“The politics of redistribution in less developed democracies,
evidence from Brazil, Ecuador and Venezuela”, Daniela Campello in
The Great Gap: The Politics of Inequality in Latin America, by
Merike Blofield
Contexto do livro
• 20 anos da redemocratização e persistência do status de região mais desigual do mundo
• A democracia seria uma receita contra a desigualdade?• Algumas teorias/modelos: Meltzer and Richard (1981); Boix (2003)
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Questão e argumentos centrais
• Muitos candidatos de esquerda na América Latina, após eleitos, não cumprem as promessas de promover políticas de redistribuição de renda e aumento da proteção social• Mesmo sob a pressão da demanda dos eleitores!• Por quê?
• Redemocratização na região em paralelo à liberalização financeira
• “Asset specificity”; facilidade em mover o capital entre diferentes mercados• 3/13
Contexto da análise
• Relação entre política e economia = centro da análise dos economistas políticos (cientistas politicos da economia?)
• A tensão em sistemas capitalistas: decisão privada dos investidores vs. poder de expressão dos eleitores sobre as suas preferências
• Tentativas de restringir lucros -> interrupção de fluxos de capital investidor• Fenômeno não deliberado, quase automático
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Hipóteses
• O poder do investimento seria estrutural, não contingente a fatores politicos
• Governo que ideologicamente seja um perfeito representante da classe dos trabalhadores com o mesmo comportamento de governo de representantes da classe capitalista
• Incentivos eleitorais para prometer redistribuição + restrições impostas pela mobilidade do capital = guinada à direita• Padrão observado na região desde a redemocratização
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Potenciais consequências
A mudança de postura dos políticos se constituem em um grave problema para a democracia por diversas razões:
1. A frustração pelas expectativas não realizadas e promessas não cumpridas.
2. A infidelidade às promessas, de maneira consistente e sucessiva, enfraquece os laços entre os partidos e os eleitores, acaba com a accountability eleitoral e deslegitima o sistema democrático, uma vez que os eleitores percebem que as suas preferências têm pouco impacto no desenvolvimento das políticas públicas.
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Dados empíricos
• Em 32 das 89 eleições ocorridas na América Latina desde 1978, os eleitores escolheram candidatos cujos programas rejeitavam políticas neoliberais e ofereciam aumento nos gastos sociais e mais redistribuição
• Apenas 40% seguiram esse direcionamento após chegarem ao poder
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Estudos de caso - Brasil
• Campanha em 2002 – Mercado tenso
• Apenas a perspectiva de eleição de Lula provocou pânico nos mercados financeiros
• Após eleito, adotou um programa econômico conservador
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Estudos de caso - Equador
• Gutiérrez – esquerda – cenário similar ao de Lula
• Preços historicamente baixos do petróleo
• Também adotou uma agenda de medidas ortodoxas
• Correa, sucessor em 2006, adotou uma postura rígida frente aos investidores
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Estudos de caso - Venezuela
• Chávez – controlando a variável personalidade e preferências do candidato eleito
• Eleições em 1998 e guinada à direita
• Alta do petróleo em 2004 e práticas do chamado socialismo do século XXI da Venezuela
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Conclusão
• Os casos ilustram o argumento teórico
• Trade-offs: criar incentivos para atrair e manter o investimento privado vs. arriscar perder votos por não conseguir cumprir uma agenda de redistribuição
• Urgente encontrar uma solução para essa dinâmica
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