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CENTRO UNIVERSITRIO DE FORMIGAUNIFOR
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
JORGE HENRIQUE FELIPE SANTANA
ESTUDO COMPARATIVO DE VARIAES DE CONTENO DE TALUDES
VERTICAIS
FORMIGA - MG
2014
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JORGE HENRIQUE FELIPE SANTANA
ESTUDO COMPARATIVO DE VARIAES DE CONTENO DE TALUDES
VERTICAIS
Trabalho de concluso de cursoapresentado ao Curso de EngenhariaCivil do UNIFOR, como requisito parcialpara obteno do ttulo de bacharel emEngenharia Civil.Orientador: Michael Silveira Thebaldi
FORMIGAMG
2014
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S231 Santana, Jorge Henrique Felipe.Estudo comparativo de variaes de conteno de taludes
verticais / Jorge Henrique Felipe Santana. 2014.
73 f.
Orientador: Michael Silveira Thebaldi.
Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Engenharia
Civil)-Centro Universitrio de FormigaUNIFOR, Formiga, 2014.
1. Movimentos-massa. 2. Taludes. 3. Conteno. I. Ttulo.
CDD 690
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RESUMO
Com intuito de garantir a estabilidade dos taludes necessrio a identificao doselementos que mais os prejudicam, a fim de adotar providncias, corretivas oupreventivas, para manter o macio sempre estvel, com o auxilio de estruturas deconteno. Por esses motivos, fazem-se necessrias as realizaes de obras deconteno de taludes. Diante disso, objetivou-se analisar a viabilidade tcnica deobras de conteno em cinco taludes na cidade de Arcos/MG, por meio de estudostopogrficos, visando comparar os mtodos mais recorrentes de conteno eapresentar propostas tcnicas para criar, de maneira terica, solues que possaminfluenciar na escolha do tipo de obra a ser construda. Para isso, em cada taludeselecionado foram obtidos dados topogrficos que permitiram a criao de perfis dossolos, para que as obras de conteno pudessem ser estudadas, em funo de suaslimitaes tcnicas e geomtricas, definindo-se assim, quais estruturas que melhor
se adaptam a toda rea de insero da conteno. Observou-se, ento, para oTalude 1 as estruturas que se adaptam so muros de concreto armadoe contenoem terra armada, enquanto nos Taludes 2 e 4 somente o mtodo das cortinasatirantadas. Para os Taludes 3 e 5, obras como concreto armado, concreto ciclpico,gabio, solo-cimento, crib wallou cortina cravada.
Palavras-chave: Movimentos-massa. Estabilidade-de-macios. Geometria.
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ABSTRACT
To ensure the stability of slopes is necessary to identify the elements that causemore damage to them in order to take corrective or preventive measures, to alwaysmaintain the stability of the mass with the help of containment structures. Thus, it isnecessary to carry out works to contain the slopes. Therefore aimed to examine thetechnical feasibility of containment works in five slopes in the town of Arcos / MGthrough topographical studies to compare the most common methods of restraint tocreate and, theoretically, present solutions that can influence the choice of the type ofwork to be constructed. Therefore, in each selected slope topographic data wereobtained, which allowed the creation of profiles, so that the work of containment canbe studied in terms of their technical and geometric constraints, establishing whichstructures that best fits the whole area insertion of containment. Then, it wasobserved that an inclination to adapt the structures is reinforced concrete walls and
containment of reinforced earth, while the slopes of number 2 and 4 just the methodof cable-stayed curtains. For 3 and 5 slopes as reinforced concrete, cyclopeanconcrete, gabions, soil cement, spiked crib or curtain wall slopes.
Keywords: Mass-movements. Stability-of-mass. Geometry.
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LISTA DE ILUSTRAES
Figura 1 - Escorregamento planar ............................................................................. 14
Figura 2 - Escorregamento rotacional ....................................................................... 15
Figura 3 - Escorregamento em cunha ....................................................................... 16
Figura 4Muro de concreto armado ........................................................................ 22
Figura 5 - Muro de concreto ciclpico........................................................................ 24
Figura 6 - Muro de conteno do tipo pedra seca ..................................................... 26
Figura 7Muro de pedra argamassada ................................................................... 27
Figura 8Gabio do tipo caixa ................................................................................. 28
Figura 9Modelo de gabio do tipo saco................................................................. 30
Figura 10Gabio do tipo colcho ........................................................................... 31
Figura 11Muro de solo-cimento ensacado ............................................................ 32
Figura 12Muro de conteno do tipo crib wall....................................................... 33
Figura 13Muro de conteno em cortinas atirantadas .......................................... 34
Figura 14Muro de conteno em cortinas cravadas .............................................. 36
Figura 15Muro de conteno em terra armada ..................................................... 37
Figura 16Muro de conteno com o uso de pneus ............................................... 40
Figura 17Marcao do ponto de nvel ................................................................... 41
Figura 18Vista superior do Talude 1...................................................................... 42
Figura 19Vista da seo posterior do Talude 1 ..................................................... 43
Figura 20Vista superior do Talude 2...................................................................... 44
Figura 21Vista frontal do Talude 2 ........................................................................ 45
Figura 22Vista superior do Talude 3...................................................................... 46
Figura 23Vista da lateral direita do Talude 3 ......................................................... 47
Figura 24Vista superior do Talude 4...................................................................... 48
Figura 25Vista frontal do Talude 4 ........................................................................ 49
Figura 26Vista superior do Talude 5...................................................................... 50Figura 27 - Vista do terreno do Talude 5 ................................................................... 51
Figura 28 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 1........................................ 53
Figura 29 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 2........................................ 56
Figura 30 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 3........................................ 59
Figura 31 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 4........................................ 62
Figura 32 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 5........................................ 65
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dimenses dos gabies do tipo caixa ...................................................... 29
Tabela 2Dimenses dos gabies do tipo saco ...................................................... 30Tabela 3Dimenses dos gabies do tipo colcho ................................................. 31
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SUMRIO
1 INTRODUO .................................................................................... 10
2 OBJETIVOS ........................................................................................ 11
2.1 Objetivo Geral .................................................................................... 11
2.2 Objetivos Especficos ....................................................................... 11
3 REFERENCIAL TERICO .................................................................. 12
3.1 Movimentos de massa ...................................................................... 12
3.1.1 Escorregamentos .............................................................................. 12
3.1.1.1 Escorregamentos translacionais ..................................................... 13
3.1.1.2 Escorregamentos rotacionais .......................................................... 14
3.1.1.3 Escorregamentos em cunha............................................................. 15
3.1.2 Escoamento ....................................................................................... 16
3.1.2.1 Corrida ................................................................................................ 16
3.1.2.2 Rastejo ............................................................................................... 17
3.1.3 Subsidncia ....................................................................................... 18
3.1.3.1 Subsidncias propriamente ditas .................................................... 18
3.1.3.2 Recalques .......................................................................................... 183.1.3.3 Desabamentos ................................................................................... 19
3.2 Verificaes da estabilidade de taludes .......................................... 19
3.3 Elementos que prejudicam a estabilidade de taludes .................... 20
3.4 Obras de conteno .......................................................................... 21
3.4.1 Muros de concreto armado............................................................... 22
3.4.2 Muros de concreto ciclpico ............................................................ 24
3.4.3 Muros de pedra seca ......................................................................... 253.4.4 Muros de pedra argamassada .......................................................... 26
3.4.5 Muros de gabio ................................................................................ 27
3.4.5.1 Gabio caixa ...................................................................................... 28
3.4.5.3 Gabio tipo colcho .......................................................................... 30
3.4.6 Muros de solo-cimento ensacado .................................................... 31
3.4.7 Muros em fogueira crib wall.......................................................... 33
3.4.8 Cortinas atirantadas .......................................................................... 333.4.9 Cortinas cravadas ............................................................................. 36
3.4.10 Terra armada ...................................................................................... 37
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3.4.11 Muros com uso de pneus .................................................................. 39
4 MATERIAL E MTODOS .................................................................... 40
4.1 Estudo topogrfico ............................................................................. 40
4.2 Local de estudo do Talude 1 ............................................................. 424.3 Local de estudo do Talude 2 ............................................................. 44
4.4 Local de estudo do Talude 3 ............................................................. 45
4.5 Local de estudo do Talude 4 ............................................................. 47
4.6 Local de estudo do Talude 5 ............................................................. 49
4.7 Escolha do tipo de conteno ........................................................... 51
5 RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................... 52
5.1 Talude 1 ............................................................................................... 525.1.1 Alternativas de conteno descartadas ........................................... 53
5.1.2 Alternativas de conteno exequveis .............................................. 55
5.2 Talude 2 ............................................................................................... 56
5.2.1 Alternativas de conteno descartadas ........................................... 57
5.2.2 Alternativa de conteno exequvel .................................................. 58
5.3 Talude 3 ............................................................................................... 59
5.3.1 Alternativas de conteno descartadas ........................................... 60
5.3.2 Alternativas de conteno exequveis .............................................. 61
5.4 Talude 4 ............................................................................................... 62
5.4.1 Alternativas de conteno descartadas ........................................... 63
5.4.2 Alternativa de conteno exequvel .................................................. 64
5.5 Talude 5 ............................................................................................... 64
5.5.1 Alternativas de conteno descartadas ........................................... 65
5.5.2 Alternativas de conteno exequveis .............................................. 66
6 CONCLUSES .................................................................................... 68
REFERNCIAS .................................................................................... 69
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1 INTRODUO
A chuva um dos principais elementos que causam instabilidade aos grandes
macios de terra, denominados taludes. A gua infiltra no solo, atravs de seus
poros, e tem o poder de modificar suas caractersticas fsicas, deixando-o menos
resistente e instvel, principalmente nas regies onde o solo fica totalmente
desprotegido por causa do desflorestamento. A instabilidade de taludes tambm
acontece devido ao crescimento contnuo e desordenado das cidades, levando a
construes em locais onde a topografia acidentada, que, por si s, apresentam
grandes riscos de escorregamentos.
Os escorregamentos acontecem em virtude da baixa resistncia dos materiaisque compem o talude, admitindo o movimento de massa devido fora
gravitacional, ou ainda devido ao acrscimo de esforos atuantes que ultrapassam o
limite de resistncia ao cisalhamento. Quando ocorrem esses deslizamentos de
massa, toda a rea ao seu redor afetada, principalmente em taludes onde existem
vrias construes, causando prejuzos enormes, devastao de bens pblicos e
privados, bloqueio de rodovias e vrias mortes.
A criao de estruturas, que so utilizadas para evitar e reduzir os riscos que
estes escorregamentos proporcionam, vem sendo cada vez mais estudadas, tendo
como principal objetivo a melhoria dos processos de execuo, oferecendo um
arranjo estvel e elevando consideravelmente as foras de resistncia do macio de
terra. Essas estruturas recebem o nome de obras de conteno, e so executadas
de acordo com a situao do local onde sero introduzidas, variando desde as mais
simples at as mais complexas.
A importncia das obras de conteno de taludes se estende em todas as
reas da construo civil, principalmente nas obras civis onde so realizados cortes
e/ou aterros, reas de encostas e conteno de taludes em rodovias. Devido a falta
de espao nas reas urbanas, e tambm pelo tipo da topografia, conveniente a
realizao desse tipo de estrutura, visando sempre a segurana, sendo que o
movimento de terra pode modificar as caractersticas do solo, deixando-o vulnervel
a desabamentos, colocando em risco a obra e as vidas humanas que a circundam.
Cada obra de conteno um empreendimento especfico, e isso o que trs
a importncia de ser avaliado, dentro dos mais diferentes mtodos, o que atende deforma mais adequada a cada situao, propondo sempre uma soluo
economicamente mais vantajosa.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar a viabilidade tcnica de obras de conteno de taludes no municpio
de Arcos/MG levando em considerao a geometria dos taludes.
2.2 Objetivos Especficos
Estudar as caractersticas geomtricas dos taludes,
Definir as obras de conteno, exequveis e no, dos taludes estudados.
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3 REFERENCIAL TERICO
3.1 Movimentos de massa
Os movimentos de massa podem ser entendidos como impacto resultante do
deslocamento de pores de solo, causando pequenos desastres naturais. Esses
movimentos so frutos da ao do intemperismo e da fragmentao de rochas,
especialmente em reas acidentadas e montanhosas, que compem uma parte
considervel da eroso do terreno. Tambm se formam a partir do momento onde a
coeso do solo, no terreno estudado, superada pela fora da gravidade. (ARAUJO;
ALMEIDA; GUERRA, 2008).De acordo com Brasil (2007), devido s vrias possibilidades da existncia
desses fenmenos, h uma srie de classificaes que surgiram de pesquisas sobre
tais movimentos de massa, realizadas por diversos profissionais, como engenheiros
civis, gelogos, gegrafos e mecanicistas de solos, cada qual com um determinado
tipo de objetivo a ser analisado.
Para Caputo (1987), os tipos de instabilidade dos macios de terra ou de
rocha, muitas vezes no so bem definidos e caracterizados, sendo os mais
conhecidos, separados em trs grandes grupos. O primeiro deles o
desprendimento de terra ou rocha, que surge quando uma determinada quantidade
do solo de um talude se desprende do macio, caindo livre e rapidamente, at
encontrar uma superfcie que favorea sua acomodao. Existem ainda os
escorregamentos, que so classificados como um tipo de movimento causado pelo
deslizamento rpido de uma massa de solo ao longo de sua superfcie, e o rastejo,
formado pelo deslocamento de camadas superficiais sobre camadas mais
profundas. Esses tipos de instabilidade so definidos como escorregamentos,
escoamentos e subsidncia.
3.1.1 Escorregamentos
Segundo Guidicini e Nieble (1984) os escorregamentos so movimentos de
solo muito rpidos, de durao relativamente curta, em que o centro de gravidade se
desloca, com ao da fora gravitacional, para baixo e para fora do talude. Tambm
so identificados como deslizamentos, encontrados principalmente em regies
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serranas e montanhosas, que abraam os materiais que compem a superfcie,
como vegetaes, solos e rochas, formando um trajeto devastador.
Para Caputo (1987), esses deslizamentos ocorrem na presena de chuvas de
curta durao e com intensidade elevada, como tambm em chuvas contnuas, de
longa durao, que criam situaes propcias para a perda da resistncia do solo,
principalmente nas encostas em ambientes midos e com elevado volume de
precipitao. Esse fator explica a ocorrncia dos deslizamentos nos perodos de
grande precipitao pluviomtrica, pois o peso especfico do material alterado com
a saturao, o excesso de umidade aumenta a presso neutra e consequentemente
diminui a resistncia ao cisalhamento. O acrscimo de peso desregrado em qualquer
ponto do talude tambm forma uma das principais causas de escorregamentos,sendo classificadas como causas externas de deslizamentos, enquanto a ao da
chuva entendida como causa interna, por modificar a estrutura interna do solo.
De acordo com Gomes (2009), esses movimentos se equivalem a um finito
deslocamento ao longo da superfcie de escorregamento preexistente, ou seja, os
deslizamentos tendem a percorrer caminhos no talude onde o solo apresenta uma
geometria favorvel ao escoamento de massa, sendo classificados em trs tipos:
escorregamentos translacionais, escorregamentos rotacionais e em cunha.
3.1.1.1 Escorregamentos translacionais
Segundo Guidicini e Nieble (1984), entre os principais tipos de movimentos de
massa destacam-se, por serem mais frequentes, os escorregamentos planares ou
translacionais, que podem ser identificados em taludes mais abatidos e so
frequentemente extensos, podendo atingir milhares de metros. So divididos em
escorregamentos translacionais de solo, escorregamentos translacionais de solo e
rocha e escorregamentos translacionais remontantes, causados por sucessivos
escorregamentos em uma nica face do talude.
Para Tominaga (2009), esse tipo de escorregamento acontece em razo da
descontinuidade de alguma propriedade fsica e/ou mecnica no interior do solo,
chamada de anisotropia, e se desenvolve ao longo de uma superfcie de fraqueza,
com durao curta e alta velocidade. Os escorregamentos translacionais tem por
caractersticas o movimento de solos rasos, dentro do manto de alterao, com sua
linha de ruptura variando de 0,5 a 5,0 metros de profundidade. Quando esse corpo
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de solo em movimento se depara com algum obstculo, sendo rochas ou trechos de
solo mais resistente, expulso do horizonte de deslizamento, formando um
embarrigamento caracterstico, que consiste no repouso desse corpo carregado
sobre a superfcie do obstculo, como pode ser observado na FIG. 1.
Figura 1 - Escorregamento planar
Fonte: Infanti Jnior & Fornasari Filho (1998)
3.1.1.2 Escorregamentos rotacionais
Os escorregamentos rotacionais so fenmenos verificados nas encostas,
geralmente em solos homogneos e mais espessos, movimentando o manto de
alterao. So movimentos de solos que revestem a rocha, ao longo de uma
superfcie que possua linhas potenciais de ruptura, ou ao longo da prpria superfcie
da rocha, que se desprendem causando deslizamentos catastrficos. Assim como os
escorregamentos translacionais, os rotacionais tambm podem ocorrer em grandes
extenses, onde a massa do terreno se escorrega de forma rotativa, delimitada de
um lado pelo talude e do outro por uma superfcie contnua de ruptura. Assim, cada
escorregamento afeta a estabilidade da massa de solo existente atrs de si, gerando
um novo escorregamento. (GUIDICINI; NIEBLE, 1984).
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Segundo Popp (2010), tais escorregamentos se processam a partir de
algumas possibilidades. A primeira delas a escavao no p do talude, que muda
o ponto de apoio, deixando-o incompatvel com o ngulo de atrito interno, em funo
da descontinuidade do terreno. Em seguida o fator de carga exagerada, que
contribui para o enfraquecimento de resistncia ao cisalhamento na parte mais
solicitada, causando linhas de ruptura ou rachaduras. As chuvas penetram por essas
rachaduras, aumentam o peso do solo e favorecem o seu deslocamento. A
aparncia geral da superfcie de escorregamento estampada por montculos e
depresses, como visto na FIG. 2; as rvores e o resto das vegetaes permanecem
em posio inclinada.
Figura 2 - Escorregamento rotacional
Fonte: TOMINAGA (2009)
3.1.1.3 Escorregamentos em cunha
Os escorregamentos em cunha ou deslizamentos estruturados so
compostos pela juno de dois escorregamentos planares, perpendiculares face
do talude, que deslizam para o mesmo ponto at se encontrarem. A FIG. 3 mostra
que esse movimento se estende ao longo de uma linha de interseco entre as
superfcies de escorregamento e, devido inclinao do macio, se desliza para a
jusante do talude de forma triangular. mais comum a existncia desse seguimento
em taludes de cortes ou encostas que passaram por algum processo natural ouantrpico. (BRASIL, 2007).
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Figura 3 - Escorregamento em cunha
Fonte: Infanti Jnior & Fornasari Filho (1998)
3.1.2 Escoamento
De acordo com Popp (2010), escoamentos so interpretados por movimentos
ou deformaes contnuas que se desenvolvem no solo, diferentes dos
escorregamentos. Podem ocorrer de forma rpida (corrida) ou lenta (rastejo), com
velocidades variando de milmetros a alguns metros por ano, se movendo em
direo s encostas de cotas inferiores, de acordo com o peso do material e da gua
contida em seu interior.
Guidicini e Nieble (1984) relataram que o termo escoamento, por ter carter
amplo, pouco utilizado, em comparao aos termos de corrida e rastejo que so
definidos da seguinte forma:
3.1.2.1 Corrida
De acordo com Guidicini e Nieble (1984) as corridas so classificadas como
formas rpidas de escoamento, geralmente causadas pelo encharcamento do solo
por chuvas pesadas ou perodos longos de chuvas com intensidade menor.Dependendo da composio o solo pode fluir como um lquido, se atingir um
determinado grau de fluidez. Esse elevado grau de fluidez pode ser alcanado com
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simples adio de gua, principalmente em solos bastante arenosos, ou ainda, pelo
efeito de vibraes durante terremotos ou durante a cravao de estacas.
Produzem uma devastao muito maior do que todos os tipos de
escorregamentos, desde as encostas, que so os locais onde se originam, durante o
seu trajeto em cursos dgua e fundo dos vales at alcanarem as plancies, que so
as reas de repouso do material transportado. As corridas recebem outros nomes de
acordo com a variao da viscosidade e do tipo do material que as compem, sendo
conhecidas tambm como corridas de terra, corridas de areia ou silte e, por fim,
corridas de lama. (GUIDICINI; NIEBLE, 1984).
3.1.2.2 Rastejo
De acordo com Popp (2010), o rastejo ou reptao tambm forma uma
espcie de movimento de terra, porm, na maioria dos casos, no se registra
ruptura, pois ocorre com velocidade extremamente baixa, variando entre milmetros
a centmetros por ano, e na camada superficial do talude. Geralmente esse
movimento se d pelo pisoteio de animais, ao da infiltrao de gua no solo e
tambm em funo do peso da lixiviao de materiais com gua contida, pela
infiltrao de guas.
A velocidade do movimento uma das principais caractersticas que
diferenciam o rastejo dos escorregamentos. Tambm se diferem pelo mecanismo de
deformao. Enquanto nos escorregamentos este age como um slido que tenha
alcanado o seu limite de resistncia ao cisalhamento, rompe-se drasticamente e se
desliza pela superfcie do macio de terra, no rastejo, se assemelha ao de um lquido
altamente viscoso, se desloca lentamente e, em alguns casos, atinge valores iguais
aos de resistncia mxima ao cisalhamento, formando um tipo de escorregamento.
justamente em razo da diferena do mecanismo de deformao que no existe
uma separao entre o terreno estvel e o terreno em movimento, quando analisado
o movimento de terra do tipo rastejo. (GUIDICINI; NIEBLE, 1984).
Segundo Brasil (2007) podem observar-se algumas trincas ao longo da
extenso do terreno, que se desenvolvem vagarosamente durante o deslocamento.
Esse sistema de movimento no exibe um plano de deformao bem definido no
solo; so as rvores, postes, cercas e demais objetos fixos que, atravs da mudana
de inclinao, acusam a sua ocorrncia.
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3.1.3 Subsidncia
As subsidncias tambm representam movimentos de massas ou
movimentos coletivos de solo e de rocha, num conjunto mais amplo. Socaracterizadas por deslocamentos de deformaes contnuas, movimentando
apenas o macio em sua direo vertical. Por apresentarem componente de
deslocamento horizontal praticamente nulo, se diferem dos escorregamentos e dos
escoamentos, pois no exercem foras nesse sentido para abrir uma frente de
deslocamento, de acordo com Guidicini e Nieble (1984), e so dividas nas seguintes
classificaes: Subsidncias propriamente ditas, Recalques e Desabamentos.
3.1.3.1 Subsidncias propriamente ditas
De acordo com Sallun Filho (2009), representam alteraes das condies
naturais do macio, causado pelo efeito de adensamento ou afundamento de suas
camadas. O adensamento pode ser desenvolvido pela retirada de material slido,
lquido ou gasoso que compe o substrato, obtido por processos naturais ou por
aes antrpicas. Podem ser consideradas como forma de poluio, do ponto de
vista ambiental, pois resultam no surgimento de reas alagadias, deixando a regio
vulnervel a inundaes, e contribuem para a danificao precoce das estruturas ao
seu redor.
3.1.3.2 Recalques
Segundo Mendes (2009), os recalques so definidos como movimentos de
solos de origens verticais ocasionados pelo peso prprio do terreno ou deformaesdo subsolo por influncia de outros agentes, como rebaixamento do nvel do lenol
fretico, retirada de material de suporte lateral provocada por escavaes e excesso
de peso na sua camada superficial.
Apesar de no influenciarem de maneira direta nos movimentos de massa
das encostas, os recalques formam as principais causas de trincas e rachaduras nas
edificaes. Sua classificao mais danosa a de recalque diferencial, pois a
estrutura se rebaixa com deslocamentos diferentes em pontos distintos do terreno,desenvolvendo esforos estruturais no previstos. Esses esforos so transmitidos
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em toda a estrutura e, quando no so suportados, podem levar toda a obra runa.
(CINTRA, 1998).
3.1.3.3 Desabamentos
Para Guidicini e Nieble (1984), os desabamentos so caracterizados por
movimentos extremamente bruscos pela ruptura ou remoo, parcial ou total, do
substrato, que podem ter efeitos catastrficos, pois, na maioria dos casos, ocorrem
em reas povoadas. So mais registrados em servios envolvendo escavaes
subterrneas, em que o solo entra em colapso superficial e se desloca no sentido da
escavao, arrastando com fora de intensidade altssima tudo que estiver em seutrajeto.
3.2 Verificaes da estabilidade de taludes
Em virtude da ocorrncia de movimentos de massas ou de escorregamentos
criados pelo aumento das tenses cisalhantes ou pela perda de resistncia dos
solos, as verificaes de estabilidades de taludes se tornam de extrema importncia.
De modo geral, o aumento das tenses cisalhantes acontece devido a vrios fatores,
como: o aumento exagerado de cargas em seu topo, por construes, aterros e etc.;
vibraes por terremotos e mquinas pesadas e tambm geradas por eroses,
cortes e escavaes. J as modificaes na estrutura como fissuras e
esmagamentos, bem como intemperismo dos materiais constituintes e o aumento
das poropresses, formam os fatores que mais prejudicam e diminuem
consideravelmente a resistncia. (POPP, 2010).
Segundo Guidicini e Nieble (1984) sempre que for necessrio analisar os
mecanismos de instabilidade dos taludes ou encostas, com o objetivo de criar uma
obra de conteno ou apenas identificar algumas medidas emergenciais de
preveno a acidentes, alguns procedimentos de caracterizaes geotcnicas
especficas devem ser executados. Essa caracterizao obtida atravs da
indicao de parmetros qualitativos e quantitativos de unidades geolgicas na rea
examinada, tendo como objetivo a previso da reao dessas unidades em
consequncia de solicitaes causadas por algum tipo de carga sobre a estrutura, afim de determinar o mecanismo de movimentao e sua natureza.
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De acordo com Reis (2010), os primeiros mtodos convencionais de anlise
de estabilidade eram estudados sobre uma superfcie possvel de ruptura, buscando,
atravs da avaliao das foras atuantes, uma previso do ponto de ruptura.
Taludes que os esforos resistentes, quando faziam relao com esforos
solicitantes, geravam um mdulo maior que um, eram considerados estveis. Esses
mtodos foram perdendo espao medida que os avanos tecnolgicos
progrediam, principalmente da indstria de minerao, onde apenas a verificao do
risco de ruptura no capaz de garantir a segurana do mesmo.
Para Caputo (1987) os mtodos mais atuais de estudo sobre a estabilidade
de taludes se dividem em dois. No primeiro, conhecido como Mtodo de Equilbrio
Limite, so escolhidas massas de alguns pontos aleatrios e verificam-se todas ascondies de equilbrio, encontrando a mais desfavorvel. Essa massa de solo
tratada como um corpo rgido-plstico, ou seja, se rompe inesperadamente sem
haver deformao, tomada como se estivesse em equilbrio na iminncia do
deslizamento. As foras atuantes servem para determinarem a intensidade das
tenses de cisalhamento que sero comparadas com os valores obtidos da
resistncia ao cisalhamento do solo. J o segundo, Mtodo de Anlise das Tenses,
as tenses so calculadas em todos os pontos e comparadas com as tensesresistentes, caso seja encontrados valores de tenses solicitantes maiores que os de
resistncia, sero identificadas zonas de rupturas, caso contrrio, so identificadas
zonas de equilbrio.
Para Massad (2010), o que difere nos mtodos de anlise de estabilidade de
talude, encontrados na literatura, se resume na maneira como consideram a massa
de solo. A massa de solo do talude, por exemplo, estudada como um todo no
Mtodo do Crculo de Atrito, enquanto outros mtodos, a exemplo do Mtodo Sueco,que tambm engloba os Mtodos de Fellenius e Bishop Simplificado, consideram a
massa subdividida em lamelas. Esses mtodos (Fellenius e Bishop Simplificado) so
de entendimento mais simples e proporcionam o desfecho de muitos problemas
ligados a estabilidades de taludes, por isso so utilizados com mais frequncia.
3.3 Elementos que prejudicam a estabilidade de taludes
A ocupao dos solos, principalmente em reas de encostas ou taludes
urbanos, forma uma das principais causas de acidentes catastrficos que, na maioria
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das vezes atingem pessoas de classes menos favorecidas, como em comunidades e
favelas de cidades mais desenvolvidas. Essas pessoas fazem construes em locais
de risco, sem levar em considerao as caractersticas fsicas e as limitaes do
terreno. As encostas urbanas podem ser ocupadas dependendo da composio do
solo, dos ndices pluviomtricos, da drenagem e, principalmente, da declividade,
respeitando sempre as limitaes determinadas pelo meio fsico. (CAPUTO, 1987).
Dentro dos grupos dos principais elementos que prejudicam a estabilidade de
taludes, a gua um dos principais indutores de escorregamentos. Por exemplo, no
caso de chuvas de grande intensidade acarretar o aumento da presso neutra,
enquanto, em um possvel rebaixamento do nvel do lenol fretico, provocar a
diminuio da presso neutra do solo, deixando-o instvel e exposto aosmovimentos em massa, segundo NBR 11682 (ABNT, 2006).
Guerra (1999) explica que a presena da vegetao um fator indispensvel
para estabilidade de encostas, e os sistemas radiculares uma tcnica muito
utilizada na engenharia civil para auxiliar na estabilidade dos taludes, evitando
grandes infiltraes de gua no solo. Para o autor os desmatamentos so fator
prejudicial, que merecem uma ateno diferenciada, pois removem a camada de
vegetao e aceleram o processo de eroso, alm de eliminar a resistncia criadapelas razes
Em Brasil (2007) classificam-se os detritos como uma fonte potencial de
deslizamentos, grande problema verificado em reas urbanas com o lanamento de
lixos na superfcie, provocando a obstruo da drenagem natural do terreno. Por ser
um material no coeso, em pocas de chuvas acontecem os escorregamentos,
devido a grande quantidade de gua retida em meio aos detritos.
A instabilidade dos taludes raramente causada por um nico elementocondicionante, sendo preciso a identificao dos elementos que mais prejudicam,
com o intuito de adotar providncias, corretivas ou preventivas, para manter o
macio sempre estvel, com o auxilio de estruturas de conteno.
3.4 Obras de conteno
Barros (2006) define as obras de conteno ou de arrimo como construes civis
cuja finalidade oferecer estabilidade contra a ruptura de macios de terra ou rocha.
So estruturas que sustentam estes macios e impedem o escorregamento
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originado de seu prprio peso ou de cargas externas. Embora a geometria, o
processo construtivo e os materiais utilizados nas obras de conteno sejam muito
diferentes, sua finalidade permanece a mesma, ou seja, a conteno de uma
eventual ruptura do macio, de modo a suportar as presses laterais exercidas sobre
ele.
3.4.1 Muros de concreto armado
Segundo Carmo (2009),uma das principais caractersticas desse tipo de obra
de conteno a diminuio do volume da estrutura, sendo que a sua estabilidade
assegurada pelo peso do retroaterro em sua fundao, fazendo com que secomporte como muro de gravidade. (FIG. 4).
Figura 4Muro de concreto armado
Fonte: O autor (2014)
Devido ao emprego de armaduras de ao em seu interior, podem ser
executados em grandes alturas, sendo pouco viveis quando ultrapassam os 7
metros. Para maiores alturas necessria a construo de contrafortes ou gigantes,que so estruturas verticais, em forma de pilares com grande rea, destinadas a
aumentar a rigidez da estrutura. Desde que atendam s enumeraes dos projetos,
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podem ser realizados em diferentes formas geomtricas e, dependendo do tamanho
da estrutura, com fundao direta ou profunda. (CARMO, 2009).
De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2010), fundaes diretas so estruturas
cuja profundidade de assentamento seja menor que duas vezes a menor dimenso
da fundao, formadas, na maioria dos casos, pelos elementos estruturais do tipo
sapatas, sapatas associadas, vigas de fundao, blocos e radier. J as fundaes
profundas, como o prprio nome sugere, so estruturas profundas em que a carga
transmitida ao terreno por meio da resistncia de ponta, atrito lateral ou pela
combinao das duas possibilidades, vista nas estacas e tubules.
Os muros de concreto armado podem, ainda, ser construdos por dois
principais elementos, sendo o muro propriamente dito ou tardoz e a sapata defundao (MOLITERNO, 1994). Para a realizao dos clculos deve-se consider-lo
como uma laje vertical, que recebe o carregamento do empuxo de terra, engastada
na sapata que, por sua vez, ir transmitir o carregamento ao solo. Tambm funo
da sapata servir de apoio para parte do macio de terra que descansa sobre a
mesma, aps a sua construo total, dando um maior equilbrio estrutura.
Para a realizao desse mtodo de conteno, de acordo com Xavier (2011),
necessrio seguir cinco passos primordiais. O primeiro deles encontrar aintensidade de aplicao do empuxo. O segundo passo encontrar a estrutura que
mais se adapta ao macio e realizar o pr-dimensionamento do muro. Em terceiro, a
verificao da estabilidade global do sistema, conforme deslizamento, rotao e
suporte. Em quarto vem a indicao dos carregamentos e dos esforos e, como
quinto e ltimo passo, a determinao da armadura resistente, atravs de clculos
especficos.
Segundo Carvalho (1991), esse tipo de muro no possui porosidade ao longode sua estrutura, sendo necessria a execuo de dispositivos de drenagem, a fim
de aliviar a presso causada pelo acumulo de gua no macio contido. Esses
dispositivos recebem o nome de barbacs e so definidos como tubos que
atravessam a seo transversal da estrutura, ligando o dreno vertical, geralmente
feito com areia e/ou brita, e a face exterior da conteno. Santana (2006) diz que a
posio dos barbacs deve ser estudada de modo que no afete a esbeltez, pois os
drenos expulsam as guas com pequenas partculas de solo, formando um caminho
de lama na parede de concreto.
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Segundo Moliterno (1994), para que no ocorram fissuras com a dilatao do
concreto, provindas de mudanas de temperaturas, de fundamental importncia a
introduo de juntas de dilatao, compreendidas entre um espaamento mximo de
25 metros, que devem ser preenchidas com material que permita a expanso e
retrao, sem que haja mudana na sua caracterstica fsica. A compactao em sua
face deve ser realizada manualmente com equipamentos mais leves, como o
compactador sapo, para no causar sobrecarga e nem vibraes intensas que
afetam a estrutura.
3.4.2 Muros de concreto ciclpico
De acordo com Soares et al. (2012), os muros de concreto ciclpico so
estruturas compostas por concreto que possuem agregados grados com texturas
diferentes, extrados de blocos de rocha com variadas dimenses. (FIG. 5). Sua
construo realizada atravs do preenchimento de frmas, de madeira ou de ferro,
que criam suas dimenses, sendo que, na grande maioria de suas aplicaes, a
altura possui cerca de duas vezes o comprimento transversal da base, formando um
trapzio perfeito.
Figura 5 - Muro de concreto ciclpico
Fonte: GOULD (2013)
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Para Onodera (2005), esse tipo de estrutura pode ser utilizada em taludes
superiores a 3 metros de altura, mas no se torna vivel em taludes superiores a 5
metros, pois no possui armaduras que auxiliam na flexo, trabalhando apenas
como estrutura de gravidade. Necessita, assim, de grande rea de base para
suportar o empuxo causado pelo macio de terra, elevando consideravelmente o
custo final da obra.
Para evitar a sensao ptica de tombamento, os muros de concreto ciclpico
devem ser especificados com angulaes que permitem disfarar essa impresso.
De acordo com Jesus (2013), geralmente, para muros de face vertical e plana, so
adotadas escalas que criam ngulos de, pelo menos, dois graus com a vertical,
sempre no sentido do retroaterro,.Para Soares et al. (2012) assim como nos muros de concreto armado, os
dispositivos de drenagem tambm so executados de forma similar, pois essa
estrutura tambm no permite a passagem de gua. Para que o aspecto visual do
muro no seja afetado, outra forma de realizar a drenagem colocar uma manta de
drenagem, na face tardoz, que direcione a gua para uma sada criada na lateral do
muro, deixando de lado a utilizao de barbacs.
3.4.3 Muros de pedra seca
Segundo Jesus (2013), o mtodo mais simples de ser executado e menos
oneroso, porm no pode ser especificado para conter taludes com altura superiores
a 2 metros. So constitudos basicamente por pedras arranjadas manualmente, com
dimetro aproximado, sem o auxilio de materiais colantes. Sua resistncia
garantida pelo atrito, posio e o peso das pedras, sendo necessria uma base com
largura que gira em torno de 50% da sua altura, alm de ser realizada em uma cota
inferior do terreno de sustentao, para evitar o deslizamento superficial de toda a
estrutura.
De acordo com Mattos (2009), a simplicidade de construo reduz o seu
custo, pois no utiliza frmas e nenhum outro tipo de material que no seja pedras.
tambm isento de dispositivos de drenagem, pois a gua existente no talude se
infiltra atravs das fendas deixadas pelas pedras.
A FIG. 6 nos mostra um exemplo do arranjo de conteno de solo com o
sistema de pedra seca.
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Figura 6 - Muro de conteno do tipo pedra seca
Fonte: Apartment therapy (2014)
3.4.4 Muros de pedra argamassada
De acordo com Carvalho (1991), os muros de pedra argamassada so quase
idnticos aos muros de pedra seca, tendo como diferenas apenas o emprego de
pedras com dimetros diferenciados e a utilizao de argamassa de cimento e areia
como material colante, aumentando a aderncia interior. A argamassa ao mesmo
tempo em que une as pedras, para formar uma estrutura rgida, funciona como uma
vedao da passagem de gua, sendo de extrema necessidade a utilizao de
drenos. Por ser mais rgida, essa estrutura permite contenes de at 3 metros dealtura. (FIG. 7).
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Figura 7Muro de pedra argamassada
Fonte: LTD Engenharia (2004)
3.4.5 Muros de gabio
Segundo Onodera (2005), os muros de gabio so considerados como murosde gravidade, pois a resistncia em conteno vem do seu peso prprio. Os gabies
so formados por gaiolas metlicas com fios de ao galvanizados, revestidos ou no
com fibra de PVC, com dupla toro que formam uma malha hexagonal, preenchidas
com pedras cujo dimetro maior que a malha, evitando o desprendimento da
estrutura.
A vantagem da utilizao do gabio devido a sua flexibilidade, apesar de
no conter estruturas de ao em seu interior, as gaiolas se acomodam facilmente emsuas interaes, permitindo at recalques diferencias durante a extenso da
estrutura, logicamente em propores moderadas. Alm dessa absoro, uma
caracterstica positiva tambm a porosidade, pois no possuem nada dentro da
estrutura que impea a sada de gua, favorecendo a diminuio da poropresso.
Devido a essa porosidade, que gira em torno dos 30%, necessrio a utilizao de
mantas geotxteis, na face a tardoz (interna), separando a conteno do macio e,
assim, garantindo a passagem de gua sem a presena de finos do solo, que podemocupar os vazios existentes entre as rochas e diminuir a porosidade da estrutura.
(CARVALHO, 1991).
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De acordo com Barros (2006), estruturas que possuem escalonamento, ou
seja, construdas como degraus, na face interna ou externa, possuem maior
resistncia. Porm, para contenes que ultrapassam 5 metros de altura,
necessrio que o escalonamento seja executado na face exterior, para que o centro
de gravidade do muro fique dentro do macio.
Barros (2006) disse ainda que existem trs tipos de gabies, utilizados de
forma onde melhor se adaptam necessidade da obra, nas seguintes formas:
Gabio caixa, gabio tipo saco e gabio tipo colcho.
3.4.5.1 Gabio caixa
Esse tipo de gabio mais utilizado como muro, compondo o corpo da
conteno, ou ainda na conteno de encostas de canais de passagem de gua,
vinculando resistncia estabilidade. (FIG. 8).
Figura 8Gabio do tipo caixa
Fonte: Workmedia (2014)
Como a abertura da malha de ao possui 8 x 10cm, em todos os tipos de
gabio, necessrio utilizar rochas de enchimento com dimetro mdio entre 12 e
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15cm, sendo mais frequente o uso de calcrio compactado, calcrio mole, granito,
basalto, arenito, traquito e pedra porosa. Por ser um sistema muito resistente,
executado com mais frequncia em locais com grandes alturas, dependendo sempre
das especificaes dos projetos. A seguir esto expostas as principais dimenses de
fornecimento (TAB. 1):
Tabela 1 - Dimenses dos gabies do tipo caixa
Comprimento (m) Largura (m) Altura (m)
1,50 1,00 0,50
2,00 1,00 0,50
3,00 1,00 0,504,00 1,00 0,50
5,00 1,00 0,50
6,00 1,50 0,50
Fonte: Barros (2006)
3.4.5.2 Gabio tipo saco
uma malha metlica retangular de estrutura hexagonal que, aps opreenchimento com pedras, fechada nas bordas com um arame especial,
formando um cilindro. Seu preenchimento rpido e no depende de um arranjo to
criterioso das rochas quanto aos gabies do tipo caixa. Existem duas formas de
enchimento dos cilindros, sendo divididas em gabies do tipo saco e gabies do tipo
bolsa.
O primeiro surge quando o saco de malha metlica fechado, com um
arame especial, em suas extremidades. J o tipo bolsa recebe esse nome por serfechado somente na lateral, tambm com arame especial que, assim como nos
gabies do tipo saco, passa alternadamente entre os furos da malha, o que
possibilita sua montagem at mesmo no canteiro de obras. Geralmente empregado
em locais de acesso difcil, em solos com capacidade baixa de suporte ou ainda
totalmente saturados. Podem ser fabricados com dimenses variadas, dependendo
da disponibilidade do fornecedor, mas so encontrados no mercado com as
seguintes dimenses padres (TAB. 2):
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Tabela 2Dimenses dos gabies do tipo saco
Comprimento (m) Dimetro (m) Volume (m)
2,00 0,65 0,65
3,00 0,65 1,00
4,00 0,65 1,30
5,00 0,65 1,65
6,00 0,65 2,00
Fonte:Barros (2006).
A FIG. 9 nos revela o modelo do gabio do tipo saco, que difere do gabio do
tipo bolsa pelo fechamento da sua estrutura metlica.
Figura 9Modelo de gabio do tipo saco
Fonte: LAND (2012)
3.4.5.3 Gabio tipo colcho
uma estrutura flexvel com rea grande e espessura pequena, composto
por uma base na forma de paraleleppedo, preenchida no local e fechada com
arame especial. mais utilizada como revestimento de taludes, plataforma de apoio
para pequenas pontes e para proteo do fundo e das margens de canais dgua.Devido a essas aplicaes os preenchimentos dos colches devem ser conformes e
arranjados, garantindo a robustez e esbeltez estrutural. Para a utilizao em canais,
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deve ser executado um revestimento com argamassa, com o intuito de deixar a
superfcie lisa para o perfeito escoamento dgua. Os colches, como podem ser
vistos na FIG. 10, assim como os gabies saco, podem ser encomendados por
medidas especiais, mas seguem os seguintes padres (TAB. 3):
Tabela 3Dimenses dos gabies do tipo colcho
Comprimento (m) Largura (m) Espessura (m)
4,00 2,00 0,17
4,00 2,00 0,23
4,00 2,00 0,30
5,00 2,00 0,17
5,00 2,00 0,23
5,00 2,00 0,30
6,00 2,00 0,17
6,00 2,00 0,23
6,00 2,00 0,30
Fonte:Barros (2006).
Figura 10Gabio do tipo colcho
Fonte: ARTUSA (2010)
3.4.6 Muros de solo-cimento ensacado
So obtidos atravs do empilhamento de sacos de polister preenchidos com
solo-cimento. Para a realizao da mistura de enchimento, o solo submetido a umpeneiramento, deixando sua textura homognea, livre de materiais grados e de
impurezas, em seguida, misturado com cimento com propores volumtricas que
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variam de 10:1 a 15:1(solo:cimento), dependendo sempre do solo a ser contido.
Depois desse trabalho adiciona-se gua, at que a mistura alcance a umidade
tima, conhecida atravs de ensaios de laboratrio. (JESUS, 2013).
Ainda de acordo com a autora, na execuo do muro, os sacos da mistura
solo-cimento so posicionados de forma horizontal, de modo em que a camada
superior fique desencontrada da camada inferior, formando uma espcie de
amarrao. (FIG. 11). Os sacos devem ser compactados individualmente e de forma
manual, logo aps serem posicionados, a fim de garantir uma grande densidade do
muro, diminuindo o nmero de vazios existentes. (JESUS, 2013).
Figura 11Muro de solo-cimento ensacado
Fonte: DUVALLE (2011)
Segundo Santana (2006), esse tipo de conteno de taludes se mostra
vantajosa pelo fato de no necessitar de mo de obra especializada, porm, como
um fator limitante, recomendvel apenas para estruturas que no ultrapassem 5
metros de altura. Com o passar dos anos, os sacos se fragmentam totalmente e,
apesar disso, o material solo-cimento se mantm da mesma forma em que foi
construdo. A face externa pode receber um acabamento mais fino, como argamassa
de cimento e areia ou mesmo o plantio de gramas rasteiras que, alm de contribuir
com o aspecto visual da estrutura, favorece a preveno de possveis eroses.
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3.4.7 Muros em fogueira crib wall
Para Carmo (2009), os muros do tipo crib wall so usualmente utilizados na
conteno de aterros em encostas, pois se adaptam bem ao terreno de suporte e,devido ao seu travamento, so resistentes a recalques e outras movimentaes em
sua base. (FIG. 12).
Figura 12Muro de conteno do tipo crib wall
Fonte: Thomas Ben Limited (2007)
De acordo com Carvalho (1991), so construdos a partir do encaixamento de
estruturas pr-moldadas de concreto armado, peas de ao ou de madeira, em
forma de fogueira. Esse encaixamento forma uma espcie de gaiola que, assimcomo nos muros de gabio, so preenchidas com materiais granulares pesados,
como blocos de rocha, seixos de maiores dimenses e at entulhos. Esse muro
assume o papel de muro de gravidade, podendo atingir altura de aproximadamente
20 metros, razo pela qual utilizado em encostas muito ngremes e pouco estveis.
3.4.8 Cortinas atirantadas
So estruturas compostas por concreto armado, na forma de paredes, que
abraam as cabeas dos tirantes. Os tirantes so injetados no solo, solicitados a
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foras de trao e presos nas paredes armadas, com a finalidade de suportar a
carga exercida pelo macio contido, trao e a fora de puno criada por estes
elementos. Essas foras so transmitidas por tirantes do tipo monobarra macia ou
por uma juno de vrios cabos de ao com dimetro menor, at alcanarem o
dimetro especificado no projeto. Os tirantes so produzidos em indstrias
especializadas que garantem a utilizao de materiais determinados pelas normas
da Associao Brasileira de Normas Tcnicas. (CORSINI, 2011).
A FIG. 13 mostra um perfil do mtodo de construo em cortina atirantada
que contm o solo de suporte de uma rodovia.
Figura 13Muro de conteno em cortinas atirantadas
Fonte: SOPE Engenharia (2014)
Na execuo desse mtodo de conteno necessrio seguir os seguintes
passos, descritos por Massad (2010):
Perfurao do macio: realizada atravs de equipamentos chamados deperfuratrizes, que, com o auxilio de uma broca, fazem o furo no talude. O
ngulo de atuao dos tirantes, o seu dimetro e a profundidade so
determinados em projeto, sendo que, em solos menos resistentes esses
parmetros so modificados e a profundidade do furo vai at uma zona mais
resistente do macio, para evitar que os tirantes fiquem soltos dentro da linha
de ruptura.
Limpeza do interior: nessa fase garantida a retirada de todos os detritos,
para evitar a obstruo do canal perfurado, deixando-o livre para o
lanamento dos tirantes.
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Instalao dos tirantes: so montados de acordo com o projeto, sendo feitos
de barras de ao macias ou cordoalhas, tratadas contra a corroso,
montadas antes de ser colocadas no furo, evitando um atrito grande, que
possa gerar ruptura de parede e obstruo do furo.
Lanamento da calda de cimento: essa calda tem a finalidade de evitar o
contado direto dos tirantes com o solo ao longo do furo, criando uma espcie
de camisa protetora, chamada de bainha de proteo contra a corroso. ela
tambm que, atravs de seu volume e presso de aplicao, garante a
ancoragem dos tirantes ao macio, por meio de um bulbo formado na ponta
enterrada. Seu lanamento realizado por mangotes que vo at o fundo do
furo, onde gerado o bulbo atravs da presso.
Protenso: realizada aps todo o processo de cura da calda de cimento de
ancoragem. Consiste em tracionar os tirantes com o auxilio de macacos
hidrulicos, seguindo os ensaios de protenso especificados na NBR 5629.
Execuo da cortina armada: nessa etapa realizada a conteno do talude.
Todos os tirantes so ancorados, por meio de cabea de ao e placas de
apoio, na parede armada executada em etapas de 1 m, onde os esforos so
transmitidos ao longo de toda estrutura. A trao dos tirantes que garante aestabilidade da obra de contenso. necessria a construo de uma
proteo para evitar a corroso dessas cabeas, que, geralmente, so
realizadas com pinturas anticorrosivas e posteriormente concretadas.
Esse tipo de estrutura bastante utilizado em reas urbanas que possuem
topografia bastante acidentada, em obras ferrovirias, rodovirias e onde tem-se a
necessidade de conteno de taludes e encostas. Seu sentido de construo podevariar dependendo do local a ser contido, sendo necessrio o corte parcial no talude,
de cima para baixo, na medida em que a concretagem da cortina seja executada.
Para taludes com reaterro o sentido da construo da cortina de baixo para cima,
sendo necessria a utilizao de elementos de drenagem ou considerar nos clculos
a carga da presso neutra, causada pelo acmulo de gua no talude. (FIAMONCINI,
2009).
Teixeira (2011) disse que apesar da eficincia da cortina ser muito boa,requer mo de obra especializada, fator que eleva consideravelmente o preo final
da estrutura e, ainda, possui limitaes quanto sua utilizao em rea urbanas
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muito densas, pois os tirantes podem penetrar nos terrenos vizinhos, deformar o solo
e causar riscos construes ao seu redor.
3.4.9 Cortinas cravadas
De acordo com Carvalho (1991), esse tipo de estrutura amplamente
utilizado em obras provisrias de conteno de taludes, pois no possui fundaes
que permitam elevadas alturas, sendo que a ficha (parte enterrada da estaca) a
principal parte da estrutura encarregada de suportar a flexo. (FIG. 14).
Figura 14Muro de conteno em cortinas cravadas
Fonte: Tecnisa (2013)
Resume-se na introduo de perfis metlicos, estacas pr-moldadas ou peas
de madeiras que servem como apoio vertical na construo do muro de arrimo.
Essas peas verticais podem ser cravadas no solo com distncia mnima, formando
uma cortina de estacas ou, ainda, cravadas com distncias maiores, onde os vos
so preenchidos na forma horizontal, com madeiras, placas de ao ou concreto
armado, todos dimensionados para resistirem aos esforos solicitantes provocados
pelo empuxo de terra. (CARVALHO,1991).
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3.4.10 Terra armada
De acordo com Carvalho (1991), um sistema de conteno composto pela
aplicao de armaduras sobrepostas em solos compactados, que recebem umacabamento externo, chamado de paramento, formado por placas metlicas ou de
concreto. Seus principais componentes podem ser vistos na FIG. 15 e so divididos
em trs partes, sendo:
Volume armado, que consiste no solo que rodeia as armaduras com a funo
de garantir o travamento da estrutura.
As armaduras, sendo identificadas como elementos na forma de vares ou
tiras flexveis e lineares que funcionam o tempo todo a trao, gerada a partirdo peso e da tendncia de movimento dos taludes. Geralmente so
produzidas de ao galvanizado tratado contra corroses, ao inoxidvel ou
com ligas de baixo teor de carbono (reforo inextensvel). Podem tambm ser
compostas por fitas de polister de alta aderncia (reforo extensvel).
As peles, responsveis pelo acabamento final da estrutura, que podem ser
executadas por placas metlicas rgidas e na forma de escamas ou, ainda,
por concreto. Essa parte no possui funo estrutural, sendo instalada porparafusos que a liga nas armaduras, evitando que o solo sofra com as aes
das intempries.
Figura 15Muro de conteno em terra armada
Fonte: MOREIRA SOBRINHO (2013)
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Para Silva (2012), alm do volume armado, armadura e as peles, tambm
podem ser classificadas com componentes estruturais da terra armada as soleiras.
Essas so definidas por uma estrutura de base para a primeira fiada dos painis de
paramento, feitas em concreto simples, betonado no local da obra. A geometria
desse soco de nivelamento (soleira) adotada geralmente em uma proporo de 2:1
(largura:altura), sendo que a sua principal funo nivelar a base da estrutura e
resistir aos pequenos esforos pontuais gerados pela pele.
O sistema funciona a partir da interao entre o solo e as tiras flexveis de
ao. Essas tiras so responsveis por aumentarem o poder de suporte interior do
solo, que, atravs do atrito, passa tenses de trao que so resistidas pelas fitas de
ao. Desse modo, o acrscimo de resistncia de trao do solo, ocasionado peloao das armaduras, ser mximo quando estiverem dispostos da maneira correta,
ou seja, na horizontal do talude, para que a fora de atrito impea seu movimento
para fora do macio, quando tender a deslizar-se, de acordo com NBR 9286 (ABNT,
1986).
Ainda de acordo com a NBR 9286 (ABNT, 1986), dependendo do estado de
tenso em que o solo se encontra aps ser compactado, pode ocorrer o fenmeno
da dilatncia, que significa uma mudana do seu volume quando submetido atenses cisalhantes variadas. Essa dilatao cria uma presso na armadura que fica
ainda mais confinada pelo solo envolvente, evitando qualquer tipo de movimento
horizontal.
Para Moreira Sobrinho (2013), o sistema de terra armada ganha um espao
no cenrio das obras de conteno pelo seu processo construtivo, que, apesar da
montagem trabalhosa, no necessita de mo de obra especializada. Outras
vantagens que podem ser observadas, de acordo com Flix (1991), so os mtodosde construo de forma acelerada, que dispensam o uso de grandes equipamentos,
andaimes e qualquer tipo de escoramento, reduzindo, assim, a rea do canteiro de
preparao. Quando comparada a outros tipos de conteno, sua flexibilidade
desperta a ateno, pois admite at recalques diferencias, intolerveis para a
maioria das estruturas, sem perder sua funo primordial e podendo ser executada
em alturas da ordem de 20 metros.
Silva (2012) descreve que, como toda obra, existem alguns pontos negativos
quanto sua utilizao, a comear pelo espao utilizado atrs da estrutura, sendo
que as tiras metlicas tem que ter um comprimento de, pelo menos, 80% da altura
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total da estrutura para garantir a estabilidade interna e externa. Outro fator a
utilizao de solo granular selecionado para ser compactado, uma vez que,
dependendo da falta na regio, pode ser necessrio o transporte desse material,
alterando consideravelmente o custo final.
3.4.11 Muros com uso de pneus
De acordo com Jesus (2013), os muros de pneus trabalham como muros de
gravidade com grande flexibilidade, se acomodam aos recalques do terreno e, por
esse motivo, no so recomendados em taludes que sirvam de suporte para cargas
vindas de edificaes, ferrovias e rodovias, que so obras que no suportamdeformaes na base.
Uma das principais vantagens desse tipo de conteno, segundo Souza
(2002), vem da reutilizao de pneus descartados, o que evita que sejam lanados
em locais imprprios, agredindo os solos e servindo de fonte criadoura de doenas
epidmicas (como a dengue e febre amarela), alm de ajudar na manuteno do
meio-ambiente.
Em sua construo, de acordo com Jesus (2013), os pneus so cortados ao
meio durante todo o seu permetro e separados em duas faces iguais. Depois, so
amarrados entre si, preenchidos por solo e pedras, fazendo toda a extenso da base
do talude. Nas camadas superiores os pneus devem ser centralizados, ou seja,
colocado o cento da circunferncia exatamente sobre a juno dos pneus debaixo,
criando uma amarrao entre todas as camadas at atingir a altura necessria.
Esse tipo de estrutura no atinge grandes alturas, sendo mais comum a
utilizao em taludes de at 5 metros, por trabalhar somente com o peso prprio.
Sua base deve ser dimensionada com a largura variando entre 40 a 60% de sua
altura total. Tambm deve ser executado um acabamento de proteo ao final da
construo, como concreto projetado, muros de alvenaria com tijolos de concreto ou
vegetao rasteira, com o intuito de evitar pequenas eroses de solo, danificaes e
mesmo incndios, provocados por vndalos. (CARMO, 2009).
A FIG. 16 exibe um perfil do mtodo de construo do muro de conteno
com uso de pneus.
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Figura 16Muro de conteno com o uso de pneus
Fonte: PINTO (2012)
4 MATERIAL E MTODOS
4.1 Estudo topogrfico
Os equipamentos utilizados para realizar o levantamento topogrfico nesse
estudo foram: receptor de sinal GPS, que foi empregado para determinar o
posicionamento geogrfico dos pontos que formam o permetro dos terrenos em que
os taludes esto inseridos; trena de fita metlica e trena a laser, utilizadas para
mensurar as distncias entre os pontos e a diferena de nvel entre o terreno e a
crista dos taludes, com auxlio de mangueira de nvel e estacas de madeira de 2
metros, fixadas no solo e devidamente aprumadas com prumo de face.
Com isso, as alturas dos taludes foram obtidas atravs do somatrio das
diferenas de nveis entre pontos marcados nas estacas cravadas ao longo de toda
a superfcie do solo em declnio. Essas estacas foram cravadas no solo e
aprumadas para serem utilizadas como pontos de referncia. Depois, para facilitar a
marcao, foi determinado um ponto na crista do talude com uma altura de 0,50
metros do solo e o nvel desse ponto foi transferido com a mangueira de nvel e
marcado com um lpis na estaca posterior.
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Como os taludes possuem grandes inclinaes, foi preciso descer a
marcao de referncia do ponto de nvel ao longo do comprimento da estaca, como
mostra o croqui na FIG. 17, a partir da segunda estaca, com valores medidos pela
trena at que a referncia marcada permanecesse a 0,50 metros do solo. As
marcaes foram modificadas para que se tornasse possvel a realizao de uma
nova marcao na prxima estaca, fazendo uma espcie de escada com o ponto de
nvel (processo de escalonamento). medida que as estacas se distanciam, no
plano horizontal, suas alturas se modificam drasticamente, sendo fundamental a
utilizao do processo de escalonamento para neutralizar esta diferena e realizar
corretamente a marcao da diferena de nvel.
Figura 17Marcao do ponto de nvel
Fonte: O autor (2014)
A diferena entre as medidas das marcaes modificadas nas estacas foram
somadas e anotadas em separado. Esse processo se repetiu at que o p do talude
fosse alcanado, de modo que o somatrio desses rebaixamentos dos pontos de
nveis, descontando 0,50 metros que foi somado no primeiro ponto, comps a altura
total do talude. As estacas foram separadas no plano horizontal dependendo da
necessidade de mudana de nvel em cada talude.
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4.2 Local de estudo do Talude 1
O talude estudado encontra-se na esquina, entre as ruas Ipanema e Caneto
Vieira, do bairro So Pedro, no municpio de Arcos MG, localizado aaproximadamente 210 km da capital, Belo Horizonte. A FIG. 18 mostra a vista
superior, demarcada em vermelho, da rea total do talude.
Figura 18Vista superior do Talude 1
Fonte: Google Earth (2014)
Nele ser construdo um estacionamento que comporte a demanda do bairro,
visto que em suas imediaes se encontram duas escolas de ensino tcnico. O
terreno possui geometria retangular, com 20 metros de comprimento em sua frente e
30 metros de lateral, totalizando uma rea de 600m, desenhado pelas seguintes
coordenadas geogrficas:
Primeiro ponto:
Latitude: 20 16 47.640 Sul
Longitude: 45 32 50.320 Oeste
Altitude: 749 metros
Segundo ponto:
Latitude: 20 16 47.470 Sul
Longitude: 45 32 49.300 Oeste
Altitude: 741 metros
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Terceiro ponto:
Latitude: 20 16 47 Sul
Longitude: 45 32 51.100 Oeste
Altitude: 748 metros
Quarto ponto:
Latitude: 20 16 46.840 Sul
Longitude: 45 32 49.420 Oeste
Altitude: 740 metros
Na regio do bairro, assim como em grande parte da cidade, o relevo muito
acidentado, como pode ser visto na FIG. 19, com grandes ondulaes e indcios que
comprovam a existncia de alguns tipos de movimentos de massa durante a sua
formao. Com a expanso acelerada das reas construdas sobre esse relevo,
surge a necessidade de estudos sobre a conteno dos solos, visando a melhor
relao custo-benefcio.
Figura 19Vista da seo posterior do Talude 1
Fonte: O autor (2014)
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4.3 Local de estudo do Talude 2
Est situado entre a Avenida Joo Vaz Sobrinho trecho ll e a Rua Lucas
Lus de Faria, na altura do bairro Vila Boa Vista, na cidade de Arcos - MG. A FIG. 20
mostra a demarcao da rea e a sua localizao entre a avenida e a rua.
Figura 20Vista superior do Talude 2
Fonte: Google Earth (2014)
Na crista do talude existem vrias residncias voltadas para Rua Lucas Lus
de Faria, que possui maior altitude. Em seu p, ou seja, na parte inferior, voltada
para Avenida Joo Vaz Sobrinho, ser construdo um posto de combustvel, fator
que eleva ainda mais o grau de importncia de uma estrutura bem planejada, pois
qualquer tipo de movimento do solo, alm arrastar as casas, pode invadir a rea de
bombas do posto e causar um desastre.
O terreno onde ser construdo o posto, exibido na FIG. 21, possui uma reade 1500m compreendido entre as seguintes coordenadas geogrficas:
Primeiro ponto:
Latitude: 20 17 09.460 Sul
Longitude: 45 32 02.810 Oeste
Altitude: 725 metros
Segundo ponto:Latitude: 20 17 08.900 Sul
Longitude: 45 32 01.640 Oeste
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Altitude: 729 metros
Terceiro ponto:
Latitude: 20 17 07.850 Sul
Longitude: 45 32 02.980 Oeste
Altitude: 725 metros
Quarto ponto:
Latitude: 20 16 07.480 Sul
Longitude: 45 32 02.140 Oeste
Altitude: 725 metros
Figura 21Vista frontal do Talude 2
Fonte: O autor (2014)
4.4 Local de estudo do Talude 3
O terceiro talude estudado est localizado no bairro Buritis, na esquina entre
as ruas Teixeira e Borges e Rodrigues de Souza, tambm na cidade de Arcos - MG.
O lote em que forma o talude, exibido no FIG. 22, relativamente plano, porm oseu fundo faz divisa com um terreno que possui uma diferena de nvel na ordem de
4 metros. A lateral direita, que faz divisa com a Rua Teixeira e Borges, devido ao seu
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grande declive, tambm possui a mesma diferena de nvel. Com isso, o muro ser
executado no fundo do terreno e na lateral direita e, tambm, dever resistir ao
empuxo criado pelo peso prprio do solo e o peso de uma residncia simples, com
92 m de rea construda.
Figura 22Vista superior do Talude 3
Fonte: Google Earth (2014)
O talude estudado est localizado ao fundo do terreno, com forma retangular,
que possui 12 metros de frente e 20 metros de lateral, perfazendo uma rea total de
240m, limitado pelas coordenadas geogrficas descritas abaixo:
Primeiro ponto:
Latitude: 20 16 56.610 SulLongitude: 45 31 53.220 Oeste
Altitude: 723 metros
Segundo ponto:
Latitude: 20 16 56.160 Sul
Longitude: 45 31 52.710 Oeste
Altitude: 724 metros
Terceiro ponto:Latitude: 20 16 56.310 Sul
Longitude: 45 31 53.500 Oeste
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Altitude: 722 metros
Quarto ponto:
Latitude: 20 16 55.860 Sul
Longitude: 45 31 52.990 Oeste
Altitude: 723 metros
A FIG. 23 ilustra a vista lateral direita do talude estudado, voltado Rua
Teixeira e Borges.
Figura 23Vista da lateral direita do Talude 3
Fonte: O autor (2014)
4.5 Local de estudo do Talude 4
A rea do talude estudado encontra-se entre as ruas Rivalino Ananias,
Sebastio Rodrigues de Souza, Joo C. Oliveira e Chico Cuca, no bairro Alvorada,
em Arcos - MG. (FIG. 24). Nesse terreno ser construda uma quadra poliesportiva e
uma praa de lazer e recreao para os moradores do bairro.
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Figura 24Vista superior do Talude 4
Fonte: Google Earth (2014)
A rea do terreno em que se encontra o quarto talude de 5400m, com 60
metros de frente e 90 metros de lateral. Sua dimenso espacial representada pelas
seguintes coordenadas geogrficas:
Primeiro ponto:
Latitude: 20 16 49.180 Sul
Longitude: 45 31 31.850 Oeste
Altitude: 761 metros
Segundo ponto:
Latitude: 20 16 46.390 Sul
Longitude: 45 31 30.970 OesteAltitude: 762 metros
Terceiro ponto:
Latitude: 20 16 48.550 Sul
Longitude: 45 33 33.940 Oeste
Altitude: 762 metros
Quarto ponto:
Latitude: 20 16 45.820 SulLongitude: 45 32 32.980 Oeste
Altitude: 761 metros
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Na FIG. 25 possvel identificar a altura bem como a disposio das ruas em
sua crista.
Figura 25Vista frontal do Talude 4
Fonte: O autor (2014)
4.6 Local de estudo do Talude 5
O quinto talude encontrado no bairro So Vicente, na cidade de Arcos
MG, entre as ruas Francisco Procpio dos Santos e So Lus. No loteamento, que
pertence Prefeitura Municipal de Arcos, ser construda uma praa com uma
academia popular a cu aberto, como vrias outras j existentes na cidade.
A FIG. 26 exibe uma vista superior em que pode ser observado o contorno do
terreno desenhado pelas linhas em vermelho.
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Figura 26Vista superior do Talude 5
Fonte: Google Earth (2014)
O terreno, como pode ser visto na FIG. 27, possui geometria retangular, com
63 metros de frente e 18 metros de lateral, formando uma rea total de 1134m
delineado pelas coordenas geogrficas:
Primeiro ponto:
Latitude: 20 17 24.420 Sul
Longitude: 45 32 12.480 Oeste
Altitude: 744 metros
Segundo ponto:
Latitude: 20 17 26.480 Sul
Longitude: 45 32 12.470 Oeste
Altitude: 745 metros
Terceiro ponto:
Latitude: 20 17 24.350 Sul
Longitude: 45 32 11.850 Oeste
Altitude: 743 metros
Quarto ponto:
Latitude: 20 17 26.460 Sul
Longitude: 45 32 11.980 Oeste
Altitude: 743 metros
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Figura 27 - Vista do terreno do Talude 5
Fonte: O autor (2014)
4.7 Escolha do tipo de conteno
Para a seleo do tipo mais adequado de conteno a ser executado em um
determinado talude imprescindvel analisar os aspectos do meio fsico de toda a
regio e dos principais processos de instabilizao, ocorridos por corte e/ou aterros.
Pelo estudo topogrfico, foram obtidas coordenadas geogrficas que moldam
a rea do terreno, bem como a diferena de nvel em pontos desejados, para a
determinao real da geometria e de todo o volume de solo a ser vencido pela
conteno.
Para cada talude selecionado foram obtidos dados topogrficos que
permitiram a criao de perfis dos solos, para que as obras de conteno pudessem
ser estudadas, em funo de suas limitaes tcnicas e geomtricas, definindo-se
assim, quais estruturas que melhor se adaptam a toda rea de insero da
conteno.
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Outro fator importante para a escolha da conteno o tipo de solo e suas
caractersticas. Porm, para efeito de comparao entre as estruturas, foi
considerado que todos os solos possuem os mesmos parmetros fsicos, sendo
assim, o estudo tornou-se mais direto e fundamentado primordialmente na
construo geomtrica de cada talude.
Assim, foram selecionadas alternativas e mtodos distintos com o objetivo de
adequar a melhor situao para a estabilizao do terreno, variando desde os muros
de arrimo mais simples at obras mais complexas encontradas na literatura. Com
isso, foi realizado um processo eliminatrio, levando em considerao somente as
limitaes tcnicas e geomtricas de cada estrutura, aps o qual se pode concluir
que, se considerada apenas a geometria do talude, diversas so as obras deconteno aplicveis a cada espcie, no tendo sido detalhados os custos para a
execuo de cada uma destas modalidades.
5 RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 Talude 1
Como o talude est no encontro de duas ruas em aclive o solo natural
bastante acidentado, com declividade de 60%, visto que a maior diferena de nvel
encontrada j na metade do comprimento lateral do terreno. Por isso, deveria ser
executado um aterro, sobre o solo natural, para que a altitude, em qualquer ponto do
terreno, se mantivesse igual a 749 metros. Sendo assim, tornaria necessria a
construo de uma obra de conteno desse macio de terra, com parede vertical
lisa para no atrapalhar os lotes confrontantes.
O muro de conteno deveria ser executado do primeiro ponto at o segundo,
onde foi observada a diferena de nvel igual a 8 metros, do segundo at o quarto
ponto, com a diferena de nvel igual a 9 metros, em relao ao primeiro ponto, e por
fim, do quarto at o terceiro ponto, com a diferena de nvel de 1 metro, tambm em
relao ao primeiro ponto. Diante disso, a maior diferena de nvel a ser vencida
pela conteno seria de 9 metros. (FIG. 28).
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Figura 28 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 1
Fonte: O autor (2014)
5.1.1 Alternativas de conteno descartadas
O muro em alvenaria de pedras, apesar de ser uma opo relativamente
barato, solicita uma rea abrangente e, por isso, nem sempre uma alternativa
vivel, pois pode ser necessria a utilizao da rea a jusante da conteno, em
terrenos vizinhos, para qualquer outro tipo de empreendimento (CARVALHO, 1991;
JESUS, 2013). Nesse caso, essa opo foi descartada pelo seu baixo suporte em
contenes, no sendo utilizadas em estruturas maiores que 3 metros, ficando,
assim, incompatvel com a altura final do talude.
Esse tipo de estrutura mais utilizada em taludes ao longo de rodovias fora
de reas urbanas, contendo solos de corte ou aterro. Tambm se faz necessrio, em
funo dos esforos provocados pelo empuxo de terra e at mesmo pelo seu peso
prprio, um estudo bem minucioso com relao capacidade dos materiais
empregados, a fim de evitar o rompimento da estrutura.
Outro tipo de conteno que no se adaptaria ao talude o gabio. Esse
mtodo foi descartado por causa da altura do talude a ser contido. Seria necessriaa realizao de um escalonamento exterior, para deixar o seu ponto de equilbrio
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dentro do macio de terra, conforme foi estudado anteriormente por Barros (2006).
Esta estrutura trabalha na conteno com o seu peso prprio e os gabies do tipo
caixa estariam aptos a conter o talude se no fosse necessrio o escalonamento
exterior, razo principal do descarte, pois afetaria a rea do loteamento de divisa.
J os gabies do tipo colcho e do tipo bolsa, devido s suas respectivas
dimenses, no poderiam ser utilizados. O primeiro foi descartado porque para
atingir a rea de conteno desejada, como sua maior altura de apenas 0,30
metros, seria necessrio diversos colches, elevando demasiadamente o custo da
obra. O segundo pelo mesmo motivo, pois seu dimetro fixo em 0,65 metros e,
tambm, utilizaria muito cilindros.
Por ser uma estrutura que trabalha na conteno apenas com seu pesoprprio, como descrito por Onodera (2005), o muro em concreto ciclpico tambm foi
eliminado pela mesma razo do muro em alvenaria de pedras, pois no utiliza
armaduras de ao em seu interior. Por esse motivo necessrio aumentar
consideravelmente a largura de sua fundao medida em que sua altura aumenta,
elevando tambm o custo da estrutura, pelo volume de concreto a ser utilizado. Alm
de ser mais comum e vivel, sua utilizao verificada em taludes rodovirios e em
permetro urbano, mas no ultrapassando 5 metros de altura.Ainda dentro do grupo das obras que utilizam o peso prprio para a
estabilizao do terreno e so construdas com reaterro, os muros de solo-cimento e
o de pneus tambm no seriam aplicveis ao talude em questo. Alm de serem
recomendados por Santana (2006) e Carmo (2009) para alturas inferiores a 5
metros, assim como as contenes citadas anteriormente, precisam de uma rea de
seo transversal muito ampla, invadindo o terreno vizinho. Esses dois tipos de
conteno, principalmente com pneus, por ser flexvel, tambm no suportamgrandes intensidades de cargas aplicadas na crista do talude, deixando de ser
exequveis em se tratando de taludes de suporte para construes.
No grupo das obras de conteno sem reaterro, esto compreendidas as
contenes em cortina cravada e cortina atirantada. As cortinas cravadas, como
disse Carvalho (1991), so mais aplicadas como obras provisrias e no suportam
grandes cargas e nem grandes alturas, por no possurem fundao que permita a
estabilidade global da estrutura. Diante disso, a sua utilizao de forma equivocada
deixa toda a obra vulnervel a escorregamentos e descontinuidade de sua seo,
provocada pelo empuxo de terra.
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J as cortinas atirantadas foram descartadas nesse processo pela sua
inviabilidade econmica. Apesar de este sistema ser exequvel tambm em taludes
de reaterro, seus tirantes devem passar por toda a camada de reaterro at serem
ancorados no solo mais resistente (MASSAD, 2010). Como nesse estudo a distncia
do talude original, ou seja, a parte de maior resistncia e sem reaterro muito
grande, na ordem de 30 metros, esse processo seria bastante oneroso, alm de ser
necessria a verificao da resistncia dos tirantes, atravs de ensaios com
macacos hidrulicos. Outro fator limitante a inclinao aguda, dificultando o
trabalho de maquinrio pesado para a realizao de cortes, espalhamento e
compactao do solo.
5.1.2 Alternativas de conteno exequveis
Foi visto em Carmo (2009) que o concreto armado um dos materiais mais
empregados na construo de obras de conteno de terra em reas urbanas, pois
forma, do ponto de vista geomtrico, uma parede vertical esbelta e, por isso, no
atrapalha os terrenos vizinhos. Outra grande vantagem desse muro tambm a
reduo da sua seo transversal, que implica na diminuio do volume de concreto.
Porm, devido a esse fator, so empregadas altas taxas de armadura de ao na
juno de suas lajes, vertical e horizontal, elevando o custo final da obra.
Devido solicitao de altura do talude em estudo, deveria ser prevista a
construo de contrafortes na parte a tardoz da conteno (CARMO, 2009). Isso
acarretaria o aumento do peso de ao utilizado, sendo que nesse tipo de obra os
contrafortes trabalham sujeitos fora de trao. Para estruturas que recebem os
contrafortes do lado jusante, ou seja, na parte aparente, ficam sujeitos a foras de
compresso, uma vez que o empuxo de terra vem de encontro estrutura. Esse tipo
de contraforte recebe uma rea de concreto maior do que os contrafortes internos,
porm a rea de ao utilizada menor. Sendo assim, cabe ao engenheiro projetista
decidir qual a opo mais vivel, atravs de estudos sobre a regio de aplicao
da estrutura. importante lembrar que os contrafortes na parte externa geram uma
perda de rea do loteamento vizinho, o que no poderia acontecer no talude em
estudo.
A terra armada, por ser um recurso muito eficiente, tambm muito utilizada
na construo de aterros. Como a diferena de nvel do macio de 9 metros,
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poderia ser utilizada nesse talude devido a sua grande extenso, sendo que, como
foi visto anteriormente em Silva (2012), necessrio um comprimento de fitas de
pelo menos 80% da altura total. Outra vantagem da escolha desse tipo vem de sua
resistncia de suporte para grandes alturas, com acabamento esbelto, devido ao
paramento de concreto utilizado para evitar eroses na face do talude contido.
5.2 Talude 2
Atravs de estudos realizados sobre a topografia da regio onde se encontra
o talude, chegou-se a concluso que a conteno teria que ser executada entre os
pontos 1 e 2, onde foi observada uma diferena de nvel em relao crista dotalude de 4,5 metros e tambm, entre os pontos 2 e 4, com uma diferena de nvel
de 6 metros. Essas diferenas de nvel podem ser observadas na FIG. 29 e foram
alcanadas atravs de escavaes realizadas no macio de terra, para deixar a rea
total do terreno no mesmo plano da avenida, que possui altitude de 725 metros.
Figura 29 - Detalhe dos pontos de referncia do Talude 2
Fonte: O autor (2014)
Entre os pontos 2 e 4, durante uma extenso total de 47 metros, existem
residncias na crista do Talude, formado atravs da escavao. Esse, porm, oponto mais crtico do terreno, sendo que a estrutura de conteno mais adequada
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dever conter o empuxo de terra do talude, com altura igual a 6 metros, e tambm a
carga oriunda do peso das residncias.
Para os estudos sobre as possveis alternativas de construo das
contenes desse terreno ser avaliado apenas o talude com altura igual a 6 metros
e comprimento igual a 47 metros, que o ponto mais crtico do terreno, pois, alm
de ser alto, possui grandes cargas em sua crista.
5.2.1 Alternativas de conteno descartadas
Para este talude o muro de concreto armado no possui uma boa aplicao,
pois, diferentemente do primeiro talude, onde teria que ser executado um reaterro,este ser um talude de corte, pela necessidade de utilizao tima de toda a rea
em frente ao seu p, para a construo do posto. Sendo assim, deve ser previstos
muros de conteno que no invadam o terreno a jusante.
Apesar de ser executado tambm em taludes de corte, o muro de concreto
armado necessita de uma rea a tardoz que permita a entrada de maquinrios para
a realizao correta da compactao do solo e para a construo de sua fundao
(MOLITERNO, 1994). Neste caso, devido existncia de construes em sua crista
e pelo fato de ser relativa