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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO – UnC
PROGRAMA DE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
CRISTIANE GONÇALVES PADILHA NARDELLI
INTENÇÃO EMPREENDEDORA DOS ACADÊMICOS DA UnC, SOB PONTO DE
VISTA DA NORMA SUBJETIVA E A DIMENSÃO CULTURA
CANOINHAS SC
2018
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CRISTIANE GONÇALVES PADILHA NARDELLI
INTENÇÃO EMPREENDEDORA DOS ACADÊMICOS DA UnC, SOB PONTO DE
VISTA DA NORMA SUBJETIVA E A DIMENSÃO CULTURA
Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional, pelo Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado – UnC Campus Canoinhas, sob orientação da professora Dra. Daniela Pedrassani, e Coorientação; Dr. Carlos Eduardo Carvalho;
CANOINHAS (SC)
2018
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INTENÇÃO EMPREENDEDORA DOS ACADEMICOS DA UNC, SOB PONTO DE
VISTA DAS NORMAS SUBJETIVAS E A DIMENSÃO CULTURA.
CRISTIANE GONÇALVES PADILHA NARDELLI
Esta Dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca
Examinadora como requisito parcial para a obtenção do Título de: Mestre em
Desenvolvimento Regional. E aprovado na sua versão final em 26 de março 2018,
atendendo às normas da legislação vigente da Universidade do Contestado – UnC e
Coordenação do Curso do Programa de Desenvolvimento Regional.
Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA:
________________________________________ Prof.ª Dra. Daniela Pedrassani (UnC)
________________________________________ Prof.ª Dra. Sabrina, do Nascimento (UNOESC)
________________________________________ Prof.° Dr.Carlos Eduardo Carvalho (UNOESC)
________________________________________ Prof.° Dr. Argos Gumbowski (UnC)
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Dedico este trabalho a minha família, esposo
Eder e meu filho Yuri: uma singela
homenagem pela compreensão nos
momentos de ausência desta etapa. Amo
vocês!
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AGRADECIMENTOS
“O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe,
pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã”. (Leonardo Da Vinci.)
E como foi árduo este conhecimento, mas como disse Da Vinci, torna a alma
jovem, e esta alma só tem a agradecer de maneira muito especial.
Agradeço à Deus , pelas inúmeras formas que me ilumina diariamente, com as
pessoas que me presenteia e com os ensinamentos que me fortificam.
Agradeço à professora orientadora Dra. Daniela Pedrassani, pela
oportunidade, (embora quase insistência por aceitar dar continuidade nesse projeto).
Sei que não foi fácil, precisou não medir esforços já que este estudo não faz parte de
sua área, mesmo assim não hesitou, dedicando-se e sempre me atendendo. Torna-
se até difícil expressar meu agradecimento da forma como deveria, então aceite meu
singelo “muito obrigada” e incondicional admiração, és uma profissional dedicada,
parabéns!
Ao Coorientador Carlos Eduardo Carvalho, que me incentivou a buscar este
estudo, pela dedicação nos ensinamentos, pelo professor que foi na UnC, sempre em
busca de novos desafios.
À professora Coorientadora Amélia Silveira, que com seu conhecimento
incomensurável e experiência mostrou-me a luz que faltava na conclusão deste, foi
um prazer tê-la em meus estudos, muito obrigada!
À secretária do programa Andressa Metzger pela presteza de sempre, em todos
os aspectos não medindo esforços para o andamento deste programa agradeço
imensamente, és uma profissional de respeito.
Ao Coordenador do Mestrado professor Argos, muito obrigada pela forma com
que sempre está disponível para nos atender e da melhor forma sempre solucionando
os contratempos.
Às pessoas mais importantes da minha vida: meu esposo Eder Nardelli, pelo
apoio incondicional, pela várias vezes que me fez repensar muitas formas de
solucionar problemas relacionados a este, seu carinho me proporcionou várias
lapidações, obrigada meu amado és um anjo em minha vida. Ao meu filho Yuri , pelas
muitas horas que o deixei sem minha atenção integral, foi necessário para o nosso
bem, te amo, meu eterno bebê, você é a forma mais singela de pureza que Deus
colocou em minha vida. Aos meus pais, meus irmãos e colegas aqui uma dedicatória
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especial à, Ana Maria Geraldo, Leila Voss, Giselle de Souza, Marisa Liller Knop, sem
vocês teria sido muito mais complicado , anjos na minha dissertação!
Aos acadêmicos da UnC que de forma atenciosa e prestativa contribuíram nas
respostas de meu questionário, obrigada pela colaboração.
A UnC pelo apoio financeiro concedido.
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RESUMO
O empreendedorismo está vinculado ao despertar nas pessoas o desejo de criação de novos negócios fundamentais para a geração de riquezas, criação de empregos e inovações tecnológicas. Nessa tendência, o estudo referente ao comportamento tem sido um importante foco de pesquisa no campo do empreendedorismo. Investigações permitiram mapear que existe uma diversidade cultural nestes preditores da intenção. Desta forma, foi utilizado para este mapeamento o modelo cultural de Fons Trompenaars, e a proposta de Icek Ajzen. Neste sentido a presente pesquisa tem como objetivo principal verificar as relações entre a dimensão cultura e a intenção de empreender relacionada a teoria do comportamento planejado. O estudo foi realizado com aplicação de aplicação de 367 questionários nos campi de Canoinhas, Mafra, Concórdia, Curitibanos, Rio Negrinho e Porto União vinculados a Universidade do Contestado – alcançando assim todos os campi para uma maior amplitude da amostra. Após a aplicação dos questionários foi realizada análise de variância e teste de quiquadrado (p≤0,05). Os achados demonstram que as dimensões “sentimento x relacionamentos”, “específicas x difusas”, “status conquistado x status adquirido” e “sequencial x sincrônico”, apresentaram significância na intenção de empreender. Depreende-se que a intenção de empreender tem efeito significativo em relação às dimensões culturais. Percebeu-se desta forma que a interferência positiva da norma subjetiva possui correlação nas dimensões culturais com os aspectos relacionados ao comportamento, bem como os maiores índices foram encontrados nos alunos que possuem uma faixa etária jovem, desta forma estão orientados a inseguranças. A pesquisa identificou também que existe importante variabilidade cultural na população, influenciando desta forma os valores culturais no tecido acadêmico dos jovens que possuem a intenção de empreender.
Palavras-Chave: Dimensão Cultura. Intenção de Empreender. Teoria do comportamento planejado.
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ABSTRACT
Entrepreneurship is linked to awakening in people the desire to create new businesses that are fundamental for the generation of wealth, job creation and technological innovations. In this trend, the study concerning the behavior has been an important research focus in the entrepreneurship field. Investigations allowed mapping the existence of a cultural diversity in these intention predictors. For that mapping, the cultural model of Fons Trompenaars and the proposal of Icek Ajzen were used. In this sense, the main objective of the present research has been to verify the relations between the cultural dimension and the intention to undertake related to the theory of the planned behavior. The study was made using 367 questionnaires in the campuses of Canoinhas, Mafra, Concórdia, Curitibanos, Rio Negrinho and Porto União – reaching all the campus, for a broader sample amplitude. After applying the questionnaires, it was made the variance analysis and the chi-square test (p ≤0,05), resulting the following data. The dimensions “feelings x relationships”, “specific x diffuse”, “conquered status x acquired status” and “sequential x synchronic”, presented significance in the intention to undertake. The results pointed that the intention to undertake has a significant effect in relation to the cultural dimensions. It was noticed that the positive interference of the subjective norm has correlations in the cultural dimensions with the aspects related to behavior, as well as the greatest indexes were found in the students within a young age range, in that way being oriented to insecurities. The research has also identified that there is important cultural variability in the population, therefore influencing the cultural values in the academic field of the young who have the intention to undertake. Key-words: Culture Dimension. Intention to Undertake. Theory of Planned Behavior.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Evolução do empreendedorismo no Brasil entre 2010 e 2014 .................. 25
Figura 2 – Ações favoráveis e desfavoráveis ao empreendedor no Brasi ................. 26
Figura 3 – Crescimento dos empreendedores .......................................................... 27
Figura 4 –Canais de transmissão do empreendedorismo e crescimento econômico ....
30
Figura 5 - Modelo com fatores que influenciam na intenção empreendedora ........... 33
Figura 6 - Modelo da teoria do comportamento planejado ........................................ 34
Figura 7- Modelo de cultura segundo Trompenaars .................................................. 48
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Dados de ocupação profissional ............................................................. 59
Gráfico 2 - Dados dos grupos de idade ..................................................................... 60
Gráfico 3 – Opinião dos acadêmicos em relação ao empreendedorismo e a sua
contribuição para o desenvolvimento regional .......................................................... 61
Gráfico 4 – Dimensões culturais universalismo / particularismo: resultados do grupo
de entrevistados. ....................................................................................................... 62
Gráfico 5 – Dimensões culturais individualismo / coletivismo: resultados do grupo de
entrevistados. ............................................................................................................ 62
Gráfico 6 – Dimensões culturais sentimentos / relacionamentos: resultados do grupo
de entrevistados. ....................................................................................................... 63
Gráfico 7 – Dimensões culturais específica / difuso: resultados do grupo de
entrevistados. ............................................................................................................ 63
Gráfico 8 – Dimensões culturais status Conquistado / adquirido: resultados do grupo
de entrevistados ........................................................................................................ 64
Gráfico 9 – Dimensões culturais sequencial / sincrônico: resultados do grupo de
entrevistados. ............................................................................................................ 64
Gráfico 10 – Dimensões culturais controle Interno / externo: resultados do grupo de
entrevistados. ............................................................................................................ 65
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados relacionados às taxas de empreendedores no Brasil .................... 24
Tabela 2 - Alunos Matriculados por Campi ................................................................ 54
Tabela 3 -Totalização de alunos e cursos por Campi ................................................ 55
Tabela 4 - Descritivo das variáveis de análise ........................................................... 57
Tabela 5 - Relações entre as variáveis dimensão cultura, intenção empreendedora 57
Tabela 6 - Relações entre as variáveis dimensão cultura, norma subjetiva .............. 57
Tabela 7 -- Relações entre as variáveis dimensão cultura e as características do perfil
do entrevistado .......................................................................................................... 57
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
1.1 HIPÓTESES ........................................................................................................ 17
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18
2.1 EMPREENDEDORISMO..................................................................................... 18
2.1.1 Fatores Comportamentais do Empreendedor. .................................................. 22
2.1.2 Empreendedorismo no Brasil. .......................................................................... 24
2.1.3 Empreendedorismo e Economia ...................................................................... 28
2.2 INTENÇÃO EMPREENDEDORA ........................................................................ 30
2.3 TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO ................................................ 33
2.3.1 Teoria do Comportamento Planejado e a Intenção de empreender ................. 37
2.4 CULTURA ............................................................................................................ 38
2.4.1 Cultura Nacional/ Regional ............................................................................... 41
2.4.2 Modelos Culturais ............................................................................................. 43
2.4.2.1 Modelo Cultural de Geert Hofstede ............................................................... 44
2.4.2.2 Modelo Cultural segundo Fons Tropenaars ................................................... 46
3 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 52
3.1 CARACTERIZAÇÕES DA PESQUISA ................................................................ 52
3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA ........................................................................... 53
3.3 DEFINIÇAO DA AMOSTRA ................................................................................. 54
3.4 VARIÁVEIS E MEDIDAS ..................................................................................... 56
3.5 ANÁLISE DOS DADOS. ...................................................................................... 58
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 59
5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 73
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75
APÊNDICE A - ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA APLICADO OS
ACADÊMICOS DA UnC ........................................................................................... 83
ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP .......................................... 86
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1 INTRODUÇÃO
Os desafios enfrentados na economia tendem a uma ação empreendedora que
por sua vez são necessários para o crescimento econômico, e geração de riqueza e
empregos para a sociedade. O empreendedorismo vai além de realidades existentes
no mercado, ultrapassa várias barreiras, a econômica a social e a cultura. Muitos
trabalhos têm sido desenvolvidos para compreender os aspectos culturais no mundo
dos negócios (HOFSTEDE, 1997; BARROS; PRATES,1997, TROMPENAARS,1992),
São inúmeros os casos estudados, principalmente na área gerencial, sendo os
aspectos culturais sob a ótica do empreendedorismo uma vertente bem mais recente
(BUSENITZ; LAU, 1997).
O empreendedor é um indivíduo que possui o sonho de conquistar algo
relevante, novos desafios e novos empreendimentos (SCHUMPETER, 1997).
Identificar os componentes da personalidade do empreendedor que influenciam o
sucesso do seu negócio, tem atraído por décadas a atenção de pesquisadores.
Todavia pode perceber que o empreendedor se alimenta de oportunidades, de
ambientes culturais, da visão econômica, de sonhos. Ele é um meio de criação de
empregos, de rotatividade na economia, da busca de mercados prósperos, reconhece
oportunidades, e sempre buscará inovações, isto incide de seu estilo arrojado cheio
de personalidade e a motivação.
Dois elementos ligados ao empreendedor influenciam o êxito ou o fracasso do
seu negócio: a personalidade e a motivação; por conta disso, é o seu comportamento
influenciado por esses elementos, que definem os rumos e resultados futuros
(LEZANA; LANZA, 1996).
Porém a literatura afirma que não há processo empreendedor sem intenção
empreendedora. Assim a intenção empreendedora pode ser assumida como servindo
para prever, embora de forma imperfeita, um determinado comportamento de um
indivíduo em relação a fundar a sua própria empresa (DAVIDSSON, 1995).
Com este pensamento pode-se imaginar que na retaguarda do empreendedor
existem várias subjetividades que o alicerçam, e não se explora alguns pontos
fundamentais deste, não se identifica se ele é nato ou é produto do meio, não se sabe
se suas características são genéticas ou adquiridas. Sendo assim, este trabalho teve
o objetivo de verificar as relações entre a dimensão cultura e a intensão de
13
empreender relacionada a teoria do comportamento planejado presentes nos alunos
de graduação da Universidade do Contestado.
A cultura modifica e influência todo o campo das relações de negócios, ao
contrário do que muitas vezes se pensa, de que não existe uma “aldeia global”
relativamente ligada à cultura, nem mesmo com as tecnologias da informação
(HOFSTEDE, 2010). Ela está inserida num todo, sabe-se que para conhecer e
abranger territórios é necessário desbrava-la, e somente conhecendo a cultura com
eficiência os resultados tendem a ser positivos.
Segundo Hall (1990) ao contrário do senso comum, a barreira mais difícil de
ultrapassar e que mais impede o sucesso das negociações é a barreira criada pelas
diferenças culturais. Percebe-se de fato que algumas organizações não conseguem
êxito nos planejamentos por dificuldades culturais e maneiras diferentes de trabalho,
é necessário conhece-las para almejar o sucesso, caso contrário o fracasso será
eminente.
Welter (2001) indica que existe um entendimento de que o processo
empreendedor pode ser mais bem compreendido quando se verifica o contexto em
que ocorre, incluindo as dimensões sociais, espaciais/demográficas, institucionais,
culturais e comportamentais.
A cultura é um dos postos-chaves na compreensão das ações humanas,
funcionando como um padrão coletivo que identifica os grupos, suas maneiras de
perceber, pensar, sentir e agir. Assim, mais do que um conjunto de regras, de hábitos
e de artefatos, cultura significa construção de significados partilhados pelo conjunto
de pessoas pertencentes a um mesmo grupo social. Conforme entendido por House
(1999, p.180) “a cultura é plena de concordâncias entre os membros que vivem num
determinado território, adotando assim os princípios das entidades ali presentes”.
Todavia os preditores a intenção empreendedora necessita de ferramentas que
orientem o nos alicerces das oportunidades, apesar das dificuldades e falta de clareza
nas informações. Faz-se necessário que o empreendedor efetive as oportunidades de
tal forma que seu trabalho tenha êxito e reconhecimento profissional, compreendendo
que o empreendedor não necessariamente antecipa a mudança, por que ele pode ser
o próprio elemento da mudança ou, pelo menos, contribuinte.
Acredita-se que o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por
qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de fatores internos e externos ao
negócio, do perfil do empreendedor e de como são administradas as adversidades
14
encontras no cotidiano do empreendimento (DORNELAS, 2005). Portanto, o
desenvolvimento do espírito empreendedor deve ser estimulado na graduação, por
ser um espaço laboratorial de conhecimentos teóricos e práticos, tendo como missão
a preparação do indivíduo com competências que atendam às exigências do mercado
de trabalho. Alunos empreendedores prestam mais atenção ao processo
empreendedor, ao invés do resultado (ZENG; BU; SU, 2011, p. 207).
Desta forma o aluno que já possui o entendimento necessário do
empreendedorismo e por sua vez possui a intenção de empreender, poderá por meio
de Ajzen (1991) em sua teoria do comportamento planejado utilizar os acontecimentos
causadores das atitudes, as normas subjetivas e a maneira pela qual ele poderá
alcançar o controle sobre o seu comportamento, como elementos que irão determinar
o que ele vai desejar fazer (intenções) e as ações que executará para transformar o
desejo em realidade.
A Teoria do Comportamento Planejado (TCP) tem como pressuposto de que os
indivíduos tomam suas decisões de forma eminentemente racional e utilizam
sistematicamente as informações que estão disponíveis, considerando as implicações
de suas ações antes de decidirem se devem ou não se comportar de determinada
forma (AJZEN, 2002).
Desta forma entende-se que as pessoas agem segundo suas intenções, e se
subsiste a pré-disposição a serem empreendedoras, em que tipo de dimensão elas se
enquadram, será que seguem uma mesma dimensão, ou cada dimensão cultura
molda um tipo de empreendedor.
Buscou-se então realizar análises dos objetivos desta pesquisa com os
acadêmicos da Universidade do Contestado (UnC) A UnC foi fundada em 1997,
quando houve a fusão da Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe
(FEARPE), em Caçador, Fundação das Escolas do Planalto Catarinense (FUNPLOC),
em Canoinhas, Fundação Educacional do Alto Uruguai Catarinense (FEAUC), em
Concórdia, Fundação do Planalto Central Catarinense (FEPLAC), em Curitibanos e
Fundação Educacional do Norte Catarinense (FUNORTE), em Mafra, formando uma
única instituição. A UnC foi reconhecida em 21 de outubro de 1997 (Parecer 42/97-
CEE), e instalada oficialmente pelo Governo do Estado em 3 de dezembro de 1997
(Parecer 246/97-CEE). Sua designação é uma homenagem à região do Contestado.
Em outubro de 2009, foi anunciado o desmembramento do campus de Caçador, que
passou a se chamar UNIARP (Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe). Os demais
15
campi unificaram-se tanto na parte administrativa quanto acadêmica, sendo mantidos
pela FUnC (Fundação Universidade do Contestado).
Desta forma, está dissertação buscou analisar a intenção empreendedora e a
dimensão cultura presentes nos alunos de graduação da Universidade do Contestado.
Pearson e Chatterjee (2001) afirmam que características culturais e
institucionais determinam a alocação da atividade empreendedora. Não obstante
pode-se afirmar que uma ação de empreender está ligada ao meio cultural que se
habita. A dimensão cultura é um mapa que norteia os caminhos empresariais, que em
sua eminência pode ser utilizada como ferramenta em ambiente interno e externo,
norteando assim as diferenças existentes entre as culturas, alavancando vantagens
de competitividade ou maneiras próprias de estruturas. Sua necessidade de estudo e
conhecimento é imprescindível para um potencial competitivo e estratégico da
organização para o sucesso.
Deste modo, fez-se necessário compreender os valores e atitudes em relação
a intenção de empreender, pois as atitudes em relação a um comportamento são
construídas por meio de experiências diretas ou indiretas em relação ao
comportamento.
A identificação de crenças, percepções sobre resultados da atividade
empreendedora permitem discriminar os indivíduos que possuem a intenção de
empreender dos que não tem a intenção empreendedora, e, a partir desta
identificação, desenvolver intervenções que possibilitem apresentar quais formas das
dimensões culturais se apresentam nestes acadêmicos que possuem a intenção de
empreender. Baseada nas premissas de que a intenção de empreender surge como
o antecedente do comportamento, e que quanto mais forte é a intenção de
desenvolver um determinado comportamento, maior será a probabilidade da sua
realização efetiva (AJZEN, 1987).
Stoner e Freeman (1999), defendem o desenvolvimento regional e corroboram
que ele contribui para o crescimento econômico, promovem ganhos com a
produtividade, utilizando melhor os recursos produtivos e realizam investimentos em
pesquisas e desenvolvimento, gerando novas tecnologias, produtos e serviços.
Desta forma o desenvolvimento do empreendedorismo nos acadêmicos da
graduação é uma maneira para contribuir com a economia e desenvolvimento
regional. Abrangendo este fato, compreende-se que existem diferentes elementos a
serem considerados na gestão de empreender, por isso torna-se possível trabalhar
16
uma intenção empreendedora dos acadêmicos dentro de uma determinada dimensão
cultural. Este acondicionamento deriva do fato de que a vantagem competitiva
sustentável de qualquer organização se origina da compreensão, respeito e utilização
das diferenças de hábitos, crenças, culturas, práticas, pontos de vistas e
competências.
Para que fosse possível está mensuração, o estudo analisou se o aluno que
possui a intenção empreendedora (pela análise da teoria do comportamento
planejado), se emoldura em uma dimensão cultural de acordo com o modelo sugerido
por Trompenaars. Nesse contexto, emerge a indagação que norteia o presente
estudo: Qual a intenção empreendedora dos acadêmicos da UnC, sob ponto de vista
da norma subjetiva e a dimensão cultura?
A pesquisa fez-se necessária, principalmente, nos níveis de análise e de
metodologia, para entender melhor o fenômeno da intenção empreendedora
dimensões culturais, nas economias diferenciadas. Desta forma, compreender de
forma explícita os valores culturais dentro das dimensões e seus impactos na atitude
em relação a intenção de empreender.
O presente trabalho justificou-se pela relevância ao diagnosticar a presença da
intenção empreendedora dentro das normas subjetivas e a dimensão cultura nos
acadêmicos da UnC. Uma vantagem adicional desta pesquisa, realizada com
acadêmicos, é que estes podem ser considerados fortes candidatos a futuros
empreendedores. Esta investigação dos aspetos empreendedores e culturais podem
levar os jovens universitários a empreender e assim contribuir para um desenho mais
adequado, com uma postura rígida em relação ao desenvolvimento empresarial e
consequentemente ao aquecimento da economia.
Em decorrência da necessidade de incentivar o empreendedorismo como uma
alternativa para o desenvolvimento econômico, e a importância dos instrumentos que
identifiquem o grau da intenção empreendedora dos alunos e a sua relação com a
dimensão cultura dentro do modelo utilizado por Trompenaars (2003), (que em sua
pesquisa que compreende 15.000 empregados de cinquenta países, os extremos
culturais e a incompreensão que pode surgir quando diferentes culturas negociam
entre si, inclusive em situações de pessoas eu trabalham na mesma empresa), esta
pesquisa tem como objetivo principal, analisar a relação entre a intenção
empreendedora quanto as normas subjetivas sob a ótica da teoria do comportamento
17
planejado (TCP) e a dimensão cultural de Trompenaars (2003) de alunos de
graduação de uma instituição de ensino superior.
Para tanto os objetivos específicos definidos foram: a) auferir a intenção
empreendedora entre os estudantes; b) identificar a presença da teoria do
comportamento planejado a parir da norma subjetiva dos discentes analisados; c)
verificar a presença das dimensões culturais a parti do modelo de Trompenaars
(2003); d) examinar as relações entre a intenção empreendedora, norma subjetivas e
cultura.
1.1 HIPÓTESES
Max Weber. Se a história do desenvolvimento econômico ensina alguma coisa
é que quase toda a diferença está na cultura (LANDES; 2002).
H1 - A cultura das regiões pesquisadas dentro de suas dimensões influencia de
alguma forma a intenção empreendedora.
Ajzen (1991) é consequência das crenças, a conduta do indivíduo. As pessoas
agem conforme suas intenções e percepções de controle sobre o comportamento,
enquanto suas intenções por sua vez são influenciadas por atitudes em direção ao
comportamento.
H2 - Existe relação entre as dimensões culturais e a intenção empreendedora,
a fim de que haja propensão maior para o desenvolvimento do empreendedorismo?
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo serão apresentados os principais conceitos utilizados na
dissertação, identificando e analisando os principais autores dos temas estudados, na
revisão bibliográfica.
Os demais itens da revisão de literatura abordam os principais constructos e
aportes teóricos aplicados na presente pesquisa para os seguintes temas:
Empreendedorismo, Intenção empreendedora, Teoria do comportamento planejado e
Cultura. Além de outras fontes de pesquisa como artigos.
2.1 EMPREENDEDORISMO
A área do empreendedorismo tem promovido uma grande quantidade de
programas de pesquisa em todo o mundo, sendo considerado um campo científico
autônomo, e um campo de pesquisa pujante não só na América do Norte, mas também
na Europa, Ásia e América do Sul (THOMAS; MUELLER, 2000).
O empreendedorismo é considerado um fenômeno global, dada a sua força e
crescimento, nas relações internacionais e formação profissional, todavia é
fundamental haver um tecido empresarial disposto a arriscar e inovar. E numa forma
geral a promoção de empreendedorismo terá quer ser uma das metas principais da
sociedade, pois a atual situação econômica do Brasil vem causando preocupação a
toda parcela da população que depende do seu próprio trabalho para a garantia de
sua dignidade, obrigando-os a adiar investimentos. E aos novos empreendedores
aguardar seja uma opção por momentos menos incertos para iniciar seus projetos.
Todavia, com todas as forças contrárias, o Brasil é um país empreendedor, fato este
apresentado em estudo da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) que, na versão de
2014, apontou que o Brasil foi o país, entre os BRICS, (conjunto econômico de países
considerados "emergentes", formado atualmente pelo Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul), que possuía a maior taxa de empreendedorismo, quando registrou a
taxa total de empreendedorismo de 34,5%, a maior já medida, significando um
acréscimo de quase dez pontos percentuais no número de empreendedores, no triênio
2012-2014 (SINGER; AMORÓS; ARREOLA, 2015). Pequenos e grandes negócios
têm tornado o Brasil um país empreendedor que luta mais pela sobrevivência da
empresa do que pelo lucro.
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Há um nível notável de diferentes definições do termo empreendedor. De
acordo com Filion (1997), o fato ocorre porque os pesquisadores tendem a perceber
e definir os empreendedores usando premissas de suas próprias disciplinas. Os
pioneiros em classificar o termo empreendedor foram Cantillon e Jean-Baptiste Say.
O empreendedorismo, para Lumpkin e Dess (1996), define-se como a opção
de o indivíduo trabalhar por conta própria, isto é, procurar criar o próprio emprego ao
invés de trabalhar para outros em troca de um salário mensal.
Segundo Kundu e Rani (2008), o empreendedorismo tem sido definido como:
a criatividade de inovadores, a atividade de um indivíduo que inicia um negócio onde
antes não existia, e a busca e exploração de uma oportunidade.
Hashimoto (2013) menciona que o primeiro uso do termo “empreendedorismo”
foi registrado por Richard Cantillon, em 1755, para esclarecer a receptividade ao risco
de comprar algo por um determinado preço e vendê-lo em um regime de insegurança.
Say (1803) ampliou essa definição, pois para ele o empreendedorismo estava
relacionado àquele que transfere recursos econômicos de um setor de produtividade
mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento
esclarecendo assim que quem abre seu próprio negócio é um empreendedor.
Para Cunninghan e Lischeron (1991) questionam a definição, “abrir um negócio
próprio” por que quem herda um negócio, a exemplo de Henry Ford, não é um
empreendedor, da mesma forma como quem compra uma empresa já consolidada,
da mesma forma quem abrir um posto de combustível, não faz do empresário um
empreendedor.
O empreendedor do passado não é mais o mesmo de hoje, no passado a ideia
que se reportava aos empreendedores era de que ele nascia pronto, na atualidade
compreende-se que um empresário de sucesso possui características adquiridas com
capacitação adequada, faz-se necessário habilidades, até então não necessárias.
Segundo Oliveira (1995), Richard Cantillon, foi o primeiro a definir as funções
do Empreendedor, em seu discurso, o empreendedor era quem comprava a matéria-
prima com seu próprio capital para depois processá-las e revendê-las, por preço a ser
definido, auferindo lucro. No mesmo discurso Oliveira (1995), Jean Baptiste Say,
definiu o empreendedor como alguém que inova e é agente de mudanças, dedicando-
se à criação de novas empresas e seu gerenciamento.
20
Joseph Alois Schumpeter, também economista, foi o principal autor no que se
refere a empreendedorismo, visto que seus registros se associam à inovação. Para
Schumpeter (1952, p. 72),
A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não experimentado para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais ou uma nova comercialização para produtos, e organizando um novo setor.
O autor atribui ao empreendedor um papel central como agente de promoção
do progresso econômico por meio do fenômeno da destruição criadora, tanto que
denomina o ato de empreender, como um processo de uma inovação, visto que o
papel fundamental do empreender é o lucro.
Para Lima 2011, A teoria do ciclo econômico,1 é fundamental para a ciência
econômica contemporânea e ainda vastamente estudada. A razão para que a
economia saia de um estado de equilíbrio e entre em um processo de expansão é o
surgimento de alguma inovação que altere consideravelmente as condições
precedentes de equilíbrio. Ao dinamizar a economia por meio da inovação, o
empreendedor exerce um papel positivo para o crescimento. Assim, o empreendedor
Schumpeteriano é visto como um ator responsável por aquecer e movimentar a
economia. Além de estudar a figura do empreendedor, Schumpeter aborda o próprio
empreendimento como entidade personificada indispensável ao desenvolvimento
econômico. Para ele, é no empreendimento que a inovação pode finalmente tomar
forma e amadurecer.
O empreendedor precisa ter a capacidade de mudar quando for necessário.
Esses e outros acontecimentos ainda não previstos podem contribuir no sentido de
pressionar as empresas a um maior conhecimento de suas atividades internas, para
obter posições competitivas e consistentes com relação ao mercado. Não obstante,
tem-se verificado a importância da inovação pelos empreendedores, não apenas no
momento de constituir um empreendimento, mas ao longo do desenvolvimento de
suas atividades, tornando-a um processo de continuidade. É preciso identificar quais
condições devem ser cumpridas para levar adiante um processo de inovação e quais
1Teoria do Ciclo Econômico: Schumpeter, J.A, John May Keynes. op. cito p. 283. Refere-se às flutuações da atividade econômica, a longo prazo. O ciclo envolve uma alternância de períodos de crescimento relativamente rápido do produto (recuperação e prosperidade), com períodos de relativa estagnação ou declínio (contração ou recessão).
21
são os critérios que devem ser adotados para idealizar novos produtos ou serviços,
conforme conceito exposto por Schumpeter (1952).
O campo do empreendedorismo pode ser definido como aquele que estuda os empreendedores, examina suas atividades, características, efeitos sociais e econômicos e os métodos de suporte usados para facilitar a expressão da atividade empreendedora (FILION, 1999).
Por sua vez, Filion (1999) explica que a recusa dos economistas em aceitar
modelos não quantificáveis evidências visivelmente os limites desta ciência para o
empreendedorismo. Fato este que foi a razão que acabou levando o universo do
empreendedorismo a voltar-se para os comportamentalistas, em busca de uma
ciência mais aprofundada do comportamento do empreendedor.
Segundo Dolabela (1999, p. 43) “o termo empreendedorismo designa de
estudos relacionados ao empreendedor, seu perfil, suas origens, suas atividades e
seu universo de atuação”. O autor defende que o empreendedorismo é a modificação
da realidade e a obtenção de auto realização e o oferecimento de valores positivos
para a sociedade. É um fenômeno social e cultural muito relevante para a atividade
econômica de um país. O empreendedor não tem medo de correr riscos. O imprevisto
é matéria prima para a motivação de suas atitudes. Para ele não existe a possibilidade
de não conseguir fazer algo. Sua fonte de inspiração e bem-estar nasce das emoções.
Elas podem remeter ao desejado ou ao indesejado, sendo o resultado de qualquer
uma delas, motivo de inspiração para novas buscas. A lamentação não existe na
linguagem do empreendedor. De acordo com Drucker (2002) o empreendedor tem
uma resistência a grandes frustrações, uma derrota não significa nada.
Qualquer negócio nasce de uma ideia, a diferença é que o empreendedor faz
a ideia acontecer, ele enxerga a oportunidade de ganhos onde outros não percebem,
e mais importante, acredita e investe nisso. Necessariamente não precisam ser ideias
excepcionais, porque o empreendedor consegue vislumbrar uma peculiaridade que a
tornará um sucesso.
Inovação é a ferramenta específica dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. Pode ser apresentada como uma disciplina pode ser aprendida, pode ser praticada. Os empreendedores precisam procurar decididamente as fontes da inovação, as mudanças e seus sintomas, que indicam oportunidades para inovações com sucesso. E eles precisam conhecer e aplicar os princípios da inovação de seu sucesso (DRUCKER, 1985, p.19).
22
Desta forma entende-se que Druker conceituou o empreendedor pelos
elementos de mudança, inovação, geração de valores e capacidade de suportar riscos
e incertezas decorrentes da atividade negocial. Pode-se notar que a capacidade de
inovação, elemento chave do pensamento Schumpeteriano, é um atributo essencial,
no indivíduo empreendedor. Para ele ser empreendedor não significa apenas abrir um
negócio, mas também criar algo diferente, produto, serviço ou tecnologia ou, ainda,
mudar e transformar valores, seja, fornecendo produtos ou serviços de forma diferente
como de forma renovada e única, uma reinvenção do já conhecido.
Entende-se a partir das reflexões que o empreendedor é um planejador de
todas as questões importantes que devem ser observadas antes de abrir um negócio
ou para melhorar o negócio atual. Envolve desde a fase de legalização, estrutura da
empresa até a definição clara do cliente, do público alvo que quer atingir, dos veículos
de marketing que vai utilizar para se tornar conhecido no mercado, seus principais
fornecedores, principais concorrentes, os pontos fortes deles, seus pontos fracos.
Essa avaliação prévia faz com que a pessoa entenda melhor aquilo que num primeiro
momento era apenas uma ideia.
2.1.1 Fatores Comportamentais do Empreendedor.
No Enfoque comportamental de destaque, nos estudos sobre
empreendedorismo, por ser utilizado com maior intensidade no campo científico, e
econômico, representado pelo pensador McClelland (1972) relaciona empreendedor
à necessidade de sucesso, de reconhecimento, de poder e controle. As primeiras
pesquisas realizadas por esse autor apresentam a necessidade de efetivação do
indivíduo como a principal força motivadora do comportamento empreendedor. Esta
força constitui a pretensão humana de se superar e de se distinguir, englobando um
conjunto de características psicológicas e de comportamento que compreendem,
entre outras, o gosto pelo risco moderado, iniciativa e desejo do relacionamento. Não
obstante, já se entende nesta colocação que o comportamento de um indivíduo pode
sim estar ligado ao fato de ter ou não a intenção de empreender.
Embora os fatores de caracterização pessoais tais como a realização,
facilidade de assumir riscos, experiência sejam fatores importantes, Dornelas (2001),
intervém salientando que esses devem somas as características sociológicas
23
(equipes, influência familiar e modelos de sucesso), ambientais (oportunidade,
competição, incubadoras, recursos, políticas públicas) e organizacionais (estratégia,
estrutura, cultura, produtos), estes fatores são de crucial importância para o
nascimento da empresa.
De acordo com Fischer, Nodari e Feger (2008, p. 39), “a discussão em torno do
empreendedorismo é extensa, referindo-se a estudos e publicações que apontam
como atitudes empreendedoras, aquelas desenvolvidas por pessoas que se
destacam, principalmente por sua iniciativa, insistência e otimismo, isto é, variáveis
comportamentais de indivíduos empreendedores”.
Ajzen (1991) menciona os conceitos alusivos às disposições comportamentais,
tais como a atitude social e o traço de personalidade, que exercem um papel
importante nas tentativas de prever e explicar o comportamento humano. Para o autor,
o comportamento do ser humano é movido por intenções e, desta forma, existe um
conjunto de variáveis como atitude pessoal em relação ao comportamento, normas
sociais abrangidas e controle comportamental percebido, que desempenham
influência sobre essa intenção.
Assim ressaltando que são várias as características empreendedoras,
entretanto para o tema em questão interessa destacar apenas três características:
necessidade de realização, desejo de independência e a auto eficácia.
Segundo Pritchard e Ashwood (2008), a motivação é um processo no qual se
aloca a energia com objetivo de maximizar a satisfação das necessidades.
Considera- se que a motivação orienta as ações humanas, estando a força para
a realização das mesmas no interior de cada pessoa. Esta pode ser alterada, mas não
imposta, cabe ao indivíduo deixar-se motivar. A força motivacional corresponde ao
produto do valor que o indivíduo atribui ao objetivo com a probabilidade de conseguir
alcançar.
Baun e Locke (2004), mencionam que a auto eficácia é determinante para
empreender porque este deve estar confiante na sua capacidade para desempenhar
com sucesso diversas ações e antecipar estratégia em situações de incerteza.
Embora um empreendedor ideal não tenha seu perfil facilmente definido, ele
deve ter algumas características inerentes ao desafio: deve ser tolerante a riscos, ter
disciplina e capacidade planejadora, ter a capacidade de visualizar seu
empreendedorismo mentalmente ter capacidade de liderança, ser flexível e tolerante
a erros.
24
As habilidades de um empreendedor podem ser requeridas em três áreas: a técnica, as gerencias e as pessoais, onde o saber escrever, ouvir, captar informações, saber criar e gerenciar, ter disciplina e ousadia fazem dele um empreendedor de sucesso (REIS, 2013, p. 36).
Pode-se assegurar que o empreendedor influencia de certo modo ao
desenvolvimento econômico, abdicando-o das incertezas e criando inovações para
sua extensão no mercado, desta forma um empreendedor é um fator que impulsiona
a economia e oferece novas formas de atividades em vários setores.
2.1.2 Empreendedorismo no Brasil
No ano 2015 quatro em cada dez brasileiros estavam envolvidos na criação de
uma empresa (GEM, 2015). Isso significa que a taxa de empreendedorismo no Brasil
é a maior dos últimos 14 anos, ou seja, 52 milhões de brasileiros com idade entre 18
e 64 anos estavam envolvidos na manutenção ou criação de algum tipo de negócio.
Porém, conforme GEM 2015 o dado mais alarmante é que a grande maioria inicia um
empreendimento por necessidade de renda, sem nenhum tipo de análise ou
conhecimento da respectiva área que irá atuar.
No período de 2014 para 2015 a taxa de empreendedores nascentes variou de
17,2% para 21 %, sendo resultado dos novos empreendedores nascentes neste
período (Tabela 1).
Tabela 1 - Dados relacionados às taxas de empreendedores no Brasil
Estágio Brasil
2014 2015
Iniciais 17,2 21
Nascentes 3,7 6,7
Novos 13,8 14,9
Estabelecidos 17,5 18,9
Totais Empreendedores 34,4 39,9
Fonte: Adaptada de GEM Brasil (2015).
A evolução do empreendedorismo por necessidade tem um impulso em 2015
este dado é alarmante uma vez que é de nossa ciência que este tipo de
empreendedorismo movimenta o mercado somente por um período, em sua grande
25
maioria os empreendedores por necessidade não possuem habilidades mínimas para
os negócios. Galiotto (2016) reforça a crítica à respeito do empreendedorismo por
necessidade, é a recessão econômica pela qual o País passa que explica o fato de
quatro em cada dez brasileiros estarem ligados à criação de uma empresa, pelo
próprio histórico do levantamento. A participação de novos empreendimentos
motivados por oportunidades tem aumentado quase que ininterruptamente desde
2002, quando era de 42% do total. De 2005 para 2006, houve quase estabilidade, de
52% para 51%, mas foi quando estourou a crise econômica mundial, entre 2008 e
2009, que ocorreu a outra variação drástica da série. Na ocasião, o índice caiu de 67%
para 60%, conforme a GEM (Figura 1).
Figura 1 - Evolução do empreendedorismo no Brasil entre 2010 e 2014
Fonte: Adaptado de GEM Brasil (2015).
De acordo com Barros e Pereira (2008, p. 978), “[...] um dos principais veículos
da atividade empreendedora é a pequena empresa”. Segundo dados do GEM (2015),
as micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no comércio
no Brasil e correspondem por 53,4% do PIB deste setor. O Brasil, de acordo com o
GEM (2015), foi avaliado de maneira positiva quanto à existência de oportunidade no
ambiente e, também, da capacidade individual para a abertura de novos negócios.
Observa-se que, em 2015, entre 70% e 80% dos brasileiros concordaram que abrir
um negócio era uma opção desejável de carreira, valorizam o sucesso dos
empreendedores e acompanham na mídia histórias sobre empreendedores bem-
sucedidos. A criatividade e a resiliência foram citadas como características dos
brasileiros que favorecem o empreendedorismo, mesmo em uma conjuntura marcada
2010 2011 2012 2013 2014 2015
24 25 23 17 13
36
34 32 33 33 33
46
Proporção do empreendedorismo por necessidade.
Periodo % Necessidades entre os nascentes % Necessidades entre os novos
26
pela incerteza. Na opinião dos especialistas, há no Brasil amplo acesso à informação
sobre negócios e empreendedorismo. Há conteúdo de qualidade gratuito disponível
na internet, além de variados eventos e organizações de fomento e apoio ao
empreendedorismo, o que tem contribuído para a disseminação do conhecimento,
favorecendo a minimização de riscos do negócio.
Existem fatores limitantes e fatores favoráveis, entretanto, a capacidade
empreendedora do Brasileiro é privilegiada pela sua vontade própria, pois se
analisarmos a pirâmide abaixo notoriamente percebe-se que os fatores custos,
corrupção, tecnologia, apoio financeiro, clima econômico em quase nada estabelecem
bom relacionamento com o empreendedor , porém percebe-se que a educação e
capacitação, políticas governamentais, informações e capacidade empreendedora
são fatores que colaboram para esse crescimento (GEM, 2015). Na pirâmide
apresentada na Figura 2, percebe-se as ações favoráveis desfavoráveis no
empreendedorismo brasileiro.
Figura 2 – Ações favoráveis e desfavoráveis ao empreendedor no Brasil
Fonte: GEM Brasil (2015).
Empreendedores são profissionais singulares, que possuem uma motivação,
buscam reconhecimento no que fazem e, sobretudo, querem deixar um legado.
Possuem a capacidade de eliminar barreiras comerciais e culturais, estreitar as
relações com outros países por meio da globalização, revolucionando o cenário de
negócios atuais e gerando riquezas para a sociedade. Interpretando os dados, a GEM
analisa o comportamento do empreendedor em diferentes fases do processo
classificando-os em: empreendedores nascentes (aqueles que ainda não iniciaram o
27
negócio), os empreendedores novos (aqueles que são remunerados com negócios
entre 3 e 42 meses), e os empreendedores estabelecidos (são os que remuneram
funcionários a mais de 42 meses).
É possível identificar um grande crescimento nos empreendedores novos, no
Brasil entre o período de 2002 - 2015, os empreendedores nascentes também tiveram
um bom crescimento, porém, menor que os novos (Figura 3). Observa-se na figura 3
que os novos empreendedores tiveram uma taxa de crescimento relevante, visto que
a economia propiciava bons ventos e boas condições para que isso ocorresse.
Figura 3 – Crescimento dos empreendedores
Fonte: GEM Brasil (2015).
O gráfico acima, apresenta-nos o crescimento do quadro dos empreendedores
além de estratifica-los, apresenta a medição do nível de empreendedorismo é
realizada por meio de indicadores de atitudes, atividades e aspirações
empreendedoras, tais como percepção de oportunidades, intenção de empreender,
taxa de descontinuidade de negócios entre outros.
28
2.1.3 Empreendedorismo e Economia
Ainda que o empreendedorismo tenha sido eliminado dos estudos acerca das
teorias do crescimento econômico, muitos economistas ponderam sobre a importância
da habilidade empreendedora para o progresso econômico (FONTANELE, 2010).
A recessão aumentou, o boom de pequenas empresas, e em 2015, a falta dos
postos de trabalho fez com que muitos desempregados assumissem um próprio
negócio mesmo que na informalidade, criando assim os empreendedores por
necessidade podendo vir a prejudicar a eficiência da economia, uma vez que os ramos
de produtividade são baixos.
Sabe-se que o empreendedorismo é motor de um país, é a capacidade que faz
os países darem certo e/ou estacionarem, não se pode imaginar um país próspero
sem que haja empreendedores e empresas com sonhos e vontade de prosperar, sair
do comodismo e se transformarem em grandes empresas.
Schumpeter (1950) apresentou o empreendedor como o principal promotor do
desenvolvimento econômico. Nada mais assombra a economia, que notícias de
fechamento de empresas, eliminação de postos de trabalhos, queda de arrecadação
de impostos e tributos. A criação de novos negócios e expansão dos atuais, aliados
aos demais fatores, entre outros, os de cunho político e institucional é condescendente
para o desenvolvimento local, regional e do país.
O fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico enfatiza o papel do
empreendedor como motor do crescimento e descreve como ele desafia as empresas
estabelecidas no mercado, introduzindo inovações que tornam obsoletos os produtos
e as tecnologias existentes.
O empreendedorismo é a força que existe por trás da inovação e do crescimento sustentável na maioria das economias prósperas. Através dele, novas ideias, abordagens, tecnologias avançadas, e ferramenta para o incremento da produtividade e produtos de alto valor agregado são sucessivamente introduzidas nos negócios e nos mercados, cooperando
fortemente para a permanência da mudança na sociedade. (DORNELAS,
2001, p.39).
Para Dornelas (2001), empreendedores contribuem diretamente para o
desenvolvimento de um país gerando riquezas e, logo, são merecedores de respeito
e valorização, certos de que parte deles o princípio econômico, o empreendedorismo
é o motor do progresso da humanidade.
29
Embora ainda estamos a passos lentos saindo de crises, governo usando toda
sua artilharia para fazer a economia girar, no Fórum Econômico Mundial, realizado em
janeiro 2018 em Davos, na Suíça , tivemos uma ótima perspectiva em relação a
economia mundial, sua recuperação engatou marcha mais forte do que esperada,
recuperação está que parece agora ser maior expansão global desde a crise
financeira de 2008, fato este que os países avançados devem crescer 2,3% neste
ano. Investidores, empresários e afins apostam no futuro mundial da economia e isto
mais uma vez afeta diretamente os empreendedores, chegou a hora de novamente
fazer a economia girar.
O empreendedorismo tem sido vinculado às preocupações dos formuladores
de políticas públicas e econômicas, ainda são poucos os estudos que analisam, que
influenciam os empreendedores e os negócios que eles criam. As políticas de apoio
ao empreendedorismo têm como função e objetivo o aumento do nível da atividade
empreendedora, e estabelecem o papel do governo e instituições reguladoras no
estabelecimento de um ambiente propício e favorável aos empreendedores.
Santos (2008) aponta o mesmo entendimento, argumenta que a ansiedade com
o desenvolvimento de regiões subdesenvolvidas e o prosseguimento de
desenvolvimento naquelas regiões com maiores taxas de emprego, renda e utilização
de tecnologia, tem direcionado governos, universidades e organizações não
governamentais para o fomento do empreendedorismo. Visto que para muitos autores
as atividades empreendedoras são consideradas fundamentais para o
desenvolvimento das regiões, novos negócios, novas ideias nos empreendimentos
são essências para a criação de novos postos de trabalhos, sendo assim,
desenvolvem a economia local, regional e assim sucessivamente.
Estudos como o de Audretsch et al. (2005, p. 11), evidenciam que “nos países
que apresentam aumento nas taxas de empreendedorismo, também tem sido
observado crescimento nas taxas de empregos”. Portanto deve-se trabalhar as
intenções empreendedoras para que despertem rumo a novas fontes de
empreendedorismo.
Muller 2016, evidencia que o papel do empreendedor é gerar lucros e
sucessivamente o progresso econômico, a própria natureza do progresso econômico
requer especulação empresarial. No entanto, além do seu papel de lidar com a
incerteza, o empreendedorismo também é necessário para cumprir o trabalho diário
da atividade econômica de fazer uso de pequenas porções de informação que
30
permitem a eliminação de ineficiências e servem como sinais para explorar
oportunidades econômicas. É a função do empreendedor gerar e utilizar essas
porções de informação. Embora a recompensa individual para o empreendedor de
sucesso seja o lucro, a recompensa para a sociedade global é o progresso econômico
geral
Na figura 4 visualiza-se a importância do empreendedorismo para o
desenvolvimento econômico:
Figura 4 –Canais de transmissão do empreendedorismo e crescimento econômico
Fonte: Wont et al. (2005), Parker (2009) e Amaghouss e Ibourk (2012).
Na figura 4 tem-se um breve modelo da influência da economia no crescimento
econômico. Percebe-se na sua composição o início com capital humano gerando em seguida
o progresso da economia.
2.2 INTENÇÃO EMPREENDEDORA
A intenção empreendedora é apontada como um dos conceitos fundamentais
empregados na pesquisa sobre empreendedorismo (THOMPSON, 2009). Não há
processo empreendedor sem intenção empreendedora. Pode-se deduzir então que
não há comportamento empreendedor sem intenção empreendedora.
A economia do conhecimento, caracterizada pela ambiguidade e incerteza, a
globalização, geração de novos conhecimentos e abundância de informações, requer
indivíduos empreendedores (JULIEN, 2010).
31
Liñán e Chen (2009, p.595) definem intenção empreendedora como um estado
de espírito, em que a atenção do indivíduo está dirigida para a criação de uma
empresa “a intenção empreendedora é o primeiro passo para o processo de criação
da empresa”. Depreende-se que a intenção é representação de um objetivo que um
indivíduo almeja alcançar e como o plano de ação que fundamentará a busca pela
realização do objetivo desejado, tanto que a abertura de uma empresa se trata de um
comportamento planejado que é antecedido de intenções e atitudes. As intenções são
edificadas ao longo da vida das pessoas, influenciadas diretamente por fatores como
a confiança em suas habilidades e capacidades, a aceitação da carreira por pessoas
importantes na vida dos indivíduos, bem como, pela motivação e avaliação da
oportunidade, além de outros fatores.
Para Ajzen (1991, p.181), “intenções são utilizadas para capturar os fatores
motivacionais que influenciam o comportamento e são indicadores de quanto as
pessoas estão dispostas a tentar ou a se esforçar para executar o comportamento”.
Ajzen (1991) afirma que as intenções empreendedoras são os melhores
prediletos de comportamento planejados, ou seja, não há comportamento sem uma
intenção prévia. Conforme o autor o comportamento humano é guiado por crenças
comportamentais, normativas e de controle. Quanto mais forte a intenção em
manifestar um comportamento, mais propenso a realizar este comportamento o
indivíduo estará.
Bird (1988) define intenção empreendedora como um estado de espírito,
direcionando a intenção de uma pessoa (e, portanto, experiência e ação), ou caminho,
a fim de conseguir algo (meio). Esta definição nos faz idealizar que uma pessoa que
tenha intenção de empreender já tem algo delimitado no seu meio, ela tem alguma
estrutura que o impulsiona para o acontecimento.
Fini (2009) explica a intenção empreendedora como sendo uma representação
cognitiva das ações a serem implementadas pelos indivíduos, que querem criar um
valor dentro das empresas já existentes. O que nos remete aos intra- empreendedores
existentes no mercado de hoje, os quais capacitam-se para melhoria do processo que
já trabalham.
De acordo com Liñán (2005), uma estreita relação existe entre a intenção de
ser um empresário, e o seu desempenho efetivo. O mesmo autor afirma que a
intenção torna o elemento fundamental para explicar o comportamento, ela indica o
esforço que a pessoa vai fazer para realizar esse comportamento empreendedor.
32
Liñán, (2005)e Ajzen (1991) capturam os três fatores motivacionais que
influenciam o comportamento: ● Controle comportamental percebido: pode ser
definido como a percepção da facilidade ou dificuldade na realização do
comportamento de interesse (se torna um empreendedor); ● Atitude em relação ao
comportamento: refere-se ao grau em que o indivíduo tem uma avaliação positiva ou
negativa pessoal sobre um empreendedor e, ● Percepção de normas sociais: medem
a pressão social percebida para realizar ou não, o comportamento empreendedor.
Carvalho e González (2006) propuseram um modelo onde cinco variáveis
explicam a intenção empreendedora, sendo elas: antecedentes pessoais,
conhecimentos empresariais, motivações empreendedoras, auto eficácia
empreendedora e envolvente institucional (figura 5). Dessa forma, os autores relatam
que os antecedentes pessoais estão voltados à idade, escolaridade, características
pessoais, relação familiar, natureza sócio- demográfica, antecedente familiar de
empreendedores, origem e experiência profissional anterior. Aos conhecimentos
empresariais foram criados seis fatores, sendo eles, (1) oportunidade – o
empreendedor provém de características empreendedoras tais como, identificação e
satisfação das necessidades do cliente; (2) relacionamentos – facilidades em
comunicação, interação e empatia; (3) conceitual – aplicação das próprias ideias,
liderança em situações de grande risco, modo diferente de enfrentar os problemas,
considerando-os como oportunidade, assumir os riscos; (4) organização – coordenar
tarefas, fazer planejamento, supervisionar subordinados, gerir recursos e motivar
pessoas; (5) estratégia – identificar problemas e oportunidades, elaborar planos,
analisar e avaliar resultados; e (6) compromisso – controle e definição de objetivos em
longo prazo. Este modelo que será apresentado a seguir foi desenvolvido por
Carvalho e González (2006), tendo como base a revisão da literatura sobre os
conhecimentos empresariais, características pessoais dos empresários, intenções
empreendedoras. Sua base são os modelos de Spencer e Spencer (1993), Ajzen
(1991), Shapero (1982), Davidsson (1995) e Autio, Keeley, Klofsten e Ulfstedt (1997).
Em termos gerais este modelo foi elaborado tendo em conta os estudantes do ensino
superior e os aspectos ligados à criação da empresa e ao desempenho da função
empresarial.
Na sequência, a Figura 5 demonstra o modelo dos fatores que influenciam a
intenção empreendedora de acordo com o modelo de Carvalho e González (2006).
33
Figura 5 - Modelo com fatores que influenciam na intenção empreendedora
Fonte: Carvalho e González (2006).
A figura nos apresenta que a intenção de empreender é fortemente influenciada
por aspectos pessoais motivacionais e de conhecimentos. Estes fatores justificam a
forte ligação das pessoas eu possuem a intenção de empreender.
2.3 TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO
A teoria do comportamento planejado (TCP) foi desenvolvida por Icek Ajzen,
com base no pressuposto de que os indivíduos tomam suas decisões de modo
eminente racional e empregam sistematicamente as informações que estão
disponíveis, liga as crenças ao comportamento, busca-se entender e prever o
comportamento humano de forma geral, a partir de um conjunto reduzido de variáveis
antecedentes, considerando as implicações de suas ações antes de decidirem se
devem ou não, comportar de determinada forma.
Dizemos que ele é proposto para predizer e compreender influências motivacionais sobre um comportamento que não esteja sobre controle volitivo, para identificar quando e onde devem ser iniciadas estratégias para a modificação de comportamento e para explicar, virtualmente, algum comportamento humano (AZJEN 1991, p.35)
O comportamento planejado, para Ajzen (1991), é consequência das crenças,
questão relevantes para a conduta do indivíduo. As pessoas agem conforme suas
intenções e percepções de controle sobre o comportamento, enquanto suas intenções
por sua vez são influenciadas por atitudes em direção ao comportamento, normas
subjetivas e percepções de controle sobre o comportamento (AJZEN, 2001).
34
Os teóricos identificaram a teoria do comportamento planejado de (AJZEN;
1987; AJZEN, 1991) como um mecanismo explicativo útil para os resultados de
intenção. De acordo com essa visão, as crenças moldam a formação de atitudes
para qualquer comportamento prospectivo, essas atitudes geram formação da
intenção de realizar o comportamento, e a intenção faz com que o indivíduo aja.
Shapero (1982) aplicou essa perspectiva teórica à questão específica de intenção
empreendedora, argumentando que foi criada pela capacidade de percepção do
empreendedorismo, a percepção de viabilidade de agir de forma empreendedora, e
alguma propensão individual a agir - uma perspectiva que foi empiricamente validada
por Krueger (1993). Davidson (1995) argumentou ainda que essa conexão entre
atitudes e intenções era mediada por algum senso de convicção, a crença
instrumental de que o empreendedorismo é pessoalmente adequado para a indivíduo
em questão.
A teoria do comportamento planejado é uma das teorias mais utilizadas para
explicar e prever comportamentos de indivíduos e ainda é um modelo dominante das
relações atitude e comportamento. Com base em seu modelo teórico, a intenção
comportamental de uma pessoa é determinada por três fatores principais: atitude,
normas subjetivas e controle percebido (Figura 6).
Figura 6 - Modelo da teoria do comportamento planejado
Fonte: AJZEN (1991).
Quanto ao elemento atitude, o termo “atitudes” deriva do latim aptus que
significa apto ou pronto a agir (HOGG, VAUGHAN, 2008). Esta citação faz referência
a algo que é capaz de ser notado diretamente, o que contraria, de certa forma, a atual
conceptualização do termo atitude. Na verdade, este é entendido como um constructo
35
que, apesar de não ser diretamente observável, antecede o comportamento, guiando
as escolhas e decisões do sujeito.
Allport (1950) sugere que, embora possa haver uma base hereditária, para as
atitudes, muitos pesquisadores concordam que as atitudes são aprendidas por meio
princípios de atividades, quaisquer que sejam ou provem ser, formando assim
avaliações positivas e negativas ao agir.
Atitudes segundo Ajzen (2008) demonstra a relação entre realizar determinado
comportamento e os resultados esperados. Trata-se do comportamento com base nas
suas possíveis consequências, as atitudes, assim como o comportamento fazem parte
da vida de qualquer indivíduo, são disposições favoráveis ou desfavoráveis
relativamente a objetos, pessoas, acontecimentos, ou até em relação a alguns dos
seus respectivos atributos, reforça ainda que a atitude de um sujeito em relação a um
comportamento, ou seja, a sua avaliação favorável ou desfavorável em relação a um
comportamento específico, é um dos mais fortes preditores das intenções
comportamentais.
Entende-se então que a atitude é um sentimento positivo ou negativo de um
indivíduo em relação a um determinado objeto de comportamento e torna-se
intensamente influenciado por atitudes relativas a vários aspectos. Podendo um
indivíduo tornar-se ou não empreendedor.
O segundo determinante da intenção de comportamento relaciona-se às
percepções pessoais sobre as pressões sociais em relação ao comportamento em
questão, a qual é conceituada como “Normas subjetivas”.
As normas subjetivas podem ser entendidas como a opinião de outras pessoas,
que o indivíduo considera importante, em relação a um determinado comportamento
(AJZEN; MADDEN, 1986).
Para Ajzen e Fishbein (1970), a influência de normas subjetivas varia de acordo
com a predisposição do indivíduo, em aceitar ou não a influência de outras pessoas.
Em alguns casos, a opinião de amigos e familiares é muito importante e em outras a
opinião de um chefe, ou mesmo da sociedade, é importante.
A norma subjetiva é a pressão social que é percebida para envolver ou não se
envolver em um comportamento. Oferecendo uma analogia ao modelo de atitude de
expectativa-valor assume-se que a norma subjetiva é determinada pelo conjunto total
de crenças normativas acessíveis quanto às expectativas de referentes importantes.
36
De acordo com a TCP, uma das variáveis que compõem o comportamento
humano é a norma subjetiva, que pode ser traduzida como as influências trazidas pela
cultura. O fator cultural, como expõe Sousa (2012), tem força sobre o comportamento
devido, principalmente, às crenças e valores que emergem em uma sociedade, e
devido ao ambiente familiar, de amigos e vizinhos, por exemplo, e ao convívio em
instituições como escola e igreja. Devido a este fato, uma pessoa que possui uma
intenção empreendedora pode ser influenciada pela norma subjetiva, pois convive
com este fato e isto para ela acaba se tornando sólido, faltando apenas a oportunidade
de realizá-lo.
O controle comportamental percebido trabalha com situações nas quais os
indivíduos percebem que possuem pouco ou nenhum controle sobre o
comportamento. Quanto maior for a percepção por parte do indivíduo em relação à
intensidade do fator em facilitar ou inibir o comportamento, maior será a influência do
controle percebido na predição da intenção e do comportamento (AJZEN; DRIVER,
1991).
O controle comportamental representa a percepção individual sobre o quão
difícil ou fácil é realizar o comportamento, revelando os recursos disponíveis e se há
a capacidade de realizá-lo. Em outras palavras, diz respeito à percepção da presença
de fatores que podem facilitar ou impedir a desempenho do comportamento.
Ajzen (2008) ressalta que as crenças de controle que antecedem esse
constructo referem-se às expectativas das pessoas a respeito do grau de capacidade
que possuem para executar um dado comportamento. Leva-se em conta serem
detentoras ou não dos recursos necessários e o quanto acreditam que podem superar
ou serem ultrapassadas pelos obstáculos que acaso possam surgir. É irrelevante se
esses recursos e obstáculos são internos ou externos.
Algumas revisões teóricas relacionam esse constructo à saúde física, ao
desempenho escolar, às crenças políticas, à longevidade, ao bem-estar subjetivo e a
vários outros fatores que permeiam a vida em sociedade (SRICKLAND, 1989;
HECKHAUSEN, 1991).
Segundo Ajzen (1991) a dimensão da percepção sobre controle do
comportamento é muito semelhante ao conceito de auto eficácia de Bandura (1982),
que seria a crença pessoal nas capacidades para desempenhar um determinado
comportamento, para atingir um resultado.
37
Vale salientar que nem todos os indivíduos percebem os fatores que facilitam
ou dificultam o comportamento da mesma forma. Essa percepção varia de pessoa
para pessoa. Todavia, assume-se que, para o constructo controle comportamental, o
comportamento do indivíduo baseia-se na sua percepção da realidade, o que não é
necessariamente a realidade em si.
Embora o conceito de controle percebido seja bastante diversificado, pode-se
perceber que ele está sempre vinculado a um prognóstico de comportamentos,
emoções, motivações, comportamentos, sucessos ou fracassos na vida do ser
humano, ele é um grande determinante da intenção de se envolver em um
comportamento de empreender, ou como determinante de realmente se envolver no
comportamento.
2.3.1 Teoria do Comportamento Planejado e a Intenção de empreender
Assume-se que o poder exercido pela atitude, pela norma subjetiva e pelo
controle percebido determina a intenção de comportamento, conforme relata Azjen
(2008).
Os constructos anteriormente citados não determinam espontaneamente o
comportamento e sim uma intenção a exercê-lo quando a ocasião for favorável. De
acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2000), quando alguém tem interesse em
prever o comportamento, a intenção comportamental deve ser medida porque ela
deve render uma previsão mais exata do comportamento futuro ser assumido ou não.
Percebendo este fato a atitude em relação ao comportamento, norma subjetiva
e percepção se o comportamento está sujeito à vontade conduzem a formação de
uma intenção comportamental. Conforme Ajzen (2001), neste caso há seguinte
probabilidade, quanto mais favoráveis são a atitude e a norma subjetiva e maior o
controle percebido, maior deve ser a intenção pessoal de realizar o comportamento.
Enfim, dado um suficiente grau de controle do comportamento, as pessoas
tendem a realizar suas intenções quando as oportunidades aparecem.
Dessa forma, a intenção comportamental é considerada o antecessor imediato
do comportamento. Ajzen (2002) em seus argumentos corrobora que para modificar o
comportamento, intervenções podem ser direcionadas a um ou mais de seus três
determinantes: atitudes, normas subjetivas ou controle percebido.
38
Uma vez que os indivíduos apresentem verdadeira autoridade sobre o
comportamento, novas intenções comportamentais podem ser lançadas e convertidas
em comportamento real.
Ajzen (2008) descreve que a intenção é alcançada como antecedente imediato
do comportamento e em diversas situações o controle volitivo, que representa o grau
em que o comportamento e que pode ser desempenhado pela vontade, é limitado
pelas dificuldades de ocorrer o comportamento. Todavia a intenção do indivíduo em
manifestar tal comportamento só se apresentará efetivamente a partir do momento
em que a atitude, a norma subjetiva e o controle comportamental percebido também
forem expressivos. Em consequência das diferentes situações e comportamentos, a
relevância desses três elementos no presságio das intenções deverá variar. Dessa
forma, algumas situações podem ter apenas as atitudes com um impacto significativo,
enquanto em outras os três preditores podem ter contribuições expressivas e
interdependentes.
2.4 CULTURA
A cultura já foi objeto de estudo da antropologia, da ciência, economia, política,
psicologia, sociologia, e posteriormente da administração. Existem inúmeras
explicações e aplicações sobre a relevância do papel da cultura nas organizações,
por isso uma variedade de autores, tais como Pfiffner e Sherwood (1965), Harrison
(1972), Smircich (1983), Handy (1978, 1994), Pettigrew (1996), Schein (1985, 1992,
1996, 2001), Deal e Kennedy (1982), Quinn (1984), Gordon (1985) e Peters e
Waterman Jr (1986) apresentam a importância das organizações de uma forma em
geral. As ideias são de cunho aleatório oriundas das mais diversas vertentes
ideológicas, adotando assim, abordagens prescritivas, porém todas para tentar
apontar o quanto as organizações dependem do conhecimento profundo de sua
cultura para poder alcançar os resultados propostos ou desejados. A palavra cultura
tem seu conceito abrangente, de tal maneira que fora utilizada por distintos campos
do conhecimento humano com inúmeros significados.
Para organizar este conhecimento e se atendo exclusivamente aos temas das
ciências sociais Kroeber e Kluckhonh (1952) criaram uma lista contento 164 definições
de cultura. Juntos e neste mesmo trabalho, os autores definiram a cultura da seguinte
forma:
39
Cultura consiste em modelos, explícitos ou implícitos, para o comportamento, adquiridos e transmitidos por símbolos, constituindo a realização distinta de grupos humanos, incluindo a sua incorporação em artefatos; o coração essencial da cultura consiste em ideias tradicionais (isto é, historicamente derivadas e selecionadas) e especialmente nos valores atribuídos; sistemas de cultura podem, um lado, ser considerados como produtos da ação, doutro lado, como elementos condicionantes de ação posterior (KROEBER; KLUCKHOHN .1952, p.180).
Para estes autores a cultura traz suas tradicionalidades os comportamentos por
todos adotados, está nas raízes, sendo desta forma a definição de nossos propósitos,
somos o que somos por que sofremos influências.
Ciente de que o conceito de cultura é de domínio da antropologia, ciência de
área não pertencente a esta dissertação, e que o seu conceito tem sido sujeito a
múltiplos estudos ao longo das últimas décadas, aqui apresento a título informativo a
definição de Kluckhohn (1951) que, segundo Hofstede (2001) doutor em psicologia
social, com sua pesquisa pioneira em cross cultural grupos e organizações culturais,
reconhecem em consenso satisfatório junto dos antropólogos que é a seguinte: “A
cultura consiste em formas de pensamento, sentimentos e reações padronizadas,
adquiridos e transmitidos principalmente através de símbolos, constituídas as
realizações distintivas dos grupos humanos, incluindo as suas personificações em
artefatos. A essência do núcleo cultural consiste em ideias tradicionais historicamente
orientadas selecionadas e principalmente vinculados aos valores”.
A cultura consiste em formas padronizadas de pensamento, sentimento e reações, adquiridas e transmitidas principalmente por símbolos, constituindo realizações distintivas de grupos humanos, incluindo suas personificações em artefatos; o núcleo essencial da cultura consiste nas ideias tradicionais (i.e. obtidas e selecionadas, historicamente) e especialmente em seus valores subjacentes” (HOFSTEDE, 1980, p. 21).
A cultura para Hofstede é não é padronizada, se veste de inúmeras formas e
corre nas veias de cada povo em cada local habitado. Não é algo que se possa
mensurar, todavia consegue-se compreender um pouco de suas virtudes costumes
atitudes e posições.
Cultura são todos os conteúdos criados e transmitidos e modelos de valores,
ideias e outros sistemas simbólicos que moldam o comportamento humano, assim
como, os artefatos produzidos por esses comportamentos (KROEBER; PARSONS,
1958, apud HOFSTEDE, 2001). No seu modelo cultural, Hofstede (2001, p. 43) diz
40
que cultura é a “programação coletiva da mente que distingue membros de um grupo
ou categoria de pessoas de outro”.
Hostede (1978) baseado em seu estudo na IBM em mais de 50 países, estudou
as diferentes culturas nesses países e destaca que a cultura nacional reflete na
consistência de valores, enquanto que a cultura organizacional pode ser observada
na consistência de práticas empresariais.
Hofstede menciona que não se deve classificar pessoas, mas sim as culturas
e suas dimensões, certos de que padronizar organizações que atuam além das
fronteiras não é a melhor forma de manter os negócios e estruturas ativas.
O ex-professor, que fez sua marca no desenvolvimento organizacional, Edgar
Schein (1984), define a cultura como:
Conjunto de pressupostos básicos (basic assumptions) que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna e que funcionou bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir, em relação a esses problemas. (SCHEIN, 1984, p.9).
Segundo Schein (1984) a cultura de uma organização pode ser apreendida em
três níveis: artefatos e comportamentos, valores adotados e premissas. Schein, sob
sua ótica explica que se a organização como um todo vivenciou experiências comuns, pode
existir uma intensa cultura organizacional que prevaleça sobre as várias subculturas das
unidades. Observa-se com frequência que os grupos com background ocupacional parecido
tendem a desenvolver culturas próprias no interior das organizações: a cultura dos gerentes,
dos engenheiros, do sindicato.
De acordo com Schein (1992), a cultura implica certo nível de estabilidade
estrutural no grupo. Quando demonstramos que algo é “cultura”, que implica, não
apenas a partilha, mas a profundidade (menos consciencioso, tangível e menos
visível) e a estabilidade. As diferenças culturais manifestam-se de formas desiguais.
Ele atribui, no entanto, a maior importância ao papel dos fundadores da organização
no processo de moldar seus padrões culturais; os primeiros líderes, ao desenvolverem
formas próprias de equacionar os problemas da organização, acabam por imprimir a
sua visão de mundo aos demais e a sua visão do papel que a organização deve
desempenhar no mundo.
A abordagem de Trompenaars (1994), relativa a estudos de casos, nos
responde a muitas questões banais e rotineiras que muitos chamam de “manias”, mas
41
as perdas dessas manias acabam nos levando à coletividade e perdendo a essência
do “eu” da cultura e assim sucessivamente perde-se os valores. Desta maneira se
consegue compreender o porquê de muitas empresas prosperarem e de muitos
empreendedores perderem seus espaços em mercados, nem tudo o que é consistente
para uma cultura é admissível para outra.
Trompenaars (1994, p. 88), expõe com clareza fatores da cultura dimensional
e menciona “[...] um peixe só descobre a necessidade da água quando está fora dela”.
Assim é a cultura, só se pode enxergá-la quando estivermos por fora do comodismo,
o universo que habitamos não é o mesmo que os demais, em escalas de territórios
tudo se modifica, tudo vira cultural, tudo o que eu posso aqui no meu espaço ali no
outro talvez seja inadmissível, por que são dimensões.
Cada cultura desenvolve soluções especificas para certos problemas
encontrados e assim se tornam distintas (TROMPENAARS & HAMPDEN-TURNER,
1998).
Um dos desafios do cenário mundial é lidar com recursos finitos, que muitas
vezes estão em diferentes localizações globais. Comunicar-se em idioma local e
transitar entre as culturas de diferentes países garante melhores resultados.
Profissionais, que já desenvolveram habilidades de negociação segundo alguns
aspectos culturais do país com que se tem algum tipo de relação, possuem um
diferencial para sua carreira e a empresa/país que representa. Fatores como religião,
hábitos, tradições e etapas da negociação podem ser direcionadas segundo o país ou
mesmo região as quais pertençam os interlocutores. Detalhes que podem parecer
insignificantes, mas, são decisivos no ato de fechamento de contrato dimensões para
as situações encontradas, pois, em cada situação há uma dimensão a ser estudada
certo de que a cultura não segue padrões, e sim dimensões certos de que a cultura
tem impacto importante sobre o comportamento empreendedor.
2.4.1 Cultura Nacional/ Regional
O conhecimento da cultura local reforça a valorização bem como o incentivo ao
desenvolvimento da região, dito isto é relevante a importância da influência da cultura,
seja ela nacional ou regional, sobre a cultura das organizações e, em consequência,
sobre os fracassos e sucessos dos programas organizacionais e implantações de
métodos de gestão (RONCHI, 2012).
42
Nas definições, Hall (2006) e Castells (2002), apontam que a identidade
nacional é formada pela articulação de jogos de poder e de seus contrastes, devido à
grande disparidade da sua composição, e, essa identidade coletiva é determinada
pelo conteúdo simbólico e seus significados para aqueles que dela se aproximam ou
se excluem.
Hall (2006, p.48) argumenta que “as identidades nacionais não são coisas com
as quais nós nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da
representação”.
Castells (2002, p. 69), define nações como “comunidades culturais construídas
nas mentes e memórias coletivas das pessoas por meio de uma história e de projetos
políticos compartilhados”.
Motta e Caldas (1997, p. 19), enfatizam que, entre os fatores principais que
diferenciam a cultura de uma empresa da cultura de outra talvez o mais importante
seja a cultura nacional. “Os pressupostos básicos, os costumes, as crenças e os
valores, bem como os artefatos que caracterizam a cultura de uma empresa, trazem
sempre, de alguma forma, a marca de seus correspondentes na cultura nacional”.
Segundo os autores, não se pode estudar a cultura de uma empresa sem antes
estudar a cultura ou as culturas dessa sociedade.
Uma nação, segundo Hall (2006), não é simplesmente uma entidade política,
mas também algo que provoca sentimentos e significados, ela é “um sistema de
representação cultural”, ou seja, as pessoas participam da ideia da nação tal como
representada em sua cultura nacional. Ele explica que, independente das diferenças
de seus membros em termos de classe, gênero ou raça, a cultura nacional tenta unir
todos em torno de uma identidade nacional, para representá-los como pertencentes a
uma grande família nacional.
Partindo do princípio de que a cultura é identificada nas organizações por meio
da sociedade, questiona-se como ela pode ser identificada na economia, Dupas
(2001) defende que as junções entre empresas nacionais e ou entre empresas
nacionais e transnacionais constituem a essência do capitalismo contemporâneo, que
se evidencia pela formação de grandes grupos que atuam em setores específicos e
em âmbito global, entretanto Tanure (2006) esclarece que além de complexos, os
processos de aquisição ocorrem em etapas contínuas e interdependentes, que
exigem gerenciamento adequado, com vistas ao sucesso do novo empreendimento,
segundo a autora, vencida a etapa da negociação, começa o processo de integração
43
das empresas. É o momento do encontro de culturas, do encontro de valores, crenças,
normas, procedimentos distintos, esta fase, que pode perdurar por até dois anos,
responde por grande parte dos insucessos das F&A.2
De acordo com Barros et al. (2003), estudos feitos pela consultoria Roland
Berger indicaram que, em âmbito mundial, de 60% a 80% das F&A falharam em suas
metas e entre os problemas fundamentais destacaram-se dificuldades com relação ao
encontro de culturas.
2.4.2 Modelos Culturais
Atualmente diversos modelos culturais são válidos, especificamente o tipo-
iceberg e o tipo-cebola. O modelo cultural de maior ênfase e que é base de várias
teorias culturais, inclusive a de Trompenaars, é o tipo-cebola. Existe uma comparação
da cultura a uma cebola, que apresenta várias camadas e, para entendê-la você
precisa descascá-la, uma camada de cada vez, de modo similar, os valores e normas
da sociedade e premissas básicas vêm crescendo respectivamente dificultando assim
a compreensão de vários níveis.
Quando Freitas (1991, p. 51) generaliza sobre alguns modelos culturais alerta
“Nenhuma tipologia corresponde a uma realidade em todos os seus matizes”
continuando sua análise diz “uma tipologia remete a generalização de um objeto”. Daft
(2002) classifica a questão das tipologias culturais utilizando como base dois fatores,
o primeiro ligado ao ambiente competitivo que exige flexibilidade ou estabilidade, e o
segundo que retrata as forças estratégicas dos ambientes externo e interno.
É importante salientar que “culturas não são estáticas, elas evoluem ao longo
do tempo, ainda que muito lentamente. O que foi uma caracterização razoável em
1960 ou 1970 pode não o ser hoje em dia” (HILL, 1998). Analisa-se então que se faz
necessário uma visão com um caráter dinâmico, independentemente do objeto de
estudo, seja cultura nacional, organizacional ou do indivíduo. Esta transformação
advém da necessidade de adaptação, uma vez que quando nos deparamos com
soluções diferentes para os problemas que nos apresentam, se as mesmas forem, no
nosso ponto de vista, mais vantajosas, a tendência será para as adaptarmos à nossa
realidade e, portanto, transformarmo-nos culturalmente. Existe de forma natural uma
2 F&A termo utilizado para empresas em Fusões e aquisições.
44
aversão à mudança e à mudança cultural, sendo esta morosa e difícil de processar,
mesmo quando se vê vantagens para essa mudança se verificar.
2.4.2.1 Modelo Cultural de Geert Hofstede
Hosftede em seu estudo na IBM em meados dos anos 1970 procurou as
diferenças de funcionamento das filiais da empresa, e chegou à conclusão que as
diferenças identificadas adviriam da cultura dos empregados e em grande parte da
cultura do país de acolhimento. Então ele delineou a cultura como “programação
coletiva dos espíritos que distingue os membros de um grupo humano de outro”, tanto
que ele deixou bem específico a não existência de um método universal de gestão,
pois “gestão” tem diferentes origens e culturas nos países do mundo. A cultura, para
Hofstede (ano), é um fenômeno em si mesmo, diferenciando-se em muitos aspectos
da cultura nacional. A diferença reside no fato de que as culturas nacionais têm como
elemento central os valores, os quais são adquiridos na família, na comunidade e na
escola, já as culturas organizacionais diferenciam-se pelas práticas, aprendidas a
partir da socialização no ambiente de trabalho.
Tanto Hofstede (1980; 2001) quanto Trompenaars (1994) assumem que suas
pesquisas não definem a cultura de uma organização específica em um país, mas
diagnosticam tendências centrais que as diferenciam e que poderiam ser encontradas
nas organizações localizadas nesses países. A precisão desses diagnósticos,
segundo os autores, foi alcançada principalmente devido à homogeneidade das
amostras utilizadas em levantamentos nos diversos países pesquisados.
A primeira pesquisa, e simultaneamente a maior, resultou da apresentação de
inquéritos, construídos especificamente com perguntas para diagnosticar as atitudes
dos funcionários da IBM (empresa onde trabalhava), espalhados por 40 países. A
segunda consistiu nas respostas às mesmas perguntas, mas pelos seus alunos de
gestão (na universidade Suíça), os quais eram originários de 15 países diferentes e
de diferentes empresas em diferentes indústrias.
Diferenças sistemáticas entre as nações nas duas bases de dados ocorriam
em questões que mexiam com valores, surgindo daí a identificação de cinco
dimensões culturais (autores, ano):
1a) Distância do Poder: também chamada de distância hierárquica, ela
representa o nível de tolerância dos membros menos influentes (chefe subordinado
45
tanto do ponto de vista do empregador como do empegado) de organizações e
instituições em aceitar e esperar, entende-se que o poder é distribuído desigualmente.
A distância do poder está diretamente relacionada com a forma encontrada por
diferentes sociedades para lidar com a questão fundamental de gerir as desigualdades
entre os indivíduos. Poder e desigualdade são fatores fundamentais na sociedade, o
que ocorre é que em algumas a dimensão é alarmante (HOFSTEDE, 1978).
2ª) Aversão a Incerteza: refere-se ao tratamento da tolerância de uma
sociedade em relação à ambiguidade, grau de ameaça percebido por membros de
uma cultura em situações incertas ou desconhecidas, reflete o sentimento de
desconforto que as pessoas sentem ou a insegurança com riscos, caos e situações
não estruturados. Culturas que evitam incertezas são emocionalmente mais nervosas,
por outro lado as que aceitam as incertezas são tolerantes a opiniões diferentes
(HOFSTEDE, 1978). As incertezas estão ligadas tanto externamente quando avaliam
as mudanças da sociedade quanto internamente quando avaliam a estrutura
organizacional e sua gestão.
3a) Individualismo/ Coletivismo: trata com ênfase em relação ao grau em que
os indivíduos são integrados em grupos, até que ponto as pessoas sentem que têm
de tomar conta de si próprias, das suas famílias ou organizações em que estão
inseridas. Esta dimensão indica se uma sociedade é uma rede social sem relação
entre os indivíduos, na qual cada um interessa-se apenas por si mesmo, (o “eu” é
predominante), ou se ela oferece um tecido social fechado no qual os indivíduos se
dividem entre membros e não membros de grupos e esperam que o grupo ao qual
pertencem os proteja (HOFSTEDE, 2001).
Na sociedade individualista as pessoas dispendem a atenção às pessoas que
não estão diretamente ligados aos seus meios. No coletivismo ocorre ao contrário,
elas são desde a criação até a maturidade integradas em grupos fortes aderentes,
protegidas por lealdades inquestionáveis.
4a) Masculinidade/ Feminilidade: trata da distribuição de papéis emocionais
entre os sexos, o que é uma questão fundamental para assertividade e aquisição de
coisas versus uma cultura que é mais conducente das pessoas, sentimentos e
qualidade de vida. Na masculinidade predomina a competição, o pensamento
46
afirmativo, já na feminilidade a predominância é do comportamento modesto,
atencioso (HOFSTEDE, 1978). As sociedades com maior grau de feminilidade são:
Suécia, Noruega e Portugal, e as sociedades com maior grau de masculinidade são:
Japão Áustria e Alemanha (HOFSTEDE, 2001). Esta dimensão reporta à medida que
o sexo determina os papéis de homens e mulheres na sociedade.
5a) Orientação de Curto/ Longo Prazo: quando falamos sobre orientação de
curto e longo prazo tentamos qualificar o grau de preocupação da sociedade em
relação ao futuro em oposição à obtenção de resultados rápidos.
Esta dimensão apresenta a aceitação de legitimidade de hierarquia, a avaliação
da perseverança, sem ênfase própria baseada na tradição e obrigações sociais, em
que medida uma sociedade baseia as suas tradições sobre os acontecimentos do
passado ou do presente, sobre os benefícios apresentados ou ainda sobre o que é
desejável para o futuro (Tabela 6). Ela está diretamente ligada a países que seguem
orientação espiritual e comportamental. O ensinamento de Confúcio (a filosofia
sublinhava uma moralidade pessoal e governamental, os procedimentos corretos nas
relações sociais, a justiça e a sinceridade), têm uma influência profunda para a maioria
dos países da Ásia (HOFSTEDE, 1978).
Sabe-se que não existe um método correto de gestão, porém é possível
identificar os aspectos locais e assim adaptá-los à cultura organizacional do ambiente
a ser trabalhado sem que haja agressões a este. A aplicação do método de Hofstede
é de grande proveito, ajudando assim na compreensão dos fatores de origem cultural,
para que possa haver compreensão dos fatores de origem cultural, bem como
entender os aspectos comportamentais dos indivíduos.
Estas dimensões são independentes e não correlacionadas, portanto para
compreender a gestão numa sociedade ou grupo, deve-se ter conhecimento e
empatia com o cenário local. No entanto, as pontuações do inquérito estatístico único
apresentado por Hofstede, farão com que se tenha consciência de que as pessoas
em outros países podem pensar sentir e agir de forma muito diferente, mesmo quando
confrontados com problemas básicos na sociedade.
2.4.2.2 Modelo Cultural segundo Fons Tropenaars
47
As organizações geralmente possuem uma vasta diversidade cultural, uma vez
que as pessoas que a constituem vêm de diferentes realidades, porém para que uma
organização seja eficiente faz-se necessário manter a harmonia entre todos, por este
motivo torna-se necessário perceber as diferenças culturais para podermos lidar com
elas.
Hampden-Turner e Trompenaars (1983; 1996; 2000) são dois consultores que
apresentam na evolução das suas publicações muitos estudos sobre o efeito da
cultura em administração, sobre como as diferentes orientações presentes na cultura
afetam os negócios, e em 1997 um modelo que pudesse utilizar como ferramenta
nesta gestão delicada de diferenças culturais.
Trompenaars, consultor de gestão, acreditava que um dos fatores
fundamentais para se compreender culturas era entender que o elemento principal
que as difere é a maneira particular que cada uma delas busca soluções para
determinadas dificuldades.
Cultura tem a mesma origem do verbo cultivar que significa lavrar a terra, o modo como as pessoas atuam na natureza, os problemas do cotidiano são resolvidos de formas tão óbvias que as soluções desaparecem de nossa consciência (TROMPENAARS, 1994, p.75).
De acordo com o autor, existem três tipos de problemas: acabar com a ideia de
que existe melhor forma de gerenciamento e organização, fornecer aos interessados
noções da própria cultura e como utilizá-la no meio empresarial, oferecer ideias sobre
o dilema global versus local que se depararam em organizações internacionais. O
autor sugere que a base do sucesso é o entendimento da própria cultura, as premissas
e perspectivas sobre o pensar e agir. Nesse caso, a cultura pode ser explicada em
camadas em seus níveis culturais conforme Figura 7.
48
Figura 7- Modelo de cultura segundo Trompenaars
Fonte: Trompenaars (1996)
Nível externo (camada externa): é primeira experiência de um indivíduo com
uma cultura externa, são relacionados a fatores menos exotéricos e mais concretos,
por isso compreendesse como nível explícito. Ela é a realidade observável da língua,
comida, arquitetura, monumentos, agricultura, templos, mercados, vestimentas e
artes. cada opinião expressa nesse nível geralmente diz sobre ou de onde as pessoas
veem e sobre o que a comunidade está julgando. Cada opinião que expressamos em
relação a esse nível de cultura, geralmente diz mais sobre nós, de onde viemos e
sobre a comunidade que estamos a julgar (TROMPENAARS ,1996).
Nível Intermediário: normas e valores; reflete os níveis mais profundos da
cultura, sobre normas e valores de um determinado grupo. As normas são sentimento
mútuo que um grupo absorve do que é certo e errado. Já os valores determinam a
definição de bem ou mal, portanto estão diretamente relacionados aos ideais
compartilhados no grupo. São necessários significados comuns de normas e valores
que sejam estáveis e salientes, para que a tradição cultural de um grupo seja
desenvolvida e elaborada. Representa o desejo de comportamento do indivíduo.
(TROMPENAARS,1996).
Centro: premissas sobre a existência: Para que possamos compreender as
diferenças básicas de valores, precisamos voltar ao centro da existência humana. A
suposição básica comumente influencia os aspectos fundamentais da vida, tais como
49
modo de perceber, pensar e avaliar a si mesmo e aos outros e estão na base de
relações com a natureza e as demais pessoas.
O valor básico pelo qual as pessoas lutam é a sobrevivência. “Entender o centro
do modelo significa a chave do sucesso para quem trabalha com outras culturas”
(TROMPENAARS, 1996, p.51)
Uma cultura nada mais é do que as formas como os grupos se organizam no
decorrer dos anos para resolver os desafios apresentados. As mudanças acontecem
por que a vida em si evolui com novas tecnologias, premissas e assim sendo, quando
se consegue resolver os problemas de forma mais prática, a cultura por si vai sendo
alterada.
Com base em soluções apresentadas por diferentes culturas, Trompenaars
elenca sete dimensões fundamentais para a cultura:
• Universalismo / Particularismo: Evidencia o grau de importância dado por
membros de uma sociedade ao cumprimento de normas e regras de acordo com a
situação e as pessoas envolvidas. Culturas com muito universalismo confiam que as
suas ideias e práticas podem ser aplicadas em todo o lado, sem modificações.
Culturas particularistas valorizam as relações sobre as regras e, portanto, as
circunstâncias determinam os comportamentos mais adequados. O que é mais
importante? Regras ou relacionamentos? Um universalista dirá ao particularista que,
não pode confiar neles, porque eles sempre vão ajudar os amigos, já ao contrário
dirão que não podem confiar neles por que eles não ajudam nem o próprio amigo.
(TROMPENAARS, 1996).
• Individualismo / Coletivismo: Nesta categoria pode-se colocar o indivíduo
à frente do grupo a que pertence, ou o grupo à frente do indivíduo? As pessoas se
veem basicamente como indivíduos ou parte de um grupo? É mais importante
concentrar-se nos indivíduos para as contribuições da coletividade ou na coletividade
para o bem comum de vários indivíduos? Em culturas individualistas pode-se esperar
decisões tomadas na hora e grande sentido de responsabilidade pessoal, ao contrário
de culturas coletivistas, onde as decisões são tomadas sempre com consulta dos
demais componentes e onde a responsabilidade é partilhada pelo grupo, é a função
de um grupo ou como indivíduos? (TROMPENAARS ,1996).
50
• Neutro/ Emocional: Nos relacionamentos entre as pessoas, a razão e a
emoção desempenham o seu papel, os membros da cultura “neutra” não revelam seus
sentimentos os mantém reprimidos; já na cultura emocional eles demonstram seus
sentimentos. Em culturas neutrais os sentimentos e pensamentos não são revelados.
Indivíduos com um maior comportamento cultural emocional falam de forma natural o
que sentem e estão a pensar, todavia ela representa o grau de abertura para
exposição pública de emoções em uma sociedade. Devemos mostrar nossas
emoções? (TROMPENAARS, 1996).
• Específico/ Difuso: Culturas específicas têm uma separação muito nítida
entre trabalho e vida pessoal, o gerente separa o relacionamento que tem com um
subordinado de outras atividades, sendo o campo pessoal maior que o profissional.
Contrariamente, em culturas difusas as pessoas tendem a resguardar mais o campo
pessoal, ou seja, todos os espaços da vida e todos os níveis de personalidade tendem
a permear os outros, uma vez que não existe uma barreira definida entre os dois, e a
entrada num deles confere entrada noutro. Essa cultura tende a ter uma menor
rotatividade de empregados devido a importância da lealdade entre os elos humanos.
É responsabilidade especificamente atribuída ou difusamente aceita?
(TROMPENAARS, 1996).
• Conquista/ Atribuição: Em culturas baseadas em resultados, o valor
(status) de uma pessoa é atribuído da maneira como desempenha as suas funções,
ou seja, você é julgado pelo que fez recentemente e pelo seu histórico. Em culturas
ascendentes em atribuição o valor (status) é adquirido com base no que a pessoa é
ou possui, seja idade, rede de contatos, cargos anteriores, entre outros.
Particularmente trata da forma como o status dos indivíduos é garantido e considerado
em uma sociedade. Nós temos que provar a nós mesmos para receber status ou ele
é dado a nós? (TROMPENAARS, 1996).
• Síncrono/Assíncrono: a forma como a sociedade encara o tempo também
difere. Em culturas assíncronas as pessoas tendem a fazer uma coisa de cada vez,
sendo a pontualidade muito valorizada, reuniões marcadas com antecedência e
planos cumpridos, ao contrário de culturas síncronas onde se fazem várias atividades
concomitantemente e os compromissos e horários são aproximados, sempre sujeitos
51
a modificações de última hora. A relação de tempo refere-se ao grau em que os
indivíduos percebem os períodos relacionados uns aos outros. Esse conceito pode
elucidar a motivação e especialmente levar os indivíduos a entenderem experiências
anteriores (passado), assim contribuindo com o comportamento atual (presente)e, que
por sua vez, pode afetar o comportamento do amanhã (futuro). Essa relação de tempo
foi descrita por Cottle (1967) e utilizada por Trompenaars. Essas diferenças culturais
influenciam de forma esplêndida nas atividades empresariais e são classificadas em:
a) voltadas ao presente, b) voltadas ao passado, c) voltadas ao futuro
(TROMPENAARS, 1996).
• Interno/Externo: A última dimensão resulta do dilema agregado à maneira
como as pessoas se relacionam com o meio ambiente, com a natureza, se a dominam
ou se são dominados por ela, representa quanto indivíduos podem ou acreditam em
poder ter controle sobre o ambiente. Nesse caso as motivações e valores vêm de
dentro. Aceitar a direção dos clientes, as forças do mercado, ou novas tecnologias
pode ser mais lucrativo do que opor-se a elas (TROMPENAARS, 1996).
Para Trompenaars tão importantes quanto os problemas são as dimensões e
suas características, evidências, percebidas em cada sociedade, em cada cultura.
Cada país, cultura ou pessoa tendencialmente aproxima-se mais de um extremo ou
outro do dilema, identificando-se mais com uma dimensão ou com a sua oposta, ou
com as duas, mas em situações diferentes. É de referir que cada pessoa tem a sua
identidade cultural, que é sempre única, embora se possa aproximar de outras
pessoas, resultando em grupos com ideias e ideais semelhantes.
52
3 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa (CEP)
da Fundação Universidade do Contestado UnC, sob número 2.105.770.
3.1 CARACTERIZAÇÕES DA PESQUISA
Esta pesquisa foi realizada pelo método empírico. A corrente filosófica de
investigação utilizada foi o positivismo, para Marconi (1986, p.21), “o positivismo adota
a ideia, de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o único
conhecimento verdadeiro. Dela, se privilegia a observação à imaginação dos fatos,
desconsiderando completamente todo conhecimento que não possa ser comprovado
cientificamente”.
As pesquisas aplicadas dependem de dados que podem ser coletadas de
formas diferenciadas, tais como pesquisa em laboratórios, pesquisa de campo,
entrevistas, gravações em áudio e/ou em vídeo, diários, questionários, formulários,
análise de documentos entre outros (OLIVEIRA, 2007).
Sendo assim, a pesquisa foi aplicada, visto que, a mesma objetivou gerar
conhecimentos para aplicações práticas dirigidas à solução de problemas específicos,
assim sendo, buscou-se uma postura para então identificar, analisar o que influência
da cultura, nos alunos de graduação que possuem a intenção empreendedora, e o
interesse para estimular a prática empreendedora.
Com relação aos objetivos, a pesquisa foi realizada de maneira descritiva, que
de acordo com Gil (1999), a pesquisa descritiva tem como objetivo descrever as
características de uma determinada população, utilizando-se de técnicas
padronizadas para a coleta de dados.
Desta forma, essa pesquisa foi de caráter descritivo, pois a análise fora
realizada por questionários aplicados em uma determinada população para que então
se obtivesse o estabelecimento da relação entre as variáveis. E explicativa devido ao
fato da então identificação dos fatores que contribuíram para a ocorrência do então
fenômeno pesquisado via método observacional (GONÇALVES, 2014).
O estudo adota uma abordagem quantitativa, utilizando-se de survey
(PINSONNEAULT; KRAEMER, 1993) que visa descrever a distribuição das
características ou de fenômenos que ocorrem naturalmente em grupos da população,
53
sabendo-se que a aplicação fora com questionário, deste modo, o respondente não
terá alternativas, a não ser escolher entre as opções definidas previamente.
3.2 INSTRUMENTOS DE COLETA
Para a coleta de dados foi elaborado um questionário, no qual o tema principal
foi a escolha de atributos que deveriam ser pesquisados para a avaliação da qualidade
dos constructos: dimensão cultural, norma subjetiva e influência destes fatores na
intenção de empreender.
O questionário foi estruturado com uma divisão de quatro blocos. No primeiro
bloco tem-se as perguntas eram relacionadas à caracterização do respondente,
(questões formuladas pela autora), contendo seis questões, sendo três abertas e três
fechadas, com o intuito de identificar o perfil do entrevistado. Optou-se por acrescentar
a variável de idade, para cumprir as exigências do método estatístico do teste
quiquadrado para testar a associação desta variável com as dimensões culturais.
Nesta variável a idade foi classificada em quatro faixas etárias: a-13 aos 21 anos, faixa
b- 22 aos 40, faixa c- 41 aos 60 e faixa d- 61 aos 100 anos de idade. No segundo
bloco apresenta-se uma questão fechada relacionada ao Desenvolvimento Regional,
(questão formulada pela autora). O terceiro bloco dispõe de seis questões, quatro
questões fechadas correspondem à identificação do nível de intenção empreendedora
presente nos entrevistados e duas relativas à teoria do comportamento planejado,
identificando assim se a intenção de realizar um determinado comportamento está
dependente da atitude face a esse comportamento, (questões formuladas pela autora
com base nos constructos estudados). No quarto bloco tem-se oito perguntas
fechadas relacionadas à dimensão cultura (questões utilizadas do pesquisador e autor
Fons Trompenaars).
Nas questões em que o interesse era o grau de satisfação, foi utilizada a escala
de Likert, com cinco pontos que variam de “concordo totalmente” a “discordo
plenamente”. As razões para a adoção da escala de Likert são do tipo de psicométrica
utilizada na investigação, a dificuldade de generalizações com o uso de grande
número de opções de marcação, e a natureza complexa de escalas alternativas
(CUMMINS; GULLONE, 2002).
54
O questionário foi aplicado in loco durante o período letivo, entre os meses de
agosto e setembro de 2017. A participação voluntária e o anonimato foram respeitados
e a confidencialidade garantida.
3.3 DEFINIÇAO DA AMOSTRA
A amostragem estratificada foi definida pelo número de alunos de graduação
matriculados em agosto de 2017, na Universidade do Contestado, localizada no
estado de Santa Catarina (n= 6.276), determinando a amostra final em 367 alunos,
número este superior ao mínimo recomendado (n=150) para aplicação do método
anova e do qui-quadrado (HAIR et al., 2009).
Os 367 estudantes universitários eram 145 (39,5%) mulheres e 222 (60,50%)
homens, com idades entre 17 a 65 anos e estes são provenientes dos seguintes
campi: Canoinhas 19,58%, Concórdia 25,76%, Curitibanos 9,84%, Mafra 33,57 %,
Porto União 7,75 e Rio Negrinho 3,56% (Tabelas 7 e 8).
Tabela 2 -Alunos Matriculados por Campi
Campi N. Alunos % Amostra
Canoinhas 1231 19,58943348 72
Concordia 1617 25,73201782 94
Curitibanos 618 9,834500318 36
Mafra 2107 33,52959898 123
Porto União 487 7,749840866 28
Rio Negrinho 224 3,56460853 13
Total 6284 100 367
Fonte: Sistema E Mestre UnC (2017).
Na tabela 2 pode-se identificar que o maior número de alunos matriculados se
encontra no campus de Mafra, isto ocorre devido ao número de cursos desta unidade
ser maior. Justificando da mesma forma o menor número para Rio Negrinho sendo
desta forma a menor unidade em número de alunos da Fundação Universidade do
Contestado. Estes dados foram coletados a partir do relatório do sistema operacional
E-mestre emitido pela secretária de ensino da Instituição via reitoria Mafra em agosto
de 2017.
55
Tabela 3 -Totalização de alunos e cursos por Campi
Campus/ Curso N. Alunos % Amostra
Canoinhas
Administração 152 12,347685 9
Ciências contábeis 40 3,2493907 2
Direito 310 25,182778 18
Eng. Civil 21 1,7059301 1
Eng. Produção 48 3,8992689 3
Eng. Elétrica 107 8,6921202 6
Eng. Florestal 61 4,9553209 4
Farmácia 89 7,2298944 5
Med. Veterinária 140 11,372868 8
Optometria 174 14,13485 10
Pedagogia 34 2,7619821 2
Psicologia 55 4,4679123 3
Concórdia
Administração 127 7,8540507 7
Ciências Biológicas 21 1,2987013 1
Ciências. Contábeis 115 7,1119357 7
Direito 369 22,820037 22
Educação Física 143 8,8435374 8
Enfermagem 62 3,834261 4
Eng. Ambiental 59 3,6487322 3
Eng. Civil 267 16,512059 16
Eng. Software 25 1,546073 1
Farmácia 124 7,668522 7
Fisioterapia 123 7,606679 7
Psicologia 123 7,606679 7
Sistemas de Informação 59 3,6487322 3
Curitibanos
Administração 93 15,048544 5
Arquitetura e Urbanismo 73 11,812298 4
Ciências Contábeis 88 14,239482 5
Direito 187 30,2589 11
Educação Física 53 8,5760518 3
Eng. Automação 90 14,563107 5
Pedagogia 34 5,5016181 2
Mafra
Administração 150 7,1191267 9
Arquitetura e Urbanismo 32 1,518747 2
Ciências Biológicas 76 3,6070242 4
Ciências Contábeis 103 4,888467 6
Direito 647 30,707167 38
Educação Física 167 7,9259611 10
Enfermagem 157 7,4513526 9
Eng. Civil 218 10,346464 13
56
Eng. Software 12 0,5695301 1
Farmácia 44 2,0882772 3
Fisioterapia 178 8,4480304 10
História 19 0,9017561 1
Matemática 31 1,4712862 2
Medicina 36 1,7085904 2
Psicologia 195 9,2548647 11
Sistemas Informação 42 1,9933555 2
Porto União
Ciência Computação 46 9,4455852 3
Direito 284 58,316222 17
Ed. Física 55 11,293635 3
Música 14 2,8747433 1
Psicologia 88 18,069815 5
Rio Negrinho
Administração 42 18,75 2
Direito 63 28,125 4
Design 50 22,321429 3
Psicologia 69 30,803571 4
Total Geral 6284 100 367
Fonte: Sistema E Mestre UnC (2017).
Na tabela 3 percebe-se uma totalização de alunos de cursos por campi,
matriculados em agosto de 2017. Este dado foi necessário para que a pesquisa
abrangesse alunos de todos os cursos, obtendo desta forma o êxito da mesma na
amostragem final.
3.4 VARIÁVEIS E MEDIDAS
Com base nas dimensões relacionadas, nos diversos estudos sobre a
dimensão cultura e a intenção de empreender, organizaram-se os indicadores deste
constructo, por meio de quatorze indicadores (Tabela 9).
A dimensão Norma Subjetiva, ou apoio social, mensura a pressão social em
realizar ou não comportamentos relacionados ao empreendedorismo é composta por
dois itens CP1 e CP2. Estes constructos foram criados pela autora, partir da literatura
do autor Ajzen, no que diz respeito a teoria do comportamento planejado e suas
formas de identificação. Ela questiona o nível de aprovação de família, amigos e
colegas de trabalho e universidade, caso o respondente decidisse se tornar um
empreendedor e criar sua própria empresa.
57
A Escala de Intenção Empreendedora é composta por quatro itens: IE1, IE2,
IE3, IE4 e tem como objetivo mensurar o grau em que o indivíduo tem a firme intenção
de abrir uma empresa em algum momento futuro, contendo questões sobre “objetivos
profissionais de se tornar empreendedor”. Estes constructos forma criados pela
autora, a partir da literatura estudada dos autores Carvalho e González (2006) onde
propuseram as causas que induzem as pessoas a possuírem a intenção de
empreender e desta forma identifica-las.
As Dimensões Culturais são medidas pelas escalas: DC1, DC2, DC3, DC4,
DC5, DC6, DC7e DC8, que têm como objetivo a compreensão dos fatores de origem
cultural, como também entender os aspectos comportamentais dos indivíduos. Estes
constructos foram utilizados a partir das pesquisas do autor Trompenaars, estas
questões compuseram sua pesquisa realizada com 30 empresas em 50 países onde
os resultados foram apresentados no livro “Nas ondas da Cultura” edição de 1993.
Tabela 4 - Descritivo das variáveis de análise
Sigla Constructos
CP Comportamento Planejado
CP1 Minha família me apoia para que eu seja um empreendedor?
CP2 Meus amigos me apoiariam caso eu decidisse ser empreendedor?
IE Intenção de Empreender
IE1 Estou preparado para iniciar empreendimento?
IE2 Eu consigo desenvolver um projeto empreendedor com ideias inovadoras?
IE3 Sinto-me atraído ou determinado com a ideia de ser um empreendedor?
IE4 Ser empreendedor me traria satisfação?
DC Dimensão Cultura
DC1 Você é passageiro de um carro dirigido por um grande amigo. Ele atropela um pedestre.
DC2 Duas pessoas estavam discutindo sobre como os indivíduos poderiam melhorar a qualidade de vida
DC3 Se você se sentisse chateado com alguma coisa no trabalho, expressaria abertamente seus sentimentos
DC4 Um chefe pede a um subordinado que o ajude a pintar sua casa. O subordinado, que não está disposto a fazê-lo, discute a situação com um colega.
DC5 A coisa mais importante na vida é pensar e agir da forma que mais se adapta ao nosso verdadeiro jeito de ser, mesmo que você não consiga fazer as coisas.
DC6 O respeito a uma pessoa depende muito de nossa ascendência familiar.
DC7 Pense no passado, no presente e no futuro como círculos
DC8 Vale a pena tentar controlar forças naturais importantes, como o tempo. Ou a natureza deve seguir seu curso, devemos apenas aceitar seu desenvolvimento e fazer o melhor possível
Fonte: Elaborado pela autora
58
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
Para analisar a existência de divergências estatisticamente significativas
quando comparadas as médias entre a dimensão cultura e a intenção empreendedora
dos acadêmicos, foram elaboradas hipóteses testadas por meio da análise de
variância (ANOVA).
Assim, os dados coletados foram analisados por análise de variância de uma via
(ANOVA one way), que se caracteriza como um processo estatístico para analisar as
relações que ocorrem entre uma variável dependente métrica e uma ou mais variáveis
independentes (HAIR, 2007; MALHOTRA, 2001).
O teste de Qui-Quadrado foi utilizado para testar se haveria associação entre
as variáveis dimensões culturais e o gênero, a idade e o campus. Este teste tem como
objetivo identificar a associação entre as variáveis independentes cujas as
observações são discretas (escala nominal e ordinal). O Qui Quadrado testa a
associação entre variáveis mais não permite obter qualquer evidência quanto à força
ou sentido dessa relação (MARÔCO, 2010).
Quanto à intensidade da relação entre as variáveis quantitativas foi realizado o
teste de Correlação de Person, que mensura o grau da correlação linear entre duas
variáveis quantitativas. É um índice adimensional com valores situados entre -1,0 e
1.0, que reflete a intensidade de uma relação linear entre dois conjuntos de dados.
Os dados foram analisados pelo software SPSS Statistics (versão 20) e
considerados significativos quando p ≤0,05.
O valor-p é definido como a probabilidade de se observar um valor da estatística
de teste maior ou igual ao encontrado. Tradicionalmente, o valor de corte para rejeitar
a hipótese nula é de p ≤0,05, o que significa que, quando não há nenhuma diferença,
um valor tão extremo para a estatística de teste é esperado em menos de 5% das
vezes (FERREIRA; PATINO, 2015).
59
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise realizada com os alunos da Fundação Universidade do
Contestado, foi possível apurar algumas características relacionadas ao perfil dos
acadêmicos pesquisados. Os respondentes foram identificados como: 39,51% do
sexo feminino e 64,90% do sexo masculino, com idade média de 23, oscilando dos 17
aos 65 anos e tendo a maioria como principal ocupação o estudo seguido pelo
emprego na iniciativa privada, conforme disposto no Gráfico 1.
Gráfico 1 – Dados de ocupação profissional
Fonte: Dados da pesquisa, 2017
Conforme gráfico 1 obteve-se 64,90% respondentes do sexo masculino. Em
pesquisa realizada por Brenner (1991), o autor indicou que os homens são mais
empreendedores e estão mais orientados para a necessidade de realização pessoal.
Segundo dados da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em pesquisa divulgada
em junho de 2016, o Brasil atingiu o maior nível de empreendedorismo desde 2002,
Os homens possuem supremacia de 42,2% versus 36,4% em relação as mulheres no
que se refere a empreendedorismo com faixa maior que 3,5 anos; o que não
surpreende pelo fato de que é um reduto tipicamente masculino; porém na taxa de
empreendedorismo novo (enquadrados em até 3,5 anos), a taxa feminina foi superada
em 51,5% enquanto o masculina empreendeu apenas 48,5%.
Pode-se considerar que os homens têm uma maior propensão a criar
empresas, isto tendo em conta os estudos desenvolvidos em vários países (Reynolds,
1995 nos EUA; Carvalho, 1997 em Portugal). A justificativa deste fato encontra-se nas
6,81%
13,62%
26,70%
11,72%
28,88%
12,27%Autônomo
Aposentado
Empregado de empresaprivadaServidor Publico
Somente Estudo
Nenhum acima citado
60
diferenças entre homens e mulheres em relação à valorização do trabalho
(BRENNER; PRINGLE; GREENHAUS,1991) e em relação às características
psicológicas (SEXTON; BOWMAN-UPTON, 1990). A variável sexo está relacionada
com a convicção para criar uma empresa e, deste modo, ter alguma influência na
intenção empreendedora (DAVIDSSON, 1995).
Nesta pesquisa conforme dados mensurados no SPSS não houve diferença
estatisticamente significativa relativa a gênero e a intenção de empreender e nem em
relação a dimensão cultura.
Em relação a idade observou-se que o maior percentual de respondentes está
na faixa etária b ou grupo 2 - adulto / jovem representando 50,41%, conforme aponta
o Gráfico 2.
Gráfico 2 - Dados dos grupos de idade
Fonte: Dados da pesquisa, 2017
Segundo Veríssimo (2002) nesta faixa etária adulto/jovem (grupo 2), o indivíduo
apresenta-se, como pessoa desconfiada, de “pé atrás”, com temor pelo fracasso e
rejeição, tem dificuldade em tomar iniciativas e como tal também sente dificuldades
em estabelecer relações. Fato este identificado na pesquisa, pois foi observado a
significância (Tabela 7) de p>0,001 no grupo de idade em relação a dimensão
sentimentos e relacionamentos e comportamento planejado, este item compreende
que existe uma segurança a quem está propenso a empreender indicando assim que,
é mais provável que o respondente venha a empreender quando ele tem uma
referência de alguém próximo.
46%
50%
3% 1%
Grupo 1 (13-21)
Grupo 2 (22-40)
Grupo 3 (41-60)
Grupo4 ( 61-100)
61
Na análise seguinte buscou-se identificar qual a importância do
Desenvolvimento Regional no empreendedorismo. Foi identificado que 58,04% dos
respondentes tem perspectiva de que o empreendedorismo influência no
desenvolvimento de uma região conforme disposto no Gráfico 3.
Gráfico 3 – Opinião dos acadêmicos em relação ao empreendedorismo e a sua contribuição para o desenvolvimento regional
Fonte: Dados de pesquisa, 2017
Depreende-se que os respondentes entendem que o empreendedorismo por
meio da criação de novos negócios, gera benefícios ao desenvolvimento regional.
Para Stoner e Freeman (1999), o empreendedorismo contribui para o crescimento
econômico, ao promover ganhos com a produtividade, utilizando melhor os recursos
produtivos e realizando investimentos em pesquisas e desenvolvimento de novas
tecnologias, produtos e serviços.
São iniciativas e práticas empreendedoras para o desenvolvimento das regiões,
porque impactam, social e economicamente ao gerar trabalho e renda para os
colaboradores e é o meio de subsistência dos empreendedores. Julien (2010)
considera que deve existir o olhar voltado ao local, pois é relevante incentivar o
desenvolvimento da região e o atendimento de demandas locais.
O desenvolvimento regional é um processo dinâmico que proporciona e garante
oportunidades iguais e bem-estar social e econômico às comunidades, em particular,
às menos desenvolvidas (FISHER; NIJKAMP, 2009).
Os gráficos a seguir evidenciaram as dimensões culturais evidentes dos
entrevistados realizado por meio de análise individual. Desta forma entende-se, que
dentro de cada dimensão cultural os alunos se apresentam em maior ou menor grau,
0,55% 1,09%5,72%
34,60%
58,04%
Discordo Plenamente
Discordo Parcialmente
Não concordo nemdiscordoConcordo Parcialmente
62
sendo que cada uma as dimensões possuía duas opções e assim os impulsiona a
uma escolha, fator este que responde a muitas questões culturais dos pesquisados e
a forma de como trabalhar cada uma das dimensões culturais presentes.
Gráfico 4 – Dimensões culturais universalismo / particularismo: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados de pesquisa, 2017.
Observou-se que os respondentes, em relação à dimensão Universalismo x
Particularismo, tendem a ser particularistas. Segundo Trompenaars (1993) eles
concentram-se mais em relacionamentos do que regras, buscam apoiar quem está ao
seu lado, característica de comunidades menores, fato este evidenciado nos
relacionamentos as circunstâncias determinam os comportamentos mais adequados.
Gráfico 5 – Dimensões culturais individualismo / coletivismo: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados de pesquisa, 2017
9,54%
38,96%
51,50%
Universalismo / Particularismo
Universalista Particularista / Universalista Particularista
42,23%
57,77%
Individualismo / Coletivismo
Individualista Coletivista
63
Possuem a tendência ao coletivismo onde as decisões são tomadas sempre
com consulta dos demais membros e onde a responsabilidade é repartida pelo grupo,
usam frequentemente o pronome “nós”. Para Trompenaars (1993) as culturas
coletivistas não são criação ou instrumento de seus fundadores, mas um contexto
social que todos os membros compartilham e que lhes dá significado e propósito.
Gráfico 6 – Dimensões culturais sentimentos / relacionamentos: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados de pesquisa, 2017.
Os entrevistados são neutros nas atividades, pois sentimentos e pensamentos
não são revelados, sendo assim facilmente acusada de serem frios, o campo pessoal
é maior que o profissional. Para Trompenaars (1993) a cultura neutra não demonstra
suas emoções.
Gráfico 7 – Dimensões culturais específica / difuso: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados de pesquisa, 2017.
6,27%
14,71%
47,96%
19,35%
12,26%
Sentimentos / Relacionamentos
Nunca Raramente As Vezes Frequentemente Sempre
69,48%
30,52%
Específica / Difuso
Específica Difuso
64
São propensos a culturas específicas, tem como perfil ser objetivo no trato,
preciso direto e transparente os princípios morais são independes da pessoa com a
qual se trata. Segundo Trompenaars (1993) as sociedades específicas mantem
trabalho e vida particular nitidamente separados.
Gráfico 8 – Dimensões culturais status Conquistado / adquirido: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados de pesquisa, 2017.
Na dimensão status conquistado x atribuição tendem a ser conquista, o valor
(status) de uma pessoa é atribuído da maneira como desempenha as suas funções,
sendo o respeito ganho com a capacidade de apresentar resultados. Segundo
Trompenaars (1993) as sociedades que se atribuem a conquista normalmente
atribuem a importância e prioridade as pessoas e projetos bem-sucedidos.
Gráfico 9 – Dimensões culturais sequencial / sincrônico: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados de pesquisa, 2017.
53,33%
46,67%
Status Conquistado / Adquirido
Status Conquistado Status Adquirido
22,34%
6,81%
63,49%
7,36%Sequencial / Sincronico
Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4
65
Tendem a culturas síncronas onde se fazem várias atividades simultaneamente
e os compromissos e horários são aproximados, sempre sujeitos a modificações de
última hora, e por último tendem a ser de cultura externa acreditam não ter controle
sobre o seu destino e adaptam-se às circunstâncias externas. Segundo Trompenaars
(1993) as culturas sincrônicas encaram o tempo como passado, presente e futuro
Inter-relacionados, fazendo com que as ideias sobre o futuro e as memórias do
passado moldem as ações do presente.
Gráfico 10 – Dimensões culturais controle Interno / externo: resultados do grupo de entrevistados.
Fonte: Dados da pesquisa 2017
Cada pessoa tendencialmente aproxima-se mais de um extremo ou outro do
dilema. Os entrevistados obtiveram grande significância nos elementos relacionados
ao controle externo desta forma ficou evidenciado que são promissores
empreendedores. Trompenaars (1993) explica que as pessoas com tendência ao
controle externo possuem atitudes flexíveis e comprometem-se a manter a paz e a
harmonia. Cada pessoa tem sua identidade cultural, cada pessoa é única, porém com
a aproximação uma da outra resulta um grupo e deste grupo surgem os resultados.
Desta forma compreendemos porque muitas atividades funcionam em grupos e o
porquê da grande maioria precisar de grupos para funcionamento.
Após o conhecimento de cada dimensão presente do grupo pesquisado na
sequência na Tabela 10, (resultado das variáveis do SSPS consolidado em planilha)
são apresentados os resultados das variáveis encontradas na relação Dimensão
cultura X Intenção empreendedora. Foram obtidas quatro variáveis satisfatórias para
os resultados almejados e estas serão explanadas na sequência com detalhamento
de cada significância.
17,44%
82,56%
Controle Interno / Externo
Controle Interno Controle Externo
66
Tabela 5- Relações entre as variáveis dimensão cultura, intenção empreendedora
DIMENSÃO CULTURA
Universalismo
Particularismo
Coletivo
Individuo
Sentimentos
Relacionamentos
Específicas
Difusas
Status
conquistado
Status
adquirido
Sequencial
Sincrônico
Controle
interno
Controle
externo
sig sig sig sig sig sig sig sig
Intenção empreendedora
Estou preparado para iniciar
em empreendimento
0,76 0,97 0,11 0,50 0,016* 0,054 0,79 0,68
Eu consigo desenvolver um
projeto empreendedor com
ideias inovadoras
0,99 0,79 0,10 0,25 0,07 0,88 0,16 0,53
Sinto-me atraído ou
determinado com a ideia de
ser um empreendedor
0,56 0,21 0,49 0,03* 0,037* 0,57 0,36 0,43
Ser empreendedor me traria
satisfação
0,40 0,31 0,30 0,016* 0,11 0,37 0,51 0,39
Significativo quando p≤0,05.
Na dimensão específicas e difusas da cultura em relação a intenção
empreendedora, os resultados significantes foram, p<0,03 para (Sinto-me atraído ou
determinado com a ideia de ser um empreendedor) e p<0,016 (Ser empreendedor me
traria satisfação). Esta relação apresenta-se como elemento a atitude da pessoa, que
a torna moral coerente, precisa e toma atitudes sem rodeios.
De acordo com Srour (2000, p. 29) “moral é um conjunto de valores e regras de
comportamento, um código de conduta que coletividades adotam, quer sejam uma
nação, uma categoria social, uma comunidade religiosa ou uma organização”. A ética
é uma disciplina teórica que estuda a moral. É a reflexão sobre as morais históricas e
as condutas das pessoas, desta forma entende-se que o empreendedor deve ser
provido destes elementos para o êxito nas ações.
Em relação à dimensão status conquistado X status adquirido, os resultados
foram significantes para p<0,016 (estou preparado para iniciar em empreendimento),
e p<0,037 (sinto-me atraído ou determinado com a ideia de ser um empreendedor),
em relação à intenção empreendedora. Motivações relacionadas à busca do poder
estão mais associadas à intenção empreendedora (VAGHELY; JULIEN, 2010).
A Tabela 6 a seguir nos apresentará a relação existente nas variáveis dimensão
cultura, norma subjetiva.
67
Tabela 6 - Relações entre as variáveis dimensão cultura, norma subjetiva
DIMENSÃO CULTURA
Universalismo
Particularismo
Coletivo
Individuo
Sentimentos
Relacionamentos
Específicas
Difusas
Status
conquistado
Status
adquirido
Sequencial
Sincrônico
Controle
interno
Controle
externo
sig sig sig sig sig sig sig sig
Comportamento Planejado Norma Subjetiva
Minha família me apoia para
que eu seja um
empreendedor?
0,59 0,69 0,04* 0,69 0,047* 0,10 0,37 0,11
Meus amigos me apoiam
caso eu decidisse ser um
empreendedor?
0,54 0,76 0,009* 0,12 0,06 0,75 0,14 0,32
Significativo quando p≤0,05.
Os resultados demonstraram que a norma subjetiva na perspectiva da Teoria
do Comportamento Planejado (TCP) apresentou resultado significativo para duas
dimensões “Sentimentos e Relacionamentos” com p≤0,04 e p≤0,009, “Status
conquistado e Status Adquirido” com p≤0,047. Os estudos empíricos que sinalizam
que a inclusão da percepção de controle ao lado das atitudes e das normas subjetivas
aumenta o poder de explicação da intenção empreendedora (p. ex., Ajzen, 2011;
Heidemann et al., 2011). Motivações relacionadas à busca do poder status (ter
autoridade, ser meu próprio patrão, ter liberdade, tomar decisões e ser independente)
estão mais associadas à intenção empreendedora que motivações ligadas à
criatividade e à realização pessoal. Porém é evidente que família e amigos oferecem
papel de destaque nas atitudes frente a novos comportamentos. Quanto maior o apoio
(norma subjetiva) maior será intenção de empreender.
Na sequência na Tabela 7 são apresentadas as variáveis compostas pela
dimensão cultura relacionada às características do perfil.
Tabela 7 - Relações entre as variáveis dimensão cultura e as características do perfil do entrevistado. DIMENSÃO CULTURA
Universalismo
Particularismo
Coletivo
Individuo
Sentimentos
Relacionamentos
Específicas
Difusas
Status
conquistado
Status
adquirido
Sequencial
Sincrônico
Controle
interno
Controle
externo
Sig sig sig sig sig sig sig sig
Características Perfil
Idade 0,99 0,74 0,63 0,86 0,30 0,13 0,001* 0,011*
Grupo Idade 0,08 0,74 0,001* 0,86 0,27 0,13 0,43 0,27
Gênero 0,62 0,16 0,43 1,00 0,85 0,51 0,79 0,18
Significativo quando p≤0,05.
68
Em relação a dimensão cultura e características do perfil esta pesquisa
evidenciou no Gráfico 2, a significância de p≤0,001 da dimensão cultura sentimentos
e relacionamentos em relação ao grupo de Idade. Demonstrou que existe uma forte
relação entre este grupo de idade pesquisado e a dimensão significante, visto que a
idade entre os 22 a 40 anos está propensa em relação da falta de iniciativas segundo
Veríssimo (2002).
A dimensão sentimentos e relacionamentos evidências com significância os
indivíduos que possuem intenção de empreender, nesta dimensão a razão e emoção
são obviamente combinadas segundo Trompenaars (2003). Quando o indivíduo se
expressa, tenta obter a confirmação de seus pensamentos e sentimentos na resposta
de sua audiência. Quando a abordagem é altamente emotiva estamos buscando uma
resposta emocional direta, busca-se aprovação, porém são cursados caminhos
diferentes para atingir o fim, um caminho indireto que dá apoio emocional,
dependendo do sucesso de um esforço do intelecto, e o caminho direto permite que
nossos sentimentos sobre uma posição factual sejam expressos, consequentemente
combinando sentimentos e pensamentos de uma forma diferente.
Tratando-se de um estudo da identificação cultural de alunos no Brasil, por meio
do modelo de Trompenaars, compreende-se que a cultura em si influência o modo
como as pessoas se relacionam, em suas rotinas, seus negócios seus interesses,
desta forma, a dimensão sentimentos x relacionamentos ganhou ênfase exatamente
por fazer parte do cotidiano dos pesquisados.
Trompenaars (2003) corrobora que a dimensão sentimentos e relacionamentos
é bastante percebida na Suécia, Holanda, Finlândia e Alemanha, Polônia, Itália,
França. Incorporando este dado para esta pesquisa percebe-se que existe uma forte
ligação nas origens culturais, pois a colonização da Região Sul, segundo Instituto
Nacional de Geografia Brasileira (2013), é constituída de imigrantes Alemães, Italianos
e Portugueses, desta forma é aceitável tal proporção de associação, evidenciamos
também que conforme representação gráfica identificamos que os respondentes são
mais sentimentalistas que afetuosos, assim tendem a possuir maiores intenções de
empreender.
Em cultura específicas e difusas, Trompenaars define que culturas específicas
têm uma separação muito nítida entre trabalho e vida pessoal, sendo o campo pessoal
maior que o profissional. Contrariamente, em culturas difusas as pessoas tendem a
resguardar mais o campo pessoal e profissional também, uma vez que não existe uma
69
barreira definida entre os dois, e a entrada num deles confere entrada no outro.
Percebeu-se que neste estudo a maior proporção dos entrevistados está somente
estudando e deste modo não possui conflitos entre vida profissional e pessoal. Porém
é certo que os conflitos causados por relacionamento pessoal também interferem
nesta dimensão, justamente por que limites são necessários na vida social também,
desta forma sabe-se que esta dimensão é clara em relação ao que as pessoas
pensam como por exemplo, de um professor, na sala de aula ele é professor deve-se
o respeito como tal, porém fora dela ele é um membro comum. São claros em relação
a como devem proceder com autoridades e afins. Sendo assim a intenção de
empreender pode tornar-se real e eles saberão distinguir o óbvio do necessário,
desta forma a intenção vem a calhar na maneira de pensar.
Conforme evidenciado no gráfico 7, o maior percentual foi em cultura
específica, sendo assim há uma separação entre vida particular e trabalho, desta
forma a intenção de empreender também fica mais lógica, pois conseguem almejar
seu objeto pela praticidade, pois vão direto ao ponto, pela precisão e transparência.
Em relação à cultura status conquistado e adquirido, Trompenaars (1994)
evidencia que as sociedades concedem mais status a determinados membros do que
outros, indicando que se deve prestar especial atenção a essas pessoas e suas
atividades. Enquanto algumas sociedades concedem status às pessoas com base em
suas conquistas, outras o concedem em função de idade, classe social, sexo,
instrução e assim por diante. O primeiro tipo de status é chamado status conquistado
e o segundo, status atribuído. O status conquistado refere-se ao fazer, enquanto o
status atribuído refere-se ao ser e, conforme identificação dos resultados nos gráficos,
os respondentes tendem a ser voltados ao status conquistado, creditam ser esta uma
consequência da modernização, ou seja, a chave para o sucesso econômico,
trabalham duro para garantir a estima e sua cultura. Trompenaars (1994) afirma que
desta forma a atribuição e a conquista funcionam juntas, ou seja, se complementam
e não se opõem como parece.
Em culturas sequencial e síncrono, conforme Trompenaars (1997)em uma
orientação sequencial, as atividades seriam organizadas sequencialmente, os
relacionamentos teriam um valor instrumental e o futuro seria visto como uma
sequência de episódios de sucessos e fracassos. Em uma orientação síncrona, as
atividades poderiam acontecer simultaneamente, e há uma valorização dos grupos e
redes, de fato o sincronismo obteve maior destaque, esta dimensão enfatiza a
70
liberdade, a oportunidade, as perspectivas futuras, consideram a criação um desafio
mensurável, fato nobre entre os empreendedores, é necessária está liberdade para
obter criatividade.
Na visão de Drucker (1986), o perfil empreendedor envolve características
como: a busca pela mudança, a visão de oportunidades, a criatividade, a inovação e
a aceitação de riscos e incertezas relacionados aos negócios. Esta dimensão
evidenciou que existe de fato a intenção de empreender.
Dessa forma, é evidente que cultura é o entendimento, a forma e o
comportamento que se dá por meio de crenças, pensamentos e valores que se dão
pelo processo da observação, aceitação e disseminação inseridos em uma sociedade
que consegue sobrepor sentimentos e afetos a outras dimensões, para a realização
de seus propósitos.
Por se tratar em forma de comportamento procurou-se entender se a intenção
de empreender dentro da norma subjetiva possui alguma relevância nas dimensões
culturais.
A norma subjetiva reflete a percepção da pressão social que os indivíduos
podem sentir para executar o comportamento (AJZEN, 1991; CHUTTUR, 2009),
estando ligada também à importância do indivíduo no grupo, ou seja, aprovação ou
desaprovação do comportamento pelos outros (ZHAN; HE, 2011). Em outras palavras,
representa a percepção significativa de uma pessoa em aprovar ou desaprovar um
comportamento.
A intenção de executar um comportamento é a causa próxima de tal
comportamento. Intenções representam componentes motivacionais de um
comportamento, isto é, o grau de esforço consciente de que uma pessoa irá exercer
um comportamento, ou seja, indicações de facilidades ou dificuldades que a pessoa
está disposta a enfrentar, nesse caso pode-se identificar com facilidade que os alunos
que possuem uma intenção sentem-se inquietos com opiniões alheias (norma
subjetiva) que possam influenciar na busca dos desejos por eles pretendidos.
A influência da família e os aspectos referentes à personalidade e a escolha
profissional, são destacados por Bee (1997). Segundo a autora, por influência dos
pais, os valores familiares interferem na escolha profissional dos jovens,
independentemente da classe social, os pais que valorizam as conquistas.
71
Nota-se ainda que a norma subjetiva está diretamente ligada a dimensão afetos
e sentimentos onde nos relacionamentos entre as pessoas razão e emoção
desempenham um importante papel.
Deste modo, sugere-se que as atitudes relacionadas à norma subjetiva que
possuem conexão na intenção de empreender afetarão positivamente a atratividade
pessoal de iniciar o próprio negócio, e alguns estudos têm concluído que as atitudes
desempenham o papel mais importante na explicação das intenções (PAÇO et al.,
2011).
Então buscou-se identificar se o status afeta positivamente a intenção de
empreender e identificar se haveria relação da dimensão cultural, conquista x
atribuição e a intenção empreendedora.
Para Trompenaars (2011), o “status alcançado” refere-se a fazer, o “status de
atribuição”, refere-se a ser. Algumas sociedades concedem status às pessoas com
base na conquista, outras concordam com status de idade, classe, gênero, educação
(atribuição).
Percebe- se que a ponderação das pessoas é avaliada com base em suas
ações e desempenhos e derivam seu status social e profissional do que elas
conquistaram. Dessa forma o status alcançado deve ser comprovado por várias
vezes, maioria das pessoas tendem a reconhecer, valorizar e recompensar o bom
desempenho apropriado e uso de títulos somente quando relevante.
Como as pessoas acreditam que você deve ser valorizado por quem você é,
títulos e credenciais são os mais importantes, porém, é fato que conquista e atribuição
desenvolvem-se em conjunto, pois as atribuições normalmente atribuem não apenas
o status, mas o sucesso futuro, nesse caso em especial é necessário conciliar as duas
para que os projetos de empreendedorismo possuam qualidade tanto ao ser quanto
ao ter. Nessa pesquisa identificou-se que o status conquistado é o que teve maior
inclinação. Pode-se tratá-lo então que o sucesso que é adquirido pela conquista é um
desejo de realização pessoal.
McClelland (1988) identificou três tipos de necessidades motivacionais: a
necessidade de realização, a necessidade de autoridade e poder e a necessidade de
afiliação (ou relações de amizade). Dentre os vários tipos de necessidades
motivacionais, McClelland (1972) percebeu que a necessidade de realização
encontra-se estreitamente ligada ao empreendedorismo, revelando que elevados
índices de “necessidade de realização ” devem fazer as pessoas particularmente
72
interessadas e aptas para um negócio, porque os negócios requerem pessoas que
tomem riscos moderados, assumam responsabilidades pessoais pela sua
performance, tomem especial atenção ao feedback em termos de custos e lucros e
encontrem maneiras novas e inovadoras de fazerem um novo produto ou serviço.
Desse modo, o status conquistado em evidência corrobora ao respondente
forte ligação à atitude de empreender visto que a mesma tem interesse particular pelo
sucesso. O sucesso individual é a experiência de alcance dos objetivos pessoalmente
significativos para o indivíduo, ao invés daqueles que são estabelecidos pelos pais,
colegas, organizações ou a sociedade (MIRVIS; HALL, 1994). Portanto, a
necessidade da conquista se faz presente nos respondentes trazendo a eles uma
evidência do sucesso.
Reconhece-se, assim, que os mecanismos capazes de ativar a criatividade, a
liderança, o respeito aos direitos individuais e às regras sociais, a inventividade, são
essenciais tanto para a formação quanto para a consolidação de uma cultura favorável
à inovação e, portanto, à prosperidade econômica e social.
73
5 CONCLUSÃO
Os papeis da inovação e do empreender na economia brasileira são os
mesmos para qualquer economia capitalista e, portanto, é fundamental compreender
as dimensões culturais presentes nestes para assim entender as motivações na
intenção de empreender.
No grupo de entrevistados percebeu-se que a dimensão relacionada a norma
subjetiva comprova de fato o sentimentalismo, desta forma percebe-se que muitos
entrevistados ainda sofrem influência de pessoas próximas para dar continuidade aos
sonhos, fato este comprovado na norma subjetiva, (que auxilia na motivação para
concretizar e/ou buscar novos objetivos profissionais), nota-se que a família e os
amigos apresentam forte influência no incentivo à intenção de empreender, quando
são relacionados com a variável sentimento, relacionamentos que justamente nos
aponta que o componente cultural emocional discute abertamente e expressivamente
do que sentem e estão a pensar .
Em relação a intenção empreendedora com base nos grupos de idade afirma-
se que o grupo B faixa etária 22-40, precisa de uma orientação para conseguir
concretizar suas ideias empreendedoras, sabendo que o status proporciona
autoestima, porém não lhe permite segurança, justamente pelo fato de que a intenção
empreendedora está diretamente ligada às características como autoconfiança. Esta
característica pessoal é considerada um dos fatores que impulsionarão o indivíduo a
empreender diante dos fatores externos culturais, sociais, econômicos, políticos,
demográficos e tecnológicos. Da mesma forma, pode-se perceber que os
entrevistados estão propensos à cultura do particularismo versus universalismo,
dimensão distante do grau de significância, de certa forma possuem uma dificuldade
nas relações profissionais e pessoais. Em relação à dimensão específica, tornou-se
evidente que a grande maioria tem uma separação bem definida da vida pessoal e de
outras relações, fato este que demonstra um foco em relação às atividades
profissionais, mensurando assim uma característica forte em relação à intenção
empreendedora.
Do ponto de vista prático os resultados e o modelo proposto apresentam de
forma menos robusta a busca por respostas concretas, especialmente as medidas
utilizadas para potencializar as dimensões culturais nestes entrevistados.
74
Não obstante faz-se aqui uma crítica em relação as políticas públicas, sabe-se
e a importância de diagnosticar fatores culturais para o desenvolvimento econômico e
cultural das regiões. As políticas públicas deveriam servir como mecanismos que
lidam com desigualdades referentes a grupos específicos de uma população cultural.
Desenvolvendo programas específicos que fomentem o empreendedorismo para
grupos sociais em sua dimensão cultural ali diagnosticada. Estes programas de
estímulo tendem, normalmente, a incrementar o empreendedorismo e por sua vez a
economia da região. O fator cultura não deve ser despercebido diante de estudos
empíricos que comprovam sua essência.
Para os trabalhos futuros sugere-se um estudo que comprove a eficiência da
norma subjetiva e a dimensão cultura no empreendedor, pois este já demonstrou sua
eficiência em quem possuem a intenção.
75
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APÊNDICE A - ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA APLICADO OS
ACADÊMICOS DA UnC
Universidade do Contestado –UnC Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional. Questionário aplicado nos discentes da UnC. 1. Campus que está matriculado: ( ) Canoinhas ( ) Concórdia ( ) Curitibanos ( ) Mafra ( ) Porto União ( ) Rio Negrinho 2. Gênero: ( ) Feminino ( ) Masculino 3. Idade: _________ 4. Cidade que reside:____________ 5. Curso que frequenta:__________ 6. Ocupação profissional: ( ) Autônomo ( ) Aposentado ( ) Empregado de empresa privada ( ) Servidor Público ( ) Somente Estudante ( ) Nenhum acima citado 7. Empreendedorismo Regional - Em sua opinião: O Empreendedorismo Contribui para o Desenvolvimento Regional? Assinale uma opção abaixo:
Discordo plenamente
Discordo parcialmente
Não concordo nem discordo
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
Grau de concordância
8. Teoria do Comportamento Planejado, Intenção de empreender - Por favor, atribua um grau de concordância / discordância para cada uma das próximas questões:
Discordo plenamente
Discordo parcialmente
Não concordo nem discordo
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
Minha família me apoia para que eu seja um empreendedor?
Meus amigos me apoiariam caso eu decidisse ser empreendedor?
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Estou preparado para iniciar empreendimento?
Eu consigo desenvolver um projeto empreendedor com ideias inovadoras?
Sinto-me atraído ou determinado com a ideia de ser um empreendedor?
Ser empreendedor me traria satisfação?
9. Dimensão Cultura - Você é passageiro de um carro dirigido por um grande amigo. Ele atropela um pedestre. Você sabe que ele estava andando a pelo menos 110 km por hora numa área da cidade em que a velocidade máxima permitida é 50 km por hora. Não há testemunhas. Seu advogado diz que se você depuser sob juramento, que ele estava dirigindo a apenas 50 km por hora, pode livrá-lo de sérias consequências. Que direito tem seu amigo de esperar que você o proteja? ( ) Como amigo, ele tem todo o direito de esperar que eu testemunhe em favor da menor velocidade. ( ) Como amigo, ele tem algum direito de esperar que eu testemunhe em favor da menor velocidade. ( ) Como amigo, ele não tem nenhum direito de esperar que eu testemunhe em favor da menor velocidade. 10. O que você acha que faria em vista das obrigações de uma testemunha sob juramento e da obrigação para com seu amigo? ( ) Testemunharia que ele estava dirigindo a 50 km por hora. ( ) Não testemunharia que ele estava dirigindo a 50 km por hora. 11. Duas pessoas estavam discutindo sobre como os indivíduos poderiam melhorar a qualidade de vida. Assinale a opção que melhor lhe representa: ( ) Uma disse: “É Óbvio que, se os indivíduos tivessem o máximo de liberdade possível e o máximo de oportunidade para se desenvolver, a qualidade de sua vida melhoraria consequentemente. ( ) A outra disse: “ Se os indivíduos cuidassem sempre de seus semelhantes, a qualidade de vida melhoraria para todos, mesmo se comprometesse a liberdade e o desenvolvimento pessoal. 12. Se você se sentisse chateado com alguma coisa no trabalho, expressaria abertamente seus sentimentos. Atribua o grau de concordância:
Nunca Raramente As Vezes Frequentemente Sempre
Grau de concordância
13.Um chefe pede a um subordinado que o ajude a pintar sua casa. O subordinado, que não está disposto a fazê-lo, discute a situação com um colega. Qual das duas situações melhor representa o seu modo de pensar: ( ) O colega argumenta: “Você não precisa pintar a casa se não quiser”. Ele é seu chefe no trabalho. Fora do trabalho, não tem a mínima autoridade. ( ) O subordinado argumenta: “Apesar de não querer, vou pintar a casa. Ele é meu chefe e não se pode ignorar esse trabalho extraordinário.
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14. Classifique na escala a seguir: Discordo
plenamente Discordo parcialmente
Não concordo nem discordo
Concordo parcialmente
Concordo totalmente
A coisa mais importante na vida é pensar e agir da forma que mais se adapta ao nosso verdadeiro jeito de ser, mesmo que você não consiga fazer as coisas.
O respeito a uma pessoa depende muito de nossa ascendência familiar.
15.Pense no passado, no presente e no futuro como círculos. Selecione a opção que melhor te representa:
16. Selecione a afirmação, que segundo seu ponto de vista, melhor representa a realidade. ( ) Vale a pena tentar controlar forças naturais importantes, como o tempo. ( ) A natureza deve seguir seu curso, devemos apenas aceitar seu desenvolvimento e fazer
o melhor possível.
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ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
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