UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
PROJETO DE CURSO
Determinação da Adulteração do Álcool Etílico
Anidro Combustível por Metanol
ALUNO: Eduardo Campos França dos Santos
ORIENTADOR: Prof. Claudio J. A. Mota
Esse Trabalho de Conclusão de Curso foi
realizado com o apoio financeiro da ANP -
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis.
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1) Introdução
A adulteração de combustíveis (adição de substâncias estranhas ou substâncias permitidas
acima das quantidades pré-estabelecidas) é atualmente prática comum nosso País. O
combate a esse crime contra o consumidor e o País é dificultado pela grande extensão do
território nacional e por casos de corrupção na fiscalização. Este procedimento vem se
tornando freqüente nos últimos anos, apesar do crescente número de operações especiais
efetuadas pela Receita Federal e órgãos especializados no combate a esse crime de
sonegação fiscal.
A adulteração possui inúmeras conseqüências prejudiciais ao Brasil, como danos
ambientais devido à queima de solventes tóxicos e a perda de arrecadação tributária [1]. Só
para se ter uma idéia do quanto é difícil uma fiscalização efetiva, recentemente, foi
desmantelada uma quadrilha formada por policiais, donos de distribuidoras e, até mesmo
um fiscal da ANP, que adulterava notas fiscais de combustíveis;desta forma, a quadrilha
pagava menos impostos e conseqüentemente lesava o nosso país.
Um levantamento feito pela ANP [2] mostrou que a adulteração de álcool Etílico anidro e
do álcool Etílico hidratado (álcool combustível) cresceu 85% nos três primeiros meses de
2002, e que o índice de inconformidade desse combustível com as especificações legais já é
quase duas vezes e meia maior que o da Gasolina. No caso do álcool Etílico, a adulteração
mais comum é a adição de água; ao contrário da Gasolina, que só pode ser adulterada com a
adição de solventes, o Etanol é facilmente misturado à água sem que se possa perceber
visualmente a irregularidade.
Outra forma de adulteração do Etanol é a adição de Metanol, uma prática que vem
crescendo no Estado do Rio, onde é proibida por lei. O Metanol é extremamente tóxico,
podendo, em altas concentrações, causar cegueira e até mesmo a morte [3].
Como a Gasolina é um dos combustíveis de maior importância econômica no Brasil, a
fiscalização da adulteração deste produto é de grande interesse. Um dos tipos de
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adulteração empregada é a adição de Metanol ao álcool Etílico anidro que é normalmente
adicionado à Gasolina A (Gasolina pura, sem álcool Etílico) para o preparo da Gasolina C
(mistura de Gasolina e Etanol). Desta forma, a Gasolina C que é repassada aos
consumidores, pode estar “batizada” com Metanol.
Em uma distribuidora, a análise do álcool ocorre da seguinte maneira: Assim que o álcool
Etílico é recebido pela distribuidora, é retirada uma amostra dele para que possa ser
analisada. No primeiro teste realizado é medida a sua densidade e temperatura. Estes
valores são comparados com uma tabela que fornece um índice relacionado ao teor
alcoólico (°INPM). Com a adição de Metanol, uma significativa quantidade de água pode
ser adicionada ao sistema, sem que se modifique o índice. Sendo assim, uma pessoa de má
fé, pode “roubar” o álcool do caminhão tanque e adicionar água e Metanol, para que a sua
carga, agora adulterada, passe no ensaio do teor específico, que em algumas distribuidoras é
feita por pessoas não qualificadas para este tipo de serviço.
A tabela 1 mostra uma correlação entre a temperatura do Álcool Etílico retirado do
caminhão e sua densidade, que pode ser medida por qualquer pessoa através de um
densímetro específico e um termômetro.
Tabela 1: Determinação do teor alcoólico através da temperatura e densidade
Temperatura de Medição: 35,0°C
Me 35°C Me 20°C °INPM
0,7770 0,7896 99,9
0,7775 0,7902 99,7
0,7780 0,7906 99,6
0,7785 0,7912 99,4
0,7790 0,7916 99,3
0,7795 0,7922 99,1
0,7800 0,7927 98,9
0,7805 0,7932 98,7
0,7810 0,7936 98,6
0,7815 0,7942 98,4
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Em grandes laboratórios de análise de combustíveis (e.g., Instituto Nacional de Tecnologia
– RJ [4] e Falcão Bauer –SP [5], existem analisadores portáteis de Gasolina, capazes de
detectar a presença do Metanol. Entretanto, estes equipamentos são de alto custo, o que
limita a sua aquisição/utilização pelas distribuidoras de combustíveis, às quais cabe a
responsabilidade de analisar os combustíveis que são comercializados. A ANP possui um
analisadores de Gasolina, capazes de detectar uma concentração máxima de até 15% de
Metanol na Gasolina; desta forma a agência reguladora pode manter o controle dos
combustíveis nas distribuidoras.
Algumas distribuidoras improvisam um teste onde a adulteração do Etanol combustível por
Metanol pode ser verificada pela formação de uma coloração avermelhada, ao se misturar
25 mL de Etanol supostamente “batizado” a 75 mL de Gasolina A. Caso este teste dê
resultado positivo, o álcool Etílico é devolvido à usina açucareira. É importante observar
que este procedimento, ou seja, o retorno do caminhão tanque com a carga, envolve
quantias elevadas de dinheiro e é feito sem a emissão de um laudo baseado em normas
técnicas (ABNT ou ASTM).
A base do ensaio descrito acima encontra-se na apostila “De olho no combustível” editada
pela Petrobrás distribuidora no ano de 1996. Esta apostila não fornece um procedimento
propriamente dito. Ela apenas diz que uma Gasolina C que apresenta coloração rosa está
contaminada com Metanol e deve ser recusada pelos seus postos distribuidores. Nenhuma
informação acerca da(s) reação(ões) que ocorrem é fornecida.
Durante dois anos (2001-2003), tive a oportunidade de atuar como estagiário na Real
Distribuidora de Derivados de Petróleo (Duque de Caxias-RJ), onde se utilizava
regularmente o ensaio acima mencionado.
Um problema sério que ocorre quando o produto não está conforme, isto é, apresenta
Metanol, é a devolução da carga. Eu vivenciei esta experiência no período de estágio,
quando em uma ocasião o transportador não quis aceitar a devolução do produto, alegando
a falta de um laudo técnico e dizendo desconhecer o teste da apostila da Petrobras.
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2) Objetivos
I) O primeiro objetivo desse projeto é estudar as reações que acontecem neste ensaio, ou
seja, descobrir o porquê do aparecimento da coloração vermelha quando se mistura o
Etanol adulterado com Metanol com a Gasolina. Desta forma, pretende-se dar um
embasamento científico ao procedimento empírico descrito na apostila “De olho no
combustível”.
II) Propor um novo ensaio para determinação do Metanol como adulterante em Gasolina.
Com o entendimento de todas as reações que ocorrem, será possível eventualmente
desenvolver um ensaio a ser credenciado pela ABNT para comprovar a inconformidade do
produto e a conseqüente devolução do mesmo dentro dos padrões da lei.
3) Resultados e Discussão
I) Estudo das reações do ensaio feito pelas Distribuidoras, baseado na apostila “De olho no
combustível”.
Nas distribuidoras, este ensaio consiste simplesmente em misturar 25 mL de uma amostra
da carga de Etanol anidro trazida pelo caminhão tanque, com 75 mL de Gasolina A (isto é,
pura). Se não houver aparecimento de coloração nenhuma, o Etanol é considerado como
estando dentro dos conformes. Se, entretanto, houver formação de coloração vermelha, fica
evidenciada a adulteração por Metanol.
Do ponto de vista da reatividade química, não se esperaria grandes diferenças entre o
Metanol e o Etanol, que possa explicar a diferença de coloração existente entre eles quando
são misturados com Gasolina. Ambos são álcoois primários e por conseguinte, possuem
praticamente a mesma reatividade.
Sendo assim, no teste em questão para averiguar a fraude não se deve estar verificando
diretamente a presença de Metanol, mas possivelmente do Aldeído Fórmico, que seria
oriundo da oxidação do Metanol em contato com o ar. O Aldeído Fórmico poderia reagir
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com compostos aromáticos presentes na Gasolina para formar derivados do difenilmetano,
de acordo com a seqüência de reações mostradas a seguir (exemplificadas com o Tolueno)
conhecidas como ensaio de Le Rosen [6]. O ensaio de Le Rosen é específico para se
detectar compostos aromáticos, e se processa com a mistura do composto a ser analisado
com uma mistura formada por Aldeído Fórmico e Ácido Sulfúrico concentrado.
Figura 1: Sequência de reações de Le Rosen, exemplificadas com o Tolueno
A seguir, será apresentada a sequência de experimentos realizadas neste trabalho, com a
finalidade de analisar esta hipótese.
1ª etapa:
Para se verificar a possibilidade do Aldeído Fórmico ser o responsável pela(s) reação(ões)
de formação de cor avermelhada, foram realizados os ensaios que constam das tabelas 1 e
2. A descrição dos experimentos realizados neste trabalho pode ser encontrada no tópico
Parte Experimental.
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Tabela 2: Variação da coloração da Gasolina com adição de Metanol
Gasolina A* (mL) Etanol* (mL) Metanol PA** (mL) Coloração
observada
75 20 5 Amarela
75 15 10 Amarela
75 10 15 Amarela
75 5 20 Amarela
75 0 25 Amarela
75 0 0 Amarela
Tabela 3: Variação da coloração da Gasolina com a adição de Aldeído Fórmico 40%(V/V)
Gasolina A (mL) Etanol (mL) Aldeído Fórmico
40% (v/v) (mL)
Coloração
observada
75 24 1,0 Amarela
75 23 2,0 Amarela
75 22 3,0 Amarela
75 21 4,0 Vermelha
75 20 5,0 Vermelha
75 0 0 Amarela
* O Etanol e a Gasolina utilizados foram obtidos na Real Distribuidora de Derivados de
Petróleo Ltda.
** O Metanol utilizado é de grau de pureza PA (Vetec)*, que apresenta teor muitíssimo
baixo de Aldeído Fórmico (0,0001 %).
Conforme pode ser observado por estes resultados, ao se misturar a Gasolina A (pura) ao
Etanol e ao Metanol não foi observada nenhuma coloração avermelhada. Todavia, ao se
introduzir o Aldeído Fórmico, a partir de um certo volume (4,0 mL) a coloração
avermelhada ficou evidente.
Estes dados reforçam a hipótese de que o teste em questão não identifica o Metanol, mas
sim o Aldeído resultante de sua oxidação que está associado a ele.
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2ª etapa:
Para identificar o composto aromático que poderia estar reagindo com o Aldeído Fórmico,
realizou-se o ensaio de Le Rosen (reações 1 e 2) com cinco compostos aromáticos que
poderiam estar presentes na Gasolina. Os resultados obtidos estão na tabela 4.
Um fato relevante a ser considerado é que no ensaio feito nas distribuidoras, não é
adicionado Ácido Sulfúrico concentrado e mesmo assim ocorre formação da coloração
vermelha. Com a finalidade de reproduzir o mais fielmente possível o teste feito nas
distribuidoras, os testes com os compostos aromáticos também foram realizados sem a
adição do Ácido Sulfúrico cujos resultados igualmente mostrados na tabela 4.
Tabela 4: Ensaio de Le Rosen e reação dos compostos aromáticos com Aldeído Fórmico
Composto Aromático Coloração
inicial
Coloração observada na reação
com Aldeído Fórmico e Ácido
Sulfúrico (ensaio de Le Rosen)
Coloração observada
na reação apenas com
Aldeído Fórmico
Tolueno incolor vermelha não alterou
fenol incolor vermelha não alterou
1,3,5 trimetil Benzeno incolor vermelha não alterou
Pirrola incolor vermelha vermelha
anilina escura não alterou não alterou
OBS.: Deve-se observar que nenhuma das substâncias teve sua cor alterada misturando-se
apenas o composto aromático com o Ácido Sulfúrico concentrado.
Conforme pode ser observado apenas a Pirrola apresentou mudança de cor, ficando a solução
vermelha ao se adicionar a solução de Aldeído Fórmico.
3ª etapa:
i) Verificação da presença da Pirrola na Gasolina.
Para tal foi realizado o teste com o p-dimetil-aminobenzaldeído, que é específico para Pirrola
[6]; o produto formado apresenta coloração violeta.
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NH
+
N
CH3 CH3
OH
HCl
Cl-
NH
N+
+ H2O
Figura 2: Reação da Pirrola com p-dimetilaminobenzaldeído
Ao se misturar a Gasolina à solução ácida de p-dimetil-aminobenzaldeído, foi obervado o
aparecimento de forte coloração violeta.
ii) Espectro de UV-VIS das seguintes misturas:
Conforme foi mostrado, o Aldeído Fórmico reage com compostos aromáticos presentes na
Gasolina e forma produtos de coloração vermelha. Para que se tenha uma comprovação de
que o produto obtido pela reação do Aldeído com a Pirrola e o produto obtido pela reação
do Aldeído com a Gasolina A são bastante semelhantes, foram obtidos os espectros UV-
VIS destes compostos. O resultado está mostrado na figura 3.
Figura 3: Espectros UV-VIS dos produtos obtidos pela reação do Aldeído Fórmico com a
Pirrola e com a Gasolina A
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A partir do gráfico, pode-se notar que as duas misturas apresentam absorbância máxima no
mesmo comprimento de onda, apenas diferindo pela concentração de cada espécie.
iii) Espectro no infravemelho do produto obtido na reação:
O espectro no infravermelho (figura 4) sugere uma Amina secundária, devido as bandas de
absorção observadas em 1633 cm-1
(vibração axial no plano de C=C e também a vibração
angular de N-H) em torno de 1020 cm-1
(vibração axial de C-N) e 3883 cm-1
, que pode ser
uma banda de N-H mascarada pela presença de água. Como a banda de carbonila não está
bem definida (em 1737cm-1
), observou-se que a o produto formado pela reação entre o
Aldeído e a Pirrola, pode dar origem as estruturas do anexo 1.
Figura 4: Espectro no infravermelho do produto da reação Pirrola/Aldeído Fórmico
4ª etapa:
Uma vez tendo sido identificados o Pirrola, ou qualquer derivado heterocíclico e o Aldeído
Fórmico como sendo um par de substâncias que poderiam estar reagindo entre si para
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formar o produto de cor vermelha, procurou-se desenvolver um método qualitativo para
que a reação ocorra quaisquer que sejam as concentrações do Aldeído e da Pirrola.
1°) Diluição do Aldeído Fórmico em água e do Pirrola em Hexano, para simular a interação
que existe entre o Álcool Etílico “batizado” e a Gasolina. Ao se misturar as duas soluções,
ao invés de formar uma única fase, houve a formação de duas fases, sendo que a fase
aquosa liberou grande quantidade de calor e apresentou uma leve coloração laranja.
As diluições preparadas foram as seguintes:
Aldeído Fórmico em água: 1, 5 e 10%.
Pirrol em Hexano: 1, 5 e 10%.
2°) A fim de evitar a formação de duas fases, preparou-se uma solução alcoólica de
Aldeído Fórmico (5%); ao se misturar esta solução com uma de pirrol em Hexano a 5%,
observou-se formação de cor vermelha [7].
II) Desenvolvimento de um ensaio para determinar o Metanol adulterante, mesmo que a
quantidade de Aldeído associado a ele esteja abaixo do limite de detecção.
Uma limitação séria desse ensaio realizado pelas distribuidoras é que se o Metanol
adulterante não estiver contaminado com o Aldeído Fórmico, ou estiver contaminado em
proporções muito pequenas, o resultado do teste será negativo. Sendo assim neste trabalho
é proposto um ensaio que caracteriza o Metanol que independe da concentração do Aldeído
Fórmico associado a ele. Este teste foi desenvolvido e envolve o Aldeído Fórmico com
posterior adição de Ácido Cromotrópico e Ácido Sulfúrico concentrado (Reagente de
Eegriwe), que é específico para este Aldeído [6], formando uma intensa coloração violeta,
conforme reação mostrada a seguir (figura 5).
Uma amostra contendo 2 gotas de Aldeído Fórmico foi colocada em contato com 2 gotas
do reagente de Eegriwe (previamente preparado) e colocada em banho-maria. Observou-se
uma intensa coloração violeta. Em seguida, repetiu-se o experimento, utilizando uma
amostra de Metanol, onde também foi possível observar o surgimento da coloração violeta.
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Como último teste, foi usada uma mistura Metanol-Etanol, e mais uma vez, notou-se o
aparecimento da intensa coloração violeta.
Desta forma, pôde-se desenvolver um novo ensaio para adulteração do Álcool Etílico
anidro combustível por Metanol. A cada chegada de caminhão-tanque seria retirada uma
amostra de Etanol anidro que seria, então, levada ao laboratório, onde, rapidamente, se
executaria o teste com Ácido Cromotrópico aprovando ou não o Álcool em questão.
Figura 5: Reação específica para aldeído fórmico e Reagente de Eegriwe
4) Materiais e Métodos
4.1) Descrição dos procedimentos utilizados nos testes para a elucidação das reações que
ocorrem no ensaio utilizado pelas distribuidoras.
OH
OH
SO3H
SO3H
+ CH2O2 H2SO4OH
OH
SO3H
SO3H
CH2
HO3S
HO3S
OH
OH
+ H2O
oxidação
OH
OH
SO3H
SO3H
CH O
OH
HO3S
HO3S
cor violeta
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Variação da coloração da Gasolina com adição de Metanol
Em uma proveta de 100 mL, foram realizadas misturas de Gasolina A, Etanol anidro e
Metanol PA nas diferentes concentrações mostradas na tabela 2 utilizando-se bureta de
25 mL.
Variação da coloração da Gasolina com a adição de Aldeído Fórmico 40%(v/v)
Em uma proveta de 100 mL foram adicionadas quantidades diferentes de Gasolina A,
álcool Etílico anidro e solução de Aldeído Fórmico 40 % v/v, nas proporções mostradas na
tabela 2.
Ensaio de Le Rosen e reação dos compostos aromáticos com Aldeído
Em placa de toque foram misturados 2 gotas do composto aromático (Tolueno, Fenol,
1,3,5 trimetil Benzeno, Pirrola e Anilina), 2 gotas de Aldeído Fórmico 40 % (v/v) e 2
gotas de Ácido Sulfúrico concentrado, observando as variações de cor. Os ensaios
foram repetidos sem a adição de Ácido Sulfúrico.
4.2) Verificação da presença de Pirrola na Gasolina
Em uma placa de toque, adicionou-se uma gota de Gasolina A (sem álcool), duas gotas
de solução ácida de p-dimetil-aminobenzAldeído previamente preparada e observou-se
a variação de cor [7].
4.3) Métodos de identificação e confirmação do produto de coloração vermelha resultante
da reação entre Aldeído Fórmico e Pirrola.
As análises UV-VIS dos compostos obtidos nas misturas Aldeído Fórmico/Pirrola (2
mL cada) e Aldeído Fórmico/Gasolina (2 mL cada) foram realizadas em um aparelho Cary
3E UV-Visible Spectrophotometer Varian, com cuba de quartzo de 1 cm de caminho
óptico (Instituto de Química-UFRJ, laboratório 602).
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A análise no Infravermelho foi realizada em um aparelho Violet Magna IR 360, com
pastilha de KBr, detetor DTGS KBr e com transmitância variando entre 0 e 55%
(Instituto de Química-UFRJ, laboratório 628). A amostra obtida da reação entre o Aldeído
Fórmico e a Pirrola foi seca, utilizando-se capela e papel de filtro.
4.4) Determinação das concentrações necessárias de Aldeído Fórmico e Pirrola para que
haja aparecimento da cor vermelha
Efetuou-se a diluição do pirrol em Hexano e do Aldeído Fórmico em água, nas
concentrações mostradas nas tabelas 5 e 6. Misturaram-se as duas soluções, conforme
as tabelas mostradas a seguir.
Tabela 5: Diluição da Solução de Aldeído Fórmico
Solução de aldeído fórmico
40% v/v (mL)
Água
(mL)
1,0 9,0
5,0 95,0
10,0 90,0
Tabela 6: Diluição da Pirrola em Hexano
Pirrola
(mL)
Hexano
(mL)
1,0 9,0
5,0 95,0
10,0 90,0
Preparação de solução alcoólica de Aldeído Fórmico: utilizando uma aparelhagem de
microretorta, colocou-se em um dos tubos 50 mg de p-formAldeído e no outro tubo, 10
mL de Metanol. Com o auxílio de um bico de bunsen fez-se a pirólise do Aldeído, até
que houvesse a formação de bolhas no tubo contendo o líquido. Em seguida foram
adicionados Hexano, Gasolina e solução diluída de pirrol em Hexano, e observou-se a
variação de cor.
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4.5) Desenvolvimento de um ensaio para determinar o Metanol adulterante, mesmo que a
quantidade de Aldeído associado a ele esteja abaixo do limite de detecção [8].
Teste com Ácido Cromotrópico
Em micro tubo, foram colocados 2 gotas de Reagente de Eegriwe e 2 gotas da amostra
problema. Aqueceu-se 5 minutos em banho-maria e observou-se a coloração formada.
As amostras problema utilizadas foram:
a) Aldeído Fórmico;
b) Metanol;
c) Metanol + Etanol.
Deve-se ressaltar que foi feito um ensaio em branco, utilizando-se apenas o Reagente de
Eegriwe, para observar se durante o aquecimento em banho-maria haveria algum tipo de
alteração na coloração.
Figura 6: Teste com Ácido Cromotrópico
5) Conclusões
I) Através dos experimentos realizados e dos resultados obtidos, pôde-se concluir que o
ensaio realizado nas pequenas distribuidoras, que estão baseados na apostila “De olho no
combustível” dos Postos Petrobras, não detecta o Metanol adulterante do álcool Etílico
combustível, mas sim o Aldeído Fórmico que é oriundo da oxidação dele e que o
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aparecimento da coloração vermelha quando se mistura a Gasolina A com o Etanol
adulterado é devido reação do Aldeído Fórmico com a Pirrola ou derivados heterocíclicos
presente na Gasolina.
II) Foi desenvolvido um ensaio novo, confiável e específico para Metanol adulterante em
álcool Etílico combustível, baseado na reação do Ácido Cromotrópico com Aldeído
Formico. Este ensaio que agora tem um embasamento científico permitirá que caminhões-
tanque que contiverem Álcool Etílico adulterado sejam rejeitados e devolvidos pelas
distribuidoras.
6) Referências:
[1] www.anp.gov.br
[2] http://www.energynews.efei.br/anterior/EEN-020503.htm
[3] Revista Brasileira de Energia, Vol. 1, n° 2, 1990
[3] RESOLUÇÃO/conama/N.º 015 de 7 de dezembro de 1989.
[4] www.int.gov.br
[5] www.falcaobauer.com.br
[6] Costa Neto,C. Análise Orgânica : Métodos e Procedimentos para Caracterização de
Organoquímicos, Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 2004.
[7] Feigl, F. Spot Tests in Organic Analysis, Elsevier, Amsterdam, 1966
[8] www.mj.gov.br/transparencia/Banco_Precos/banco_material_laboratorio_hospitalar.htm
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ANEXO
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Anexo 1: Possíveis produtos resultantes da sequência de reações de Le Rosen
i)
ii)
iii)