TÍTULO: VERNIZES CONTENDO XILITOL OU FLUORETADOS PARA CONTROLE DA CÁRIEDENTÁRIA NA DENTIÇÃO DECÍDUA E PERMANENTE JOVEM: ESTUDO IN VITROTÍTULO:
CATEGORIA: EM ANDAMENTOCATEGORIA:
ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDEÁREA:
SUBÁREA: ODONTOLOGIASUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SULINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): EMILLY BEZERRA VIEIRA SILVAAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): CRISTIANE ALMEIDA BALDINI CARDOSOORIENTADOR(ES):
COLABORADOR(ES): TALITA VIEIRA DA SILVACOLABORADOR(ES):
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
PRÓ REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO E PESQUISA
GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
VERNIZES CONTENDO XILITOL OU FLUORETO PARA
CONTROLE DA CÁRIE DENTÁRIA NA DENTIÇÃO DECÍDUA E
PERMANENTE JOVEM: ESTUDO IN VITRO
Orientando: Emily Bezerra Vieira Silva
Orientadora: Profª Dra. Cristiane Almeida Baldini Cardoso
Projeto de pesquisa apresentado à Pró Reitoria
de Pós-Graduação e Pesquisa para realização
de Iniciação Científica.
SÃO PAULO
2017
RESUMO
O xilitol, substituto de açúcares, tem apresentado destaque nos últimos anos, devido às
suas propriedades antimicrobiana, anticariogênica e remineralizadora. Diante disso,
veículos de administração efetivos e seguros são desejáveis para o controle da cárie
dentária. Considerando-se que o verniz contendo fluoreto de sódio é uma estratégia
amplamente utilizada em Odontologia com a finalidade de controlar a cárie dentária, o
presente estudo objetiva avaliar a eficácia de um novo verniz tendo como princípio ativo
o xilitol a 20% em promover a remineralização do esmalte humano decíduo e permanente
jovem in vitro. Para tanto, será avaliado o efeito de 3 diferentes vernizes (Xilitol a 20%,
Duraphat® e verniz placebo sem xilitol ou flúor) na promoção da remineralização do
esmalte humano com lesão artificial de cárie, por meio de modelo de ciclagem de pH in
vitro (n total = 120, 20 por grupo, sendo 60 dentes decíduos e 60 permanentes jovens).
Para seleção do teste estatístico apropriado, serão checadas a normalidade (teste de
Kolmogorov e Smirnov) e homogeneidade (teste de Bartlett) dos dados. O nível de
significância adotado será de 5%.
Palavras-chave: xylitol, cárie dentária, remineralização dentária.
ABSTRACT
Xylitol, a sugar substitute, has gained attention in the last years due to its antimicrobial,
anticaries and remineralizing properties. Thus, effective and safe vehicles are desirable
for caries control. Considering that sodium fluoride varnishes are broadly employed in
Dentistry to control caries, the present study aims to evaluate the efficacy of a new varnish
having xylitol as active principle to promote the remineralization of deciduous and
recently erupted permanent teeth in vitro. For this purpose the study will assess the effect
of 3 different varnishes (Duraphat®; 20% xylitol varnish; and placebo varnish (without
fluoride or xylitol)) in promoting remineralization of the enamel lesions with artificial
caries using an in vitro pH-cycling model (total n = 120, 20 per group, 60 primary teeth
and 60 recently erupted permanent teeth). Data will be tested for normality and
homocedasticity for selection of the appropriated statistical test to be used. The
significance level will be set at 5%.
Keywords: xylitol, dental caries, dental remineralization.
1 – Problema a ser abordado (Introdução e Justificativa)
Apesar da diminuição da prevalência da cárie na população nas últimas décadas,
principalmente devido ao uso do flúor tanto na forma tópica, com enfoque ao uso de
dentifrícios fluoretados, quanto na forma sistêmica (em especial quando adicionado à
água de abastecimento público), dentre os problemas bucais que acometem a população
infantil, a cárie dentária ainda é a de maior prevalência, principalmente em crianças na
faixa dos 2-5 anos de idade (LEONG et al., 2013). E, ainda que em declínio, o Brasil é
um dos países com maior experiência de cárie no mundo (BONECKER et al., 2012).
É uma condição crônica causada pelo consumo de açúcares livres na presença de
bactérias cariogênicas indígenas. A patogênese dessa condição está diretamente associada
à produção de ácidos orgânicos, particularmente ácido lático, por microrganismos
acidogênicos e acidúricos, levando à destruição das estruturas dentárias adjacentes
(FEATHERSTONE, 2000). Embora uma variedade de bactérias esteja envolvida no
processo da doença, os Streptococcus mutans (S. mutans) - bactéria gram-positiva - tem
sido identificados como o agente patogênico primário. O desenvolvimento da cárie
dentária é um processo dinâmico, e quatro fatores precisam estar presentes interagindo
simultaneamente: carboidratos fermentáveis (açúcares provenientes da dieta); bactérias
(na placa dentária); superfícies do dente susceptíveis; tempo suficiente para que os
factores anteriores possam interagir.
Se houver tempo (devido à falta de higiene oral adequada) as bactérias irão se
acumular, aderir às superfícies dos dentes e interagir com a saliva para formar um
biofilme. Entretanto, para que esses microrganismos acidogênicos venham a participar
desse processo é necessário que os mesmos sejam capazes de aderir à superfície dentária,
contribuindo para a elaboração do biofilme microbiano, por meio da produção de
polímeros extracelulares de carboidratos, como o dextrano e mutano, que estabilizam a
adesão dos estreptococos do grupo mutans (S. mutans), os quais são intimamente
implicados na etiopatogênese do processo carioso (CLANCY et al., 2000; TANZER et
al., 2001).
A adesão desses microrganismos à superfície do dente, com subsequente
formação do biofilme, ocorre em dois estágios (GIBBONS; NYGAARD, 1968). O
primeiro é a aderência reversível da célula bacteriana à película adquirida presente na
superfície do esmalte; o segundo é a acumulação de S. mutans por meio do seu
crescimento e produção de glucanos extracelulares. A interferência na produção desses
polissacarídeos pode prevenir a fase de acumulação desses cocos acidogênicos na
superfície do elemento dentário, reduzindo o potencial cariogênico do próprio biofilme
(CIARDI; ROSENTHAL; BOWEN, 1981; KOO et al., 2002), já que a adesão inicial de
S. mutans é dependente do substrato para formação do biofilme.
O xilitol é um açúcar alcoólico presente em muitas plantas e frutas, podendo ser
usado como substituto da sacarose por possuir poder adoçante similar a este açúcar, sendo
muito utilizado como adoçante em vários produtos, principalmente em gomas de mascar
(LIF HOLGERSON et al., 2006). Estudos relatam que o xilitol pode ter inúmeras
aplicações médicas, dentre elas: nutrição intravenosa, prevenção de cáries dentárias e
infecção de ouvido médio, osteoporoses e distúrbios musculares (MÄKINEN, 2000).
O xilitol mostrou ter um papel importante na prevenção da cárie dentária, como
muitos estudos relatam uma redução nos níveis salivares de S. mutans, especialmente
devido à exposição contínua e prolongada ao xilitol por gomas de mascar (STECKSEN-
BLICKS et al., 2004; THAWEBOON; THAWEBOON; SOO-AMPON, 2004;
THORILD; LINDAU; TWETMAN, 2004). O uso do xilitol em gomas de mascar mostrou
uma diminuição da cárie entre 30 e 60% em estudos clínicos (CAMPUS et al., 2009;
ISOKANGAS et al., 1988; MILGROM et al., 2009; SOUZA et al., 2010; SPLIETH et
al., 2009).
Acredita-se que o xilitol pode interferir na produção de polissacarídeos capazes
de promover a adesão da bactéria à superfície dentária. Considerando que esse açúcar não
poderia ser usado por estreptococos cariogênicos como substrato na síntese de
polissacarídeos, pelo fato de estas bactérias não serem capazes de fermentá-lo, a formação
do biofilme seria reduzida, prevenindo-se a cárie (SCHEININ; MAKINEN, 1971;
TRAHAN, 1995). No entanto, a relevância clínica da redução dos níveis intraorais deste
microorganismo ainda não está clara (TAKAHASHI; WASHIO, 2011), assim como nem
todos os estudos confirmam o efeito inibitório do xilitol em S. mutans e consequente
redução da cárie dentária (ANTONIO; PIERRO; MAIA, 2011). Além disso, ainda há
incerteza sobre o verdadeiro mecanismo de ação do xilitol, envolvido no controle da
doença.
Um mecanismo provável da ação do xilitol é na remineralização do esmalte, como
descrito em estudos anteriores (ARENDS et al., 1984; ARENDS et al., 1990). Um estudo
envolvendo microscopia eletrônica de alta resolução e microradiografia revelou uma
maior remineralização nas camadas intermediária e profunda, em amostras de esmalte
imersos em solução de xilitol a 20%, em comparação ao controle (MIAKE et al., 2003).
A frequência de utilização do xilitol também tem sido reconhecida como mais
importante do que a sua quantidade na prevenção da cárie dentária (HONKALA et al.,
2006; THAWEBOON; THAWEBOON; SOO-AMPON, 2004). Levando-se em conta o
preço e o número de vezes que veículos como gomas de mascar devem ser usados todos
os dias para oferecer uma concentração de xilitol salivar ótima, capaz de controlar a cárie
dentária, torna-se inviável a utilização destes veículos como método preventivo
(MILGROM et al., 2006; SODERLING, 2009; SODERLING; EKMAN; TAIPALE,
2008). Por esse motivo, vernizes dentários podem ser uma boa alternativa, devido ao seu
contato prolongado com a superfície do esmalte e também por não dependerem da
aplicação ou utilização diária pelo paciente, uma vez que sua aplicação é apenas
profissional.
Considerando isto, e baseando-se em um estudo previamente realizado (Pereira,
2010) com verniz contendo 20% de xylitol que foi capaz de diminuir a contagem relativa
de S. mutans e S. sobrinus em relação aos estreptococos totais em contagem de colônias
provenientes de biofilmes bacterianos de crianças entre 5-12 anos, dois estudos recentes
in vitro e in situ realizados pelo nosso grupo de pesquisa (patente USP - Número do
registro: PI07048890), mostraram que vernizes contendo xilitol a 20% com fluoreto
foram capazes de melhorar a remineralização do esmalte em superfície, tanto quanto os
vernizes comerciais que contém fluoreto (Duraphat® e Duofluorid®). Isto pode sugerir
que o efeito foi devido ao fluoreto ao invés do xilitol, pelo mecanismo conhecido de
formação de uma camada de CaF2 na superfície do esmalte, a qual libera fluoreto durante
os desafios cariogênicos (SEPPA, 2004). No entanto, o verniz contendo 20% de xilitol
sem fluoreto, tanto no estudo in vitro (CARDOSO et al., 2014) quanto in situ (manuscrito
aceito na J Dentistry, em vias de publicação), foi capaz de melhorar a remineralização do
esmalte tanto em superfície quanto nas camadas mais profundas, o que não ocorreu com
a combinação de xilitol mais fluoreto, sugerindo que o fluoreto pode ter prejudicado a
difusão do xilitol para as camadas mais profundas e, consequentemente, inibido o seu
efeito remineralizante.
Os estudos in vitro e in situ citados foram realizados com dentes bovinos, uma vez
que era necessário elucidar inicialmente qual a melhor concentração de xilitol a ser
utilizada (10 ou 20%) e se o melhor resultado seria obtido com vernizes contendo
xilitol+fluoreto ou apenas xilitol em uma das concentrações testadas, exigindo uma
grande quantidade de dentes como substrato, ficando inviável a utilização de dentes
humanos em todas as etapas do estudo.
Como a cárie dentária tem maior prevalência na infância e adolescência,
especialmente em dentes recém erupcionados e tendo em vista que os melhores resultados
obtidos nos estudos anteriores se deram para o verniz de xilitol a 20%, comparável ao
padrão ouro Duraphat, o presente estudo tem como objetivo analisar o efeito
remineralizante de vernizes experimentais contendo 20% de xilitol sem flúor, em
comparação ao verniz fluoretado comercial padrão ouro Duraphat, em dentes decíduos e
permanentes recém erupcionados, tanto in vitro quanto in situ.
2 – Objetivo
Avaliar a eficácia de um novo verniz tendo como princípio ativo o xilitol a 20%
em promover a remineralização do esmalte humano decíduo e permanente jovem in vitro
3 – Metodologia a ser empregada
O projeto será submetido ao comitê de ética local para apreciação, por meio da
plataforma Brasil.
O verniz de xilitol em estudo será preparado pela indústria Dentscare (fabricante
dos produtos FGM) tendo sua base (veículo) idêntica a do verniz já comercializado pela
empresa (Duofluorid® XII). A indústria, a nosso pedido, não acrescentará os fluoretos de
sódio e cálcio na formulação, e incluirá o xilitol, na concentração de 20% solicitada.
Quanto ao xilitol em si, o mesmo já é utilizado, em concentrações similares, em vários
outros veículos de aplicação, inclusive comerciais. Por este motivo, a segurança do
produto é garantida e não há necessidade de realização de testes com esta finalidade.
3.1 Avaliação in vitro do verniz contendo xilitol a 20% na remineralização do esmalte
dentário decíduo e permanente jovem
3.1.1 Obtenção dos dentes e preparo dos blocos de esmalte
Serão utilizados dentes decíduos hígidos, provenientes do banco de dentes
decíduos da FOUSP e terceiros molares parcialmente irrompidos ou recém erupcionados
extraídos nas clínicas de cirurgia da Unicsul, livres de cárie, os quais serão esterilizados
com solução tamponada de formol 2%, em pH 7,0 sob temperatura ambiente, por no
mínimo 30 dias e submetidos à análise visual, para a averiguação de possíveis manchas,
trincas ou lesões de cárie, situação na qual serão excluídos da amostra.
A limpeza dos dentes selecionados será realizada, removendo todo e qualquer
resíduo de tecido gengival aderido à superfície com o auxílio de uma cureta periodontal
(Duflex, SS White, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) e um aparelho de profilaxia (Ultra Prophy
– Kavo, Belo Horizonte, MG, Brasil) para preparar os dentes para o corte.
Primeiramente serão removidas as raízes, com o auxílio de um torno de polimento
odontológico adaptado para corte (Fábrica Nacional de Motores Monofásicos Nevoni/
Série 16223, Tipo: TG1/3, São Paulo, SP, Brasil) e um disco diamantado Diaflex-F
(Wilcos do Brasil, Ind. e com. Ltda., Petrópolis, RJ, Brasil), sendo feita uma secção na
porção cervical dos dentes.
Na sequência, as coroas serão fixadas com godiva (Kerr, Orange, CA, USA) em
uma placa de acrílico (40x40x5 mm3). A placa será parafusada em um aparelho de corte
de precisão ISOMET Low Speed Saw (Buehler, Lake Bluff, IL, USA) com dois discos
diamantados de dupla face - XL 12205, “High concentration”, 102 x 0,3 x 12,7 mm3
(#12205, Extec Corp., Enfield, CT, USA) e um espaçador de aço inoxidável (7 cm de
diâmetro, 4 mm de espessura e orifício central de 1,3 cm) entre os discos, com velocidade
de 300 rpm, sob refrigeração com água deionizada, serão obtidos os blocos de esmalte de
3 x 3 mm da porção mais plana da coroa, através de uma secção dupla no sentido cérvico-
incisal e outra no sentido mésio-distal.
Após o corte, os blocos serão submetidos a polimento, fixados com cera pegajosa
Kota com o auxílio de um instrumento de PKT (Duflex, SS White, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil) e uma lamparina (JON, São Paulo, SP, Brasil) no centro de um disco de acrílico
(30 mm de diâmetro por 8 mm de espessura), com a face de esmalte voltada para o disco,
com o intuito de realizar primeiramente a planificação da dentina. O conjunto
(disco/dente) será adaptado em Politriz Metalográfica para realizar a planificação da
dentina, permitindo o paralelismo entre as superfícies polidas e a base de acrílico no qual
são fixados os espécimes. Para tal, será utilizada uma lixa de carbeto de silício de
granulação 320, sob refrigeração com água deionizada, até que os blocos fiquem com
espessura de aproximadamente 3 mm. Para tanto, a politriz será acionada em baixa
velocidade, entre 30 s e 3 min, até se alcançar a espessura desejada.
Em seguida, os blocos serão removidos do disco de acrílico e limpos com água
quente ou, por vezes xilol (Merck, Darmstadt, Germany), para que se retire todo o resíduo
de cera aderido a eles. Posteriormente, serão novamente fixados com cera pegajosa no
centro da placa de acrílico com a face de esmalte exposta, para que seja feito o polimento,
objetivando a obtenção de uma superfície absolutamente plana e paralela à base,
indispensável para a realização dos testes. Novamente o conjunto será adaptado à politriz
e o esmalte será desgastado inicialmente com uma lixa de carbeto de silício de granulação
600, sob refrigeração com água deionizada, durante 1 min, com 2 pesos, em velocidade
baixa. Em seguida, será feito o polimento do esmalte com lixa de carbeto de silício de
granulação 1200 (Extec Corp, Enfield, CT, USA), sob refrigeração, durante 2 min, com
2 pesos, em velocidade alta. Para finalizar o polimento, será utilizado um feltro (Extec
Corp, Enfield, CT, USA) umedecido com uma suspensão de diamante de 1 µm (Buehler,
Lake Bluff, IL, USA), durante 3 min, com 2 pesos, em velocidade alta.
Para impedir que os grãos das primeiras lixas interfiram na qualidade do
polimento das seguintes, entre cada etapa de polimento, o conjunto dente/disco será
levado a um aparelho de ultra-som T7 Thornton (Unique, Indaiatuba, São Paulo, Brasil),
com frequência de 40 KHz, durante 5 minutos, com água deionizada. Ao final do
polimento, os blocos ficarão imersos por 10 min em água deionizada corrente.
Após esta etapa, serão selecionados os blocos pela dureza de superfície,
considerando uma margem de 10% para cima ou 10% para baixo do valor da média da
dureza de todas as amostras. Posteriormente, e toda porção dentinária exposta será
protegida por esmalte cosmético de unha, evitando a interação da dentina com o meio.
3.1.2 Amostra
Para o estudo, serão utilizados 60 espécimes de dentes decíduos e 60 espécimes
de dentes permanentes jovens. Cada grupo será dividido, aleatoriamente, em três grupos
(tipo de verniz) por meio da média de dureza de superfície (SHM) inicialmente aferida
conforme descrito adiante no item 3.1.6.
3.1.3 Indução de lesão de cárie
Lesões artificiais de cárie serão produzidas em 120 blocos de esmalte selecionados
pela análise de SMH inicial, através da imersão em solução contendo CaCl2.2H2O a 3
mM (LabSynth); KH2PO4 a 3 mM (Sigma-Aldrich); ácido lático a 50 mM (Sigma);
metilhidroxidifosfato a 6 μM (Sigma-Aldrich) e traços de timol (pH ajustado a 5,0 com
adição de KOH 10M) (BUSKES; CHRISTOFFERSEN; ARENDS, 1985). Em seguida,
os blocos serão submetidos à análise da dureza de superfície pós-desmineralização (SH
lesão).
3.1.4 Aplicação dos vernizes
Os blocos com lesão inicial de cárie serão divididos igualmente conforme descrito
na Tabela 1 (n=20 por grupo).
Uma fina camada de verniz (≈ 0,2 mL de verniz/ bloco) será aplicada sobre o
esmalte seco, com o auxílio de um pincel de aplicação descartável (microbrush), e as
amostras permanecerão em saliva artificial. Depois de 6 h em contato com esta superfície,
o verniz será removido com auxílio de uma espátula e uma bolinha de algodão umedecida
em acetona (MAGALHAES et al., 2008).
Tabela 1: Descrição dos vernizes a serem utilizados no estudo, sigla de
identificação, composição individual e o grupo a qual pertence
Verniz Sigl
a Composição Grupo de estudo
Duraphat® (Colgate) D
5% NaF (2,26% F) numa base de
colofônio neutral
controle padrão
ouro
Xilitol 20%
(Dentscare) X 20
20% de xilitol numa base de resina
sintética experimental
Placebo/sem flúor
(Dentscare) P
Base de resina sintética, sem NaF ou
xilitol controle negativo
3.1.5 Ciclagem de pH
A ciclagem de pH será feita durante 8 dias, mantendo-se os blocos a 37ºC por 2h
em solução desmineralizante (Ca e P 2,0 mmol/L em tampão acetato 0,075 mol/L, 0,04
ppm F em pH 4,7 – 2,2 mL/mm2 – 35,5 mL/bloco) e 22h em solução remineralizante (Ca
1,5 mmol/L, P 0,9 mmol/L, KCl 0,15 mol/L em tampão cacodilato 0,02 mol/L, 0,05 ppm
F em pH 7,0 – 1,1 mL/ mm2 - 17,75 mL/bloco). A proporção de solução desmineralizante
e remineralizante por área do bloco será 6,25mL/mm2 e 3,12 mL/mm2, respectivamente.
No quarto dia, as soluções serão trocadas por soluções novas. Após o oitavo ciclo, os
blocos permanecerão na solução remineralizante por mais 24h (QUEIROZ et al., 2008).
3.1.6 Avaliação da dureza de superfície e em secção longitudinal
A dureza de superfície será avaliada em todos os blocos através do
microdurômetro Shimadzu (HMV 2000, São Paulo, SP, Brasil) acoplado a um software,
composto por um penetrador diamantado piramidal tipo KNOOP, com carga de 25 g
aplicada por 10 s. A análise será realizada através de 3 endentações por leitura, com
distâncias de 100 µm entre elas, no início (SH), após a indução da lesão de cárie (SH
lesão) e ao final do experimento (SH1), perfazendo um total de 3 leituras.
Após análise da SH, secções longitudinais serão feitas no centro dos blocos e uma
das metades incluída em resina acrílica e polida. Três sequências de 7 endentações a
distâncias de 10, 30, 50, 70, 90, 110 e 220 m da superfície externa do esmalte serão
realizadas sob carga de 25 g por 10 s. As médias serão calculadas em cada distância.
3.1.7 Análise das amostras por microrradiografia (TMR)
Caso seja possível a realização de uma etapa adicional para avaliação da variação
da perda mineral por meio de microrradiografia, em parceria com a Faculdade de
Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, será seguida a seguinte metodologia.
Serão utilizadas para a avaliação por TMR, as metades dos espécimes que não foram
incluídas em resina acrílica para avaliação da dureza longitudinal.
A metade dos blocos seccionados será adicionalmente seccionada
longitudinalmente para a realização da TMR, possibilitando a obtenção de um fragmento
com uma espessura de aproximadamente 500 µm (espessura mínima para que o bloco
não frature durante o corte.
Para a obtenção da espessura apropriada de 100 µm para a análise, sera realizado
o polimento manual desses fragmentos utilizando lixas 600 e 1200 (Extec. Corp., EUA).
A espessura final será checada com paquímetro digital (Figuras 16a e 16b).
Os espécimes serão colados com fita adesiva em um porta-amostra (em torno de
30- 40 amostras/porta-amostra), contendo um padrão de alumínio com diferentes
espessuras, as quais geram diferentes gradações de cinza (“stepwedge”). O porta amostra
será inserido em um cassette, juntamente à uma placa de vidro em ambiente escuro, sendo
o cassette envolvido em um saco preto e inserido dentro do gerador de raio X (Softex,
Japão). Dessa forma, a placa de vidro será sensibilizada pelo raio-x (20 kv e 20 mA) por
20 min. Após cada exposição, a placa de vidro será revelada, fixada em ambiente escuro
a 20ºC e lavada por 10 minutos em água corrente.
A análise da imagem será realizada utilizando microscópio (Zeiss, Alemanha)
com câmera CCD (Canon, Japão) e acessórios (Figuras 19a e 19b) acoplado a um
computador com software 2012 para captura e 2006 para a análise (Inspektor Research
System bv, Holanda). A partir das análises das fatias de alumínio (11 fatias para a
construção da “curva-padrão”) e das amostras, serão calculadas a perda mineral integrada
(ΔZ) e profundidade da lesão (µm) usando a fórmula de Angmar; Carlstromd; Glas
(1963). O ΔZ (%vol.µm) é o produto da diferença entre a porcentagem de volume mineral
de um esmalte sadio e porcentagem de volume mineral do esmalte desmineralizado
(espécime) em relação à profundidade da lesão (µm). Já a profundidade da lesão (P) é
definida pela distância da superfície (0% vol min) até a profundidade em que o esmalte
volta a apresentar um conteúdo mineral igual ou maior que 95% do conteúdo mineral do
esmalte sadio (Arends; Ten Bosch, 1992). O volume mineral do esmalte hígido
corresponde a 87%. A profundidade da zona superficial pseudo-intacta (S, μm) e o valor
R (ΔZ/profundidade), sendo este ultimo representativo da média de perda mineral da
lesão ao longo da lesão (% vol.min), também serão calculados. Para calcular o valor
obtido ao final da ciclagem de pH, o ΔΔZ será calculado pela diferença entre o ΔZ lesão
e ΔZ efeito (pós ciclagem).
PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO
Serão utilizados os softwares SPSS (versão 17, Chicago, IL, EUA) e GraphPad
Prism (versão 5, La Jolla, Ca, EUA). Para seleção do teste estatístico apropriado, serão
inicialmente checadas a normalidade (teste de Kolmogorov e Smirnov) e homogeneidade
(teste de Bartlett) dos dados. O nível de significância adotado em todos os testes será de
5%.
4 – REFERÊNCIAS
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5 – Principais contribuições científicas
Estudos recentes na literatura evidenciam o papel anticariogênico do xilitol;
contudo, veículos alternativos contendo esta substância ainda estão sendo avaliados para
comprovar a real eficácia deste poliol. Tendo em vista os recentes resultados promissores
do potencial remineralizador do verniz contendo xilitol quando testado em lesões de cárie
artificiais em dentes bovinos tanto in vitro quanto in situ, este estudo busca confirmar a
eficácia deste mesmo verniz em diferentes substratos (dentes decíduos e permanentes
jovens), podendo levar o produto a se tornar um substituto mais barato em relação aos
vernizes comercias já existentes, na remineralização e paralisação das lesões iniciais de
cárie (manchas brancas ativas) na prática clínica, especialmente na Odontopediatria. Os
resultados do projeto serão avaliados e disseminados através da publicação em periódicos
internacionais de seletiva política editorial, bem como da apresentação dos mesmos em
reuniões científicas nacionais e internacionais.
6 – Cronograma de execução
ATIVIDADES
MÊS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ano 2017
1. Revisão de literatura x x x x
2. Submissão do projeto ao
CEP
x x x
3. Obtenção dos espécimes x x x x x
4. Análise da dureza inicial x x x
Ano 2018
5. Desmineralização dos
blocos, dureza e aplicação dos
vernizes
x x x x
6. Ciclagem de pH e Dureza
Final
x x x
8. Tabulação dos dados e
redação do artigo para
submissão
x x x
APÊNDICE A – Instrumento de doação de dentes
INSTRUMENTO DE DOAÇÃO DE DENTES
Identificação do Doador
Nome (legível): __________________________________________________
Data de Nascimento: ______________________________________________
Local: ________________UF: _____
RG nº: ____________________________ CPF nº: ______________________
Endereço: ___________________________________________ nº: ________
Cidade: _______________________ UF: ____________ CEP: ____________
Telefones para contato: ____________________________________________
E-mail: ____________________________
DECLARAÇÃO
Declaro ter sido esclarecido sobre os motivos que levaram a necessidade
de remoção do(s) dente(s)________________________(código) e concordo
que os mesmos sejam utilizados para a pesquisa “VERNIZES CONTENDO
XILITOL OU FLUORETO PARA CONTROLE DA CÁRIE DENTÁRIA NA
DENTIÇÃO DECÍDUA E PERMAMENTE JOVEM: ESTUDO IN VITRO” desde
que aprovada por um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.
Fui ainda esclarecido que minha identidade não será divulgada por
qualquer meio e que o material recolhido será utilizado unicamente para a
presente pesquisa.
São Paulo, _________ de ________________ de 2017.
_________________________________________________
Assinatura