Textualidade e Interextualidade
CURSO DE REDAÇÃO OFICIALPROFESSORA: ANA PAULA FENELON
Redigir um texto é para muitos uma tarefa difícil. Inúmeros contratempos começam a surgir, e um deles é a insuficiência de conteúdo. As ideias não fluem e, mesmo quando surgem, há uma certa dificuldade em organizá-las. Tal atitude muitas vezes corrobora para um sentimento de frustração e incapacidade por parte do emissor.
O fato é que a escrita é algo que requer habilidade, determinação, paciência e aperfeiçoamento constante. Habilidades essas que gradativamente vão sendo conquistadas de acordo com o hábito da leitura e com a constante busca por informações, no intuito de ampliarmos nossa visão de mundo, e com a convivência diária enquanto seres eminentemente sociais.
Fundamentalmente, é preciso que haja clareza quanto à mensagem que ora se deseja transmitir. E para tal, faz-se necessário planejar, selecionando cuidadosamente as palavras, articulando bem as ideias, de modo a distribuí-las em períodos curtos e adequando-as à modalidade textual, tendo em vista a intencionalidade comunicativa ora em questão.
Os Elementos da Textualidade Na medida em que vamos expressando nossos pensamentos não nos
atemos para uma constante revisão, pois isso pode corromper nossa linha de raciocínio. Entretanto, uma releitura é capaz de detectar possíveis falhas ortográficas e gramaticais, como também permite-nos acrescentarmos ou suprimirmos ideias, entre outros procedimentos.
A fim de aprimorarmos nossa competência no que tange às técnicas composicionais da linguagem escrita, analisaremos a seguir alguns elementos primordiais que colaboram para a clareza textual:
Coesão – É o conjunto de recursos linguísticos responsáveis pelas ligações que se estabelecem entre os termos de uma frase, entre orações referentes a um período, fazendo com que, esteticamente, os parágrafos se apresentem de forma harmoniosa, tornando o texto agradável à leitura.
Os Elementos da Textualidade “A vida nos reserva grandes surpresas, algumas boas, outras
ruins. Nesse confronto é preciso que estejamos aptos a enfrentar os obstáculos, como também nos deleitarmos diante dos momentos felizes”.
Coerência – Trata-se do próprio sentido atribuído ao texto, ou seja, a logicidade pertinente às ideias expressas, fazendo com que se estabeleça uma efetiva interação entre os interlocutores envolvidos no discurso.
A coerência se liga a dois fatores básicos: ao conhecimento extralinguístico do emissor e do receptor, envolvendo sua visão de mundo, e ao conhecimento linguístico, envolvendo os fatos pertinentes à língua como um todo.
INTERTEXTUALIDADE
Diálogo entre dois ou mais textos, que não precisam ser necessariamente de um mesmo gênero, a intertextualidade é um fenômeno que pode manifestar-se de diferentes maneiras.
Você sabia que os textos podem conversar entre si? Sim, isso é possível, e a esse fenômeno damos o nome de intertextualidade. Essa ocorrência pode ser implícita ou explícita, feita por meio de paródia ou por meio da paráfrase. O que esses variados tipos têm em comum? Todos eles resgatam referências nos chamados textos-fonte, que são aqueles textos considerados fundamentais em uma cultura.
Para que você entenda melhor o conceito de intertextualidade, basta analisar a estrutura da palavra: inter é um sufixo de origem latina e faz referência à noção de relação. Por isso, é correto afirmar que a intertextualidade refere-se às relações entre os textos, assim como é correto afirmar que todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, e isso acontece em virtude das relações dialógicas firmadas. Ainda está difícil de entender?
Bom Conselho – Chico Buarque Bom conselho Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passaEspere sentadoOu você se cansaEstá provado, quem espera nunca alcança
Venha, meu amigoDeixe esse regaçoBrinque com meu fogoVenha se queimarFaça como eu digoFaça como eu façoAja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempoVim de não sei ondeDevagar é que não se vai longeEu semeio o ventoNa minha cidadeVou pra rua e bebo a tempestade.
Chico Buarque
Ao ler a letra da música composta por Chico Buarque, você notou algo familiar? Provavelmente sim! Isso aconteceu porque o cantor e compositor apropriou-se de alguns ditados populares, mas em vez de citá-los, isto é, empregá-los como eles exatamente são, Chico optou por parodiá-los, invertendo seus significados e atribuindo-lhes novos sentidos, o que confere à música o efeito de humor. Esse tipo de estratégia textual é muito comum na literatura brasileira, recorrente principalmente no gênero poema. Veja outro exemplo de intertextualidade:
Canção do Exílio(Gonçalves Dias)Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar — sozinho, à noite —Mais prazer encontro eu lá;Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;Sem qu’inda aviste as palmeiras,Onde canta o Sabiá.Canto de regresso à pátria(Oswald de Andrade)Minha terra tem palmaresOnde gorjeia o marOs passarinhos daquiNão cantam como os de láMinha terra tem mais rosasE quase que mais amoresMinha terra tem mais ouroMinha terra tem mais terraOuro terra amor e rosasEu quero tudo de láNão permita Deus que eu morraSem que volte para láNão permita Deus que eu morraSem que volte pra São PauloSem que veja a Rua 15E o progresso de São Paulo.
Intertextualidade No exemplo acima, o texto-fonte é o poema de Gonçalves Dias, um
dos principais representantes da primeira fase do Romantismo brasileiro. A partir dele, Oswald de Andrade, que integrou o movimento modernista, construiu uma paródia, transportando o poema escrito no século XIX para a então realidade da segunda década do século XX, dando-lhe assim um ar de modernidade.
Como você pôde perceber, a intertextualidade pode acontecer com textos dos variados gêneros: pode surgir em uma letra de música, em um poema, nos textos em prosa e até mesmo nos textos publicitários. Só é capaz de reconhecê-la o leitor habilidoso, aquele que já entrou em contato com diversos textos-fonte ao longo da vida. Isso significa que a interpretação de texto não depende apenas do conhecimento do código (nossa língua portuguesa), mas também das relações intertextuais que influenciam de maneira decisiva o processo de compreensão e de produção de textos.
Síntese de Concordância e Regência no Texto Você sabe o que é sintaxe? A sintaxe é a área da gramática que se ocupa do estudo da
disposição das palavras na frase e das frases quando inseridas em um discurso. Diz-se que um texto está sintaticamente correto quando as frases estabelecem relação lógica entre si, ou seja, os elementos de uma oração estão dispostos de maneira que nos permita compreender o conteúdo de determinada mensagem. Mesmo que não saiba – ou não soubesse – o que é sintaxe, você é capaz de produzir enunciados que obedeçam às suas regras, já que a finalidade da comunicação é produzir discursos inteligíveis, cujo significado seja acessível e compreensível. Observe:
Ontem choveu bastante. As ruas ficaram alagadas e o trânsito ficou congestionado em vários pontos da cidade ou
Bastante choveu ontem. Alagadas ficaram ruas as congestionado ficou trânsito e o cidade da em pontos vários?
Entre as orações acima, qual das duas você seria capaz de produzir? A primeira, não é verdade? Ambas são compostas pelas mesmas palavras, mas uma delas ficou privada de inteligibilidade (a segunda) porque seus elementos não foram sintaticamente bem dispostos, tornando-a agramatical. Por isso a importância da sintaxe: instrumento indispensável para a correta combinação das palavras nas orações.
Pensando em sintaxe, falemos sobre suas subdivisões: a sintaxe de concordância, regência e colocação. Você sabe para que serve cada uma delas? Vamos conhecer um pouco mais sobre a língua portuguesa e sua gramática?
Entre as orações acima, qual das duas você seria capaz de produzir? A primeira, não é verdade? Ambas são compostas pelas mesmas palavras, mas uma delas ficou privada de inteligibilidade (a segunda) porque seus elementos não foram sintaticamente bem dispostos, tornando-a agramatical. Por isso a importância da sintaxe: instrumento indispensável para a correta combinação das palavras nas orações.
Pensando em sintaxe, falemos sobre suas subdivisões: a sintaxe de concordância, regência e colocação. Você sabe para que serve cada uma delas? Vamos conhecer um pouco mais sobre a língua portuguesa e sua gramática? Fique atento à explicação e bons estudos!
O que é sintaxe de concordância?
A sintaxe de concordância estuda a relação gramatical estabelecida entre dois termos. Ela pode ser verbal ou nominal. Observe os exemplos:
► Concordância verbal: Os alunos ficaram entusiasmados com o passeio no museu ou Os alunos ficou entusiasmados com o passeio no museu? A primeira opção é aquela que estabelece correta combinação entre o
verbo e o sujeito. Se o sujeito (alunos = eles) está no plural, o verbo da oração deverá ser flexionado na terceira pessoa do plural: eles 'ficaram'.
► Concordância nominal: Os aluno indisciplinado foram suspenso da escola ou Os alunos indisciplinados foram suspensos da escola? O segundo exemplo obedece às regras da concordância nominal porque nele o
substantivo – alunos – concorda com seus determinantes, que podem ser artigo, numeral, pronome ou adjetivo. A concordância nominal é, portanto, a combinação entre os nomes de uma oração.
O que é sintaxe de regência?
A sintaxe de regência ocupa-se do estudo dos tipos de ligação existentes entre um verbo (regência verbal) ou nome e seus complementos (regência nominal). Dessa maneira, haverá os termos regentes, aqueles que precisam de um complemento, e os termos regidos, aqueles que complementam o sentido dos termos regentes.
► Regência verbal: A regência verbal ocupa-se do estudo da relação estabelecida entre os
verbos e os termos que os complementam ou caracterizam. Estudá-la nos permite aprimorar nossa capacidade expressiva, pois a partir da análise de uma preposição um mesmo verbo pode assumir diferentes significados. Observe:
Os parlamentares implicaram-se em escândalos por causa do desvio de verbas públicas. (implicar = envolver)
e Os alunos implicaram com o novo coordenador. (implicar = ter
implicância, aversão).
Regência Nominal A regência nominal estuda a relação existente entre um nome
(substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos por ele regidos. É a partir da análise da preposição que essa relação será construída. Observe os exemplos:
A nova tarifa é acessível a todos os cidadãos.Os atentados contra a embaixada deixaram vários feridos.Eles preferiram ficar longe de todos.
Na regência nominal é interessante observar que alguns nomes apresentam o mesmo regime dos verbos de que derivam: se você conhece o regime de um verbo, conhecerá também o regime dos nomes cognatos, ou seja, dos nomes que têm a mesma raiz ou origem etimológica:
As crianças devem obedecer às regras.(obedecer = verbo)Eles foram obedientes às regras. (obediente = nome cognato)
O que é sintaxe de colocação? A sintaxe de colocação mostra que os pronomes
oblíquos átonos, embora possam ser dispostos de maneira livre, possuem uma posição adequada na oração. Quando há liberdade de posição desses termos, o enunciado poderá assumir diferentes efeitos expressivos, o que nem sempre é bem-vindo. Existem três possíveis colocações para os pronomes oblíquos átonos:
► Próclise: o pronome será posicionado antes do verbo. Veja os exemplos:
Não se esqueça de comprar novos livros.Não me fale novamente sobre esse assunto.Aqui se vive melhor do que na cidade grande.Tudo me incomoda quando não estou em casa.Quem te chamou para a festa?
► Mesóclise: será empregada quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo. O pronome surge intercalado ao verbo. A mesóclise é mais encontrada na linguagem literária ou na língua culta e, havendo possibilidade de próclise, ela deverá ser eliminada. Observe os exemplos:
Dizer-lhe-ei sobre tuas queixas (Direi + lhe)Convidar-me-iam para a formatura, mas viajei para o campo. (convidariam + me)
► Ênclise: o pronome surgirá depois do verbo, obedecendo à sequência verbo-complemento. Observe os exemplos:
Diga-me o que você fez nas férias.Espero encontrar-lhe na festa hoje à noite.Acolheram o filhote abandonado, dando-lhe abrigo e comida.
Conjunções: E, mas, ou, logo, pois, que, como, porque
Conjunção é a palavra invariável que relaciona duas orações ou dois termos que exercem a mesma função sintática. Quando duas ou mais palavras desempenham o papel de conjunção recebem o nome de locução conjuntiva. Veja alguns exemplos: apesar de, à medida que, a fim de que, à proporção que, desde que, visto que, ainda que etc.
As conjunções são classificadas de acordo com o tipo de relação que estabelecem. As conjunções que relacionam orações independentes ou sintaticamente equivalentes são chamadas de conjunções coordenativas. Já, as conjunções que relacionam orações dependentes, ou seja, que ligam a oração principal a uma oração que lhe é subordinada são chamadas de conjunções subordinativas.
Conjunções Observe:
O professor explicou o conteúdo e os alunos fizeram os
exercícios.e: conjunção coordenativa - liga orações independentes
Se o professor explicar o conteúdo, os alunos poderão resolver os exercícios.Se: conjunção subordinativa - liga orações dependentes
As conjunções coordenativas são classificadas em aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas, de acordo com o sentido das relações que estabelecem. Veja alguns exemplos:
Classificação Sentido Principais conjunções
Aditivas adição, soma e, nem, mas também
Adversativas oposição, contraste
mas, porém, contudo, todavia, entretanto
Alternativas alternância, exclusão
ou, ou...ou, ora...ora, já...já, quer...
Conclusivas conclusão explicação
quer logo, pois (posposto ao verbo), portanto
Explicativas justificativa pois (anteposto ao verbo), porque, que
Conjunções As conjunções subordinativas são
classificadas em integrantes e adverbiais. As integrantes introduzem orações subordinadas substantivas. As adverbiais introduzem orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração principal, são subdivididas em: causais, condicionais, consecutivas, comparativas, conformativas, concessivas, temporais, finais, proporcionais. Veja o quadro abaixo:
Conjunções
Classificação Sentido Principais conjunções
Integrantes sem valor semântico específico, apenas ligam orações
que, se
Causais causa, motivo porque, como, já que, visto que
Condicionais condição se, caso, desde que, contanto que
Consecutivas consequência que (precedido de tão, tal, tanto), de modo que
Comparativas comparação como, que (precedido de mais ou menos), assim como
Conformativas conformidade como, conforme, segundo
Concessivas concessão embora, se bem que, mesmo que, ainda que
Temporais tempo quando, assim que, antes que, depois que
Finais finalidade para que, a fim de que, que
Proporcionais proporção à medida que, à proporção que
Conjunções Veja alguns exemplos de usos das conjunções: "Este ano a olimpíada vai contar com a
participação de 55.570 instituições públicas municipais, estaduais e federais. Por enquanto os alunos das escolas inscritas participam de oficinas de texto e desenvolvem prática nos gêneros poesia, memória e artigo de opinião. Os textos para a seleção podem ser enviados até 18 de agosto." (Folha Online)
Conjunções "Educação melhora, mas nível continua baixo no Brasil, mostra IDEB." (Folha
Online)
As conjunções, assim como as preposições, não exercem função sintática na oração, apenas ligam termos de mesma função sintática ou orações, por isso, são consideradas conectivos. No entanto, estabelecem relações lógicas essenciais para a construção de textos coerentes e coesos.
(http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/conjuncao-e-mas-ou-logo-pois-que-como-porque.htm)
Extensão Escreva sempre frases curtas, que não ultrapassem duas ou três linhas, mas
também não caia no oposto, escrevendo frases curtas demais. Seu texto pode ficar cansativo.
Uma frase de boa extensão evita que você se perca. Seja objetivo. Quanto mais você se alonga, mais a frase ramifica-se em muitas outras sem chegar a lugar algum. Exemplo:
Conjunções A crise de abastecimento de álcool não é apenas resultado da incompetência e
irresponsabilidade das agências governamentais que deveriam tratar do assunto, pois ela também foi causada por um outro vício de origem que foi no primeiro caso os organismos do governo encarregados de gerir os destinos do Proálcool que foram pouco a pouco sendo apropriados pelos setores que eles deveriam controlar, se transformando em instrumentos de poder desses mesmos setores que através deles passaram a se apropriar de rendas que não lhes pertenciam.
Quando chegamos ao final da frase, não lembramos o que estava no seu início. O que fazer? Antes de tudo, ver quantas idéias existem e separá-las.
Uma possível redação para esse texto seria: A crise de abastecimento de álcool não resulta apenas da incompetência e da
irresponsabilidade do governo. Ela é também causada por certos vícios que rondam o poder. Os órgãos responsáveis pelo destino do Proálcool se eximem de controlá-lo com rigor. Disso resulta uma situação estranha: os órgãos do governo passam a ser dominados justamente pelos setores que deveriam controlar. Transformam-se assim em instrumentos de poder de usineiros que se apropriam do Erário.
Conjunções Fragmentação A fragmentação é um erro muito comum em textos produzidos por alunos.
Nunca interrompa seu pensamento antes de pronomes relativos, gerúndios e conjunções subordinativas.
ERRADO: O carro ficara estacionado no shopping. Onde tínhamos ido fazer compras. O Detran tem aumentado sua receita. Multando carros sem nenhum critério. Ele tem lutado para manter o status. Uma vez que perdeu quase toda a
fortuna. CERTO: O carro ficara estacionado no shopping onde tínhamos ido fazer compras. O Detran tem aumentado sua receita, multando carros sem nenhum
critério. Ele tem lutado para manter o status, uma vez que perdeu quase toda a
fortuna.
Conjunções A conjunção POIS Não use POIS assim que começar um texto. Pois é uma conjunção
explicativa ou conclusiva, e ninguém deve explicar ou concluir nada logo no primeiro parágrafo. As explicações só aparecem quando seu processo argumentativo está em andamento. Lembre-se de que, no primeiro parágrafo, deve-se apenas situar o problema.
Onde Atenção para o emprego de onde. Só deve ser usado quando se
referir a lugar. O país onde nasci fica muito distante. Nos demais casos, use em que: São muito convincentes os argumentos em que você se
baseia. Não use onde para se referir a datas.
Conjunções Ocorreu nos anos 70, onde houve uma verdadeira revolução de
costumes. (Errado) Melhor dizer: Ocorreu nos anos 70, quando houve uma verdadeira revolução
de costumes. (Certo) O VOCABULÁRIO Escreva com simplicidade. Não empregue palavras complicadas ou
supostamente bonitas. Escrever bem não é escrever difícil. O vocabulário deve adequar-se ao tipo de texto que pretendemos redigir. No nosso caso, só trabalhamos com a linguagem padrão, aquela que a norma culta exige quando vamos tratar de algum problema de grande interesse para leitores de bom nível cultural. Dela deverão estar afastados erros gramaticais, ortográficos, termos chulos, gíria, que não condizem com a boa linguagem. Observe as inadequações neste exemplo:
Conjunções Os grevistas refutam o aumento proposto pelo governo.
Enquanto o líder da situação fazia na Câmara os prolegômenos dos novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora o maior auê, achando que o governo não estava com nada.
É preciso ter muito cuidado com as palavras. Nem sempre elas se substituem com precisão. Empregar refutar por rejeitar, prolegômenos por exposição não torna o texto melhor. Não só palavras “bonitas” prejudicam um texto, mas também a gíria (auê) e expressões coloquiais (não estava com nada).
O texto poderia ser escrito da seguinte forma: Os grevistas rejeitaram o aumento proposto pelo governo.
Enquanto o líder da situação fazia na Câmara a exposição dos novos índices, os trabalhadores faziam do lado de fora uma grande manifestação..
Conjunções Adjetivos certos na medida certa O emprego indiscriminado de adjetivos pode prejudicar as
melhores idéias. Para que dizer um vendaval catastrófico destruiu Itu quando vendaval já traz implícita a idéia de catástrofe?
Outro mau uso do adjetivo ocorre quando empregado intempestivamente, como se o autor quisesse embelezar o texto.
Diante do mundo incomensurável, incógnito e desmedido que nos cerca, o homem se sente minúsculo, limitado, inepto, incapaz de compreender o menor movimento das coisas singulares, magnéticas e imprevisíveis com que se depara em seu cotidiano impregnado e assoberbado de interrogações.
Conjunções Entendeu? Nem nós. O adjetivo pode ser empregado, sim, mas quando traz uma informação
necessária ao fato, à notícia. O estresse, a fadiga crônica acompanhada de mãos geladas, insônia e
irritabilidade atribuída em geral à correria da vida urbana, talvez só perca para o colesterol alto quando se trata de arranjar um culpado pelo surgimento de doenças.
Os adjetivos aí empregados não são supérfluos. Se forem retirados, vão fazer falta à informação, pois:
a) a fadiga, além de crônica, pode ser passageira; b) geladas é imprescindível a mãos, por ser um sintoma de fadiga
crônica; c) vida precisa do qualificativo urbana para evitar a generalização. Evite usar adjetivos que já se desgastaram com o uso como: calor
escaldante, saudosa memória, longa jornada, doce lembrança, emérito goleador, grata surpresa, frio siberiano, inquietante silêncio, lauto banquete, último adeus, providências cabíveis, vibrante torcida.
Conjunções
Lugares-comuns e modismos Evite palavras, frases, expressões ou construções vulgares. A renovação da
linguagem deve ser uma preocupação constante de quem escreve. Não há boa ideia que sobreviva num texto cheio de lugares-comuns. Abandone: agradar a gregos e troianos; arrebentar a boca do balão; botar pra quebrar; chover no molhado; deitar e rolar; dar o branco, correr solto; dizer cobras e lagartos; estar em petição de miséria; estar com bola toda; estar na crista da onda; ficar literalmente arrasado; ir de vento em popa; passar em brancas nuvens; ser a tábua de salvação; segurar com unhas e dentes; ter um lugar ao sol.
A palavra mais simples Entre duas palavras, escolha a mais simples. Por que dizer auscultar em
vez de sondar? Obstância em vez de empecilho? Siga sempre o conselho do grande escritor francês Paul Valéry: “Entre duas
palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, escolha a mais curta.” Evite também duas ou mais palavras quando uma é capaz de substituí-las. Use: o governador em vez de chefe do executivo; o presidente em vez de o chefe da nação.
Pleonasmos Alguns pleonasmos passam despercebidos quando escrevemos. Veja os
mais comuns e troque-os pela forma exata: a cada dia que passa (a cada dia); acabamentos finais (acabamentos); continua ainda (continua); elo de ligação (elo); encarar de frente (encarar); há doze anos atrás (há doze anos); justamente com (com); monopólio exclusivo (monopólio); repetir de novo (repetir).
Conjunções PARTICULARIDADES LÉXICAS E GRAMATICAIS Desde Nunca escreva “desde de”. Não o vejo desde 1980. (E não “desde de 1980”) Junto a “Junto a” significa “adido a”. “Ele é nosso representante junto à FIFA”. Já esta frase não está correta: “Você tem de se explicar junto ao banco”. O certo é abandonar a palavra “junto” e usar a preposição exigida pelo verbo:
Você tem que se explicar ao banco. . À medida que/na medida em que Não confunda “à medida que” com “na medida em que”. A primeira locução dá
idéia de proporção e a segunda de causa. Você vai melhorar à medida que (à proporção que) for tomando esse
remédio. Vamos seguir o regulamento na medida em que (uma vez que) ele foi
aprovado.
Conjunções Face a/ frente a Nunca use. Substitua por “diante de”, “em face
de”, “ante”, “em vista de”, “perante”, “em frente de”. Inauguraram uma padaria em frente de nossa casa.
Acerca de/ a cerca de/ há cerca de Acerca de é “sobre”: Não disse nada acerca do
plano econômico que elaborou. A cerca de é “aproximadamente”. Minha casa fica
a cerca de cem metros da praia. Há cerca de “faz aproximadamente”. Há cerca de
dez anos que eles estudam esse assunto.
Conjunções Há/a Não troque “a” por “há” e vice-versa. Use “a” para exprimir
idéia de FUTURO. Daqui a cinco anos estarei formado. Minha escola fica a
duzentos metros da casa. Use “há” para tempo passado. Para saber se seu emprego
está correto, substitua o verbo haver por fazer: Há (faz) oito anos que não o vejo.
Veja a diferença entre a tempo e há tempo. Chegou a tempo de fazer as malas. Ele está na Austrália há (faz) tempo. O estudo tem como base Roteiro de Redação, de Antônio Viana.
Regra dos Porques? POR QUE / POR QUÊ / PORQUE OU
PORQUÊ? GRAMÁTICA Existem várias formas de diferenciar a
maneira exata de utilizar os porquês. Entenda em quais situações utilizar cada uma.
Conjunções O uso dos porquês é um assunto muito discutido e traz muitasdúvidas. Com a análise a seguir,
pretendemos esclarecer o emprego dos porquês para que não haja mais imprecisão a respeito desse assunto.
Por que O por que tem dois empregos diferenciados: Quando for a junção dapreposição por + pronome interrogativo ou indefinido que, possuirá o
significado de “por qual razão” ou “por qual motivo”: Exemplos: Por que você não vai ao cinema? (por qual razão)
Não sei por que não quero ir. (por qual motivo) Quando for a junção da preposição por + pronome relativo que, possuirá o significado de “pelo
qual” e poderá ter as flexões: pela qual, pelos quais, pelas quais. Exemplo: Sei bem por que motivo permaneci neste lugar. (pelo qual) Por quê Quando vier antes de um ponto, seja final, interrogativo, exclamação, o por quê deverá vir
acentuado e continuará com o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”. Exemplos: Vocês não comeram tudo? Por quê?
Andar cinco quilômetros, por quê? Vamos de carro. Porque É conjunção causal ou explicativa, com valor aproximado de “pois”, “uma vez que”, “para que”. Exemplos: Não fui ao cinema porque tenho que estudar para a prova. (pois)
Não vá fazer intrigas porque prejudicará você mesmo. (uma vez que) Porquê É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a razão”. Vem acompanhado de artigo,
pronome, adjetivo ou numeral.
Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)
Porquê É substantivo e tem significado de “o motivo”, “a
razão”. Vem acompanhado de artigo, pronome, adjetivo ou numeral.
Exemplos: O porquê de não estar conversando é porque quero estar concentrada. (motivo)Diga-me um porquê para não fazer o que devo. (uma razão)
Referências Bibliográficas http://www.portugues.com.br/redacao/os
elementostextualidade.html http://
www.brasilescola.com/gramatica/por-que.htm
Cipro Neto, Pasquale. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Ática,1990.