CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADES CEARENSES - FAC
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
RENATA COSTA DE CASTRO
DEMOSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA: ANÁLISE DA CAPTAÇÃ O DE
RECURSOS NAS EMPRESAS DO SETOR TÊXTIL LISTADAS NA BM&F BOVESPA
FORTALEZA – CEARÁ
2014
RENATA COSTA CASTRO
DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA: ANÁLISE DA CAPTAÇ ÃO DE
RECURSOS NAS EMPRESAS DO SETOR TÊXTIL LISTADAS NA B M&F
BOVESPA
Artigo apresentado ao Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cearense – FAC, como pré-requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis, sob orientação da Prof.ª Francisca Yanna G. de Carvalho Manso.
Aprovado em ___/___/_____.
BANCA EXAMINADORA
Professor (a) Francisca Yanna G. Manso Orientador
Professor (a) Ms. Aline Rocha Xavier Casseb (Membro I)
Professor (a) Ms. Liana Márcia Costa Vieira Marinho (Membro II)
Fortaleza - CE Junho/2014
DEMOSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA: ANÁLISE DA CAPTAÇÃ O DE
RECURSOS NAS EMPRESAS DO SETOR TÊXTIL LISTADAS NA BM&F BOVESPA
Renata Costa de Castro1
RESUMO A dinâmica da economia das empresas requer dinamismo no conjunto de informações. As recentes alterações da legislação societária apresentam novas demandas aos procedimentos contábeis buscando padronização e maior confiabilidade nas decisões. Nesse novo mundo de mudanças e instabilidade esta pesquisa teve o objetivo geral identificar através da Demonstração de Fluxo de Caixa - DFC as formas de obtenção de recursos financeiros utilizados por empresas do segmento têxtil que negociam ações na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo - BM&F Bovespa e como objetivos específicos identificar a principal fonte de geração de caixa, detectar dentre a principal atividade quais as fontes utilizadas para obter recursos. Com este intuito foi realizado uma pesquisa bibliográfica e de levantamento de dados. A problemática deste estudo é conhecer qual a principal forma de captação de recursos das empresas do segmento têxtil, que negociam ações na Bolsa de valores, nos períodos de 2011, 2012 e especialmente em 2013? O levantamento abrangeu as demonstrações de Fluxo de Caixa divulgadas dos exercícios de 2011 a 2013 e analise dos dados coletados, no qual se verificou que mais de 90% das empresas captaram seus recursos principalmente por meio de atividades de financiamento. Quanto a este grupo de atividade, percebe-se que em 2011 a única forma de obtenção de empréstimos. Já nos anos de 2012 e 2013, além da obtenção de empréstimos, houve também transferência para o não circulante. Palavras-chave: Demonstração do Fluxo de Caixa; Setor Têxtil; Fontes de Recursos. ABSTRACT The dynamics of the economic from organizations requires more dynamism in information. Recent changes in the legislation present new challenges to the accounting procedures which must trustworthiness to the decisions. In the new world by changes and instability , the present research had as its main objective to identify through the Statement of Cash Flow the forms of acquiring financial sources used by the Textile Sector enterprises which negotiate the shares at Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo - BM&F Bovespa and specific objectives identify the main source of cash generation, detect among the main activity which the sources used to obtain resources, segregating the main source of cash generation. With this aim in mind a bibliographical research was undertaken as well as data collection. The problem of this study is to know where the main form of fundraising by companies in the textile industry who trade shares on the Stock Exchange for the periods 2011, 2012 and especially in 2013? The latter covered the financial statements of 2011, 2012 and 2013 and analysis of the data collected, it was noticed that more than 90% of the organizations under scrutiny acquired resources through financing activities. It was noticed that in the year of 2011 the main financing activity consisted the only way to loan capital. Already in the years 2012 and 2013, as well as obtaining loans, was also transferred to non-current. Keywords: Cash Flow Statement; Textile Sector; Funds Sources.
1 Graduando em Ciências Contábeis pela Faculdade Cearense- FaC. Profissional da Área Contábil.
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SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Relevância das informações contábeis; 3. A demonstração dos fluxos de caixa. 3.1 Estruturas da DFC; 3.2 Métodos de Elaboração; 4.Metodologia da Pesquisa; 5. Apresentação dos resultados; 6. Conclusão; Referencias.
1 INTRODUÇÃO
O cenário atual exige das empresas maior eficiência na gestão de seus recursos,
portanto a informação de uma demonstração contábil tem como um dos seus objetivos
influenciar a decisão de seus usuários, além de ser importante fonte de informações
externamente viável para as empresas (REVISTA CONTABILIDADE VISTA &
REVISTA, 2009). Para Iudícibus (2010), a função fundamental da contabilidade é
fornecedor aos usuários de demonstrações financeiras informações que os ajudarão na
tomada de decisões.
Diante as mudanças nos mercados de capitais, e neste contexto de expansão das
empresas brasileiras, o Conselho Federal de Contabilidade institui o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC), cuja função principal é interpretar e orientar no
desenvolvimento de procedimentos contábeis, bem como participar da elaboração de
pronunciamentos técnicos, orientações e interpretações, que podem ser transformadas
em Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
Uma das grandes mudanças ocorridas na contabilidade brasileira advém da Lei
n° 11.638/07, que substitui a exigência da divulgação da Demonstração de Origens e
Aplicações de Recursos (DOAR) pela obrigatoriedade da Demonstração do Fluxo de
Caixa (DFC) para as empresas de capital aberto e para as de capital fechado com
patrimônio líquido superior a dois milhões de reais. O principal objetivo desta lei foi
de harmonizar as regras contábeis brasileiras com os pronunciamentos internacionais,
especialmente os emitidos pelo International Accounting Standards Board (IASB).
A DOAR possui relações com a DFC, porém é mais rica, por ser mais analítica e
mostra a posição financeira da empresa e suas tendências futuras, possibilitando um
melhor conhecimento da politica de investimento e de financiamento da empresa, além
de ser mais abrangente. A DOAR, para Borsato, Pimenta e Lemes (2009), permitem
que a partir das alterações ocorridas na posição financeira, se avaliem os aspectos
relacionados às decisões financeiras de investimento, financiamento e dividendos da
empresa.
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Por outro lado, a DFC oferece informações mais concretas, como se houve ou
haverá dinheiro, informações que indicam o comportamento da empresa quanto as suas
operações, principalmente quando esta demonstração é lida junto ás demais
demonstrações contábeis. A DFC atualmente é um dos instrumentos de avaliação de
empresas mais utilizados e aceitos no mundo. Ela evidencia a capacidade de riqueza a
ser proporcionada aos seus acionistas, fornecendo um resumo dos fluxos de caixa
relativos à atividade operacional, atividade de investimentos e atividade de
financiamento.
A justificativa deste estudo fundamenta-se em verificar como estas empresas estão
se adaptando a crise econômica no seguimento têxtil e as formas que estão encontrando
para sobreviver diante deste cenário iniciado em meados de 2012, haja vista que a
indústria brasileira em geral é responsável por uma boa parte do PIB (Produto Interno
Bruto) e os empregos gerados neste setor impulsiona boa parte da economia do país, é,
pois indiscutível a extraordinária importância que o setor têxtil desfruta no cenário da
economia nacional.
Considerando todo o tema exposto, as normas internacionais de contabilidade, as
mudanças no cenário de mercado de capitais brasileiro, a preocupação com a
continuidade e capacidade geração de lucros das empresas, apresenta-se como objetivo
geral deste estudo é identificar através da DFC as formas de obtenção de recursos
financeiros utilizados por empresas do segmento têxtil e responder a seguinte questão:
qual a principal forma de captação de recursos das empresas do segmento têxtil, que
negociam ações na Bolsa de valores, nos períodos de 2011, 2012 e especialmente em
2013? E como objetivos específicos:
• Detectar dentre a principal Atividade quais as fontes utilizadas para obter
recursos;
• Conhecer a principal fonte de geração de caixa.
A resposta para este questionamento será encontrada através de uma análise
documental de modo que a metodologia utilizada caracteriza-se como qualitativa
descritiva e bibliográfica, para a parte do referencial teórico.
Este trabalho encontra-se estruturado em cinco seções, além desta. Tendo a seção
dois, aborda a relevância das informações contábeis. a apresentação da Metodologia
utilizada. A seção três a discorre os conceitos e objetivos da Demonstração do Fluxo de
Caixa. A seção quatro a apresentação da Metodologia utilizada. A seção cinco apresenta
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a análise das demonstrações publicadas pelas empresas utilizadas no estudo e apresenta
os resultados encontrados. A seção seis apresenta a conclusão do estudo.
2 RELEVÂNCIA DAS INFORMAÇÕES CONTÁBEIS
A relevância da informação contábil e sua utilidade como redutora da assimetria
informacional se dá quando o usuário externo tem a possibilidade de identificar certos
eventos e seus possíveis efeitos na empresa (MACEDO et al ., 2011). Para Iudícibus
(2010), a função fundamental da contabilidade é fornecer aos usuários de
demonstrações financeiras informações que os ajudarão na tomada de decisões.
A contabilidade pode ser definida como um sistema de informação que visa
controlar, apurar o lucro a avaliar o patrimônio da empresa em determinado período de
tempo, gerando informação que auxiliem o processo de tomada de decisão (SILVA;
NASCIMENTO, 2005, p.76).
A administração das empresas e a gestão de recursos financeiros têm sofrido
constantes desafios nas economias em desenvolvimento considerando ainda os ajustes
procedimentos e normatizações que a legislação societária requer e dos padrões de
evidenciação utilizados pela contabilidade.
A partir da década de 60, com o crescimento do mercado de capitais americano, a
contabilidade passou a ser vista por uma perspectiva baseada na elaboração e
divulgação de informações uteis ao processo decisório dos usuários. (ANTUNES;
ANTUNES; PENTEADO, 2007).
Para mercado de capitais, a relevância da informação contábil está associada aos
valores de mercado da empresa, sendo os estudos voltados para a verificação dos
reflexos destas informações no preço das ações das empresas (SILVA; MACEDO;
MARQUES, 2010).
O processo de convergência das Normas Internacionais de Contabilidade (NBC)
tem por objetivo facilitar os processos de comunicação entre os diferentes usuários das
demonstrações. Este usuário tem como interesse medir a capacidade da empresa de
gerar caixa para realizar pagamentos. A ideia inicial é analisar a capacidade e a origem
de geração de caixa, e partir dai fazer previsões acerca do futuro da empresa. Os
usuários de contabilidade são divididos em externos e internos, considera-se a própria
empresa como um usuário interno, pois as informações também são de interesse de seus
colaboradores. Os usuários externos são entendidos como sendo todos os indivíduos que
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precisem de alguma informação sobre a empresa.
As informações devem está caracterizadas pela Resolução CFC 1374/11 que
revogou CFC n° 1121/08, cujas características qualitativas são a relevância e
representação fidedigna, comparabilidade, consistência, verificabilidade,
tempestividade, compreensilidade, deve ter valor confirmatório essas são características
qualitativas que melhoram a utilidade da informação.
As demonstrações contábeis são regulamentadas pela Lei n° 6.404/76 que sofreu
alterações em decorrência da Lei n° 11.638/07 e 11.941/09, que visam à melhoria das
informações e, sobretudo a igualdade entre as demonstrações brasileiras e as
demonstrações internacionais. Segundo Santos e Calixto (2010), a Lei 11.638/07 é um
marco para a contabilidade brasileira, uma vez que alinha o Brasil ao processo de
internacionalização que ocorre em mais de cem países e que as alterações trazidas
representam uma profunda transformação contábil. Além da Lei 11.638/07 já
mencionada anteriormente, foi emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis –
CPC, o Pronunciamento Técnico CPC 03, que orienta que as entidades devem elaborar
a DFC de acordo com os requisitos do Pronunciamento e apresenta-la ao final de cada
período.
Uma das principais mudanças sofridas em 2007 foi à desobrigação da divulgação
da Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos (DOAR), e a obrigatoriedade da
publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC). O estudo de Macedo et
al.(2011) revelou que são mais relevantes as informações apresentadas pela DFC que
pela DOAR, no sentido da variação no preço das ações das empresas pesquisadas em
seu estudo, a DFC conseguiu explicar de forma mais eficaz, e houve acréscimo de
relevância às informações do processo de harmonização aos padrões internacionais.
3 A DEMOSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA
A demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), como parte integrante do conjunto
das demonstrações contábeis, exerce papel relevante, na medida em que é considerado
um forte instrumento de apoio á tomada de decisão num contexto de incerteza
(BORGES; NUNES; ALVES, 2012).
A convergência contábil facilita a comparabilidade das informações econômico-
financeiras. Além da Lei mencionada acima, Pronunciamento Técnico CPC 03, sugere
que as entidades elaborem a DFC padronizadas e integrando-as às demonstrações
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contábeis findo de cada exercício todas estas empresas publicaram sua DFC pelo
Método Indireto. Segundo Santos e Calixto (2010), a Lei 11.638/07, é um marco para a
contabilidade brasileira, pois deixa o Brasil alinhado com mais de cem países.
Nota-se que a Demonstração dos Fluxos de Caixa, é um instrumento que, de uma
maneira simplificada e de fácil compreensão, relata todos os fluxos de caixa
separadamente.
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) devem seguir as regras expostas no
Pronunciamento Técnico CPC 03, elaborada nas normas internacionais de contabilidade
IAS 7 (International Accounting Standard 7) .Segundo o IAS 7 , a DFC deve ser
apresentada de modo que evidencie os fluxos de caixa durante o período por seus
valores brutos , mas alguns recebimentos e pagamentos referentes a itens de rápida
rotação, montantes elevados e vencimentos de curto prazo podem ser divulgados pelas
variações liquidas dos saldos ocorridos durante o período.
Os objetivos da DFC são: evidenciar as entradas e saídas de caixa, fazer
reconciliação entre resultado do exercício e o caixa gerado, e informar detalhes a
respeito das transações de investimento e financiamentos. A partir do seu surgimento, os
analistas de mercado de capitais começaram a comparar a relação existente entre as
informações do lucro contábil e as do fluxo de caixa. (BORSATO, PIMENTA E
LEMES v.23 p. 47-74).
De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2010), o objetivo primário da DFC
é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de
uma empresa, ocorridos durante um determinado período, ou seja, sobre quanto entrou
de dinheiro no caixa e quanto saiu de dinheiro reduzindo o caixa.
Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009, p.186), o Fluxo de Caixaé baseado nos
seguintes fatos:
A DFC, por sua vez, demonstra a origem e a aplicação de todo dinheiro que transitou pelo caixa em um determinado período e o resultado desse fluxo. O caixa considerado engloba as contas Caixa e Bancos-por esse motivo, consideramos que seria mais adequada a intitulação Demonstração do Fluxo de Disponível. [...] Utilizamos a denominação DFC por ser a forma geralmente mais adotada. A análise conjunta da DFC e da Demonstração do Resultado pode esclarecer situações controvertidas sobre o porquê de a empresa ter um lucro considerável e estarem com o Caixa baixo, não conseguindo liquidar todos os seus compromissos. [...] Embora, seja menos comum porquê de a empresa ter prejuízo, embora o Caixa tenha aumentado.
De acordo com a NIC 7, uma demonstração do Fluxo de Caixa, quando usada
juntamente com o restante das demonstrações financeiras , proporciona informação que
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facilita aos usuários avaliar as alterações nos ativos líquidos de uma empresa , a sua
estrutura financeira, e a sua capacidade de afetar as quantias e a tempestividade dos
fluxos de caixa a fim de se adaptar ás circunstancias e oportunidades em mudança.
Figura 1 – Sistema de Fluxo de Caixa
Fonte: Revista Enfoque: Reflexão Contábil v. 31, n. 1 (2012)
A Figura 1 retrata os principais meios de ingresso e consumo de capital em uma
organização. Conforme a figura a origem das disponibilidades decorrem de três fontes:
das operações com venda de mercadorias ou serviços; dos sócios; de terceiros, por meio
de empréstimos, financiamentos, etc. As principais causas para a saída de recursos são
as operações finais da empresa, realização de investimentos e amortização de
empréstimos.
3.1 Estruturas da DFC
De acordo com o CPC 03, a estrutura da DFC está ligada as atividades
operacionais, de investimento e de financiamento. A lei das S.A em seu artigo 188
inciso I estabelece que a DFC deva ser estrutura de forma a apresentar as alterações
segregadas em no mínimo três fluxos: das atividades operacionais, de investimentos e
de financiamentos.
O modelo de DFC definido pelo IAS 7 subdivide os fluxos de caixa em três
categorias :
Atividades operacionais: inclui todas as transações e outros eventos que não são definidos como atividades de investimento ou financiamento. De forma geral, o Fluxo de Caixa das atividades operacionais deriva das principais atividades geradoras de receita da empresa. Portanto, representa o efeito caixa das transações que entram na determinação do lucro líquido; Atividades de investimento: incluem a concessão e o recebimento de empréstimos e
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financiamentos, a aquisição e alienação de investimentos em outras entidades e investimentos em ativo imobilizado ou ativos de longa duração utilizados na produção de bens ou prestação de serviços; Atividades de financiamento: incluem a obtenção de capital dos proprietários da entidade, bem como a respectiva remuneração, o recebimento e o pagamento de empréstimos obtidos, a obtenção e liquidação de outros recursos obtidos de credores em longo prazo.
O somatório dos três fluxos líquidos de caixa evidencia o acréscimo ou decréscimo
líquido ocorrido ao caixa no período, o qual somado ao saldo existente no inicio do
período, produz seu montante final.
3.2 Métodos de Elaboração
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) pode ser elaborada por dois métodos:
o método direto e o indireto, conforme dispõe o CPC 03 R2. Sua principal diferença
esta no Fluxo de Caixa das atividades operacionais. Quando elaborada pelo método
direto apresenta dentro do grupo de atividade operacional, primeiro o valor referente à
receita pela venda mercadorias e serviços para depois fazer as subtrações. A DFC
elaborada pelo método indireto apresenta no grupo de atividade operacionais primeiro o
lucro líquido, para em seguida adicionar os valores que não representam desembolso de
caixa, pois estes já foram deduzidos do lucro na Demonstração dos Resultados do
Exercício - DRE. Tanto o método direto e indireto apresentam vantagens e
desvantagens. Para os usuários é de melhor entendimento o método direto, porém mais
trabalhoso na sua elaboração. Já o método indireto é mais simples de ser elaborado,
porém mais difícil de ser compreendido.
O método direto consiste em utilizar as partidas dobradas para classificar os
recebimentos e pagamentos da empresa, sem realizar a conciliação entre lucro contábil e
caixa operacional, ele demostra exatamente de onde vieram e para onde foram as
entradas e saídas do caixa. (IUDICIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2010). O método
direto especifica as entradas e as saídas brutas de dinheiro referentes aos principais
componentes das atividades operacionais da empresa resultando em um saldo final que
expressa o volume líquido de caixa gerado ou consumido pelas operações durante o
período.
“O método indireto parte do lucro líquido do exercício para conciliar com o caixa
gerado pelas operações” (NETO, 2010, p. 85). Sua principal finalidade , segundo
Borsato, Pimenta e Lemes (2009,p.170-171), é “mostrar as origens ou aplicações de
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caixa decorrentes das alterações temporárias de prazos nas contas relacionadas com
ciclo operacional do negocio.” Outra vantagem é permitir que o usuário avalie quanto
do lucro está se transformando em caixa em cada período.
4 MÉTODOLOGIA DA PESQUISA
Nesta seção será abordado de forma detalhada os aspectos metodológicos
utilizados na pesquisa aqui desenvolvida.
Esta pesquisa trata-se de um estudo bibliográfico, de acordo com Gil (2009), é
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos. Assim como empírica, descritiva e explicativa, conforme explanam
Martins e Theóphilo (2009) estas procuram expor características das informações
contábeis, por meio da análise dessas informações, onde se pretende descrever os
componentes de um conjunto de dados e informações que possibilitem compreender as
formas de captação de recursos. Para Gil (2009), uma pesquisa descritiva explicativa,
tem como principal objetivo descrever características de determinada população. O
autor complementa ainda que uma de suas características mais significativas está na
utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.
O estudo foi realizado a partir de Demonstrações de Fluxo de Caixa anuais
completas, divulgadas pelas empresas do segmento têxtil que possuem suas ações
negociadas Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo - BM&F Bovespa. O
horizonte temporal dar-se nos intervalos de tempo dos exercícios de 2011 a 2013, esta
amostra não é probabilística, já que foi selecionado um segmento a ser analisado.
Será feito uma análise qualitativa, através de analise de dados, descrevendo e
decodificando informações que ajudem a compreender como se deu a captação de
recursos, obtidas a partir da Demonstração do Fluxo de Caixa. Foram verificados os
saldos dos grupos de atividades operacionais, de investimento e de financiamento
para, descobrir qual destas atividades geraram mais recursos.
No processo de coleta, as empresas foram escolhidas a partir da listagem da
BM&F Bovespa, desta forma não se podem fazer generalizações haja vista que os
resultados apresentados valem apenas para as empresas listadas e utilizadas na
pesquisa. Nesta etapa de coleta de dados, a pesquisa caracteriza-se como documental,
que segundo PONTE et al (2007),a pesquisa documental refere-se a às fontes
primárias de documentos escritos e não escritos .
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A escolha das empresas do segmento têxtil listadas na BM&F Bovespa deu-se
devido a estas seguirem um padrão nas suas demonstrações financeiras em sua forma
de apresentação, além de apresentarem suas Demonstrações de Fluxo de Caixa (DFC)
pelo método indireto.
Já escolha do período de 2011 a 2013 justifica-se pelo fato de só a partir de 2010
as empresas passaram a adotar o padrão IFRS (International Financial Reporting
Standards) de forma integral, também conhecido como Normas e Padrões
Internacionais de Contabilidade. Entretanto acredita-se que por estarem passando por
um período de transação da convergência, as informações poderiam distorcer os
resultados. Além disso, foram pesquisados empresas do mesmo segmento, facilitando
a comparação dos resultados obtidos.
As presas avaliadas nesta pesquisa estão elencadas conforme Quadro 1.
Quadro 1 – Empresas que Compõem a Amostra
N° RAZÃO SOCIAL NOME NO PREGÃO
1 BUETTNER S.A. INDÚSTRIA E COMERCIO. BUETTNER
2 CIA FIAÇÃO TECIDOS CEDRO CACHOEIRA CEDRO
3 CIA INDUSTRIAL CATAGUASES IND CATAGUASES
4 CIA INDUSTRIAL SCHLOSSER S.A SCHLOSSER
5 CIA TECIDOS NORTE DE MINAS COTEMINAS COTEMINAS
6 CIA TECIDOS SANTANENSE SANTANENSE
7 DOHLER S.A. DOHLER
8 EMPRESA NAC COM REDITO PART S.A. ENCORPAR ENCORPAR
9 FIAÇÃO TEC SÃO JOSE S.A. TECEL S JOSE
10 KARSTEN S.A KARSTEN
11 PETTENATI S.A. INDUSTRIAL TEXTIL PETTENATI
12 SPRINGS GLOBAL PARTICIPAÇÕES S.A. SPRINGS
13 TECBLU TECELAGEM BLUMENAU S.A. TEC BLUMENAU
14 TEKA-TECELAGEM KUEHNRICH S.A TEKA
15 TEXTIL RENAUXVIEW S.A. TEX RENAUX
16 WEMBLEY SOCIEDADE ANONIMA WEMBLEY
Fonte: Adaptado do site da BM&F Bovespa.
A iniciativa desta pesquisa começou com alguns estudos realizados no site do
Sinditêxtil, sobre a crise econômica da indústria têxtil no Brasil, causada pela alta carga
tributária brasileira, tornando quase inviável o investimento em modernização dos
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parques industriais, a invasão do mercado nacional por produtos chineses, bem como o
interesse em saber como as grandes indústrias estão saindo desta recessão, iniciada em
meados de 2012.
Diante destas pesquisas foi reportado que o PIB do setor têxtil em 2012 atingiu R$
38,3 bilhões, e a queda no investimento neste setor, vem limitando a inovação visto que
a principal fonte de acesso a novas tecnologias e tecidos é a aquisição de maquinas e
equipamento. (Admnistradores.com, 2013).
Quadro 2 – Artigos selecionados para a pesquisa
Autor Objetivo Resultados
MARTINS, Vinicius Gomes; OLIVEIRA, Alan
Santos (2013)
Analisar a relevância (value relevance) dos fluxos de caixa da DFC em mercados com
características distintas
Os resultados evidenciaram que para ambos os mercados, o FCO apresentou-se como a única
variável significativa.
MACEDO, M. A. da S.;
MACHADO, M. A. V.; MURCIA;
F. D. R.; MACHADO, M.
R. ( 2011)
Analisar se houve impacto no conteúdo informacional das demonstrações contábeis por
conta das alterações da Lei 11.638/07, em relação à substituição da DOAR.
As evidências empíricas encontradas apontam que o Fluxo de Caixa Operacional (FCOPA) é mais relevante que as Origens de Recursos das
Operações (OROPA) para o mercado de capitais, sugerindo que a substituição da DOAR pela DFC
foi benéfica para os usuários da informação contábil no Brasil, pois acrescentou relevância às
informações. MACÊDO, Francisca
Francivânia Rodrigues Ribeiro;
BEZERRA, Francisco
Antônio; KLANN , Roberto
Carlos.(2013)
Compara o value relevance das informações evidenciadas pela Demonstração das Origens e
Aplicações de Recursos − DOAR e pela Demonstração de Fluxo de Caixa− DFC,
considerando empresas listadas nos níveis de governança corporativa e no mercado
tradicional da BM&F Bovespa.
Os resultados apontam que as informações fornecidas pela DOAR são mais relevantes do
que as apresentadas pela DFC, visto que, conseguiram explicar de maneira mais eficaz, em
alguns níveis de governança da BM&FBOVESPA, a variação no preço das ações
das empresas pesquisadas
GRECCO, Marta Cristina
Pelucio(2013)
Avaliar se as mudanças nas praticas contábeis brasileiras trouxeram redução no gerenciamento de resultados das empresas abertas brasileiras
não financeiras.
Conclui-se que não houve alteração no gerenciamento de resultados no Brasil, por meio
de apropriações discricionárias, após a convergência às IFRS. Adicionalmente, foram
encontradas evidências de que empresas brasileiras maiores e mais endividadas
apresentam menor gerenciamento de resultados.
Fonte: Elaborado pela autora (2014)
Para esta pesquisa, buscaram-se nas palavras-chave destes as seguintes palavras:
Fluxo de Caixa, DFC, Captação de Recursos. Além disso, foram selecionados artigos
de quatro periódicos vinculados a área de contabilidade evidenciados no Quadro 2.
Vale ressaltar que nenhum destes artigos possui o mesmo foco da pesquisa em questão,
e nenhum trata das indústrias têxteis.
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
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O setor têxtil é formado por empresas que realizam atividades de comercialização
de tecidos, produção de fios e tecelagem de algodão, produção de malhas e tecidos
têxteis em geral, confecção de vestuário, fabricação de produtos têxteis para uso
domestico, conforme menciona o site da Receita Federal.
O setor têxtil tem grande importância para a economia brasileira. O gasto anual
das famílias com esses produtos em 2012 foi da ordem de R$ 102 bilhões. Esse valor
representou 3,7% das despesas de consumo das famílias, parcela superior aos gastos
com itens como medicamentos e eletrodomésticos. O nível de emprego formal em 2012
marca de 1,7 milhão de postos de trabalho, o que representa 3,7% do total de empregos
formais ativos no Brasil neste mesmo ano. Destacando apenas o varejo têxtil, os 693 mil
empregos ativos em 2012 representavam 10,6% do total de posições formais ofertadas
pelo comércio varejista como um todo no país. O setor têxtil cresceu até 2010,
desacelerando depois disso. Em 2013 a queda foi de 2,9% no volume de peças
produzidas, devido à participação dos importados no mix de peças comercializadas
hoje. (Administradores.com, 2013).
Pode-se observar a seguir o faturamento anual destas empresas nos períodos de
2011 a 2013.
Tabela 1 – Faturamento anual em Reais Mil
Empresas Faturamento em Reais Mil
2013 2012 2011
BUETTNER S.A. INDÚSTRIA E COMERCIO. 55.453 60.850 47.277 CIA FIAÇÃO TECIDOS CEDRO CACHOEIRA 373.645 283.232 298.856 CIA INDUSTRIAL CATAGUASES 189.472 193.083 223.732 CIA INDUSTRIAL SCHLOSSER S.A 930 173 749 CIA TECIDOS NORTE DE MINAS COTEMINAS 2.398.140 2.045.150 1.739.039 CIA TECIDOS SANTANENSE 385.145 371.627 370.375 DOHLER S.A. 368.181 313.765 300.535 EMPRESA NAC COM REDITO PART S.A. ENCORPAR 486 3.080 3.363
FIAÇÃO TEC SÃO JOSE S.A. 0 0 0 KARSTEN S.A 286.013 295.773 279.497 PETTENATI S.A. INDUSTRIAL TEXTIL 225.114.852 228.535.447 249.145.916 SPRINGS GLOBAL PARTICIPAÇÕES S.A. 2.043.029 1.682.909 1.407.841 TECBLU TECELAGEM BLUMENAU S.A. 0 0 0 TEKA-TECELAGEM KUEHNRICH S.A 114.528 186.148 264.792 TEXTIL RENAUXVIEW S.A. 89.955 74.931 141.965 WEMBLEY SOCIEDADE ANONIMA 2.398.626 2.048.229 1.742.403
Fonte: Adaptado do site da BM&F Bovespa.
13
Conforme o quadro acima sobre o faturamento das empresas em estudo pode-se
ter uma noção da situação das mesmas, destaca-se em melhor situação a Pettenati as
empresas que foi reflexo da redução dos custos internos de produção e do lançamento
de produtos mais elaborados para fugir da concorrência asiática, em pior situação
financeira está as empresas Tecelagem São Jose e Tecelagem Blumenau que tiveram
suas atividades operacionais cessadas em 2010.
Para que estas empresas consigam manter suas atividades, diante desta queda na
produtividade, é necessário que haja formas de controle e instrumentos que auxiliem na
tomada de decisão, medidas para que as metas financeiras sejam atingidas e entre as
informações que a contabilidade pode disponibilizar está a Demonstração do Fluxo de
Caixa aqui estudada. O Fluxo de Caixa é uma ferramenta importantíssima para a
tomada de decisões na empresa, principalmente no que se referem a finanças
empresariais, como já foi muitas vezes mencionado neste estudo. Uma má gestão desta
ferramenta pode ocasionar à ausência de recursos em determinados períodos para quitar
o que se deve.
Iniciou-se essa análise por meio da coleta das DFCs do período analisado das
empresas que compõem a amostra, feita no site da BM&F Bovespa. Estes
demonstrativos foram publicados pelo método indireto por todas as empresas e em
todos os anos, havendo certa padronização que facilita a análise.
Inicialmente levantou-se a DFCs das dezesseis empresas verificando o saldo dos
grupos de atividades operacionais, de financiamento e de investimentos, a fim de
conferir, qual atividade foi a principal responsável pela geração de caixa, conforme
evidenciado no Quadro.
Quadro 3 – Segregação da Geração de Caixa
Ano 2013 2012 2011
Atividades OPER. INV. FIN. OPER. INV. FIN. OPER. INV. FIN.
Maior Geração de Caixa 4 3 9 11 3 4 9 2 5
Intermediária 7 6 3 3 10 1 4 7 6
Menor Geração de Caixa 5 7 4 2 3 11 3 7 5
Total de Empresas 16 16 16 16 16 16 16 16 16
Fonte: Dados da Pesquisa
Através do Quadro 3, nota-se que a principal fonte de geração de caixa decorre
14
das atividades operacionais, sendo que nos anos de 2011 á 2012 este fato ocorreu em
nove empresas em 2011, em onze empresas em 2012 e em apenas quatro empresas em
2013.
As atividades financiamento são a segunda maior forma de geração de caixa,
ficando as atividades de investimento a menor responsável pela origem de caixa. A fim
de maior visualização da principal fonte de geração de caixa nas empresas, o Gráfico 1
demostra sua composição quanto aos tipos de atividades em termos percentuais.
Gráfico 1 – Principal Responsável pela Geração de Caixa
0
2
4
6
8
10
2013 2012 2011
Atividades Operacionais
Atividades de Investimento
Atividades de Financiamento
Fonte: Dados da Pesquisa
Pelo Gráfico 1, destaca-se que nos três anos analisados que , mais de 80%
aumentaram suas disponibilidades por meio de atividades operacionais, sendo a maior parte
em 2011, e em 2013 a principal forma encontrada para aumentar suas disponibilidades foi
através das atividades de financiamento.
Quadro 4 – Ingressos e Saídas de Recursos nas Atividades de Financiamento
Atividades de Financiamentos
Ingresso de Recursos Saída de Recursos
Ingresso de Empréstimo Pagamento de Dividendos
Integralização de Capital Liquidação de empréstimos
Dividendo recebidos de Controladas Reservas
Transferência para não circulante Aquisição com participação de não controladas
Emissão de Debentures Débitos com acionistas
Mútuos a receber Pagamento de realizável a longo prazo
Fonte: Dados da Pesquisa
Em 2013, houve uma redução na geração de recursos através das atividades
operacionais e as atividades de financiamento foi a maior responsável pelo ingresso de
15 recursos financeiros. Estudou-se aqui o grupo de atividade de financiamentos em todos os
períodos, com o objetivo de possibilitar a compreensão das formas de captação de recursos
adotadas pelo setor têxtil. Iniciou-se uma análise nas contas que fazem parte destas atividades,
conforme o Quadro 4.
Gráfico 2 – Principal Fonte de Recursos nas Atividades de Financiamento dos Períodos
Fonte: Dados da Pesquisa
Por meio do Gráfico 2, pode-se perceber que na media dos três anos, 98% das
empresas optaram por obtenção de empréstimos. Outra forma de captação de recursos
encontrada foi Transferência para o Não Circulante e Integralização de Capital que somaram
2% em média. Para melhor análise esta forma foi repetida agora de forma separada para cada
um dos anos analisados.
Gráfico 3 – Principal Fonte de Recursos nas Atividades de Financiamentos
Fonte: Dados da Pesquisa
16
Assim segue o Gráfico 3, que demostra a fonte de recursos financeiros mais
significativa em 2011, foram feitas através do Ingresso de Novos Empréstimos,
financiamentos ou emissão de debêntures. Salienta-se que essas três atividades estão aqui
apresentadas de forma conjunta por que algumas DFCs traziam estas informações agrupadas.
Esta análise para o ano de 2012 demonstra que 96% das empresas obtiveram seus
recursos financeiros através de empréstimos. Apenas quatro empresas utilizaram além desta,
outra forma para captar recursos, sendo que três empresas utilizaram a Integralização de
Capital e uma a Transferência para o Não Circulante.
Nota-se que no ano de 2013, as atividades de financiamento obtiveram recursos
principalmente decorrente de empréstimos, sendo que isso ocorreu em quinze das dezesseis
empresas analisadas.
Em consonância com os dados apresentados, nota-se que mais de 56% das
empresas captaram recursos principalmente por meio de atividades de financiamentos em
2013, em 2012 este percentual era de 37% e em 2011 era de 31%, onde se destacaram o
ingresso de novos empréstimos como maior fonte de capitalização. Empréstimos consistem
em valores obtidos de terceiros, podendo estes ser instituições financeiras ou os próprios
fornecedores de bens financiados (MARION, 2009, p.370).
Observou-se que em 2012 e 2011 a principal forma de captação de recursos eram
as atividades operacionais, que reduziu de onze empresas para quatro, o que pode ser em
decorrência da crise no setor têxtil já citada neste estudo anteriormente, iniciada em meados
de 2012 que se estende até o momento. Provavelmente o aumento do preço do algodão tenha
sido um dos fatores que fizeram as atividades operacionais diminuírem, para conter esta crise
o governo adotou algumas medidas, uma delas foi a politica de redução de juros e facilitação
na obtenção de empréstimos. Com isso foi atingido objetivo deste, foi descoberto que é
através de empréstimos que as indústrias têxtis estão captando recursos financeiros.
6 CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo a utilização da Demonstração dos Fluxos
de Caixa (DFC) como meio de identificar as formas de obtenção de recursos financeiros
utilizados por empresas do setor têxtil que negociam ações na BM&F Bovespa no período de
2011 a 2013. Com base nos dados observados por meio da divulgação da DFC neste conjunto
de empresas, é possível concluir que a principal fonte de incremento de recursos hoje são as
atividades de financiamento, destacando-se a obtenção de empréstimos e a integralização de
17 capital. Esses dados colaboram para os objetivos que buscamos identificar, listar e analisar.
É relevante salientar que a alteração da principal forma de obtenção de recursos
pode ser decorrente da crise enfrentada pelo setor no Brasil e a ausência de uma medida
definitiva do governo para a contenção desta crise, obrigando assim as estas indústrias a
aumentarem suas disponibilidades, para pagamentos em geral através de empréstimos.
Assim nota-se a relevância da contabilidade e de seus demonstrativos como forma
de auxiliar na compreensão do cenário econômico e o modo como às empresas se comportam
diante deste. Utilizamos a DFC para este estudo, pois é um demonstrativo que evidencia os
dados de forma clara além da fácil compreensão, podendo ter seu conteúdo interpretado e
analisado inclusive por leigos da contabilidade.
Com a percepção da economia do Brasil, e os fatos ocorridos no mercado do setor
têxtil, torna-se compreensível a necessidade da obtenção de recursos por meio de atividade de
financiamentos, conforme evidenciado por meio da pesquisa.
Esta pesquisa, não teve por objetivo esgotar o assunto abordado, mas despertar
interesse a trabalhar e desenvolver o tema. Salienta-se que este estudo ocorreu com algumas
limitações, portanto os dados desta pesquisa devem ser interpretados e analisados levando-se
em contas as limitações de um trabalho acadêmico. Pesquisas futuras poderão ser realizadas e
como o presente estudo não realizou a análise em todas as atividades, recomenda-se que mais
estudos sejam realizados considerando as outras formas de captação de recursos, e que seja
aplicado também a empresas de outros setores da economia.
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