Download - Torno mecânico
O TORNO MECÂNICO
1.0 – Introdução:
As ferramentas foram a maneira que o homem encontrou para ampliar a força e
destreza do seu corpo. As máquinas possibilitaram a multiplicação destes princípios por
milhões de vezes.
O Torno foi provavelmente uma das primeiras tecnologias desenvolvidas para a
produção em grande escala. Com ele (na antiguidade) uma pessoa poderia sem maiores
dificuldades, produzir recipientes para toda uma comunidade.
Chamado de Máquina Ferramenta Fundamental, foi a partir dele que se
originaram todas as demais ferramentas, o Torno pode executar maior número de
operações que qualquer outra máquina ferramenta.
O Torno executa qualquer espécie de superfície de revolução uma vez que a
peça que se trabalha tem o movimento de avanço e translação. Permite usinar qualquer
obra que deva ter seção circular e combinações de tais seções. O trabalho abrange obras
como eixos, polias, pinos e todas as espécies de roscas.
Além de tornear superfícies cilíndricas externas e internas, o Torno poderá
usinar superfícies planas no topo das peças, facear, abrir rasgos ou entalhes de qualquer
forma, ressaltos e golas, superfície cônicas, esféricas e perfiladas. Qualquer tipo de peça
roscada, interna ou externa, pode ser executada no Torno. Além dessas operações
primárias ou comuns, o Torno pode ser usado para furar, alargar, recartilhar, enrolar
molas, etc. o Torno também pode ser empregado para polir peças empregando-se uma
lima fina, lixas etc.
Fig. 1: Torno Mecânico Horizontal
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2.0 – Histórico:
O uso do Torno foi identificado por arqueólogos na fabricação de cerâmicas
datadas de mais de 3000 anos de existência.
Desenhos Egípcios mostram oleiros trabalhando com Tornos a mais de 2000
anos antes de nossa era.
Fig. 2: “Torno” primitivo Fig. 3: Torno Oleiro
Os primeiros Tornos, dignos desse nome, tinham barramento de madeira e
transmissão por correias de couro. Os mecanismos eram acionados por pedais,
semelhantes às máquinas de costura manuais inspirados por Leonardo D’Vinci.
Fig. 4: Torno tipo “máquina de costura”. Fig. 5: Detalhe do acionamento.
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No fim do século XVIII, os fabricantes de armas para batalhas (cruzadas),
começaram a desenvolver interesse por diversos materiais metálicos, originando
dispositivos mecânico para fabricação de suas armas e ferramentas.
Um Torno mecânico era ajustado antigamente pelo ferramenteiro que utilizava
um conjunto de procedimentos mentais e manuais. Necessitando de outro tipo de peça,
era preciso reajustar todo o equipamento novamente.
Com a chegada da energia elétrica no final do século XIX surge o motor elétrico,
que trouxe junto com a revolução industrial inglesa, o aperfeiçoamento do Torno e de
diversas máquinas no século XX.
Fig. 6: Torno da época da 2ª guerra.
Depois da introdução da informática, a união das funções do Torno e dos
computadores numa mesma máquina (torno de comando numérico computadorizado),
permitiu que todos os procedimentos do ferramenteiro sejam feitos automaticamente
pelo Torno. Basta para isso que o programador dê os comandos e as medidas da nova
peça.
Fig. 7: Estação CNC
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3.0 – Tornos Mecânicos:
Para poder atender às mais variadas necessidades da técnica moderna, os fabricantes
oferecem uma grande variedade de Tornos, que diferem entre si nas dimensões,
características e formas construtivas, adequando-se as necessidades individuais para a
execução de uma determinada tarefa.
A escolha de um modelo de Torno deve levar em conta os seguintes fatores:
Dimensões das peças a produzir;
Formas das mesmas;
Quantidades de peças a produzir;
Possibilidade de obter as peças diretamente de barras e perfis;
Grau de precisão e acabamento exigido.
3.1 – Classificação dos Tornos Mecânicos:
3.1.1 – Horizontais: São os mais comuns e mais utilizados frequentemente.
Por apresentarem dificuldade e demora na troca das ferramentas, não atingem grandes
produtividades, não são adequados para produções em série.
Muito utilizados em serviços de manutenção, onde normalmente se trabalha uma única,
ou poucas peças.
Fig. 8: Modelo de Torno Mecânico atual.
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3.1.2 – Revolver: Apresenta porta ferramentas múltiplo (torre revolver). Permite dispor
variadas ferramentas em forma ordenada e sucessiva, o que otimiza a utilização do
equipamento, diminuindo consideravelmente o tempo de confecção da peça.
Fig. 9: Detalhe “porta-ferramentas” do Torno Revolver.
3.1.3 – Copiadores: Permitem obter peças com forma de sólidos de revolução de
qualquer perfil. Para poder realizar estes trabalhos é necessário que a ferramenta esteja
animada de dois movimentos simultâneos: um de translação, longitudinal e outro de
translação transversal, em relação à peça que se trabalha.
Fig. 10: Mecanismo “apalpador” de um Torno Copiador
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3.1.4 – De placas: Utilizados para tornear peças curtas e de grande diâmetro, tais como
polias, volantes, rodas, etc.
Fig. 11: Torno de Placas.
3.1.5 – Verticais: Com eixo de rotação vertical, são empregados para tornear peças de
grande porte, como volantes, polias, rodas dentadas, etc., a qual por seu grande peso, se
pode montar mais facilmente sobre a plataforma redonda horizontal que uma plataforma
vertical.
Fig. 12: Torno Vertical.
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3.1.6 – De Produção ou Corte Múltiplo: Servem para atender as necessidades da
produção, aumentando a quantidade de peças e diminuindo o custo da produção. É
provido de dois carros, um anterior (com movimento longitudinal) e outro posterior
(com movimento transversal). Os dois carros são providos de porta ferramentas e
trabalham simultaneamente com avanço automático.
Fig. 13: Ex. ferramentas múltiplas em um Torno de Produção.
3.1.7 – Automáticos: São máquinas automáticas, nas quais todas as operações são
realizadas sucessivamente, uma após outra. Um só operário pode atender a vários
Tornos Automáticos, uma vez que o trabalho se resume a carregar o material na
máquina.
Fig. 14: Torno Automático.
3.1.8 – Semi-automáticos: Os Tornos Semi-automáticos são apropriados especialmente
para usinar peças de origem fundida, forjadas ou estampadas. Exige a colocação manual
da peça bruta no dispositivo de usinagem, mas o restante do processo e todo automático.
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3.2 – Tornos Especiais:
3.2.1 – Detaladores: São Tornos construídos especialmente para esse fim ou pode-se
aplicar um carro transversal especial nos Tonos comuns.
Empregados para arrancar material dos dentes das fresas e machos dos quais se exige
perfil constante de corte.
3.2.2 – Repetidores: Usados na produção em série de peças obtidas por rotação em
torno de seu eixo. Tais Tornos são denominados de repetição porque as peças são
colocadas uma de cada vez na pinça.
3.2.3 – Comando Numérico Computadorizado (CNC): É a integração do antigo
Torno Mecânico com um comando computadorizado.
Permite a comunicação do computador com a máquina, possibilitado que as
peças saiam “direto do desenho”, para a estação de usinagem.
O controle numérico é um sistema que interpreta um conjunto de instruções pré-
gravadas, codificadas em alguns formatos simbólicos, permitindo a máquina executar as
instruções e ainda verificar os resultados para que a precisão seja mantida.
Apresenta menor tempo de confecção das peças, excelente precisão, maior
rendimento e flexibilidade, permitindo a usinagem de formatos complicados e variados.
Tem como pontos negativos o alto custo de investimento, operador qualificado e
problemas de programação.
Fig. 15: Estação CNC.
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4.0 – Características e componentes:
Os Tornos variam em tamanho e modelos, conforme as dimensões e
características das peças a serem trabalhadas; a escolha de acessórios nos permite
realiza os mais diferentes processos.
O tamanho de um Torno Mecânico é baseado sobretudo em duas dimensões:
O diâmetro máximo que pode ser usinado entre pontos (A) e o comprimento
aproximado da maior obra a ser usinada entre centros (B).
O diâmetro máximo que pode ser usinado entre pontos ou centros é igual a duas
vezes a distância do ponto à parte mais alta do barramento ou das guias. Não confundir
com a altura do ponto sobre o barramento.
O comprimento do barramento (C) é muito maior do que a distância entre
pontos, mesmo com o cabeçote móvel na sua extrema direita.
Fig. 16: Principais dimensões.
4.1.0 – Componentes essenciais:
O Torno compõe-se essencialmente das seguintes partes:
• Barramento;
• Cabeçote fixo;
• Cabeçote móvel;
• Carro porta-ferramenta;
• Caixa de mudanças.
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Fig. 18: Detalhe do Trilho.
4.1.1 – Barramento: Para deslizamento do carro em seu movimento longitudinal é
preciso dotar o tomo de superfícies planas rígidas, isto é, de trilhos paralelos que
constituem o barramento do Torno.
O barramento ou banco do Tomo é uma peça de ferro fundido resistente, em que assenta
o Torno. Na parte superior do barramento há as guias prismáticas ou planas.
Os trilhos têm por finalidade:
1) criar uma direção geral de colocação dos cabeçotes Fixo e móvel, como um eixo
ideal comum para o eixo de trabalho (de um lado flange, órgãos de centragem, ponta -
de outro, a ponta do cabeçote móvel);
2) fornecer um guia apropriado a suportar pressões e resistente ao desgaste, à
ferramenta, cujo avanço longitudinal deve ser perfeitamente paralelo à direção criada
pelo eixo ideal do eixo de trabalho, ou as pontas.
Os trilhos prismáticos em "V" têm-se mostrado os mais úteis e rigorosos para
barramentos de Tornos e têm sido aceitos pela maioria dos mais eminentes fabricantes
de máquinas ferramentas, pois resistem melhor à força resultante originada pelas forças
FP (principal) é FR (radial de corte).
Fig. 17: Barramento.
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4.1.2 – Cabeçote Fixo: O cabeçote fixo é uma peça maciça, em ferro fundido, que serve
para alterar a velocidade de rotação da peça.
Através da combinação de polias ou engrenagens (de diferentes diâmetros), é possível
modificar a velocidade e o torque no cabeçote conforme as necessidades do trabalho
realizado. Alem disso, o Cabeçote fixo possui um dispositivo de inversão, que permite
alterar o sentido de rotação (Inversor).
4.1.3 – Cabeçote móvel: O Cabeçote móvel não se relaciona com o sistema de
acionamento da máquina. Colocado sobre o barramento em frente do cabeçote fixo, tem
por finalidade dar apoio ao material a ser usinado, ou em outros casos, suportar e guiar
ferramentas de corte. É composto pelas seguintes peças:
Base: é uma placa de ferro fundido, que se assenta nas guias do barramento;
Corpo: é um suporte de construção sólida para o alojamento de um cilindro que
se encontra rigorosamente alinhado com a árvore do cabeçote fixo.
Mangote: Tubo cilíndrico, (provido de porca), que se desloca axialmente dentro
do cabeçote;
Dispositivo de fixação: Serve para fixar a base no barramento.
Permite que o Cabeçote móvel seja deslocado ao longo do barramento.
Fig. 19: Vista esquemática, Cabeçote Fixo.
Fig. 20: Cabeçote Móvel.
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4.1.4 – Carro principal: O Carro principal - (f) possui deslocamento longitudinal,
(manual ou automático), transportando os demais conjuntos (d) - torre porta-ferramenta,
(e) - carro transversal, (i) - carro porta-ferramenta.
No modo automático, o carro principal é utilizado para “abrir roscas” (filetar, rosquear).
4.1.5 – Carro transversal: O carro transversal – (e) pode se movimentar
transversalmente ao barramento. Ele é montado encima do Carro principal – (f), em um
dispositivo chamado Sela. Sobre a Sela está montada a guia do carro transversal com o
mecanismo de avanço.
Obs.: Em alguns Tornos, o avanço do carro transversal dispõe do modo automático.
4.1.6 – Carro porta ferramenta: O Carro porta ferramentas –(i), também possui
dispositivo de avanço (manual) e está fixado encima do carro transversal – (e), através
de um dispositivo chamado Limbo Graduado.
O Limbo Graduado permite variar o ângulo da ferramenta em relação à peça.
4.1.7 – Torre porta ferramentas: Acima do Carro porta ferramentas – (i), há a Torre
porta ferramentas – (d), que também pode girar em torno de seu eixo.
Na Torre porta ferramentas, prende-se a ferramenta ou os seus cabos (quando se
trabalha com Bit) por intermédio de um parafuso.
Obs.: As manivelas de avanço transversal e longitudinal possuem colares graduados
que auxiliam nos avanços de corte e profundidade.
Fig. 21: Carro Principal
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Tais colares permitem saber a quantidade de avanço aplicada.
4.1.8 – Caixa de mudanças: São mecanismos que servem para o acionamento dos
avanços longitudinais, transversais e da árvore de um Torno.
Fazendo-se a combinação de polias (através de coréias) e engrenagens, é possível
modificar as velocidades.
É um tanto demorado, pois o equipamento deve ser parado, as velocidades calculadas e
as polias e/ou engrenagens recombinadas.
Como as forças necessárias ao acionamento do avanço são menores do que as exigidas
para o desbaste, os mecanismos das caixas de mudança são mais leves e empregam, às
vezes, dispositivos diferentes dos que se encontram nos cabeçotes.
4.1.9 – Caixa Norton: é uma caixa de mudança rápida, serve para proporcionar avanços
mecânicos e passos de roscas com economia de tempo. Ao invés de calcular e colocar as
engrenagens da grade, apenas é preciso mudar a posição de certas alavancas. Estas
alavancas acionam uma série de engrenagens, de cuja combinação depende o avanço do
carro.
Fig. 22: Caixa de Mudança Rápida
Fig. 23: Vista esquemática da caixa de Mudança.
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5.0 – Acessórios do Torno:
5.1 – Placa Universal: Acessório que tem por objetivo fixar o material a ser trabalhado
usando um sistema de castanhas, que se movem simultaneamente, pela ação de uma
chave a ser introduzida em um dos furos.
As castanhas fixam peças de seção circular ou poligonal regular e podem ser invertidas
para segurar por fora ou por dentro da peça.
5.2 – Placa de castanhas independentes: Um outro tipo de placa muito comum. Pode
ter 3 ou 4 castanhas ajustáveis entre si, por meio de uma chave, que aciona um parafuso
sem fim que comanda seu deslocamento. Este tipo de placa permite fixar peças de
formas variadas e centrar com precisão desejada qualquer ponto da peça. As castanhas
podem ser retiradas e colocadas em posição inversa, permitindo centrar pela parte
interna as peças desejadas.
5.3 – Placa de arrasto: é uma placa simples provida de um rasgo no qual se entrosa o
grampo do cavalinho que torna a peça solidária à árvore de trabalho, transmitindo o seu
movimento de rotação
Fig. 25: Placa de Arrasto.
Fig. 24: Placa universal.
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5.4 – Placa lisa: fornece uma superfície plana para apoio de peças de forma irregulares.
A placa lisa tem várias ranhuras que permitem a utilização de parafusos para fixar a
peça.
5.5 – Ponto: São cones de aço temperado (normalmente rotativos), que são empregados
para apoiar a peça na extremidade (em um furo de centro previamente aberto) e impedir
ela saia de centro devido aos esforços da usinagem.
Fig. 27: Ponto.
5.6 – Luneta: Ao tornear peças compridas e delgadas, o grande vão entre pontos produz
vibrações e flexões, o que torna impossível uma usinagem precisa. Para contornar este
problema, aplica-se a peça um dispositivo chamado Luneta, que alem de garantir a
estabilidade, permite, através do ajuste de parafusos, a centragem da peça de forma
eficiente.
Fig. 26: Placa Lisa.
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Fig. 28: Luneta.
5.7 – Mandril: São pequenas placas universais de três castanhas mais comumente
conhecidas como mandris ou buchas universais que são utilizadas para fixar brocas,
alargadores, machos e peças cilíndricas de pequeno diâmetro.
Fig. 29: Mandril e chave de Mandril.
6.0 – Ferramentas: Para realizar um trabalho de qualidade e precisão, é indispensável à
utilização de ferramentas bem apoiadas, centradas, com o gume de corte afiado e
geometria adequada ao trabalho e material a ser usinado.
6.1 – Ferramentas de desbaste: Utilizadas para retirar material da peça, possuem
formas de ponta variada, conforme o trabalho a ser realizado.
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6.1.1 – Podem ser classificadas conforme a “dureza”.
6.1.2 – Tipos de ferramentas:
Fig. 30: Ex. de ferramentas: a) aço rápido; b) metal duro; c) pastilha; d) incerto.
Dur
eza,
Res
istê
ncia
ao
Des
gast
e
Tenacidade, Resistência à Flexão
DIAMANTE
CBN
CERÂMICAS
CERMETS
Metal-duro revestido
Metal-duro
Aço-rápido
FerramentaIdeal
Aço-rápido revestido
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6.1.3 – Nomenclatura das faces de uma ferramenta do tipo simples:
Fig. 31: Nomenclatura das faces da ferramenta.
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6.1.4 – Ângulos que caracterizam as ferramentas de corte:
α – ângulo de incidência ou de folga;
β – ângulo do fio, do gume ou da cunha;
γ – ângulo de saída ou de ataque;
δ – ângulo de corte;
κ – ângulo de orientação ou de posição, ou de rendimento;
ε – ângulo da ponta ou de perfil;
λ – ângulo de inclinação.
6.2 – Bedame: Usado para sangrar ou para produzir rasgos de seção retangular e muitas
vezes, para tornar vivos os cantos arredondados deixados por ferramentas comuns.
Fig. 32: Bedame e porta-bedame.
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6.3 – Brocas, broca de centro, alargadores, brocas de roscas, etc.
Para podermos executar as diversas operações possíveis num Torno, contamos
com ferramentas especializadas:
7.0 – Operações Fundamentais:
7.1 – Cilindrar ou carrear: Operação obtida pelo deslocamento da ferramenta
paralelamente ao eixo da peça.
Para tornear externamente, sempre que possível avançar o carro da direita para a
esquerda, isto é, no sentido do cabeçote fixo, a fim de reduzir a pressão sobre a contra
ponta.
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Nesse caso, que é o mais comum, usar-se uma ferramenta à direita, o desbaste
deve ser tão profundo quanto a ferramenta e o torno o permitirem e é feito até que fique
uma espessura de material de 0,2 a 0,7 mm para o acabamento (o diâmetro da obra deve
ser verificado após cada passe).
O acabamento da peça requer, usualmente, uma ferramenta de bico arredondado
( r ≈ 1 a 2 mm ). A peça é acabada com um ou mais cortes pouco profundos e de
pequeno avanço, geralmente com maior rotação do que para desbastar.
Fig. 33: Ex. cilindragem externa. Fig. 34: Ex. cilindragem interna
7.2 – Rosquear ou Filetar: É a operação que consiste em abrir rosca em uma superfície
externa de um cilindro ou cone e no interior de um furo do mesmo tipo. Pode-se utilizar
uma ferramenta de usinagem com ângulos de corte adequados para a rosca pretendida,
empregando-se o avanço automático do Torno para “espaçar” os filetes na distância
adequada (existem tabelas de avanço para cada tipo de rosca). A rosca também pode ser
executada com machos e tarraxas, empregando-se o próprio Torno como apoio.
Fig. 35: Ex. Filetagem externa. Fig. 36: Ex. Filetagem interna.
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7.3 – Facear: Operação que tem como objetivo nivelar a face do tarugo a ser
trabalhado. É obtida pelo deslocamento da ferramenta, normalmente ao eixo de rotação
da peça.
Fig. 37: Exemplo de Faceamento.
7.4 – Sangrar ou cortar: Consiste em cortar uma peça, no torno, com uma ferramenta
especial chamada Bedame.
Fig. 38 e 39: Ex. de corte com Bedame.
7.5 – Tornear cônico: Existem alguns métodos para se tornear um cone. Um deles é a
operação obtida pelo deslocamento da ferramenta obliquamente ao eixo da peça.
Fig. 40: Torneamento Fig. 41: Torneamento
cônico externo cônico interno.
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7.6 – Mandrilar: O mandrilamento, também conhecido como mandrilagem ou
broqueamento, pode ser cilíndrico, cônico, radial ou esférico.
Pelo mandrilamento pode-se conseguir superfícies cilíndricas ou cônicas, internas, em
espaços normalmente difíceis de serem atingidos, com eixos perfeitamente paralelos
entre si.
Fig. 42: Ferramenta de Mandrilar. Fig. 43: Ex. de mandrilamento.
7.7 – Detalonar: operação executada para obter dentes de perfil constantes nas fresas,
machos, etc. a operação de detalonar pode ser obtida em torno especial. No torno
comum esta operação pode ser feita provido de um carro especial.
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7.8 – Recartilhar: operação obtida quando se desejam tornar uma superfície áspera,
como cabos de ferramentas, usando-se uma ferramenta que possa imprimir na superfície
a forma desejada.
Fig. 44: Recartilho de linhas, recartilho de retângulos, recartilho de losangos.
8.0 – Análise de custos:
No mercado competitivo de hoje é cada dia mais importante uma perfeita análise
de custos para composição dos valores finais dos produtos.
Se você não é “amigo” de um deputado, para ter seus produtos “subsidiados”, ou
não está instalado em um país com mão de obra escrava e custos reduzidos, certamente
você já sentiu a necessidade de saber perfeitamente os custos da produção.
Colocando produtos no mercado, com preços superiores aos dos concorrentes,
provavelmente você não vai vender; em contrapartida, se as mercadorias forem tão
baratas que não lhe tragam uma certa rentabilidade, você acabara “quebrando”.
Vamos supor que os seus concorrentes paguem os mesmos impostos, encargos,
salários, etc...isto é, tenham o mesmo custo que você.
Como fazer para que seu lucro líquido seja superior?
Primeiramente cortando o desperdício e otimizando sua produção.
Se você for razoavelmente organizado para analisar os processos de fabricação,
estoque, tempos de manufatura, etc...você poderá reduzir significativamente os custos e
se tornar mais competitivo.
8.1 – Velocidades de corte e avanço:
A velocidade de corte depende da dureza, da resistência, da plasticidade do
material com o qual se deseja trabalhar e da forma da ferramenta e de sua dureza e alem
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disto também depende do avanço, da profundidade de corte e da refrigeração da
ferramenta (Obs.: Ferramentas modernas não utilizam mais a refrigeração).
As resistências do material que se vai trabalhar são fornecidas pelo fabricante,
mas de antemão, é sempre preferível ensaiar alguns corpos de prova para checar estas
informações.
Uma refrigeração adequada é fundamental para garantir a “vida” da ferramenta.
Uma ferramenta aquecida em excesso (a menos que seja uma ferramenta especial),
acaba perdendo suas propriedades de corte ou até mesmo quebrando.
Qualquer perda de tempo para troca/afiação de ferramentas, agrega maiores
custos à produção.
Para calcular a velocidade de corte e avanço, existem tabelas dos mais variados
materiais, ferramentas e processos.
Exemplo de velocidades tabeladas:
Ferramenta de Aço Rápido Ferramenta de Metal Duro
Material a ser
Trabalhado
Tipo de
Operação
Vel. de
Corte Avanço Penetração
Vel. de
Corte Avanço Penetração
(m/min) (mm) (mm) (m/min) (mm) (mm)
Aço macio Desbaste 20...40 1.0 8.0 50...70 1.5 10.0
Aço macio Acabamento 50...60 0.1 0.5 150...200 0.1 1.0
Aço liga Desbaste 10...20 0.8 6.0 20...40 1.0 8.0
Aço liga Acabamento 20...30 0.1 0.5 50...100 0.1 1.0
Ferro fundido Desbaste 10...20 1.5 10.0 30...50 1.5 10.0
Ferro fundido Acabamento 40...50 0.1 0.5 80...100 0.1 1.0
Metal não
ferroso Desbaste 50...70 0.5 6.0 150...220 0.5 6.0
Metal não
ferroso Acabamento 100...120 0.2 2.0 200...300 0.2 2.0
Metal leve Desbaste 80...100 0.5 6.0 200...300 0.5 6.0
Metal leve Acabamento 100...120 0.1 1.0 250...500 0.1 1.0
Plástico Desbaste 100...200 0.3 3.0 200...300 0.3 3.0
Plástico Acabamento 150...300 0.1 1.0 400...600 0.1 1.0
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8.2 – Determinação das etapas de operação:
Sempre com o objetivo de diminuir os tempos de fabricação, é importante que
você construa uma “tabela” ordenando as seqüências de usinagem das peças. Com a
prática você vai perceber que mudando a ordem de algumas seqüências, você pode
ganhar minutos preciosos que no final de um ano podem representar horas.
Exemplo de uma seqüência de usinagem:
Etapa: Operação: Descrição
1ª Corte Cortar o tarugo na medida adequada;
2ª Centragem Centrar o tarugo nas castanhas;
3ª Facear Facear uma das extremidades do tarugo;
4ª Broquear Fazer furo de centro
5ª Desbaste Tornear o tarugo até o diâmetro adequado
6ª Broquear Perfurar o tarugo utilizando broca
Etc. Etc. Etc.
CONCLUSÃO:
O Torno Mecânico é provavelmente a mais importante e versátil Maquinas
Ferramentas, pois com ele é possível executar as mais variadas obras.
Além de tornear superfícies cilíndricas externas e internas, o torno poderá usinar
superfícies planas no topo das peças, facear, abrir rasgos ou entalhes de qualquer forma,
ressaltos e golas, superfície cônicas, esféricas e perfiladas.
Vários tipos de peças roscadas, interna ou externa, podem ser executadas no
torno.
Além dessas aplicações primárias ou comuns, o torno pode ser usado para furar,
alargar, recartilhar, enrolar molas, etc., o torno também pode ser empregado para polir
peças empregando-se uma lima fina, lixas etc.
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Devido a grande variedade de aplicações, é de extrema importância ao
Engenheiro Mecânico compreender suas diversas utilizações, pois desta forma, terá em
sua mente uma visão geral dos possessos de fabricação ao projetar peças, máquinas e
equipamentos.
Um bom entendimento da manufatura com Torno, vai permitir ao Engenheiro
reduzir prazos, projetar formas adequadas (possíveis de serem executadas), antecipar
problemas de produção, etc., aumentando os lucros e reduzindo os custos.
Tendências Futuras:
Devido aos alevados custos para tratamento de afluentes e preocupações
ambientais, a tendência é o desaparecimento dos fluidos de refrigeração.
Nos processos de usinagem modernos, a cada dia encontramos mais ferramentas
com “incertos”, que trabalham a seco a elevadas velocidades.
Pesquisas apontam que o incremento na velocidade de corte é uma das melhores
maneiras de se aumentar os lucros na produção, tal ganho pode chegar até 35%, contra
5% de lucros com jornadas extras de trabalho, 3% de otimização dos estoques,
conforme palestra da SANDVIK.
Para o futuro, prevemos maquinas computadorizadas que desempenham
múltiplas tarefas com velocidades de corte a cada dia maiores.
Grandes investimentos em pesquisas de materiais e configurações de
ferramentas que sejam resistentes, previsíveis quanto ao desgaste e quebras e suportem
as grandes forças geradas nos processos modernos.
O futuro já não está tão distante pois grandes empresas, mesmo no Brasil, já
trilham este caminho.
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Bibliografia:
SODANO, E, Manual do Torneiro Mecânico, Editora Presença, 1979
FREIRE, J.M., Torno Mecânico, Editora S.A, RJ, 1984.
PADI – PROFESSIONAL ASSOCIATION OF DIVERS INSTRUCTORS - Cost
Analysis Considerations
K. SACHSE – PH. KELLE – E GOTHE (1956) – Trabajos de Taller: Guía Práctica
del Mecánico Moderno, Barcelona
BOUARD e RIU Y RIU (1977), Michel de e M. - Manual de Arqueologia Medieval:
de la prospeccion a la historia, Barcelona.
E. SODANO – Manual do Torneiro Mecânico, Segundo Volume
J.M.Freire (1986) – Fundamentos de Tecnologia Mecânica, Rio de Janeiro
J.M. Freire – Ferramentas de Recartilhar
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