complementar outro
aspecto da geografia de Alfenas, uma vez que a malha viária e sua configuração constituem
uma influência fundamental para escoar a produção e a locomoção da população.
“Todo processo industrial implica um efeito, mas em graus diversos, a intervenção do
transporte, primeiramente por reunir em um mesmo lugar produtos e materiais brutos que
devem sofrer transformações, em seguida por encaminhar os semi-produtos e os produtos
finais para os lugares de utilização e de consumo” (FISCHER, 1978). O resultado é que para
cada indústria, uma localização diferente implica em diferenças nos custos de transporte, por
isso tantos problemas de trafego e transito para as cidades, como no caso de Alfenas.
A circulação, como um todo, possui estreitas relações com a vida e os interesses de
uma população. Estudá-la significa pesquisar quais são esses interesses e como transcorre o
cotidiano da cidade. Um dos mais variados papéis do geógrafo é justamente esse,
desenvolver, investigar, realizar trabalhos de pesquisa que beneficiem direta ou indiretamente
a população.
Visto que a maioria dos municípios brasileiros cresce sem um planejamento adequado,
sem políticas públicas para a organização do espaço, o que agrava os problemas estruturais e
sociais piorando a qualidade de vida. Uma análise das condições de acessibilidade e
mobilidade na cidade esta justificada, pois, a cidade, apesar do seu porte, já apresenta sérios
problemas do tema abordado, além de fortalecer uma discussão teórica dos conceitos
2
apresentados, incentivando a cidadania, podendo servir de base para futuros projetos de
políticas públicas nesse sentido.
O transporte é uma das questões mais pertinentes da geografia atual, que se mostra
claramente quando se estuda o quadro da circulação, ou seja, a logística definida para o
trânsito de pessoas e veículos numa cidade. Portanto, “se aos transportes é delegada a função
de transportar, cabe à geografia pautar sua reflexão sobre o ato de transporte em suas
implicações sociais, dotando tal estudo de elementos teóricos que uma vez aplicados ao
espaço real, possam atender as necessidades dos cidadãos e das áreas afetadas, da escala
global para a local.” (POMPEU, 2006)
Além disso, existe uma grande carência de estudos geográficos sobre o município de
Alfenas em relação a vários temas ligados ao espaço urbano, inclusive sobre o trânsito, após a
implantação das indústrias no município, tema sobre o qual este projeto pretende se debruçar
para compreender. Assim, acredita-se, que com um diagnóstico da situação presente e uma
futura análise crítica das ações do poder público, existirá uma base importante para um
possível planejamento no setor.
3- METODOLOGIA
A metodologia empregada no presente trabalho foi realizada em seis momentos: o
primeiro momento foi o levantamento bibliográfico, na qual se realizou uma revisão na
literatura acerca do tema, buscando abranger variados aspectos do tema.
No segundo momento identificou se as vias de maior movimento de trânsito de
veículos. O que foi realizado por meio de incursões ao campo de estudos nos horários
identificados como de maior fluxo de trânsito de veículos, ou seja, pela manhã, por volta das
sete horas; por volta do meio dia, e no final da tarde, por volta das sete horas.
O terceiro momento realizou se a contagem de veículos às margens das vias mais
movimentadas, previamente identificas pelas incursões ao campo. Nesta etapa, a contagem
direta do número de veículos foi o meio empregado para determinar o fluxo de trânsito, uma
vez que os semáforos na cidade de Alfenas intercalam a posição de aberto/fechado em cerca
de um minuto, isso permitiu perfeitamente a contagem manual dos tipos de veículos nas vias
identificadas como as de maior fluxo.
No quarto, determinamos a direção do fluxo de transito, onde foi confeccionado um
mapa temático com os dados preliminares recolhidos em campo, após um tratamento
estatístico. O que determinou as direções preferenciais do fluxo de veículos e também as vias
2
mais movimentadas na cidade nos horários estudados.
No quinto identificamos as indústrias que geram os maiores fluxos de trânsito e sua
localização na cidade, o que implicou na montagem de uma tabela com as principais
informações dessas indústrias.
O sexto momento foi quando realizamos entrevistas com motoristas de caminhões,
onde aplicamos questionários, para saber por que não utilizam o desvio que liga o Distrito
Industrial e assim conseqüentemente passam pelo centro da cidade.
O sétimo e ultimo momento foi realizado um registro fotográfico dos principais fatos
envolvendo a temática.
4 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 - ACESSIBILIDADES URBANAS
Segundo Harvey (1980) o espaço é um atributo de todos os valores de uso, ou seja, o
espaço urbano possui uma grande variabilidade de atributos dispersos de forma desigual no
território, mas de certa forma interligados pela própria funcionalidade urbana.E é dentro dessa
funcionalidade que o transito se insere,como um grande formador e transformador desta
articulação,garantindo acessibilidades e ou, produzindo segregações sociais.
Villaça (2001) discute essa questão onde as condições de transporte são de
fundamental importância para se entender a configuração de uma cidade, sua estrutura urbana;
Onde a acessibilidade possui grande relevância no que se referem às inter-relações,
dependentes da infra-estrutura da cidade.
A cidade cresce de acordo com as condições de acessibilidade de acordo com o
Villaça (2001). Por exemplo, uma ferrovia provoca um crescimento descontínuo, nucleado ao
redor das estações, ao passo que uma rodovia provoca um crescimento mais rarefeito e menos
nucleado. Alfenas passou por esses dois momentos, em um primeiro momento quando só
havia a presença da ferrovia nota-se um crescimento urbano mais ao norte, com achegada da
rodovia e a derrocada da ferrovia, podemos notar que a cidade passou a expandir mais para o
sul. Como conseqüência desse processo observa-se a agregação de valores aos lugares de
mais acessibilidade gerando a segregação social, nos lugares onde o acesso é menor.
Portanto devido à disparidade de renda, gerada pela acessibilidade ou não, os mais
pobres apresentam uma dificuldade maior em atingir os pontos de emprego, educação, lazer e
2
equipamentos públicos, tanto em função do uso do solo, como em razão das características de
transporte (VILLAÇA, 2001).
Harvey (1980) coloca, ainda a necessidade de ações planejadas do poder público a fim
de garantir essa acessibilidade a todos, da melhor maneira possível, pesando os pontos
positivos e negativos de qualquer mudança a ser implementada.
4.2 - TRASPORTE URBANO E PROBLEMAS AMBIENTAIS
Com êxodo rural as cidades sofreram um grande “inchaço”, aliado a esse processo
também temos a necessidade capitalista do consumo em crescente evolução, o que provocou
algumas mudanças, como uma das maiores mudanças ocorridas pode-se incluir o setor de
transporte, onde a valorização do transporte privativo provocou um “abandono” do transporte
público. Todos esses processos provocaram uma degradação ambiental, por todos os ângulos
do espaço urbano.
A decadência do uso do transporte público têm sido responsável por um grande
incremento de problemas ambientais do espaço urbano. Nesse contexto, há um agravamento,
segundo o autor, dos congestionamentos, poluição do ar, poluição sonora, etc. O autor também
ressalta as conseqüências do modelo de desenvolvimento adotado no Brasil após a II Guerra
Mundial, baseado no rodoviarismo, que favorecia a indústria automobilística. Assim, até o
sistema de transporte coletivo, que antes era, em sua maioria, realizado sobre trilhos, com os
bondes, passou paulatinamente a ser substituído por ônibus, que levou ao sucateamento do
setor ferroviário no país. Macedo (2006)
Portanto essa política adotada pelo país também é um fator muito importante,
contribuinte para a degradação ambiental e segregação social, já que o sistema rodoviarista
atual prioriza o transporte individual e nem todos podem comprar um automóvel. O que
acentua ainda mais as desigualdades sociais. Somado a essa política ainda temos a
precarização cada vez mais do transporte coletivo.
Segundo, Macedo (2006), as principais fontes poluidoras do ar nas regiões urbanas são
os veículos automotores, sendo responsáveis por 47% das emissões por queima de
combustível fóssil. Os veículos automotores produzem mais poluição atmosférica do que
qualquer outra atividade isolada, variando de acordo com as características da cidade e o
combustível usado.
2
4.3 - ALFENAS, UMA CIDADE MÉDIA
Alfenas pode ser considerada uma cidade média por conta de sua infra-estrutura, por
abrigar indústrias de médio a grande porte, como multinacionais, e também por polarizar
cidades vizinhas que ainda mantêm características rurais, do período técnico anterior.
Sposito (2006) dá destaque às redes regionais no sentido de sobreposição de fluxos
descontínuos, porém ligados por fortes conexões internas. As cidades médias têm seu papel
alterado nesse processo, em função de situações geográficas mais ou menos favoráveis e
atraentes aos investimentos externos e de iniciativas de atores locais e regionais, maior ou
menor capacidade de se integrarem de forma mais ampla às novas formas de configuração de
relações em múltiplas escalas. O que interfere na divisão regional do trabalho e na divisão
internacional do trabalho, que não são as mesmas para todas as cidades médias.
Essa observação segundo a autora vem passando despercebida, já que a idéia de
descentralização de atividades produtivas industriais das metrópoles principais para as
regionais, cidades grandes ou médias podem passar a idéia de melhor distribuição territorial
das atividades econômicas, quando na verdade gera novas especializações territoriais, com
maior participação no território nacional no processo.
Ainda segundo a presente autora, dentro do conceito de cidades médias a periferia
deixa de ser caracterizada somente por exclusão social e espacial, e se torna um novo sub
centro, como é o caso de Alfenas, que na periferia já se concentra Universidade (novo
Campus da UNIFAL, ainda em construção), o Distrito Industrial da cidade e acesso a uma das
rodovias principais da região, a BR 491.
O que constitui no paradigma centro-periferia, porque as cidades médias deixaram o
período técnico anterior para viverem a atual globalização, ou período técnico informacional
de modo que algumas estão mais ligadas ao exterior do que o próprio país, Alfenas abriga
empresas internacionais como a Unifi.
Por isso fica mais difícil identificar o centro e a periferia desses lugares, essas questões
não apenas se relacionam, mas se sobrepõem.
“Onde está o centro e onde esta a periferia nessas cidades? Esses espaços existem, mas
temos que falar de centro e periferias, temos que olhar para esses espaços mais por seus
conteúdos e papéis do que por suas posições geográficas nas estruturas urbanas, regionais,
nacionais e internacionais do período atual”. (SPOSITO, 2006, p. 243)
Ainda segundo Sposito (2006), as relações dessas cidades extrapolam a própria rede,
para comandar exportações de produção agropecuária e industrial regional, passando a se
2
relacionar diretamente com cidades de outros países como já foi dito. As telecomunicações
possibilitam essas novas formas de interação espacial. Em função disso, a localização
industrial das multinacionais pode se liberar da tendência a se situarem nas grandes
metrópoles e procurar menores custos de produção, no que se incluem suas escolhas
territoriais pelas cidades médias.
Nesse sentido, podemos pensar também como a circulação é afetada nessas cidades,
com o fluxo sendo reestruturado a partir da criação de novas centralidades.
5-HISTÓRICO DE ALFENAS
Existem várias versões para a criação de Alfenas, porém nenhuma versão foi
comprovada, pois derivam de dados duvidosos. Mas sem dúvida, sua criação está relacionada
a José Martins Alfena e sua família, que eram bastante populares na região. “Em 1869, pela
lei n. 1.614, de 15 de outubro, foi elevada á cidade a então Vila Formosa, que em 1871, pela
lei n. 1.791, passou simplesmente a denominarem-se Alfenas, por haver em Goyaz (Goiás)
outra cidade com o nome de Formosa, causa de “Freqüentes enganos postais, que convinha
evitar”, segundo o Leitura Técnica de Alfenas.
O café, introduzido nas lavouras do sul de Minas em 1833, fez de Alfenas, até 1887,
um local de destaque quantidade e qualidade que produzia. Além do café cultivavam outros
cereais e também a cana. Criava-se gado e porcos, em grande parte para exportação.
Para Alfenas, o século XX trouxe consigo grandes avanços em relação aos transportes
e às comunicações: ainda na primeira década houve a integração do município à Rede
Ferroviária Sul Mineira, através da construção de um ramal e de uma Estação Ferroviária, na
mesma década, inauguram-se os serviços de telefonia.
A partir de 1914, duas linhas de navegação fluvial estavam integradas à rede
ferroviária: a Navegação Fluvial do Rio Sapucaí e a Viação Fluvial do Rio Sapucaí. Elas
estavam “encravadas” entre o Sul e o Oeste de Minas Gerais. Grandes embarcações, com
capacidade para 20 passageiros e 30 mil toneladas de carga, tinham itinerários definidos e
horários regulares. Levavam sal, rapadura, queijo, manteiga e outros mantimentos, conforme
as encomendas entre os comerciantes da região.
No início do século XX, pertenciam ao município os seguintes povoados: Bárbaras,
Esteves, Gaspar Lopes (estação de trem), Harmonia (estação de trem), Paiva, Rochas, Vianna.
Em 1917 a cidade tinha 6000 habitantes, distribuídos em 929 casas. As principais lavouras
2
eram a de café, cereais e cana. As principais indústrias de laticínios e pastoril; comércio de
gado vacum e suíno, as principais fábricas eram de manteiga, macarrão e arreios. Exportava
toucinho, café, queijo, manteiga e cereais. Importava fazendas (feitios), armarinhos, calçados,
ferragens, etc. (FRADE, 1917: 85, apud Leitura Técnica de Alfenas). Na região, a década de
1960 representa um grande marco. Nessa época, sob a égide de grandes idéias
desenvolvimentistas, a região passa por transformações radicais. O então Presidente da
República Juscelino Kubitscheck, fiel ao seu binômio Energia e Transporte, determinou a
construção da Hidrelétrica de Furnas, que viria a sanar um grande déficit de energia no país.
Usina Hidrelétrica de Furnas
Sua construção teve inicio em julho de 1958, com a sua primeira unidade sendo
inaugurada em 4 de setembro de 1963 e a sexta unidade concluída em 9 de julho de 1965. Em
1972, foi iniciada sua ampliação para a instalação da sétima e da oitava unidades. A potência
final atingida, em 30 de abril de 1974, foi de 1.216 MW. O Lago inundou terras de 34
municípios, inclusive de Alfenas, o que alterou substancialmente o perfil geoeconômico da
região, além da própria mudança na configuração da paisagem regional. A superfície total
destes municípios totaliza 15.155Km2, variando a afetação do lago em cada um dos
municípios. Este oscila de 212,18km2 em Carmo do Rio Claro até os 0,02Km2 do município
de Ilicínea. Alguns municípios como Boa Esperança, Campo do Meio, Fama e Guapé têm a
sede do município à beira do lago.
Além deste impacto, tem-se que o sistema de transporte, antes articulado por ferrovias,
passou a ser calcado em sistemas rodoviários, o que alterou tanto o acesso como a estrutura do
escoamento da produção agrícola dos municípios.
2
Mapa 1: Represa de Furnas
Fonte: Leitura Técnica, 2006.
2
Foto 1 : – Hidrelétrica de Furnas.
Fonte: Furnas Centrais Elétricas
Foto 2 : – Represa de Furnas.
Fonte: Prefeitura Municipal de Alfenas
6 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA URBANA
Nos primeiros anos do século XX, a atual sede do município de Alfenas passou por
um grande desenvolvimento, com a construção do grupo escolar Minas Gerais, atualmente
denominados Coronel José Bento, a inauguração do serviço telefônico e a construção de um
ramal com uma Estação Ferroviária, integrada com a navegação Fluvial do Rio Sapucaí, e
também a implementação da Escola Federal de Odontologia, que recebia grande número de
2
alunos. Segundo D’AURIA, a linha férrea possuía as seguintes estações: Alfenas (na sede),
Fama, Gaspar Lopes; Harmonia e Areado (D’AUREA, 2001 apud Leitura técnica de Alfenas).
Nessa época a cidade se estendia mais ao norte, perto da estação ferroviária como podemos
ver no mapa seguinte.
No período de 1940 a 1949, a cidade já ocupava a área de quatro micro-bacias,
aproximando-se das nascentes dos córregos da Pedra Branca e do Pântano e transpondo, pela
primeira vez, o limite de um curso d’água, com a construção do aeroporto, o que provocou
uma ocupação ao redor dessa área que culminaria no bairro Aeroporto, atualmente.
Até a década de 60, a rede urbana do sul de Minas articulava-se, basicamente, através
do sistema ferroviário, principal escoador da produção agrícola da região, sobretudo a
cafeeira. Antes da construção da ferrovia,a cidade crescia ao longo dos principais caminhos da
região que depois se tornaram rodovias. Com a instalação da Hidrelétrica de Furnas e a
conseqüente inundação das terras baixas, todo este sistema de acessos foi desarticulado. Foi
construída a rodovia BR-491 com o intuito de restabelecer essa rede de acessos. Mesmo
assim, a economia da região, de base predominantemente agrícola, ficou seriamente
comprometida, passando assim a se reorganizar num quadro sócio-econômico bem mais
diversificado.
O crescimento da ocupação foi pouco significativo na década de 60, sendo esta
ocupação voltada para a implantação do primeiro conjunto habitacional da cidade, conhecido
como “Vista Grande”, na região norte. O pequeno crescimento foi devido o grande número de
lotes vagos resultantes área loteada na década anterior. Porém o início dos anos 60 é marcado
pela construção da represa de Furnas, onde o lago inundou uma superfície de 149,89km²,
resultando em alterações no sistema de transporte, na agricultura e na paisagem do município.
Podemos notar uma estagnação do crescimento demográfico nessa região.
O sistema de transporte, que era articulado pela ferrovia, ficou comprometido com a
inundação das terras baixas, leito natural da linha férrea. A ferrovia foi então desativada,
sendo construídas rodovias para solucionar o problema de transporte na região, que foi
desarticulado com a inundação de diversas estradas e pontes.
Por isso a cidade passou a crescer mais ao sul como podemos visualizar no mapa
seguinte. Como a consolidação do bairro Vila Teixeira, constituído principalmente de
estudantes da Universidade privada UNIFENAS, construída as margens da BR -491.
Algumas ligações não foram resolvidas com a construção das novas rodovias. A
ligação da sede do município com o distrito de Barranco Alto, que se localiza a uma distancia
2
de 45,5km, na parte norte do município, foi interrompida pelo lago, sendo o transporte
realizado por balsa, que ainda hoje opera precariamente, ou percorrendo um trajeto de
75,5km, que passa pelos municípios de Areado e Alterosa.
Mapa 2 : – Década de 70.
2
Fonte: Leitura Técnica, 2006.
Segundo a Leitura Técnica, Alfenas, a partir de 2000, apresentou um processo de
retração do mercado imobiliário, apesar de ainda receber investimentos com a construção de
novos loteamentos e habitações. Cresce o número habitações ociosas com o aumento da oferta
de moradias e a estabilização do número de estudantes na cidade. Soma-se a esse fator a
situação econômica do país (alta das taxas de juro e do valor do dólar) e a crise no preço do
café, que é importante para a economia da região. Nessa nova conjuntura o preço do aluguel
passa a ter um valor real em relação ao que é oferecido, pois anteriormente o preço cobrado
era inflacionado, sustentado na escassez de imóveis. Atualmente um dos principais problemas
em Alfenas é o grande número de lotes vagos.
O problema de áreas ociosas na cidade de Alfenas é antigo, a densidade de ocupação é
historicamente baixa. Analisando os censos do IBGE (1950, 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000) e
os dados da área urbanizada em cada período chega-se à média de densidade bruta em torno
2
de 40 habitantes por hectare, que é considerada baixa. Nas últimas décadas tem-se uma leve
tendência de aumento da densidade, porém nada significante.
Segundo a Prefeitura Municipal a área urbana de Alfenas é composta por diversos
vales, com córregos e nascentes que, historicamente, têm sofrido processo de degradação. O
estudo da evolução urbana é interessante para se entender como se deram as alterações físico
espaciais dos ambientes fluviais. A ocupação do perímetro possui um horizonte ainda
distante. Com uma área de 33,1km², comportaria, descontando os 40% destinados a áreas
públicas, uma ocupação de 19,9km² com lotes particulares, possibilitando mais de 58 mil lotes
de 337m². Portanto, as glebas urbanizavam, com infra-estrutura implantada, poderiam receber
mais 230 mil habitantes, atendendo, até 2055, o crescimento da população urbana. A tipologia
adotada para realizar os cálculos foi de baixa densidade, unidades unifamiliares isoladas no
lote. Apesar de existir nesse universo, o uso comercial, institucional e industrial, que
diminuiria o número de unidades habitacionais, existe uma compensação pelo uso misto e por
edificações multifamiliares (prédios de apartamentos, casas geminadas, co-habitação e outras
tipologias de maior densidade)
2
Mapa 3 : – 2000 em Diante.
Fonte: Leitura Técnica, 2006.
Podemos notar a partir desses dois mapas e também no mapa de Estruturação urbana
que antes da construção da ferrovia, a cidade crescia ao longo dos principais caminhos da
região que depois se tornaram rodovias, ou seja a cidade cresceu ao longo das principais vias
de acesso.
Segundo Villaça (2001) as vias provocam crescimento ou desenvolvimento urbano,
porque essas vias regionais provocam valorização nos terrenos adjacentes, devido à melhoria
de sua acessibilidade. Principalmente no caso da rodovia que ao longo de seu percurso oferece
possibilidade de concretização de transporte urbano de passageiros. Isso porque o transporte
rodoviário é mais flexível, pois, em qualquer ponto da via o acesso ao centro da cidade irá se
concretizar. Então à medida que a cidade cresce, ela se apropria e absorve os trechos urbanos
das vias regionais. Por isso é que autor afirma que as vias regionais são muito importantes no
processo de estruturação das cidades, e podemos ver isso nitidamente em Alfenas, ou seja, ela
foi estruturada em um primeiro momento pela ferrovia, que à leste da cidade e, em um
2
segundo momento, pelas rodovias federais mais para sul, apresentando assim a cidade um
crescimento longitudinal, orientado pelas principais vias que são as BRs 491 e 369.
Ainda segundo este autor, o crescimento das cidades é principalmente atraído pelas
vias regionais, em geral aquelas ligam a regiões ou cidades mais importantes. Essa
importância se refere a um tráfego regional, o que significa muitas vezes melhorias no
atendimento urbano, em relação a uma maior circulação.
6.1 – Características Gerais
Atualmente, com uma população estimada de 75.889 habitantes, distribuídos em uma
área de 846,9 Km2, Alfenas têm uma densidade demográfica de aproximadamente 89,6
hab/Km2 e uma taxa de crescimento anual de 3,16%. A divisão da população de Alfenas por
faixas etárias demonstra que a maioria da população alfenense possui idade entre 30 e 59 anos
(IBGE, 2008).
Ainda segundo o IBGE, além do crescimento vegetativo da população alfenense,
existe ainda uma dinâmica populacional flutuante devido às universidades e o próprio
contexto rural. Ambos são significativos em Alfenas, e correspondem a 15% da população
total.
A população universitária possui grande importância para a economia do município no
período letivo, pois movimenta o setor terciário. A maioria da população rural procura ou é
conduzida para o município nos períodos sazonais das principais safras agrícolas: café, cana-
de-açúcar, batata. Alfenas também recebem anualmente grande contingente de pessoas dos
municípios vizinhos, já que se tornou pólo microrregional devido a sua infra-estrutura.
Alfenas pode ser classificada como uma aglomeração de médio porte, pois presta serviços e
possui um forte setor de comércio, atraindo com essas características muitas cidades em seu
entorno.
Alfenas em relação aos municípios regionais: 5º lugar em alfabetização (0,71), 5º em
renda (0,64) 14º em habitação (0,34), 4º em índice ambiental, 6º lugar em saúde (0,54) e 5º
lugar em qualidade de vida (0,62), (IBGE, 2008).
6.2 – CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA DO MUNICÍPIO
– Produto Interno Bruto (PIB)
Segundo o Leitura Técnica, o ICMS (Imposto sobre as operações relativas à
Circulação de Mercadoria e prestação de Serviço, de transportes interestaduais e
2
intermunicipais, e de comunicação) de acordo com a Constituição Federal de 1988, determina
que 25% do total arrecadado pelo estado são destinados aos municípios. Deste montante, 75%
do valor são distribuídos com base no VAF (Valor Adicionado Fiscal) e os 25% do mesmo
são distribuídos de acordo com a lei estadual.
Pode-se observar em Alfenas, segundo dados levantados sobre a arrecadação do
ICMS, a gradação ascendente que parte do ano de 1999 com 13.835.137,22 (treze milhões,
oitocentos e trinta e cinco mil e cento e trinta e sete reais e vinte e dois centavos), e chega ao
ano de 2000 com 27.094.395,00 (vinte e sete milhões noventa e quatro mil e trezentos e
noventa e cinco reais). (Leitura Técnica de Alfenas, 2006)
A arrecadação mensal de Alfenas continuou aumentando no ano de 2001, de
1.759.877,60 (um milhão setecentos e cinqüenta e nove mil, oitocentos e setenta e sete reais e
sessenta centavos) em janeiro, para 3.360.819,33 (três milhões, trezentos e sessenta mil e
oitocentos e dezenove reais e trinta e três centavos) em abril, mas sofre uma queda no mês de
maio, abaixando seu valor para 1.743.226,66 (um milhão setecentos e quarenta e três mil e
duzentos e vinte e seis reais e sessenta e seis centavos, caracterizando um aumento de 51%.
(IBGE, 2008)
Dos dados apresentados anteriormente podemos concluir que ....
6.3- AS INDÚSTRIAS EM ALFENAS
Segundo o IBGE havia em Alfenas 82 empresas em 1970 e 93 em 1980. Em 2008
eram 2.376, este numero encontra-se em constante evolução já que desde que o Distrito
industrial foi inaugurado tem notado um avanço nas implantações de indústrias e na geração
de empregos, já que este é um do distrito indústrias mais importantes do Brasil e o que mais
cresce, segundo a Prefeitura Municipal.
E é também um grande gerador de trânsito de grande porte dentro da cidade, como
caminhões carregados, carretas e ate mesmo treminhões. Como pode ser observado na tabela
das indústrias de Alfenas, algumas chegam á um trafego de 350, 400 caminhões por mês. O
que significa um incremento no trafego da cidade de aproximadamente 14, 15 caminhões
diários, circulando vagarosamente, gerando uma serie de problemas.
A maioria das indústrias de Alfenas se concentra no DI, porém algumas estão
localizadas em bairros, como é o caso da Saliba no centro da cidade e a Paramotos no bairro
América, intensificando o trafego de caminhões nessas áreas.
2
Tabela: Indústrias em Alfenas – MG
Fonte: Trabalho de campo, realizado em julho de 2010
6.4- O DISTRITO
O distrito foi instalado em meados da década de 80, em 1999 já possuía 32 indústrias,
segundo o Jornal dos Lagos. Situado na região noroeste da cidade, ocupa uma área de
Empresa Ano de instalação
Media de produção
Produtos Destino dos produtos
Meio de transporte
Média de caminhões
Setor
Cooxupé 1991 6 mil sacas
Café Internacionais Próprio 30 Agrícola
Lagos química
1990 10 mil litros
Detergente São Paulo Rio de
Janeiro e Minas gerais
Próprio 3 Domestico
Alternativa Construções
elétricas
1996 ñ possui Prestação de serviços
Minas gerais Próprio 8 Construções elétricas
Plasmig 1985 10 toneladas
Embalagens plásticas
Minas gerais Transportadora 7 Reciclagem
Estrutura de Concreto
Cobra LTDA
1998 3 estruturas
Estrutura de Concreto
(galpão pré-moldado)
Brasil Próprio 8 Construção civil
Coagril 1983 3 maquinas
Pulverizador pressurizado
Brasil e Internacionais
Transportadora 30 Agrícola
Pioneer sementes
2004 ñ possui Sementes Sul de Minas Transportadora 150 Agrícola
Alfenaco 1984 5 estruturas
Estruturas metálicas
Minas Gerais Próprio 10 Construção civil
Lafarge Concreto
SA
1999 5 toneladas
Concreto Sul de Minas Próprio 40 Construção civil
Tiph
(Fundição
de
autopeças)
1998 ñ
informado
Autopeças
leves e
pesadas p/
caminhões
Brasil e
Internacionais
Transportadora 350 Automobilística
Saliba 1981 ñ
informado
Tecidos Brasil Transportadora 15 Têxtil
Paramotos 1989 ñ
informado
Peças
p/motos
Brasil Transportadora ñ
informado
Automobilística
Unifi 1998 ñ
informado
Texturização
de fios de
poliéster
Brasil e
internacionais
Transportadora 400 Têxtil
2
1.200.000 metros quadrados, e vários lotes ainda a disposição. Essa área foi escolhida
segundo a Prefeitura Municipal (Secretaria de Planejamento e Orçamento), porque era um
terreno de posse da Prefeitura, sem nenhuma predestinação.
Atualmente o DI é administrado pela CDI(Companhia de Desenvolvimento Industrial
de Minas Gerais) e pelo INDI (Instituto de Desenvolvimento de Minas) e abriga empresas
internacionais de grande porte como a UNIFI (indústria de texturização de fios de poliéster,
matéria prima da indústria têxtil), a Técnica Industrial TIPH (fundição de autopeças leves e
pesadas para tratores), e a IBCEL (que industrializa condutores elétricos); são apenas, alguns
exemplos das empresas em operação no DI. A recente duplicação da Fernão Dias incentivou
os investidores a migrarem para o município, que possui localização estratégica, ótimos
incentivos fiscais, entre outras vantagens.
7 – A FERROVIA E A RODOVIA
- SISTEMA FERROVIARIO:
A estação ferroviária de Alfenas foi construída na segunda metade da década de 1910
pelo engenheiro carioca Paulo Froitein, graças à influência política do então senador estadual
Dr. Gaspar Lopes durante a gestão do Coronel José Bento como agente executivo do
município, segundo o Jornal dos Lagos de 1996.
Incorporada à Rede Mineira de Viação, a via férrea ligava Alfenas ao Rio de Janeiro
com um ramal direto até a estação de abastecimento localizada no bairro pitangueiras (depois
denominada Gaspar Lopes, em homenagem ao seu idealizador) a 9 km de Alfenas, onde havia
o entroncamento para Tiuti (atual Jureia) e para Cruzeiro, estado de São Paulo. Também foi
construído um eixo ligando Gaspar Lopes à Machado, passado pelo bairro rural de Caiana,
onde as locomotivas eram abastecidas dos combustíveis lenha e carvão. A linha era o meio de
transporte mais ágil que a população local dispunha, já que as estradas eram muito precárias.
Havia muita movimentação com despachos de produtos agrícolas principalmente café,
(toda a produção cafeeira da região era transportada por trem), pastoris e avícolas para os
grandes centros como Rio de Janeiro, na época capital do Brasil. E também recebimentos de
encomendas de madeira proveniente do Paraná e encomendas de carros, segundo o Jornal dos
Lagos de 1996
Vale ressaltar ainda que as ferrovias brasileiras foram construídas para atender a uma
demanda regional de transportes, ou seja, não foram construídas para o transporte urbano de
passageiros e sim para fins industriais e cargueiros, como é o caso de Alfenas. Porem mesmo
2
assim já representavam uma demanda urbana sobre um sistema de transporte extra-urbano.
Villaça (2001).
Ainda de acordo com o Jornal, em meados da década de sessenta a linha foi desativada
pelas obras da represa de Furnas, então o prédio da Estação ficou ocioso, o prefeito em
exercício mandou demolir uma parte para prolongamento da Rua Rui Barbosa, deixando de
pé apenas um dos barracões que serviu de armazém ate ser reformado e transformado em
Casa de Cultura de Alfenas na gestão do prefeito Dagoberto Engel.
Foto 3 : Estação Ferroviária de Alfenas, 1932.
Fonte: Prefeitura Municipal de Alfenas.
- SISTEMA RODOVIÁRIO E O TRANSPORTE COLETIVO:
Alfenas articula-se em uma malha rodoviária com duas estradas federais (BR- 491 e
BR-369) e algumas estradas estaduais, que fazem a ligação da cidade com grandes centros e
demais cidades da região, segundo o IBGE,2008. No geral, constata-se que todas as rodovias
atendem bem as necessidades do município, não havendo necessidade de maiores
intervenções, ou ampliações das mesmas, a não ser mais cuidado com todas, fazendo
periodicamente alguma manutenção no intuito de mantê-las funcionando bem.
Segundo o leitura Técnica, atividades de reparos que não eram realizadas na BR-491,
que se encontrava em estado bem precário quanto à pavimentação e sinalização até 2007,
quando se iniciou a “reforma”, as obras duraram cerca de dois anos e meio, terminou em julho
de 2009 e passou por uma repavimentação completa, porém é importante ressaltar que a
manutenção não é realizada. Atualmente, a BR 491 esta sob concessão da concessionária
2
Nascente das Gerais. Têm-se ainda diversas estradas rurais responsáveis pelo escoamento da
produção agropecuária. Estas estradas rurais geralmente não são pavimentadas, mas recebem
manutenção periódica, como cascalho ou passagem de máquinas.
As principais rodovias que ligam Alfenas ao resto do estado: a BR- 491 que liga o
interior de São Paulo (região de Ribeirão Preto) ao sul de Minas, passando por Passos,
Alfenas, Varginha e termina no entroncamento com a Fernão Dias; a BR-369 liga Alfenas a
Belo Horizonte, de acordo com o IBGE,2008. Foram construídas em meados da década de
70,segundo a Prefeitura Municipal. Antes eram estradas de terra e se encontravam em
situação precária, porem após a construção de Usina Hidrelétrica Furnas e a desativação da
linha férrea, a população passou a contar apenas com esse meio e acesso. Hoje, o sistema
rodoviário é composto por três estradas federais: BR-491, BR-267 e BR-369, quatro
estaduais: MG-179, MG-184, MG-453 e MG-879, e diversas municipais, também segundo o
IBGE, 2008.
De acordo com a Leitura Técnica, 2006, quanto ao sistema viário urbano, Alfenas
conta hoje com um sistema rodoviário deficitário, carecendo de intervenções e manutenções.
O traçado ortogonal apresenta ruas estreitas, principalmente na área central, com larguras
médias de 10m. Estas, no horário comercial, recebem grande fluxo de veículos leves, que
ocupam boa parte com estacionamentos, dificultando assim o abastecimento de mercadorias
nas lojas e estabelecimentos, feito por veículos de grande porte, o que causa grande
precarização do transito. Cortando longitudinalmente a cidade, passando pelo centro, tem-se a
ligação entre as rodovias, o fluxo intenso e pesado sobrecarrega o sistema rodoviário, devido
à ausência de vias destinadas a este fluxo.
Gráficos comparativos que mostram o aumento, principalmente de caminhões, de
2008 para 2009, confirmando a situação de precariedade do transito alfenense, são expostos a
seguir, nos quais podemos notar que os caminhões tiveram um aumento de 5% e as carretas
um aumento de 6%, ou seja, o trânsito cada vez mais negativo e com pouca fluidez.
2
Gráfico 1:
Trafego de veículos entre as ruas Arthur Bernardes, Alferes Domingues, Pedro Correia
e Avenida Governador Valadares.
Gráfico 2:
Trafego de veículos entre as ruas Arthur Bernardes, Alferes Domingues, Pedro Correia
e Avenida Governador Valadares.
27%
28%45%
Carreta
7-8 h 12-13 h 18-19
Dados obtidos em trabalho de campo entre os dias 1 de outubro/2009 á 14 de
dezembro/2009
Segundo a Prefeitura Municipal o projeto da via perimetral e a criação de leis de
controle ao longo da mesma, o fluxo pesado deverá ser desviado da área central, amenizando
2
o tráfego desses veículos nesta região. Outro problema enfrentado no sistema viário urbano é
em relação ao trevo, que apresenta na sua proximidade a instalação do campus da Unifenas.
Essa universidade, junto aos acessos da BR-491 e MG-179, ocasiona nos períodos mais
intensos (das 7 h às 9 h e 30 min., das 11 h às 14 h e 17 h às 19 h) congestionamentos devido
à entrada e saída dos usuários do campus. Há desconforto aos que têm que ficar parados,
esperando dentro dos veículos, uma oportunidade para conseguir concluir o trajeto.
Tem-se ainda a falta de planejamento e garantia da eficiência do sistema viário, que
deveria buscar compatibilizar a classificação funcional com a geometria das vias, evitando
assim conflitos entre pedestres e veículos.
Porém, os piores congestionamentos acontecem no centro da cidade, devido a vários
problemas como a deficiência no transporte publico, acesso à BR-369 que obriga a passagem
dos veículos pelo centro, trafego de veículos de grande porte, entre outros.
Mapa 4:
2
Fonte:Carta Temática de Alfenas
Podemos notar que o maior fluxo de trânsito corta a cidade de norte a sul, gerando
maiores congestionamentos nas ruas indicadas no mapa. Podemos observar também que após
a derrocada da ferrovia e a criação das rodovias, a cidade passou a crescer ao leste e sul,
longitudinalmente, ou seja, margeando as rodovias ou vias regionais como as BRs 491 e 369 e
vias intra-urbanas como as estradas vicinais, e as avenidas. Com exceção para a região
destacada no mapa de amarelo onde se localiza o bairro Aeroporto que teve sua consolidação
a partir da construção do mesmo.E também a parte destacada de lilás, onde estão localizados
os bairros Conjunto habitacional Pinheirinho, Recreio Vale do Sol e bairro Santa Clara,
bairros de baixa renda,que demonstram a exclusão espacial de Alfenas.Porém nota-se que o
Distrito Industrial esta localizado bem ao lado dessa região (destacado de rosa,no mapa).
Entre essa região esta o novo Campus da Unifal, ainda em construção,gerando o que vamos
chamar de “novo centro”, ou centralidade,constituindo aquele paradigma centro-periferia que
2
a autora Sposito (2006) discute no presente texto acima no tópico:Alfenas uma cidade
média.
O próximo mapa mostra o sistema viário como um todo:
Mapa 5: – Sistema Viário 2006.
Fonte: Leitura Técnica de Alfenas
Segundo a empresa ALFETUR o sistema de transporte atende todo o meio urbano,
através das 19 linhas de ônibus, que passam pela cidade.
Porém esse tipo de transporte coletivo não possui pontos de ônibus com cobertura e
acentos para as pessoas que ali aguardam. Também não há elevadores para deficientes físicos
na porta do ônibus. Pode-se contar atualmente, com uma empresa responsável pelo transporte
coletivo, ALFETUR, além de inúmeros táxis que fixam seus pontos, geralmente na
Rodoviária, na Praça Emílio da Silveira e na Praça Getúlio Vargas. Para o único distrito
(Barranco Alto) o transporte é feito por meio de balsa.(PREFEITURA MUNICIPAL,2008)
2
Mapa 6: – Síntese Ônibus Coletivo.
Fonte: Tabela Escrita das Linhas de Ônibus da Empresa Alfetur, 2006.
8 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
O problema do trânsito nas cidades tem sido amplamente debatido. E em Alfenas essa
questão vem à tona dada à grande falta de mobilidade vivida pelos motoristas dentro da
cidade, provocada por veículos de grande porte, que vêm, ou vão, para o Distrito Industrial.
2
Comprovando assim a nossa hipótese de partirda. Somado a esse problema, temos a falta de
um desvio para se chegar a BR-369, que dá acesso a grande Belo Horizonte, por isso os
motoristas são obrigados a passar pelo centro da cidade.
A falta de logística nesses dois casos foi o pivô da situação, principalmente no caso do
DI, que foi construído sem levar em conta a acessibilidade da área, existe uma via perimetral
que dá acesso ao DI, a sudeste apenas, sem levar em conta, motoristas que vêm do norte da
cidade, que neste caso teriam que dar uma volta de aproximadamente sete quilômetros. De
dezessete entrevistas realizadas com motoristas que se direcionam ao DI, apenas quatro,
disseram conhecer e utilizar a via, seis disseram não utilizar a via porque esta não apresenta
boa infra-estrutura para veículos pesados, pois possui muitas subidas e curvas fechadas.
Quatro disseram não utilizar a via, porque aumentaria o trajeto, e três desconheciam a
existência da via.
Todos esses problemas são característicos de cidades médias em crescimento, como
Alfenas, que vêm adquirindo os problemas das grandes cidades. São cidades, onde as vias de
circulação regionais são as principais responsáveis pela estruturação urbana, como podemos
notar quando comparamos os gráficos de circulação, a tabela de indústrias e o mapa de
estruturação urbana de Alfenas, presentes neste trabalho. Nos quais as indústrias direcionam o
fluxo de trânsito, que por sua vez estrutura o crescimento da cidade, no sentido norte-sul, ou
seja, longitudinalmente. Portanto, um crescimento orientado pelas principais rodovias, ruas e
avenidas.
Ainda analisando a tabela e o mapa, podemos definir a direção do fluxo de trânsito,
local: noroeste, em direção à BR-369 e sudeste em direção à BR-491; regional: sudeste, em
direção a Varginha (Porto Seco), norte em direção a grande Belo Horizonte; nacional: São
Paulo, Belo Horizonte; aeroportos, como o de Cumbica/SP, e também portos como o de
Santos/SP, para fins de exportação de produtos produzidos em Alfenas/MG.
Portanto, é importante enfatizar que a movimentação de cargas urbanas é fundamental
para a economia de uma cidade, ou alcançando até mesmo uma escala global. No momento
atual, quando mudanças radicais vêm ocorrendo no ambiente industrial, com aumento
significativo da competitividade e crescimento dos mercados, todos os diferenciais logísticos
passam a ser importantes. Por isso, a necessidade de sanar esses problemas dentro da cidade
de Alfenas, porque estão provocando deseconomias, que influenciam na economia da cidade.
Para as cidades, a movimentação de carga é um mal necessário, pois ela não sobrevive
sem estes fluxos vitais. (Villaça, 2001).
2
Por isso, o desenvolvimento de um planejamento urbano que contemple esta variável e
de uma legislação que organize suas atividades é o principal papel do poder público para
minimizar estes problemas. São desafios do poder público o desenvolvimento de políticas
voltadas para esta questão, determinando quais intervenções devem ser feitas, monitorando o
desempenho dos sistemas de movimentação de veículos e de cargas e prevendo demandas
futuras destes fluxos.
9 – BIBLIOGRAFIA
ARROYO, Maria M. Dinâmica territorial, circulação e cidades médias. In: SPOSITO,
Eliseu S. et alii. Cidades médias: produção do espaço urbano e regional. São Paulo:
Expressão Popular, 2009, p. 71-85.
ALFETUR, Empresa.Consultada em março de 2009.
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS MUNICÍPIOS (CMN).
http://www.cnm.org.br/pib/mu_pib_geral.asp, acessado em 09/07/2010 às 14:42
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN - 2007 denominação de
veículos em geral. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRÂNSITO - DENATRAN - 2007; Malha municipal
digital do Brasil: situação em 2005. Rio de Janeiro: IBGE, 2008.
FISCHER, ANDRÉ. Transporte e localização industrial. In: FIRKOWISKI, Olga L. C. &
SPOSITO, Eliseu S. Indústria, ordenamento do território e transportes. São Paulo:
Expressão Popular, 2008.
FURTADO, N. KAWAMOTO, E. Avaliação de projetos de transporte. São Carlos: USP,
1997.
POMPEU, F. CARVALHO et al .Geografia Ações e Reflexões. RioClaro: UNESP/IGCE,
2006.pg 101 RioClaro:UNESP/IGCE,2006.pg 101
PREFEITURA MUNICIPAL DE ALFENAS. Histórico de Alfenas/MG. Disponível em
http//: www.alfenas.gov.com, acessado no 24 de setembro de 2008, às dezenove horas.E
2
secretaria de Planejamento e Orçamento, visitada inúmeras vezes.
SANTOS, MILTON. A natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:
Hucitec, 1999.
__________________ Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1997.
__________________ Por uma Geografia Nova: da crítica da geografia a uma geografia
crítica. São Paulo: Hucitec, 1978.
VASCONCELLOS, E. A. Transporte urbano nos países em desenvolvimento, 3 ed., São
Paulo: AnnaBlume, 2000.
HARVEY, David. A Justiça Social e a Cidade. Trad. Armando Corrêa da Silva. São Paulo:
Hucitec, 1980.
MACEDO, L.V. Problemas ambientais urbanos causados pelo trânsito na Região
Metropolitana de São Paulo (RMSP). In: GUERRA. J.T. & CUNHA. S. B. Impactos
Ambientais Urbanos no Brasil. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP:
Lincoln Institute, 2001.
SPOSITO, Maria Encarnação B.; ELIAS, Denise. Cidades médias brasileiras: agentes
econômicos, reestruturação urbana e regional. Projeto apresentado ao edital MCT/CNPq
07/2006, junho de 2006.
PREFEITURA MUNICIPAL .... LEITURA TÉCNICA DE ALFENAS/MG, em processo de
revisão, 2006. Consultado durante toda a elaboração do trabalho de 2008 à 2010.