II Congresso Internacional TIC e Educação
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TECNOLOGIAS MÓVEIS COM CONEXÃO SEM FIO NA ESCOLA E A
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO
George França dos Santos, Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida, Marilene
Andrade Ferreira Borges, Valdirene Gomes dos Santos de Jesus
Universidade Federal do Tocantins, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade Federal do Tocantins
[email protected]; [email protected]; [email protected];
Resumo
A busca de formas alternativas para uma organização do trabalho pedagógico na escola que dê conta da aquisição dos diferentes letramentos tem demando estudos e formação de professores para colocar as Tecnologias Móveis Sem Fio - TMSF a favor dos processos de ensino e de aprendizagem. Mas, como organizar o trabalho pedagógico na sala de aula, em outros espaços escolares e não escolares com a presença e uso dessas tecnologias? Como fazê-las parceiras para potencializar os processos de ensino e de aprendizagens? Esses são alguns questionamentos que levaram à pesquisa, a reflexão, a busca de alternativas para fazer da escola um espaço contemporâneo da sociedade do conhecimento, e nesse sentido compreender que é preciso ir além do currículo do lápis e do papel e da necessidade da utilização de um web currículo no cotidiano da escola. Iniciamos com uma breve revisão dos estudos que apontam a premência de incluir essas tecnologias no currículo, suas contribuições enquanto ferramentas cognitivas e a necessidade de saber utilizá-las, enquanto parte da cultura contemporânea. Em seguida, apresentamos um recorte do Projeto um Computador por Aluno - Fase 2 - e o “Projeto UCA Formação Brasil” utilizado para a qualificação e formação dos professores e gestores das 10 escolas do Tocantins que participaram do Projeto. Na sequência apresentamos os pressupostos teóricos e as evidências de uma nova forma de organização do trabalho pedagógico onde a intencionalidade, a dinâmica, os limites e as soluções, os resultados, as interlocuções e os desdobramentos apontam a sua existência desencadeada a partir da conectividade e da mobilidade dos laptops educacionais do Projeto UCA, que sem perder o rigor, tem aberto os espaços da escola para a alegria e o entretenimento, evidenciando que a construção e a sistematização de conhecimentos podem ser realizadas de forma colaborativa, cooperativa, prazerosa e digital. Palavras-chave: Educação, currículo, novas tecnologias, organização do trabalho pedagógico.
Abstract
The search for alternative ways for an organization of educational work in schools that accounts for the acquisition of different literacies, has sued studies and teacher training to put
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the Wireless Mobile Technologies - WMT in favor of teaching and learning. But, how to organize the educational work in the classroom, other school and non school with the presence and use of these technologies? How to make them partners to enhance the teaching and learning? These are some questions that led to the research, reflection, looking for alternatives to make the school a contemporary of the knowledge society, and in that sense to understand that we must go beyond the curriculum of the pencil and paper and the need to use a web in the daily school curriculum. We begin with a brief review of studies that indicate the urgency of including these technologies in the curriculum, their contributions as cognitive tools and the need to learn to use them as part of contemporary culture. We then present an outline of a Computer per Student Project - Phase 2 - and the "Project Training Institute Brazil" used for the qualification and training of teachers and administrators from 10 schools who participated in the Tocantins Project. Following we present the theoretical and evidence of a new form of organization of educational work which intentionality, dynamic, limitations and solutions, results, dialogues and developments point to the existence triggered from the connectivity and mobility of laptops Educational Design Institute, without losing rigor, has open spaces of the school for joy and entertainment, showing that the construction and systematization of knowledge can be performed in a collaborative, cooperative, pleasant and digital. Keywords: Education, curriculum, new Technologies, pedagogical work organization.
1. INTRODUÇÃO Fazer parte da sociedade do conhecimento, no contexto atual, é pertencer a um grupo
social que faz das Tecnologias Móveis Sem Fio - TMSF – tablet, smartphone, netbook,
Ipad, dentre outros artefatos tecnológicos móveis com conexão sem fio - um
instrumento cotidiano de comunicação, informação e expressão; utiliza múltiplas
linguagens e sabe conjugá-las para potencializar suas ideias, expressões orais, escritas
ou hipertextuais; faz uso de aplicativos, softwares, conhecimento disponibilizado na
rede para o seu próprio benefício e, se necessário, do outro; consegue utilizar essas
tecnologias para sua autoformação, para trabalho; sente-se livre para ingressar ou não
em redes sociais, comunidades virtuais com as quais se identifica, dentre outras
considerações. Sabemos, no entanto, que para utilizá-las faz-se necessário a aquisição
de novas competências, habilidades que na sua grande maioria não são trabalhadas na
escola, de modo especial na educação básica.
Neste trabalho os termos Tecnologias Móveis, Tecnologias Sem Fio são utilizados com
os seguintes significados: Tecnologias Móveis (mobile), onde a mobilidade está
relacionado com portabilidade, isto é, a capacidade de se levar para qualquer lugar a
tecnologia; Tecnologias Sem Fio (Wireless) são tecnologias de informação e
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comunicação que envolve o uso de dispositivos conectados a uma rede ou a outro
aparelho por links de comunicação sem fio (Saccol; Reinhard, 2007).
A presença dessas tecnologias nas escolas tem provocado inúmeros questionamentos,
desafios, reflexões dos profissionais que ali trabalham, sobre a necessidade de
repensar a organização do trabalho pedagógico e a gestão tanto da sala de aula, como
nos demais espaços escolares e não escolares que dê conta das demandas dos alunos
e também dos professores, uma vez que a grande maioria deles não teve a
oportunidade de conhecê-las e utilizá-las na sua formação acadêmica, fragilizando
assim o exercício das funções de docente para serem contemporâneos dessa
sociedade cada vez mais digital.
O questionamento que fazemos é: como organizar o trabalho pedagógico na sala de
aula, em outros espaços escolares e não escolares com a presença e uso dessas
tecnologias? Como fazê-las parceiras para potencializar os processos de ensino e de
aprendizagens? Estes são alguns questionamentos que nos impulsionam a pesquisa, a
reflexão e a busca de alternativas.
2. A PRESENÇA DAS TMSF NA ESCOLA: ESPAÇO PARA RESSIGNIFICAÇÃO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS As Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, de 13 de julho de
2010, prevê o uso pedagógico das Tecnologias Digitais da Informação Comunicação -
TDIC, consequentemente, das Tecnologias Móveis Sem Fio - TMSF e sua inserção no
currículo. Ações políticas que buscam assegurar a presença das tecnologias digitais no
currículo, abrindo espaços para a concepção de rede, e de mobilidade; essenciais para
se compreender a configuração do currículo da cultura digital; e, ao mesmo tempo,
aponta a premência da ressignificação das práticas pedagógicas realizadas pelos
professores em salas de aula.
Segundo Valente (2007), é necessário que o sujeito saiba utilizar as tecnologias digitais
uma vez que já fazem parte da nossa cultura e estão presentes no nosso cotidiano.
Argumenta que, da mesma forma que adquirimos a tecnologia da escrita, é preciso,
também, adquirir as tecnologias digitais, tendo em vista que elas possibilitarão a
criação de novas formas de expressão e comunicação, como, por exemplo: a criação e
uso de imagens, sons, animação e a combinação dessas modalidades. Ressalta que,
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para utilizá-las, é necessário desenvolver diferentes habilidades que permitirão a
aquisição de diferentes tipos de letramentos, como: digital (uso das tecnologias
digitais), visual (uso das imagens), sonoro (uso de sons), informacional (busca crítica da
informação). Esses letramentos precisam ser trabalhados no campo educacional, para
que educadores e alunos possam se familiarizar com os novos recursos digitais e,
assim, informar-se, comunicar-se e expressar-se usando as novas modalidades de
comunicação, como: processador de texto, internet, web, e-mail, bate-papo, lista de
discussão, hipertexto, blog, vídeo blog. Ele sinaliza que a aquisição dessas habilidades
está associada a conhecimentos, e que habilidades/ conhecimentos vão sendo
adquiridos pelo sujeito na proporção em que ele vai se apropriando das tecnologias
digitais até atingir o “letramento”.
De acordo com Almeida e Valente (2011) os estudos de Weston e Bain (2010)
propõem que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDIC não “sejam
vistas como ferramentas tecnológicas, mas como ferramentas cognitivas, capazes de
expandir a capacidade intelectual de seus usuários” (p.71). No caso da escola, que elas
sejam utilizadas para potencializar os processos de ensino e de aprendizagem junto
aos alunos, na perspectiva de uma inovação educacional que abrangeria aspectos
didáticos, pedagógicos, como por exemplo, uma proposta de uma educação baseada
em problemas, trabalho com temas geradores ou projetos. Ao trabalhar com projetos
a escola criaria situações concretas e oportunidades para o aluno colocar
conhecimentos em uso e não “ser ensinado sobre conteúdos”, permitindo-lhe tornar
significativo o conceito que está sendo trabalhado.
Os autores apontam que nesse contexto as TDIC podem ser utilizadas enquanto
ferramentas cognitivas, auxiliando tanto o professor quanto o aluno. Em relação ao
aluno, elas podem: ajudar na busca de informações; na elaboração dos cálculos que o
aluno precisa; facilitar de forma eficiente a comunicação, a troca de ideias entre os
colegas e com o especialista; auxiliar no processo de representação e explicitação do
raciocínio, dos conceitos, estratégias que estão sendo utilizadas. E nesse sentido elas
executam “este “raciocínio” na proporção que apresentam o resultado do que foi
solicitado à máquina em termos da representação e explicitação das ações que o aluno
define como parte do processo de resolver um problema ou um projeto” (Valente,
2002b, p.73), e que ao apresentar os resultados, isto favoreceria a reflexão
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possibilitando ao aluno confrontar os resultados com suas ideias originais, caso os
resultados obtidos não sejam os esperados, é possível alterar a representação das
ideias, depurando-as.
Em relação ao professor as TDIC, consequentemente as TMDF, podem auxiliar no seu
trabalho, no sentido de uma certificação ou realinhamento do projeto do aluno, ou
seja, ao ver os resultados expressos pelas máquinas o aluno “observar quais aspectos
da resolução do problema ou do projeto foram realizadas corretamente e o que ainda
necessita ser melhorado” (Almeida; Valente, 2011. p.74). Deixa claro que a intervenção
do professor é fundamental nos momentos em que o aluno não consegue avançar, ou
nos momentos que precisa ser desafiado “a procurar novas situações e, assim, ter
chance de dar saltos de qualidade no seu trabalho” (Almeida; Valente, 2011. p.74).
Ainda segundo esses autores implantar as TDIC nas escolas é um processo muito maior
que simplesmente prover acesso à tecnologia e automatizar práticas educacionais. Elas
precisam “estar inseridas, integradas aos processos educacionais, agregando valor à
atividade que o aluno ou o professor realiza” (Almeida; Valente, 2011. p.74).
3. PROJETO UM COMPUTADOR POR ALUNO- FASE 2 Em 2010 o Projeto um Computador por Aluno - iniciou sua fase II, denominada Piloto
com a participação de 300 escolas públicas no país, sendo 10 escolas em cada estado
da federação e quatro municípios nos quais todas as escolas receberam laptops com
características especiais de hardware e software para uso em educação, denominado
de laptop educacional que permite a portabilidade, interoperabilidade, acessibilidade,
conectividade, imersão e mobilidade e utiliza o sistema operacional Linux. Eles foram
distribuídos na proporção de um computador para cada aluno, isto é, um por um (um
computador por aluno).
Para a qualificação dos professores e gestores nas escolas contempladas com o projeto
utilizou-se o “Projeto UCA Formação Brasil” que dentre seus objetivos busca “criar e
socializar novas formas de utilização das tecnologias digitais nas escolas públicas
brasileiras para ampliar o processo de inclusão digital escolar e promover o uso
pedagógico das tecnologias de informação e comunicação” (Brasil, 2009, p. 01).
No estado do Tocantins o processo de formação foi desenvolvido a partir de uma rede
formada por professores pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica de São
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Paulo – PUC/SP, que compõe a IES Global, por professores formadores da
Universidade Federal do Tocantins que é a IES Local em parceria com professores
formadores e tutores das Secretarias de Educação Estadual e Municipais.
Para a implantação e implementação do processo de formação a equipe utilizou de
várias estratégias para a realização das ações, tais como: Criação da coordenação do
UCA na escola; criação do aluno monitor; Formação em rede, articulando as instâncias:
IES local, IES GLOBAL, SEDUC E ESCOLA. Reuniões virtuais via Skype; Criação da
Comunidade de Gestão da Formação no ambiente virtual e-proinfo, numa perspectiva
colaborativa de discussão; Encontros presenciais; Seminários regionais e o I
SEMINÁRIO ESTADUAL PROGRAMA UCA TOCANTINS: práticas pedagógicas com uso do
laptop educacional, Palmas – TO, com a participação dos cursistas das 10 escolas
contempladas; definimos como meta a elaboração de pôsteres/artigos para
socialização dos resultados das práticas com uso do laptop na escola. O processo de
formação qualificou 212 profissionais da educação entre professores, gestores e
especialistas em educação.
4. ESPAÇOS ESCOLARES E NÃO ESCOLARES MEDIADOS PELAS TMSF: UMA NOVA FORMA DE ORGANIZAR O TRABALHO PEDAGÓGICO O trabalho pedagógico, num sentido amplo, é entendido como trabalho efetivo
desenvolvido por todos os profissionais que atuam na escola, como as ideias e as ações
que permeiam o Projeto Político Pedagógico – PPP; e, no sentido mais restrito, é
aquele desenvolvido pelo professor com seus alunos no interior da sala de aula (Villas
Boas, 2004; Freitas, 1995). É preciso compreender que esses dois trabalhos fazem
parte de um todo e que as implicações de um podem afetar o outro.
Buscando alternativas para fazer da sala de aula, dos espaços escolares e não
escolares, os espaços com múltiplas zonas de desenvolvimento proximal (Vigotsky,
1984) para alunos, os professores e gestores participantes do Projeto UCA, tendo
proposta de formação o documento “Formação Brasil” e participantes da “ação 3”
dessa proposta que é o Curso de “Formação da Escola”, que objetiva preparar a equipe
de professores e gestores das escolas para o uso pedagógico inovador das tecnologias
digitais, na perspectiva de estruturar redes de cooperação e para isso utilizam em sua
grande maioria uma forma diferente de organização do trabalho pedagógico.
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Essa forma está presente em algumas salas de aula, nos projetos desenvolvidos ou em
desenvolvimento, onde a construção do conhecimento mediado pelas tecnologias se
faz em processos expressivos a partir da interação entre pares e entre alunos e
professores mediados pelas tecnologias móveis, aqui representadas pelos laptops
educacionais. Os professores, ao planejarem suas ações (aulas, projetos, atividades
curriculares) a serem desenvolvidas com os alunos levam em conta: a
intencionalidade, a dinâmica, os limites e soluções, os resultados, as interlocuções e os
desdobramentos (Borges; França, 2011).
O conceito de intencionalidade vem sendo discutido por vários filósofos e educadores
com abordagens diferentes, porém, elas convergem quando vinculam a
intencionalidade à consciência. Husserl (1859/ 1938) considerado o pai da
fenomenologia, apresenta a intencionalidade, como um ato intencional que está
relacionado a nossa consciência, onde tudo que existe está na relação entre os objetos
e a consciência do sujeito. “A consciência é sempre a consciência de alguma coisa e o
objeto é sempre para uma consciência. Sem essa relação consciência - objeto não
haveria nem consciência nem objeto” (Silva, 2009. p. 48).
Segundo Freire (2002, p. 171) “toda consciência é sempre consciência de algo, a que se
intenciona”, nesse sentido a intencionalidade, também estaria ligada a consciência ao
processo de conscientização. Considera que o homem é um ser de relações, “o homem
está no mundo e com o mundo” (Freire, 1979, p. 30). Aponta como características
desta relação a reflexão sobre esse mesmo ato, onde existe uma reflexão do homem
frente à realidade. E que ao compreendê-la seria capaz de levantar hipóteses e buscar
soluções para transformá-la.
Quando buscamos a intencionalidade, enquanto um processo consciente que permeia
as práticas pedagógicas, na organização do trabalho docente e discente há teóricos
que apontam a intencionalidade pedagógica como uma forma de organizar a aula de
maneira consciente, planejada, criativa e capaz de produzir um efeito positivo na
aprendizagem do aluno a “intencionalidade pedagógica como sendo toda a ação
consciente, planejada e executada pelo professo/ educador, acomodada dentro do
cenário pedagógico, determinado como espaço relacional dos que ensinam e dos que
aprendem”, afirma que ao organizar o trabalho pedagógico, o professor o faz
conscientemente (Negri, 2010).
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No desenvolvimento das práticas pedagógicas, com o uso das TMSF vamos encontrar a
intencionalidade alicerçada nos conceitos que ligam a intencionalidade à consciência,
ao nível de conscientização do professor e do aluno. Em relação ao professor podemos
citar a consciência dele no que se refere aos objetos de seu trabalho, à sua função de
educador, aos saberes docentes (Freire, 2003), aos saberes das disciplinas,
curriculares, profissionais e da experiência (Tardif, 2002), às competências e
habilidades que ele deve trabalhar com seus alunos, para que eles possam ir além do
currículo prescrito, e que alicerçados no conhecimento possam compreender o seu
contexto, refletir sua realidade, estabelecer relações, e sentirem-se capazes de buscar
o novo, de propor mudanças, de construir, desconstruir, reconstruir verdades, ainda
que provisórias. (Almeida; Valente, 2011). Em relação ao aluno a coautoria do
trabalho a ser realizado, o movimento da teoria a prática e vice-versa, o desafio, a
motivação para novas descobertas, o desenvolvimento de atitudes pró-ativas a favor
do próprio processo de aprendizagem.
Nesta perspectiva, a intencionalidade se configura como um conjunto de intenções,
conscientemente pensadas pelo professor ao planejar os conteúdos da disciplina.
Intenções que ao serem discutidas, acordadas com os alunos vão se materializando em
ações, propostas para serem desenvolvidas num determinado período de tempo
(hora/ aula, projetos, seminários, oficinas etc.), onde o professor e alunos, num
processo de coautoria, definem as ações a serem desenvolvidas pelos alunos, para que
eles partam rumo à construção, aquisição de novos conhecimentos. A intencionalidade
também estaria ligada ao emocional, à capacidade de comunicação, de mobilização do
professor para se envolver e promover o envolvimento dos alunos no trabalho.
Dinâmica é uma forma planejada para colocar em prática o que foi coletivamente
acordado pelo grupo (professor e alunos). Ela vem na perspectiva da organização do
grupo (número de participantes, uso dos recursos multimídias, do apoio técnico-
pedagógico e de infraestrutura) para desenvolver o trabalho. Está ligada à capacidade
de o professor gerar um ambiente construcionista de aprendizagens que tenha por
base o diálogo (Valente, 2002), em que o professor, numa perspectiva crítica e curiosa
(Freire, 1997), faz perguntas para descobrir os níveis iniciais de compreensão dos
alunos, buscando encorajá-los a levantar suas próprias questões, resolver os
problemas postos. Ainda, ao preparo das atividades, dos endereços virtuais, dos sites,
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dos bancos de dados, dos níveis de apropriação das tecnologias, da organização dos
tempos e dos espaços, da potencionalização das zonas de desenvolvimento proximal
(Vigotsky, 1984) do nível de exigência da atividade, da navegação na rede, do
conhecimento das ferramentas digitais e das intenções das atividades.
Limites e soluções são dificuldades, entraves que surgem no decorrer do processo de
desenvolvimento do conteúdo do projeto. São vistos não como um fim, que encerra
uma etapa, mas como um ponto de partida. Os limites são analisados na perspectiva
das soluções não só para resolver o problema, mas também para superá-los na busca
de novas possibilidades. As soluções são encontradas individualmente ou no coletivo
do grupo, seja para resolver problemas técnicos, metodológicos ou de infraestrutura.
Resultados são feitos, conclusões parciais ou finais do processo de desenvolvimento e
sistematização dos conteúdos abordados. São processos que se compõem a partir do
empenho individual e/ ou com a participação dos pares, do professor ou de outro mais
capaz (Vigotsky, 1984). Os resultados podem ser expressos em várias linguagens, de
diferentes modos e em distintos lugares. Há uma flexibilização que exige mais do
professor nas formas diversas de avaliar.
O resultado não é visto enquanto um dado final, mas um novo ponto de partida para a
construção de novos conhecimentos, um ponto que se abre a múltiplos vértices,
possibilitando aos alunos e ao professor novas conexões, novos nós numa rede que se
forma, novas espirais de aprendizagens que seguem rumo a novas voltas (Valente,
2002), implicando, dessa forma, processos permanentes de autoavaliação e avaliação
formativa.
Interlocução significa os vários níveis de comunicação realizados entre os sujeitos
envolvidos no trabalho, no âmbito das várias disciplinas do currículo escolar e/ ou
áreas de conhecimento. Interlocuções que se materializam em ações, projetos que são
desenvolvidas de forma inter e transdisciplinares.
Desdobramento é aquilo que não estava previsto, que emergiu (Morin, 1998) no
decorrer do trabalho. Ele pode ocorrer durante ou ao final do trabalho realizado. É
preciso estar atento aos vínculos estabelecidos pelo aluno que podem ser
potencializados. O desdobramento pode gerar outras ações/ projetos que não
estavam previstos, mas que emergiram pela manifestação de interesses, descobertas,
produções dos alunos e dos professores.
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A partir das práticas pedagógicas com o uso do laptop educacional do Projeto UCA
realizadas pelos professores que participara como cursistas do “Projeto UCA Formação
Brasil – Curso Formação da Escola” - 2010/ 2011 - TO, identificamos nos trabalhos
realizados e apresentados pelos professores elementos que ilustram essa forma nova
de organização do trabalho pedagógico em espaços escolares e não escolares. Os
dados foram extraídos das apresentações realizadas pelas escolas durante o I
Seminário Estadual Programa UCA Tocantins: práticas pedagógicas com uso do laptop
educacional, no qual foram apresentados 52 trabalhos em formato de pôsteres que
representam as experiências de sucesso desenvolvidas nas escolas com o uso do
laptop educacional. A figura abaixo é um dos pôsteres apresentado pelos professores
da Escola Estadual Joca Costa do município de Dianópolis no estado do Tocantins –
Brasil, no Iº Seminário Estadual Programa Um Computador por Aluno – UCA
Tocantins: práticas pedagógicas com uso do laptop educacional e ilustra como os
professores têm organizado o trabalho para desenvolver os conteúdos curriculares.
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Figura 1: Pôster – Degradação do meio ambiente: destino do lixo em Dianópolis
Fonte: I Seminário Estadual Programa UCA Tocantins: práticas pedagógicas com uso do
laptop educacional
Numa análise do trabalho apresentado “Degradação do meio ambiente: destino do
lixo de Dianópolis” podemos pontuar que: trata-se de um projeto, interdisciplinar,
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realizado na escola com a participação de vários professores e alunos, desenvolvido
num determinado período de tempo, com ampliação e diversificação dos tempos e
espaços curriculares, conjuga momentos realizados em espaços escolares e não
escolares, explora novos letramentos imagéticos, sonoro, visual, informacional
(Valente, 2007) e valoriza o trabalho em equipe.
A Intencionalidade “compreende a importância da preservação do meio ambiente,
contribuindo com a mudança de postura diante da nossa realidade” vai além do
cumprimento do currículo prescrito, os alunos partem para o desvelamento da
realidade, buscando compreendê-la para atuar, transformando-a (Freire, 2002). Um
trabalho que se efetiva a partir do processo de conscientização do professor, dos
alunos e da comunidade escolar “rejeitando a concepção de conhecimento que toma a
realidade como algo estável, pronto e acabado” (Brasil, 2010. p. 5). O conhecimento é
trabalhado visando uma mudança de comportamento que beneficia não só o
indivíduo, mas também o seu grupo social.
A Dinâmica aponta as estratégias utilizadas para viabilizar a execução do projeto. Do
contexto local os alunos partem para o mundo globalizado realizando novas leituras
numa linguagem hipermidiática possibilitada pela navegação na rede.
Foi realizado um levantamento da vivência dos alunos sobre o
armazenamento do lixo em suas casas e qual o destino dado a
ele. Sequencialmente pesquisaram na internet o tema
trabalhado, observando as causas e consequências prejudiciais
com o mau uso, bem como a sua relação com o agravante
efeito estufa. Realizou – se palestras com o intuito de reforçar o
conteúdo e sensibilizar a comunidade escolar a desenvolver
boas atitudes com relação ao meio ambiente. (Pôster –
Degradação do meio ambiente: destino do lixo em Dianópolis,
2011)
A Interlocução é realizada com outros conteúdos do currículo, num trabalho
interdisciplinar.
O trabalho permitiu uma interlocução com os conteúdos das
seguintes disciplinas: Ciências - Coleta seletiva do lixo;
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Português - Leitura e interpretação de texto, Geografia -
Degradação do meio ambiente; Matemática - Situação
problema envolvendo as quatro operações; Artes - Produção
teatral, confecção de materiais recicláveis (Pôster – Degradação
do meio ambiente: destino do lixo em Dianópolis, 2011)
Os Resultados são apresentados como positivos evidenciando uma mudança de
comportamento no campo pessoal e no campo coletivo. “Diante do trabalho realizado
percebeu-se que os alunos demonstraram atitudes de preservar o meio ambiente,
realizando coleta seletiva de lixo no espaço do seu convívio e alertando as pessoas
quanto a esse cuidado”. Fica evidente o uso do conhecimento, num exercício que vai
da teoria à prática e vice-versa.
Desdobramentos. Aqui não fica muito claro o que foi feito com os filmes que os alunos
realizaram.
Os alunos realizaram uma filmagem pelos arredores da escola,
observando a postura dos moradores em jogar lixo nas ruas, sabendo
que existe um lugar apropriado para isso. Foi visitado o lixão da
cidade e nesse momento foi feita uma entrevista com os funcionários
da empresa que faz a coleta do lixo, que explicaram para a turma
como acontece o tratamento do lixo recolhido e o seu destino
(Pôster – Degradação do meio ambiente: destino do lixo em
Dianópolis, 2011)
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca de formas alternativas para a organização do trabalho pedagógico na escola
que dê conta da aquisição dos diferentes letramentos (Valente, 2007) tem demando
estudos e formação dos professores para colocar as tecnologias digitais a favor dos
processos de ensino e de aprendizagem, promover a inclusão digital de alunos e
professores e a reconstrução do currículo na prática social entre alunos e professores
com a integração das tecnologias (Almeida; Valente, 2011) É preciso privilegiar
processos de formação que permitam o movimento teoria à prática e vice-versa,
levando o professor a perder o medo da ousadia, a olhar para suas próprias práticas,
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desconstruí-las e construí-las a favor dos alunos, pois é preciso compreender a
necessidade de ir além do currículo do lápis e do papel (Almeida e Valente, 2011)
utilizado para representar e explicitar os conhecimentos dos alunos e, nesse sentido,
fazer das TMSF parceiras para construção da educação desse tempo, utilizá-las para a
criação de espaços escolares integrados com a sociedade digital. Se não podemos
negá-las nem negligenciá-las é preciso delas nos apropriarmos (Borges, 2009) para
fazer os espaços escolares contemporâneos dessa sociedade cada vez mais digital e
sem perder o rigor (FREIRE, 1997), fazer dos espaços da escola espaços para a alegria e
o entretenimento, evidenciando que a construção e a sistematização de
conhecimentos possam ser realizadas de forma colaborativa, cooperativa e prazerosa.
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