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A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 14./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
56p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD 230.223
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Provérbios 21
1 Como corrente de águas é o coração do
rei na mão do Senhor; ele o inclina para
onde quer.
Mesmo os corações dos homens estão na mão de Deus, e não apenas seus passos, como se
afirma no verso 24 do capítulo 20. Deus pode
mudar as mentes dos homens - pode, por uma
poderosa operação insensível sob seus espíritos, transformá-los. Assim como o lavrador, por
canais e calhas, pode transformar o curso da
água como lhe agrada.
Mesmo os corações dos reis são assim, não obstante as suas atribuições e competências,
tanto quanto os corações das pessoas comuns. O
coração dos reis é insondável para nós, muito mais incontroláveis, mas não para Deus que é o
Rei dos reis e Senhor dos senhores, pelo poder
de levá-los a agir segundo o Seu querer.
Caso não houvesse esse poder na graça de Deus, que também restringe o mal, não haveria como
a vida ter seguimento num mundo em que os
corações das pessoas estão sujeitos ao pecado.
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2 Todo caminho do homem é reto aos
seus olhos; mas o Senhor pesa os
corações.
Todos somos aptos a ser parciais no julgamento de nós mesmos e nossas próprias ações, e
pensamos de modo muito favorável quanto ao
nosso próprio caráter, como se não houvesse nada de errado nele.
Todo caminho do homem é reto aos seus próprios olhos. O coração orgulhoso é muito
engenhoso em colocar uma tampa sobre os seus
buracos e falhas, para que não vendo seu real estado, possa calar a boca de sua consciência.
Temos a certeza de que o juízo de Deus a nosso respeito está de acordo com a verdade, de
maneira que mesmo quando procuramos apresentar uma aparência favorável para aquilo
que realmente somos, Ele sonda os nossos
corações e conhece perfeitamente não somente
as nossas más ações, como até mesmo as nossas inclinações.
Qualquer que seja o nosso julgamento sobre nós mesmos, e quaisquer que sejam as justificativas
que possamos apresentar para nossas ações, a ponto de até enganar e muitos, de que agimos
corretamente, o Senhor pesa as reais intenções
do coração, e tem um julgamento perfeito a
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respeito de tudo o que se refira a nós e ao nosso
caso.
O homem só pode ver o exterior, mas Deus vê o coração, de um modo total e infalível.
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3 Fazer justiça e julgar com retidão é mais
aceitável ao Senhor do que oferecer-lhe
sacrifício.
Jesus fez uma aplicação prática deste provérbio quando nos ensinou que se tivermos uma
demanda contra alguém, devemos entrar em
conciliação com o nosso próximo, perdoando-lhe, antes que nos disponhamos a apresentar
alguma oferta no altar de Deus, porque, em caso
contrário, ela não será aceita.
Isto comprova de modo muito claro que o
atendimento das exigências da justiça divina – perdoar, no caso apresentado, é o que é justo a
fazer – é mais importante do que qualquer
sacrifício ou oferta que façamos em seu nome.
Além disso, é um pressuposto básico para a nossa aceitação e de nossas ofertas, que
estejamos vivendo de modo justo. Esta foi a
razão de a oferta de Caim não ter sido aceita por
Deus; porque o seu coração não era reto para com o Senhor, e não havia nele qualquer
disposição real para obedecer à Sua vontade.
A verdade deste provérbio nos mostra que não são poucos os que se enganam com o conceito de que um mal que tenham praticado pode ser
coberto e perdoado por Deus pela apresentação
de uma oferta na Igreja.
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O pecado só pode ser coberto e apagado pelo sangue de Jesus, e este sangue se torna eficaz,
para esse propósito, somente quando
confessamos os nossos pecados e andamos na luz de Jesus, tendo em vista a comunhão com
Deus e com nossos irmãos na fé.
Este princípio espiritual é imutável porque está em conformidade com a natureza santa e justa
do Senhor, que exige que estejamos justificados
perante Ele, que andemos na prática da justiça,
para que lhe sejamos aceitáveis, e por conseguinte, as nossas ofertas.
“E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não
há outro além dele; E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a
alma, e de todas as forças, e amar o próximo
como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. E Jesus, vendo que
havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não
estás longe do reino de Deus. E já ninguém
ousava perguntar-lhe mais nada.” (Marcos 12.32-34)
“Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como
em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o
atender melhor é do que a gordura de
carneiros.” (I Samuel 15.22)
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“Com que me apresentarei ao Senhor, e me inclinarei diante do Deus altíssimo?
Apresentar-me-ei diante dele com holocaustos,
com bezerros de um ano? Agradar-se-á o Senhor de milhares de carneiros, ou de dez mil
ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito
pela minha transgressão, o fruto do meu ventre pelo pecado da minha alma? Ele te declarou, ó
homem, o que é bom; e que é o que o Senhor
pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames
a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus?” (Miqueias 6.6-8)
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4 Olhar altivo e coração orgulhoso, tal
lâmpada dos ímpios é pecado.
Até aquilo que pode parecer uma luz nos ímpios é pecado. O provérbio destaca como exemplo
disto o olhar altivo e o coração orgulhoso.
Há uma glória, vã, passageira e pecaminosa que brilha por um tempo com esta luz enganosa que a muitos impressiona, como é comum ocorrer
no meio artístico, onde aqueles que celebram
até o próprio Satanás com suas canções, são
chamados até mesmo de estrelas do rock metálico, do funk, e de vários outros estilos
musicais, que estão a serviço das trevas
espirituais.
Filmes, especialmente da indústria de Hollywood, que exaltam a violência, a
prostituição, o roubo, e toda sorte de pecados, são tidos na conta de grandes obras nas quais os
protagonistas são também considerados como
estrelas do cinema.
A tal ponto estas lâmpadas pecaminosas brilham enganosamente, com a transfiguração
em anjo de luz que procede do seu maior
protagonista, que viram até mesmo objeto de idolatria de muitos, que entregam seus
corações e suas vidas para se consagrarem
inteiramente a elas.
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Este é apenas um entre os muitos males dos quais o mundo padece e que leva a quase
totalidade da humanidade a viver de ilusões
quanto ao carisma de líderes que se passam por salvadores da pátria, e que no fundo só pensam
em enriquecer pelo desmantelamento da
mesma pátria que disfarçam proteger.
Uma verdadeira luz cujo brilho é para sempre e que é conhecida pelo caráter íntegro daqueles
que a refletem, por serem pessoas retas,
tementes a Deus, honestas, justas em todo o seu proceder, não atrai senão aqueles que são do
mesmo tipo de caráter.
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5 Os planos do diligente conduzem à
abundância; mas todo precipitado
apressa-se para a penúria.
A diligência é uma ordenança bíblica para aqueles que desejam fazer progresso na vida
espiritual, como vemos em II Pedro 1. Mas ela também conduz à abundância em todas as
esferas, inclusive na material.
O provérbio ensina que esta diligência deve ser planejada, e não de forma precipitada, pois
aquele que assim não procede se apressa para a
penúria, ou seja, não prosperará no que fizer de forma precipitada.
Devemos ter um propósito dirigido por um plano em tudo o que fizermos, seja na vida secular, seja na espiritual.
Se não determinarmos um destino final para ser
atingido em nossa viagem, viveremos como andarilhos errantes neste mundo.
Estabelecer um plano de leitura anual da Bíblia, e ser diligente em cumpri-lo, é um bom
exemplo de se alcançar a abundância de graça
prometida no provérbio.
O mesmo se aplica à vida de oração, à de execução de serviços determinados na obra de
Deus, como por exemplo, a evangelização, são
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outros exemplos de se obter prosperidade da
parte de Deus quando somos diligentes em
aplicar aquilo que projetamos fazer.
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6 Ajuntar tesouros com língua falsa é
uma vaidade fugitiva; aqueles que os
buscam, buscam a morte.
Muita gente está perdendo até o sono no Brasil neste início de ano de 2016 em razão das notícias
de corrupção em grandes esferas da política da nação.
Muitos não estão se conformando - como é que pessoas que deveriam estar cuidando
honestamente da coisa pública, e
administrando os recursos que são oriundos
dos impostos pagos pelo povo, estão fazendo negociatas desonestas visando ao
enriquecimento próprio.
Todavia, todos estes são pobres diabos enganados e encantados pelo próprio Satanás e
pelo pecado que reina em seus corações, para
fazerem aquilo, que apesar de parecer um
grande negócio, é uma grande ruína para eles, pois terão que enfrentar um maior juízo e
sofrimento que lhes virá da parte de Deus
naquele dia em que todo joelho terá que se dobrar diante de Jesus e declarar que Ele é o
Senhor.
É de suma importância que a profecia de juízo de morte eterna que deve vir sobre os que usam
destas práticas foi proferido pela boca do
homem mais rico que já pisou neste mundo –
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Salomão – e que assim, estava bem inteirado,
que não há nenhuma vantagem em ser rico,
senão andar retamente diante de Deus.
Os que mexem com grandes valores estão sujeitos a grandes tentações, e se não tiverem o temor de Deus e a disponibilidade da Sua graça
sendo concedidos a eles, encontram-se em
apuros, pois dificilmente agirão conforme é
exigido pela justiça.
Seria de se admirar que pessoas que não temem ao Senhor, que não andam nos seus caminhos, e
cujo intento de seus corações é somente o de
buscar grandezas terrenas passageiras, que
viessem a desejar se inteirar de fato da causa do que é justo e honesto e permanecer nisto por
todo o tempo do exercício de seus mandatos?
Eles simplesmente usarão o argumento da honestidade e da prática da justiça em seus
discursos, mas dificilmente isto será visto sendo
acompanhado por suas ações, pois são escravos do pecado e de Satanás, e por fim ainda que
tivessem esta intenção de agirem bem, se verão
acorrentados e fazendo aquilo que é mau e injusto.
De tal ordem é este poder do pecado e do diabo sobre suas mentes e corações, que ainda que
fossem convencidos pelas Escrituras que estes
caminhos conduzem à morte eterna, num juízo
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de fogo e sofrimentos eternos no inferno,
dificilmente deixariam o hábito nocivo a que se
entregaram, que de tanto antigo que é na terra,
e por ser praticado por tantos, parece ser um modo adequado de se agir por grande parte
daqueles que se encontram no poder.
Deve ser registrado que isto não será visto apenas na esfera do poder público, mas também em empresas na área privada, pois não se trata
de uma questão de onde o homem se encontre,
mas daquilo que está no seu coração.
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7 A opressão dos ímpios arrebatá-los-á,
porquanto recusam praticar a justiça.
Este provérbio é em certo sentido um complemento do anterior, pois aqueles que
ajuntam riquezas através do expediente do
engano, costumam ser também opressores, em
consequência disto, pois muito destas riquezas é obtido por meio da opressão daqueles que não
têm como se defender, geralmente o povo pobre
e ignorante das práticas injustas que são
geralmente usadas pelos poderosos e grandes.
O provérbio destaca que há uma recusa em praticarem o que é justo, porque mesmo sendo
injustos, a longanimidade de Deus os alcança
por um tempo dando-lhes a oportunidade de se arrependerem e fazerem restauração de tudo o
que roubaram – veja o caso de Zaqueu que se
arrependeu quando Jesus foi ter com ele em sua
casa.
Mas Zaqueu é um caso em um milhão, pois raramente os poderosos que vivem de modo
injusto se arrependem do que são e do que
fazem, e pouco lhes importa que acumulem
para si à custa da opressão e sofrimento de muitos, dos quais direta ou indiretamente
surrupiam seus recursos.
A própria injustiça deles os arrebatará no dia do juízo de Deus para as profundezas do inferno de
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onde jamais poderão sair, e não mais poderão
oprimir a ninguém, senão serem oprimidos por
Satanás e os demônios que lá também estarão
em sua companhia e continuando a governar sobre seus espíritos.
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8 O caminho do homem perverso é
tortuoso; mas o proceder do puro é reto.
O perverso não anda num caminho tortuoso, por opção, por escolha, mas porque não pode
agir de outra maneira, pois a isto o impulsiona a
inclinação do seu coração injusto.
Enquanto uma pessoa não se converter a Cristo, e não for infundido em seu ser o verdadeiro
temor e graça de Deus, ela jamais poderá viver
continuamente na prática do que é reto, pois
isto jamais poderá proceder de um coração que não for purificado pela graça.
O coração puro se inclina para as coisas que são de Deus e abomina a tudo o que é relativo ao mal
e ao diabo. E aquele que busca a Deus em sinceridade receberá dele a graça necessária
para que tenha um coração purificado de toda
má consciência e injustiça.
Os homens maus têm maus caminhos. E este é o
caminho da maioria dos homens, como é a corrupção geral da humanidade.
Não se pode esperar que de uma fonte ruim flua água boa e cristalina. Daí ser uma grande utopia
colocar a esperança em atos justos e honestos da parte de governantes que não temem a Deus
e que não respeitam e obedecem os seus
mandamentos, pois ainda que desejem fazer o
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que é justo, o que produzirão será somente
aquilo que é mau, e se há algum bem no que
fazem, é porque foram constrangidos a isto por
outros poderes ou pelas circunstâncias, geralmente contrários aos seus próprios
interesses.
É pela oposição real partidária, e pelos lobs que defendem, cada um seus interesses, que no final
do processo decisório, sempre surja algo que seja bom para a sociedade, mas não porque isto
foi buscado de comum acordo por todos, tendo
por alvo fazer o que é justo e bom diante de Deus
e dos homens de bem.
Mas este provérbio não foca apenas nos que governam, como também nos que são
governados, ou seja, na humanidade como um
todo.
O caminho tortuoso do perverso, daquele que perverte os retos caminhos do Senhor, e que
justifica e caminha por procedimentos torpes e tortuosos, é, na verdade a condição natural da
maior parte da humanidade, porque, como já
dissemos, o amor a Deus e à justiça verdadeira somente pode nos vir por meio da conversão a
Jesus Cristo, pois, nossa condição natural é de
trevas e não de luz.
Governantes maus e opressores podem chegar à posição em que se encontram por uma
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permissão do próprio Deus como uma forma de
juízo sobre a impiedade geral do povo que eles
dirigem, que não se arrepende dos seus maus
caminhos.
O Brasil, especialmente nestes últimos anos, parece ser um desses casos, onde a impiedade
da própria nação como um todo tem dado causa
a tudo quanto se tem vivido, e onde, mesmo se houvesse autoridades justas e competentes,
parece que estas seriam impotentes para
reverter todo este quadro em que temos vivido.
Afinal, por que tipo de liberdade se tem clamado nas ruas e nas manifestações públicas da
população?
Liberdade para viver praticando o quê?
O que o povo ama de fato?
Qual tem sido em geral a atitude dos agentes de
saúde em relação àqueles que buscam socorro nos postos de saúde pública? De amor, serviço,
atenção, misericórdia, dedicação?
Se entre aqueles cuja profissão demanda o exercício de amor e misericórdia se vê muitas vezes o contrário disto, o que dizer então das
demais áreas de atividade, quer públicas ou
privadas?
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Qual é o tipo de diversão que a maior parte da população ama e pratica? Uma diversão pura e
saudável, ou cheia de poluição moral, de
sensualidade provocativa, de uso de drogas etc?
Qual é o perfil das sociedades, especialmente no mundo ocidental? Reflete-se nele o
comportamento e atitude bíblicos, como por exemplo estes que temos lido nos Provérbios?
Como ter esperança por uma sociedade justa quando a própria sociedade ama a injustiça?
Não querer ser roubado nos impostos que pagamos é a única forma de justiça que existe e
deve ser buscada?
Se tivermos mais dinheiro em nossas contas bancárias, qual será o destino que lhe daremos?
Isto fará de nós pessoas melhores e mais interessadas no bem do nosso próximo? Mais
apegados à Palavra de Deus?
Como Deus disse ao povo de Israel nos dias que antecederam ao seu decreto de enviá-los para o
cativeiro em Babilônia: “A tua chaga é
incurável”. Parece que é o mesmo que está
proferindo em relação ao Brasil neste momento.
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9 Melhor é morar num canto do eirado,
do que com a mulher rixosa numa casa
ampla.
Quem conhece o plano de Deus para o casamento, entende que a situação descrita no
provérbio depõe completamente contra a
instituição do matrimônio, que é a de que seja um sinal do amor, da unidade e da submissão da
Igreja ao seu cabeça que é Cristo.
O marido deve amar a esposa assim como Cristo
ama a Igreja, a ponto de ter dado a vida por ela, e a esposa deve ser submissa ao marido, assim
como este deve ser a Cristo, para que haja uma
justa cooperação para que a missão do cabeça, quer da Igreja, quer do lar, seja bem-sucedida.
Agora, quando o que prevalece é um espírito de rixa, de disputa, de desrespeito da esposa em
relação ao marido, como é que se verá o propósito de Deus sendo cumprido em relação
ao matrimônio?
De igual modo, como pode haver o referido cumprimento em relação à unidade dos crentes com Cristo, quando estes se rebelam contra Ele
e não seguem a Sua liderança de forma
voluntária e de coração?
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Como o amor pode prevalecer quando as condições reinantes são as que acabamos de
apresentar?
Daí se dizer que seria melhor viver num canto do terraço da casa, ainda que este seja descoberto,
do que viver no conforto material de uma casa
ampla ao lado de uma esposa rixosa.
Não que isto seja desejado por Deus, mas entre estar vivendo em confronto contínuo, e ter a
atitude de fugir disso, pois quando um não quer
dois não brigam, parece que esta segunda alternativa é a mais recomendada, conforme
afirmado no provérbio.
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10 A alma do ímpio deseja o mal; o seu
próximo não agrada aos seus olhos.
Aqui é declarada a razão do ímpio desejar o mal para o seu próximo: porque este não agrada aos
seus olhos, ou seja, ainda que por uma antipatia
pessoal sem causa, baseada numa simples
análise superficial da presença e dos modos de alguém, não apenas se fique indiferente ao
mesmo, senão até chegar ao ponto de lhe odiar
desejando o mal.
Ouvi quando internado num hospital público,
dos lábios de um agente do governo, responsável pela fiscalização e supervisão geral
daquela unidade, as palavras ditas a um grupo
de médicos e enfermeiros que todos os esforços que fossem feitos pelo poder público para
melhorar as condições de atendimento, estes
dariam em nada em razão da declarada má
vontade, quase geral, que médicos e enfermeiros têm em relação à população.
Quando a impiedade cresce até o ponto que tem crescido em nossos dias em que pouco interesse
se mostra em ajudar aqueles que nos são
conhecidos, quanto mais isto não se mostrará em muito maior grau em relação às pessoas que
são desconhecidas?
Por conta de um suposto “profissionalismo” que tem servido de desculpa em nossos dias para
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que não haja qualquer envolvimento pessoal,
ainda que seja o de simpatia com o sofrimento
alheio - os corações têm esfriado cada vez mais
debaixo desta capa como um lenitivo para as consciências cauterizadas.
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11 Quando o escarnecedor é castigado, o
simples torna-se sábio; e, quando o sábio
é instruído, recebe o conhecimento.
Há pessoas de uma ingenuidade tamanha que
pensam que toda forma de comportamento é justificável e aceitável.
Todavia, quando elas veem o escarnecedor do que é justo sendo castigado, elas podem adquirir
um pouco de sabedoria, por entenderem que há
ações que são dignas de recompensa, e que há outras que são dignas de castigo.
Eles aprendem também que não vale a pena andar nos mesmos passos dos escarnecedores,
de modo que não venham a se tornar alvo dos
mesmos castigos que eles têm recebido.
Estes simples que se tornam sábios e os que já eram sábios são as pessoas em condições de adquirir o conhecimento da verdade e da
vontade de Deus, por meio da instrução, pois
terão seus ouvidos abertos e seus corações
preparados para receber e praticar todas as instruções que lhes forem ministradas.
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12 O justo observa a casa do ímpio;
precipitam-se os ímpios na ruína.
Isto é algo inevitável, mas não para o propósito de mexericar, senão o de constatar que de fato a
Palavra de Deus é perfeita e se cumpre quando o
justo observa o modo de proceder que impera
na casa do ímpio.
Por maior que possa ser a prosperidade deles, e ainda que tudo tenha sido obtido por meios
lícitos, todavia, não podem ter um coração que
seja segundo o coração de Deus, e guiado por Ele
e seus mandamentos, pois a condição de viver na impiedade lhes impede de desfrutarem
dessa bênção que Deus tem reservado somente
para os que são justos.
A ruína espiritual está sempre rondando a casa
do ímpio e sempre há de prevalecer enquanto não se converterem de seus maus caminhos,
que os levam a viver longe dos caminhos de
Deus.
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13 Quem tapa o seu ouvido ao clamor do
pobre, também clamará e não será
ouvido.
Jesus destaca no Sermão do Monte que os misericordiosos são bem-aventurados porque
alcançarão misericórdia.
Em outra passagem dos evangelhos nos ordena a sermos misericordiosos, assim como Deus é
misericordioso.
O apóstolo Tiago afirma que o juízo de Deus será sem qualquer misericórdia sobre aqueles que
não usaram de misericórdia.
Em nossa busca e clamor pela justiça não podemos então esquecer da misericórdia, pois
na nossa condição de pecadores necessitados de misericórdia, devemos também ser
misericordiosos se pretendermos ser alvo da
que procede de Deus.
Precisamos do perdão de Deus, mas não podemos contar com ele, caso não nos disponhamos a perdoar o nosso próximo.
O provérbio afirma que aquele que fechar o seu ouvido ao clamor do pobre, também não será
ouvido quando clamar.
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Há um clamor que nos chega até mesmo sem palavras, por um simples olhar de pedido de
socorro por salvação. Uma alma sob convicção
de pecado e necessitada do perdão de Deus pode ser movida pelo Espírito Santo a nos clamar
com as cordas do coração para que nos
aproximemos e lhe apresentemos o Senhor Jesus e o evangelho da sua salvação.
Isto é muito comum de ocorrer em hospitais,
quando nos encontramos com pessoas que se encontram em estado terminal de vida.
Mas, os que têm caminhado sem discernir estas coisas, ou então pela incapacidade de atendê-
las, por manterem uma opinião sempre egoísta
em relação aos seus semelhantes, é dito deles
que se um dia vierem a clamar pelo socorro de Deus, não serão ouvidos, porque pensam
somente em si mesmos e nunca se importaram
com aqueles que algum dia necessitaram do seu
auxílio.
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14 O presente que se dá em segredo
aplaca a ira; e a dádiva às escondidas, a
forte indignação.
Numa lida apressada, este provérbio pode ser entendido, erroneamente, como sendo um estímulo à prática do suborno.
No entanto, o que se pretende nele destacar é o sentimento que possuem aqueles que vivem da
prática de subornar os outros.
Eles têm o sentimento de possuírem uma joia preciosa que sendo submetida à cobiça
daqueles que podem impedir a consumação de
seus interesses, sobretudo naquelas coisas que lhes são proibidas por lei, causará tão forte
impressão que não resistirão à tentação de obtê-
la ainda que isto seja pela via de se burlar a lei.
O suborno é algo tão nocivo que é expressamente proibido por Deus nos
mandamentos da Lei de Moisés; pois subverte não apenas a ordem institucional, corrompe o
direito e a justiça, como também corrompe os
corações, tanto daqueles que o oferecem,
quanto daqueles que o recebem.
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15 A execução da justiça é motivo de
alegria para o justo; mas é espanto para
os que praticam a iniquidade.
Nós vemos várias ações de graças e de glorificação a Deus no livro de Apocalipse, pelos
juízos que Ele despejará sobre a terra no tempo
do fim:
“E ouvi, vinda do templo, uma grande voz, que dizia aos sete anjos: Ide, e derramai sobre a terra as sete taças da ira de Deus.
E foi o primeiro, e derramou a sua taça sobre a
terra, e fez-se uma chaga má e maligna nos
homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem. E o segundo anjo
derramou a sua taça no mar, que se tornou em
sangue como de um morto, e morreu no mar
toda a alma vivente. E o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se
tornaram em sangue. E ouvi o anjo das águas,
que dizia: Justo és tu, ó Senhor, que és, e que
eras, e hás de ser, porque julgaste estas coisas. Visto como derramaram o sangue dos santos e
dos profetas, também tu lhes deste o sangue a
beber; porque disto são merecedores.
E ouvi outro do altar, que dizia: Na verdade, ó Senhor Deus Todo-Poderoso, verdadeiros e
justos são os teus juízos.” (Apocalipse 16.1-7)
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“E, depois destas coisas ouvi no céu uma grande voz de uma grande multidão, que dizia: Aleluia!
A salvação, e a glória, e a honra, e o poder
pertencem ao Senhor nosso Deus; Porque verdadeiros e justos são os seus juízos,
pois julgou a grande prostituta, que havia
corrompido a terra com a sua fornicação, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
E outra vez disseram: Aleluia! E a fumaça dela
sobe para todo o sempre.” (Apocalipse 19.1-3)
Há este mesmo sentimento de regozijo quando vemos a justiça de Deus sendo exercida sobre aqueles que viveram da impiedade e oprimindo
os justos e espalhando a iniquidade e a
calamidade na terra.
Não se trata de se alegrar com a ruína dos outros, mas de ver a justiça vencendo onde antes prevalecia a iniquidade que somente
produzia males.
Assim, o que será um motivo de regozijo para os justos, será um verdadeiro terror para aqueles
que forem sujeitados aos justos juízos de Deus.
Cabe destacar que, por Sua total longanimidade, Ele tem dado oportunidade a todos para que se arrependam de suas más obras e que se voltem
para a prática daquilo que é justo perante Ele, e
assim, não terá sido sem terem sido
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devidamente alertados das consequências do
seu mau proceder, como também da
disponibilidade de graça que está ao alcance de
suas mãos, pela simples fé em Jesus Cristo, que serão submetidos ao Juízo, quando tiverem que
comparecer perante o Tribunal de Deus.
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16 O homem que anda desviado do
caminho do entendimento repousará na
congregação dos mortos.
Antes de qualquer comentário deve ser destacado que o sentido do verbo “repousar” no
provérbio não é o de descansar, de encontrar conforto, mas de permanecer, de ser
encontrado em, de ser este o seu destino final.
De fato, qualquer pessoa que anda desviada do caminho do entendimento da vontade Deus, por
não conhecê-lo, jamais será achada no final
desta vida na congregação dos que viverão eternamente, senão na dos que estão mortos
espiritualmente, tanto quanto eles.
No dia do Juízo Final serão formados apenas dois grandes grupos, um para viver congregado em
união com o Cordeiro de Deus por toda a
eternidade, e o segundo, por aqueles que tendo
rejeitado o caminho da verdade e da justiça que somente podem ser encontrados em Jesus,
serão reunidos entre aqueles que estarão
mortos espiritualmente para sempre.
A justificação do pecador só pode ser alcançada por meio do conhecimento pessoal e íntimo de
Jesus Cristo, conforme se afirma em Isaías 53, e nas próprias palavras de Jesus no Evangelho, de
que a vida eterna consiste em se conhecer
pessoalmente a Deus Pai e a Jesus Cristo, que foi
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enviado por ele a este mundo para operar a
nossa salvação.
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17 Quem ama os prazeres empobrecerá;
quem ama o vinho e o azeite nunca
enriquecerá.
Temos aqui um argumento contra uma vida
luxuosa e voluptuosa, que faz com que os homens se ocupem somente das coisas que são
temporais e não se importem com aquelas que
são espirituais, celestiais, divinas e eternas.
O homem não foi criado para amar os prazeres carnais de forma abusiva, e viver escravizado a eles. Ele não foi criado simplesmente um ser
natural, mas sobretudo espiritual, pois nada
mais na criação traz a imagem e semelhança
com Deus.
Deus é espírito e criou o homem para ser
também um ser espiritual, para ter comunhão amorosa com Ele na verdade.
Quando se ama as riquezas terrenas a ponto de ser embaraçado por elas, o homem é deveras
pobre, e isto será revelado pelo tempo, pois
aquele que não é rico segundo Deus, é mais do que pobre, é miserável, conforme o dizer de
Jesus, pois nada levará consigo na morte ao sair
deste mundo, e será desprovido de qualquer
bem num lugar de sofrimento eterno.
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18 Resgate para o justo é o ímpio; e em
lugar do reto ficará o prevaricador.
Nós podemos entender as palavras deste provérbio comparando-as com o que lemos em
II Pedro 2.4-11, quanto aos juízos que estão
reservados aos ímpios, enquanto Deus é poderoso para livrar os justos, para que não
sejam participantes juntamente com eles dos
mesmos castigos.
Sabemos que o resgate de nossas almas sempre
foi e será pelo sacrifício de Jesus, mas considera-se aqui neste provérbio, que, na vida prática, a
justiça dos homens aplicada sobre os ímpios e
prevaricadores, age como uma forma de resgate
para os que vivem em justiça e em retidão.
“4 Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os
entregou aos abismos da escuridão,
reservando-os para o juízo;
5 se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com
mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o
mundo dos ímpios;
6 se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-
as posto para exemplo aos que vivessem
impiamente;
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7 e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos
8 (porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa
com as injustas obras deles);
9 também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os
injustos, que já estão sendo castigados;
10 especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas concupiscências, e desprezam toda autoridade. Atrevidos,
arrogantes, não receiam blasfemar das
dignidades,
11 enquanto que os anjos, embora maiores em força e poder, não pronunciam contra eles juízo
blasfemo diante do Senhor.” (II Pedro 2.4-11)
Se nem mesmo aos anjos que pecaram, Deus poupou lançando-os no inferno, e tem mantido a muitos deles no abismo de trevas, onde se
encontram aguardando o dia do juízo final sobre
eles (v. 4), quanto mais não serão condenados
pelo Senhor os falsos ministros que estão a serviço do diabo?
Também com certeza não os poupará porque somente Noé e mais sete pessoas foram livradas
do inferno quando Deus destruiu milhares de
pessoas com as águas do dilúvio; e somente Ló
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foi livrado da destruição pelo fogo das cidades
de Sodoma e Gomorra, as quais Deus colocou
como exemplo do que sucederá a todos os que
vivem impiamente (v. 5, 6).
Assim como o Senhor livrou Ló, de igual modo Ele sabe como livrar os piedosos da tentação, e
reservar para o dia do juízo os injustos que ele começou a castigar ainda aqui neste mundo
para revelar que haverá de fato um juízo final (v.
7 a 9).
Satanás e os seus ministros procuram se levantar principalmente contra a autoridade de
Deus, e como não podem atingi-lo diretamente,
eles atacam as autoridades que foram
instituídas por Ele, rebelando-se contra elas com seu atrevimento, arrogância e não receiam
blasfemar da dignidade delas, enquanto que os
próprios anjos, embora sejam maiores em força
e em poder, não pronunciam juízo blasfemo contra tais autoridades diante do Senhor (v. 10,
11).
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19 Melhor é morar numa terra deserta do
que com a mulher rixosa e iracunda.
O conteúdo deste provérbio é o mesmo que já comentamos no versículo 9.
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20 Há tesouro precioso e azeite na casa
do sábio; mas o homem insensato os
devora.
Este provérbio destaca que é um atitude sábia a de poupar nossos recursos e usá-los de acordo
com as nossas possibilidades.
É sábio porque Deus detesta o desperdício, que não raro é determinado por um viver
desregrado e irresponsável.
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21 Aquele que segue a justiça e a bondade
achará a vida, a justiça e a honra.
É comum falarmos de justiça, de bondade de honra, como preceitos morais, e numa
sociedade que é acostumada a violar tais
preceitos de forma resoluta, o provérbio não faz qualquer eco em seus corações, pois justificam
suas práticas como se esta fosse uma simples
opção de modo de viver.
Todavia, não sabem que isto não é um modo de viver, senão de morrer – morrer espiritual e
eternamente, porque o homem não pode
receber a vida abundante e eterna que procede
de Deus, caso não viva em justiça e bondade – não propriamente na sua justiça, mas na justiça
de Deus que é Cristo, que além de nos ser
atribuída para a nossa justificação e perdão, é
também implantada em graus em nosso caráter para que sejamos à Sua imagem e segundo a Sua
semelhança.
Isto está claramente revelado nas Escrituras, e mesmo no primeiro livro do conjunto sagrado – Gênesis – Deus declara que fomos criados para
sermos distintos de tudo o mais que há na
criação, pois o seu propósito é que tragamos a
Sua imagem e semelhança, ou seja, nos dotou de um espírito, assim como Ele próprio é espírito,
justo, santo, perfeito, amoroso, bondoso, e
dotados de tudo o que é virtuoso, pois a vida
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eterna nada mais é do que virtude em ação em
união com Cristo.
Vemos assim quanto erram aqueles que pensam que poderão achar a vida, a bondade, a
honra por caminhos diferentes deste único que acabamos de citar, e que nos é apontado
claramente nas Escrituras.
Enfim, sem a justiça de Deus em nós, não temos a verdadeira vida eterna.
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22 O sábio escala a cidade dos valentes, e
derriba a fortaleza em que ela confia.
A história está repleta de testemunhos que o homem não prevalece pela força física.
Reinos poderosos caíram pelo uso de estratégias sábias que foram usadas contra eles
por reinos mais fracos em força e recursos.
Se isto é verdadeiro em relação às coisas que são deste mundo quanto mais é verdadeiro em
relação às que são espirituais, celestiais e
divinas.
Com sabedoria, através da instrumentalidade dos seus santos, Deus tem derrubado a fortaleza da cidade dos corações de homens endurecidos
pelo pecado, e os tem transformado em
verdadeiros santos.
Na verdade, a força e o poder dos homens por mais fortes que sejam estão fadados a envelhecer e a enfraquecer e desaparecer, mas
a força que Deus supre por meio da graça ao
espírito, tornando-o sábio e santo, aumenta em
graus e é eterna.
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23 O que guarda a sua boca e a sua língua,
guarda das angústias a sua alma.
Aqueles que desejam manter suas almas em segurança, devem manter uma vigilância
constante diante da porta de seus lábios, quer
para evitarem os excessos no comer e no beber,
bem como no proferirem palavras ociosas das quais terão que dar contas no dia do juízo, e que
além disso, podem produzir grandes danos à
reputação alheia e se tornarem um laço para
aqueles que as proferem.
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24 Quanto ao soberbo e presumido,
zombador é seu nome; ele procede com
insolente orgulho.
Veja aqui a maldade do orgulho e da arrogância,
que expõe os homens para o pecado; que acende neles o fogo da ira orgulhosa.
A maior parte da ira que inflama os espíritos e as sociedades dos homens é a que provém do
orgulho.
Os homens não suportam serem ultrapassados ou contrariados, e ficam mal-humorados e
irados imediatamente. Isto é um reflexo da justiça própria pecaminosa que habita em nossa
natureza terrena e que deve ser mortificada por
atitudes de mansidão, humildade e paciência
em suportar até mesmo ofensas, conforme somos ordenados pela Palavra de Deus.
Provamos para nós mesmos o quanto temos ainda de orgulho e de justiça própria pela
velocidade e pelo grau com que nos ofendemos
quando somos perseguidos ou contrariados.
Os que não tiverem sido educados e disciplinados pela graça de Deus a suportarem ofensas com paciência cristã, somente acharão
algum alívio para a sua ira ao expô-la de forma
insolente, violenta, orgulhosa e
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zombeteiramente. E o que há da justiça e da
santidade de Deus em proceder de tal maneira?
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25 O desejo do preguiçoso o mata; porque
as suas mãos recusam-se a trabalhar.
26 Todo o dia o ímpio cobiça; mas o justo
dá, e não retém.
Temos aqui as misérias do preguiçoso, cujas mãos recusam trabalhar de uma forma
diligente e honesta.
Eles são aptos para o trabalho como os demais homens, mas não há neles qualquer disposição
de se gastarem para o bem próprio e de outros,
conforme é da vontade de Deus.
Um outro mal que há sobre a terra é a cobiça do ímpio, que pelo impulso do pecado que nele
habita, não permite que jamais esteja satisfeito
com o que já tem, e assim, pode ser muito
industrioso, diferentemente do preguiçoso, mas não é melhor do que ele, porque tudo o que
faz é juntar para si mesmo, e não raro até pelo
expediente de tirar dos outros o que lhes é de
direito.
Em contraste com ambos, o provérbio apresenta a alma justa que dá e não retém, e que
atendendo à ordenança de Deus, sempre
receberá, porque tem prometido dar suprimento material e espiritual a todo que o
repartir com o seu próximo, segundo for da Sua
vontade.
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27 O sacrifício dos ímpios é abominação;
quanto mais oferecendo-o com intenção
maligna!
Os sacrifícios do Velho Testamento, tempo em que o provérbio foi escrito, eram de instituição
divina; e quando eram feitos com fé e
arrependimento, Deus era honrado por eles, e ficava satisfeito.
Mas eles eram muitas vezes não somente inaceitáveis, como também uma abominação para Deus, quando eram trazidos por homens
ímpios, ainda que não tivessem qualquer
intenção maligna ao apresentarem os
sacrifícios.
Deus aceita somente as ofertas que lhes são apresentadas por vidas santificadas.
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28 A testemunha mentirosa perecerá;
mas o homem que ouve falará sem ser
contestado.
Nós lemos na Lei de Moisés, o seguinte acerca do que estava prescrito em relação ao
testemunho em juízo:
“Uma só testemunha contra alguém não se levantará por qualquer iniquidade, ou por qualquer pecado, seja qual for o pecado que
cometeu; pela boca de duas testemunhas, ou
pela boca de três testemunhas, se estabelecerá
o fato.
Quando se levantar testemunha falsa contra alguém, para testificar contra ele acerca de
transgressão,
Então aqueles dois homens, que tiverem a demanda, se apresentarão perante o Senhor,
diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias.
E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsamente
contra seu irmão,
Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti.
Para que os que ficarem o ouçam e temam, e
nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti.
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O teu olho não perdoará; vida por vida, olho por
olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.”
(Deuteronômio 19.15-21)
Do texto legal depreende-se que se houvesse um acordo de duas testemunhas (o mínimo exigido por lei) para falsamente testemunharem contra
alguém cuja pena seria a capital - perda da vida,
ou pela reparação de qualquer dano causado ao
próximo, uma vez confirmada a falsidade do testemunho pela intenção maligna de fazer o
mal a um inocente, as testemunhas deveriam
responder recebendo a pena no lugar daquele
ao qual intentavam fazer o mal – assim, se fosse pena de morte, deveriam ser mortas, segundo a
lei.
Sabedores do grande risco que corriam pelas prescrições da lei, e ainda assim, se alguém se
arriscasse a dar falso testemunho em Israel, tal pessoa deveria arcar com as consequências do
seu ato, pois uma grande injustiça poderia ser
praticada caso a sua intenção maligna não fosse
descoberta.
Ele não deu ouvido à lei de Deus e agiu contra ela, e assim a sua boca seria silenciada para
sempre.
Mas, por outro lado, o provérbio destaca que aquele que dá ouvido à Palavra do Senhor,
sempre falará e não será contestado pelos juízes,
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porque da sua boca procede somente o que é
verdadeiro, em razão do seu temor ao Senhor.
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29 O homem ímpio endurece o seu rosto;
mas o reto considera os seus caminhos.
Caim endureceu o seu rosto, e o seu semblante descaiu em ira quando sua oferta não foi aceita por Deus, em razão da sua impiedade e da forma
desobediente conforme a apresentara.
O ímpio fica irado quando é contrariado, mesmo quando isto é feito para o seu bem, por meio de
repreensão, para que emende o seu caminhar,
conforme o Senhor havia feito com o próprio Caim, e no entanto, não se arrependeu, e mais
se enfureceu a ponto de assassinar o seu irmão.
Diferentemente dos que são ímpios, os justos que procuram andar por caminhos retos,
sempre consideram o seu proceder e até mesmo pedem, como o rei Davi costumava
fazer, que o Senhor sonde os seus corações e
lhes revele se há neles algum caminho mau, de
forma que possam corrigir o seu rumo.
O justo pondera o seu caminhar confrontando-o sempre com a Palavra de Deus, na qual procura aprender e conhecer a Sua vontade.
Ele indaga a si mesmo: “como devo proceder? O que Deus exige de mim? Qual é o meu dever? O
que devo fazer para progredir em santificação?
Como devo julgar entre o que é vil e o que é
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profano? Com quem devo andar em comunhão,
e com quem não convêm fazê-lo?”
E assim, ele poderá seguir o seu caminho por uma regra segura e certa.
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30 Não há sabedoria, nem entendimento,
nem conselho contra o Senhor.
31 O cavalo prepara-se para o dia da
batalha; mas do Senhor vem a vitória.
Como pode o homem que é mortal e pecador prevalecer com Deus em juízo?
Como pode aquele que é fraco vencer o que é Todo-Poderoso?
Como pode argumentar aquele que é insensato e ignorante com aquele é perfeitamente sábio e
onisciente?
Qual sabedoria há então em contender com o Altíssimo?
Que procedimento ou pensamento pode ser justificado perante Ele, quando vai no sentido
contrário daquilo que Ele já tem revelado em
Sua Palavra como sendo a Sua vontade?
Aqueles que lutam contra Deus estão preparando vergonha e ruína para si mesmos;
quem quiser fazer guerra contra o Cordeiro,
certamente será vencido por ele (Apo 17.14).
Não pode haver sucesso, mesmo nas guerras entre nações, se Deus não o permitir. O mal
opera na terra, mas Deus mantém um controle
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sobre as ações dos homens, de maneira que
Satanás não venha a governar sobre todos os
corações, conforme é do seu propósito maligno.
Não são os propósitos de Satanás que prevalecem, mesmo quando isto parece estar
acontecendo, pois no final, tudo virá a
contribuir para o bem dos que amam a Deus, e os propósitos de Deus em relação ao mundo
jamais serão frustrados, por maiores que sejam
os esforços de todas as potestades malignas.
A história das nações está repleta de exemplos destas verdades às quais nos temos referido. Alexandre o Grande que o diga, pois quando
temia lutar contra os persas, com um exército
muito menor do que o deles, teve uma visão da
parte de Deus que deveria empreender a batalha sem qualquer temor pois já havia determinado a
queda do domínio persa, e lhes havia dado em
suas mãos. Alexandre não sabia, mas isto já
havia sido revelado através do profeta Daniel, bem antes dele, do que veio a tomar
conhecimento posteriormente, e pelo que
rendeu glória ao Deus de Israel, inclusive se
inclinando perante o sumo-sacerdote que viera ao seu encontro exatamente com os trajes que
lhe haviam sido mostrados por Deus na visão
que lhe dera para que lutasse contra os persas.