PROPOSTA DE LEITURA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS PARA
FORMAR CIDADÃOS CRÍTICOS
Marilene Faber de Campos1
Djane Antonucci Correa2
Resumo
Este artigo apresenta o resultado das atividades, organizadas na forma de Unidade Didática, desenvolvidas durante o programa de Desenvolvimento Educacional PDE 2010, ofertado pelo Governo do Estado do Paraná, para a formação continuada do professor. Esta iniciativa foi implementada em uma turma de Coletivo Fundamental Fase II do CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica de Jovens e Adultos) Professor Paschoal Salles Rosa, no município de Ponta Grossa, Paraná. A proposta trata do tema leitura na EJA para adolescentes e adultos trabalhadores, contemplando metodologias diferenciadas que possibilitaram a análise e a verificação do grau de dificuldades apresentadas por eles, as quais são inerente a referida temática. A produção didática intitulada “Trabalho e Lazer” contemplou nove ações divididas em quatro horas cada, durante quatro meses agosto, setembro, outubro e novembro. Cumpre-se lembrar que a coletânea dos gêneros textuais que foram trabalhados foi relacionada com o tema trabalho e lazer. Nesta perspectiva, optou-se inicialmente pelo diagnóstico dos alunos para identificar as suas reais necessidades diante dessa temática. Com base nos dados colhidos por meio de questionário, buscou-se desenvolver atividades de leitura, debates e interpretações junto aos adolescentes, visando à melhoria na qualidade do trabalho, a amenizar as dificuldades e melhorar o desempenho dos alunos na interpretação, produção oral e escrita, não só como atividade educacional, mas também como experiência de vida. Desse modo a proposta viabilizou a conscientização da importância que a leitura propicia para o desenvolvimento do pensamento, levando os alunos a postarem-se conscientes, reflexivos e criticamente frente à realidade social em que convivem e atuam. Em consequência disso, os educandos e a professora proponente foram levados a refletir sobre a leitura e a valorizá-la em seus vários aspectos.
Palavras chave: EJA (Educação de Jovens e Adultos); Leitura Crítica; Formação de Leitores.
1 Professora da Rede Pública Estadual do Paraná, licenciada em Letras Português/Inglês pela FECLI (Faculdade de Educação Ciências e Letras) de Irati-PR. Especialista em Língua Portuguesa: Descrição e Reflexão pela UNICENTRO (Universidade Estadual do Centro-Oeste) da mesma cidade. Professora de Português do CEEBJA Professor Paschoal Salles Rosa de Ponta Grossa, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE 2010 Do Estado do Paraná e pertencente ao Núcleo Regional do Estado da mesma cidade.
2 Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (UNESP), professora, pesquisadora e extensionista do Departamento de Letras Vernáculas e do Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
1 INTRODUÇÃO
É eminente a necessidade da abordagem e trabalho sobre e com a leitura
junto aos adolescentes por parte dos educadores, não só como atividade
educacional, mas também como experiência de vida, visto que os professores de
Língua Portuguesa e das demais disciplinas e demais membros da comunidade
escolar convivem com a falta de compreensão leitora dos alunos, pois a maioria
desses adolescentes não se apropria desses recursos de maneira significativa, leem
desinteressadamente, apenas decodificando, sem nenhuma ou mínima reflexão
crítica, requisito para o início da formação de cidadãos conscientes de suas
responsabilidades e de seus direitos também.
(…) compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas, pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca as suas experiências, os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar, religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem (DCE, 2008, p.56).
A preocupação com esse tema reflete a crise vivida pela sociedade, pois as
funções sociais da leitura amarram-se ao processo de conscientização do povo
brasileiro e a seus movimentos de luta por uma sociedade melhor, quando a leitura
tanto das palavras como do mundo, conforme nos lembra Freire (1990), é um
acontecimento de combate à ignorância e à alienação. Tal questão nos remete a
repensar em um melhor tratamento a ser dado pela escola ao referido tema. Assim,
o interesse pelo assunto investigado justifica-se pela necessidade de conscientizar
os alunos e a sociedade em geral sobre a importância da leitura através de reflexões
e análises de variados gêneros textuais. Conscientizá-los de que ler é um
instrumento necessário à sobrevivência, ao mundo do trabalho, à luta contra nossas
condições precárias de vida. É por meio da leitura que se aprende e se participa
efetivamente como cidadão, é a leitura que enriquece conhecimentos, aprimora a
fala e a produção escrita.
Lembrando que a proposta do PDE é com uma política de formação
continuada compromissada com a valorização dos profissionais da Educação e as
dificuldades encontradas na leitura e escrita, este trabalho visa a proporcionar aos
professores da rede pública estadual subsídios teóricos e práticos para o
desenvolvimento de ações educacionais. Como o programa norteia-se pelo princípio
ontológico do trabalho e, portanto, tem como preocupação a análise da realidade
dessa categoria na sociedade capitalista e nas escolas, o referido trabalho vem
auxiliar no trabalho dos professores com seus alunos, e o intuito foi superar as
dificuldades e melhorar seus desempenhos na interpretação de textos diversos,
produção oral e escrita. Busca mostrar a importância da leitura, não só como
atividade educacional, mas também como uma experiência de vida.
Na Educação de Jovens e Adultos há diferentes perfis de alunos. Existem
pessoas idosas que pararam de estudar a muito tempo, os adolescentes que
trabalham durante todo o dia, profissionais que “fazem bicos”, ou seja, que
trabalham informalmente e esporadicamente. As idades, o gênero, as expectativas,
os objetivos que buscam alcançar são inúmeros. Por outro lado, apresentam uma
semelhança: pouco tempo para se dedicar aos estudos fora da sala de aula. Muitos
possuem uma jornada de trabalho longa e cansativa, moram em locais distantes do
trabalho e da escola e, no caso das mulheres, ainda possui a dupla, tripla jornada de
trabalho em casa com seus filhos, esposos, afazeres domésticos entre outros.
Sendo assim, falta tempo para uma dedicação exclusiva à leitura.
Tudo isso ocasiona a precariedade dessa prática e traz consigo
consequências drásticas na comunicação oral e escrita entre os envolvidos no
processo da prática pedagógica e por extensão na vida cotidiana.
A leitura sempre foi para os professores uma atividade preocupante. Percebe-
se uma rejeição e uma falta de interesse muito grande por parte dos alunos. Por
outro lado, a tão propalada falta de tempo para realizá-la convenientemente,
associa-se a um despreparo de alguns educadores na área da leitura. Esta, por sua
vez está presente, ou supõe-se que deva estar em todos os níveis de escolaridade e
o livro, um dos principais objetos de leitura, constitui-se em instrumento básico das
funções pedagógicas realizadas por todo professor, pois a leitura é fonte de
conhecimento; daí sua importância na vida das pessoas.
Contudo, seu ensino e habilidades são realizados ao acaso, de modo
superficial e pouco atraente. Portanto, o ponto primordial no ensino da leitura é de
tornar os alunos não apenas leitores, mas leitores críticos e o de que o professor
seja também um bom leitor, crítico, que estabeleça relações entre vários textos,
compare diferentes leituras de um mesmo texto, desafie a compreensão dos alunos,
faça-os leitores de textos os quanto mais diversificados possíveis. É
responsabilidade de todos os professores serem críticos e formadores de alunos
como leitores críticos também e não apenas os professores de 1ª série pré-escolar,
conhecidos como alfabetizadores ou os professores de Português, como se
costuma, muito frequentemente ver.
O ensino deficiente é também um problema tão grave quanto a total falta de
estudo. Um dos reflexos disso é a grande ausência de hábito de leitura entre jovens
em idade escolar e universitária. Os jovens leem cada vez menos. É preciso reverter
essa realidade, para a melhoria da civilização e de nossa qualidade de vida, que
depende exclusivamente da cultura, e a cultura se ganha, sobretudo pela leitura.
Se, por um lado, a prática não tem sido incentivada pela família, por outro a
escola não tem cumprido bem o seu papel, seja pela má-formação dos professores,
seja pela má remuneração oferecida a eles. Alguns pais não foram habituados a ler
de maneira que esta é também uma questão de estrutura familiar.
Após essas reflexões e apontamentos, ressalto a inquietação que insiste em
não calar. O que, nós, educadores, e em especial professores de língua portuguesa,
devemos e/ou podemos fazer para amenizar essa problemática no fator leitura?
Para que o ato de ler seja verdadeiro, significativo, é essencial que a leitura
leve à compreensão do discurso escrito em suas diferentes formas, aumentando as
possibilidades de conhecimento, de ver o mundo sobre vários prismas, permitindo o
acesso e a participação efetiva no mundo da escrita. A mensagem escrita passa de
informação à formação da consciência crítica.
A leitura crítica é a condição para uma educação libertadora, e uma
verdadeira ação cultural a ser implementada nas escolas. Não se trata de uma
leitura mecânica, mas realizada através da caracterização das exigências deparadas
pelo leitor como constatar e transformar, e acionadas durante o encontro do leitor
com a mensagem escrita. A leitura crítica leva o leitor a compreender as ideais
veiculadas pelo autor, posicionando-se frente a elas, tendo a possibilidade para a
reflexão e recriação de um novo texto, elaborado pelo próprio leitor.
Diante disto, este artigo tem como proposta apresentar o trabalho de
investigação a respeito da prática de leitura e objetivou estimular discussões
baseadas na reflexão sobre o tema em questão e suas implicações, além de permitir
uma compreensão crítica dos mecanismos da leitura. Entender um texto é entender
a relação dinâmica que ele mantém com um determinado contexto, percebendo a
objetividade dos fatos desse, como instituída pelo leitor. O significado que se atribui
a um texto depende da história, das experiências do leitor.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Fundamentação Teórica
Vejamos o que dizem as Diretrizes Curriculares Estaduais sobre leitura:
[...] Na concepção de linguagem assumida por estas Diretrizes, a leitura é vista como um ato dialógico, interlocutivo. O leitor, nesse contexto, tem um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como coprodutor, procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, nas suas experiências e na sua vivência sociocultural (DCE, 2008, p.71).
Cabe ressaltar ainda que:
[...] ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais: jornalística, artística, judiciária, científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária, publicitária, etc. No processo de leitura, também é preciso considerar as linguagens não verbais. A leitura de imagens, como fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os multiletramentos mencionados nestas Diretrizes (DCE, 2008, p. 71).
Na concepção interacionista de linguagem, a leitura entendida como processo
de produção de sentido se dá a partir de interações sociais ou relações dialógicas
que acontecem entre dois sujeitos – ao autor do texto e o leitor.
Kleiman (2000) destaca a importância na leitura, das experiências, dos
conhecimentos prévios do leitor, que lhe permitem fazer previsões e interferências
sobre o texto. Considera a autora que o leitor constrói, e não apenas recebe um
significado global para o texto: ele procura pistas formais, formula e reformula
hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, utilizando estratégias baseadas no seu
conhecimento linguístico e na sua vivência sociocultural (conhecimento de mundo).
Assim a leitura caracteriza-se como:
[...] algo mágico, um mundo de sonhos, que traz para a realidade o irreal, onde a mágica das letras nos mostra um mundo completamente desconhecido e maravilhoso. “Ler é um ato fluido, ininterrupto de encantamento e de necessidade vital” (ABRAMOVICH, 1994, p.14.).
Atualmente há livros para todos os gostos, não havendo desculpas para não
os ler. São textos longos e curtos, picantes e humorísticos, com fantasias e
realidade entrelaçando-se, livros que discutem a História, que debatem assuntos
polêmicos, livros que mostram a natureza, a vida.
A leitura não precisa ser encarada como um dever, como uma tarefa a ser
cumprida, se o professor esforçar-se para que ela em sua classe seja realizada com
prazer, como uma descoberta. Ela precisa estar inserida no cotidiano escolar, estar
presente na vida dos alunos, ser formadora de opiniões.
Uma leitura crítica coerente começa pelo próprio livro, desde sua capa e
contracapa, encadernação, formato, tipo de letra, ilustrações distribuição dos
capítulos, enfim, tudo o que o livro contém como um todo e o todo do livro.
A preocupação básica do professor precisa estar centrada na formação de
leitores críticos, que saibam perceber o contexto, na intenção que está por trás do
texto. Se tomada como tarefa, como dever de casa, a leitura nunca será uma leitura,
nem trará a quem lê qualquer tipo de crescimento.
Na atribuição de sentido ao texto, deve-se levar em conta o diálogo, as
relações estabelecidas entre eles, ou seja, a intertextualidade.
Para Beaugrande e Dressler (1983) citados por Maria da Graça Costa Va
(1999, p.15). A intertextualiudade, que é um dos componentes da textualidade
concerne aos fatores que fazem a utilização de um texto depende do conhecimento
de outro(s) texto(s).
De fato, um discurso não vem ao mundo numa inocente solicitude. “Masʺ constrói-se através de um já-dito em relação ao qual ele toma posição.” Inúmeros textos só fazem sentido quando entendidos em relação a outros textos que funcionam como seu contexto (COSTA VAL, 1999, p. 15).
Conforme sugerem as DCE (2008), a leitura deve ser vivenciada, desde a
alfabetização, como um ato em que autor/leitor compartilhem um processo interativo
no qual o autor escreve para ser entendido pelo leitor e a compreensão dependerá
da habilidade de ambos. Portanto a produção de significados - que implica uma
relação dinâmica entre autor/leitor e entre professor/aluno- acontece de forma
compartilhada, configurando-se como uma prática ativa, crítica e transformadora.
A arma que precisa ser usada no combate à falta de interesse pela leitura de
muitos alunos é a compreensão crítica dos mecanismos da leitura. Compreender um
texto é entender a relação dinâmica que ele mantém com um determinado contexto,
percebendo a objetividade dos fatos desse contexto, como instituído pelo leitor. O
significado que se atribui a um texto depende da história, das experiências do leitor.
Segundo Freire (1990, p. 11) as funções sociais da leitura amarram-se ao
processo de conscientização do povo brasileiro e a seus movimentos de luta por
uma sociedade diversa da atual, quando a leitura tanto das palavras como do mundo
é um acontecimento de combate falta de cultura e à alienação. As práticas das
funções críticas da leitura passam por uma revisão de posturas e procedimentos.
O leitor atento, com base em suas experiências de vida, confronta o texto com
o intuito de construir seu significado, chegando aos referenciais que demarcam o
seu contexto, referenciais estes pretendidos pelo autor. Enquanto este evoca e
indica referencial, aquele transforma e recria atribuindo significados aos textos.
Desse modo a leitura coloca-se como produção, supõe trabalho do leitor que por sua
vez transforma-se num produtor de acontecimentos, aguçando sua compreensão e
sua consciência crítica. Nesse sentido, ler é além de conhecer, praticar uma cultura.
Para Silva (1995, p. 26):
[...] fruir o texto literário e crescer pessoalmente ou transformar-se politicamente são partes de um mesmo ato. Ao leitor... cabe não só compreender, mas também imaginar como a realidade poderia ser diferente; não só compreender, mas transformar e transformar-se; não só transformar, mas sentir o prazer de estar transformado.
Por sua vez, Orlandi (1991, p.58) lembra que:
“não é só quem escreve que significa; quem lê também produz sentidos. E o faz, não como algo que se dá abstratamente, mas em condições determinadas, cuja especificidade está em serem sócio- históricas”.
Quando se lê, está-se participando do processo sócio-histórico de produção
de sentidos que acontece de um lugar e com uma direção historicamente
determinada e o cerne dessa produção está no modo de relação da leitura entre o
dito e o compreendido, que faz parte da leitura crítica. A leitura crítica absorve além
do que está impresso: o leitor crítico lê o mundo através da e pela palavra.
A habilidade da leitura é o primeiro passo para assimilação dos valores da
sociedade, porque ao ler, o aluno recebe sinais pré-constituídos, cuja imutabilidade
e codificação reproduzem o mundo. O ato de ler revela um elo com o mundo dos
objetos e com a linguagem, configurando uma relação privilegiada com o real, sendo
qualificado como mediador entre cada pessoa e seu presente. O texto só é texto, na
medida em que se torna ponto de encontro entre o autor e o leitor, produto do
trabalho individual desse autor em função de uma leitura também individual do leitor.
Os alunos da EJA necessitam de uma leitura crítica e o objetivo geral do
professor deve ser o favorecimento de uma atuação inovadora e crítica do aluno.
para que ultrapassem os limites da sala de aula, possibilitando a eles a construção
de conhecimentos a partir da troca de experiências e da vivência em espaços de
educação não formal.
Paulo Freire (1990, p. 11) ensina que “a leitura do mundo precede a leitura da
palavra”. Este mesmo autor adverte para a compreensão crítica do ato de ler, que
não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou de linguagem escrita,
mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.
O aluno que lê sem o exercício da crítica, sem imaginação, que lê, mas não
faz da leitura uma descoberta ou um ato de conhecimento, não terá meios de
interferir sobre o que historicamente está posto.
A leitura é fundamental para a integração do indivíduo no seu contexto
socioeconômico e cultural, pois o ato de ler abre perspectivas que permitem o seu
posicionamento crítico diante da realidade.
Induzindo-se o aluno a pensar no contexto, na intenção que está por trás do
texto, a leitura deixará de ser uma análise de simples palavras e passa a ser uma
conscientização sobre os usos da linguagem mediante a leitura. Ajudando-o a
pensar na intenção do autor, o texto será analisado buscando marcas linguísticas
dessa intencionalidade.
Desta forma, Kleiman (1996, p. 92) enfatiza:
“Perceber a estrutura do texto é chegar até o esqueleto... Processar o texto é perceber o exterior as diferenças individuais superficiais; perceber a intenção... é chegar ao íntimo, à personalidade através da intenção. É uma abstração que se fundamenta nas outras” (KLEIMAN, 1996, p.92).
A vivência com a leitura proporciona o desenvolvimento do pensamento
organizado, levando quem lê a uma postura consciente, reflexiva e crítica, frente à
realidade social em que vive e atua.
A preocupação com o ensino formal da leitura e escrita é o foco principal de
estudiosos de diferentes áreas. Esméria de Lourdes Savelli, (2007) aponta, aʺ
dificuldade de transposição da produção acadêmica para as práticas cotidianas do
professor” e a inexistência na escola de um “projeto político pedagógico que tenha a
leitura como um dos eixos norteadores de uma prática pedagógica interdisciplinar”
como responsáveis pelo fracasso escolar na escola”.
Portanto, a escrita é um meio de construir um ponto de vista, uma visão do mundo, de encaixar cada fato num conjunto, de estabelecer um sistema, de dar um sentido às coisas. Em decorrência dessa concepção de escrita, a leitura precisa ser concebida como aquilo que vai em busca do ponto de vista, que leva ao questionamento, à investigação dos meios que permitiram elaborá-lo, ao confronto com seus próprios pontos de vista, a sua relação com o instrumento que permite elaborá-los. Nesse ponto, é preciso considerar que há dois traços distintivos na leitura: o criador – as leituras são sempre plurais; são elas que constroem de maneira diferente o sentido dos textos. Mas, de qualquer forma, há um traço que não pode ser descartado, que é o fato de que, enquanto leitores, nosso trabalho nos conduz a procurar constantemente a interpretação correta do texto, o que não significa ficar preso àquilo que o autor escreve (SAVELI, 2007, p. 111-112).
2.2 Metodologia
Conforme consta nas DCEs,
“É tarefa de a escola possibilitar que os alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação”. Se a escola desconsiderar esse pepel, o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de um a sociedade letrada (DCEs, 2008, p.48).
Portanto, a investigação pautou-se no levantamento bibliográfico sobre os
principais referenciais teóricos que abordam os três eixos sobre os quais se
estrutura a Língua Portuguesa: a leitura, a escrita e a oralidade, enfatizando, porém
o primeiro eixo e estendendo as atividades aos demais.
Na sequência houve o planejamento e a confecção da unidade didática para o
projeto ser aplicado junto ao público alvo, contendo atividades com textos
diversificados abordando o tema “Trabalho e Lazer” para serem realizados pelos
jovens e adultos trabalhadores.
A implementação desse projeto teve como público- alvo os alunos de uma
turma de coletivo fundamental do CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica de
Jovens e Adultos) Professor Paschoal Salles Rosa de Ponta Grossa, do período
noturno, abrangendo uma turma mista de alunos com faixa etária entre 18 a 50
anos. A grande maioria dos jovens e adultos era oriunda de famílias que residem
em vários bairros da cidade.
A partir da aplicação do questionário inicial aos alunos foi possível obter
maior compreensão acerca da maioria dos interesses, as dificuldades dos jovens e
adultos frente a esta questão e também para verificar o grau de interesse e
frequência com que ocorre essa prática entre eles. Este questionário apresentou
dezessete perguntas referentes ao tema leitura, cujas respostas demonstraram sua
relação com o tema em estudo.
A participação dos alunos na implementação em sala de aula possibilitou um
encaminhamento teórico metodológico diferenciado para o desenvolvimento de
ações e interpretações significativas junto aos jovens e adultos, visto que houve uma
participação efetiva por parte deles no que se refere às variedades e maneiras de
análises das leituras e interpretações dos textos trabalhados, surgindo comentários
além dos próprios textos. Instigou uma grande proximidade entre os adolescentes,
adultos e a professora, possibilitando um clima agradável e de companheirismo e
confiança. Fomentou a discussão, a reflexão e a troca de conhecimentos e
experiências entre os participantes.
Essas atividades sugeridas visaram a instalar uma dinâmica na sala de aula,
as quais propiciaram interações, estimularam a participação, partindo sempre da
realidade dos alunos e buscaram aproveitar seus conhecimentos prévios, a fim de
problematizar esses conhecimentos e apresentar sugestões assinaladas nas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica.
As atividades foram compostas por textos de variados gêneros e relacionadas
com o tema trabalho e lazer. Durante oito encontros divididos em quatro horas
cada, no período de quatro meses: agosto, setembro, outubro e novembro de 2011
foi realizada a escolha dos gêneros trabalhados, de acordo com as necessidades
dos alunos participantes. As técnicas utilizadas foram: leitura silenciosa e coletiva,
interpretação individual, comentários sobre as respostas coletivas e produções
textuais. A avaliação foi diagnóstica e contínua.
O número de participantes no projeto foi de 12 alunos. Entretanto, foram
selecionados seis participantes para responderem o questionário para a coleta de
dados e análise. Todos os participantes permaneceram no projeto até o final.
2.3 Contextos da pesquisa
A coleta de dados para a pesquisa ocorreu por meio do desenvolvimento de
um projeto que teve por objetivo desenvolver a temática “O Trabalho e o Lazer”,
numa perspectiva de aperfeiçoar a prática de leitura e análise linguística. Para tanto,
foi proporcionado aos alunos o contato com diferentes gêneros textuais, o que é
fundamental não só para formar o prazer pela leitura, como para transformar os
indivíduos em leitores competentes. Também houve um esforço significativo para a
conscientização dos alunos sobre a importância da leitura na sociedade letrada, que
é através dela que ativamos nosso conhecimento de mundo e fazemos previsões,
formulamos questões, recapitulamos informações, resumimos, destacamos ideias
principais, respondemos perguntas sobre o texto lido e construímos informações.
Desse modo, como foi dito, o tema proposto para a produção das atividades
foi Trabalho e Lazer, visto que as grandes maiorias dos alunos desta modalidade de
ensino são, por um lado adolescentes de quinze anos ou mais que buscam uma
formação para obter um trabalho digno e, por outro lado adultos trabalhadores que já
possuem sustento, com certo grau de experiências e conhecimentos relacionados a
este tema, facilitando assim a realização das atividades propostas.
O projeto foi desenvolvido em uma turma de Coletivo Ensino Fundamental do
CEEBJA (Centro Estadual de Educação Básica) Professor Paschoal Salles Rosa,
município de Ponta Grossa, Paraná, que possui alunos distribuídos em três turnos,
abrangendo Ensino Fundamental, Médio e Educação Especial. A referida instituição
situa-se na região central da cidade. Vale destacar que sua clientela advém de
diversos bairros da cidade, alguns bem distantes da escola, ao que se pode concluir
que o perfil do alunado é heterogêneo.
Quando se busca implementar um projeto, a intenção é de amenizar
problemas, encontrar soluções ou respostas que esclareçam as constantes
preocupações. Contudo, a partir da concretização do projeto de implementação,
depara-se com uma realidade muito complexa. Por essa razão, a presente
implementação buscou diagnosticar e encontrar alternativas de melhoria as
constantes preocupações dos professores, principalmente, os de Língua Portuguesa
e a comunidade escolar que convivem com a falta de compreensão leitora dos
alunos.
Ler é um instrumento necessário à sobrevivência, ao mundo do trabalho, à
luta contra nossas condições de vida, todavia, despertar o interesse dos alunos pela
leitura tem sido uma tarefa árdua tanto da família quanto da escola. As famílias,
muitas vezes, não dão conta desse processo e transferem a responsabilidade
totalmente à escola. Dessa forma, a escola tem o reconhecimento social de ser um
dos espaços privilegiados para se desenvolver nos alunos a cultura da leitura,
visando a contribuir com a formação de leitores.
A implementação deste projeto teve com marco sua apresentação para a
Direção e Equipe Pedagógica em agosto de 2011, no sentido de aperfeiçoar as
etapas do projeto no Colégio. Este contato inicial foi o elemento chave para o
sucesso desse trabalho, visto que na oportunidade foram discutidas as reais
necessidades para esta iniciativa, desde escolha de turma de implementação, data,
horário, local, recursos matérias e humanos.
Trabalhar com os alunos da EJA é sem dúvida uma tarefa gratificante e
prazerosa. Nesta implementação do material didático desenvolvido na escola, pude
constatar mais uma vez essa realidade. A participação e envolvimento dos alunos foi
surpreendente e muito satisfatório. Em todas as atividades propostas eles se
mostraram atentos e participativos. As leituras foram realizadas coletivamente e
individualmente. Também houve vários relatos da vida real deles, que surgiram
após a leituras dos textos apresentados no material. Achei muito importante, pois
serviu para enriquecimento da implementação e de todo nosso trabalho. Sobre
leitura, a maioria afirmou gostar de ler e mostraram-se bastante interessados
durante as aulas e se seus desempenhos não foram melhores, isto se refletiu
realmente ao pouco tempo livre de que dispõem, principalmente para a leitura.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para nortear o processo de implementação deste projeto, foram levadas em
consideração as informações coletadas junto aos alunos por meio do questionário,
conforme registro que se segue.
A aplicação do questionário de coleta de dados foi realizada no dia
09/09/2011 e constou de perguntas respondidas pelos alunos sobre o tema leitura.
Antes da aplicação do questionário foi feita com os alunos uma abordagem sobre o
tema leitura, deixando-os falar acerca de suas dificuldades sobre a leitura. Logo em
seguida foi explicado o motivo e o objetivo do questionário para depois ser
distribuído, escolhendo depois, de forma aleatória, seis deles, que participaram da
amostragem. O questionário constou de 17 perguntas objetivas complementadas
com uma parte subjetiva e que foram assim formuladas:
Você gosta de ler? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino3 3
As três alunas que responderam sim, alegam que ler é bom para ativar a
memória e o cérebro e adquirir sabedoria. Os três alunos que também responderam
sim, afirmam que quanto mais se lê, mais se aprende e tudo fica mais fácil, também
serve de distração nas horas vagas.
O que você gosta de ler? Por quê?Livros Jornais Revistas Não leio
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem.
2 3 1
* Observação: Houve opção por mais de uma resposta.
A opção por revistas foi devido ao exercício da memória e por fazer muito
bem, funciona como uma terapia. Dos alunos que optaram por jornais, um alegou
que o jornal é mais completo, fica por dentro das notícias que acontecem no mundo.
Outro tem interesse em notícias de esportes e outro se mantém informado. As duas
alunas que optaram por livros dizem que existem livros muito bons e ajuda nos
estudos.
Onde você gosta de ler? Por quê?Em sala de aula Na biblioteca Em casa Não leio
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem.
1 1 3 2
As opções em casa deveram-se ao ambiente de silêncio e sossego. A aluna
que optou por ler em sala de aula, diz gostar de ler junto com os colegas e a
professora.
Como você gosta de ler? Por quê?Silenciosamente Atentamente Distraidamente Ouvindo música
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem.
2 1 1 2
O ler silenciosamente foi escolhido por poderem prestar mais atenção ao que
leem, concentram-se melhor e em consequência entendem melhor tudo que leem.
Os três alunos que optaram por atentamente alegam aprender mais e meditar na
leitura.
Você lê? Por quê?Por obrigação Como estudante Por prazer Não leio
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem
1 1 2 2
Você lê? Por quê?Por obrigação Como estudante Por prazer Não leio
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem
1 1 2 2
Leem por prazer os alunos que gostam de lazer, aprender, fazer bem para a
mente e raciocínio. Os dois alunos que optaram como estudantes justificam-se pelo
motivo de aprender mais e melhor a escrita e a leitura.
Você acha importante o hábito de leitura? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino3 3
Todos os questionados responderam sim. A justificativa dos alunos nesta
pergunta foi a de que o hábito de leitura é importante porque proporciona
descontração, ajuda na memória, deixa a mente sempre ativa, é muito importante
para nosso desenvolvimento, deixa-os mais espertos e ajuda-os a entender melhor o
português.
Quantos livros você já leu até hoje? Por quê?Livros Jornais Revistas Não leio
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem
2 até 5
1 leu
bem
mais de
5
3 até 5
Dos alunos que disseram até cinco, dois afirmam que as histórias eram muito
interessantes, outra não leu mais porque não teve mais tempo, um afirmou que
doem muito os olhos e o quinto alega que os livros não ensinam tanto. O aluno que
optou por bem mais, pratica a leitura, diz que é muito bom para aprender melhor.
Sem contar a lição de casa, você leu alguma coisa, durante certo tempo? Por
quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino
3 3
Todos os questionados responderam afirmativamente e alegaram que
costumam ler a Bíblia Sagrada. Quando não tem outra coisa para fazer, aí leem
revistas, livros, papéis de propaganda, gostam de ler tudo até o final e querem saber
o final da história.
Quando você lê costuma fazer anotação? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino1 1 2 2
Dos quatro alunos que responderam não a esta pergunta, um diz que não
gosta de rabiscar os livros, outro que não tem o hábito, outra diz que não, por gostar
de guardar as coisas só para ela (acho que esta aluna não entendeu bem a
pergunta) e o quarto acha que não é necessário. Das duas respostas negativas o
motivo exposto foi o de melhor compreensão das palavras, busca de significados
delas, entendimento melhor do assunto.
Você é capaz de contar o que leu? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino3 2 1
Dos cinco alunos que optaram por sim, um diz gostar de expor oralmente tudo
o que lê, outro que a leitura sendo comentada com outras pessoas, torna-se
interessante, outro afirma que contando a história, ela fica mais viva e os outros dois
dizem ter facilidade para isso. O que respondeu não alega que esquece muito rápido
de tudo o leu.
Como você se avalia com leitor? Por quê?Excelente Muito bom Bom Regular Satisfatório
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Masc. Fem.
1 1 2 1 1
Dos dois que responderam satisfatório, um não deu justificativa e o outro acha
que ainda lê pouco. Dos três que responderam bom, dizem gostar muito de ler e se
identificam com a leitura, um desses diz que está começando agora e precisa
melhorar muito. O aluno que optou por excelente diz prestar muita atenção no que
está lendo.
Alguma das histórias que você leu poderia ocorrer na realidade? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino3 3
Todos foram unânimes em afirmar que sim, pois acham que tem “realidade”
no que está escrito nas histórias, existem situações que podem acontecer na vida
real. Um deles afirma que hoje em dia acontece tanta coisa.
Costuma frequentar bibliotecas? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino1 1 2 2
Dos cinco que responderam negativamente um afirma que nunca precisou e
os outros quatro foram unânimes em afirmar que não possuem tempo para
frequentá-la. O único que respondeu afirmativamente diz que o ambiente é mais
tranquilo para fazer leituras quando não está em casa
Quantas vezes utilizaram os recursos da biblioteca? Por quê?Nunca Menos de 5 vezes Entre 10 e 20
vezes
Mais vezes
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem
2 3 1
Os mesmos cinco alunos da resposta anterior afiram nunca terem utilizados
os recursos da biblioteca por falta de tempo, falta de oportunidades, não costuma
emprestar nada da biblioteca. O aluno que respondeu entre 10 e 20 vezes diz que
lá encontra várias opções de pesquisas em livros que não encontra em livrarias.
Você acha que a leitura influencia na produção de textos? Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino3 3
Todos responderam sim e os motivos foram vários: adquirir sabedoria, a
mente fica mais ágil, é muito importante para produzir melhor os textos, fica mais
fácil, ajuda a conhecer a língua e o modo que se escreve.
Para produzir um texto proposto, você busca conhecimentos em outras fontes?
Por quê?SIM NÃO
Masculino Feminino Masculino Feminino3 2 1
Nesta pergunta apareceram cinco respostas afirmativas e uma negativa. As
afirmativas apresentaram vários motivos: o texto fica mais bem elaborado, o
conhecimento de outras fontes nunca é demais, é necessário conhecimentos de
outras fontes para produzir textos, facilidades para acertar ortografia, pontuação,
acentuação. A aluna que respondeu não afirma que não dá tempo para pesquisar
porque tem que pensar e produzir o texto.
Como você analisa sua habilidade em produção de textos? Por quê?Pobre Regular Boa Ótima
Masc. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem. Mas. Fem
1 2 2 1
Com base nos resultados obtidos a partir do questionário inicial, foi
encaminhada a implementação do projeto através dos materiais confeccionados
com os textos de variados gêneros, cujo tema foi trabalho e lazer, descrito na
metodologia deste trabalho.
Essa metodologia possibilitou que os jovens e adultos trabalhadores e
adolescentes se relacionassem de maneira expressiva entre eles. As dinâmicas, os
debates, os assuntos, o ambiente foram ao encontro dos objetivos propostos no
projeto.
O trabalho de implementação ocorreu sem muitas dificuldades, contando com
a participação de todos os envolvidos no projeto, principalmente devido ao tema ser
apresentado com base em situações reais do cotidiano dos alunos.
O contato com diferentes gêneros textuais e a escolha do tema “Trabalho e
Lazer”, contribuíram, não só para melhorar o interesse pela leitura, mas também
para transformar os indivíduos em leitores competentes.
Em todos os momentos, houve a participação dos alunos nas leituras,
debates, interpretações, inclusive com depoimentos pessoais de vivência deles.
Houve alguns que mostraram certo receio em fazer leituras, porém com certa
persistência da professora, conseguiu-se atingir os objetivos.
Percebeu-se ao final da implementação, uma diminuição do isolamento de
alguns alunos, aquisição e aprimoramento nas práticas de oralidade e interesse na
leitura, não por imposição, mas pelo prazer de descoberta como parte essencial de
seu cotidiano.
Quanto às práticas de escrita, ocorreram em menor número, mas os
participantes produziram textos diversos, entre os quais bilhetes, interpretação de
textos, resumos, relatos pessoais.
Dessa forma, trabalhou-se a compreensão leitora, buscando a melhoria da
qualidade de ensino, buscando mostrar a importância da leitura não só como
atividade educacional, mas também como experiência de vida de modo que o aluno
apresentou papel ativo no processo da leitura por meio de diferentes textos
produzidos em diferentes esferas sociais as quais conduzem ao multiletramento.
Conforme foi discutido, a compreensão crítica do ato de ler, que não se
esgota na decodificação pura da palavra escrita ou de linguagem escrita, mas que
se antecipa e se alonga na inteligência de mundo.
4 CONCLUSÃO
A leitura e a escrita são atividades que, desde quando o homem sentiu
necessidade de ampliar suas formas de comunicação, andaram juntas e o
importante é que a leitura propicie o desenvolvimento do pensamento, levando o
aluno a postar-se consciente, reflexiva e criticamente frente à realidade social em
que vive e atua.
O que se buscou revelar é que o ato de ler envolve apreensão, apropriação e
transformação de significados, a partir de um documento escrito.
A escola tem o reconhecimento social de ser um dos espaços privilegiados
para se desenvolver nos alunos a cultura da leitura, e nós professores, como
representantes da cultura, também temos o dever de buscar alternativas para a
leitura e não apenas ficarmos a espera de que o professor da disciplina resolva o
problema, o que agrava a situação e nos dá o atributo de incompetência na garantia
de que nossos alunos façam parte plenamente de uma sociedade mais letrada. .
A implementação deste projeto cumpriu satisfatoriamente aos objetivos
propostos apesar da escassez do tempo. Também tiveram oportunidade de
debaterem sobre trabalho e lazer, conhecerem a história do lazer, os diferentes
termos que vários autores utilizam para se referirem ao tempo livre, entre outros.
5 REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 4 ed. São Paulo: Scipione. 1994.
COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FREIRE. P. A Importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 24 ed. São Paulo: Cortez, 1990.
KLEIMAN, Ângela. Texto e Leitor: aspectos cognitivos da leitura. 7. ed. Campinas, SP: Pontes, 2000.
ORLANDI, Eni. Estrutura ou Acontecimento. São Paulo, Pontes.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares da educação básica: Língua portuguesa. Curitiba: Secretaria de Educação do Estado do Paraná. Departamento de Educação Básica. Curitiba: Jam 3 da comunicação, 2008.
SAVELLI, E.L. Por uma Pedagogia da Leitura: reflexões sobre a formação do leitor In Práticas de letramento no ensino: leitura, escrita e discurso: Marcos Bagno.
et al; organização Djane Antonucci Correa. São Paulo: Parábola Editorial; Ponta Grossa, Pr.UEPG, 2007.
SILVA, E. A produção da leitura na escola: pesquisas x propostas. São Paulo: Ática, 1995.