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Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Cincias Matemticas e da Natureza
Instituto de GeocinciasPrograma de Ps-Graduao em Geografia
Doutorado em Cincias
QUALIDADE DE VIDANA REGIO DA TIJUCA, RJ,POR GEOPROCESSAMENTO.
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M527q Mello Filho, Jos Amrico de
Qualidade de vida na regio da Tijuca, RJ, porgeoprocessamento / Jos Amrico de Mello Filho ;orientador Jorge Xavier da Silva - Rio de Janeiro, 2003.
xx, 288 f. : il.
Tese (doutorado) Universidade Federal do Rio deJaneiro, 2003.
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Jorge Xavier da Silva, pela orientao precisa, sua considerao e amizade,
e permanente dinamismo na arte desta cincia nova do Geoprocessamento.
Universidade Federal de Santa Maria, especialmente aos colegas do Departamento
de Engenharia Rural, Centro de Cincias Rurais, pelo apoio que possibilitou esta
importante etapa de aperfeioamento pessoal e tcnico, e particularmente ao Prof.
Argentino Jos Aguirre, por sua amizade e prstimo desmedido.
Aos professores e funcionrios do Programa de Ps-Graduao em Geografia, do
IGEO-UFRJ.
Aos funcionrios e bolsistas do LAGEOP,a Fbio Bonatto e Profa. Paula Iervolino, na
realizao do mapeamento do Uso da Terra, em especial a Oswaldo Elias Abdo,por sua amizade e permanente disposio na busca de solues tcnicas para o
Geoprocessamento e para a aplicao do SAGA-UFRJ.
Aos colegas do Programa de Ps-Graduao em Geografia, pelas constantes e
proveitosas discusses sobre as possibilidades desta cincia, em particular ao Prof.
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SUMRIO.
Resumo xi
Abstract xii
Lista de Programas xiii
Lista de Ilustraes xiv
Lista de Tabelas xv
Lista de Mapas xviii
1. INTRODUO 1
1.1. Anlise Ambiental 1
1.2. Geoprocessamento 5
1.3. rea de Abrangncia 6
1.4. Organizao do Trabalho 9
2. OBJETIVOS 11
2.1. Objetivos Gerais 11
2.2. Objetivos Especficos 12
2.2.1. Criao da Base de Dados Georreferenciada 12
2.2.2. Taxonomia para Anlise Ambiental 12
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iv
5.3. Geoprocessamento pelo SAGA Sistema de Anlise Geo-Ambiental 49
5.4. Importncia da anlise ambiental 49
5.5. A natureza dos dados ambientais 515.5.1. Banco de dados convencional 53
5.5.2. Banco de dados ambientais 54
5.5.3. Caractersticas dos dados no grficos 56
5.5.3.1. Atributos no grficos dos dados ambientais 56
5.5.3.2. Dados geograficamente referenciados, ou georreferenciados 57
5.5.4. Relacionamentos entre dados grficos e dados no grficos 585.6. Sistemas Geogrficos de Informao 58
5.7. Operaes de pr-processamento 61
5.8. Georreferenciamento 62
5.9. Preparao para a entrada de dados 63
5.10. Aquisio e gerao de dados ambientais 64
5.11. Estrutura de captura e armazenamento de dados digitais 655.12. Mtodos de digitalizao 65
5.13. Equipamentos utilizados para a digitalizao 66
5.14. Entrada manual de dados em SGI 67
5.15. Processos utilizados para a digitalizao 67
5.16. Modelagem dos dados digitais 68
5.17. Estruturas de dados digitais 69
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9.4.3. Distribuio territorial 152
9.5. Anlises de Riscos Ambientais Ambiente Fsico 155
9.5.1. Carta de Riscos de Deslizamentos e Desmor. nas reas de Favelas (Mapa 18) 1559.5.1.1. Composio lgica do mapa 155
9.5.1.2. Caractersticas da legenda 155
9.5.1.3. Distribuio territorial 155
9.5.2. Carta de Geomorfologia das reas de Favelas (Mapa 19) 158
9.5.2.1. Composio lgica do mapa 158
9.5.2.2. Caractersticas da legenda 1589.5.2.3. Distribuio territorial 158
9.5.3. Carta de Riscos de Enchentes e de Deslizamentos (Mapa 20) 161
9.5.3.1. Composio lgica do mapa 161
9.5.3.2. Caractersticas da legenda 161
9.5.3.3. Distribuio territorial 161
9.5.4.Carta de Riscos Ambientais por Interveno Humana (Mapa 21) 1639.5.4.1. Composio lgica do mapa 163
9.5.4.2. Caractersticas da legenda 163
9.5.4.3. Distribuio territorial 163
9.6. Carta de Qualidade Ambiental (Mapa 22) 165
9.6.1. Composio lgica do mapa 165
9.6.2. Caractersticas da legenda 165
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11.2.2.2. Nmero de pessoas analfabetas 214
11.2.2.3. Nmero de pessoas analfabetas de 5 a 9 anos de idade 217
11.2.2.4. Nmero de pessoas com mais de 15 anos de idade 22111.2.2.5. Nmero de pessoas com mnimo de 8 anos de estudos 224
11.2.2.6. Densidade domiciliar versus Escolaridade de 1 Grau 226
11.2.2.7. Analfabetismo funcional 229
11.2.2.8. Densidade domiciliar versus Analfabetismo funcional 231
11.2.2.9. Integrao das Condies Sociais e Herana Cultural 234
11.3. Conjuntura econmica 23711.3.1. Renda mdia mensal 238
11.3.2. Pessoas com renda mensal inferior a 1 salrio mnimo 240
11.3.3. Classes de renda mensal entre 1 e 10 salrios mnimos 242
11.3.4. Pessoas com renda mensal superior a 20 salrios mnimos 247
11.3.5. Comparao da renda mdia mensal por sexo. 249
11.3.5.1. Renda mdia mensal de homens 25011.3.5.2. Renda mdia mensal de mulheres 251
11.3.6. Integrao da conjuntura econmica 256
12. INTEGRAO DISTRIBUIO TERRITORIAL DA QUALIDADE DE VIDA 258
12.1. Condies Infra-estruturais 259
12.2. Conjuntura Scio-econmica 262
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UFRJ CCMN - IGEO - PPGG
RESUMO
MELLO FILHO, Jos Amrico de. Qualidade de Vida na Regio da Tijuca, RJ, porGeoprocessamento.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Xavier da Silva. Rio de Janeiro: UFRJ-IGEO. 2003. Tese.
Apresenta-se metodologia para a determinao da qualidade de vida, por meio de estudo de
aplicaes de procedimentos de Geoprocessamento, de importante rea da Cidade do Rio
de Janeiro, a Regio da Tijuca, que congrega vrios bairros, e compreende a rea definida
pela Bacia Hidrogrfica do Canal do Mangue. Por suas caractersticas de relevo e da
intensa ocupao urbana, rea susceptvel a enchentes e deslizamentos. Apresenta anlise
ambiental que integra o ambiente fsico ao humano. Foi elaborada ampla base
georreferenciada de dados da geografia fsica, com aplicao de programas computacionais
e procedimentos metodolgicos diversos. A base de dados da geografia humana foi
elaborada a partir do Censo 2000. Foi composta ampla rvore de deciso, com as
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ix
UFRJ CCMN - IGEO - PPGG
ABSTRACT
MELLO FILHO, Jos Amrico de. Quality of Life at Tijuca Area Assessed through
GeoprocessingAdvisor: Prof. Dr. Jorge Xavier da Silva. Rio de Janeiro: UFRJ-IGEO. 2003. Thesis.
This work presents a methodology to determinate the quality of life of a certain area at Rio
de Janeiro city through geoprocessing. Geoprocessing is used to assess quality of life ofTijuca area, which is formed by several districts and is defined by the Mangue Channel
hydrographic basin. Due to its topography and urban occupation, this area is likely to
slippery ground and floods, interconnecting the environment to human occupation. A large
geographical data base surveyed by year 2000 IBGE census was analyzed with computer
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x
LISTA DE PROGRAMAS
ADOBE PHOTOSHOP 6.0 - Adobe Systems Incorporated
AUTOCAD MAP - Autodesk Incorporated
AUTOCAD R14 - Autodesk Incorporated
ARCVIEW GIS3.2 - ESRI Environmental Systems Research Institute
COREL DRAW 10.0 - Corel CorporationESTATCART - Sistema de Recuperao de Informaes Georreferencia-
das - IBGE
INROADS 5.0 - Intergraph Co.
MICROSOFT OFFICE 2000 - Microsoft Corporation
MICROSTATION 95 - Bentley SystemsDESCARTES 6.0
GEOTERRAIN 5.5
SAGA-UFRJ - Sistema de Anlise Geo-Ambiental. Sistema de Apoio Deciso LAGEOP Xavier da Silva.
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LISTA DE ILUSTRAES
FIGURA 1 - Modelo do relevo de parte do municpio do Rio de Janeiro, existenteno Museu Nacional (Fonte : ABREU, 1957, p. 55).
08
FIGURA 2 - Plano Topogrfico do Porto e Entrada do Rio de Janeiro e seusOredores, autoria de Francisco Joo Roscio, 1778.
19
FIGURA 3 - Planta da Cidade do Rio de Janeiro e Uma Parte dos Subrbios, deautoria do Major E. de Maschek, 1890.
19
FIGURA 4 - Mappa das Linhas da Companhia Botanical Garden Rail Road, de1870.
19
FIGURA 5 - Planta da Cidade do Rio de Janeiro Indicando os Melhoramentos emExecuo, de 1905.
22
FIGURA 6 - Planta da Cidade do Rio de Janeiro, de 1907. 22
FIGURA 7 - Cidades de Rio de Janeiro e Nictheroy, de autoria de CarlosAenishnslin, de 1914.
23
FIGURA 8 - Mosaico no controlado, com fotogramas em cores, escala 1:30.000, delevantamento aerofotogramtrico de 1999, por Engefoto S.A. 23FIGURA 9 - Sistema de Planejamento Territorial (fonte: XAVIER DA SILVA, 2001). 43
FIGURA 10 - O mundo real e o modelo SGI. 52
FIGURA 11 - Especificao de BDDEs : bases espaciais e no-espaciais (Fonte :QUINTANILHA, 1996).
55
FIGURA 12 - Polgono de Voronoi Simples (Fonte: XAVIER DA SILVA, 2001). 84
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xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Fator de Forma das principais sub-bacias do Canal do Mangue, RJ. 18
TABELA 2 - Classes de Geomorfologia 108
TABELA 3 - Classes de Declividades 111
TABELA 4 - Legenda de Identificao das Unidades de Solos 113
TABELA 5 - Legenda de Identificao das Classes de Vulnerabilidade de Solos 114TABELA 6 - Chave de Classificao do Uso da Terra 117
TABELA 7 - Classes de Uso da Terra 121
TABELA 8 - Classes de Permeabilidade 123
TABELA 9 - Classes de buffers dos rios e sua justificativa. 126
TABELA 10 - Classes da Carta de Proximidades de Rios e Canais. 127
TABELA 11 - Classes de buffers das favelas com sua justificativa. 131
TABELA 12 - Aplicaes da Carta de Geomorfologia 137
TABELA 13 - Aplicaes da Carta de Declividades 138
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xiii
TABELA 30 - Domiclios com lixo coletado Mapa 26 189
TABELA 31 - Domiclios atendidos por rede de esgotamento sanitrio 191
TABELA 32 - Domiclios com esgotamento sanitrio Mapa 27 191
TABELA 33 - Infra-estrutura do estado qualidade de vida 193
TABELA 34 - Contribuies do estado qualidade de vida. 194
TABELA 35 - Domiclios com infra-estrutura bsica individual 197
TABELA 36 - Contribuio individual qualidade de vida Mapa 30 197
TABELA 37 - Integrao de infra-estruturas do estado e do indivduo Mapa 31 199
TABELA 38 - Nmero de habitantes por domiclio nos setores censitrios. 203
TABELA 39 - Densidade demogrfica domiciliar nos setores censitrios. 203
TABELA 40 - Densidade Domiciliar por faixas de nmero de moradores 206
TABELA 41 - Distribuio territorial da densidade domiciliar Mapas 34, 35 e 36 206
TABELA 42 - Pessoas alfabetizadas 211
TABELA 43 - Pessoas analfabetas mapas 39 e 40 214
TABELA 44 - Pessoas analfabetas de 5 a 9 anos de idade mapas 41 e 42 217
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xiv
TABELA 60 - Renda Superior a 20 Salrios Mnimos - Mapa 55 247
TABELA 61 - Renda mdia mensal dos homens - Mapas 56 e 58 250
TABELA 62 - Renda mdia mensal das mulheres - Mapas 57 e 59 251
TABELA 63 - Integrao da Conjuntura Econmica - Mapa 60 256
TABELA 64 - Integrao para Condies Infra-estruturais do Mapa 61 259
TABELA 65 - Integrao de classes da infra-estrutura - Mapa 61 260
TABELA 66 - Integrao para Conjuntura Scio-econmica Mapa 62 262
TABELA 67 - Integrao de classes da Conjuntura Scio-econmica Mapa 62 263
TABELA 68 - Espacializao da Qualidade de Vida Classes do Mapa 63 265
TABELA 69 - Integrao de classes da espacializao da qualidade de vida - Mapa 63 266
TABELA 70 - Dados de ocorrncia e de efetivo policial Polcia Civil RJ. 269
TABELA 71 - Segurana Ambiental Compreendida a Criminalidade 271
TABELA 72 - Segurana Ambiental e Corredor de Desassistncia Policial - Mapa 67 272
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xv
LISTA DE MAPAS
MAPA 01 - Bairros da Regio Geogrfica da Tijuca 102
MAPA 02 - Pontos Principais de Referncia 103
MAPA 03 - Rede de Drenagem Rios e Canais 104
MAPA 04 - Altimetria 105
MAPA 05 - Geomorfologia 110MAPA 06 - Declividades 112
MAPA 07 - Solos 115
MAPA 08 - Uso da Terra 120
MAPA 09 - Classes de Uso da Terra 122
MAPA 10 - Permeabilidade do Terreno 124
MAPA 11 - Proximidades de Rios e Canais 130
MAPA 12 - Localizao de Favelas 132
MAPA 13 - Proximidades de Favelas 133
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xvi
MAPA 30 - Infra-estrutura Individual para a Qualidade de Vida 198
MAPA 31 - Contribuies do Estado e do Indivduo para a Qualidade de Vida 201
MAPA 32 - Total de Pessoas Residentes por Setor Censitrio 204
MAPA 33 - Densidade Domiciliar por Setor Censitrio 205
MAPA 34 - Domiclios com 1 a 3 Moradores 208
MAPA 35 - Domiclios com 4 a 6 Moradores 209
MAPA 36 - Domiclios com mais de 6 Moradores 210
MAPA 37 - Nmero de Pessoas Alfabetizadas por Setor Censitrio 212
MAPA 38 - Percentual de Pessoas Alfabetizadas por Setor Censitrio 213
MAPA 39 - Nmero de Pessoas Analfabetas por Setor Censitrio 215
MAPA 40 - Percentual de Pessoas Analfabetas por Setor Censitrio 216
MAPA 41 - Nmero de Pessoas Analfabetas com 5 a 9 Anos de Idade 219
MAPA 42 - Percentual de Pessoas Analfabetas com 5 a 9 Anos de Idade 220
MAPA 43 - Nmero de Habitantes com 15 ou mais Anos de Idade 222
MAPA 44 - Pessoas Analfabetas com 15 ou mais Anos de Idade 223
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xvii
MAPA 61 - Condies Infra-estruturais 261
MAPA 62 - Conjuntura Scio-econmica 264
MAPA 63 - Distribuio Territorial da Qualidade de Vida na Regio da Tijuca 268
MAPA 64 - Jurisdio das Delegacias da Polcia Civil na Regio da Tijuca - RJ 273
MAPA 65 - reas de Influncia das Delegacias da Polcia Civil conforme EfetivoPolicial
274
MAPA 66 - Balano das Condies da Segurana Policial 275
MAPA 67 - Qualidade de Vida e Segurana Ambiental e Corredor deDesassistncia Policial
276
-
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1 . Introduo 1
1 . Introduo
1.1. Anlise ambiental
O conceito de anlise ambiental fundamenta-se no princpio do mtodo, basecientfica da investigao, empregada pela humanidade para apreender a realidade. A
busca de conhecimento, intrnseca ao ser humano, inicia-se pela observao e identificao
de fato ou questionamento intrigante, elabora-se a estruturao argumentativa e
estabelecimento de proposio, evolui-se para o seu desenvolvimento, e se conclui com a
fase da sntese, ou nova estrutura ou patamar, o que o fundamento do processo dialtico.A Geografia teortica quantitativa possibilita a sistematizao de regies, com propsitos
especificados, cuja estratificao aplicada pelas anlises ambientais, zoneamentos e
planos de manejo.
Constitui a base do procedimento cientfico a pesquisa de relacionamento das
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1 . Introduo 2
Compreende-se como Ambiente o conjunto estruturado de elementos que oferecem
espacialidade e podem ser apresentados abrangendo as diferentes reas do conhecimento, e
so de natureza fsica, bitica, social e poltica. A concepo de ambiente alicerada na
integrao e tambm simbiose entre seus componentes. Para a aquisio de conhecimento
do que verdadeiramente ocorre no seu meio, ela pode ser fragmentada e eles, estudados
individualmente, e, posteriormente, integrados em viso sinttica do ambiente em que se
est inserido ou que se estuda. Segundo XAVIER DA SILVA eSOUZA (1987), de um ponto de
vista geogrfico limitante e pragmtico, ambiente parcela da superfcie terrestre em
condies ainda dominantemente naturais ou transformada, em diferentes nveis, pelo
homem. Analisar um ambiente equivale a desagreg-lo em suas partes constituintes e
apreender as suas funes internas e externas, com a conseqente criao de conjunto
integrado de informaes, que constitui o conhecimento assim adquirido.
A questo ambiental manifestou-se ao final da dcada 1960, como uma crise de
civilizao. Desde essa poca desenvolvem-se estudos e se configura um pensamento
epistemolgico que tomou o ambiente como objeto de reflexo. Que vai alm do que se
compreende como ecologia, e que abarca toda a complexidade do mundo atual. Segundo
LEFF (2001), a crise ambiental a crise de nosso tempo, questiona o conhecimento do
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1 . Introduo 3
significativos, at que as populaes e os espaos ocupados comearam a gerar tenses,
variadas formas de poluio, e graves deterioraes do meio ambiente. Se o objetivo dos
governos a manuteno ou restaurao do ambiente natural, ou de meio que propicie
adequadas e dignas condies para o bem-estar das populaes humanas, segundo FORMAN
E GODRON (1986), o levantamento das situaes regionais deve considerar o seu grau de
sensibilidade influncia e determinao do homem em produzir alteraes no meio
ambiente.
Os problemas de desordem ambiental gerados e dispersos por todo o planeta,
especialmente nas reas ocupadas por complexos urbanos, porm grave tambm na
explorao indiscriminada das reas rurais, sempre foram temas de estudos de natureza
acadmica, cujos resultados ficavam restritos quase exclusivamente ao meio cientfico,
passaram a ser de conhecimento e do interesse de toda a populao, principalmente devido
ao maior acesso e maior eficincia das fontes de informao. Essa conscientizao tem
promovido o homem a compreender a necessidade de viver em condies ambientalmente
saudveis, como um direito inalienvel de todos os cidados do mundo. Conforme
evidencia MORAES (1994), o nvel de conscincia evita orientao de cunho elitista de um
saber que se coloca acima da sociedade. E que as decises devem fluir do movimento da
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1 . Introduo 4
determinada sociedade. Enfatizam que uma cincia repetitiva uma cincia estagnada. O
desconhecido, o novo, o ainda a descobrir, a meta de todo o trabalho cientfico.
As questes ambientais envolvem indistintamente o homem e a natureza. Toda ao
humana emprega algum tipo de recurso natural e, por estar baseada em processo cartesiano
de desenvolvimento, tem a propriedade de alterar o ambiente, deixando-o desequilibrado.
O homem est umbilicalmente imerso no ambiente, porm no se sente parte dele. Esta a
grande dicotomia, que somente agora, no estgio atual da humanidade, tem a possibilidade
de comear a ser compreendida. Sua ao, portanto, no se restringe a conseqncias ao
mundo fsico e bitico, mas especialmente aos efeitos sociais e polticos.
Neste sentido, AJARA (1993) constata que a questo ambiental no deve ser
considerada apenas como uma relao homem-natureza, mas , por definio, de natureza
poltica, e mesmo geopoltica, tendo em vista que os diferentes graus decomprometimento das condies ambientais derivam da forma pela qual so estabelecidas
as relaes sociais. Ao analisar o tema, BRESSAN (1996) afirma que a deteriorao
ambiental no pode ser entendida como uma conseqncia inerente aos atos do homem ou
da civilizao, entes abstratos; necessrio que se pesquisem as causas concretas e que se
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1 . Introduo 5
dilogos que permitam futuras parcerias entre instituies, para que se gerem solues
viveis e ambientalmente adequadas, em vez de se valorizar posies restritivas no campo
do impedimento. Isto porque um detalhado zoneamento e um adequado planejamento
ambiental envolvem muitos interesses e so, por si, potencializadores de conflitos.
A anlise ambiental, como instrumento metodolgico e tcnico para os
pesquisadores diretamente envolvidos, constitui eficiente intermediria entre as
contribuies das diversas disciplinas especficas e o levantamento, planejamento e
monitoramento ambientais. , por excelncia, fundamental ferramenta de apoio deciso
um elo entre a produo cientfica e o real fornecimento das informaes imprescindveis
s decises poltico-administrativas concernentes aos recursos ambientais (XAVIER DA
SILVA e SOUZA (1987)).
1.2. Geoprocessamento
O desenvolvimento vertiginoso da tecnologia computacional, associada demanda
exponencial de dados ambientais, ao mesmo tempo em que se proliferam e se agravam os
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1 . Introduo 6
investigar realidades ambientais complexas, de modo abrangente, consistente e com
economia de tempo e esforos (XAVIER DA SILVA e SOUZA (1987)).
A Regio da Tijuca conforme estudada neste trabalho compreende a rea definida
pela Bacia Hidrogrfica do Canal do Mangue, a qual faz parte da Bacia Hidrogrfica da
Baa de Guanabara e constitui poro essencial da Cidade do Rio de Janeiro. Os seus rios
principais e canais efetuam a drenagem de importantes e tradicionais bairros, que converge
para o Canal do Mangue, seu curso dgua principal.
A enorme variabilidade na distribuio territorial, da variabilidade dos parmetros
que caracterizam a populao humana, que reside, vive e depende das condies desta
regio, acompanhada de elevada heterogeneidade quanto aos nveis de qualidade de vida,
somadas elevada e praticamente incontrolada taxa de urbanizao, ou crescimento
desordenado de reas ocupadas, todos estes fatores tornam-se intensamente agravados emrazo de haverem ocorrido, e estarem ainda em processo contnuo, por grande parte, em
locais de riscos de enchentes, de riscos de deslizamentos e de desmoronamentos, e de
segurana policial insuficiente.
Pela importncia da Regio da Tijuca para o municpio do Rio de Janeiro, por suas
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1 . Introduo 7
pelo Macio da Tijuca, e ao Norte pela Serra do Engenho Novo e Baa de Guanabara.
Separando a Serra Carioca das montanhas da Tijuca tem-se destacadamente o vale do Rio
Maracan e o passo do Alto da Boa Vista, os quais constituem organicamente quatro
elementos de real destaque na geografia da cidade do Rio de Janeiro.
O polgono que circunscreve a regio de estudos est posicionado geograficamente
segundo o sistema de projeo Universal Transversa de Mercator e definido pelas
coordenadas mtricas:
Longitude (m) Latitude (m)
686.000 7.467.000
675.000 7.459.000
A rea de estudos, delimitada conforme expressa a Figura 1, est localizada no
Fuso 23 do Sistema de Projeo UTM, cujo Meridiano Central situa-se em Longitude 45
WG, entre as coordenadas geogrficas 22 53 40 e 22 58 04,7 Latitude Sul, e entre
43 11 08,5 e 43 17 34,6 Longitude Oeste de Greenwich.
Os seus rios principais e canais efetuam a drenagem de importantes e tradicionais
bairros, como Leopoldina, So Cristvo, Vila Isabel, Tijuca, Graja, Alto da Boa Vista,
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1 . Introduo 8
Figura 1 : Modelo do relevo de parte do municpio do Rio de Janeiro, existente no Museu Nacional(Fonte : ABREU, 1957, p. 55).
Para atingir a investigao ao nvel planejado, foi necessria a criao de amplo e
variado banco de dados georreferenciados, com a distino de serem estes atualizados e
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1 . Introduo 9
LAGEOP - Laboratrio de Geoprocessamento, no Departamento de Geografia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, sistema de estrutura matricial. Seguindo os
procedimentos metodolgicos programados, com o emprego de variveis estatsticas
costumeiramente empregadas na determinao dos ndices de desenvolvimento humano,
foram realizadas avaliaes de tipos simples e complexa, com o objetivo de se determinar
a distribuio territorial da qualidade de vida na Regio da Tijuca. Ao final, realizou-se
anlise com aplicao da tcnica Polgono de Voronoi, que busca retratar a realidade com
base nas suas foras polarizadoras e suas massas, por programa computacional tambm
desenvolvido no LAGEOP-UFRJ, determinando-se reas de influncia, para integrar o
item segurana quanto criminalidade s anlises ambientais realizadas.
1.4. Organizao do Trabalho
Para favorecer maior ordenamento e compreenso, esta Tese foi dividida em 14
captulos, entre os quais se insere esta Introduo. O captulo 2 refere-se aos Objetivos, em
que se destacam as etapas para se atingir a anlise da variao territorial da qualidade
ambiental na Regio da Tijuca Rio de Janeiro.
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1 . Introduo 10
O captulo 8 refere-se Organizao da Base de Dados Fsica, pelo qual
apresentam-se os distintos critrios, procedimentos metodolgicos e tambm os diversos e
necessrios programas computacionais especficos, que foram empregados para a gerao
da base de dados do mundo fsico da Regio da Tijuca. Faz a apresentao da rea de
estudo por meio de mapas temticos.
O captulo 9, Resultados das Anlises do Ambiente Fsico, destaca as avaliaes
ambientais realizadas a partir da base de dados apresentada no captulo 8. Mostra as
aplicaes, os critrios para atribuio de pesos e notas e os resultados das avaliaes.Apresenta os mapas e anlises.
O captulo 10 destaca a Metodologia para a Base de Dados Geografia Humana,
pelo qual mostra-se a importncia da integrao dos dados populacionais com os do
ambiente fsico nas anlises ambientais. Apresentam as variveis ambientais empregadas
para a determinao de ndices de desenvolvimento humano e de qualidade de vida, ossetores censitrios como unidade territorial e tambm os procedimentos estatsticos.
Apresenta destacadamente nova metodologia de converso de arquivos vetoriais,
trabalhando-se com o SGIArcView, para o formato Raster, do SAGA-UFRJ.
O captulo 11 apresenta o desenvolvimento das partes da rvore de deciso
referentes s avaliaes com os dados populacionais oriundos do Censo 2000 seguindo-se
2 Objetivos 11
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2. Objetivos 11
2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
O objetivo fundamental da presente pesquisa constitui a anlise da variao
territorial da qualidade ambiental na Regio da Tijuca Rio de Janeiro, compreendida pelarea delimitada da Bacia Hidrogrfica do Canal do Mangue, empregando-se as tcnicas
propostas pelo Geoprocessamento, com os recursos de sistemas geogrficos de informao.
Conforme a compreenso geogrfica, o conceito de Ambiente abarca as classes de
fenmenos Fsicos, Biticos e Scio-econmicos. Compreende-se, pois, como Ambiente o
conjunto estruturado de elementos, que oferecem espacialidade, e podem ser apresentados
abrangendo as diferentes reas do conhecimento, e so de natureza fsica, bitica, social e
poltica.
Ambincia, como preferem citar diversos pesquisadores, como ROCHA (1997), tem
como caracterstica bsica compreender a integrao desse elenco multivariado de dados,
2 Objetivos 12
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2. Objetivos 12
especialmente no que concerne sua susceptibilidade a fenmenos resultantes de
precipitaes pluviomtricas intensas.
2.2. Objetivos especficos
Para tornar possvel atingir-se o objetivo essencial da presente pesquisa, foi
necessrio o desenvolvimento de duas etapas principais :
2.2.1. Criao de base de dados georreferenciada
O primeiro passo para a materializao da anlise por geoprocessamento que se
projetou foi a criao de base de dados digital e georreferenciada para a rea Regio da
Tijuca, compreendida pela da Bacia Hidrogrfica do Canal do Mangue. Esta base de dados,
em decorrncia da atualidade dos elementos de informao conseguidos, est
perfeitamente atualizada. Por caractersticas importantes e inerentes a banco de dados de
sistema geogrfico de informao, estes podem ser perfeitamente atualizveis, ao longo do
tempo, a permitir futuros estudos de monitoramento.
Uma das dificuldades na tarefa de estruturao de dados a dependncia da origem
e qualidade das informaes ambientais, tendo em vista que os dados preexistentes podem
2 Objetivos 13
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2. Objetivos 13
2.2.2.2. Meio bitico
Para o levantamento das condies biticas, como elemento fundamental da anlise
ambiental da rea em estudo, necessitou-se obter o seguinte mapa bsico :
- Carta de Cobertura Vegetal
2.2.2.3. Meio scio-econmico
Para o levantamento das condies scio-econmicas da rea da Bacia Hidrogrficado Canal do Mangue, a integrar a anlise ambiental por Geoprocessamento, os seguintes
dados bsicos precisaram ser obtidos, a partir do Censo 2000 e de outras fontes e
instituies pblicas:
- Carta de Uso da Terra
- Mapa Georreferenciado dos Setores Censitrios- Dados Demogrficos (por Setores Censitrios)
- Condies de saneamento por domiclio
- Condies de renda por domiclio
- Condies de escolaridade
- Condies de segurana
3 Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 14
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3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 14
3. Regio da Tijuca : Caractersticas e complexidade
A Regio da Tijuca, aqui compreendida pela Bacia Hidrogrfica do Canal do
Mangue, faz parte da Bacia Hidrogrfica da Baa de Guanabara, na rea pertencente ao
Municpio do Rio de Janeiro. O seu curso dgua principal, o Canal do Mangue, com cercade 2.600 metros de comprimento, um canal artificial de drenagem, cuja desembocadura
se d no Km Zero da Avenida Brasil, junto rea do Porto do Rio de Janeiro.
Esta bacia hidrogrfica tem cerca de 42,72 km2 de superfcie projetada, e efetua a
drenagem de bairros tradicionais e importantes da Cidade do Rio de Janeiro, como Tijuca,
Vila Isabel, So Cristvo, Andara, Alto da Boa Vista, Praa da Bandeira, Rio Comprido,Catumbi, Santo Cristo e parte de Santa Teresa.
Sua populao residente composta por 643.592 habitantes, tendo 305.668 homens
(47,49 %) e 337.924 mulheres (52,51 %), segundo IBGE (2002).
A rea de baixada quase plana, com declives inferiores a 2,5 %, e representa
3 Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 15
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3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 15
Com a ento nova ordenao urbana do incio do sculo passado, os escoamentos
fluviais passaram a ser reunidos em dois canais artificiais principais (antigos braos de
mar), que concentraram as vazes em calhas hidrulicas para poder escoar grandes
enchentes: a calha do Canal do Mangue e a calha do Canal do Maracan, o qual desemboca
no primeiro, em seu trecho final para a Baa de Guanabara, prximo ao atual Cais do Porto
(COPPETEC, 2000). poca daquelas transformaes no existiam enchentes catastrficas,
e o objetivo era o de controlar alagamentos efmeros de terrenos midos ento existentes
nos manguezais, brejos e lagoas. A reunio das bacias e sub-bacias dispersas, de pequeno e
mdio porte, em um nico canal permitiu melhor recuperao dos terrenos ampliados e
expanso das atividades econmicas.
No entanto, conforme OTTONI NETTO (1983), por ocasio de intensas precipitaes,
a nova conformao potamogrfica resultante das alteraes urbansticas ao incio do
sculo XX passaram a constituir srio problema ambiental, o qual cada vez mais se
agravava com a expanso urbana e ocupacional das reas de contribuio da bacia
hidrogrfica. A favelizao das reas mais elevadas constituiu cinturo perifrico, que
passou a agir como promotor de problemas ainda mais complexos, como o aumento de
eroses, escoamentos e deposio nas plancies, presena de lixo disperso em grandes
3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 16
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3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 16
periferia. O autor analisa enfaticamente a Reforma Passos, considerando-a verdadeira
revoluo de conceitos. A infra-estrutura que se estabeleceu com aquela reforma
paisagstica, e o crescimento econmico advindo fizeram crescer os subrbios, de
populao e de significado, mas geraram tambm as favelas, agravaram as enchentes e
trouxeram maior complexidade ao sistema virio.
3.1. Principais sub-bacias da Regio da Tijuca
Para que se conhea com propriedade a morfologia fluvial na rea da bacia
hidrogrfica em estudo, apresenta-se a seguir detalhes das sub-bacias que a constituem
(ABREU, 1957 e COPPETEC, 2000):
a) BACIA DO RIO MARACAN :
o rio mais extenso da bacia hidrogrfica, com cerca de 8,5 km de comprimento.
Nasce junto Pedra do Conde, em rea da Floresta da Tijuca, em altitude aproximada de
730 metros, e desce percorrendo a reserva florestal at prximo da cota 100, recebendo
afluentes de ambos os lados, no bairro do Alto da Boa Vista. A partir do encontro com o
Rio So Joo corre em calha profunda, adjacente a vertentes montanhosas cobertas por
3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 17
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g j p
c) BACIA DO RIO TRAPICHEIRO.
O Rio Trapicheiro o principal canal de drenagem do bairro da Tijuca. Nasce na
Reserva Florestal da Tijuca, em altitude de 300 metros, abaixo do Alto do Sumar e
percorre 5.900 metros. Suas nascentes ocorrem nas proximidades dos Morros da Formiga e
do Salgueiro, mas, no obstante, so muito pouco antropizadas, pois a rea recoberta por
floresta densa. Aps a Rua Henry Ford, o rio torna-se uma galeria, com raros trechos
abertos, mas com alteraes intensas e abruptas em relao ao seu curso original, passando
inclusive sob edificaes e sofrendo forte assoreamento. Torna-se aberto nas proximidades
da Praa da Bandeira e assim segue at a Estao da Estrada de Ferro Leopoldina, e da,
sob galeria, corre at seu desge no Canal do Maracan, junto Rua Francisco Eugnio,
com cota do fundo da galeria -0,37 m.
d) BACIA DO RIO COMPRIDO.
O Rio Comprido nasce na Serra do Sumar, na altitude 590 m, em rea de matas
nativas e percorre os bairros do Rio Comprido, parte do Estcio (margem direita) e parte da
Tijuca (margem esquerda). A partir da cota 150 m sofre intensa ao antrpica, das
comunidades s suas margens. Desce da Serra do Sumar at encontrar a Avenida Paulo de
3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 18
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as chuvas intensas ocorrerem simultaneamente em toda a sua extenso, e concentrar grande
volume de gua ao seu tributrio principal.
Na anlise das cinco maiores sub-bacias do Canal do Mangue, COPPETEC (2000)
chegou aos seguintes resultados quanto ao Fator de Forma, compreendido como a relao
entre a largura mdia e o comprimento do tributrio principal, ou eixo da bacia:
Tabela 01: Fator de Forma das principais sub-bacias do Canal do Mangue, RJ.
Sub-bacia rea(km2) Comprim. do Eixo(km2) Fator de Forma
Rio Joana 11,93 7,88 0,19
Rio Maracan 11,69 8,51 0,16
Rio Trapicheiro 6,05 5,87 0,18
Rio Comprido 5,82 4,53 0,28
Rio Catumbi 1,77 2,88 0,21
Diz-se que, quanto menor o Fator de Forma, maior a preponderncia da extenso do
curso dgua em relao rea da bacia de contribuio correspondente. Pela anlise, os
rios Maracan, Joana e Trapicheiro, de menor Fator de Forma, favorecem as regularizaes
3. Regio da Tijuca: Caractersticas e complexidade 19
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Mapas Histricos da Cidade do Rio de Janeiro
Figura 02 - Plano Topogrfico do Porto e Entrada do Rio de Janeiro e seus Oredores. 1778.
Figura 03 - Planta da Cidade do Rio de Janeiro e de uma parte dos Subrbios. 1890.
g j p
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Depois desse impulso, a cidade voltou a crescer de forma desordenada, sem
planejamento nem grandes melhoramentos durante todo o Imprio e incio da Repblica.
As figuras 2 a 4 mostram como era o traado original da linha de costa. O mapa da
Figura 2 (CAURJ, 2000), de autoria de Francisco Joo Roscio, cujo original encontra-se na
Mapoteca do Itamaraty, datado de 1778, o Plano Topogrfico do Porto e Entrada do Rio
de Janeiro e seus Oredores. Considerado um dos mais importantes documentos
cartogrficos do sculoXVIII
, atesta a evoluo urbana da Cidade a partir de seu ncleoinicial. Mostra toda a Baa de Guanabara e impressionante a sua aproximao com o
traado e detalhamento hoje oficializados e apoiados em moderna tecnologia de suporte
Cartografia.
A Figura 3 constitui parte da Planta da Cidade do Rio de Janeiro e Uma Parte dos
Subrbios, de autoria do Major E. de Maschek, datado de 1890, pertence ao acervo doArquivo Nacional. um mapa dobrvel destinado a ser utilizado como guia de bolso.
Mostra o litoral, da Urca at a Ponta do Caju. As principais edificaes esto assinaladas
em negro e a rea urbana, em tom rosado, com destaque para os jardins desenhados por
Glaziou para o Passeio Pblico, Campo de Santana e Quinta da Boa Vista (CAURJ, 2000).
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origem rua Senador Eusbio. E em 1854, o Visconde de Mau conduziu a canalizao do
Canal do Mangue para o aspecto que ainda hoje ostenta, no trecho da Praa Onze at a
antiga Bica dos Marinheiros, junto ao extinto Saco de So Diogo. Esse brao de mar
formava um imenso charco, no qual desaguavam os rios Catumbi, Comprido, Trapicheiro,
Maracan e Joana. Nessa poca, a estrada de Ferro Central do Brasil atravessava o
manguezal, sobre viaduto, e passava ao sop das elevaes para chegar ao Campo de
Santana.
Ao princpio do sculo XX, a cidade passou por total remodelao urbanstica. Sob
o governo federal do Presidente Rodrigues Alves e do Prefeito Municipal Pereira Passos,
entre os anos de 1902 e 1906, deu-se a grande transfigurao urbanstica da Cidade do Rio
de Janeiro, com a consolidao da rea central, como ainda hoje, e sua expanso para a
Regio da Tijuca, destacadamente as ruas So Cristvo, Mariz e Barros, Haddock Lobo,
So Francisco Xavier, e Quinta da Boa Vista, assim como dos bairros Catumbi, Rio
Comprido, Tijuca e Vila Isabel. Segundo ESCOLA DE ENGENHARIA-UFRJ, 2000, os antigos
caminhos de penetrao se transformaram em complexo de arruamentos, praas,
logradouros pblicos e infra-estrutura viria e de apoio ao trfego de pedestres e de
veculos, modificando inteiramente a paisagem original (ver figuras 5 e 6). O Canal do
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Mapas Histricos da Cidade do Rio de Janeiro
Figura 05 - Planta da Cidade do Rio de Janeiro Indicando os Melhoramentos em Execuo. 1905.
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Mapas Histricos da Cidade do Rio de Janeiro
Figura 07 - Planta das Cidades do Rio de Janeiro e Nictheroy . 1914.
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A Figura 7 mostra parte do mapa Cidades de Rio de Janeiro e Nictheroy, de
autoria de Carlos Aenishnslin, datado de 1914, pertence ao acervo do Instituto Histrico e
Geogrfico Brasileiro (CAURJ, 2000). Mostra bem definidos a linha porturia e o Canal
do Mangue, j incorporados paisagem da Cidade.
A Figura 8 mostra um mosaico, aerofotogrametricamente no controlado, montado
no LAGEOP Laboratrio de Geoprocessamento, IGEO-URFJ, a partir de fotogramas
tomados em 1999, pela empresa ENGEFOTO S.A., de Curitiba, PR, com escala
aproximada 1:30.000, em cores, sob pedido da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.
Destaque-se a linha litornea atual, o Canal do Mangue e as reas antropizadas.
Ao analisar a evoluo da cidade e da situao presente na Regio da Tijuca,
COPPETEC (2000) infere que as enchentes originais na bacia hidrogrfica deveriam ser bem
menos agressivas do que as atuais. poca, o que se buscava era o saneamento geralconstitudo por degradao dos logradouros e arruamentos por lamas e resduos urbanos e
assoreamentos nos rios e lagoas. O ecossistema de plancie onde se assentou a cidade,
nestes cerca de 500 anos, passou de manguezal sadio de gua salobra para um dos mais
afetados por atuaes antrpicas do Pas. Os morros e elevaes que constituem o entorno
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4. A Cincia e os Sistemas
Constitui a base do procedimento cientfico a pesquisa de relacionamento das
possveis ou provveis associaes de causa e efeito entre as variveis componentes de um
estudo, pela qual, efetuando-se a identificao e classificao de elementos e fenmenosenvolvidos, e passveis de registro, orienta-se a busca de relaes causais entre eles. E a
gerao do conhecimento humano, em processo dialtico e constante, para tal, necessita ser
estruturada em proposies de inquestionvel credibilidade.
Segundo DESCARTES (2000), que em 1637 escreveu seu mais clebre tratado, o
Discurso do Mtodo, em cuja obra fundamenta-se o processo cientfico moderno, o
mtodo necessrio para a procura da verdade. Todo o mtodo consiste na ordem e
disposio das coisas, para as quais necessrio dirigir a agudeza do esprito para
descobrir a verdade. Segundo este autor, bastam quatro preceitos, desde que tomada
firme e constante resoluo de no deixar de observ-los nenhuma s vez :
4. A Cincia e os Sistemas 26
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Para possibilitar novos caminhos que se vislumbram para as atividades de anlises,
zoneamento, planejamento e gesto dos recursos ambientais territoriais, do meio urbano ou
do rural, imperioso o incentivo aplicao de instrumentos de Geoprocessamento, porserem capazes de fornecer informaes completas, precisas (em funo da base de dados
disponvel) e atualizadas, permitir a manipulao eficiente desses dados, e conduzir
tomada de deciso para que se atinja os objetivos definidos por programas de
gerenciamento ambiental ou de administrao pblica.
Conforme GOES (1994), a implementao da tecnologia emergente dos SGIpermite
sistematizar e atualizar o grande volume de dados e de informaes disponveis,
alimentadas pelas tcnicas de sensoriamento remoto e da cartografia automatizada. A
caracterstica principal desses sistemas a localizao geogrfica dos fenmenos, tendo-se
por base os sistemas de coordenadas geogrficas, sobre os quais o registro geocodificado,
permitindo a expresso da territorialidade e da topologia dos dados ambientais. Outras
caractersticas podem ser destacadas, tais como: eficincia e preciso em seus resultados
digitais (sejam grficos, cartogramas, blocos diagramas etc.), economia (visto que os
resultados podem ser produzidos com relativa rapidez e medida das necessidades),
modificaes e atualizaes sistemticas e constantes, alm de possibilitar a integrao
4. A Cincia e os Sistemas 27
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Para se analisar o ambiente necessrio ir alm da compreenso holstica que
temos dele, concebendo-o como um ser completo, complexo, mas uno. Em sculos
passados, de elaborao da metodologia das cincias, para se extrair o conhecimentodesejado sobre um organismo, poder-se-ia empregar os procedimentos consagrados para a
anlise reducionista, estruturada na viso cartesiana, o que significa ter que decomp-lo em
suas partes integrantes, e conhec-las uma a uma. Esta forma de procedimento, de viso
mecanicista do mundo, considerava que a organizao ou um determinado conjunto
constitudo por peas elementares e separadas, e pretendia, ao analisar parte a parte,reconstruir as relaes entre essas partes.
Esse pensamento evoluiu para uma outra proposio que interpreta o mundo como
um conjunto de sistemas, que se caracterizam pela similaridade aos organismos vivos,
visto que cada sistema orgnico constitudo de diversos componentes, cada um tendo
suas individuais caractersticas e funes. A nova perspectiva da abordagem por sistemas
revolucionou o mtodo, introduzindo outras formulaes conceituais e analticas,
proporcionando moderna abordagem das questes ambientais.
Desta forma tambm o compreende MILTON SANTOS3 (2002), quando explicita que
a apreenso da totalidade fundamental para a compreenso do lugar real e
4. A Cincia e os Sistemas 28
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desses conhecimentos possibilita a criao de modelos explicativos, por meio dos quais se
permite diagnosticar a origem de fenmenos e estabelecer previses de suas ocorrncias.
Conforme CHRISTOFOLETTI (1999), a complexidade do sistema ambiental fsico,
como entidade individualizada, torna-se compreensvel quando focalizada sob a
perspectiva da anlise geogrfica. A Geografia a disciplina que se dedica ao estudo no
apenas do espao, ou simplesmente dos lugares, mas sim, da organizao espacial. A qual
engloba a estruturao, funcionamento e dinmica dos elementos fsicos, biogeogrficos,
sociais e econmicos que constituem os sistemas espaciais da mais alta complexidade.
Atualmente, a Geografia dedica-se especialmente formulao de contribuies que
explicitam propostas de abordagens holsticas na anlise de sistemas ambientais.
Ao considerar o tema da diferenciao espacial, HARVEY (1983) afirma que as
investigaes efetuadas por Hartshorne na histria do pensamento geogrfico o levaram a
concluir que o objetivo fundamental da investigao geogrfica o estudo das diferenas
zonais na superfcie da Terra. Concluiu tambm que este estudo deveria ser efetuado pela
sntese do conhecimento sistemtico humano dentro do contexto de regio
Segundo FERNANDES (1996), a modelagem constitui atualmente importante
4. A Cincia e os Sistemas 29
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XAVIER DA SILVA (2001), ao considerar os tipos discernveis de sistemas
territoriais, afirma que a viso dos ambientes como sistemas , ao mesmo tempo, holstica,
por integradora dos vrios aspectos que revestem os problemas ambientais, e tambmheurstica, porquanto permite efetuar snteses e a anlise detalhada de componentes
ambientais e de seus relacionamentos espaciais e funcionais.
Tomar decises na rea ambiental, especialmente no que se refere esfera urbana,
exige conhecimento multidisciplinar, e o uso de computadores possibilita resolver-se
grande parte dos problemas de tempo, de recursos humanos e da preciso requerida,
relativa ao volume de informaes. Em muitos casos, o administrador pblico tem
necessidade de dispor, em curto prazo, de informaes georreferenciadas confiveis e
precisas, como recurso de apoio ao planejamento e tomada de deciso.
H hoje a disponibilidade, cada vez com maior facilidade, de equipamentos
computacionais, com elevado estgio de desenvolvimento tecnolgico, seja em capacidade
de processamento, perifricos, memria ou aplicativos. Isto tem propiciado o surgimento
de variados sistemas de informao, destinados ao processamento de dados referenciados
geograficamente, que possibilitam desde a aquisio desses dados at a gerao de
resultados sejam na forma de mapas convencionais relatrios arquivos em meio
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informaes de campo (inventrios de recursos vegetais ou minerais, dados climticos,
etc.) e informaes polticas, sociais e econmicas, fundamentais para a otimizao de
decises e manejo dos recursos. XAVIER DA SILVA (2001) destaca que os SGIpossibilitama obteno de complexo, refinado e eficiente diagnstico ambiental, compreendido este
como o produto da anlise fundamentada sobre uma ou diversas situaes ambientais, as
quais estaro a refletir o conjunto de caractersticas prevalecentes em um ambiente.
A presente Tese tem por objetivo o levantamento e a conjugao de todas as
informaes, de cunho espacial e no espacial, possveis de serem hoje obtidas, e
referenciadas a sistema cartogrfico, para, atravs do Geoprocessamento, elaborar-se
diagnstico de amplo espectro, que possibilite a anlise da qualidade ambiental, em seus
aspectos fisiogrfico, bitico e scio-econmico da Bacia Hidrogrfica do Canal do
Mangue.
4.2. Conceitos da Geografia para a anlise ambiental
Nas anlises, planejamentos, zoneamentos e proposies de manejo e de gesto
ambiental, embora estes sejam realizados com fulcro especialmente nas esferas de regio e
territrio, devido necessidade de se estabelecer homogeneidades, ou destacar locais ou
4. A Cincia e os Sistemas 31
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4.2.1. A anlise ambiental vista dos conceitos da Geografia
A noo de escala essencial para se compreender a diversidade e o choque entre
intencionalidades em diversos nveis. Existe, dentro de uma regio ou territrio, uma
oposio entre escalas. Cada escala corresponde a um nvel de intencionalidade, o qual
pode constituir o territrio como um todo, e que no o mesmo, nem tem a mesma
qualidade ou direo, quando se limita a apenas uma pequena frao do espao. Essas
intencionalidades revelam-se por meio de decises, e tm repercusso na ordem
econmica, cultural, poltica e moral, assim como na ordem territorial. A escala deve ser
analisada como uma estratgia de aproximao do mundo real, que inclui tanto a
inseparabilidade entre tamanho e fenmeno, o que a define como problema dimensional,
como tambm a complexidade dos fenmenos e a impossibilidade de apreend-los
diretamente, o que a coloca como um problema tambm fenomenal. De acordo com
CASTRO (1995), um mesmo fenmeno, observado por instrumentos e escalas diferentes,
mostrar aspectos diferenciados em cada uma, pois, ao se alterar a escala, altera-se a
configurao e muda-se o nvel de compreenso do fenmeno. Para CORRA (1999), a
escala uma estratgia para abarcar a realidade; que no existe uma hierarquia entre
escalas, no sentido de uma ser melhor que outra; que o nvel explicativo de uma
4. A Cincia e os Sistemas 32
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O espao deve ser considerado como um conjunto indissocivel de que participam,
de um lado, certo arranjo de objetos geogrficos, objetos naturais e objetos sociais, e, de
outro, a vida que os preenche e os anima, ou seja a sociedade em movimento. ConformeSANTOS1 (1994), quando todos os lugares foram j atingidos, de maneira direta ou indireta,
pelas necessidades do processo produtivo, criam-se, paralelamente, seletividades e
hierarquias de utilizao, com a concorrncia ativa ou passiva entre os diversos agentes.
Donde (se faz necessria) uma reorganizao das funes entre as diferentes fraes de
territrio.
O conceito geogrfico de regio o que confere maior grau de importncia e
fundamental aos estudos e proposies de anlise ou de gesto ambiental. Segundo o senso
comum, o termo Regio empregado sem expressar limites, e pode compreender vrios
significados, por recorte inteligvel. E ao ser utilizado com propriedades geogrficas, o
conceito cientfico mostra restries e bem delimitado. O conceito de regio tradicional
em Geografia, um elemento de identidade, sendo empregado desde o fim do sculo XIX, e
apresentava idia unificadora entre a Geografia Fsica e a Geografia Humana, e tambm da
integrao Homem e Natureza. Conforme enfatiza CORRA (1999), a Regio uma funo
da superfcie terrestre, que se distingue de outras por uma homogeneidade interna e
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classificatrios promovem o agrupamento dos objetos em classes, com fundamento em
alguma semelhana quer de suas propriedades, quer de suas relaes, e constituem
instrumento para a anlise e para o zoneamento ambiental, pois permitem que se agrupemascendentemente as regies homogneas em classes, na busca de generalizao.
As mudanas que podem afetar o territrio, nas formas de sua organizao,
acabam por invalidar os conceitos herdados do passado, e obrigar a renovao das
categorias de anlise. Segundo SANTOS (1994), com as modificaes observadas, as
transformaes so cada vez mais intensas e velozes. O territrio a cada momento foi
organizando-se de maneira diversa, muitas reorganizaes do espao se deram, e
continuam acontecendo, por necessidade e exigncia do sistema de produo da qual
arcabouo. A configurao territorial sempre um sistema, uma totalidade, ainda que
inerte. A natureza uma totalidade e um sistema, medida que no h independncia entre
as partes, nem na natureza chamada natural, nem na natureza transformada.
O conceito de lugar importante ser considerado em anlises ambientais,
especialmente quanto sua expresso geogrfica de singularidade, ou segundo a sua
acepo de poro do espao. Segundo CORRA (1999), nos casos de zoneamentos e
manejo ambiental deve-se primar pelo cuidado tico pois em geral os planejadores
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caractersticas de regio natural. Conforme conceitos de LIMA-E-SILVA et al (1999),
CHRISTOFOLETTI (1999), e TROPPMAIR (1995), tem-se:
Ecologia cincia que estuda os processos e as interaes dos seres vivos entresi, incluindo-se a ao humana, e com as caractersticas morfolgicas, fsicas equmicas do ambiente, o que constitui a dinmica dos ecossistemas.
Biogeografia o mesmo conceito aplicado a Ecologia, como o estudo dasrelaes dos seres vivos com o meio ambiente, porm sempre inclui o
componente espacial (TROPPMAIR, 1995). Ecossistema sistema natural, aberto, e dinmico, limitado a certa rea, que
inclui fatores fsicos e biolgicos daquele ambiente, e suas interaes,constituindo uma unidade funcional.
Geossistema entidade mais abrangente que o Ecossistema, porquanto aquele
centraliza conceitos e relaes em torno dos seres vivos, e este tem a funo de
significar o todo, sem uma hierarquizao dos seus componentes. Ambiente conjunto de fatores naturais, sociais e culturais que envolvem um
indivduo, com os quais ele interage, influenciando e sendo influenciado.
Zoneamento ambiental - segmentao do espao geogrfico em unidadeshomogneas, com vistas ordenao do territrio, tendo como referencial adisponibilidade de recursos naturais, os aspectos sociais, a dinmica ambiental e
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eficcia de seus mtodos. Segundo MARGULIS (1996), esta questo depende do nvel de
atividade econmica e do modelo de desenvolvimento adotado. E que os modelos que
contemplam crescimento econmico e conservao ambiental no tm sido considerados,reforando-se uma possvel dicotomia entre a economia e a ecologia.
Segundo FERREIRA e FERREIRA (1995), o modelo de desenvolvimento
predominante na Amrica Latina no sustentvel, ecolgica, social ou economicamente,
em conseqncia dos seus efeitos destrutivos sobre os sistemas naturais e sobre a
sociedade.
Conforme PATERSON (1975), a terra um bem natural considerado abundante, e por
isso pouco estimada, e conseqentemente muito abusada. E os piores abusos verificam-se
quanto ao mau uso dessas terras, por exploraes predatrias de ambientes naturais,
ambientes urbanos, de florestas e da energia hidrulica, e por prticas inadequadas que
conduzem devastadora eroso do solo. Os abusos levaram como reao ao movimento de
conservao ambiental. E estabeleceu-se a viso "ecolgica" do homem, com a
compreenso de que parte do meio ambiente total, "em vez de ser seu inimigo ou
conquistador". O autor considera que o homem no deve deixar de usar os recursos
naturais disponveis e mostra a inviabilidade tanto da preservao como da explorao
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ambiental, para os objetivos da gesto ambiental, qualifica a ao institucional do poder
pblico.
Os questionamentos e propostas de solues, a respeito dos problemas ambientais,
gerados a partir dos mtodos empregados pelo homem na sua busca do crescimento e do
desenvolvimento, tm ocorrido lenta e gradualmente, e sido enfrentado de modo diferente
pelos tcnicos, governos, agncias de desenvolvimento, instituies governamentais e no
governamentais.
Conforme BARBIERI (1997), a evoluo em busca de solues para os problemas
ambientais tem seguido por etapas. A primeira baseia-se na constatao da deteriorao
ambiental, e a sua atribuio ignorncia, negligncia, dolo e, especialmente, indiferena
das pessoas e dos agentes produtores e consumidores de bens e servios. As aes para
coibir estas prticas tm sido ineficientes. A segunda etapa corresponde identificao do
problema ambiental como generalizado, porm confinado a limites geogrficos. O limite
poltico tem sido ainda um entrave para se tratar as questes como globalizadas. No
entanto, so identificadas e estudadas as fontes de deteriorao ambiental, por anlises e
diagnsticos, indicao de solues, estudo prvio de impactos ambientais para aprovar-se
a instalao de empreendimentos com potencial de interferir na qualidade do meio
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de hoje, o desenvolvimento das cincias tem se formalizado segundo aquele postulado. Os
homens so fragmentados, para possibilitar serem mais bem estudados e compreendidos,
assim como toda a matria, seres vivos, e toda a natureza. Segundo BRESSAN (1996), olegado de Descartes tem sido alvo de condenaes definitivas, sob o argumento bsico de
que sua filosofia e seu mtodo constituem a matriz de terrveis desequilbrios nas relaes
entre homem e natureza. Considera-se aqui ser o homem, e no o princpio filosfico, a
origem dos conflitos ambientais hoje to agudos. As anlises fragmentadas, por
componentes, so contundentemente imprescindveis para a compreenso do todo, doambiente, quando efetuado cuidadoso processo de integrao, o que tem sido basilar para o
desenvolvimento cientfico e ampliao do conhecimento. Na teoria cartesiana no se
encontra erro, mas sim na pretenso de que possa apenas um fragmento, ou parte
componente, ser corrigido e recomposto, e conseguir, somente por ele, que se alcance a
sanidade de todo o sistema, de todo o ambiente.
4.5. Princpios do Desenvolvimento Equilibrado e Sustentado
LOVELOCK (1991), ao resgatar o conceito de Gaia (de Geo), que considera a Terra
como um ser vivo, individual, faz referncia ao fato de que o nosso planeta tem cerca de
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desenvolvimento econmico e social, e leve consecuo de objetivos comuns e interligados que
considerem as inter-relaes de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento; (3)
considerar meios e procedimentos pelos quais a comunidade internacional possa cuidar maiseficientemente das questes de cunho ambiental; e (4) ajudar a definir noes comuns relativas a
questes ambientais de longo prazo e os esforos necessrios para tratar com xito os problemas
da proteo e da melhoria do meio ambiente. A Comisso Brundtland concluiu seus trabalhos
em 1987, e expressou as bases para o Desenvolvimento Sustentado por meio do seu
relatrio final, denominado Nosso Futuro Comum. De acordo com o relatrio,
Desenvolvimento Sustentado definido como aquele que atende s necessidades do
presente, sem comprometer a possibilidade das geraes futuras de atenderem s suas
prprias necessidades (CMMDA, 1991).
A histria tem mostrado serem quase infrutferas as medidas para preservao.
Ento, os modelos atualmente propostos prevem a conservao ambiental, que conceituada como o manejo de regio, e da biosfera, pelo ser humano, de forma que
produza o maior benefcio sustentado para as geraes atuais, mas que mantenha as
potencialidades para satisfazer permanentemente s necessidades e aspiraes das geraes
futuras.
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primeira focaliza as caractersticas das comunidades e seu habitat, enquanto a segunda
refere-se organizao dos elementos fsicos e biogeogrficos no contexto espacial. As
duas perspectivas tm como objetivos as prticas de manejo em funo do princpio daauto-sustentabilidade ambiental.
Para a colocao em prtica do mtodo, tem que se compreend-lo como objeto
multidisciplinar. Dessa forma, segundo MORAES (1994), o exame dos mtodos cientficos,
entendidos no como instrumental tcnico de pesquisa, mas como armao lgico-terica
da anlise e reflexo, permite agrupar os esforos de vrias reas do conhecimento numa
avaliao acima das divises entre as diferentes cincias. Pois todo trabalho cientfico
envolve necessariamente posicionamentos metodolgicos.
Com o objetivo da adequada anlise ambiental, segundo a nova tica holstica, os
modelos elaborados atualmente privilegiam formas de tratamento de espao e dos sistemas
ecolgicos enquanto totalidade, alm da previso e correo de externalidades. Neste
contexto, segundo CHRISTOFOLETTI (1999) e BRESSAN (1996), os Programas de Manejo
Integrado de Bacias Hidrogrficas fundamentam-se no tratamento da totalidade do espao
contido numa rea geogrfica, para a qual cada parcela (cada propriedade) pode ser
considerada em seu todo e ao mesmo tempo em sua relao com as demais parcelas
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processos, dos elementos de construo para os princpios de organizao. Para o qual os
sistemas vivos so todos integrados, inseridos em conjuntos maiores, dos quais dependem.
A natureza de todo sistema vivo deriva das relaes entre suas partes componentes e dasrelaes do sistema todo com seu ambiente.
A partir de referncias distintas, no estudo dos sistemas ambientais, em relao s
perspectivas ecolgica e geogrfica, ambas focalizam categorias de fenmenos especficos,
detalhando aspectos estruturais, funcionais e dinmicos para a compreenso dos
ecossistemas e geossistemas. Na cadeia de interao do ecossistema, pode-se analisar a
dinmica da populao, a biodiversidade e outros parmetros. A cadeia do geossistema
formada por parmetros ambientais, como geomorfologia, clima, solos, hidrografia
(CHRISTOFOLETTI, 1999)
Na proposio de modelagem, CHRISTOFOLETTI (1999) apresenta trs
consideraes. A primeira considera a abordagem holstica para a compreenso dos
fenmenos no campo dos sistemas ambientais, a segunda refere-se aos impactos
antropognicos nas caractersticas ambientais. A terceira encontra-se ligada questo do
escalante espacial, a qual refere-se s grandezas espaciais, desde o nvel lugar at a
grandeza do globo terrestre Para fins de anlise ambiental e planejamento deve-se
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Embora a eficincia dos estudos geogrficos mantenha-se intacta ao longo do
tempo, e para tal possa prescindir de equipamentos eletrnicos, cabe ressaltar o horizonte
que possibilita a nova semitica a partir dos trabalhos computadorizados, maisespecificamente dos sistemas geogrficos de informao. Esse avano tecnolgico trouxe
muitas repercusses nas formas de se observar os fatos, tanto na abordagem conceitual
como na abordagem metodolgica (XAVIER DA SILVA, 2001). Os sistemas
computadorizados possibilitam que os fundamentos da Geografia, especialmente quanto
organizao do espao territorial, sejam abordados segundo viso holstica, pois possibilitaa viso em conjunto de todas as particularidades, analisa o sistema observado como uma
unidade, favorece a relao de entidades interdependentes; segundo viso sintica, pois
permite que se veja espacialmente as entidades, tanto com relao de distncia quanto de
conectividade; e possibilita procedimentos heursticos, pois oferece ganho de
conhecimento a partir do entendimento da realidade.
4.7. Anlise ambiental com viso holstica.
O plano inexorvel de desenvolvimento inerente ao processo de aperfeioamento
do ser humano. H no homem, como ocorre com todos os componentes da Natureza, ou
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a permanente avaliao, quando efetuada como monitoramento, com possibilidade de uma
controlada redefinio de objetivos.
Como se trata de examinar um conjunto de elementos e fatores, sejam do ambiente
scio-cultural, seja do ambiente bitico, seja do ambiente fsico, onde atuam todos,
conforme nveis variveis de interdependncia, a anlise ambiental o incio de um
processo. Entretanto, o objetivo que se pretende atingir o da gesto ambiental, para o qual
devem concorrer a iniciativa da populao envolvida, que busca a melhoria de sua
qualidade de vida, indicada por condies culturais, sociais e econmicas, e os rgosgovernamentais.
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5. Geoprocessamento e Sistemas Geogrficos de Informao
Este captulo tem por objetivo discriminar e descrever as etapas que estruturam as
metodologias empregadas para as anlises geogrficas e ambientais e que constituem os
princpios lgicos dos Sistemas Geogrficos de Informao. Desde a concepo domtodo, a natureza dos dados ambientais apropriados para o Geoprocessamento, os
processos de obteno dos dados, as tcnicas de processamento e a exibio dos resultados
das operaes realizadas pelos SGI.
Os sistemas geogrficos de informao podem ser considerados como modelos
digitais do ambiente, e, por terem os dados ambientais o atributo de localizao geogrfica,possibilitam revelar e explicar muitos conceitos scio-econmicos. Permitem a avaliao
de situaes ambientais, com preciso apropriada e economia no esforo humano para
obteno e organizao dos dados. Tm agilidade e capacidade para trabalharem dados
scio-econmicos relevantes, no apoio ao planejamento geoeconmico, proteo ambiental
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Sendo sistemas de planejamento ambiental, conforme expresso na Figura 9,
incorporam diversas funes, tais como levantamentos de ocorrncias conjuntas,
monitoramento de alteraes ambientais, avaliaes de situaes crticas, criao decenrios, simulaes e zoneamentos ambientais (XAVIER DA SILVA (2001)).
5.1. Conceitos da Geografia para a implementao de SGI
Tendo em vista a grande quantidade de termos e expresses tcnicas que envolvemo tema, conveniente apresentar seus conceitos, que se extraram de LIMA E SILVA et
al.(1999), TEIXEIRA et al.(1992), RODRIGUES (1990), ARONOFF (1989) e XAVIER DA SILVA
(1987, 2001). Por eles, temos :
Ambiente : o conjunto estruturado de objetos e atributos, sejam naturais, sociais ou
culturais, que tm limites, funes e partes componentes, e que evolui, ao influenciar eser influenciado, por meio de relaes internas que integram essas partes componentes, ede relaes externas, com as quais troca energia e massa com o exterior.
Anlise Ambiental : o conjunto de procedimentos destinados a levantar relaesambientais significativas para a definio dos limites e partes componentes de situaesambientais, e compreenso de suas funes internas e externas.
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Usurio : pesquisador, especialista, instituio, ou um conjunto de cada um destes,
responsvel pela execuo de projetos ambientais que utilizem Geoprocessamento.
Resoluo : a menor unidade discernvel, ou a menor unidade representada que, nocaso de mapas temticos, pode ser entendida como a menor unidade de mapeamento. Asresolues so de dois tipos : territorial e taxonmica.
Pr-processamento : conjunto de procedimentos prvios ao Geoprocessamento, comos quais so depurados e sistematizados os dados ambientais a serem analisados. No casoespecfico do SGI, o pr-processamento pode ser entendido como composto das
seguintes fases :a) seleo de classificaes ambientais adequadas (definio dos temas);
b) modulao dos mapas em partes menores, compatveis com os limites dosoftware empregado;
c) geocodificao dos dados;
d) criao dos modelos digitais finais;
e) verificao
5.2. Bases Conceituais de SGI
Um sistema geogrfico de informao um conjunto organizado composto de
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para que sejam corrigidos os possveis erros. A maior parte dos SGI tem ferramentas para
efetuar-se a edio dos dados. Os atributos necessitam, ento, ser incorporados e
vinculados s entidades, para o qual so construdos vnculos e tabelas de dadosrelacionais. Detalhes essenciais quanto procedncia e outras importantes caractersticas
dos dados so armazenados em arquivos de metadados. Uma grande base de dados
geogrficos no precisa estar armazenada em apenas um computador, pois em um servidor
de rede dar acesso a muitos usurios, simultaneamente. importante armazenar a base de
dados de forma segura, tendo em vista os esforos para obt-lo. Podem ser utilizados meiosmagnticos e ticos para armazenar os dados, fazer cpias de segurana e disponibilizar os
dados produzidos. Toda a base de dados espaciais, ou parte dela, pode ser apresentada de
forma efmera na tela de monitor, por cpia em papel ou em filme.
H dois tipos bsicos de informaes geogrficas : as informaes espaciais que
descrevem localizao e formas das entidades geogrficas; e as informaes descritivas arespeito das entidades.
A entrada de dados uma das tarefas que mais tempo consome em um sistema
geogrfico de informao, e compreende operaes de codificao e armazenamento em
uma base de dados E a operao mais importante e complexa que um usurio de SGI
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A habilidade em processar as feies cartogrficas, em termos de atributos
espaciais e no espaciais, o principal critrio que distingue uma cartografia automtica
(em que dados espaciais esto geralmente associados a cores, tipos de linhas, smbolos,etc.) e o processamento de informaes geogrficas (no qual dados no espaciais podem
estar associados ao uso da terra (como nome do proprietrio, tipos de produtos), a
caractersticas do solo, a tipos de vegetao, etc.).
necessrio que os dados estejam numa forma compatvel com as particularidades
e exigncias do sistema em aplicao. Essa compatibilidade pode ser obtida pelaformatao dos dados, empregando-se os registros obtidos em scanners, arquivos textos,
digitalizadores, fitas, discos ou outro perifrico. A escolha da fonte de dados d-se em
funo da qualidade da informao obtida e da otimizao do tempo de coleta. Outros tipos
de dados, principalmente os de caractersticas alfanumricas, devem alimentar o sistema de
informao via teclado.
Um sistema geogrfico de informao prev a possibilidade de referenciar a
posio topolgica, assim como os atributos dos elementos geogrficos (pontos, linhas e
reas), de forma organizada e estruturada. Topologia o conceito usado para representar
ou modelar as relaes espaciais nas bases de dados geogrficas e consiste no
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Em sistemas geogrficos de informao, os pontos, linhas ou reas podero se
associar a atributos, como nmero ou nome, representando, no entanto, essencialmente
uma geometria. Esses dados geogrficos armazenados no SGI podem ser mantidos emmeios magnticos, na forma de diferentes estruturas classificadas em : vetorial, raster e
topolgica.
A estrutura vetorial, ou poligonal, fundamenta-se em coordenadas cartesianas e nos
postulados da geometria euclidiana. A formao dessa estrutura baseia-se em coordenadas
de pontos, representados em duas ou trs dimenses, e identificadores dos tipos de curvasda qual pertenam. Um mapa analgico, a partir de seus pontos, linhas e polgonos, pode
ser codificado no formato digital, por meio de processo de digitalizao.
A estrutura matricial ou raster faz em formato digital a codificao de pontos,
linhas e polgonos, onde superpe uma grade retangular sobre o mapa, de tal forma que os
valores de um atributo so extrados para cada unidade mnima de superfcie da grade,
denominadas clulas ou pixels. H vrias alternativas para se obter um mapa raster
representativo de um mapa geogrfico : a) a primeira a que emprega, como dado de
entrada, um mapa daquele tema, previamente armazenado em meio magntico segundo
uma estrutura vetorial Softwares especiais encarregam se de convert lo em um mapa
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temas. Atravs dessa estrutura, cada feio mapeada passa a conter informaes sobre seu
relacionamento geogrfico com outras feies. Em uma estrutura topolgica, o usurio
poder consultar o SGI sobre as caractersticas de atributos associados a um determinadoponto da superfcie mapeada.
A representao da distribuio espacial de uma determinada caracterstica
vinculada a uma superfcie real o que se denomina Modelo Digital do Terreno (MDT), ou
Modelo Numrico do Terreno (MNT), que se tornou ferramenta importante de
representao da paisagem, recuperando o seu aspecto de tridimensionalidade. O ModeloDigital do Terreno, representativo de uma determinada superfcie, possibilita a obteno de
informaes bsicas para o planejamento da superfcie, para a ordenao territorial,
estudando-se a altimetria do terreno (a energia do relevo), o padro de drenagem, a
declividade, a textura de drenagem, a densidade de drenagem, a orientao de drenagem,
entre outras variveis.
5.3. Geoprocessamento pelo SAGA Sistema de Anlise Geo-Ambiental
A presente pesquisa est estruturada para ser efetivada por meio de Sistema
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1. todo fenmeno passvel de ser localizado, atravs da criao de umreferencial conveniente. Mesmo no caso de se desconhecer a natureza dofenmeno em considerao, determinar-se a localizao tarefa
fundamental e imprescindvel;
2. todo fenmeno tem sua extenso espacial e temporal determinvel, a partirde sua insero no referencial escolhido. Em Geografia, esta tarefa realizada quando da insero na rede cartogrfica de um determinadofenmeno ambiental, com a definio de suas caractersticas de sistema deprojeo, escala e resoluo, os quais possibilitam determinar-se sua
extenso territorial. Ou, tambm, no caso de se acompanhar a evoluo dedeterminado fenmeno ou situao ambiental ao longo do tempo;
3. todo fenmeno est em constante alterao. Para a Geografia, osfenmenos geogrficos se apresentam segundo diferentes razes evelocidades de transformao, o que possibilita ao pesquisador elaborarprevises sobre situaes ambientais futuras;
4. apresenta-se com relacionamentos, no sendo registrvel qualquerfenmeno totalmente isolado. O esforo de identificao e classificaotaxonmica implica na determinao de relaes, que podem se dar quanto similaridade (pelo agrupamento de fenmenos semelhantes), ou quanto acritrios de conexo. O levantamento de padres espaciais e temporais dos
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os seus elementos e aspectos fsicos, biticos, econmicos, sociais e culturais. Pressupe
que o enfoque a ser adotado no se resuma cartesianamente, e no se conclua de forma
reducionista e mecanicista. As propriedades e caractersticas dos sistemas vivostranscendem essas abordagens, porquanto elas se comportam holisticamente.
Para MAGUIRE (1991), a interpretao dos fenmenos ocorridos em determinada
regio realizada nos dias atuais atravs dos Sistemas Geogrficos de Informao, que
permitem a coleta, armazenamento, verificao, manipulao, anlise e exibio dos dados
e resultados, por mapas ou relatrios. E que, nos ltimos anos, devido disponibilidade deequipamentos de computao, foram desenvolvidos muitos diferentes formatos e modelos
de SGI, que se aplicam principalmente ao apoio deciso.
Segundo DOMINGUES (1992), cabe s universidades oferecerem sociedade,
atravs da maturidade poltica e tcnica de professores, pesquisadores, alunos e
funcionrios, o conhecimento que dentro delas gerado e transmitido, para o benefcio de
toda a populao.
5.5. A natureza dos dados ambientais
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d i d i d l i l b l b d b d
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determinado tipo de relacionamento, o qual a base para a elaborao de um banco de
dados ambientais.
Figura 10 : O mundo real e o modelo SGI.
Segundo PEUQUET (1990), podem ser considerados quatro nveis de abstrao de
dados a serem incorporados a um SGI: mundo real, que o fenmeno como ele realmente
existe, incluindo todos os aspectos que podem ou no ser percebidos pelas pessoas;
modelo de dados que a abstrao do mundo real e que incorpora propriedades
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5 5 1 Banco de dados con encional
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5.5.1. Banco de dados convencional
Segundo COUGO (1997), utilizando-se o que denomina Lei do Mundo, ou o mundo
real em que estamos inseridos, e que representa o embasamento terico para elaborao domodelo de Entidade-Relacionamento, procura-se identificar e conceituar os elementos
considerados de interesse: as entidades, os relacionamentos que mantm entre si, e os seus
atributos. O processo de modelagem pressupe a existncia de um objeto, ou ambiente, a
ser observado.
Pode-se, no estudo dos tipos de dados considerar-se trs aspectos inerentes a eles :
a) dentro de um universo observado, pode-se reconhecer objetos, que estaro
sendo percebidos como elementos individualizados, mas, ao mesmo tempo,
podero ser enquadrados em um conjunto ou categoria, em funo de suas
semelhanas. Esse conjunto, dependendo da abordagem dada ao processo de
modelagem, poder vir a ser definido como entidade ou classe.
b) para os objetos identificados no universo considerado, em nvel individual,
pode-se perceber caractersticas comuns, que os levaro a ser enquadrados em
conjuntos particulares. Essas caractersticas so inerentes a todos os objetos de
um mesmo conjunto, e assim devero ser representadas.
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Os SGBD permitem realizar com maior eficcia a interligao de base de dados j
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Os SGBD permitem realizar, com maior eficcia, a interligao de base de dados j
existente com o sistema empregado para o Geoprocessamento. Tem a capacidade de
apresentar dados em viso independente dos sistemas aplicativos, alm de possibilitar oatendimento de trs requisitos bsicos: eficincia - por propiciar acesso e modificaes de
grandes volumes de dados; integridade - por permitir o controle de acesso por mltiplos
usurios; e persistncia - por efetuar a manuteno de dados por longo tempo,
independentemente dos aplicativos que acessem e usem esses dados (CARVALHO FILHO,
1995).
5.5.2. Banco de dados ambientais
Ao se analisar os vrios componentes de um SGI, pode-se afirmar que houve, nos
ltimos anos, tanto rpidos e crescentes avanos no que refere interface homem-mquina,
quanto sensvel reduo de custos na rea de aquisio de equipamentos e de programas
computacionais. Considere-se tambm o elevado grau de aprimoramento desses
programas, assim como de softwares de SGI, que permitem efetuar anlises em
computadores pessoais, hoje com alta capacidade e performance, que at h poucos anos
5. Geoprocessamento e Sistemas Geogrficos de Informao 55
A formao da base geogrfica e cartogrfica deve contemplar aspectos tais como:
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7/30/2019 Qualidade de vida na regio da Tijuca, RJ, por geoprocessamento
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A formao da base geogrfica e cartogrfica deve contemplar aspectos tais como:
selecionar os mapas dos quais se extrair as informaes,
definir um mapa base ao qual as entidades a serem representadas seroassociadas,
selecionar mtodos para combinao de mapas de diferentes fontes,
escalas e exatides.
Figura 11 - Especificao de BDDEs : bases espaciais e no-espaciais(Fonte : QUINTANILHA, 1996)
Conforme expressa CMARA (1996), os dados geogrficos, ou espaciais, denotam
i d f bj f i d l li b
5. Geoprocessamento e Sistemas Geogrficos de Informao 56
O conceito de Cartografia expresso como a cincia e arte de representar
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O conceito de Cartografia expresso como a cincia e arte de representar
graficamente por meio de mapas, cartas e plantas, o conhecimento do homem sobre a
superfcie da Terra. Muitos estudiosos consideram a Cartografia como o conjunto de todasas cincias e tcnicas que conduzem carta, tal como Geografia, Geodsia, Astronomia de
Posio, Fotogrametria, Sensoriamento Remoto, Fotointerpretao etc. (CAMPELLO, 1988).
Por moderno conceito, Cartografia a organizao, apresentao, comunicao e
utilizao da geo-informao, nas formas visual, digital ou tctil, que inclui todos os
processos de preparao de dados geogrficos, no emprego e estudo de todo e qualquertipo de mapa. (Recomendao ICA-Budapeste-Hungria, 1989 apud GUIDARA, 1999).
Conforme CRUZ (1999), os componentes grficos e no-grficos dos dados
ambientais tm caractersticas distintas, o que exige tcnicas particulares para se otimizar o
seu gerenciamento. Normalmente ficam armazenados em bases de dados diferentes. Os
dados grficos so manuseados diretamente por meio do software de SGI , enquanto osdados no-grficos so armazenados sob formatos alfanumricos convencionais, e
vinculados a localizaes espaciais ou a elementos grficos, aos quais se ligam ou
relacionam, atravs de identificadores comuns, ou outros artifcios que expressam
claramente a distribuio espacial dos elementos descrit