Download - Semântica: anomalias
Semântica
A anomalia é definida como um sentença gramaticalmente aceitável, mas incoerente ou sem sentido.
Sentenças anômalas são incapazes de gerar acarretamento.
A raiz quadrada da mesa da Mila bebe humanidade.
As não coloridas ideias verdes dormem furiosamente.
Rir é muito úmido. O fato de que queijo é verde tropeçou
inadvertidamente. Minha escova é loira e alta. Ser um teorema assusta consternação.
Contradição: duas situações possíveis e não problemáticas são colocadas juntas.
O João é careca e cabeludo. É possível isolar as sentenças e deduzir
verdades delas: O João é careca. O João é cabeludo.
Anomalia: mesmo isolando partes da sentença, ela continua problemática.
Minha escova é loira e alta. Minha escova é loira. Minha escova é alta.
Anomalias provocam estranhamento, e remetem às vezes a inferências pragmáticas.
Poetas usam anomalias para sugerir interpretações aos leitores.
Na linguística de Chomsky, essas sentenças foram marcadas como agramaticais. Para ele, os falantes adquirem o conhecimento de seleção de argumentos possíveis para o termo utilizado.
Exemplo: beber
Beber: V, [SN[+animado]] ____ [SN[+líquido]]
O menino bebeu a água. O campo bebeu toda a água da chuva. (na frase acima, o campo é
metaforicamente animado)
Anomalias são graduais. É preciso perceber em que sentido são
empregadas e se podem gerar interpretações coerentes.
Ler: V, [SN[+humano]] ___ [SN[-abstrato]]
O analfabeto leu o carro. O estudante de direito leu o processo.
Restrições selecionais apontadas por Chomsky são apenas um ponto de partida.
O falante adquire uma estratégia mais geral, com outras informações lexicais.
O falante competente pode evitar ou construir anomalias, conforme suas intenções.