UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
CASSIA DE ALMEIDA MERLO SARZEDO GARCIA
AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE, ESTADO NUTRICIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS ATENDIDOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE
VINHEDO – SP
CAMPINAS 2015
CASSIA DE ALMEIDA MERLO SARZEDO GARCIA
AUTOPERCEPÇÃO DE SAÚDE, ESTADO NUTRICIONAL E QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS ATENDIDOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE
VINHEDO – SP
ORIENTADORA: PROFA. DRA. MARIA ELENA GUARIENTO
CO-ORIENTADOR: PROF. DR. ANDRÉ FATTORI
CAMPINAS 2015
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA CASSIA DE
ALMEIDA MERLO SARZEDO GARCIA E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. MARIA ELENA GUARIENTO.
Assinatura da Orientadora
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestra em Gerontologia
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.
Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402
Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Self-perceived health, nutritional status and quality of life of elderlies assisted in primary care in Vinhedo - SP Palavras-chave em inglês: Aged Self-reported health Nutritional status Quality of life Área de concentração: Gerontolologia Titulação: Mestra em Gerontolologia Banca examinadora: Maria Elena Guariento [Orientador] Rita Maria Monteiro Goulart Ligiana Pires Corona Data de defesa: 14-09-2015 Programa de Pós-Graduação: Gerontologia)
Garcia, Cassia de Almeida Merlo Sarzedo, 1982- G165a Gar Autopercepção de saúde, estado nutricional e qualidade de vida de idosos
atendidos em unidades básicas de saúde do município de Vinhedo-SP / Cassia de Almeida Merlo Sarzedo Garcia. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.
Orientador: Maria Elena Guariento. Coorientador: André Fattori. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Ciências Médicas.
1. Idoso. 2. Autoavaliação de saúde. 3. Estado nutricional. 4. Qualidade de vida. I. Guariento, Maria Elena,1955-. II. Fattori, André,1972-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.
DEDICATÓRIA
Ao meu esposo Clerison e nossos filhos Mateus, Ana Carolina e Caio, que me motivam a continuar.
Aos meus pais Rui e Dayse, que me ensinaram a trilhar o caminho da vida dignamente.
Aos meus avós, Luiz Antônio e Justina, Osvaldo e Deusa (in memorian), que me inspiraram no estudo da Gerontologia.
AGRADECIMENTOS
À Deus, em primeiro lugar, que me abençoa e fortalece a cada novo dia.
À minha orientadora, Profª Drª Maria Elena Guariento, profissional exemplar, pela
oportunidade, confiança e orientação cuidadosa.
Ao co-orientador, Prof. Dr. André Fattori, pela atenção e orientação.
À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia, Profª Drª Anita
Liberalesso Neri, pela oportunidade.
Ao Clerison, meu esposo, pela companhia, paciência e incentivo sempre. Obrigada por
acreditar em mim e compartilhar comigo seu conhecimento.
Ao Mateus, meu filho amado, pela compreensão quando estive ausente e pela
cumplicidade.
Aos meus pais, Rui e Dayse, pelo amor e apoio incondicionais, por me permitirem
realizar meus sonhos. Aos meus irmãos, Daniel e Mariana, pelo carinho.
Aos meus colegas e amigos da Pós-Graduação, com os quais pude me aprimorar
profissionalmente, especialmente à Maria Clara Moretto, pelo companheirismo,
humildade e dedicação.
Ao Secretário de Saúde de Vinhedo, José Luis Bernegossi, pela oportunidade e
permissão em realizar esta pesquisa no município de Vinhedo.
À Camila Massucato Sálvia, coordenadora de Nutrição da Secretaria de Saúde de
Vinhedo, e à Andréia Marson, coordenadora do SAD Vinhedo, pelo incentivo e apoio.
Aos idosos que permitiram que esta pesquisa fosse realizada.
RESUMO
Introdução: O aumento da população idosa, que se dá em velocidade mais rápida nos
países em desenvolvimento, embora represente uma conquista, traz novos desafios à
sociedade, tanto na demanda por serviços de saúde como na formulação de políticas
públicas voltadas para o idoso. Nesse contexto, destaca-se um indicador de grande
relevância que é a autopercepção de saúde por parte dessa população. Sabe-se que os
transtornos relacionados ao estado nutricional e a qualidade de vida se associam com
aumento da mortalidade, incapacidade funcional e doenças crônicas, que podem
acarretar uma pior autopercepção de saúde. Assim, considerou-se relevante estudar as
possíveis relações entre esses indicadores. Objetivo: Avaliar a autopercepção de
saúde e sua associação com o estado nutricional e com a percepção da qualidade de
vida de idosos com idade de 60 anos e mais, do município de Vinhedo (SP).
Participantes e método: Estudo observacional e quantitativo de corte transversal,
realizado com 110 idosos acompanhados na Atenção Primária de Saúde de Vinhedo
(SP). As variáveis analisadas foram: faixa etária, gênero, escolaridade, autopercepção
de saúde, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC), cinco
questões do domínio avaliação dietética do instrumento Mini - Avaliação Nutricional
(MAN) e percepção da qualidade de vida, com a utilização do instrumento WHOQoL-
bref: domínios global, físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente.
Resultados: A maioria dos idosos avaliados era do gênero feminino (64,5%), a idade
média foi de 70,8 ± 6,54 anos e 83,6% tinham escolaridade de até 8 anos. A
autopercepção de saúde ruim foi relatada por 44,5% dos indivíduos. O baixo peso foi
verificado em 11,8% e o excesso de peso em 51,8% dos idosos. O risco muito alto para
o desenvolvimento de doenças cardiovasculares esteve presente na maioria dos
indivíduos, com um percentual de 52,7%, pela mensuração da CC. A autopercepção de
saúde ruim foi significativamente mais frequente no gênero feminino (p=0,004) e entre
os indivíduos analfabetos (p=0,01) e com escolaridade até 8 anos (p=0,015) na análise
de regressão logística multivariada ajustada para dados sociodemográficos e variáveis
dietéticas e também na análise ajustada para dados sociodemográficos e variáveis
referentes à qualidade de vida (p= 0,035, 0,013 e 0,028, respectivamente). Além disso,
apresentou associação significativa com a menor ingestão de líquidos (p= 0,009,
OR=3,29; IC: 1,35-8,03) e com o domínio psicológico (p=0,011). Conclusão: A
autopercepção de saúde ruim apresentou relação com o gênero feminino, menor
escolaridade, menor ingestão de líquidos e com o domínio psicológico de qualidade de
vida. Ressalta-se a importância de um acompanhamento nutricional e médico dos
idosos, para que ocorram intervenções de cuidados e atenção específicas para esta
fase da vida.
Palavras-chave: Idoso, autopercepção de saúde, estado nutricional, qualidade de vida
ABSTRACT
Introduction: The growth of the elderly population, which happens faster in the
developed countries, although it represents an achievement, it brings new challenges to
society, both in the demand for health services and in the formulation of public polices
for the elderly. Thus, it is important to assess self-perceived health by this population. It
is known that disorders related to nutritional status and quality of life of these individuals,
are associated with increased mortality, disability, and chronic diseases, which can lead
to a worse self-rated health. Therefore, it was considered relevant to study the possible
relation between these indicators. Objective: To evaluate the self-perceived health and
its association with nutritional status and the perception of quality of life of the elderly
aged 60 and over in Vinhedo (SP). Participants and method: Observational and cross-
sectional quantitative study, conducted with 110 elderlies seen in Vinhedo’s Primary
Health Care (SP). The variables analyzed were: age, gender, education, self-perceived
health, body mass index (BMI), waist circumference (WC), five issues of dietary
assessment domain Mini - Nutritional Assessment (MNA) and perceived quality of life,
using the WHOQoL-bref instrument: global, physical, psychological, social relationships
and environment domains. Results: Most of the sample were women (64,5%), the
average age was 70,8 ± 6,54 and 83,6% had lower illiteracy, less than 8 years of
education. The bad self-rated health was reported by 44,5% from these people. The
underweight was observed in 11,8% and overweight and obesity was observed in 51,8%
of the elderly. The very high cardiovascular risk was present in most of them (52,7%),
measured by WC. The bad self-rated health was significantly more frequent in women
(p=0,004) and among those with no or less than 8 years of education (p=0,015) for
multivariate logistic regression analisys for sociodemographics and dietaries variables
and for multivariate logistic regression analisys for sociodemographics and domains of
quality of life variables (p= 0,035, 0,013 e 0,028). Beside this, associated with lower fluid
intake (p=0,009, OR=3,29; CI: 1,35-8,03) and with psychological domain (p=0,011,
OR=2,97; CI=1,28-6,9). Conclusion: The bad self-perceived health was related to the
female gender, lower education, lower intake liquids and with psychological domain of
quality of life. It emphasizes the importance of nutritional and medical monitoring for the
elderly, in order to have care interventions and specific attention to this age.
Keywords: Aged, self-reported health, nutritional status, quality of life
LISTA DE ILUSTRAçÕES
Figura Pág. Figura 1. Projeção da população para o ano de 2060.........................
21
Figura 2. Distribuição da população de Vinhedo segundo o IPVS.....
37
Figura 3. Medidas de posição e dispersão da amostra geral para os domínios do questionário de qualidade de vida WHOQoL-bref........................................................................................
54
LISTA DE TABELAS
Tabela Pág. Tabela 1. Distribuição percentual das variáveis sociodemográficas e
autopercepção de saúde..............................................................
50
Tabela 2. Distribuição percentual das variáveis antropométricas por gênero e totalidade.......................................................................
51
Tabela 3. Medidas de posição e dispersão da amostra geral para as variáveis idade, IMC e circunferência da cintura..........................
52
Tabela 4. Distribuição percentual das variáveis dietéticas - domínio avaliação dietética MAN...............................................................
53
Tabela 5. Frequência das variáveis sociodemográficas, antropométricas e dietéticas conforme a variável autopercepção de saúde............................................................................................
55
Tabela 6. Frequência das variáveis dos domínios do questionário de qualidade de vida WHOQoL-bref conforme a variável autopercepção de saúde..............................................................
56
Tabela 7. Resultados da análise univariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110).......................................
57
Tabela 8. Resultados da análise multivariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110). Modelo 1: inclusão das variáveis sociodemográficas (gênero e escolaridade) e dietéticas (MAN 13, 14 e 15)........................................................
59
Tabela 9. Resultados da análise multivariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110). Modelo 2: inclusão das variáveis sociodemográficas (gênero e escolaridade) e referentes à qualidade de vida (domínios qualidade de vida global, físico, psicológico e relações sociais)...............................
59
Tabela 10. Resultados da análise multivariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110). Poder dos testes estatísticos....................................................................................
60
LISTA DE QUADROS
Quadro Pág. Quadro 1. Valores de corte para a classificação do Índice de Massa
Corporal (IMC) de idosos......................................................
43
Quadro 2. Valores de corte para a classificação da Circunferência da Cintura (CC), segundo gênero..............................................
44
Quadro 3. Questões do questionário de qualidade de vida WHOQoL-
bref, segundo os domínios.................................................... 46
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
SP – Estado de São Paulo
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMC – Índice de Massa Corporal
PNI – Política Nacional do Idoso
SUS – Sistema Único de Saúde
CC – Circunferência da Cintura
MAN – Mini Avaliação Nutricional
OMS – Organização Mundial da Saúde
NSI – Nutrition Screening Initiative
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde
FIBRA – Fragilidade em Idosos Brasileiros
SABE – Saúde, Bem-estar e Envelhecimento
POF – Pesquisa de Orçamentos Familiares
WHOQoL – World Health Organization Quality of Life Assessment
SF-36 – Medical Outcome Study Health Survey
EQ-5D – EuroQol
SIP – Sickness Impact Profile
HIV – Human Immunodeficiency Virus
AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
IPVS – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
DP – Desvio-padrão
OR – Odds ratio
IC – Intervalo de Confiança
RS – Estado do Rio Grande do Sul
MG – Estado de Minas Gerais
PSN/RJ – Pesquisa de Saúde e Nutrição do município do Rio de Janeiro
PB – Estado da Paraíba
GO – Estado de Goiás
PNS – Pesquisa Nacional de Saúde
GGT – Gama-glutamil transferase
NHANES - National Health and Nutrition Examination Survey
PR – Estado do Paraná
ISACamp - Inquérito de Saúde do Município de Campinas
RP – Razão de prevalência
VIGITEL - Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
FLV – Frutas, legumes e verduras
EDG – Escala de Depressão Geriátrica
SUMÁRIO
Pág. 1.INTRODUÇÃO..............................................................................................
18
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................
20
2.1. Idoso.....................................................................................................
20
2.2. Autopercepção de saúde em idosos....................................................
22
2.3. Nutrição ................................................................................................
24
2.4. Qualidade de Vida de idosos................................................................
30
2.5. Município de Vinhedo – SP: Perfil demográfico e socioeconômico ....
35
3.OBJETIVOS..................................................................................................
39
3.1. Objetivo Geral.......................................................................................
39
3.2. Objetivos Específicos............................................................................
39
4. PARTICIPANTES E MÉTODO.....................................................................
40
4.1. Desenho do estudo...............................................................................
40
4.2. Sujeitos da pesquisa e local..................................................................
40
4.3. Coleta de dados....................................................................................
41
4.4. Instrumentos e materiais.......................................................................
42
4.5. Análise de dados...................................................................................
48
5. RESULTADOS.............................................................................................
50
6. DISCUSSÃO................................................................................................
61
7.CONCLUSÃO................................................................................................
89
REFERÊNCIAS................................................................................................
90
APÊNDICES......................................................................................................
109
ANEXOS............................................................................................................
112
18
1. INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um processo natural, ao qual todo ser vivo está
submetido. Este é marcado por uma redução progressiva dos tecidos ativos, perda da
capacidade funcional e alterações das funções metabólicas, que não necessariamente
resultarão em enfermidades [1].
O aumento da população idosa, em maior proporção nos países em
desenvolvimento, embora represente uma conquista, traz novos desafios à sociedade,
tanto na demanda por serviços de saúde como em formulação de políticas públicas
voltadas para o idoso [2].
Um dos mais relevantes desafios que o presente contexto coloca, refere-se a
que, nos países em desenvolvimento, ao contrário do que se observa nas nações
desenvolvidas, o crescimento da população idosa acontece sem planejamento e
concretização de políticas públicas efetivas nas áreas sociais, de saúde, de habitação e
previdência social, de forma a possibilitar modificações estruturais que respondam, de
fato, às demandas dos idosos [2].
Na área da saúde, entre outras questões importantes que merecem uma
análise mais adequada para posterior planejamento, encontra-se a necessidade de
avaliar a autopercepção de saúde (já que esta é um preditor de mortalidade e
incapacidade funcional) [3,4], o estado nutricional e a qualidade de vida dos idosos.
O estado nutricional representa uma condição importante para os
determinantes de saúde e doença, visto que os diagnósticos nutricionais extremos
(desnutrição e obesidade) estão relacionados à grande número de morbidades em
idosos [5].
A busca pelo envelhecimento bem-sucedido tem levado a distinguir o
processo de envelhecer associado apenas ao declínio fisiológico daquele que cursa
19
com as limitações decorrentes da presença de doenças crônico-degenerativas. Um dos
recursos empregados para medir os efeitos desses dois processos de envelhecimento é
a aplicação do constructo de qualidade de vida e avaliação da autopercepção de saúde,
cuja utilização é cada vez maior em investigações com idosos [6]. Esse tipo de
avaliação possibilita uma aproximação dos fatores relacionados a um envelhecimento
bem-sucedido. Na área da saúde, a mensuração da qualidade de vida é relativamente
recente, sendo realizada com a intenção de se reconhecer os fatores associados à
melhor qualidade, constituindo-se em um resultado esperado, tanto da aplicação das
práticas assistenciais, quanto das políticas públicas de prevenção de doenças e
promoção da saúde [7].
20
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Idoso
2.1.1. Transição Demográfica Brasileira
Nos últimos anos tem ocorrido uma mudança no perfil demográfico mundial,
sendo que nos países em desenvolvimento o número de idosos apresenta aumento
proporcionalmente maior em relação aos idosos dos países desenvolvidos [8].
A partir da década de 1970 registrou-se uma diminuição progressiva na taxa
de fecundidade no Brasil e, simultaneamente, ocorreu aumento da expectativa de vida,
tendo início o processo de envelhecimento da população brasileira [9]. No mundo, a
expectativa de vida passou, de 47,7 anos na primeira metade do século XX para 69
anos atualmente. É esperado que atinja 76 anos na metade do século XXI, o que ainda
difere de país para país, de acordo com o seu grau de desenvolvimento [8]. O
crescimento da população idosa no Brasil é relevante, tanto em termos absolutos
quanto proporcionais. Até o final da década de 1970 o perfil da população brasileira era
predominantemente jovem. A partir do censo de 1980 começou a se observar redução
do número de crianças e jovens no total da população, o que corresponde ao declínio
da fecundidade, demonstrado através da retangularização da pirâmide etária. Entre os
censos populacionais de 1991 e 2000, a população geral do país cresceu 15,6% (cerca
de 23 milhões de pessoas), enquanto a população com 60 anos ou mais de idade
cresceu, no mesmo período, 36,5% (cerca de 3,9 milhões de pessoas). Estima-se que,
de 2000 para 2020, esta população cresça de 13,9 para 29,3 milhões de pessoas, e
21
que até 2050 esse número aumente para 66,4 milhões passando para 73,5 milhões em
2060 [9].
Figura 1. Projeção da população brasileira para o ano de 2060 [9]
Segundo dados do Censo do IBGE–2010 (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) a população brasileira com idade igual ou superior a 60 anos encontra-se
em torno de 11%, o que se refere a aproximadamente 20,5 milhões de pessoas [10].
2.1.2. Transição Epidemiológica no Brasil
O conceito de transição epidemiológica se refere a mudanças em longo
prazo nos tipos de enfermidade, invalidez e morte de uma população. É centrada na
mudança da direção de doenças infecciosas e carenciais para uma maior prevalência
de doenças crônico-degenerativas relacionadas com fatores genéticos e ambientais.
02.000.0004.000.0006.000.0008.000.000
10.000.00012.000.00014.000.00016.000.00018.000.00020.000.000
0-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80-8
4
85-8
9
90+
Número de pessoas
Grupo etário
Projeção da população brasileira 2000-2060
2000
2060
22
Também se expressa pela modificação de uma situação caracterizada pela mortalidade
para uma situação predominante de morbidade [11].
A transição demográfica tem sido acompanhada pela transição
epidemiológica, o que foi constatado no estudo de Scharmm et al., que registraram este
panorama brasileiro, evidenciado por prevalências de 66,3% da carga de doenças
crônico-degenerativas no país, em oposição a 23,5% de doenças infecto-contagiosas e
10,2% de causas externas [12].
A carga de doenças relacionadas aos agravos não-transmissíveis tem
aumentado no Brasil e no mundo, sendo que a prevenção é o grande desafio para a
saúde pública. Isto se relaciona, também, com o envelhecimento da população, visto
que os idosos são mais propensos a desenvolver doenças crônico-degenerativas, que
apresentam maior incidência na velhice, com o agravante de que, nesta faixa etária,
observa-se a necessidade de tratamentos longos e que implicam em maior tempo para
recuperação, além de intervenções específicas que oneram a assistência [12]. Tais
doenças ainda podem acarretar maiores complicações e sequelas, comprometendo a
independência e autonomia dos idosos [13].
2.2. Autopercepção de saúde em idosos
A velhice caracteriza-se como a etapa da vida em que se apresenta
declínio das funções fisiológicas. A pesquisa de Ziólkowski et al. [14], realizada com
adultos entre 18 a 83 anos, demonstrou que os indivíduos com idade igual ou superior a
60 anos apresentavam menor satisfação com a vida e com a saúde, em relação aos
grupos de menor faixa etária. Dentre os idosos com 65 anos ou mais, a maioria referiu
que a incidência e a frequência de dor eram duas categorias que interferiam na sua
percepção de saúde de forma negativa, por outro lado, saúde mental e desempenho
foram dois domínios que interferiram de forma positiva. As análises dos resultados
mostraram que as avaliações dos idosos quanto aos vários aspectos relacionados à
23
saúde são variadas e moderadas, ao contrário dos estereótipos e preconceitos a
respeito da velhice, que destacam que essa fase da vida apresenta somente perdas e
não ganhos. No estudo de Reichert et al. também foi evidenciada associação entre o
avançar da idade e autopercepção de saúde ruim [15].
Segundo o Instituto Americano de Medicina a autopercepção de saúde
representa um dos vinte indicadores chave para a mensuração e acompanhamento do
estado de saúde dos indivíduos [16]. Por sua vez, entre os idosos, o conceito de saúde
percebida (ou autoavaliação de saúde) evidencia a forma como esses descrevem e
avaliam a própria saúde, através da comparação social e temporal. Essa avaliação
constitui-se em recurso de extrema relevância, principalmente na presença de
incapacidades e doenças que limitam as atividades de vida diária [17].
A avaliação da satisfação com a vida e saúde é útil para que os idosos se
tornem mais conscientes de sua saúde e bem-estar e possam, dessa forma, melhor se
adaptar e experimentar a velhice de forma positiva, considerando também que os
mesmos desenvolvem mecanismos de auto-regulação e habilidades de enfrentamento
[14]. Prevenção e adoção de estilo de vida saudável contribuem para a melhoria do
bem-estar entre os idosos, destacando-se, entre as práticas saudáveis, a realização de
atividade física moderada, alimentação adequada e variada e não fumar, colaborando
para o aumento de anos de atividades ocupacionais e laborais, de forma independente
e autônoma [18].
Deve-se considerar também que a autopercepção de saúde e bem-estar
entre os idosos é uma avaliação tão importante quanto a avaliação de dados objetivos
relacionados a este tema para prever o curso da vida destes indivíduos [19]. Tais
avaliações são geralmente realizadas a partir de pergunta simples, de natureza escalar
[20], a qual induz o indivíduo a analisar de forma subjetiva, a qualidade de sua saúde
física e mental, considerando os recursos sociais dos quais dispõe [21], sendo que,
através desta percepção, o indivíduo organiza e interpreta suas impressões sensoriais
[14].
24
Alguns fatores associam-se à pior autopercepção de saúde entre idosos,
como gênero feminino [22, 23], menor escolaridade [14, 22-26], piores medidas
antropométricas (Índice de Massa Corporal-IMC) [22, 24, 26], presença de depressão
e/ou sintomas depressivos [19, 20, 26], maior número de morbidades [14, 20, 22, 23,
25, 27] e comportamentos de saúde inadequados como ser fumante, consumir bebida
alcoólica com maior freqüência, menor ingestão de frutas e hortaliças e não praticar
atividade física [20, 22, 25, 26, 27]. A saúde percebida é um bom preditor de
mortalidade [3, 28, 30] e incapacidade funcional [23, 26, 28, 29] entre os indivíduos,
incluindo idosos.
Muitas questões estão relacionadas com a maneira como as pessoas
idosas percebem a sua saúde, abrangendo diversas dimensões subjetivas da vida, e
não somente as relacionadas com a presença ou ausência de doenças [25], incluindo
aspectos culturais, psicológicos e sociais, visto que a saúde é uma condição complexa
e multifatorial [1].
A autopercepção de saúde apresenta forte relação com o estado real de
saúde e pode ser considerada como representativa das medidas objetivas [31]. Além
disso, este indicador permite inferir sintomas ou doenças que ainda não foram
diagnosticados [30]. Conhecer os fatores que interferem nesta autopercepção entre
idosos torna-se importante ao se considerar que tais achados podem ser indicadores
úteis no planejamento de políticas públicas e para a proposição de novas perspectivas
de assistência na atenção primária, com vistas à melhoria das condições de saúde,
bem-estar e qualidade de vida dos idosos, além de redução dos custos de gestão dos
serviços na área de saúde [20, 25].
2.3 Nutrição
25
2.3.1. Nutrição no Envelhecimento
O cuidado à saúde desenvolvido na Atenção Primária deve ter em vista o
envelhecimento saudável e ativo, considerando os problemas de saúde que a
população idosa apresenta e, o atendimento, deve ser adequado e constantemente
ajustado às demandas presentes nessa faixa etária [32]. Tal cuidado passa por
orientação de um padrão alimentar saudável e adequado para a população idosa.
Em termos de composição corporal e de alterações diretamente ligadas à
ingestão alimentar, os idosos apresentam diminuição progressiva da altura (1-2 cm /
década); aumento de peso e IMC (até 65-70 anos, diminuindo após essa idade);
alterações da composição corporal, com redistribuição da gordura, que diminui
perifericamente e aumenta no interior do abdômen, além de diminuição da massa
magra com consequente diminuição do metabolismo basal. Também apresentam
alterações no sistema digestivo, na percepção sensorial e diminuição da sensibilidade à
sede [33].
A Política Nacional do Idoso (PNI) assegura que “deve-se garantir ao idoso a
assistência à saúde nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde
(SUS)”, além de “prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde do idoso, mediante
programas e medidas profiláticas” [34].
Sendo a alimentação um fator importante na prevenção, promoção,
proteção e recuperação da saúde do idoso, é relevante que seja realizada a avaliação
nutricional destes indivíduos, direcionando o atendimento a esta população de maneira
adequada e satisfatória [35].
A incorporação de ações de educação alimentar e nutricional nos
programas de prevenção e controle das doenças crônicas não-transmissíveis, e o
26
fortalecimento das ações e dos programas de prevenção e controle da desnutrição e
carência por micronutrientes devem estar presentes na atenção básica de saúde [36].
A população idosa é propensa a distúrbios nutricionais em decorrência de
fatores relacionados com as alterações fisiológicas, presença de doenças crônicas e de
multimorbidades, polifarmácia, comprometimento da ingestão alimentar (dificuldades de
mastigação, digestão, disfagia e xerostomia), depressão, alterações da mobilidade com
dependência funcional, comprometimento da capacidade cognitiva, além de
interferência de fatores sociais, culturais e econômicos [33, 37].
Considerando as alterações fisiológicas dos indivíduos idosos e o maior risco
para desenvolvimento de doenças, a alimentação adequada apresenta-se como
relevante para a manutenção e/ou recuperação da saúde desta população,
principalmente em relação às doenças crônicas não-transmissíveis, já que existe
ligação entre a dieta e o surgimento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares,
câncer, diabetes, distúrbios gastrointestinais e doenças osteoarticulares [38], além de
ser importante na prevenção de deficiências de micronutrientes, desnutrição e
obesidade.
2.3.2. Estado nutricional de idosos
Na velhice, o estado nutricional é uma condição importante para os
determinantes de saúde e doença [39], permitindo avaliar para determinada faixa etária
e gênero, se as necessidades fisiológicas por nutrientes são atendidas, em vista da
adequação e manutenção da composição corporal e da função do organismo [40].
Para avaliar o estado nutricional de idosos pode-se realizar o estudo
antropométrico, através da mensuração do peso e altura (obtendo-se o IMC); da
27
circunferência da cintura (CC) (considerada como indicador de risco de doenças
cardiovasculares, outras doenças crônicas e adiposidade profunda), da circunferência
da panturrilha (considerada como medida de maior sensibilidade na verificação de
massa muscular no idoso, sendo superior à circunferência do braço) e das pregas
cutâneas [41]; testes bioquímicos, exames clínicos e análise da ingestão alimentar [39].
O uso e a interpretação destes parâmetros podem apresentar limitações em idosos,
sendo importante realizar a avaliação nutricional por meio da associação de vários
indicadores, utilizando-se critérios de diagnóstico e valores de referência específicos
para esta faixa etária, quando existirem [42].
Para a população idosa foi desenvolvida uma avaliação específica, a Mini
Avaliação Nutricional (MAN), que é reconhecida como uma ferramenta completa de
triagem nutricional de idosos, apropriada para ser aplicada nessa população em
diversos ambientes, como hospitais, instituições de longa permanência e na
comunidade [43, 44]. A primeira publicação da MAN deu-se em 1994 [45], e em 2001
lançou-se uma forma simplificada [46].
Desde o seu desenvolvimento estudos têm analisado sua especificidade,
sensibilidade e confiabilidade em diferentes situações, populações e países, sendo
utilizada em centenas de estudos e traduzida para mais de 20 países [47]. A versão
original é composta de 18 itens que incluem dados antropométricos, avaliação dietética,
avaliação clínica global e autopercepção da saúde [48]. Existe a possibilidade de
realizar primeiramente uma triagem ou aplicar o questionário completo. Se a pontuação
for maior que 23,5 o idoso não apresenta risco para desnutrição e deve ser orientado
quanto às práticas alimentares saudáveis. A pontuação entre 17 e 23,5 indica risco de
desnutrição e, quando inferior a 17, indica desnutrição [45, 46].
Com relação ao IMC, os valores de corte estabelecidos para a população
idosa incluem as seguintes propostas: 1) sugeridas pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) [49], que considera valores menores que 18,5 kg/m2 para baixo peso, de
18,5 kg/m2 a 24,9 kg/m2 para peso normal, de 25 kg/m2 a 29,9 kg/m2 para sobrepeso,
28
de 30 kg/m2 a 34,9 kg/m2 para obesidade classe 1, de 35 kg/m2 a 39,9 kg/m2 para
obesidade classe 2, e maior que 40 kg/m2 para obesidade classe 3; 2) estabelecidas
pela NSI (Nutrition Screening Initiative) [50], que propôs como adequado, uma faixa
ponderal entre 22 kg/m2 e 27 kg/m2, sendo que valores abaixo e acima desta faixa
correspondem à magreza e ao excesso de peso, respectivamente; 3) definidos pela
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que estabeleceu classificação de baixo
peso para valor menor que 23 kg/m2, peso normal para valores entre 23 e 27,9 kg/m2,
sobrepeso para valores entre 28 e 29,9 kg/m2, e obesidade para valor maior que 30
kg/m2 [51]. As duas últimas propostas sugerem valores de corte mais elevados,
levando-se em consideração as alterações na composição corporal e ingestão
alimentar que ocorrem nos idosos, e que poderiam se associar a maior risco para a
desnutrição.
A alteração no estado nutricional contribui para maior morbimortalidade,
redução da funcionalidade e da qualidade de vida, não só ao longo da vida, como na
velhice [52-54]. Destacam-se, entre idosos, em decorrência das alterações fisiológicas
já citadas, elevadas prevalências de desnutrição, mas também crescentes proporções
de sobrepeso e obesidade [55], condições que interferem na forma como o indivíduo
avalia a sua saúde e seu bem-estar subjetivo [22, 54, 56].
Idosos diagnosticados em risco nutricional ou desnutrição pela MAN
apresentaram menor número de dentes e referiram maior insatisfação com a saúde
gengival, em comparação com os bem-nutridos [57], demonstrando que a dentição
interfere no estado nutricional do indivíduo.
O estudo de Winter et al. avaliou o risco de desnutrição em uma população
da comunidade com 75 anos ou mais e observou que, um em cada seis idosos,
apresentava risco de desnutrição, havendo apenas um paciente do sexo masculino
desnutrido de acordo com a classificação da MAN, em uma amostra de 225 indivíduos
[44]. Um dado enfatizado por este estudo é que aproximadamente 1/3 dos idosos
classificados no nível de risco de desnutrição pela MAN apresentaram IMC acima de 25
29
kg/m2, o que os classificaria (considerando apenas o IMC) na faixa de sobrepeso ou
obesidade, pelo critério da OMS. Entre os idosos classificados como bem nutridos pela
MAN, a média do IMC foi de 27,4 kg/m2, o que os colocava na faixa de sobrepeso [44].
Outro estudo encontrou 89% de idosos bem nutridos contra 11% de
idosos em risco de desnutrição segundo a MAN, em uma amostra da comunidade,
sendo que a média de IMC (OMS) encontrada foi de 27,9 kg/m2 [58].
Paz et al. observaram frequência de 37,5% de desnutrição (classificação
do IMC de Lipschitz), em avaliação realizada pela MAN, em idosos residentes em uma
instituição de longa permanência [59]. Em outra investigação, 58,8% dos idosos
institucionalizados apresentaram baixo peso pelo IMC, com maior proporção de risco
para dependência funcional. Pela MAN, 41,6% deles apresentaram risco nutricional e
26,2% eram desnutridos [60].
O Estudo Fragilidade em Idosos Brasileiros (FIBRA), que avaliou 3075
idosos (com 65 anos ou mais), residentes em sete cidades brasileiras, evidenciou
proporções de 18% dos participantes com baixo peso, 14,8% com sobrepeso e 24%
obesos (IMC classificado pelo critério OPAS) [32]. No Estudo Saúde, Bem-Estar e
Envelhecimento (SABE) (n = 1773), que utilizou os mesmos valores de referência de
IMC do estudo citado anteriormente, as freqüências de baixo peso, sobrepeso e
obesidade em idosos com 60 anos ou mais, foram de 24,1%, 12,1% e 20,8%,
respectivamente [61].
Em idosos atendidos em um Programa de Saúde da Família, verificou-se que
5,3% encontrava-se em baixo peso, 38,8% em sobrepeso e 16,3% foram classificados
como obesos segundo medidas do IMC (OMS). Neste mesmo estudo, 86,5% das
mulheres apresentaram risco “muito elevado” para o desenvolvimento de doenças
relacionadas à obesidade. Os dados apresentados confirmam a utilização da
circunferência da cintura como preditor de risco para doenças metabólicas entre idosos
[62].
30
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, com base no
IBGE, demonstrou que os índices de sobrepeso e obesidade têm aumentado entre os
adultos e idosos brasileiros, com maiores prevalências nas classes intermediárias de
renda, evidenciando a transição nutricional. O déficit de peso tendeu a aumentar a partir
dos 65 anos, porém não ultrapassou 2 a 3% em todas as regiões do país, sem
apresentar maiores variações entre domicílios urbanos e rurais [63].
As prevalências de déficit de peso, sobrepeso e obesidade não
apresentaram diferenças significativas entre as mulheres que recebiam 1/4 de salário
mínimo até aquelas que recebiam mais de cinco salários mínimos. Além disso, houve
maiores prevalências de sobrepeso e obesidade nas classes intermediárias de renda
entre as mulheres com 20 anos ou mais [63].
A descrição da tendência secular do estado nutricional de adultos na POF
2008-2009 se valeu de estimativas da prevalência de déficit de peso, excesso de peso
e obesidade calculada a partir dos inquéritos do Estudo Nacional de Despesa Familiar
(1974-1975), da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (1989), e das Pesquisas de
Orçamento Familiar de 2002-2003 e 2008-2009, demonstrando que a prevalência de
déficit de peso entre os adultos declinou ao longo dos quatro inquéritos, ocorrendo o
inverso com os índices de sobrepeso e obesidade. Este declínio aconteceu nos
diferentes estratos de renda, apesar da desnutrição ainda prevalecer nos menores
estratos, principalmente entre as mulheres [63]. Esta pesquisa considerou a
classificação do IMC segundo a OMS [49].
2.4. Qualidade de vida de idosos
Frente ao fenômeno do envelhecimento populacional, o objetivo dos
governos e gestores das áreas sociais e de saúde deixou de ser apenas prolongar a
31
vida, mas passou-se a buscar estratégias que possibilitem um envelhecimento mais
saudável e ativo, visto como uma interação multidimensional entre saúde física e
mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e
independência econômica [13].
Rowe & Kanh propuseram que a definição de envelhecimento bem-sucedido
inclui três aspectos: baixa probabilidade de doenças ou limitações decorrentes destas,
manutenção das capacidades física e cognitiva e engajamento ativo com a vida, o que
depende do próprio indivíduo [64]. A qualidade de vida tem sido associada à
manutenção da independência e autonomia, sendo que a dependência do idoso está
relacionada tanto com as alterações biológicas incapacitantes, como com as mudanças
nas relações sociais desvantajosas [65]. Por sua vez, o propósito de promover um
envelhecimento saudável não se inicia aos 60 anos, mas resulta do acúmulo e
interação nos processos sociais, médicos e de comportamento durante toda a vida [66].
Em consonância com essa visão, o envelhecimento bem-sucedido seria
produto de uma condição de bem-estar físico e social, em nível individual e de grupo,
considerando os valores existentes no ambiente em que o indivíduo envelhece e as
circunstâncias de sua história pessoal e seu grupo etário [67].
A teoria psicossocial considera o envelhecimento bem-sucedido com ênfase
na satisfação com a vida, participação social, funcionalidade e recursos psicológicos,
incluindo crescimento pessoal. Abrange ainda, conceitos de perspectiva positiva,
autoestima, autoeficácia ou senso de controle sobre a vida, autonomia e
independência, estratégias eficazes de enfrentamento e de adaptação [68].
Lawton, um renomado estudioso sobre o tema, definiu qualidade de vida
do idoso como uma avaliação multidimensional, referenciada por critérios intrapessoais
e sócio-normativos. O pesquisador estabeleceu ainda, um modelo de qualidade de vida
na velhice, que apresenta quatro dimensões sobrepostas e inter-relacionadas [69]:
32
a) Competência comportamental: compreende a avaliação sócio-normativa
do indivíduo do ponto de vista de sua saúde, funcionalidade, cognição, uso do tempo e
sociabilidade;
b) Condições ambientais: avaliadas de forma objetiva ou subjetiva, de forma
que o idoso selecione aspectos do ambiente, podendo modificá-los conforme suas
necessidades;
c) Qualidade de vida percebida: trata-se da avaliação pessoal e subjetiva da
própria competência comportamental;
d) Bem-estar subjetivo ou psicológico: julgamento pessoal, mediado pelo
self, sobre a relação entre competência comportamental e qualidade de vida percebida.
É um construto composto por satisfação com a vida (comparação entre a vivência do
indivíduo avaliado e o padrão de vida por ele estabelecido) e afetos (experiências
emocionais) positivos e negativos.
As diferenças quanto à autopercepção do idoso sobre qualidade de vida
dependem de variáveis internas (sentimentos e emoções em relação aos
acontecimentos da vida) e de variáveis externas (ambiente), assim como da
interpretação emocional que se estabelece em relação aos fatos e eventos. Qualidade
de vida é reconhecida como uma avaliação dependente da subjetividade do indivíduo.
Se a etapa da velhice preenche ou não a expectativa do idoso, depende dos recursos
emocionais do indivíduo, sua capacidade de resposta aos eventos adversos e do
suporte que ele recebe do seu entorno [70, 71].
Considerando o conceito de Lawton, a qualidade de vida destaca-se como
uma importante medida de impacto em saúde [72]. Previamente, o conceito de saúde
era mensurado exclusivamente por parâmetros objetivos, como aspectos clínicos,
sintomas e doenças. Entretanto, observou-se que os aspectos subjetivos da saúde
influenciavam os indivíduos. Logo, teve início a valorização da percepção subjetiva de
33
saúde e surgiu o conceito de qualidade de vida com suas diferentes definições e
utilizações [6].
Partindo deste princípio da subjetividade, qualidade de vida foi definida pela
OMS, em 1994, como: “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da
cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”. Essa definição passou a embasar,
teoricamente, o desenvolvimento de instrumentos para avaliar qualidade de vida [73].
O desenvolvimento do construto qualidade de vida pode interferir de maneira
positiva nas práticas assistenciais e na concepção do processo saúde-doença, com
mudanças nos modelos de atendimento estritamente biomédicos, que excluem
aspectos socioeconômicos, psicológicos e culturais, os quais são abordados pelos
instrumentos de avaliação de qualidade de vida [74].
A conceituação de qualidade de vida é identificada de duas maneiras: 1)
como um termo mais genérico, influenciada por estudos sociológicos, sem fazer
referência ao estado de funcionalidade, enfermidades e sintomas; 2) qualidade de vida
relacionada à saúde, que considera dimensões específicas do estado de saúde ou de
intervenções em saúde [74].
Os instrumentos genéricos desenvolvidos para a avaliação da qualidade
de vida são frequentemente utilizados para o planejamento e avaliação em saúde e
referem-se à qualidade de vida geral. Dentre eles, destacam-se: World Health
Organization Quality of Life Assessment (WHOQoL-100, incluindo também a versão
abreviada WHOQoL-bref, além da versão para idosos WHOQoL-old); Medical Outcome
Study Health Survey (SF-36, e a versão abreviada SF-12); o EuroQol (EQ-5D) e o
Sickness Impact Profile (SIP). Os instrumentos específicos avaliam a qualidade de vida
relacionada à saúde e são desenvolvidos com maior ênfase em determinadas
enfermidades, como as neoplasias, Human Immunodeficiency Virus (HIV) / Acquired
Immunodeficiency Syndrome (AIDS) e diabetes mellitus [7].
34
Quanto aos aspectos que influenciam positivamente a qualidade e
satisfação de vida na velhice, destacam-se: sensação de conforto e bem-estar [75];
saúde [54, 70, 75, 76]; independência [70, 75]; equilíbrio emocional [76]; sentimentos
positivos [70, 76, 77]; relações interpessoais [70, 76, 77] e com a família [70]; recursos
financeiros [70, 76, 77] e posse de outros bens materiais [76]. Segundo Paskulin et al.,
idosos referiram que a saúde é um aspecto importante, embora representada não
somente pela ausência de doença ou pelo não uso dos serviços médicos, mas também
caracterizada pela participação social e em atividades de lazer ou trabalho, pela
adequação de recursos financeiros e por uma alimentação saudável [77].
O primeiro instrumento desenvolvido pelo Grupo de Qualidade de Vida da
OMS foi o WHOQoL-100, constituído de 100 perguntas, com a colaboração de 15
centros de diferentes países, que foi posteriormente abreviado, devido à necessidade
de instrumentos curtos que demandassem menor tempo para seu preenchimento, mas
com características psicométricas satisfatórias [78].
Desenvolveu-se então, o WHOQoL-bref (ou versão abreviada), o qual é
constituído de 26 questões, sendo duas questões gerais de qualidade de vida e as
demais 24 representando cada uma das 24 facetas que compõem o questionário
original. O questionário é composto por quatro domínios: físico, psicológico, das
relações sociais e do meio ambiente [78], demonstrando que o entendimento de
qualidade de vida é um produto da interação de diversas áreas independentes da vida
de um indivíduo [6]. Quanto mais elevada a pontuação obtida, melhor a qualidade de
vida. No entanto, não há ponto de corte para sua classificação [78]. Estudos
demonstram a aplicação do WHOQoL-bref para avaliar a percepção da qualidade de
vida em idosos com boa viabilidade e resultados [6, 79, 80].
Em estudo realizado em população idosa por Pereira et al., o sexo feminino
teve influência significativa, porém pequena, nos domínios de qualidade de vida
utilizando o WHOQoL-bref, e o domínio físico foi o mais significativo para qualidade de
vida global, seguido do domínio ambiental e do psicológico. Já o domínio social não
35
apresentou significância. A influência do domínio físico na qualidade de vida global dos
idosos evidencia o impacto da capacidade funcional nesse nível [79]. Em outra
investigação, os fatores que contribuíram para a qualidade de vida global de idosos
foram: melhor percepção do estado de saúde, elevado nível de escolaridade, realização
de atividade física, não apresentar doença aparente e não ter utilizado a atenção
primária de saúde nos últimos seis meses [80].
2.5. Município de Vinhedo – SP: Perfil demográfico e socioeconômico
O município de Vinhedo se encontra no interior do Estado de São Paulo, na
região Sudeste do Brasil e faz parte da Região Administrativa de Campinas. Tem 81,60
km2 de área territorial, densidade demográfica de 779,51 habitantes/km2 e 63.611
pessoas residentes, segundo dados do Censo do IBGE de 2010, dos quais 7.271 são
idosos com idade igual ou superior a 60 anos, correspondendo a aproximadamente
11% da população da cidade. Esse achado está em consonância com a distribuição
etária encontrada no Brasil [9]. Um dado relevante é que a expecativa de vida ao
nascer nesse município é de 77,68 anos, contra 73,94 anos no Brasil [81].
Vinhedo tem sete unidades básicas de saúde, sendo que duas dessas têm
atendimento de especialidades médicas.
Segundo dados de 2010, Vinhedo (SP) encontra-se em 13º lugar no ranking
brasileiro do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios, com uma
pontuação considerada muito alta [82]. O conceito de desenvolvimento humano parte
do pressuposto de que a qualidade de vida de uma população inclui aspectos
econômicos, características sociais, culturais e políticas. Apesar disso, o IDH não
abrange todos os aspectos de desenvolvimento como democracia, participação,
36
equidade, dentre outros. Atualmente, os três pilares que constituem o IDH são saúde,
educação e renda [83].
Por outro lado, o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS), se
apóia conceitualmente em dois pressupostos. Um deles é a constatação de que
inúmeras dimensões da pobreza precisam ser consideradas em um estudo deste
segmento, seguindo-se a definição de Katzman, 1999, citada por IPVS [84], de que “a
vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupo social refere-se a sua maior ou menor
capacidade de controlar as forças que afetam o seu bem-estar”. Sendo assim, a
vulnerabilidade à pobreza não considera apenas a privação de renda, mas inclui a
composição familiar, o acesso aos serviços de saúde, o acesso ao sistema educacional,
dentre outros. O outro pressuposto é que a segregação espacial dos centros urbanos
paulistas contribui significativamente para os padrões de desigualdade social. Com
isso, torna-se possível a identificação de locais prioritários para a ação do Estado, para
a formulação e implantação de políticas públicas nessas áreas mais vulneráveis [84].
O IPVS classifica a população em sete grupos de vulnerabilidade social:
baixíssima vulnerabilidade, vulnerabilidade muito baixa, vulnerabilidade baixa,
vulnerabilidade média, vulnerabilidade alta (urbanos), vulnerabilidade muito alta
(aglomerados subnormais) e vulnerabilidade alta (rurais) [84].
Grande parte da população de Vinhedo concentra-se em áreas de muito
baixa vulnerabilidade social, com um total de 29.224 indivíduos, correspondendo a
46,1% da população, com número médio de 3,2 pessoas por domicílio e renda média
mensal de 3.653 reais (ou seja, 4,6 vezes superior ao valor do salário mínimo no
Estado de São Paulo, no ano de 2015). Apenas 4,7% da população encontra-se em
áreas de média vulnerabilidade social, caracterizada por 3,4 pessoas por domicílio e
renda média mensal de 2.141 reais [85]. A figura 2 apresenta a distribuição da
população de Vinhedo segundo o IPVS.
37
Figura 2. Distribuição da população de Vinhedo segundo o IPVS [85]
Justificativa
O presente estudo se justifica pela importância da avaliação de
autopercepção de saúde, que é preditora de incapacidade e mortalidade [86],
considerando a relação da mesma com o estado nutricional e com a percepção da
qualidade de vida em idosos.
Vale destacar que o perfil nutricional tem sido relacionado a eventos
mórbidos na população idosa, tanto no que se refere ao sobrepeso e obesidade como à
desnutrição [5]. Dessa forma, a detecção dos transtornos nutricionais bem como a
assistência nutricional constituem-se em elementos fundamentais na perspectiva da
atenção à saúde que vise a diminuição da carga de morbidade e mortalidade entre os
idosos.
Pretende-se que os resultados apresentados sejam úteis na viabilização de
formas de assistência nutricional e médica a este grupo populacional, além de
incentivar a promoção da saúde e bem-estar através de estratégias de prevenção,
recuperação e tratamento de doenças, e de programas que considerem a qualidade de
vida em todas as dimensões. A pesquisa, ainda se justifica, por avaliar idosos
14,8 %
46,1
34,4 %
4,7 %
Distribuição da População de Vinhedo - SP segundo IPVS - 2010
Baixíssima vulnerabilidade
Muito baixa vulnerabilidade
Baixa vulnerabilidade
Média vulnerabilidade
38
residentes em município classificado com IDH muito alto, como Vinhedo, considerando
que esta população não é homogênea e que ainda se faz necessário o aprimoramento
tanto da atenção à saúde como da promoção do bem-estar do idoso.
39
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Avaliar a autopercepção de saúde e sua associação com o estado nutricional
e com a percepção da qualidade de vida de uma amostra de idosos do município de
Vinhedo (SP).
3.2. Objetivos Específicos
Avaliar as características sociodemográficas da população em estudo;
Avaliar o estado nutricional a partir da avaliação antropométrica e dietética
da população em estudo;
Avaliar a percepção da qualidade de vida da população em estudo;
Verificar a relação existente entre autopercepção de saúde e dados
sociodemográficos, estado nutricional e qualidade de vida na população em estudo.
40
4. PARTICIPANTES E MÉTODO
4.1 Desenho do estudo
Trata-se de um estudo observacional, quantitativo e transversal, aprovado
pelo Comitê de Ética da UNICAMP – Parecer 1.140.509 (Anexo 1).
4.2 Sujeitos da pesquisa e local
Esta pesquisa foi realizada com idosos em acompanhamento em duas
Unidades Básicas de Saúde do município de Vinhedo (SP).
Considerando-se a realização de cinco entrevistas por semana pelo tempo
de estudo de 8 meses, a população disponível nas duas Unidades Básicas de Saúde
era de 160 idosos. Para um erro amostral de 5% e índice de confiança de 95%, chegou-
se a um tamanho amostral de 110 idosos [87].
Para este tamanho de amostra, aplicou-se para os testes estatísticos o
método Bootstrap não-paramétrico, um método de reamostragem que usa a função de
distribuição empírica dos dados para gerar amostras a partir dos dados coletados, que
permite estimar o poder dos testes [88].
O convite para a participação na pesquisa foi realizado por contato direto na
sala de espera, sendo fornecidas informações a respeito dos objetivos do estudo, do
caráter voluntário e gratuito da participação, do local, conteúdo e tempo de duração da
entrevista de coleta de dados. Trata-se, portanto, de uma amostra de conveniência não-
probabilística.
41
Os critérios de inclusão para a participação no estudo foram: indivíduos com
idade igual ou superior a 60 anos, de ambos os sexos, residentes no município de
Vinhedo e usuários da Atenção Primária de Saúde do município, acompanhados em
duas Unidades Básicas de Saúde: Centro Médico Dr. Manoel Matheus Neto e
Policlínica.
Os critérios de exclusão foram: indivíduos que apresentassem doença
crônica não controlada ou agudizada, comprometimento cognitivo, observado pelo
entrevistador ou informado por acompanhante, déficit sensorial acentuado (visão e
audição) e dificuldade para comunicação, por qualquer causa, que os impeçassem de
participar do estudo.
4.3 Coleta de dados
O recrutamento, coleta de dados e avaliação das medidas
antropométricas foram realizados somente por um investigador, favorecendo a
homogeneidade dos resultados, no período de janeiro a agosto de 2014. Foram
abordados 134 idosos de forma aleatória, não sistemática, sendo que 24 se recusaram
a participar ou se encontraram nos critérios de exclusão. As principais justificativas da
recusa foram “estar esperando para consulta agendada” e relativa ao tempo.
Desta forma, foi realizada entrevista direta (pela dificuldade que o grupo
populacional poderia apresentar, como dificuldade de leitura, problemas visuais e
analfabetismo) e mensuração das medidas antropométricas para coleta de dados com
duração de 30-40 minutos, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1), em salas de consulta disponíveis nas Unidades
Básicas de Saúde. A coleta de dados foi realizada seguindo as etapas: 1) aplicação de
questionário semi-estruturado sobre características sociodemográficas, autopercepção
42
de saúde e mensuração da CC (Apêndice 2); 2) aplicação da MAN para avaliação do
peso, altura, IMC e ingestão alimentar (Anexo 2); 3) aplicação do instrumento
WHOQoL-bref português para avaliação da qualidade de vida (Anexo 3).
De acordo com a necessidade do idoso, este era encaminhado ao médico
clínico geral e/ou nutricionista para atendimento e acompanhamento individual,
considerando a avaliação subjetiva do investigador.
Os dados coletados foram incluídos em base de dados no programa
Microsoft Office Excel versão 2007 e, as análises, realizadas pelo software Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS®), versão 20.
4.4 Instrumentos e materiais
Variáveis:
- Dependente: Autopercepção de saúde
Coletada a partir de questão de autorrelato: muito boa, boa, regular ou ruim,
do questionário semi-estruturado sobre características sociodemográficas. Esta variável
foi dicotomizada em boa (muito boa + boa) e ruim (regular + ruim) para a realização das
análises.
- Independentes:
a. Sociodemográficas: Idade, gênero e escolaridade
43
Coletadas a partir de questões de autorrelato do questionário semi-
estruturado sobre características sociodemográficas:
• Idade em anos, agrupadas em quartis: 60-65 anos, 66-69 anos, 70-75
anos e 76-90 anos
• Gêneros masculino e feminino
• Escolaridade agrupada em três faixas: analfabeto, até 8 anos e mais de 8
anos de escolaridade
b. Estado nutricional: IMC, circunferência da cintura (avaliação antropométrica) e
domínio avaliação dietética da MAN: número de refeições realizadas por dia, ingestão
proteica, ingestão de frutas e vegetais, diminuição da ingestão alimentar nos últimos
três meses e ingestão de líquidos.
O peso e a altura foram aferidos com os idosos sem sapatos e com
roupas leves. O peso foi mensurado em balança plataforma, tipo mecânica, da marca
Welmy, com capacidade para 150 kg e precisão de 100g e, a altura, foi aferida
utilizando-se o estadiômetro vertical fixo à balança, com precisão de 0,1 cm, com o
idoso em posição ortostática, com os pés unidos, de costas para o marcador, com o
olhar no horizonte.
O IMC foi obtido pelo cálculo IMC= peso (kg) ÷ altura (m)2 e classificado
de acordo com os pontos de corte recomendados pela OPAS no projeto SABE [51].
Quadro 1. Valores de corte para a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC) de idosos
IMC (kg/m2) Classificação do estado nutricional
< 23 Baixo peso
≥23 e < 28 Peso normal
≥ 28 e < 30 Sobrepeso
≥ 30 Obesidade
44
Fonte: OPAS [51]
A circunferência da cintura foi aferida com o indivíduo em pé, posição
ereta, utilizando-se fita métrica inelástica e flexível (marca TBW Importadora Ltda), com
extensão de 2m, dividida em centímetros e subdividida em milímetros. A medida
anotada foi a obtida no final do movimento expiratório, no ponto médio da borda inferior
da última costela e a crista ilíaca anterior [49].
Quadro 2. Valores de corte para a classificação da Circunferência da Cintura (CC), segundo gênero
Risco de complicações metabólicas associadas à obesidade
Gênero Elevado Muito elevado
Feminino ≥ 80 cm ≥ 88 cm
Masculino ≥ 94 cm ≥ 102 cm
Fonte: OMS [49]
A MAN [48] foi aplicada na sua totalidade conforme orientação do “Um
guia para completar a Mini Avaliação Nutricional®” da Nestlé Nutrition Institute [89] e,
para avaliar a ingestão alimentar dos idosos e para efeito de análise neste trabalho,
foram consideradas 5 questões do domínio avaliação dietética do instrumento, sendo:
• MAN 11-“Quantas refeições completas o paciente realiza diariamente?”.
Uma refeição completa foi definida como a ingestão de mais de dois itens quando o
paciente se senta para comer. As possibilidades de respostas eram: 0-1 refeição por
dia; 1-2 refeições por dia; 2-3 refeições por dia. Para análise, esta variável foi
dicotomizada em “1-2 refeições por dia” e “3 refeições por dia”, considerando a primeira
resposta inadequada e a segunda resposta adequada.
45
• MAN 12-“Consumo de alimentos proteicos?”. As possibilidades de
respostas eram: pelo menos uma porção de produtos lácteos (leite, queijo ou iogurte)
(sim ou não); duas ou mais porções semanais de grãos ou ovos por semana (sim ou
não); carne, frango ou peixe diariamente (sim ou não). Para avaliação considerou-se
“nenhuma ou uma resposta sim”, “2 respostas sim” e “3 respostas sim” e, considerou-se
inadequada, as duas primeiras respostas e, adequada, a última resposta.
• MAN 13-“Consome duas ou mais porções de frutas e vegetais por dia?”.
Uma porção de frutas e vegetais foi definida como uma unidade de fruta (maçã,
banana, laranja, etc), uma xícara média de suco de frutas e/ou vegetais e uma xícara
de vegetais crus ou cozidos. As possibilidades de respostas eram: não e sim.
• MAN 14-“Nos últimos três meses houve redução da ingestão alimentar
devido à perda do apetite, problemas digestivos ou dificuldade para mastigar ou
deglutir?”: As possibilidades de respostas eram: acentuada, moderada ou não houve
redução da ingestão alimentar. Esta variável foi dicotomizada para “acentuada ou
moderada diminuição da ingestão alimentar” e “não houve redução da ingestão
alimentar”.
• MAN 15-“Qual a quantidade de líquidos consumida por dia?”. As
possibilidades de respostas eram: < 3 copos, 3-5 copos e > 5 copos. Considerou-se 1
copo, 200 ml de água, chá ou suco de frutas. Esta variável foi dicotomizada para “até
cinco copos” e “mais que cinco copos por dia”.
c. Qualidade de vida
Para avaliar a qualidade de vida utilizou-se o instrumento proposto pela
OMS, o WHOQoL-bref, na versão brasileira traduzida e validada pelo grupo de estudos
em qualidade de vida da OMS no Brasil, sendo realizada entrevista-direta. Este
46
instrumento é composto por 26 questões, sendo duas delas gerais de qualidade de vida
e 24 representantes de cada uma das 24 facetas que compõem o instrumento original,
WHOQoL-100. É composto por quatro domínios, sendo que cada domínio tem por
objetivo analisar: a capacidade física, o bem-estar psicológico, as relações sociais e o
meio ambiente onde o indivíduo está inserido, além de um domínio que analisa a
qualidade de vida global. Cada domínio é composto por questões, cujas pontuações
das respostas variam de 1 a 5 [90]. Os scores de cada domínio foram calculados por
uma sintaxe, resultando em scores finais numa escala de 0 a 100 [6, 91] e, quanto mais
elevada a pontuação obtida, melhor a qualidade de vida. No entanto, não há ponto de
corte para sua classificação [78].
Quadro 3. Questões do questionário de qualidade de vida WHOQoL-bref, segundo os domínios
Domínio Questão
Qualidade de vida
global
Q1-Como você avaliaria a sua qualidade de vida?
Q2-Quão satisfeito você está com a sua saúde?
Domínio físico
Q3-Em que medida você acha que sua dor impede de
fazer o que precisa?
Q4-O quanto você precisa de tratamento médico?
Q10-Você tem energia suficiente para o seu dia-a-dia?
Q15-Quão bem você é capaz de se locomover?
Q16-Quão satisfeito você está com o seu sono?
Q17-Quão satisfeito você está com a sua capacidade
de realizar as atividades do dia-a-dia?
Q18-Quão satisfeito você está com a sua capacidade
para o trabalho?
47
Domínio psicológico
Q5-O quanto você aproveita a vida?
Q6-Em que medida você acha que sua vida tem
sentido?
Q7-O quanto você consegue se concentrar?
Q11-Você é capaz de aceitar sua aparência física?
Q19-Quão satisfeito você está consigo mesmo?
Q26-Com que frequência você tem sentimentos
negativos?
Domínio relações
sociais
Q20-Quão satisfeito você está com suas relações
pessoais?
Q21-Quão satisfeito você está com sua vida sexual?
Q22-Quão satisfeito você está com o apoio que
recebe de seus amigos?
Domínio
meio ambiente
Q8-Quão seguro você se sente em sua vida diária?
Q9-Quão saudável é o seu ambiente físico?
Q12-Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas
necessidades?
Q13-Quão disponíveis estão para você as
informações que precisa no seu dia-a-dia?
Q14-Em que medida você tem oportunidade de
atividade de lazer?
48
Q23-Quão satisfeito você está com as condições do
local onde mora?
Q24-Quão satisfeito você está com o seu acesso aos
serviços de saúde?
Q25-Quão satisfeito você está com o seu meio de
transporte?
Fonte: OMS [78]
4.5 Análise de dados
Inicialmente, foi realizada a estatística descritiva dos dados, sendo que as
variáveis contínuas (idade, IMC, CC e pontuação dos domínios de qualidade de vida)
foram apresentadas em valores de quartis, mediana, valor mínimo e máximo, média e
desvio padrão; e as variáveis categóricas (gênero, grupos de idade, faixas de
escolaridade, autopercepção de saúde, classificação do IMC e da CC, critérios de
avaliação da ingestão alimentar) basearam-se nas frequências absolutas e relativas.
Para a comparação das categorias da variável de interesse
(autopercepção de saúde) com as demais variáveis categóricas, foi utilizado o teste de
Qui-Quadrado e, para a comparação dos dados contínuos, foi utilizado o teste não-
paramétrico de Mann-Whitney.
Para a avaliação da associação da variável dependente (autopercepção
de saúde ruim) com as demais variáveis foram realizadas análises de regressão
logística univariada e multivariada stepwise, pelo método Forward, com base em dois
modelos: o primeiro, que incluiu variáveis sociodemográficas e dietéticas significativas
na análise univariada e, o segundo, que incluiu variáveis sociodemográficas e de
49
qualidade de vida significativas na análise univariada. O nível de significância adotado
em todos os testes foi de 5% (p<0,05). Aplicou-se para os testes estatísticos o método
Bootstrap não-paramétrico, que permite estimar o poder dos testes [87,88]. Todas as
análises foram realizadas pelo software Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS®), versão 20.
50
5. RESULTADOS
Dentre os 110 indivíduos do estudo, 71 eram do sexo feminino (64,5%)
(tabela 1) e a média de idade foi de 70,8 anos ± 6,54 anos (tabela 6), sendo que o
primeiro (60-65 anos) e terceiro (70-75 anos) grupos etários apresentaram as maiores
porcentagens de idosos, com 30% e 29%, respectivamente.
A maioria dos idosos referiram ter nível de escolaridade formal de até 8
anos (69,1%) (tabela 1). Os idosos analfabetos e com escolaridade até 8 anos foram os
que mais relataram autopercepção de saúde ruim em relação àqueles com
escolaridade superior a 8 anos (62,5, 47,4 e 16,7%, respectivamente), tendo-se
verificado associação significativa entre menor nível de escolaridade e percepção de
saúde ruim (p=0,018) (tabela 6).
A autopercepção de saúde classificada como ruim para fins de análise
estatística (somatória dos níveis regular e ruim) foi relatada por 44,5% dos participantes
(n=49) (tabela 1) sendo que, entre as mulheres, 53,5% relataram apresentar-se nessa
condição e, entre os homens, apenas 28,2% (p=0,011). Os grupos etários que mais
relataram saúde ruim foram os que se encontravam entre 60-65 anos e entre 76-90
anos, porém sem significância estatística (tabela 6).
Tabela 1. Distribuição percentual das variáveis sociodemográficas e autopercepção de saúde
Variáveis Categorias N %
Gênero Masculino 39 35,5
Feminino 71 64,5
Grupos etários 60-65 anos 33 30 66-69 anos 23 20,9 70-75 anos 32 29,1
51
76-90 anos 22 20
Escolaridade
Analfabeto 16 14,5 Até 8 anos 76 69,1
Maior que 8 anos 18 16,4
Autopercepção de saúde *
Boa 61 55,5 Ruim 49 44,5
* Autopercepção de saúde: Boa (muito boa + boa) e Ruim (regular + ruim); N: número absoluto; %: número relativo
A média do IMC foi de 28,87 kg/m2 ± 6,06 e da CC foi de 94,92 cm ±
12,47, sendo que 51,8 % da amostra apresentaram sobrepeso ou obesidade e, apenas
11,8% apresentou baixo peso, conforme a tabela 2. Quanto à classificação para
obesidade abdominal, a partir da circunferência da cintura, 83 indivíduos (75,4%)
apresentaram risco elevado ou risco muito elevado para o desenvolvimento de doenças
cardiovasculares e metabólicas. Os homens apresentaram maior prevalência de baixo
peso do que as mulheres (15,4% versus 9,9%), assim como de eutrofia. Em
contrapartida, as mulheres apresentaram maiores prevalências de excesso de peso
(63,4%), bem como de risco elevado e muito elevado para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares e metabólicas (84,5%).
Tabela 2. Distribuição percentual das variáveis antropométricas por gênero e totalidade Variáveis Categorias Masculino Feminino Total
N (%) N (%) N (%)
IMC (kg/m2) Baixo peso 06 (15,4) 07 (9,9) 13 (11,8)
Peso normal 21 (53,8) 19 (26,7) 40 (36,4) Sobrepeso Obesidade
06 (15,4) 06 (15,4)
15 (21,1) 30 (42,3)
21 (19,1) 36 (32,7)
CC (cm) Sem risco* 16 (41) 11 (15,5) 27 (24,6)
Risco elevado*
11 (28,2) 14 (19,7) 25 (22,7)
Risco muito elevado*
12 (30,8) 46 (64,8) 58 (52,7)
52
IMC: Índice de massa corporal; CC: circunferência da cintura; * risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas; N: número absoluto; %: número relativo
O IMC médio entre os indivíduos do gênero masculino foi de 26,51 kg/m2 ±
3,61 e da circunferência da cintura foi de 95,6 cm ± 10,13 e, entre as mulheres, as
médias foram 30,18 kg/m2 ± 6,73 e 94,55 cm ± 13,81, respectivamente.
Tabela 3. Medidas de posição e dispersão da amostra geral para as variáveis idade, IMC e circunferência da cintura Variáveis Média DP Mínima Mediana Máxima
Idade 70,13 6,54 60 69 90
IMC (kg/m2) Masculino 26,51 3,61 19,17 26,8 35,51 Feminino 30,18 6,73 18,3 28,5 54,2
CC (cm)
Masculino 95,6 10,13 71 97 112,8 Feminino 94,5 13,81 65,5 94,6 133
IMC: Índice de massa corporal; CC: circunferência da cintura; DP: desvio-padrão
De acordo com a tabela 4, verificou-se que a maioria dos idosos relataram
realizar 3 refeições completas ao dia, consumir 2 ou mais porções de frutas e
vegetais/dia e negaram redução da ingestão alimentar nos últimos 3 meses (69,1, 62,7
e 74,5%, respectivamente); apenas 9,1% referiram baixo consumo de alimentos
proteicos de acordo com a questão 12 da MAN e quase metade dos entrevistados
referiram consumir até 5 copos de líquidos/dia. As variáveis relacionadas à avaliação
dietética que apresentaram associação significativa com a autopercepção de saúde
ruim foram menor ingestão de frutas e vegetais, redução da ingestão alimentar nos
últimos 3 meses e consumo de até 5 copos de líquidos/dia (p=0,023; 0,015 e 0,003,
respectivamente) (tabela 6).
53
Tabela 4. Distribuição percentual das variáveis dietéticas - domínio avaliação dietética MAN
Variáveis Categorias N %
MAN 11 (número de refeições/dia)
1-2 refeições
34
30,9
3 refeições
76 69,1
MAN 12
(consumo de alimentos proteicos
Nenhuma ou 1 resposta sim
10 9,1
2 respostas sim
52 47,3
3 respostas sim
48 43,6
MAN 13 (ingestão
de 2 ou mais porções de frutas e vegetais/dia)
Não
41
37,3
Sim
69
62,7
MAN 14 (redução da ingestão
alimentar nos últimos 3 meses)
Acentuada ou moderada
28 25,5
Ausente
82
74,5
MAN 15 (ingestão líquidos/dia)
Até 5 copos/dia
50 45,5
Mais de 5 copos/dia
60 54,5
MAN: Mini Avaliação Nutricional; N: número absoluto; %: número relativo
Os cinco domínios do questionário de qualidade de vida (WHOQoL-bref)
apresentaram associação significativa com a autopercepção de saúde ruim (tabela 6).
O domínio das relações sociais apresentou a maior mediana (75) e, o domínio meio
ambiente, a menor pontuação (68,8) (figura 3).
54
Legenda dos domínios: 2 - Qualidade de vida global 4 - Domínio físico 6 - Domínio psicológico 8 - Domínio relações sociais 10 - Domínio meio ambiente Figura 3. Medidas de posição e dispersão da amostra geral para os domínios do questionário de qualidade de vida WHOQoL-bref
70,2 68,2 70,5 73,268,8
44,2
21,4
37,541,7 40,6
69,6 71,4 70,875
68,8
90,6
100
91,7
100
90,6
0
20
40
60
80
100
120
0 2 4 6 8 10 12
Pontu
açã
o
Domínios
Média
Mínima
Mediana
Máxima
55
Tabela 5. Frequência das variáveis sociodemográficas, antropométricas e dietéticas conforme a variável autopercepção de saúde
Variáveis
Categorias
Autopercepção de saúde
N total
Valor p**
Boa Ruim
N (%)
Gênero Masculino 28 (71,8) 11 (28,2) 39 0,011 Feminino 33 (46,5) 38 (53,5) 71
Grupos etários 60-65 anos 15 (45,5) 18 (54,5) 33
0,193 66-69 anos 16 (69,6) 07 (30,4) 23 70-75 anos 20 (62,5) 12 (37,5) 32 76-90 anos 10 (45,5) 12 (54,5) 22
Escolaridade Analfabeto 06 (37,5) 10 (62,5) 16
0,018 Até 8 anos 40 (52,6) 36 (47,4) 76 > 8 anos 15 (83,3) 03 (16,7) 18
IMC (Kg/m2) Baixo peso 05 (38,5) 08 (61,5) 13
0,181 Peso normal 27 (67,5) 13 (32,5) 40 Sobrepeso 12 (57,1) 9 (42,9) 21 Obesidade 17 (47,2) 19 (52,8) 36
CC (cm) Sem risco* 17 (63) 10 (37) 27
0,467 Risco elevado* 15 (60) 10 (40) 25 Risco muito elevado* 29 (50) 29 (50) 58
MAN 11 (número de refeições / dia)
1-2 refeições
16 (47,1)
18 (52,9)
34
0,236
3 refeições 45 (59,2) 31 (40,8) 76
MAN 12 (consumo de
alimentos protéicos)
Nenhuma ou 1 resposta sim
07 (70) 03 (30) 10 0,568
2 respostas sim 27 (51,9) 25 (48,1) 52 3 respostas sim 27 (56,2) 21 (43,8) 48
MAN 13
(ingestão de 2 ou mais porções de frutas e vegetais)
Não
17 (41,5)
24 (58,5)
41
0,023
Sim 44 (63,8) 25 (36,2) 69
56
MAN 14 (redução
da ingestão alimentar)
Acentuada/moderada 10 (35,7) 18 (64,3) 28 0,015 Ausente 51 (62,2) 31 (37,8) 82
MAN 15 (ingestão
líquidos/dia)
Até 5 copos / dia 22 (44) 28 (56) 50 0,003 Mais de 5 copos / dia 39 (65) 21 (35) 60
* Risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas; ** Valores referentes ao teste Qui-quadrado; N: número absoluto; %: número relativo
Tabela 6. Frequência das variáveis dos domínios do questionário de qualidade de vida WHOQoL-bref conforme a variável autopercepção de saúde
Domínios da
qualidade de vida
Autopercepção de Saúde
Valor de
p* Boa Ruim
Média DP Mediana Média DP Mediana
Qualidade de vida global
73,36 8,57 72,8 66,21 9,62 65,5 <0,001
Físico 72,3 14,22 75 63,12 16,29 64,3 0,003
Psicológico 74,04 11,17 75 66,06 13,06 62,5 0,001
Relações sociais 76,09 12,6 75 69,55 13,24 66,7 0,014
Meio ambiente 71,01 10,3 71,9 66,08 8,72 65,6 0,008
* Valores referentes ao teste de Mann-Whitney; DP = desvio-padrão
Conforme observado na tabela 7, a análise de regressão logística univariada
demonstrou que, a autopercepção de saúde ruim associou-se significativamente com o
gênero feminino (OR=2,93; p=0,012), com menor escolaridade, sendo que os
analfabetos e os idosos com até 8 anos de escolaridade apresentaram
respectivamente, 8,33 (OR=8,33; p=0,009) e 4,5 (OR=4,5; p=0,025) vezes mais chance
57
de ter uma autopercepção de saúde ruim, em relação aos mais escolarizados (com
mais de 8 anos de escolaridade). Quanto às variáveis do domínio avaliação dietética da
MAN, as categorias consumir menos de 2 porções de frutas e vegetais/dia, severa ou
moderada redução da ingestão alimentar nos últimos 3 meses e ingerir até 5 copos de
líquidos/dia associaram-se significativamente com a auto percepção de saúde ruim
(OR=2,48; p=0,024; OR=2,96; p=0,017 e OR=2,36; p=0,029, assim como todos os
domínios do WHOQoL-bref, com exceção do domínio meio ambiente (p=0,064).
Tabela 7. Resultados da análise univariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110)
Variáveis Categorias Valor de p
O.R.* IC 95% O.R.*
Gênero Masculino (ref.) ---- ---- ---- Feminino 0,012 2,93 1,26 – 6,78
Idade
(em anos)
60-65 (ref.) ---- ---- ---- 66-69 0,078 0,36 0,12 – 1,12 70-75 0,170 0,50 0,18 – 1,34 76-90 1,000 1,00 0,34 – 2,95
Escolaridade
Analfabeto 0,009 8,33 1,68 – 41,28 1 a 8 anos 0,025 4,50 1,20 – 16,82
> 8 anos (ref.) ---- ---- ---- MAN 11
(refeições/dia) 1 a 2 0,238 1,63 0,72 – 3,68
3 (ref.) ---- ---- ---- MAN 12
(consumo de alimentos proteicos)
Nenhum ou 1 resposta sim
0,426 0,55 0,12 – 2,39
2 respostas sim 0,665 1,19 0,54 – 2,62 3 respostas sim (ref.) ---- ---- ----
MAN 13 (2 ou + porções de
frutas/vegetais)
Não 0,024 2,48 1,12 – 5,48 Sim (ref.) ---- ---- ----
MAN 14 (redução ingestão
alimentar)
Acentuada/moderada 0,017 2,96 1,21 – 7,23 Ausente (ref.) ---- ---- ----
MAN 15 (ingestão
líquidos/dia)
Até 5 copos 0,029 2,36 1,09 – 5,10 > 5 copos (ref.) ---- ---- ----
IMC (grupos por
≤ 28,00 (ref.) ---- ---- ---- > 28,00 0,456 1,33 0,62 – 2,83
58
mediana)
IMC (OPAS)
Baixo peso 0,070 3,32 0,90 – 12,17 Peso normal (ref.) ---- ---- ----
Sobrepeso 0,425 1,56 0,52 – 4,62 Obesidade 0,076 2,32 0,91 – 5,88
CC
(grupos por mediana)
≤ 94,6 (fem.) ou ≤ 97 (masc.) (ref.)
---- ---- ----
> 94,6 (fem.) ou > 97(masc.)
0,717 1,15 0,54 – 2,44
CC (OMS) (Risco
cardiovascular)
Sem risco (ref.) ---- ---- ---- Elevado 0,826 1,13 0,37 – 3,46
Muito elevado 0,266 1,70 0,66 – 4,33
Domínio físico (grupos por medianas)
≤ 71,4 0,011 2,86 1,27 – 6,42 > 71,4 (ref.) ---- ---- ----
Domínio psicológico (grupos por medianas)
≤ 70,8 0,002 3,41 1,54 – 7,51 > 70,8 (ref.) ---- ---- ----
Domínio social (grupos por medianas)
≤ 75 0,015 2,89 1,22 – 6,85 > 75 (ref.) ---- ---- ----
Domínio ambiental (grupos por medianas)
≤ 68,8 0,064 2,07 0,96 – 4,50 > 68,8 (ref.) ---- ---- ----
Qualidade de vida global
(grupos por medianas)
≤ 69,6 0,014 2,65 1,22 – 5,76 > 69,6 (ref.) ---- ---- ----
* O.R. (Odds Ratio) = Razão de chance para autopercepção de saúde ruim; IC 95% O.R. = Intervalo de 95% de confiança para a razão de risco; Ref.: nível de referência
Na análise de regressão logística multivariada stepwise (método Forward)
ajustada para dados sociodemográficos e variáveis dietéticas, as categorias gênero
feminino, analfabetismo, escolaridade entre 1 e 8 anos e ingestão de até 5 copos de
líquidos/dia apresentaram associação significativa com autopercepção de saúde ruim
(tabela 8). E, na análise ajustada para dados sociodemográficos e variáveis referentes
à qualidade de vida, o domínio psicológico apresentou associação significativa com
autopercepção de saúde ruim, além do gênero feminino, analfabetismo e escolaridade
entre 1 e 8 anos (tabela 9).
59
Tabela 8. Resultados da análise multivariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110). Modelo 1: inclusão das variáveis sociodemográficas (gênero e escolaridade) e dietéticas (MAN 13, 14 e 15)
Variável Categorias Valor de
p O.R.* IC 95% O.R.*
Gênero Masculino (ref.) ---- ---- ----
Feminino 0,004 4,01 1,56 – 10,31
Escolaridade Analfabeto 0,010 9,38 1,72 – 50,95 1 a 8 anos 0,015 5,75 1,41 – 23,52
> 8 anos (ref.) ---- ---- ---- MAN 15
(ingestão líquidos/dia) Até 5 copos 0,009 3,29 1,35 – 8,03
> 5 copos (ref.) ---- ---- ---- * O.R. (Odds Ratio) = Razão de chance para autopercepção de saúde ruim; IC 95% O.R.= Intervalo de 95% de confiança para a razão de risco. Ref.: nível de referência
Tabela 9. Resultados da análise multivariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110). Modelo 2: inclusão das variáveis sociodemográficas (gênero e escolaridade) e referentes à qualidade de vida (domínios qualidade de vida global, físico, psicológico e relações sociais)
Variável Categorias Valor de
p O.R.* IC 95% O.R.*
Gênero Masculino (ref.) ---- ---- ----
Feminino 0,035 2,65 1,07 – 6,54
Escolaridade Analfabeto 0,013 8,49 1,57 – 45,88 1 a 8 anos 0,028 4,68 1,18 – 18,48
> 8 anos (ref.) ---- ---- ---- Domínio psicológico
(grupos por medianas) ≤ 70,80 0,011 2,97 1,28 – 6,90
> 70,80 (ref.) ---- ---- ---- * O.R. (Odds Ratio) = Razão de chance para autopercepção de saúde ruim; IC 95% O.R.= Intervalo de 95% de confiança para a razão de risco; Ref.: nível de referência
A tabela 10 demonstra o poder dos testes estatísticos para as variáveis que apresentaram associação significativa com a autopercepção de saúde ruim na análise multivariada de regressão logística.
60
Tabela 10. Resultados da análise multivariada de regressão logística para autopercepção de saúde ruim (n = 110). Poder dos testes estatísticos
Variáveis Categorias Valor de p
O.R.* PODER
Gênero Masculino (ref.) ---- ---- ----
Feminino 0,004 4,01 0,84
Escolaridade Analfabeto 0,010 9,38 0,72 1 a 8 anos 0,015 5,75 0,74
> 8 anos (ref.) ---- ---- ---- MAN 15 (ingestão
líquidos/dia)
Até 5 copos 0,009 3,29 0,82
> 5 copos (ref.) ---- ---- ---- * O.R. (Odds Ratio) = Razão de chance para autopercepção de saúde ruim; Ref.: nível de referência
61
6. DISCUSSÃO
Na presente investigação, a maioria dos idosos estudados pertencia ao
gênero feminino e a idade média foi de 70,8 anos, sendo que, a maior parte dos
indivíduos apresentava-se nas faixas etárias de 60–65 anos (30%) e de 70-75 anos
(29,1%). Quanto à escolaridade, 83,6% da amostra era constituída de idosos com até
oito anos de escolaridade.
Pesquisa realizada no município de Pelotas (RS) para avaliar prevalência e
fatores associados à obesidade em idosos com 60 anos ou mais, verificou uma
porcentagem de 80,1% dos indivíduos com escolaridade de oito anos ou menos,
incluindo analfabetismo, o que está em consonância com o achado deste estudo [92].
Também se verificou que, entre idosos de um bairro periférico do município de São
Carlos (SP) [93] e, entre 1.742 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos
residentes em Bambuí (MG) [94], 97,5% e 92% das amostras, respectivamente,
encontravam-se na faixa de escolaridade discutida.
Quanto ao analfabetismo, esta classificação foi observada nas porcentagens
de 25% e 41% dos idosos da região Sul e da região Nordeste do país [95],
respectivamente, em contraste com o presente estudo, em que uma percentagem
menor (15%) da amostra era constituída por idosos analfabetos.
Os diferentes níveis de escolaridade de idosos brasileiros que participaram
dos estudos citados acima demonstram um dos aspectos da desigualdade social do
país, a qual também difere entre as regiões. Está documentado na literatura que o nível
de escolaridade pode influenciar na sobrevivência, qualidade de vida e na receptividade
aos programas de atenção em saúde por parte dos idosos [93].
Quanto ao IMC, em um estudo realizado no México [96], com uma
amostra de 1.968 idosos com idade igual ou superior a 60 anos, a média registrada foi
62
de 26,6 kg/m2, sendo de 26,8 kg/m2 entre as mulheres e 26,4 kg/m2entre os homens.
Comparando esses dados com a presente investigação, verifica-se que os valores
encontrados nessa amostra de idosos do município de Vinhedo (28,87 kg/m2 para a
população total; 30,18 kg/m2 para as mulheres e 26,5 kg/m2 para os homens) são
superiores, exceto para os homens, que foi similar. Porém, no estudo populacional
realizado por Buzzachera et al., em que se avaliou prevalência de sobrepeso em 1.069
idosas do município de Curitiba (PR), evidenciou-se uma média de IMC de 28,5 kg/m2
[97], que se aproximou daquela registrada nesta investigação. Também Aurichio et al.,
encontrou média de IMC igual a 28,75 kg/m2 para mulheres idosas do município de São
Carlos. Sabe-se que o registro de obesidade e sobrepeso é maior entre as mulheres
idosas do que entre os homens idosos [98], podendo associar este achado à
predisposição do sexo feminino para acúmulo de gordura e maior tolerância ao excesso
de gordura coporal [99]. Nessa pesquisa desenvolvida no município de Vinhedo, os
maiores valores de IMC verificados entre as mulheres, podem estar associados ao
padrão alimentar e ao sedentarismo, que são dois fatores que se somam a essa
predisposição do sexo feminino para a obesidade [97, 100].
No estudo mexicano desenvolvido por Sánches-García et al., [96], 1,4% dos
idosos foram classificados na categoria baixo peso e 62,3% em sobrepeso ou
obesidade, segundo o IMC classificado pela OMS. Estes valores são diferentes aos
achados do presente estudo, em que se registrou 11,8% e 51,8% dos idosos com baixo
peso e excesso de peso, respectivamente (sendo que neste estudo a classificação do
IMC foi segundo a OPAS). A esse respeito, os autores consideraram a possibilidade de
uma superestimação do sobrepeso e subestimação do baixo peso dos idosos, sendo
necessários novos estudos para validar valores de corte de IMC para a população idosa
mexicana, considerando fatores de risco, mortalidade, marcadores nutricionais e
bioquímicos [97]. Já no estudo sobre padrão nutricional desenvolvido no município de
Viçosa (MG) foram avaliados 621 idosos e encontrou-se prevalência de baixo peso de
13,6% (sendo maior entre os homens) e excesso de peso de 45%, o qual foi maior
entre as idosas, o que se relaciona com os valores obtidos na presente amostra [98].
63
Por outro lado, Buzzachera et al. [97], encontraram 43,5% de mulheres
idosas com sobrepeso e 34% com obesidade, o que representa prevalência mais
elevada de excesso de peso, quando se comparam os dados da população total de
Sánchez-García et al. [96] e as desta investigação. Embora se tenha sugerido a
associação desse achado tão expressivo com baixo nível socioeconômico, os autores
não conseguiram confirmar essa associação [97]. No estudo desenvolvido no município
de Vinhedo não se considerou a avaliação da renda, o que não permite fazer esse tipo
de associação. No entanto, é necessário destacar que esta população concentra-se,
em grande parte, em áreas de muito baixa vulnerabilidade social, com um total de
29.224 indivíduos, correspondendo a 46,1% da população, com número médio de 3,2
pessoas por domicílio e renda média de 3.653 reais [84], (ou seja, quase 4,6 vezes
superior ao valor do salário mínimo no Estado de São Paulo, no ano de 2015).
No presente estudo, observou-se que a maioria dos idosos (52,7%),
apresentou risco muito alto para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e
metabólicas, a partir da avaliação da CC (>102 cm para homens e >88 cm para
mulheres), com destaque às mulheres, pois a maioria (64,8%) enquadrava-se nesta
faixa de risco. Na pesquisa de Fiore et al. [100] foi encontrado o valor de 67,1% de
idosos na faixa de risco muito alto para doenças metabólicas e, na pesquisa realizada
no México [96], encontrou-se 45% com risco muito alto, sendo que, novamente, maior
proporção de mulheres apresentaram obesidade abdominal em relação ao gênero
masculino.
Santos & Sichieri realizaram pesquisa com 699 indivíduos com idade igual ou
superior a 60 anos participantes da Pesquisa de Saúde e Nutrição do município do Rio
de Janeiro (PSN/RJ) e observaram que, 54,6% das mulheres e 47,9% dos homens
apresentavam IMC acima de 25 kg/m2 (sobrepeso ou obesidade). Em relação à
obesidade abdominal, 65,9% das mulheres apresentaram CC acima do valor normal
(>80 cm), sendo que, entre os homens, 39,2% tinham valores acima de 94 cm [101].
Em comparação com a presente pesquisa, estes valores não são semelhantes, porém
64
também evidenciam maior prevalência de obesidade, tanto geral, quanto abdominal,
entre as mulheres.
No Estudo SABE, coordenado pela OPAS, quando se avaliou o estado
nutricional de 1.894 indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, registraram-se
valores médios de IMC e CC de 27,26 kg/m2 e 93,97 cm entre as mulheres, e 25 kg/m2
e 95,2 cm entre os homens, respectivamente. Nesta investigação, esses valores foram
de 30,18 kg/m2 e 95,5 cm para as mulheres, e 26,51 kg/m2 e 95,6 cm para os homens,
o que evidencia aproximação das medidas da CC, quando se comparam os dois
estudos, que utilizaram os mesmos pontos de corte para a avaliação desses dois
parâmetros antropométricos [61].
Leite-Cavalcanti et al., em João Pessoa (PB), em estudo realizado com 117
idosos com idade entre 60 e 87 anos, registraram um IMC médio de 30,98 kg/m2 e CC
média de 99,08 cm. Há que se destacar que os autores não encontraram indivíduos
classificados na condição de baixo peso ou eutrofia, sendo que a prevalência de
sobrepeso foi de 46,1%. Nessa pesquisa também se constatou que 97,4% dos idosos
apresentavam obesidade abdominal pela relação cintura-quadril [102].
Segundo a OMS, os indivíduos tendem a um aumento do IMC a partir da
meia idade até os 65 anos, entre os homens e, até os 75 anos entre as mulheres,
sendo que, em idade mais avançada começa a ocorrer redução desse índice,
ocasionada, ao menos em parte, pela diminuição do conteúdo de água e de massa
muscular [103].
Além disso, como já se destacou acima, as mulheres apresentam maior
prevalência de excesso de peso, o que também pode ser associado à maior expectativa
de vida, bem como ao maior acúmulo de gordura visceral e subcutânea (sendo que a
última demora mais para ser perdida), e às alterações hormonais decorrentes da
menopausa, que induzem aumento da adiposidade e do peso em geral [103].
65
É importante lembrar que as diferenças apresentadas quanto ao registro das
condições de sobrepeso e obesidade em idosos podem ser decorrentes da utilização
de diferentes pontos de corte para a avaliação dos parâmetros antropométricos, o que é
bastante discutido nas pesquisas.
Na literatura verifica-se que os valores de IMC que indicam baixo peso e
excesso de peso estão relacionados com a morbimortalidade entre adultos e idosos.
Valores mais baixos de IMC estão associados com doenças como tuberculose, doenças
pulmonares, infecções e maior número de internações hospitalares e, medidas mais
elevadas de IMC estão associadas com doenças cerebrovasculares, cardiovasculares,
hipertensão arterial, diabetes e câncer [102-106]. Devido a esses fatores, pontos de
corte de IMC específicos para a população idosa mostram-se relevantes e têm sido
relacionados à morbidade e mortalidade neste grupo [107, 108].
Por outro lado, em estudo populacional realizado com duas coortes, através
do levantamento de dados do “Canadian Study of Health and Aging”, evidenciou-se que
o IMC não se mostrava como um bom preditor de mortalidade em idosos, porém o
peso, particularmente quando a diminuição dessa medida levada à mudança do IMC,
podia se constituir em sinal de alarme para risco de morte [109].
Um estudo longitudinal de 10 anos realizado na Austrália com 9.240 idosos
entre 70 e 75 anos, sendo 4.677 homens e 4.563 mulheres, demonstrou que os idosos
diagnosticados com sobrepeso apresentavam risco de morte 13% menor do que os
indivíduos eutróficos, segundo classificação do IMC. Dessa forma, os autores
concluíram que os valores de corte para IMC propostos pela OMS eram muito restritos
para avaliação de idosos [110].
Em outra pesquisa longitudinal que acompanhou 7.527 idosos americanos
da comunidade, com 70 anos ou mais, durante 96 meses, verificou que a mortalidade
foi 33% menor entre os indivíduos obesos (IMC >28,5 kg/m2), do que entre os mais
magros (IMC < 19,4 kg/m2), que registraram 38% de mortes, sugerindo um efeito
protetor do maior peso em idosos. Entretanto, é importante destacar que nesse estudo
66
os autores utilizaram o IMC como variável contínua, não procedendo à categorização
dos idosos em baixo peso, eutróficos, sobrepeso e obesidade [111].
Apesar de baixas medidas de IMC se relacionarem à maior mortalidade entre
idosos (com destaque aos idosos acima de 80 anos) [104], pois é uma medida que não
demonstra apenas baixa adiposidade, mas também uma baixa reserva muscular, sendo
que estes dois sistemas influenciam na saúde e longevidade [110, 112, 113],
recentemente Nakade et al., [107] destacaram que os valores extremos de IMC (baixo
peso e excesso de peso) se mostraram associados ao maior risco de morte, assim
como no estudo de Ford et al. [114], que verificaram que IMC abaixo de 18,5 Kg/m2
entre idosos com idade igual ou superior a 74 anos, associou-se com mortalidade e, o
IMC na faixa de sobrepeso, 25 a 29,9 Kg/m2, associou-se com menor risco de
mortalidade.
Pesquisas registram evidências do efeito protetor do sobrepeso e obesidade
neste grupo de indivíduos, no entanto, a obesidade está relacionada com várias
doenças crônicas, com maior prevalência de comprometimento cognitivo e influência na
funcionalidade e na capacidade de realizar atividades de vida diária, o que pode levar
ao aumento da demanda por serviços de saúde, institucionalização e piora da
qualidade de vida [108, 115, 116].
Embora o IMC não possibilite determinar a composição corporal e não
expresse a distribuição de gordura, é importante na determinação do risco de muitas
doenças crônicas, sendo parâmetro relevante na avaliação antropométrica dos idosos a
partir de pontos de corte de IMC específicos para essa faixa etária, associado a
medidas que analisem de forma mais criteriosa a distribuição da gordura corporal, como
a CC [117].
A medida da circunferência da cintura, por sua vez, apresenta forte relação
com a quantidade de gordura no tronco e está relacionada à síndrome metabólica e
com fatores de risco metabólicos (resistência à insulina e produção de citocinas
inflamatórias, por exemplo) [118], além de haver evidências da relação com
67
aterosclerose (independente do IMC do indivíduo e/ou fatores de risco para doenças
cardiovasculares) [119] e com a síndrome da fragilidade [32]. O ideal é que os pontos
de corte de CC e RCQ, assim como de IMC, sejam estabelecidos para idosos de
diferentes culturas e etnias [16, 28].
A autopercepção de saúde representa aspectos físicos, emocionais e sociais
da saúde e bem-estar [120]. Em estudo qualitativo, realizado com dezessete idosos
com idade igual ou superior a 70 anos residentes em Bambuí (MG), demonstrou-se que
esses vinculavam a autoavaliação de saúde com a autonomia e presença de relações
familiares e sociais, considerando a si mesmos, não como indivíduos livres de doenças,
mas como seres capazes de agir sobre o ambiente [121].
O Estudo SABE verificou, entre 2.143 idosos do município de São Paulo, que
53,8% destes consideravam a sua saúde regular ou ruim, percentual um pouco mais
elevado que o do presente estudo. Os dados do SABE também evidenciaram que as
mulheres apresentavam maior registro de autoavaliação de saúde ruim do que os
homens (55,4% versus 51,5%). Além disso, verificou-se que idosos analfabetos tinham
chance de avaliar sua saúde como ruim 1,2 vezes mais do que aqueles com 7 a 12
anos de estudo (65,7% e 29,2%, respectivamente) [2]. Na presente investigação
encontrou-se que 44,5% dos entrevistados percebiam sua saúde como ruim, sendo
essa categoria registrada em 53,5% das mulheres e em 28,2% dos homens. Por outro
lado, quando se considerou a escolaridade, verificou-se que os analfabetos tinham 8,33
vezes mais chances de relatar autopercepção de saúde ruim em relação aos indivíduos
com mais de oito anos de escolaridade.
Também em uma pesquisa realizada com 523 idosos residentes em um
bairro periférico do município de São Carlos (SP), verificou-se taxas mais elevadas de
pior percepção da própria saúde, ou seja, a autopercepção de saúde ruim foi relatada
por 55% da amostra em comparação a 44,5% registrada na presente investigação [93].
Por sua vez, Pagotto et al. encontraram prevalência de 27,5% de
autoavaliação de saúde ruim entre idosos usuários do SUS/Rede Primária do município
68
de Goiânia (GO), sendo que a percentagem foi maior entre os idosos que estudaram
menos de um ano (35,6%) e a prevalência da percepção muito boa/boa foi maior entre
os idosos com 4-7 anos de escolaridade (33%). As mulheres foram as que mais
relataram autopercepção de saúde ruim (29,7% versus 23,4% dos homens) [25].
Em outro estudo conduzido no município de Porto Alegre (RS) com 292
idosos, apenas 19% se consideraram doentes, sendo que, em comparação com os
homens, as mulheres relataram pior condição de saúde (21,5% versus 13,8%) [122].
Em relação aos estudos apresentados verifica-se que mesmo que varie a percentagem
dos que apresentam relato de pior percepção de saúde, essa está mais associada ao
gênero feminino e a um nível mais baixo de escolaridade, o que pode se supor que
esteja vinculada às condições de saúde, estilo de vida e acesso aos cuidados na área
da saúde [20, 25, 123].
Em pesquisa realizada em dezoito capitais de estados de diferentes regiões
do Brasil com indivíduos de 18 anos ou mais, verificou-se que a autopercepção de
saúde ruim foi mais prevalente entre as mulheres e entre os indivíduos com menor
escolaridade, além de que, também houve maior prevalência entre os indivíduos com
50 anos ou mais e na região Norte/Nordeste, em comparação com a região Centro-
Oeste/Sul/Sudeste [124]. O mesmo pôde ser verificado na Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS), 2013, em que 33,9% dos indivíduos relataram sua saúde como regular, ruim ou
muito ruim e, entre as mulheres, esta estimativa foi de 37,6%, sendo que houveram
variações entre as regiões do país. Da mesma forma, verificou-se que o nível de
escolaridade influenciou no relato de autopercepção de saúde. Quanto maior foi o grau
de instrução, maior o percentual dos que consideraram sua saúde boa ou muito boa
[125].
As mulheres, apesar de apresentarem maior expectativa de vida, relatam pior
condição de saúde do que os homens, o que segundo Lebrão & Laurenti se deve ao
fato de que essas consideram mais as limitações e condições de vida não-fatais [126].
As diferentes prevalências de autopercepção de saúde ruim dos estudos podem estar
69
relacionadas com as diferenças regionais que ocorrem no Brasil, considerando-se que
as condições socioeconômicas e as desigualdades sociais diferem de região para
região. Da mesma forma, a variável escolaridade interfere na forma como o indivíduo
avalia a sua condição de saúde, já que o nível de instrução facilita o acesso às
informações para o autocuidado e, esta característica, está condicionada a diversos
fatores como estilo de vida, exposições ambientais diferenciadas, desigualdade social e
condição socioeconômica [124].
As pesquisas sobre autopercepção de saúde utilizam diferentes formas de
análise deste elemento e, por isso, pode haver diferenças nos registros, o que dificulta,
em partes, a discussão desta variável.
Na presente pesquisa foi avaliada a ingestão alimentar dos idosos utilizando-
se o domínio “avaliação dietética” da MAN. Foi verificado que 30,9% dos indivíduos
realizavam somente 1-2 refeições completas por dia, 56,4% referiram uma ingestão
inadequada ou razoável de alimentos proteicos, 41% ingeriam menos de duas porções
de frutas e vegetais por dia, 25,5% relataram redução acentuada ou moderada da
ingestão alimentar nos últimos três meses e 45,5% tomavam até cinco copos de
líquidos por dia.
Estudo realizado com 361 idosos usuários de seis unidades básicas de
saúde da região centro-oeste de São Paulo verificou que, 82,6% realizavam três ou
mais refeições ao dia e, 86,5% referiram consumir duas ou mais porções de frutas e
vegetais por dia (versus 69,1% e 62,7% do presente estudo) [127].
Pesquisa realizada a partir de dados do estudo longitudinal “Taiwan
Longitudinal Survey on Aging” com 2674 idosos de idade de 65 anos ou superior,
demonstrou que apenas 3,6% dos entrevistados referiram realizar de 1-2 refeições
completas por dia, apenas 13,4% apresentaram ingestão inadequada ou razoável de
alimentos proteicos, cerca de 8% ingeriam menos de duas porções de frutas e vegetais
por dia e 10,2% relataram redução acentuada ou moderada da ingestão alimentar [128].
70
Em comparação com o presente estudo, percebe-se que os taiwaneses apresentam, de
forma geral, uma melhor avaliação dietética em relação aos idosos de Vinhedo – SP.
Em contrapartida, outra pesquisa relacionada a esse mesmo estudo, com
dados de 1999, apresentou consonância com os achados da presente amostra, sendo
que 58,8% dos entrevistados relataram consumo de alimentos fonte de proteína abaixo
do ideal (versus 56,4% do presente estudo) [129]. Como o primeiro trabalho refere-se à
seis avaliações realizadas durante o estudo longitudinal e o segundo refere-se apenas
aos dados de 1999, pode-se considerar que, durante o período que se estendeu por
quase 20 anos, houve uma melhora no padrão alimentar dessa população idosa.
Em Kolkata, Índia, verificou-se que, entre 500 idosos de 65 a 75 anos da
comunidade, 64,9% referiram ingerir mais de cinco copos de líquidos por dia, 89,2%
realizavam três ou mais refeições e consumiam duas ou mais porções de frutas e
vegetais por dia e, 24,3% relataram redução acentuada da ingestão alimentar, a qual
esteve relacionada principalmente com problemas digestivos e de mastigação, versus
percentagens de 54,5%, 69,1%, 62,7% e 25,5% (diminuição acentuada e moderada),
respectivamente, da presente amostra [130].
Dados semelhantes ao presente estudo foram encontrados quanto ao
número de refeições realizadas ao dia na pesquisa de Lebrão & Laurenti, em que
67,4% dos idosos disseram realizar três ou mais refeições ao dia (versus 69,1% da
presente amostra), apesar de 91,6% se considerarem bem nutridos [2].
Quanto à ingestão de frutas e hortaliças, estudo realizado em Goiás, com
idosos usuários do SUS, observou que apenas 26,9% dos entrevistados relataram
ingerir frutas todos os dias [25]. Na pesquisa de Borim et al., 62,7% da amostra de
idosos de Campinas (SP), relataram frequência de consumo de frutas e hortaliças maior
ou igual a quatro vezes/semana [20] (no presente estudo 62,7% declararam ingerir
duas ou mais porções de frutas e vegetais por dia). Apesar das perguntas relacionadas
à ingestão de frutas e hortaliças terem sido realizadas de diferentes formas nos estudos
citados acima, pode-se inferir que os idosos de Goiânia foram os que apresentaram
menor consumo de tais alimentos.
71
Em relação ao número de refeições realizadas ao dia, verificou-se que o
fracionamento das refeições foi inversamente proporcional a resistência à insulina, à
síndrome metabólica, dislipidemia, obesidade geral e central (circunferência abdominal)
e concentração sérica da enzima gama-glutamil transferase (GGT), a qual tem sido
considerada um marcador de risco cardiovascular e estresse oxidativo [131],
demonstrando a importância da realização de refeições ao longo do dia.
A ingestão alimentar diminuída (menor ingestão de energia, proteína e
micronutrientes), entre idosos, pode estar relacionada com fatores psicossociais, perda
do apetite, recusa do alimento ou falta de motivação para prepará-lo [132], além de
mudanças na saúde bucal, edentulismo, próteses mal ajustadas (que implicam em
dificuldades para mastigar e engolir alimentos fibrosos e firmes) [133] e limitações
funcionais que prejudicam a aquisição, preparo e consumo dos alimentos [134]. O fator
baixa renda também pode estar presente [133, 135].
Estudos registram inadequação do consumo de frutas, hortaliças, além de
leite, derivados e cereais integrais entre idosos [136, 137]. Da mesma forma, Viebig et
al. [9] verificaram baixa ingestão de frutas e hortaliças, sendo que apenas 19,8% dos
idosos entrevistados relataram ingerir cinco ou mais porções diárias de frutas e
hortaliças (mínimo 400g), o qual é preconizado pela OMS [138]. Em contradição, a
partir de dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), Juan
et al. verificaram alto consumo de frutas totais e integrais, além de grãos, carnes e
leguminosas entre idosos americanos com idade igual ou superior a 65 anos [139].
Uma pior qualidade da dieta, caracterizada por maior consumo de gorduras,
doces e grãos refinados, aumentou o risco de mortalidade por todas as causas em
estudo longitudinal de 15 anos realizado com idosos de área rural da Pensilvânia [114].
O contrário pode ser verificado em pesquisa longitudinal sueca, que acompanhou
71706 indivíduos de 45 a 83 anos por 13 anos e, verificou que, em relação com as
cinco porções de frutas e vegetais diárias recomendadas pela OMS [138], um menor
consumo destes alimentos, associou-se, progressivamente, com uma menor taxa de
72
sobrevivência e maiores taxas de mortalidade. Além disso, uma maior ingestão de
frutas e vegetais esteve associada com uma maior ingestão de energia [140].
As frutas e hortaliças frescas e variadas são fontes de fibras, vitaminas,
minerais e fitoquímicos, nutrientes antioxidantes que são importantes para a prevenção
de doenças cardiovasculares, metabólicas e câncer [141, 142].
Quanto ao consumo de energia em idosos, as diretrizes são em torno de 30
a 40 kcal/kg peso corporal, dependendo do estado de saúde do indivíduo. Uma
inadequada ingestão de energia e proteína, além de baixa atividade física e distúrbios
endócrinos, estão associados com a sarcopenia e fragilidade [143].
A desnutrição proteico-energética em idosos, associada à diminuição da
ingestão alimentar e perda de peso involuntária, pode ainda acarretar em supressão da
imunidade, úlceras de pressão, anemia, quedas, comprometimento da função cognitiva,
osteopenia, alteração do metabolismo de drogas, sarcopenia e diminuição da
capacidade respiratória máxima [144, 145] e, mais recentemente, como já mencionado,
síndrome da fragilidade, sendo que um dos possíveis tratamentos que parece ser eficaz
nesta condição é o adequado aporte proteico-calórico [146].
Por sua vez, o comprometimento da função cognitiva pode estar relacionado
com o padrão alimentar do indivíduo, sendo que aqueles que têm o hábito de maior
ingestão de frutas, alimentos frescos, vegetais, peixes e cereais integrais, os quais
contêm vitaminas como beta-caroteno, B12, B6, ácido fólico e ômega – 3, apresentam
menor risco de comprometimento cognitivo, incluindo a memória verbal [147, 148].
A massa muscular do idoso é mais sensível ao efeito negativo da inatividade
física e requer um maior aporte proteico. Uma adequada nutrição e, especificamente,
proteína de alto valor biológico, contribuem para a manutenção da massa muscular
esquelética e para o tratamento de pacientes com sarcopenia. A sarcopenia ou perda
de massa muscular é caracterizada pela reposição de tecido adiposo e fibrótico no
lugar do tecido muscular perdido. Essa perda cumulativa resulta em diminuição de força
e de tolerância ao exercício e da capacidade para realizar atividades de vida diária,
73
além de fadiga, dependência física e incapacidade [149, 150], sendo que preservar a
saúde da massa esquelética muscular é relevante para manter a independência e bem-
estar durante o envelhecimento [151].
O consumo de líquidos é importante por manter o volume vascular, regular a
temperatura corporal, excretar resíduos corporais e auxiliar a homeostase celular. A
falta de líquido pode ser um importante componente na constipação. A necessidade de
água depende da temperatura ambiente, nível de atividade física, uso de medicamentos
e função renal [152, 153].
Os distúrbios de fluidos e eletrólitos são típicos entre idosos, os quais são
mais susceptíveis à desidratação e hiperhidratação, devido a mudanças nos
mecanismos neuroendócrinos do sal e da homeostase da água. Os rins destes
indivíduos apresentam menor capacidade de reter água [154].
Em vários países são realizados e publicados guias e diretrizes para a
alimentação dos idosos, os quais contemplam orientações como: balancear a ingestão
alimentar com o gasto energético; ingerir quantidade adequada de proteína; usar o sal
com moderação; priorizar boa qualidade da gordura ingerida; considerar os significados
afetivos das refeições; perder peso, quando necessário, de forma gradual; considerar a
suplementação de vitamina D; cuidar da saúde bucal [155]; ingerir quantidade
adequada de líquidos, o que interfere no correto funcionamento do intestino,
umidificação da boca, produção salivar e hidratação corporal, sendo importante o
incentivo ao consumo de água em pequenas quantidades, várias vezes ao dia, entre as
refeições e realizar cinco a seis refeições diárias, com horários regulares, pois a pessoa
idosa apresenta maior dificuldade para digestão. Este hábito também estimula o
funcionamento intestinal, evita que se coma fora de horários estabelecidos, contribui
para o fornecimento de energia e nutrientes, proporciona maior conforto e apetite para o
indivíduo [156].
O consumo de frutas e hortaliças coloridas é priorizado, a fim de evitar
deficiência de nutrientes, além de sugerir o consumo destes alimentos congelados,
sendo uma forma de auxiliar os idosos com maiores dificuldades na aquisição e preparo
74
dos mesmos [153]. As frutas e vegetais verde-escuros, alaranjados e amarelos
contribuem com o fornecimento de vitamina C, ácido fólico, carotenóides e fibras. Os
crucíferos, como couve, repolho e brócolis contêm fitoquímicos antioxidantes, como
indol-3-carbinol, flavonas e isotiocianatos. Para estes alimentos, a recomendação é que
seja consumido todo o alimento, e não somente em forma de suco, a fim de suprir a
necessidade de fibras, sendo importante desta forma, a escolha de alimentos variados
e que apresentem alta densidade de nutrientes, como cereais integrais, frutas e
vegetais [152].
Dietas restritivas devem ser bem avaliadas, pois quando realizadas, pode
ocorrer inadequação do consumo de nutrientes importantes para a idade. Alimentos
com baixa quantidade de nutrientes devem ser evitados e, a quantidade média de
proteína ingerida para este grupo etário deve ser em torno de 1,0 – 1,2g/kg peso (maior
do que para indivíduos jovens), para assegurar a manutenção e/ou recuperação da
massa muscular após doenças agudas [155, 157]; a quantidade de proteína por
refeição, para ocorrer anabolismo, deve ser em torno de 25-30g (contendo em torno de
2,5 a 2,8g do aminoácido leucina). O tipo de proteína, o horário de ingestão e o uso de
suplementos de aminoácidos devem ser considerados nos indivíduos idosos e, estudos
com melhores metodologias, devem ser realizados para verificar a recomendação ideal
de ingestão deste nutriente. Ressalta-se também que exercícios individualizados são
recomendados em conjunto com o aumento da oferta proteica [157].
O monitoramento do estado nutricional deve ser realizado nos serviços
sociais e da saúde e, além disso, deve ser assegurado à pessoa idosa o acesso a
alimentos de qualidade, fácil aquisição e acessíveis financeiramente, para que a
ingestão adequada de todos os nutrientes, fibras e líquidos seja garantida, além do
incentivo à prática de atividade física para a manutenção da massa muscular [155].
Dessa forma, a MAN se apresenta como um instrumento válido e efetivo para a
avaliação nutricional de idosos na Atenção Primária de Saúde.
O instrumento de avaliação da qualidade de vida desenvolvido pela OMS, o
WHOQoL-bref, apresenta boa confiabilidade, o que o torna adequado para ser utilizado
75
em estudos que proponham e avaliem estratégias públicas destinadas ao
envelhecimento [158].
Nesta investigação, o domínio físico do WHOQoL-bref foi o que apresentou a
menor pontuação média entre os idosos estudados (68,2), seguido do domínio meio
ambiente (68,8). Dados similares foram encontrados na pesquisa de Pereira et al [79],
que estudou a contribuição dos domínios de qualidade de vida para a qualidade de vida
global (WHOQoL-bref), sendo que os domínios físico e ambiental foram os que mais
influenciaram na qualidade de vida global de 1.301 idosos do município de Teixeiras
(MG).
Entretanto, a pesquisa desenvolvida por Vitorino et al. [159], que avaliou
288 idosos da comunidade e 76 institucionalizados de duas diferentes regiões do Brasil
(Porto Alegre-RS e interior de Minas Gerais), evidenciou, através da mesma escala
(WHOQoL-bref), que o domínio da qualidade de vida com maior pontuação entre os
idosos da comunidade foi o das relações sociais (média 75,1), seguido do psicológico
(69,69), físico (68,61) e meio ambiente (65,09). Entre os idosos institucionalizados, o
domínio com melhor pontuação foi o das relações sociais (67,87), seguido pelo meio
ambiente (66,2), psicológico (65,19) e físico (63,6). Os achados encontrados por esses
pesquisadores relacionados aos idosos da comunidade são semelhantes aos do
presente estudo.
Em relação a outros estudos, os achados divergiram. Dessa forma, estudo
com 278 idosos frequentadores da Universidade da Terceira Idade do município de São
Carlos (SP), verificou que o domínio físico era o que apresentava pontuação mais baixa
[158].
Outra pesquisa, realizada com 120 idosos ativos participantes de duas
universidades abertas da terceira idade em São Paulo e São José dos Campos (SP),
verificou que relato de depressão, insônia, realização de atividade física e queda nos
últimos seis meses apresentaram associação com o domínio físico do questionário
WHOQoL-bref. Já o domínio psicológico associou-se com depressão, insônia e medo
de cair, relatos que também se associaram significativamente com o domínio meio
76
ambiente. Já o domínio social relacionou-se com autorrelato de hipertensão, doenças
cardiovasculares e insônia [160].
Paskulin et al., observaram, entre 288 idosos do município de Porto Alegre
(RS), os fatores que mais influenciaram nos domínios de qualidade de vida. Para o
domínio físico, os autores encontraram associação com não relatar doenças, percepção
positiva da saúde, faixa de escolaridade mais alta, menor dependência para atividades
de vida diária e realizar atividades de lazer; no domínio psicológico, os fatores que mais
se associaram foram faixa de escolaridade mais alta, menor dependência para
atividades de vida diária, ter acima de 80 anos e realizar atividades de lazer; quanto ao
domínio das relações sociais, as variáveis que se associaram significativamente foram
não realizar trabalho remunerado e ter acima de 80 anos; finalmente, em relação ao
domínio meio ambiente, a maior faixa de escolaridade e percepção positiva de saúde
apresentaram associação positiva com este domínio, enquanto qualidade de vida global
associou-se com todas as variáveis relacionadas ao domínio físico, bem como também
com idade superior a 80 anos e não ter usado o serviço público de saúde nos seis
meses que precederam a investigação [80].
Estudo realizado com 219 idosos da comunidade, com idade igual ou
superior a 80 anos, verificou que 57% destes definiram sua qualidade de vida com
avaliações positivas e 18% tiveram uma avaliação negativa. Os determinantes da
qualidade de vida positiva foram, principalmente, saúde, relação com família e amigos e
renda. Por outro lado, o aspecto que mais influenciou negativamente a avaliação da
qualidade de vida foi o estado de saúde do indivíduo [70].
Em Uberaba (MG), pesquisa com 2.142 homens idosos, verificou que o
domínio que apresentou a pontuação mais alta foi o das relações sociais (69,31) e o
que apresentou a menor pontuação foi o físico (61,03), o que também se aproxima dos
dados registrados na presente amostra. A incapacidade funcional associou-se com
todos os domínios do WHOQoL-bref, a qual relacionou-se com as atividades de vida
diária, demonstrando que ações de saúde voltadas aos idosos devem considerar a
manutenção da independência e autonomia [160]. O mesmo foi verificado entre
77
indivíduos usuários de Unidades Básicas de Saúde, com 57 anos ou mais, em um
estudo realizado no Rio Grande do Sul [161].
Uma pior avaliação do domínio físico em idosos demonstra a importância
de se apreciar a capacidade funcional na avaliação da qualidade de vida destes
idivíduos [79], considerando que a dependência (interação de incapacidades e
mudanças nas exigências sociais) e a autonomia dos idosos estão associadas a esta
avaliação [162].
Ao contrário do estudo citado acima, Vagetti et al., em pesquisa com 1.806
idosas de um programa de atividade física do município de Curitiba (PR), encontrou a
menor pontuação no domínio das relações sociais, sendo o domínio físico o de melhor
pontuação, o que faz supor que essas idosas não se sentiam satisfeitas com o nível de
relacionamentos pessoais e sociais, principalmente no que se refere à possibilidade de
suporte social. Dessa forma, é importante considerar que ações públicas para
promoção de qualidade de vida entre idosos devem incluir estratégias de suporte social
e estímulo da interação do idoso com o seu meio, através de atividades que promovam
a convivência em grupo [163].
O convívio social entre os idosos é importante para o seu bem-estar,
autoestima e autonomia, sendo que o isolamento social pode estar relacionado com o
declínio da saúde física e mental, o que aumenta a ocorrência de institucionalização
[164]. As relações sociais podem estar vinculadas ao ambiente em que o idoso vive, já
que se este for inadequado e inseguro, pode interferir na independência do indivíduo,
tornando-o mais susceptível ao isolamento, à depressão, à maiores problemas de
mobilidade e pior estado físico [165].
Também já se verificou que a presença de mais de uma doença associou-
se positivamente aos quatro domínios de qualidade de vida considerados na escala
WHOQoL-bref entre idosos de programas para a terceira idade em três universidades
de diferentes cidades do Estado de São Paulo [166].
78
A partir do questionamento sobre autopercepção de saúde em idosos pode-
se compreender a saúde, que é uma condição complexa, multifatorial e que apresenta
uma dimensão subjetiva, sob a visão destes indivíduos [15].
A autopercepção de saúde ruim entre os idosos vinhendenses associou-se
significativamente com o gênero feminino, com menor escolaridade, com o menor
consumo diário de frutas e vegetais, com a redução da ingestão alimentar nos últimos
três meses, com ingestão de até cinco copos de líquidos/dia e com a qualidade de vida
global e os domínios físico, psicológico e social do WHOQoL-bref na análise de
regressão univarida. No entanto, após análise de regressão multivariada, incluindo
apenas as variáveis significativas, verificou-se que apenas o gênero feminino,
analfabetismo, escolaridade de até 8 anos, ingestão de até cinco copos de líquidos/dia
e o domínio psicológico mantiveram associação com a autopercepção de saúde ruim.
Em estudo de base populacional realizado no município de Campinas
(Inquérito de Saúde do Município de Campinas - ISACamp 2008-2009), os idosos com
um ou mais anos de escolaridade e os que consumiam frutas e hortaliças quatro vezes
ou mais por semana apresentaram maior prevalência de autoavaliação de saúde
excelente/muito boa (p<0,0001 para ambos), o que se manteve após análise de
regressão multivariada. Os que apresentaram de 1-4 anos e 5-8 anos de escolaridade
tiveram 1,97 e 2,74 vezes mais chances de relatar autoavaliação de saúde
excelente/muito boa em relação aos que nunca frequentaram a escola e, da mesma
forma, os idosos que consumiam frutas e hortaliças com frequência de menos de quatro
vezes por semana, tiveram 72% menos chance de relatar saúde excelente/muito boa
em relação aos que ingeriam mais frutas e hortaliças [20]. Da mesma forma, no
presente estudo, verificou-se que a menor escolaridade (p=0,018) e consumir menos de
duas ou mais porções de frutas e vegetais por dia (p=0,023) associou-se com a
autopercepção de saúde ruim entre os idosos.
Reichert et al. verificaram, em estudo que avaliou a autopercepção de
saúde em adolescentes, adultos e idosos brasileiros do município de Pelotas (RS), que
79
as faixas de escolaridade 0-4 anos (OR ajustada=1,53; IC 95%: 0,63-3,77) e 5-8 anos
(OR ajustada=1,36; IC 95%: 0,54-3,43) associaram-se com a autopercepção de saúde
regular/ruim em relação à faixa de escolaridade maior que 12 anos, em idosos com
idade igual ou superior a 65 anos (versus OR=8,33; IC 95%: 1,68-41,28 para os
analfabetos e OR=4,5; IC 95%: 1,2-16,82 para 1-8 anos de escolaridade em relação à
faixa de escolaridade maior que 8 anos nesta amostra). No mesmo estudo, as mulheres
idosas relataram maior autopercepção de saúde regular/ruim (p=0,006) na associação
bruta, porém não na ajustada [15].
Em pesquisa realizada com 54213 pessoas com idade igual ou superior a 18
anos, com dados coletados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), foi verificado que a
autoavaliação de saúde ruim associou-se com o gênero feminino, com indivíduos
idosos e de escolaridade de 0 a 8 anos e não consumir frutas e hortaliças regularmente
(variável que foi significativa somente entre as mulheres) [22]. No presente estudo,
77,5% dos que relataram saúde ruim eram mulheres e houve associação entre as duas
variáveis na análise univariada, o que se manteve em todas as análises de regressão
multivariada quando foram incluídas as variáveis sociodemográficas, dietéticas e os
domínios de qualidade de vida (p=0,012, 0,011 e 0,021, respectivamente).
A associação entre menor nível educacional e a pior percepção de saúde
também foi vista entre idosos usuários do SUS da cidade de Goiânia (GO), sendo que
os idosos com escolaridade menor que um ano (p=0,009) apresentaram 1,99 vezes
mais chances de apresentar autopercepção de saúde ruim em comparação com os que
tinham mais que 8 anos de escolaridade na análise multivariada. As variáveis que
também se associaram após esta análise foram menor prática de atividade física, maior
número de medicamentos em uso e relato de perda de peso no último ano [25]. Esta
última variável pode ter interferência da redução da ingestão alimentar em idosos, a
qual apresentou associação significativa com a autopercepção de saúde ruim na
presente pesquisa (p=0,017).
80
No munipio de São Paulo (SP) observou-se que as mulheres apresentaram
1,16 vezes mais chances de relatar autopercepção de saúde ruim em comparação aos
homens (versus OR=3,47 do presente estudo) e, o nível de escolaridade, apresentou-
se como um fator de proteção contra uma percepção de saúde ruim [23].
O maior relato de autopercepção de saúde ruim entre as mulheres foi
associado com maior número de doenças crônicas, limitações nas atividades básicas
de vida diária/funcionalidade, relato de depressão, menor idade, menor renda,
desemprego e baixa percepção de suporte social [167-169].
A pesquisa SABE, que avaliou a saúde e bem-estar de idosos em sete
cidades da América Latina e Caribe, comparou os preditores de autopercepção de
saúde entre gêneros e nas diferentes cidades, verificando que algumas das variáveis
citadas acima se associaram com a autopercepção de saúde ruim entre as mulheres,
tendo-se concluído que há necessidade de maiores estudos, incluindo fatores
biológicos e sociais, para elucidar a diferença da autopercepção de saúde entre os
gêneros, considerando-se que as mulheres apresentam maior resiliência e maior
expectativa de vida do que os homens [170].
As mulheres, em geral, são mais vulneráveis quanto ao estado de saúde do
que os homens, o que está relacionado com pior nível socioeconômico e com diferentes
padrões ideológicos estabelecidos pela sociedade para os dois sexos, que influenciam
nos papéis e relações que cada um exerce no meio onde vive, nas atitudes, na
personalidade, nos comportamentos e valores constituídos, como por exemplo, a maior
responsabilidade doméstica e familiar das mulheres. Além disso, o gênero determina os
tipos de exposição de risco à saúde que os indivíduos sofrem durante a vida [171].
Os dados explanados remetem à influência dos determinantes
socioeconômicos (gênero e escolaridade) na determinação da saúde, não apenas
quanto aos indicadores objetivos, mas também envolvendo a percepção dos indivíduos,
[15], bem como reforçam a necessidade de maior atenção aos segmentos mais
vulneráveis da sociedade [22]. Um melhor nível educacional pode favorecer o acesso à
81
educação em saúde e modificações no estilo de vida, com adoção de hábitos saudáveis
e maior comprometimento com a própria saúde [25].
A ingestão alimentar de menor qualidade com menos pães integrais, frutas e
vegetais foi associada, somente na análise univariada, com a menor autopercepção de
saúde de idosos de um estudo longitudinal de quinze anos realizado com indivíduos de
30 a 70 anos na Dinamarca [172]. O mesmo foi verificado no presente estudo quanto à
ingestão de frutas e hortaliças.
O maior consumo destes alimentos está relacionado com redução da
mortalidade, diminuição do desenvolvimento de doenças crônicas e com redução do
comprometimento físico e mental entre idosos, e pode ser influenciado pelo estado de
saúde e funcionalidade destes indivíduos, características culturais, gênero, estado civil,
composição familiar, suporte social, raça/etnia e nível socioeconômico [134, 173].
Pesquisa longitudinal realizada com 2995 idosos de 65 anos ou mais em
área rural na Finlândia verificou que a baixa qualidade da dieta e um consumo razoável
de frutas, legumes e verduras (FLV) associaram-se com um risco 20% maior de
consultas em pronto-atendimento e um pior consumo de FLV associou-se com maior
número de internações hospitalares entre os idosos [174].
A pesquisa de Thomas et al. verificou que, os indivíduos idosos que
consumiam menor quantidade de frutas e vegetais, apresentaram maior chance de
desenvolver herpes zoster, mas este achado foi verificado somente quando foi
analisado o consumo dos alimentos e não somente dos nutrientes isolados ou
suplementos, demonstrando a importância da ingestão do alimento e do sinergismo que
ocorre entre as vitaminas e minerais, além das substâncias bioativas, como polifenóis.
Os micronutrientes protegem contra a imunossenescência limitando a formação de
radicais livres, regulando a produção de citocinas e apresentam funções nos processos
de proliferação e maturação dos linfócitos [175].
82
O primeiro Inquérito Nacional de Alimentação, realizado por meio da POF
2008-2009, que analisou a situação alimentar e nutricional da população brasileira,
verificou elevadas prevalências (próximas ou acima de 80%) de inadequação de
ingestão de vitaminas E, D, C, A, B6 e B3 e dos minerais cálcio, magnésio, zinco e
cobre, micronutrientes relacionados com a etiologia e progressão de doenças crônicas
[176], com o metabolismo ósseo [177] e envolvidos nas funções cognitivas [178]. As
frutas e hortaliças são fontes destes micronutrientes, assim como de fibras, que
interferem no hábito de evacuar, nos níveis de colesterol, na incidência de doenças
cardiovasculares e no câncer [152, 153].
Os idosos de Vinhedo (SP) que relataram autopercepção de saúde ruim
apresentaram 2,96 vezes mais chances de apresentarem diminuição acentuada ou
moderada da ingestão alimentar nos últimos 3 meses (p=0,017).
A diminuição da ingestão alimentar pode ocasionar risco de desnutrição e
desnutrição nesta população e, a partir da MAN, o questionamento deste item está
relacionado à perda do apetite, problemas digestivos e dificuldade para mastigar e
deglutir, apesar de haver outros preditores para a menor ingestão alimentar, como
discutido anteriormente.
Santos et al. verificaram que, segundo a MAN, 10,5% e 41,9% dos idosos
portugueses da comunidade, com idade igual ou superior a 75 anos, estavam
desnutridos ou em risco nutricional, o que associou-se significativamente com a
autopercepção de saúde negativa (OR=6,6; IC 95%: 2,27-19,24 e p=0,001) [179].
Em pesquisa longitudinal de um ano, realizada com 579 idosos da Suécia,
também se verificou que, tanto entre homens quanto entre mulheres, o relato de ser
“menos saudável” associou-se significativamente com desnutrição ou risco para
desnutrição pela MAN (p=0,003 para homens e p=0,001 para mulheres). Além disso,
maior idade e sintomas depressivos também foram preditores do risco de desnutrição
[3]. Sobre sintomas depressivos, pesquisa realizada nos Estados Unidos com idosos de
80 anos ou mais evidenciou que a triagem positiva para depressão, a partir da Escala
83
de Depressão Geriátrica (EDG) e, inadequação do consumo alimentar avaliado pela
pirâmide alimentar, apresentaram associação significativa com o relato de perda de
peso no último semestre [180].
Estudo realizado com 557 idosos com idade igual ou superior a 60 anos
registrou, somente nas mulheres, associação significativa de comprometimento
moderado a acentuado do olfato com uma ingestão alimentar de menor qualidade,
segundo avaliação realizada a partir de guias alimentares da Austrália [181]. O uso de
prótese total por edentulismo em idosos foi associado significativamente com menor
consumo de energia, carboidratos, lipídeos e fibras, bem como de vários
micronutrientes, em comparação com idosos que apresentavam todos os dentes [182].
Estudo longitudinal realizado com 1856 idosos com 65 anos ou mais, em
Taiwan, verificou que um menor apetite associou-se significativamente com menor
ingestão de carnes, peixes, frutos do mar, ovos, frutas e vegetais, o que implicou na
menor ingestão de energia, proteínas, fibras, vitaminas e minerais, além de ter sido
associado à dificuldade de mastigação, uso de medicamentos, menor nível de
escolaridade, menor renda, menor prática de atividade física, maior idade, gênero
feminino, menor realização de atividades básicas de vida diária, menor realização de
compras e ao comprometimento cognitivo. O aumento do risco de mortalidade também
foi associado ao menor apetite entre os idosos estudados [183].
Para que se mantenha o consumo alimentar em quantidades adequadas e o
prazer de comer dos idosos, é importante o incremento dos sabores no preparo das
refeições (pois os limiares de detecção e reconhecimento do sabor aumentam nesta
fase) [184], além de oferecer refeições com variedade de cores e de tipos de alimentos,
de preferência na consistência sólida com maior quantidade de fibras [185].
Durante o curso da vida, mais especificamente na velhice, ocorre um
processo denominado “anorexia do envelhecimento”, caracterizado pela diminuição da
ingestão alimentar, a qual apresenta várias causas, como diminuição da sensibilidade
gustativa e olfativa, redução da atividade física e do metabolismo basal, alterações dos
84
mecanismos de saciedade relacionados ao sistema gastrointestinal (saciedade
precoce) e uma variedade de mudanças de hormônios e neurotransmissores
reguladores do apetite (aumento dos anorexígenos e diminuição dos orexígenos) [144,
186]. Essa diminuição da ingestão alimentar pode levar à anorexia grave e à maior
facilidade de perda de peso na ocorrência de enfermidades. No entanto, ressalta-se
que a regulação da ingestão alimentar não é modulada apenas por fatores fisiológicos,
mas também sociais (pobreza, isolamento social, dificuldades para a compra de
alimentos), psicológicos (características depressivas, perdas significativas, demência,
comprometimento cognitivo) e médicos (comprometimento da mastigação e deglutição,
distúrbios de má absorção, uso de medicamentos que alteram o apetite, limitações
físicas para preparar o alimento e alimentar-se sozinho, doenças crônicas), entre outros
[187].
Na presente investigação, a menor ingestão hídrica foi um dos fatores que se
associou à pior autopercepção de saúde, tanto nas análises de regressão univariada
quanto nas multivariadas (p=0,029, 0,008 e 0,02, respectivamente).
Idosos são vulneráveis à desidratação por: possuírem menor quantidade de
água no organismo (devido à diminuição da massa muscular), seus rins apresentarem
menor capacidade para concentrar urina (visto que ocorre uma diminuição do peso
desse órgão, da taxa de filtração glomerular e do fluxo renal sanguíneo); apresentarem
menor capacidade de manter o balanço hidroeletrolítico (o rim retém menor quantidade
de água, alterando a osmolaridade sérica, ocorrendo produção de menor volume de
urina) [184, 188] e por ingerirem menor quantidade de líquidos, considerando que a
sensação de sede diminui com o avanço da idade [184]. Esta menor ingestão pode
ocorrer pelo fato de idosos não desejarem utilizar banheiros públicos ou por
apresentarem incontinência urinária [188, 189], a qual está relacionada com pior
qualidade de vida [190]. O uso de medicamentos que podem ocasionar maior perda de
líquidos (diuréticos e laxativos), a anorexia e a disfagia [189] também são fatores de
risco para a desidratação.
85
Auxiliar os idosos a entenderem a importância da hidratação e os perigos da
menor ingestão de líquidos, como fadiga, delirium, infecção do trato urinário,
agravamento da incontinência urinária e constipação intestinal, e o engajamento de
comportamentos saudáveis é uma relevante ação de promoção da saúde [191]. É
importante que se incentive os idosos a ingerirem pequenas quantidades de água
durante o dia todo, mesmo sem sentir sede, com o cuidado de não ocorrer
hiperhidratação, já que a necessidade de água também é suprida pelo consumo de
alimentos naturais, como chás, sucos de frutas, leite, frutas e vegetais frescos [189].
Todos os domínios da Escala WHOQoL-bref, considerando-se
especificamente os valores que estiveram abaixo da mediana, associaram-se
positivamente com a autopercepção de saúde ruim, com exceção do domínio meio
ambiente, na análise univariada. No entanto, após regressão multivariada, incluindo
todas as variáveis significativas, apenas o domínio psicológico manteve-se associado à
autopercepção de saúde ruim nos idosos entrevistados.
Idosos suecos com 75 anos ou mais foram convidados a participar de uma
pesquisa sobre qualidade de vida na qual se verificou, entre 385 indivíduos, que os
classificados com pior qualidade de vida apresentaram maior prevalência de relato de
pior autopercepção de saúde em comparação com aqueles classificados com qualidade
de vida boa ou intermediária, sendo que, além da autopercepção de saúde ruim, a
fadiga e a imobilidade também se associaram com a pior qualidade de vida, o que
poderia caracterizar um processo de declínio funcional. Tais indivíduos podem
apresentar uma rede social precária e uma menor quantidade de recursos para lidarem
com as dificuldades, o que torna necessária atenção especial, não somente em relação
à saúde física, mas também em relação à sua rede pessoal e social [192].
Pesquisa realizada com 1920 idosos da comunidade na Coréia do Sul,
verificou que o engajamento em programas de promoção da saúde, para prevenir ou
controlar uma doença, influenciou de maneira positiva na autopercepção de saúde
destes indivíduos, o que incorreu em relato de uma melhor qualidade de vida [193].
86
A pesquisa de Tavares & Dias observou que os escores de todos os
domínios de qualidade de vida do WHOQoL-bref, exceto o meio ambiente, diminuíram
conforme aumento do número de incapacidades funcionais relatadas. Da mesma forma,
com o aumento do número de morbidades, os domínios físico e psicológico
apresentaram diminuição progressiva do escore. O domínio físico avalia, dentre vários
aspectos, a mobilidade, a capacidade para realizar atividades de vida diária, a dor,
desconforto, uso de medicamentos e necessidade de acompanhamento nos serviços
de saúde; o domínio psicológico por sua vez, avalia a autoestima, a imagem corporal,
sentimentos positivos e o suporte emocional [194]. Considerando que estes dois
domínios sofrem influência da incapacidade funcional e do número de morbidades e
estes, por sua vez, associam-se com pior autopercepção de saúde [14, 20, 22, 23, 25-
29], pode-se inferir que a associação entre menores escores nos domínios de qualidade
de vida e pior autopercepção de saúde pode estar relacionada com a incapacidade
funcional e maior número de morbidades em idosos. Da mesma forma, a
autopercepção de saúde foi influenciada, independentemente, por número de
morbidades relatadas, dependência e depressão entre idosos espanhóis com idade
igual ou superior a 65 anos [195], variáveis que podem relacionar-se com os domínios
físico e psicológico do WHOQoL – bref [122, 160, 166].
A autopercepção de saúde associou-se com os domínios físico (p=0,001),
ambiental (p=0,049) e qualidade de vida global (p=0,001) quando estes foram avaliados
como a variável dependente na análise de regressão na pesquisa de Paskulin et al.
[80], ressaltando que, quando os idosos não relataram doenças, esses tiveram melhor
percepção do domínio físico e da qualidade de vida global (com controle de outras
variáveis), demonstrando a importância que os idosos atribuem para o estado de
saúde.
Também, pesquisa com 432 idosos saudáveis e independentes, de idade
igual ou superior a 60 anos, residentes em British Columbia, Canadá, realizada para
revalidar um modelo de preditores de qualidade de vida, verificou que, dentre vários
aspectos, como situação financeira, suporte emocional, capacidade de realizar
87
atividades de vida diária, relacionamento social e com a família, a saúde percebida
também apresentou interferência na percepção de qualidade de vida geral [196].
O único domínio do WHOQoL-bref que não apresentou associação com a
autopercepção de saúde ruim na análise univariada foi o ambiental, demonstrando que
os idosos do município de Vinhedo (SP) podem não apresentar dificuldades para se
adaptarem ao meio familiar e comunitário, nem para adquirir informações, além de
terem oportunidades de atividades de lazer. Isto pode estar relacionado com o alto IDH
do município.
Limitações do estudo:
Um dos fatores a limitar esse estudo refere-se ao fato de que ele tem caráter
transversal, não permitindo desta forma, realizar inferências em relação à população e
nem realizar relação de causalidade entre autopercepção de saúde e estado nutricional
e qualidade de vida.
A pesquisa se valeu de uma amostra não probabilística, que é subjetiva e se
baseia nas decisões pessoais do pesquisador. Além disso, é possível que os idosos
que aceitaram participar do estudo tivessem maior interesse pela pesquisa, o que pode
estar relacionado com maior escolaridade.
Além disso, os achados deste estudo também se referem aos idosos
independentes ou com baixo nível de dependência, não permitindo generalizações para
todos os idosos.
A MAN constitui-se em um instrumento de triagem nutricional para avaliar
risco nutricional em idosos, no entanto, como já citado anteriormente, é amplamente
aplicada em diversos ambientes [43 e 44]. Os itens do domínio avaliação dietética,
utilizados nesta pesquisa, são concernentes a uma ingestão alimentar mínima e não
ideal para a faixa etária. Além disso, não foram avaliados os fatores que levaram à
88
menor ingestão alimentar, menor consumo de líquidos e de frutas e vegetais, não
possibilitando estabelecer fatores de causa e efeito.
No entanto, os resultados apresentados são de grande relevância, visto que
não se dispõe ainda de número expressivo de estudos que avaliem a interferência do
estado nutricional, ingestão alimentar e qualidade de vida na autopercepção de saúde
em idosos brasileiros.
89
7. CONCLUSÃO
A partir do estudo realizado, pode-se verificar que, uma percentagem
significativa de idosos apresentava-se acima do peso ideal, bem como apresentavam
obesidade abdominal. A autopercepção de saúde ruim relacionou-se com gênero
feminino, menor escolaridade, com menor qualidade e quantidade da ingestão
alimentar, indicadas pelo domínio avaliação dietética da MAN e com pior percepção de
qualidade de vida, indicada pelos domínios do WHOQoL-bref.
Os idosos do gênero feminino, analfabetos, com escolaridade de até 8 anos,
com menor ingestão hídrica e que relataram pior percepção no domínio psicológico da
escala de qualidade de vida, apresentaram associações relevantes com a
autopercepção de saúde ruim.
Partindo dos achados do presente estudo, destaca-se a importância da
avaliação da autopercepção de saúde nos idosos e a identificação dos fatores que a
influenciam, os quais abrangem diversas dimensões da vida, bem como a importância
da avaliação e educação nutricional, e prevenção de distúrbios nutricionais, não
somente entre os indivíduos desta faixa etária, mas com início em etapas mais
precoces da vida. A avaliação da percepção da qualidade de vida também é relevante à
medida que interfere na autopercepção de saúde dos indivíduos idosos.
Tendo em vista que a amostra do estudo refere-se a idosos usuários da
Atenção Primária/SUS, os achados, considerando as diferenças de gênero e
escolaridade, bem como necessidades e expectativas dos idosos, podem contribuir
para a formulação de políticas e ações sociais de melhoria da qualidade de vida e de
promoção da saúde integradas e efetivas.
90
REFERÊNCIAS
1. Najas MS, Andreazza R, Souza ALM, Sachs A, Guedes ACB, Sampaio LR, et al. Padrão alimentar de idosos de diferentes estratos socioeconômicos residentes em localidade urbana da região sudeste, Brasil. Rev Saúde Públ. 1994;28(3):187-91.
2. Lebrão ML, Laurenti R. Saúde, Bem – Estar e Envelhecimento: o estudo SABE no município de São Paulo. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(2):127-41.
3. Giltay EJ, Vollaard AM, Kromhout D. Self-rated health and physician-rated health as independent predictors of mortality in elderly men. Age and Ageing. 2012;41:165-71.
4. Sargent-Cox KA, Anstey KJ, Luszcz MA. The choice of self-rated health measures matter when predicting mortality: evidence from 10 years follow-up of the Australian longitudinal study of ageing. BMC Geriatrics [Internet]. 2010 [cited 2014 mar 29];10:18. Available from: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/ 1471-2318-10-18.pdf
5. Lakdawalla DN, Goldman DP, Shang B. The health and cost consequences of obesity among the future elderly. Health Affairs [Internet]. 2005 [cited 2014 mar 23];24:30–41. Available from: http://content.healthaffairs.org/content/early/2005/ 09/26/hlthaff.w5.r30
6. Chachamovich E. Qualidade de vida em idosos: desenvolvimento e aplicação do módulo WHOQOL-OLD e teste do desempenho do instrumento WHOQOL-bref em uma amostra de idosos brasileiros. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas) Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
7. Seidl EMF, Zannon CMLC. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad Saúde Pública. 2004;20(2):580-88.
8. United Nations. Current status of the social situation, wellbeing, participation in development and rights of older persons worldwide [Internet]. New York; 2011[cited 2014 abr 04]. Available from: http://www.un.org/esa/socdev/ageing/ documents/publications/current-status-older-persons.pdf
9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Projeção da população por sexo e idades [Internet]. 2013 [citado 2013 mar 10]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/projecao_da_populacao/2013/default_tab.shtm
91
10. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Distribuição da população por sexo, segundo os grupos de idade – Brasil [Internet]. 2010 [citado 2013 mai 05]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br
11. Frenk J, Frejka T, Bobadilla JL. La transición epidemiológica em America Latina. Bol Of Sanit Panam. 1991;111:485-96.
12. Schramm JMA, Oliveira AF, Leite IC, Valente JG, Gadelha AMJ, Portela MC, et al. Transição epidemiológica e o estudo de carga de doença no Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2004;9(4):897-908.
13. Ramos LR. Fatores determinantes do envelhecimento saudável em idosos residentes em centro urbano: Projeto Epidoso, São Paulo. Cad Saúde Pública. 2003;19(3):793-98.
14. Ziólkowski A, Blachnio A, Pachalska M. An evaluation of life satisfaction and health-quality of life of senior citizens. Ann Agric Environ Med. 2015;22(1):147-51.
15. Reichert FF, Loch MR, Capilheira MF. Autopercepção de saúde em adolescentes, adultos e idosos. Ciênc Saúde Colet. 2012;17(12):3353-62.
16. Institute of Medicine. State of the USA Health Indicators: Letter Report [Internet]. Washington, DC, USA: The National Academies Press; 2009 [cited 2014 jan 28]. Available from: http://scholar.harvard.edu/files/davidrwilliams/files/2008-the_state_of-williams.pdf
17. Neri AL. Fragilidade e qualidade de vida na velhice. In: Neri AL (org.). Fragilidade e Qualidade de Vida na Velhice. Campinas: Alínea; 2013. 392p.
18. Bouma H. Accommodating older people at work. Gerontechnology. 2013;11(4):489-92.
19. Blazer DG. How do you feel about...? Health outcomes in late life and self-perceptions of health and well-being. Gerontologist. 2008;48(4):415-22. 20. Borim FSA, Barros MBA, Neri AL. Autoavaliação da saúde em idosos: pesquisa de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2012;28(4):769-80.
92
21. Neri AL. Qualidade de vida na velhice e subjetividade. In: Neri AL (Org). Qualidade de vida na velhice – enfoque multidisciplinar. 2ª. ed. Campinas, SP: Editora Alínea; 2011. 13-59p.
22. Barros MBA, Zanchetta LM, Moura EC, Malta DC. Autoavaliação da saúde e fatores associados, Brasil, 2006. Rev Saúde Públ. 2009;43 Supl2:27-37.
23. Alves LC, Rodrigues RN. Determinantes da autopercepção de saúde entre idosos do Município de São Paulo, Brasil. Rev Panam Salud Públ. 2005;17(5/6):333-41.
24. Goldman N, Glei DA, Chang MC. The role of clinical risk factors in understanding self-rated health. Ann Epidemiol. 2004;14:49-57.
25. Pagotto V, Nakatani AYK, Silveira EA. Fatores associados à autoavaliação de saúde ruim em idosos usuários do Sistema Único de Saúde. Cad Saúde Pública. 2011;27(8):1593-1602.
26. Silva RJS, Smith-Menezes A, Tribess S, Rómo-Perez V, Virtuoso Júnior JS. Prevalência e fatores associados à percepção negativa da saúde em pessoas idosas no Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2012;15(1):49-62.
27. Barreto SM, Figueiredo RC. Doença crônica, autoavaliação de saúde e comportamento de risco: diferença de gênero. Rev Saúde Públ. 2009;43 Supl 2:38-47.
28. Giltay EJ, Vollaard AM, Kromhout D. Self-rated health and physician-rated health as independent predictors of mortality in elderly men. Age and Agein [Internet]. 2011 [cited 2014 abr 20];0:1-6. Available from: http://ageing.oxford journals.org/content/early/2011/12/16/ageing.afr161.full.pdf+html
29. Giacomin, KC, Peixoto SV, Uchôa E, Lima-Costa MF. Estudo de base populacional dos fatores associados à incapacidade funcional entre idosos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública. 2008;24(6):1260-70
30. DeSalvo KB, Bloser N, Reynolds K, He Jiang, Muntner Paul. Mortality prediction with a single general self-rated health question – a meta-analysis. J Gen Intern Med. 2005;20:267-75.
31. Appels A, Bosma H, Grabauskas V, Gostautas A, Sturmans F. Self-rated health and mortality in a Lithuanian and a Dutch population. Soc Sci Med. 1996;42(5):681–9.
93
32. Moretto MC, Alves RMA, Neri AL, Guariento ME. Relação entre estado nutricional e fragilidade em idosos brasileiros. Rev Bras Clin Med. 2012;10(4):267-71.
33. Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Rev Nutr. 2000;13(3):157-65.
34. Palácio do Planalto – Presidência da República. Política Nacional do Idoso – lei n. 8842, de 4 de janeiro de 1994 [Internet]. [citado 2014 mar 15]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8842.htm
35. Silvestre JÁ, Neto MMC. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cad Saúde Pública. 2003;19(3):839-47.
36. Brasil. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional-Relatório Final [Internet]. 2007 [citado 2014 mar 10] Disponível em: http://www.planalto.gov.br/consea/3conferencia/static/Docum entos/RelatorioFinal.pdf
37. Ferriolli E, Moriguti JC, Paiva CE, Miranda SC, Tannus AFS, Rigo R, et al. Aspectos do metabolismo energético e proteico em idosos. R Soc Bras Alim Nutr. 2000;19/20:19-30.
38. Cervato AM, Derntl AM, Latorre MRDO, Marucci MFN. Educação nutricional para adultos e idosos: uma experiência positiva em Universidade Aberta para a Terceira Idade. Rev Nutr. 2005;18(1):41-5.
39. Rambousková J, Slavíková M, Krsková A, Procházka B, Andel M, Dlouhý P. Nutritional status assessment of institutionalized elderly in Prague, Czech Republic. Ann Nutr Metab. 2013;62:201-06.
40. Nascimento CM, Ribeiro AQ, Sant’Ana LFR, Oliveira RMS, Franceschini SCC, Priore SE. Estado nutricional e condições de saúde da população idosa brasileira: revisão da literatura. Rev Med Minas Gerais. 2011;21(2):174-80.
41. Acuna K, Cruz, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação nutricional da população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab. 2004;48(3):345-61.
42. Sampaio LR. Avaliação nutricional e envelhecimento. Rev Nutr. 2004;17(4):507-14.
94
43. Phillips MB, Foley AL, Barnard R, Isenring EA, Miller MD. Nutritional screening in community-dwelling older adults: a systematic literature review. Asia Pac J C Nutr. 2010; 9(3):440-49.
44. Winter J, Flanagan D, Mcnaughton SA, Nowson C. Nutrition screening of older people in a community general practice, using the MNA – SF. J Nutr Health Aging. 2013;17(4):322-25.
45. Guigoz Y, Vellas B, Garry PJ. Mini Nutritional Assessment: A practical assessment tool for grading the nutritional state of elderly patients. Facts Res Geriatrics. 1997;4 Suppl:15-60.
46. Rubenstein LZ, Harker JO, Salva A, Guigoz Y, Vellas B. Screening for undernutrition in geriatric practice: developing the short-form Mini Nutritional Assessment (MNAR-SF). J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56:M366-72.
47. Vellas B, Villars H, Abellan G, Soto ME, Rolland Y, Guigoz Y, et al. Overview of the MNA – Its history and challenges. J Nutr Health Aging. 2006;10(6): 456–65.
48. Guigoz Y, Vellas B. Garry PJ. Assessing the nutritional status of the elderly: The Mini Nutritional Assessment as part of the geriatric evaluation. Nutr Rev. 1996;54(1) Suppl:59-65.
49. World Health Organization (WHO). Obesity – preventing and managing the global epidemic.Report of a WHO consultation on obesity [Internet]. Geneva; 2000 [cited 2014 mar 21]. Available from: http://www.who.int/nutrition/publications/obesity/WHO_TRS_ 894/en/
50. NSI – Nutrition Screening Initiative. Incorporating nutrition screening and interventions into medical practice: A monograph for physicians. Nutrition Screening Initiative. 1994. v.15, n.1, 26-37p.
51. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). XXXVI Reunión del Comitê Asesor de Investigaciones en Salud. Kingston, Jamaica - 9-11 de julio de 2001– Encuestra Multicêntrica – Salud Bienestar y Envejecimiento (SABE) en América Latina y el Caribe – Informe preliminar [Internet]. Washington, D.C; 2001[cited 2014 abr 15]. Available from: http://envejecimiento.csic.es/documentos/ documentos/paho-salud-01.pdf
52. Hajjar RR, Kamel HK, Denson K. Malnutrition in Aging. The Internet Journal of Geriatrics and Gerontology [Internet]. 2004 [cited 2014 abr 15];1(1). Available from: https://ispub.com/IJGG/1/1/4920
95
53. Villareal DT, Apovian CM, Kushner RF, Klein S. Obesity in older adults: technical review and position statement of the American Society for Nutrition and NAASO, The Obesity Society. Am J Clin Nutr. 2005;82(5):923-34.
54. Rasheed S, Woods RT. Malnutrition and quality of life in older people: a systematic review and meta-analysis. Ageing Res Rev. 2013;12(2):561-6.
55. Santos ACO, Machado MMO, Leite EM. Envelhecimento e alterações do estado nutricional. Geriatr Gerontol. 2010;4(3):168-75.
56. Rouch I, Achour-Crawford E, Roche F, Castro-Lionard C, Laurent B, Ntougou Assoumou G, et al. Seven-year predictors of self-rated health and life satisfaction in the elderly: the PROOF Study. J Nutr Health Aging. 2014;18(9):840-7.
57. De Marchi RJ, Hugo FN, Hilgert JB, Padilha DMP. Association between oral health status in south Brazilian independent-living older people. Nutrition. 2008;24:546-53.
58. Kaiser MJ, Bauer JM, Uter W, Domini LM, Stange I, Volkert D, et al. Prospective validation of the modified Mini Nutritional Assessment Short – Forms in the community, nursing home and rehabilitation setting. JAGS. 2011;59:2124-28.
59. Paz RC, Fazzio DMG, Santos ALB. Avaliação nutricional em idosos institucionalizados. Revisa. 2012;1(1):9-18.
60. Sousa KT, Mesquita LAS, Leandro AP, Azeredo CM. Baixo peso e dependência funcional em idosos institucionalizados de Uberlândia (MG), Brasil. Ciênc & Saúde Colet. 2014;19(8):3513-20.
61. Marucci MFN, Barbosa AR. Estado nutricional e capacidade física. In: Lebrão ML, Duarte YAO, org. SABE-Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento - o projeto SABE no município de São Paulo: uma abordagem inicial [Internet]. Brasília: OPAS/MS; 2003 [citado 2014 abr 15];95-117. Disponível em: http://www.ciape.org.br/artigos/projeto_ sabe.pdf
62. Marin MJS, Cecílio LCO. Necessidades de saúde de idosos de uma Unidade de Saúde da Família. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2009;12(1):63-76.
63. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos familiares 2008 – 2009 – Antropometria e Estado Nutricional de crianças, adolescentes
96
e adultos no Brasil. [Internet] Rio de Janeiro; 2010 [citado 2014 mar 23]. Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv45419.pdf
64. Rowe JW, Kahn RL. Successful aging. Gerontologist. 1997;37(4):433-40.
65. Alexandre TS, Cordeiro RC, Ramos LR. Factors associated with quality of life of Brazilian older adults. Rev Saúde Públ. 2009;43(4):613-21.
66. Livtak J. El envejecimiento de la población: un desafío que va más allá del año 2000. Bol Of Sanit Panam. 1990:109(1):1-5.
67. Neri AL (Org.). Qualidade de Vida e Idade Madura. 3ª ed. Campinas, SP: Papirus; 2000.
68. Bowling A, Dieppe P. What is successful ageing and who should define it? BMJ. 2005;331:24-31.
69. Lawton MP. A multidimensional view of quality of life in frail elders. In: Birren JE, Lubben JE, Rowe JC, Deutchmann DE. The concept and measurement of quality of life in the frail elderly. San Diego, NJ: Academic Press; 1991.
70. Xavier FMF, Ferraz MPT, Marc N, Escosteguy NU, Moriguchi EH. Elderly people’s definition of quality of life. Rev Bras Psiquiatr. 2003;25(1):31-39.
71. Tajvar M, Arab M, Montazeri A. Determinants of health – related quality of life in elderly in Tehran, Iran. BMC Public Heatlh [Internet]. 2008 [cited 2014 jun 23];8(323). Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/ articles/PMC2567978/
72. Coons SJ, Rao S, Keininger DL, Hays RD. A comparative review of generic quality – of – life instruments. Pharmacoeconomics. 2000;17(1):13-35.
73. Fleck MPA, Chachamovich E, Trntini CM. Projeto WHOQOL-OLD: método e resultados de grupos focais no Brasil. Rev Saúde Públ. 2003;37(6):793-9.
74. Campos MO, Neto JFR. Qualidade de vida: um instrumento para promoção de saúde. Rev Baiana Saúde Públ. 2008;32(2):232-40.
75. Joia LC, Ruiz T, Donalisio MR. Condições associadas ao grau de satisfação com a vida entre a população de idosos. Rev Saúde Públ. 2007;41(1):131-8.
97
76. Vecchia RD, Ruiz T, Bocchi SCM, Corrente JE. Qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(3):246-52.
77. Paskulin LMG, Córdova FP, Costa FM, Vianna LAC. Percepção de pessoas idosas sobre qualidade de vida. Acta Paul Enferm. 2010;23(1):101-7.
78. World Health Organization (WHO). WHOQOL – Measuring quality of life. Division of mental health and prevention of substance abuse [Internet]. 1997 [cited 2014 abr 19]. Available from: http://www.who.int/mental_health/media/68.pdf
79. Pereira RJ, Cotta RMM, Franceschini SCC, Ribeiro RCL, Sampaio RF, Priore SE, et al. Contribuição dos domínios físico, social, psicológico e ambiental para a qualidade de vida global de idosos. Rev Psiquiatria RS. 2006;28(1):27-38.
80. Paskulin L, Vianna L, Molzahn AE. Factors associated with quality of life of Brazilian older adults. Int Nurs Rev. 2009;59:109-15.
81. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vinhedo – SP: Informações estatísticas [Internet]. 2010 [citado 2013 mai 02]. Disponível em: http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=355670&search=sao-paulo|vinhedo
82. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil – Ranking todo o Brasil [Internet]. 2010 [citado 2014 mar 29]. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/ ranking
83. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O que é o IDH [Internet]. [citado 2014 mar 29]. Disponível em: http://www.pnud.org.br/idh/IDH.aspx?indice Accordion=0&li=li_IDH
84. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS versão 2010. São Paulo [Internet]. 2013 [citado 2014 mar 29]. Disponível em: http://www.iprsipvs.seade.gov.br/view/ pdf/ipvs/metodologia.pdf
85. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS versão 2010 – Município de Vinhedo. [Internet] [citado 2014 mar 29]. Disponível em: http://www.iprsipvs.seade. gov.br/view/index.php
86. Ingelsson E, Ganna A. 5 year mortality predictors in 498103 UK Biobank participants: a prospective population-based study. The Lancet. [Internet] 2015 [cited
98
2015 jul 05]. Disponible from: http://www.thelancet.com/pdfs/journals/ lancet/PIIS0140-6736(15)60175-1.pdf
87. Triola MF. Introdução à estatística. 7ª. Ed. Rio de Janeiro. LTC; 1999.
88. Efron B, Tibshirani RJ. An introduction to the Bootstrap (monographs on statistics & applied probability). Springer – Science Business Media, BV; 1994.
89. Nestlé Nutrition Institute. Um guia para completar a Mini Avaliação Nutricional® [Internet]. [citado 2013 nov 06]. Disponível em: http://www.mna-elderly.com/forms/ mna_guide_portuguese.pdf
90. Fleck MPA, Louzada S, Xavier M, Chachamovich E,Vieira G, Santos L, et al. Aplicação da versão em português do instrumento abreviado de avaliação da qualidade de vida “WHOQOL-Bref”. Rev Saúde Públ. 2000;34(2):178-83.
91. Edroso B, Pilatti LA, Gutierrez GL, Picinin CT. Cálculo dos escores e estatística descritiva do WHOQOL-bref através do Microsoft Excel. Rev Bras Qualidade de Vida. 2010;2(1):31-6.
92. Silveira EA, Kac G, Barbosa LS. Prevalência e fatores associados à obesidade em idosos residentes em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil: classificação da obesidade segundo dois pontos de corte do índice de massa corporal. Cad Saúde Pública. 2009;25(7):1569-77.
93. Feliciano AB, Moraes SA, Freitas ICM. O perfil do idoso de baixa renda no município de São Carlos, São Paulo, Brasil: um estudo epidemiológico. Cad Saúde Pública. 2004;20(6):1575-85.
94. Lima-Costa MF, Uchôa E, Guerra HL, Firmo JOA, Vidigal PG, Barreto SM. The Bambuí health and ageing study (BHAS): methodological approach and preliminary results of a population-based cohort study of the elderly in Brazil. Rev Saúde Públ. 2000;34(2):26-35.
95. Piccini RX, Facchini LA, Tomasi E, Thumé E, Silveira DS, Siqueira FV, et al. Necessidades de saúde comuns aos idosos: efetividade na oferta e utilização em atenção básica em saúde. Ciênc Saúde Colet. 2006;11(3):657-67.
96. Sánchez-García S, García-Peña C, Duque-López MX, Juárez-Cedillo T, Cortés-Núñez AR, Reyes-Beaman S. Anthropometric measures and nutritional status in a
99
healthy elderly population. BMC Public Health [Internet]. 2007 [cited 2015 mai 16];7:2. Available from: http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-2458-7-2.pdf
97. Buzzachera CF, Krause MP, Elsangedy HM, Hallage T, Granato P, Krinski K, et al. Prevalência de sobrepeso e obesidade geral e central em mulheres idosas da cidade de Curitiba, Paraná. Rev. Nutr. 2008; 21(5):525-33.
98. Aurichio TR, Rebelatto JR, Castro AP. Obesidade em idosos do município de São Carlos, SP e sua associação com diabetes melito e dor articular. Fisioterapia e Pesquisa. 2010;17(2):114-7.
99. Cabrera MAS, Jacob Filho W. Obesidade em idosos: prevalência, distribuição e associação com hábitos e comorbidades. Arq Bras Endocrinol Metab. 2001;45(5):494-50.
100. Venturini CD, Engroff P, Gomes I, Carli GA. Prevalência de obesidade associada à ingestão calórica, glicemia e perfil lipídico em uma amostra populacional de idosos do Sul do Brasil. Rev Bras Geriatr Gerontol. 2013;16(3):591-601.
101. Santos DM, Sichieri R. Índice de massa corporal e indicadores antropométricos de adiposidade em idosos. Rev Saúde Pública. 2005;39(2):163-8.
102. Leite-Cavalcanti C, Rodrigues-Gonçalves MC, Rios-Asciutti LS, Leite-Cavalcanti A. Prevalência de doenças crônicas e estado nutricional em um grupo de idosos brasileiros. Rev Saúde Públ. 2009;11(6):865-77.
103. World Health Organization (WHO). Physical status: the use and interpretation of anthropometry [Internet]. Geneva: WHO; 1995 (Technical Report Series, 854) [cited 2015 mai 14]. Available from: http://www.who.int/childgrowth/publications/physical_ status/en/
104. Nascimento CM, Ribeiro AQ, Cotta RMM, Acurcio FA, Peixoto SV, Priore SE, et al. Estado nutricional e fatores associados em idosos no município de Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Cad Saúde Pública. 2011;27(12):2409-18.
105. Barreto SM, Passos VMA, Lima-Costa MFF. Obesity and underweight among Brazilian elderly. The Bambuí Health and Ageing Study. Cad Saúde Pública. 2003;19(2):605-12.
100
106. Bueno, JM, Martino HSD, Fernandes MFS, Costa LS, Silva RR. Avaliação nutricional e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos pertencentes a um programa assistencial. Ciênc Saúde Colet. 2008; 13(4):1237-46.
107. Nakade M, Takagi D, Suzuki K, Aida J, Ojima T, Kondo K, et al. Influence of socioeconomic status on the association between body mass index and cause-specific mortality among older Japanese adults: The AGES Cohort Study. Preventive Medicine. 2015;77:112–18.
108. Franzon K, Zethelius B, Cederholm T, Kilander L. Modifiable Midlife Risk Factors, Independent Aging, and Survival in Older Men: Report on Long-Term Follow-Up of the Uppsala Longitudinal Study of Adult Men Cohort. JAGS. 2015; 63:877–85.
109. Keller HH, Ostbye T. Body Mass Index (BMI), BMI change and mortality in community-dwelling seniors without dementia. J Nutr Health Aging. 2005;9:316-20.
110. Flicker L, McCaul KA, Hankey GJ, Jamrozik K, Brown WJ, Byles JE, et al. Body mass index and survival in men and women aged 70 to 75. JAGS. 2010;58(10):234-41.
111. Grabowski DC, Ellis JE. High body mass index does not predict mortality in older people: analysis of the longitudinal study of aging. JAGS. 2001;49(7):968-79.
112. Cabrera MA, Wajngarten M, Gebara OCE, Diament J. Relação do índice de massa corporal, da relação cintura-quadril e da circunferência abdominal com a mortalidade em mulheres idosas: seguimento de 5 anos. Cad Saúde Pública. 2005;21(3):767-75.
113. Burman M, Säätelä S, Carlsson M, Olofsson B, Gustafson Y, Hörnsten C. Body mass index, mini nutritional assessment, and their association with five-year mortality in very old people. J Nutr Health Aging. 2015;19(4):461-67.
114. Ford DW, Hartman TJ, Still C, Wood C, Mitchell DC, Erickson P, et al. Body mass index, poor diet quality, and health-related quality of life are associated with mortality in rural older adults. J Nutr Gerontol Geriatr. 2014;33(1):23-34.
115. Mazzoccoli G, Dagostino MP, Vinciguerra M, Ciccone F, Paroni G, Seripa D, et al. An association study between epicardial fat thickness and cognitive impairment in the elderly. Am J Physiol Heart Circ Physiol. 2014;29:1-13.
101
116. DeCaria JE, Petrella RJ. Scoping review report: obesity in older adults. Int J Obesity. 2012;36:1141-50.
117. Cervi A, Franceschini SCC, Priore SE. Análise crítica do uso do índice de massa corporal para idosos. Rev Nutr. 2005;18(6):765-75.
118. Grundy SM. Obesity, metabolic syndrome, and cardiovascular disease. J Clin Endocrinol Metab. 2004;89(6):2595-600.
119. Ren C, Zhang J, Xu Y, Xu B, Sun W, Sun J, et al. Association between carotid intima-media thickness and índex of central fat distribution in middle-aged and elderly Chinese. Cardiovascular Diabetology [Internet] 2014 [cited 2015 mai 14];13(139). Available from: http://www.cardiab.com/content/pdf/s12933-014-0139-2.pdf
120. Federal Interagency Forum on Ageing Related Statistics. Older Americans 2012 – Keys Indicators of Well-Being [Internet]. 2012 [cited 2015 mai 04]. Available from: http://www.agingstats.gov/agingstatsdotnet/Main_Site/Data/2012_Documents/docs/EntireChartbook.pdf
121. Fonseca MGUP, Firmo JOA, Filho AIL, Uchôa E. Papel da autonomia na autoavaliação da saúde do idoso. Rev Saúde Públ. 2010;44(1):159-65.
122. Paskulin LMG, Vianna LAC. Perfil sociodemográfico e condições de saúde autorreferidas de idosos de Porto Alegre. Rev Saúde Públ. 2007;41(5):757-68.
123. Lima-Costa MF, Firmo JOA, Uchôa E. A estrutura da auto-avaliação da saúde entre idosos: projeto Bambuí. Rev. Saúde Públ. 2004;38(6):827-34.
124. Souza MC, Otero UB, Almeida LM, Turci SRB, Figueiredo VC, Lozana JÁ. Autoavaliação de saúde e limitações físicas decorrentes de problemas de saúde. Rev Saúde Públ. 2008;42(4):741-9.
125. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde-Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas 2013 [Internet]. Rio de janeiro; 2014 [citado 2015 mai 04]. Disponível em: ftp://ftp.ibge. gov.br/PNS/2013/pns2013.pdf
126. Lebrão ML, Laurenti R. Condições de Saúde. In: Lebrão ML, Duarte YAO, org. SABE-Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento - o projeto SABE no município de São
102
Paulo: uma abordagem inicial [Internet]. Brasília: OPAS/MS; 2003 [citado 2014 abr 15];73-92. Disponível em: http://www.ciape.org.br/artigos/projeto_ sabe.pdf
127. Bonilha EA, Santos AS, França AP, Souza R. Avaliação do risco nutricional de idosos usuários de Unidades Básicas de Saúde da região centro-oeste da cidade de São Paulo. Saúde Coletiva. 2008;5(22):121-25.
128. Tsai AC, Chang TL, Wang JY. Short-form Mini Nutritional Assessment with either BMI or calf circumference is effective in rating the nutritional status of elderly Taiwanese-results of national cohort study. Brit J Nutr. 2013;110:1126-32.
129. Lee L, Tsai AC. Mini Nutritional Assessment (MNA) without body mass index (BMI) predicts functional disability in elderly Taiwanese. Archives of Gerontology and Geriatrics. Elsevier [Internet]. 2012 [cited 2015 jun 05];54:e405-10. Available from: http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167494311003360#
130. Majumder M, Saha I, Chaudhuri D. Assessment of nutritional risk in community-dwelling older adults (65 to 75 years) in Kolkata, Índia. J Nutr Gerontol Geriatr. 2014;33(2):126-34.
131. Sierra-Johnson J, Undén AL, Linestrand M, Rosell M, Sjogren P, Kolak M, et al. Eating meals irregularly: a novel environmental risk factor for the metabolic syndrome. Obesity. 2008;16(6):1302-7.
132. Monteiro MAM. Percepção sensorial dos alimentos em idosos. Rev Espaço para a Saúde. 2009;10(2):34-42.
133. Abreu WC, Franceschini SCC, Tinoco ALA, Pereira CAS, Silva MMS. Inadequação no consumo alimentar e fatores interferentes na ingestão energética de idosos matriculados no programa municipal da terceira idade de Viçosa (MG). Rev Baiana de Saúde Públ. 2008;32(2):190-202.
134. Nicklett EJ, Kadell AR. Fruit and vegetable intake among older adults. Maturitas. 2013;75:305-12.
135. Viebig RF, Pastor-Valero M, Menezes PR. Consumo de frutas e hortaliças por idosos de baixa renda na cidade de São Paulo. Rev Saúde Públ. 2009;43(5):806-13.
103
136. Assumpção D, Domene SMA, Fisberg RM, Barros MBA. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cad Saúde Pública. 2014;30(8):1680-94.
137. Malta M B, Papini SJ, Corrente JE. Avaliação da alimentação de idosos de município paulista - aplicação do índice de Alimentação Saudável. Ciênc Saúde Colet. 2013;18(2):377-84.
138. World Health Organization (WHO). Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases [Internet]. Geneva: WHO; 2003 (Technical Report Series, 916) [cited 2015 abr 14]. Available from: http://health.euroafrica.org/books/dietnutrition who.pdf
139. United States Department of Agriculture (USDA). Juan WY, Guenther PM, Kott PS. Diet quality of older Americans in 1994-96 and 2001-02 as measured by the Healthy Eating Index-2005 [Internet]. Washington DC: Center for Nutrition Policy and Promotion, U.S. Department of Agriculture; 2008. (Nutrition Insight,41) [cited 2015 jun 16]. Available from: http://www.cnpp.usda.gov/sites/default/files/nutrition_insights_uploads/Insight 41.pdf
140. Bellavia A, Larsson SC, Bottai M, Wolk A, Orsini N. Fruit and vegetable comsuption and all-cause mortality: a dose-response analysis. Am J Clin Nutr. 2013;98:454-9.
141. Ribioli E, Norat T. Epidemiologic evidence of the protective effect of fruit and vegetables on cancer risk. Am J Clin Nutr. 2003;78(3):559-69.
142. Costa MC, Brito LL, Araújo LM, Lessa I. Factors associated with low cardiometabolic risk in obese women. Arq Bras Endocrinol Metabol. 2010;54(1):68-77.
143. Boirie Y, Morio B, Caumon E, Cano N. Nutrition and protein energy homeostasis in elderly. Mech Ageing Dev. 2014;136(137):76-84.
144. Morley JE. Anorexia of aging: physiologic and pathologic. Am J Clin Nutr. 1997;66:760-73.
145. Bales CW, Ritchie CS. Sarcopenia, weight loss, and nutritional frailty in the elderly. Annu Rev Nutr. 2002;22:309–23.
146. Morley JE, Vellas B, Van Kan GA, Anker SD, Bauer JM, Bernabei R, et al. Frailty consensus: a call to action. J Am Med Dir Assoc. 2013;14(6):392-97.
104
147. Kim J, Yu A, Choi BY, Nam JH, Kim MK, Oh DH, et al. Dietary patterns derived by cluster analysis are associated with cognitive function among Korean older adults. Nutrients. 2015;7:4154-69.
148. Kesse-Guyot E, Andreeva VA, Jeandel C, Ferry M, Hercberg S, Galan P. A healthy dietary pattern at midlife is associated with subsequent cognitive performance. J Nutr. 2012;142:909-15.
149. Fried LP, Tangen CM, Walston J, Newman AB, Hirsch C, Gottdiener J, et al. Frailty in older adults: Evidence for a Phenotype. J Gerontol A Biol Sci Med Sci. 2001;56(3):146-56.
150. Evans WJ, Paolisso G, Abbatecola AM, Corsonello A, BustacchiniS, Strollo F, et al. Frailty and muscle metabolism dysregulation in the elderly. Biogerontology. 2010;1:527-36.
151. Alva MCV, Camacho MEI, Delgadillo-Velázquez J. Salud muscular y prevención de sarcopenia: el efecto de la proteína, leucina y beta-hidroxi-beta-metilbutirato. Rev Metab Óseo y Min. 2012;10(2):98-102.
152. Russell RM, Rasmussen H, Lichtenstein AH. Modified food guide pyramid for people over seventy years of age. J Nutr. 1999;129:751-53.
153. Lichtenstein AH, Rasmussen H, Yu WW, Epstein SR, Russell RM. Modified mypyramid for older adults. J Nutr. 2008;138:5-11.
154. Phillips PA, Johnston CI, Gray L. Disturbed fluid and electrolyte homoeostasis following dehydration in elderly people. Age Ageing. 1993;22:S26–33.
155. Suominen MH, Jyvakorpi SK, Pitkala KH, Finne-Soveri H, Hakala P, Mannisto S, et al. Nutritional Guidelines for older people in Finland. J Nutr Health Aging. 2014;18 (10):861-67.
156. Ministério da Saúde (MS). Alimentação saudável para a pessoa idosa – um manual para profissionais de saúde. (Série A – Normas e manuais técnicos) [Internet]. Brasília: MS; 2009 [citado 2015 abr 05]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_saude.pdf
105
157. Bauer J, Biolo G, Cederholm T, Cesari M, Cruz-Jentolf AJ, Morley JE, et al. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from the PROT-AGE Study Group. JAMDA. 2013;14:542-59.
158. Castro PC, Driusso P, Oishi J. Convergent validity between SF-36 and WHOQoL-bref in older adults. Rev Saúde Públ. 2014;48(1):63-67.
159. Vitorino LM, Paskulin LM, Vianna LAC. Qualidade de vida de idosos da comunidade e de instituições de longa permanência: estudo comparativo. Rev Latino-Am Enfermagem [Internet]. 2013 [citado 2015 fev 24];21(spec):[09telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v21nspe/pt_02.pdf
160. Tavares DMS, Dias FA, Santos NMF, Hass VJ, Miranzi SCS. Factors associated with the quality of life of elderly men. Rev Esc Enferm. 2013;47(3):673-80.
161. Azevedo ALS, Silva RA, Tomast E, Quevedo LA. Doenças crônicas e qualidade de vida na atenção primária de saúde. Cad Saúde Pública. 2013;29(9):1774-82.
162. Sousa L, Galante H, Figueiredo D. Qualidade de vida e bem-estar dos idosos: um estudo exploratório na população portuguesa. Rev Saúde Públ. 2003;37(3):364-71.
163. Vagetti GC, Filho VCB, Moreira NB, Oliveira V, Mazzarrdo O, Campos W. Condições de saúde e variáveis sociodemográficas associadas à qualidade de vida de idosas de um programa de atividade física de Curitiba, Paraná, Sul do Brasil. Cad Saúde Públ. 2013;29(5):955-69.
164. Del Duca GF, Silva SG, Thumé E, Santos IS, Hallal P. Indicadores da institucionalização de idosos: estudo de casos e controles. Rev Saúde Públ. 2012;46(1):147-53.
165. Organización Mundial de la Salud (OMS). Salud y envejecimiento: un documento para el debate. Versión preliminar. Boletín sobre el Envejecimiento: Perfiles y Tendencias [Internet]. 2001 [citado 2015 mai 31]. Disponível em: http://www.redadultos mayores.com.ar/buscador/files/SALUD093_Edwards.pdf
166. Dawalibi NW, Goulart RMM, Prearo LC. Fatores relacionados à qualidade de vida de idosos em programas para a terceira idade. Ciênc Saúde Colet. 2014;19(8):3505-12.
167. Caetano SC, Silva CMFP, Vettore MV. Gender differences in the association of perceived social support and social network with self-rated status among older adults: a
106
population-based study in Brazil. BMC Geriatrics [Internet]. 2013 [cited 2015 jun 23];13(122):1-14. Available from: http://www.biomedcentral. com/content/pdf/1471-2318-13-122.pdf
168. Campos ACV, Albala C, Lera L, Sánchez H, Vargas AMD, Ferreira e Ferreira E. Gender differences in predictors of self-rated health among older adults in Brazil and Chile. BMC Public Heatlh [Internet]. 2015 [cited 2015 jun 23];15(365):1-11 [cited 2015 jun 23]. Available from: http://www.biomedcentral. com/content/pdf/s12889-015-1666-9.pdf
169. Johansson Y, Bachrach-Lindström M, Carstensen J, Ek AC. Malnutrition in a home-living older population: prevalence, incidence and risk factors. A prospective study. J Clin Nurs. 2008;18:1354-64.
170. Zunzunegui M, Alvarado B, Béland F, Vissandjee B. Explaining health differences between men and women in later life: A cross-city comparison in Latin America and the Caribbean. Socl Sci Med. 2009;68:235-42.
171. Spitzer DL. Engendering health disparities. C J Public Health. 2005;96 Suppl 2:78–96.
172. Osler M, Heitmann BL, Hoidrup S, Jorgensen LM, Schroll M. Food intake patterns, self- rated health and mortality in Danish men and women. A prospective observational study. J. Epidemiol Commun H. 2001;55:399-403.
173. Rugel EJ, Carpiano RM. Gender differences in the roles for social support in ensuring adequate fruit and vegetable comsuption among older adult Canadians. Appetite. 2015;92:102-09.
174. Ford DW, Hartman TJ, Still C, Wood C, Mitchell DC, Baileody R, et al. Diet quality and body mass index are associated with health care resource use in rural older adults. J Acad Nutr Diet. 2014;114:1932-38.
175. Thomas SL, Wheeler JG, Hall AJ. Micronutrient intake and the risk of herpes zoster: a case-control study. Int J Epidemiol. 2006;35:307-14.
176. Fisberg RM, Marchioni DML, Castro MA, Verly Junior E, Araújo MC, Bezerra IN, et al. Ingestão inadequada de nutrientes na população de idosos do Brasil: Inquérito Nacional de Alimentação 2008-2009. Rev Saúde Públ. 2013;47 Supl 1:2225-30.
107
177. Palacios C. The role of nutrients in bone health, from A to Z. Crit Rev Food Sci Nutr. 2006;46(8):621-8.
178. Huskisson E, Maggini S, Ruf M. The influence of micronutrients on cognitive function and performance. J Inter Med Res. 2007;35(1):1-19.
179. Santos ALM, Amaral TMSPF, Borges NPGFB. Undernutrition and associated factors in a Portuguese older adult community. Rev Nutr. 2015;28(3):231-40.
180. Callen BL, Wells TJ. Screening for nutritional risk in community-dwelling old-old. Public Health Nurs. 2005;22(2):138-46.
181. Gopinath B, Russell J, Sue CM, Flood VM, Burlutsky G, Mitchell P. Olfactory impairment in older adults is associated with poorer diet quality over 5 years. Eur J Nutr. Springer [Internet]. 2015 [cited 2015 jun 03]. Avaliable from: http://link.springer.com/ article/10.1007%2Fs00394-015-0921-2#page-1
182. Cousson PY, Bessadet M, Nicolas E, Veyrune JL, Lesourd B, Lassauzay C. Nutritional status, dietary intake and oral quality of life in elderly complete denture wearers. Gerodontology. Wiley Online Library [Internet]. 2012 [cited 2015 jun 15];29:e685-92. Available from: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1741-2358. 2011.00545.x/epdf
183. Huang Y, Wahlqvist ML, Lee M. Appetite predicts mortality in free-living older adults in association with dietary diversity. A NAHSIT cohort study. Appetite. 2014;83:89-96.
184. Elmadfa I, Meyer AL. Body composition, changing physiological functions and nutrient requirements of the elderly. Ann Nutr Metab. 2008;52 Suppl 1:2-5.
185. Van der Meij BS, Wijnhoven HAH, Finlayson GS, Oosten BSH, Visser M. Specific food preferences of older adults with a poor appetite. A forced-choice test conducted in various care settings. Appetite. 2015;90:168-75.
186. Morley JE. Anorexia, body composition, and ageing. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 2001;4:9-13.
187. Hays NP, Roberts SB. The anorexia of aging in humans. Physiol Behav. 2006;88:257-66.
108
188. Jéquier E, Constant F. Water as an essential nutrient: the physiological basis of hydration. Eur J Clin Nutr. 2010;64:115-23.
189. Ferry M. Strategies for ensuring good hydration in the elderly. Nutr Rev. 2005;63(6) Suppl:22-29.
190. Honório MO, Santos SMA. Incontinência urinária e envelhecimento: impacto no cotidiano e na qualidade de vida. Rev Bras Enferm. 2009;62(1):51-6.
191. Palmer MH, Marquez CS, Kline KV, Morris E, Linares B, Carlson BW. Hydrate for health. Listening to older adult’s need for information. J Gerontol Nurs. 2014;40(10):24-3.
192. Borglin G, Jakobsson U, Edberg A, Hallberg IR. Older people in Sweden with various degrees of present quality of life: their health, social support, everyday activities and sense of coherence. Health Soc Care Commun. 2006;14(2):136-46.
193. Lee TW, Ko IS, Lee KJ. Health promotion behaviors and quality of life among community-dwelling elderly in Korea: A cross-sectional survey. Int J Nurs Stud. 2006;43:293-300.
194. Tavares DMS, Dias FA. Capacidade funcional, morbidades e qualidade de vida de idosos. Texto Cont Enferm. 2012;21(1):112-20.
195. Fernandez-Martinez B, Prieto-Flores M, Forjaz MJ, Fernández-Mayoralas G, Rojo-Pérez F, Martínez-Martín P. Self-perceived health status in older adults: regional and sociodemographic inequalities in Spain. Rev Saúde Públ. 2012;46(2):310-9.
196. Low G, Molzahn AE. Predictors of quality of life in old age: a cross-validation study. Res Nurs Health. 2007;30:141-50.
109
APÊNDICES
APÊNDICE 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Estamos-lhe convidando a participar da pesquisa que está desenvolvendo a
Universidade Estadual de Campinas sobre Avaliação nutricional e qualidade de vida de
idosos atendidos em unidade básica de saúde do município de vinhedo – SP. O estudo
prevê a coleta mediante um questionário-entrevista com cada um dos participantes,
portanto, estamos pedindo a sua permissão para a aplicação do questionário. Todas as
informações prestadas são confidenciais e não serão utilizadas para outro fim.
Os resultados deste estudo terão valor no conhecimento na área de medicina e
nutrição. Servirá, também, para melhorar o acompanhamento médico e nutricional dos
pacientes com este tipo de etiologias e aumentar os subsídios para intervenções
nutricionais e multidisciplinares, globalizando a assistência ao paciente. O
conhecimento adquirido pode ajudar a compreender as mudanças na vida do idoso e
de sua qualidade de vida, para poder dar um apoio médico e nutricional ao grupo
estudado, e contribuir assim com o paciente na sua assistência.
Os registros e todos os dados obtidos serão mantidos de forma confidencial com
códigos de identificação de acesso limitado e as informações pessoais não serão
liberadas para nenhuma publicação. A recusa ou cancelamento do seu consentimento
de participação a qualquer instante não trará prejuízo no atendimento.
II. CONSENTIMENTO
O participante tem o direito de recusar ou cancelar seu consentimento de
participação a qualquer instante, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu
cuidado, bastando comunicar sua decisão aos organizadores da pesquisa.
Se você entendeu este Termo de Consentimento Informado e concorda
voluntariamente com a participação no estudo, favor assinar.
110
EU____________________________________________________________,
ENTENDI O QUE ME FOI PROPOSTO E TIVE OPORTUNIDADE DE ESCLARECER
MINHAS DÚVIDAS. ESTOU CIENTE E CONSINTO A REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA.
SEI QUE OS RESULTADOS DO ESTUDO SERÃO MANTIDOS EM SIGILO,
PODENDO SER INFORMADOS SOMENTE A MINHA PESSOA. ESTOU CIENTE DE
QUE OS RESULTADOS SERÃO PUBLICADOS SOMENTE EM CONJUNTO, NÃO
PERMITINDO A IDENTIFICAÇÃO INDIVIDUAL.
Vinhedo, __/__/__ ______________________________________
Assinatura do Participante
____________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
O telefone abaixo pode lhe ser útil para esclarecimentos:
Pesquisadores
1-Cassia A. M. Sarzedo Garcia (19) 981472841
111
APÊNDICE 2. Formulário de coleta de informações sóciodemográficas,
autopercepção de saúde e circunferência da cintura
Ficha de coleta de informações sóciodemográficas, autopercepção de saúde e
circunferência da cintura
Iniciais _________________________ Código __________________
1. O Sr (a). considera sua saúde:
( ) Muito boa ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
2. Idade: _________________
3. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
4. Escolaridade:
( ) Analfabeto
( ) 8 anos ou menos
( ) Ensino Médio incompleto
( ) Ensino Médio completo
( ) Universidade/Faculdade incompleta
( ) Universidade/Faculdade completa
( ) Pós Graduação
5. Circunferência da Cintura: ________cm
112
ANEXOS
ANEXO 1. Aprovação CEP
113
114
115
Anexo 2. Mini Avaliação Nutricional (MAN)
Peso:(Kg)_________________ Altura:(m)________________
I-Avaliação Antropométrica:
1- Índice de Massa Corporal (IMC)=peso(Kg)/estatura(m²)= _______
IMC<19 = 0 ponto IMC 19 –21 = 1 ponto
IMC 21-23 = 2 pontos IMC> 23 = 3 pontos
2-Circunferência do braço- CB (cm):
CB < 21 = 0 ponto CB 21-22 = 0,5 ponto CB> 22 = 1 ponto
3-Circunferência da panturrilha- CP (cm)
CP <31 = 0 ponto CP > 31 = 1 ponto
4-Perda de peso nos últimos três meses:
> 3kg = 0 ponto desconhecida = 1 ponto
entre 1 e 3 kg = 2 pontos ausente = 3 pontos
II-Avaliação Global:
5-O paciente mora em sua casa (e não em instituição)?
Não = 0 ponto Sim = 1 ponto
6-Toma mais de três tipos de medicamentos ao dia?
Sim = 0 ponto Não = 1 ponto
7-Sofreu estresse psicológico ou doença aguda nos últimos três meses?
116
Sim = 0 ponto Não = 2 pontos
8-Mobilidade:
restrito a cama/cadeira = 0 ponto passa da cadeira/cama = 1 ponto anda = 2 pontos
9-Problemas neuropsicológicos:
demência/depressão grave = 0 ponto moderada = 1 ponto ausente = 2 pontos
10-Lesões de pele ou escaras?
Sim = 0 ponto Não = 1 ponto
III-Avaliação dietética:
11-Número de refeições ao dia:
Uma = 0 ponto Duas = 1 ponto Três = 2 pontos
12-Consumo de alimentos proteicos?
- uma porção de leite ou queijo ou iogurte ao dia ( ) Sim ( ) Não
- duas ou mais porções semanais de feijão ou ovos ( ) Sim ( ) Não
- carne ou peixe ou aves diariamente ( ) Sim ( ) Não
nenhuma ou 1 resposta sim = 0 ponto 2 respostas sim = 0.5 ponto
3 respostas sim= 1 ponto
13-Consome duas ou mais porções de frutas ou vegetais diariamente?
Não = 0 ponto Sim = 1 ponto
117
14-Nos últimos três meses houve redução da ingestão alimentar, devido a perda do apetite, problemas digestivos ou dificuldade para mastigar ou deglutir?
Severa = 0 ponto Moderada = 1 ponto Ausente = 2 pontos
15-Ingestão de líquidos ao dia:
< 3 copos = 0 ponto 3-5 copos = 0.5 ponto > 5 copos = 1 ponto
16-Forma de alimentação:
Com assistência=0 ponto Sozinho mas com dificuldade=1 ponto Sozinho sem ajuda=2 pontos
IV-Autoavaliação:
17- Paciente acredita ter algum problema nutricional?
Sim, desnutrição severa = 0 ponto
Não sabe ou acredita ter desnutrição moderada = 1 ponto
Acredita não ter problemas nutricionais = 2 pontos
18-Em comparação com outras pessoas da mesma idade, como o paciente se considera?
Não muito bom = 0 ponto Não sabe informar = 0,5 ponto Tão bom quanto = 1 ponto
Melhor = 2 pontos
Máximo de pontos: 30
Soma de pontos:______
Classificação: > 24-Eutrófico 17 a 23,5-Risco de desnutrição < 17-Desnutrido
118
ANEXO 3. Questionário de Qualidade de Vida - WHOQoL-bref
Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Eu
estou perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas
últimas semanas.
Muito ruim Ruim Nem ruim, nem boa
Boa Muito boa
1
Como você avaliaria sua qualidade de
vida?
1 2 3 4 5
Muito
insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito,
nem insatisfeito
Satisfeito Muito
satisfeito
2 Quão satisfeito(a) você está com a
sua saúde? 1 2 3 4 5
O quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas:
Nada Muito
pouco Mais ou menos
Bastante Extremamente
3
Em que medida você acha que sua dor
(física) impede você de fazer o que
precisa?
1
2
3
4
5
4
O quanto você precisa de algum tratamento
médico para levar sua vida diária?
1
2
3
4
5
5 O quanto você
aproveita a vida?
1
2
3
4
5
6 Em que medida você acha que a sua vida
tem sentido?
1
2
3
4
5
7 O quanto você consegue se
1
2
3
4
5
119
concentrar?
8 Quão seguro (a) você se sente em sua vida
diária?
1
2
3
4
5
9
Quão saudável é o seu ambiente físico
(clima, barulho, poluição, atrativos)?
1
2
3 4 5
Quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas coisas nestas últimas duas semanas:
Nada Muito pouco
Médio Muito Completamente
10 Você tem energia
suficiente para seu dia-a-dia?
1 2 3 4 5
11 Você é capaz de
aceitar sua aparência física?
1 2 3 4 5
12
Você tem dinheiro suficiente para satisfazer suas necessidades?
1 2 3 4 5
13
Quão disponíveis para você estão as informações que precisa no seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
14
Em que medida você tem
oportunidade de atividade de
lazer?
1 2 3 4 5
Quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua vida nas últimas duas semanas:
Muito ruim Ruim Nem ruim, nem bom
Bom Muito bom
15
Quão bem você é capaz de se locomover?
1
2
3
4
5
Muito
insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito,
nem insatisfeito
Satisfeito Muito
satisfeito
16
Quão satisfeito (a) você está com o seu
sono? 1 2 3 4 5
17
Quão satisfeito (a) você está com sua
capacidade de 1 2 3 4 5
120
desempenhar as atividades do seu dia-
a-dia?
18
Quão satisfeito (a) você está com sua capacidade para o
trabalho?
1 2 3 4 5
19
Quão satisfeito (a) você está consigo
mesmo (a)? 1 2 3 4 5
20
Quão satisfeito (a) você está com suas relações pessoais (amigos, parentes,
conhecidos, colegas)?
1
2 3 4
5
21
Quão satisfeito (a) você está com sua
vida sexual? 1 2 3 4 5
22
Quão satisfeito (a) você está com o apoio
que recebe de seus amigos?
1 2 3 4 5
23
Quão satisfeito (a) você está com as condições do local
onde mora?
1 2 3 4 5
24
Quão satisfeito (a) você está com o seu acesso aos serviços
de saúde?
1 2 3 4 5
25
Quão satisfeito (a) você está com o seu meio de transporte?
1 2 3 4 5
Com que frequência você sentiu ou experimentou certas coisas nas últimas duas semanas:
Nunca Algumas
vezes Frequentemente
Muito frequentemente
Sempre
26
Com que frequência você tem sentimentos negativos tais como
mau humor, desespero, ansiedade, depressão?
1 2 3 4 5