CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA PARA JOVENS E ADULTOS CEEBJA GUARAPUAVA
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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR – 2012
CONCEPÇÃO, CONTEÚDOS E SEUS RESPECTIVOS ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
DISCIPLINA: MATEMÁTICAENSINO FUNDAMENTAL – FASE II
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA DISCIPLINA
A Educação Matemática é um importante ramo do conhecimento humano.
A sua origem remonta à antigüidade clássica grecoromana. Os gregos conceberam a
Matemática como um dos conteúdos da filosofia, portanto, como um dos instrumentos
da arte de conhecer o mundo em sua totalidade.
Dessa forma, o educador além de dominar os conteúdos matemáticos, deve
também conhecer os fundamentos históricofilósoficos da Matemática, e ainda, o(s)
processo(s) pelo(s) qual (is) o educando aprende; aquisição do conhecimento.
Nesse sentido, é importante que o educador tenha conhecimento das práticas
pedagógicas que norteiam o ensino da Matemática na atualidade. Para tanto, é
necessário resgatar o processo educacional vivenciado, especialmente, a partir da
década de 60 do século passado.
O ensino da Matemática, desde então, tem sofrido alterações na sua forma
de organização e de conceber os conteúdos. Podese destacar as seguintes fases: até
meados de 1960, prevaleceu a chamada “Matemática Tradicional”, em que predominava
a valorização do conteúdo desvinculado da prática e com ênfase na memorização de
regras. Depois, surgiu o “Movimento da Matemática Moderna”, cujo objetivo principal
era a unificação dos vários campos da Matemática, tais como, a Aritmética, a Álgebra e
a Geometria. O seu grande objetivo era o trabalho pedagógico por meio da linguagem
dos conjuntos, mas que ficou reduzida a um simbolismo exagerado a ser memorizado
pelo aluno.
Os membros da comissão do Movimento da Matemática Moderna, por sua
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vez, assinalaram vários defeitos no currículo tradicional difundido, afirmando a
importância de se abandonar o conteúdo tradicional em favor dos novos conteúdos, entre
eles a álgebra abstrata, a topologia, a lógica simbólica e a álgebra de Boole.
Vêse, portanto, neste exemplo que as propriedades dos Números Naturais, Teoria dos Conjuntos, se sobrepõe ao algoritmo da adição, Aritmética, no mesmo conjunto numérico. No caso, essa sobreposição faz com que a professora classifique as respostas indicadas pelos alunos como erradas, e, logo a seguir, a mesma reforça novamente a resposta correta através da propriedade comutativa.(PETRONZELLI, 2002, pp.401)
Com o advento da Lei 5692/71, a ênfase passou a ser a metodologia,
justificada pela necessidade do aluno poder desenvolver toda sua potencialidade, ou
seja, valorizouse a manipulação de materiais concretos, relegandose a segundo plano a
fase de automação, priorizandose o atendimento à criança em sua fase de
desenvolvimento, mas descuidandose da sistematização dos conhecimentos
matemáticos sóciohistóricos acumulados pela humanidade. A grande dificuldade dos
professores foi, então, a passagem do concreto para o abstrato, o que é fundamental para
a matemática.
Na atual proposta pedagógica para a EJA, procurase a interação entre o
conteúdo e as formas. A perspectiva, nesse sentido, é estabelecer uma relação dialética
teoria e prática entre o conhecimento matemático aplicado no processo de produção da
base material de existência humana e as manifestações teóricometodológicas que
estruturam o campo científico da própria Matemática. Dessa forma, o ensino da
Matemática deve ser concebido de modo a favorecer as necessidades sociais, tais como:
a formação do pensamento dialético, a compreensão do mundo social e natural, a
ciência como obra decorrente do modo de cada sociedade Grega, Feudal, Moderna –
produzir a vida.
Concebida desta forma, a Educação Matemática desempenhará um papel
fundamental na aquisição da reflexão filosófica por parte dos educandos, isto é, da
consciência crítica que supera o senso comum que toma a aparência das coisas como
sendo verdades absolutas, ou seja, a Matemática deve ser vista, como uma ciência viva e
dinâmica, produto histórico, cultural e social da humanidade.
Ao revelar a Matemática como uma produção humana, demonstrando as
necessidades e preocupações das diferentes culturas em diferentes épocas e ao relacionar
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os conceitos matemáticos de hoje com os construídos no passado, o educador permite
que o educando reflita sobre as condições e necessidades que levaram o homem a
chegar até determinados conceitos, ou seja, o educador estará proporcionando no
processo de ensinoaprendizagem a reflexão da construção da sobrevivência dos homens
e da exploração do universo, dessa forma, estará caracterizando a relação do homem
com o próprio homem e do homem com a natureza.
Para tanto se vê a necessidade de que a matemática seja vista na sua
totalidade como uma disciplina que desenvolve a criticidade aliada a aspectos sociais
vivenciados pelo educando. Esta ciência emerge de sua história e nos mostra a grande e
fascinante importância. Os seus conceitos atualmente embutidos nos mais diversos
avanços tecnológicos e nas mais simples situações do diaàdia refletem a altíssima
necessidade de se conhecer e de se aprofundar nesta magnífica ciência que se manisfesta
tão desafiadora, mas quando compreendida pelo jovem e adulto, o faz sentirse capaz e
altamente confiante.
O produto do desenvolvimento da humanidade pode ser demonstrado através
da historicidade. Isto indica que ao trabalhar nos bancos escolares a abstração, o
conhecimento sistematizado e teórico, o educando entenderá o avanço tecnológico, a
elaboração da ciência, a produção da vida em sociedade.
Portanto, a abordagem histórica da matemática permite ao educando jovem,
adulto e idoso, compreender que o atual avanço tecnológico não seria possível sem a
herança cultural de gerações passadas. Entretanto, essa abordagem não deve restringirse
a informações relativas a nomes, locais e datas de descobertas, e sim ao processo
histórico, viabilizando com isso a compreensão do significado das idéias matemáticas e
sociais.
Mas, além de compreender que o conhecimento matemático é sócio
histórico, fazse necessário que o educando estabeleça relações entre os elementos
internos da própria Matemática conteúdos escolares e os conceitos sociais.
Esse conhecimento prescinde de um tratamento metodológico que considere
a especificidade da Educação de Jovens e Adultos EJA e deve constituir o ponto de
partida para todo o ensinoaprendizagem da Matemática, ou seja, os educandos devem
ter oportunidades de contar suas histórias de vida, expor os conhecimentos informais
que têm sobre os assuntos, suas necessidades cotidianas, suas expectativas em relação à
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escola e às aprendizagens em matemática.
Embora, os jovens, adultos e idosos, com nenhuma ou pouca escolaridade,
dominem algumas noções básicas dos conteúdos matemáticos que foram apreendidas de
maneira informal nas suas vivências, a EJA tem a função de transformar essas noções
elementares, conceitos espontâneos, em conceitos científicos, fazendo o educando
dominar a Linguagem Matemática e suas Representações, os Conceitos Matemáticos e
Sociais, os Cálculos e os Algoritmos, a História da Matemática e a Resolução de
Problemas.
A compreensão e apreensão desses pressupostos metodológicos por parte
dos educandos e dos educadores, dão significado aos conteúdos escolares a serem
ensinados e estudados. Embora seja importante considerar que esses significados
também devem ser explorados em outros contextos, como por exemplo, nas questões
internas da própria Matemática e em problemas históricos.
Desconsiderar esses pressupostos metodológicos na Educação de Jovens e
Adultos uma prática centrada no desenvolvimento do pensamento linear e fragmentado,
numa concepção de ciência imutável, estabelecendo definitivamente o rompimento entre
o lógico e o histórico, entre o conteúdo e as formas, entre a teoria e a prática, entre a
lógica formal e a lógica dialética, entre a totalidade e as unidades, enfim, entre o mundo
social e natural.
A Educação Matemática deve ter, então, os seus pressupostos bem definidos
e delimitados, uma vez que a teoria se desdobra em “prática científica”:
Ao professor, como um profissional do ensino, é dada a responsabilidade não só de dominar a teoria como a de inscrevêla no universo de um cotidiano que a justificaria (...). As abstrações reunidas na teoria, organicamente dispostas em definições e conceitos, devem transitar por um caminho inverso. O professor precisa demonstrar a utilidade ou funcionamento do sistema teórico no real. A teoria precisa transmutarse em dados ou exemplos concretos, que garantam, justifiquem ou expliquem o já defendido (hipoteticamente) no discurso. Nesse sentido, a teoria precisa desmembrarse, na voz do professor, no relato de múltiplas interações ou mediações que repõem o problema no rastro de sua solução.(NAGEL, pp. 34, 2003) (Grifos nossos)
Nessa perspectiva, há de se considerar como ponto de partida a construção
do conhecimento, os saberes desenvolvidos no decorrer da vivência dos educandos, que
se manifestam em suas interações sociais e compõem suas bagagens culturais, que são
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freqüentemente desconsiderados na prática pedagógica da EJA. No entanto, a superação
desses saberes e a incorporação dos conceitos científicos são trabalhos que a escola deve
planejar e executar.
É importante enfatizar que, os conteúdos matemáticos quando abordados de
forma isolada, não são efetivamente compreendidos nem incorporados pelos educandos
como ferramentas eficazes para resolver problemas e para construir novos conceitos,
pois, é perceptível que o conhecimento só se constrói plenamente quando é mobilizado
em situações diferentes daquelas que lhe deram origem, isto é, quando é transferível
para novas situações. Isto significa que os conhecimentos devem ser
descontextualizados, abstraídos, para serem novamente contextualizados, isto é, fazer a
transposição didática.
Nesse sentido, a educação matemática para o educando jovem, adultos e
idoso deve ter como objetivo a reversão do atual quadro em que se encontra o ensino da
Matemática, ou seja, a definição dos conteúdos anteriormente fragmentados deve ser
visto em sua totalidade, sem o qual não é possível querer mudar qualquer prática
pedagógica consistente.
Dessa forma, é necessário que o ensino de Matemática e o seu significado
sejam restabelecidos, visto que, o ensino e a aprendizagem de Matemática devem
contribuir para o desenvolvimento do raciocínio crítico, da lógica formal e dialética, da
coerência e consistência teórica da Ciência – o que transcende os aspectos práticos.
Com isso fazse necessário repensar o ensino de Matemática, pois o processo de
emancipação política e social da humanidade estão diretamente ligados ao domínio do
conhecimento. Ele é parte constitutiva da elaboração do pensamento reflexivo.
OBJETIVOS
Com o ensino da Matemática espera−se que o aluno de EJA no Ensino
Fundamental:
• Amplie procedimentos de cálculo (mental, escrito, exato, aproximado) que levam
á expansão do significado do número e das operações, utilizando a calculadora
como estratégia para a verificação dos resultados;
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• Resolva problemas aproximandose das operações fundamentais, verifique a so
lução e responda adequadamente;
• Estimule o seu interesse para investigar, explorar e interpretar, em vários contex
tos do cotidiano e em outras áreas do conhecimento;
• Interprete e compare dados em tabelas e gráficos, verificando, assim, que essa
linguagem é uma forma de comunicação;
• Determine parâmetros coerentes com a realidade, a partir de situaçõesproblema
para explorar, medir, comparar, analisar e observar grandezas da mesma nature
za;
• Estabeleça formas de representação, observação, construção e experimentação
das figuras geométricas a partir da exploração do espaço, das figuras que fazem
parte da natureza e dos objetos construídos pelo homem.
1o REGISTROConteúdos Estruturantes Conteúdos Básicos
Geometrias Geometria PlanaGeometria Espacial
Números e Álgebra Potenciação e RadiciaçãoGrandezas e Medidas Medidas de Comprimento
Medidas de ÁreaMedidas de VolumeMedidas de MassaMedidas de Ângulo2o REGISTRO
Números e Álgebra Sistemas de NumeraçãoNúmeros NaturaisNúmeros Inteiros
Grandezas e Medidas Medidas de TempoSistema MonetárioMedidas de Temperatura3o REGISTRO
Números e Álgebra Números DecimaisNúmeros Fracionários
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Números Racionais4o REGISTRO
Números e Álgebra Razão e ProporçãoRegra de Três Simples
Geometrias Geometria AnalíticaGeometria Plana
Tratamento da Informação Dados, tabelas e gráficosPorcentagemEstatísticaNoções de ProbabilidadeNoções de Análise Combinatória5o REGISTRO
Números e Álgebra Monômios e PolinômiosProdutos Notáveis6o REGISTRO
Números e Álgebra Equação do 1o GrauNúmeros RacionaisNúmeros IrracionaisNúmeros ReaisSistemas de Equação do 1o GrauTeorema de PitágorasEquação do 2 o Grau
Grandezas e Medidas Relações Métricas no Triângulo RetânguloFunções Noção Intuitiva de Função Afim
Noção Intuitiva de Função Quadrática
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Para dimensionar o papel da Matemática na formação do jovem, adulto e
idoso é importante que se discuta a natureza desse conhecimento, suas principais
características e seus métodos particulares, e ainda, é fundamental discutir suas
articulações com outras áreas do conhecimento.
As diversas contingências históricas têm levado os professores a deixar de
lado a importância do conhecimento teórico, no entanto, é de fundamental importância
que o (a) educador (a) tenha clareza que, sem o qual, não é possível mudar qualquer
prática pedagógica de forma significativa. Com isso, só se tem conseguido mudanças
superficiais no que se refere à reposição de conteúdos, por meio de estratégias
metodológicas tradicionais que não levem os educandos a uma transposição didática.
É perceptível que, a mera seleção de conteúdos não assegura o
desenvolvimento da prática educativa consistente. É necessário garantirmos, a relação
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entre a teoria e a prática, entre o conteúdo e as formas, entre o lógico e o histórico.
Portanto, é de suma importância que o educador se aproprie dos
encaminhamentos metodológicos do ensino da Matemática, e acrescente, esses
elementos a reflexão pedagógica da Educação de Jovens e Adultos.
Nessa perspectiva, a contextualização do saber é uma das mais importantes noções pedagógicas que deve ocupar um lugar de maior destaque na análise da didática contemporânea. Tratase de um conceito didático fundamental para a expansão do significado da educação escolar. O valor educacional de uma disciplina expande na medida em que o aluno compreende os vínculos do conteúdo estudado com uma contextualização compreensível por ele (...). O desafio didático consiste em fazer essa contextualização sem reduzir o significado da idéias matemáticas que deram ao saber ensinado.”(PAIS, 2001, pp. 2627).
De forma equivocada, a abordagem de determinados conceitos fundamentais
na construção do conhecimento matemático é muitas vezes suprimida ou abreviada, sob
a alegação de que não fazem parte do cotidiano dos educandos. Tal concepção de
ciência e de conhecimento viabiliza na escola uma visão reducionista da Matemática,
cuja importância parece ficar restrita a sua utilidade prática; ao pragmatismo.
Nesse contexto, a noção de contextualização permite ao educador uma
postura crítica priorizando os valores educativos, sem reduzir o seu aspecto acadêmico
(PAIS, 2001, p.27).
O processo de seleção dos conteúdos matemáticos escolares, envolve um
desafio, que implica na identificação dos diversos campos da Matemática e o seu objeto
de estudo; processo de quantificação da relação do homem com a natureza e do homem
com o próprio homem.
No entanto, não devemos deixar de identificar os conteúdos escolares
matemáticos que são socialmente relevantes para a EJA, pois os mesmos devem
contribuir para o desenvolvimento intelectual dos educandos.
As Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de
Estado da Educação do Paraná, em seu capítulo “Orientações Metodológicas”, aponta
quatro critérios para a seleção de conteúdos e das práticas educativas. São eles: a
relevância dos saberes escolares frente à experiência social construída historicamente;
os processos de ensino e aprendizagem, mediatizados pela ação docente junto aos
educandos; a organização do processo ensinoaprendizagem, dando ênfase às atividades
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que permitem a integração entre os diferentes saberes; as diferentes possibilidades dos
alunos articularem singularidade e totalidade no processo de elaboração do
conhecimento.
Nessa forma de organização curricular, as metodologias são um meio e não
um fim para se efetivar o processo educativo. É preciso que essas práticas
metodológicas sejam flexíveis, e que adotem procedimentos que possam ser alterados e
adaptados às especificidades da comunidade escolar.
Nessa perspectiva, é de suma importância evidenciar que o ensino
aprendizagem de Matemática sejam permeados pela (os): História da Matemática;
Resolução de Problemas; Conceitos Matemáticos e Sociais; Linguagem Matemática e
suas Representações; Cálculos e/ou Algoritmos; Jogos & Desafios. Estes elementos
devem permear a Metodologia de Ensino da Matemática, pois eles expressam a
articulação entre a teoria e a prática, explicitando no ato pedagógico a relação entre o
signo, o significado e o sentido dos conteúdos escolares nos diversos contextos sociais e
históricos.
Um dos desafios do ensino da Matemática é a abordagem de conteúdos para a resolução
de problemas. Tratase de uma metodologia pela qual o estudante tem oportunidade de
aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos em novas situações, de modo a resolver a
questão proposta (DANTE, 2003).
Através do uso de práticas metodológicas para a resolução de problemas, como
exposição oral e resolução de exercícios, as aulas tornar–se–ão mais dinâmicas, fugindo
dos modelos clássicos, possibilitando ao aluno compreender os argumentos matemáticos
e a vê–la como um conhecimento científico de fácil aprendizado.
A etnomatemática tem como papel o reconhecimento e o registro das questões
sociais que levam ao conhecimento matemático, conhecimentos esses diversos que são
percebidos através de diferentes teorias e práticas que emergem dos ambientes culturais.
É uma importante fonte de investigação da Educação Matemática, pois valoriza a
história e o conhecimento dos alunos e suas raízes culturais.
Com o uso da modelagem matemática, pode–se trabalhar com fenômenos diários
tornando–os elementos para análises críticas e compreensões diversas de mundo. Esse
tipo de trabalho pedagógico possibilita a intervenção do estudante nos problemas do
meio em que vive contribuindo para sua formação crítica.
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As ferramentas tecnológicas são interfaces importantes no desenvolvimento de
ações em Educação Matemática. Os recursos tecnológicos têm favorecido as
experimentações matemáticas e potencializado formas de resolução de problemas e têm
auxiliado estudantes e professores a visualizarem, generalizarem e representarem o fazer
matemático de uma maneira passível de manipulação, pois permitem construção,
interação, trabalho colaborativo, processos de descoberta de forma dinâmica e o
confronto entre a teoria e a prática.
A história da Matemática é um elemento orientador na elaboração de atividades,
na criação das situaçõesproblema, na busca de referências para compreender melhor os
conceitos matemáticos. Possibilita ao aluno analisar e discutir razões para aceitação de
determinados fatos, raciocínios e procedimentos, como exemplo a visualização de
fotografias do antigo reino do Zimbábue, destacando as torres cônicas das muralhas do
templo, expressões da arte africana (pinturas que os Ndebele fazem em suas casas), com
isto, através de diferentes caminhos trilhados pela humanidade, através de povos de
diferentes culturas para a construção dos conhecimentos que vêm acumulando. (2007,
Bezerra)
Nesta perspectiva e com intuito de garantir ao aluno do Ensino Médio o que é
essencial saber, surge em 2011 a discussão coletiva com professores da Rede Estadual de
Educação Básica do Estado do Paraná sobre a elaboração do Caderno de Expectativas
de Aprendizagem. Para tanto a disciplina de Matemática se ampara na Diretriz
Curricular de Educação Básica de Matemática e também neste Caderno de Expectativas
de Aprendizagem buscando assegurar ao alunado em privação de liberdade o que está
previsto como conhecimento fundamental que deve ser ensinado e aprendido.
Os Programas Sócioeducacionais devem passar pelo currículo como condições
de compreensão do conteúdo nesta totalidade, fazendo parte da intencionalidade do
recorte do conhecimento na disciplina, isto significa compreendêlos como parte da
realidade concreta e explicitála nas múltiplas determinações que produzem e explicam
os fatos sociais, tais como: Enfrentamento à Violência na Escola e Prevenção ao uso
Indevido de Drogas, com as Leis no 9970/2000 e 11343/2006. Sexualidade incluindo
Gênero e Diversidade Sexual.
Os Programas Sócioeducacionais correspondem a questões importantes, urgentes
e presentes sob várias formas na vida cotidiana, um conjunto articulado e aberto a novos
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temas, buscando um trabalho didático que compreende sua complexidade e sua
dinâmica,nesta perspectiva dandolhes a mesma importância das áreas convencionais, é
necessário que a escola trate de questões que interferem na vida dos educandos e com os
quais se vêem confrontados no seu dia a dia.
De acordo com a Legislação vigente temos e como com o público adulto
atingimos os pais das crianças e adolescentes, vêse a necessidade mesmo no Ensino
Médio de trabalharmos os Direitos das Crianças e Adolescentes sob a Lei no
11525/2007. As questões ambientais emergem de uma necessidade de conscientização
e interiorização do respeito aos recursos naturais e como parte integrante desta
disciplina sob a Lei n º 9795/99. A abordagem histórica deve vincular as descobertas
matemáticas aos fatos sociais e políticos, às circunstâncias históricas e às correntes
filosóficas que determinaram o pensamento e influenciaram o avanço científico de cada
época, identificando, a cada descoberta, a influência da cultura Afro–Brasileira e
Indígena na nossa história, com a Lei n.º 11.645/2008. Nesta abordagem histórica
incluise também, História do Paraná sob a Lei n.º 13381/2001. A música é uma arte
que transcende o nosso ser. Na medida em que explorada em sala de aula nos momentos
oportunos os quais o conteúdo permitir, transforma o ensino em conhecimento
articulado com as outras áreas do conhecimento. O Ensino da Música está previsto sob
a Lei n º 11769/08. Educação Tributária e Fiscal sob o Decreto n º 1143/99,
Portaria n º 413/02 nesta disciplina contempla a conscientização dos recursos públicos
recebidos a partir da arrecadação tributária e permite ao educando jovem e adulto a
visão dos bens públicos como patrimônio de todos e construção coletiva interpretando
situações ocorridas no diaàdia.
Vivemos um momento ímpar e histórico na educação, passando pela
democratização dos saberes, buscando o fortalecimento e a aproximação dos educandos,
no sentido de pertencimento e de participação em ações visando o enriquecimento de
valores e de qualidade nas relações humanas.
Com esse propósito, respeitamos a Diversidade existente dentro de nosso
ambiente escolar, assegurando o direito à igualdade com equidade de oportunidades,
mas isto não significa um modo igual de educar a todos, mas uma forma de respeito as
diferenças individuais, priorizando em nossas ações a participação e à aprendizagem de
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todos, independentemente de quaisquer que sejam suas singularidades.
Destacamos aqui as populações do campo, faxinalenses, agricultores familiares,
trabalhadores rurais temporários, quilombolas, acampados, assentados, ribeirinhos,
ilhéus, negras e negros, povos indígenas, jovens, adultos e idosos não alfabetizados,
pessoas lésbicas, gays, travestis e transexuais. Bem como, assumiu a continuidade das
discussões etnicorraciais.
Para isso, nossa escola tem buscado respaldo, orientações, e em especial atitudes
coletivas, as quais devem ser constantes, pois é de grande significado para todos os
profissionais da educação, o reconhecimento dos diferentes sujeitos (educandos e
educadores) e os condicionantes sociais que determinam o sucesso ou o fracasso
escolar, de forma que possamos criar mecanismos para o enfrentamento
A prática pedagógica de investigações matemáticas tem sido recomendada por
diversos estudiosos como forma de contribuir para uma melhor compreensão da
disciplina em questão e podem ser desencadeadas a partir da resolução de simples
exercícios e se relacionam com a resolução de problemas.
Os recursos didáticos–pedagógicos e tecnológicos a serem utilizados nesta
disciplina são: material concreto de geometria, calculadora, quadro negro, caderno,
régua, material teórico, tv pendrive, jornais, panfletos, revistas, cartazes, sudoku,
desafios lógico–matemáticos e livros de literatura.
É importante enfatizar que a relação de conteúdos não deve ser seguida
linearmente, mas desenvolvida em conjunto e de forma articulada, proporcionando ao
educando a possibilidade de desenvolver a capacidade de observar, pensar, estabelecer
relações, analisar, interpretar justificar, argumentar, verificar, generalizar, concluir e
abstrair. Dessa forma, serão estimulados a intuição, a analogia e as formas de raciocínio
indutivo e dedutivo.
Os conteúdos matemáticos presentes no ensino fundamental, a serem
ensinados nas escolas de EJA, estão organizados por eixos. são eles: números e
operações, geometria, medidas e tratamento de informação, que compreendem os
elementos essenciais da organização curricular.
Os eixos e seus respectivos conteúdos deverão ser trabalhados de forma
articulada. esta relação pode ser viabilizada entre os eixos e/ou entre os conteúdos.
É importante ter clareza da especificidade de cada eixo, bem como, que
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estes não devem ser trabalhados de maneira isolada, pois, é na interrelação entre os
conteúdos de cada eixo, entre os eixos de conteúdos e entre os eixos metodológicos, que
as idéias matemáticas ganham significado.
Os conteúdos matemáticos presentes no Ensino Fundamental, a serem
ensinados nas escolas de EJA, deverão propiciar o desenvolvimento de conceitos:
numéricos, algébricos, geométricos e gráficos e da mesma forma, devem ser trabalhados
como um conjunto articulado. Isso significa que o tratamento dos conteúdos em
compartimentos estanques deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam
favorecidas e destacadas.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Nesse contexto, a avaliação em Matemática na EJA deve permitir ao
educador fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da
apreensão do conhecimento pelo educando, estabelecendo interrelações entre o
conhecimento matemático e o contexto social.
É fundamental que a avaliação seja coerente com a metodologia utilizada
pelo educador, bem como, com os objetivos que se pretende alcançar, visto que, esta tem
a finalidade de fornecer informações do processo de desenvolvimento do educando a
ele mesmo e ao educador. Essas informações permitem ao educador, uma reflexão
crítica sobre a sua prática pedagógica, no sentido de captar seus avanços, suas
resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer
para superar os obstáculos, uma vez que os educandos possuem diferentes tempos de
aprendizagem.
Para que isso aconteça, é preciso que o professor estabeleça critérios de avaliação claros e que os resultados sirvam para intervenções no processo ensinoaprendizagem, quando necessárias. Assim, a finalidade da avaliação é proporcionar aos alunos novas oportunidades para aprender e possibilitar ao professor refletir sobre seu próprio trabalho, bem como fornecer dados sobre as dificuldades de cada aluno (ABRANTES, 1994, p. 15).
No processo avaliativo, é necessário que o professor faça uso da observação
sistemática para diagnosticar as dificuldades dos alunos e criar oportunidades
diversificadas para que possam expressar seu conhecimento. Tais oportunidades devem
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incluir manifestação escritas, orais e de demonstração, inclusive por meio de
ferramentas e equipamentos, tais como materiais manipuláveis, computador e
calculadora.
Alguns critérios devem orientar as atividades avaliativas propostas pelo
professor. Essas práticas devem possibilitar ao professor verificar se o aluno: comunica
se matematicamente, oral ou por escrito (BURIASCO, 2004); compreende, por meio da
leitura, o problema matemático; elabora um plano que possibilite a solução do
problema; encontra meios diversos para a resolução de um problema matemático;
realiza o retrospecto da solução de um problema.
Dessa forma, no processo pedagógico, o aluno deve ser estimulado a: partir
de situaçõesproblema internas ou externas à matemática; pesquisar acerca de
conhecimentos que possam auxiliar na solução dos problemas; elaborar conjecturas,
fazer afirmações sobre elas e testálas; perseverar na busca de soluções, mesmo diante
de dificuldades; sistematizar o conhecimento construído a partir da solução encontrada,
generalizando, abstraindo e desvinculandoo de todas as condições particulares;
socializar os resultados obtidos, utilizando, para isso, uma linguagem adequada;
argumentar a favor ou contra os resultados (PAVANELLO & NOGUEIRA, 2006, p. 29).
O professor deve considerar as noções que o estudante traz, decorrentes da
sua vivência, de modo a relacionálas com os novos conhecimentos abordados nas aulas
de Matemática.
Assim, será possível que as práticas avaliativas finalmente superem a
pedagogia do exame para se basearem numa pedagogia do ensino e da aprendizagem.
O processo avaliativo deve ser um recurso pedagógico, que considera erros e
acertos como elementos sinalizadores para seu replanejamento, ou seja, toma o erro
como ponto de partida para rever caminhos, para compreender e agir sobre o processo
de construção do conhecimento matemático.
No que se refere à avaliação em matemática, considerando o perfil do
educando jovem, adulto e idoso, pontuase alguns indicativos a serem contemplados
pelos educadores: considerar todas as formas de raciocínio, ou seja, os
procedimentos/métodos utilizados pelo educando para resolver uma determinada
situaçãoproblema; o resultado não é o único elemento a ser contemplado na avaliação
matemática, pois, mesmo que este não esteja de acordo, ele pode ter se utilizado de
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métodos coerentes, equivocandose em apenas parte do processo de desenvolvimento do
raciocínio matemático.
Portanto, a avaliação da aprendizagem matemática considerada como
mecanismo diagnóstico, deverá englobar todas as instâncias que compõem a escola:
currículo, planejamento, metodologia, conteúdos, o educando, o educador e a própria
escola.
Os instrumentos avaliativos utilizados nesta disciplina são provas escritas
e/ou orais, trabalhos escritos e/ou orais – com ou sem consulta, auto–avaliação,
observação e registro, discussões dentre outros que se faça necessário, uma vez que o
educando não pode ser avaliado/reavaliado utilizando apenas um instrumento de
avaliação.
Entendida como processo, a avaliação deverá possibilitar uma constante
elaboração e reelaboração não só do conhecimento produzido, mas da ação pedagógica
como um todo.
A avaliação tem como objetivo de avaliar/reavaliar o aluno e nosso trabalho
docente, isto é, a recuperação de estudos/avaliação/recuperação paralela que se dará de
forma permanente e concomitante ao processo ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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DUARTE, Newton. O ensino de matemática na educação de adultos. São Paulo: Cortez, 1994.
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PETRONZELLI, Vera Lúcia Lúcio. Educação Matemática e a aquisição do conhecimento matemático: alguns caminhos a serem trilhados, 2002. (Dissertação de Mestrado, UTP) 166p.
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