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Política Monetária : Metas e Instrumentos
A análise da
operacionalidade da política
monetária contempla os
seguintes aspectos:
1 - Objetivos
2 - Metas
3 - Instrumentos
Política ...
Quais são os objetivos finais da política monetária ?
A resposta a essa pergunta depende do que a políticamonetária é capaz de fazer.
Muitos economistas defendem a tese de que a únicacoisa que a política monetária pode fazer no longo-prazo é estabilizar o nível de preços .
Nesse contexto, o objetivo final da política monetária éo controle da taxa de inflação.
Essa é a concepção adotada pelo Banco Central doBrasil nos últimos anos, tendo sido reafirmada pelopresidente do BCB - Antonio Meireles - e pelo ministroda fazenda - Antonio Palocci.
Política ...
Na prática, contudo, os bancos centrais -
como o Federal Reserve - perseguem
outros objetivos como :
- manutenção de um elevado nível de
emprego.
- alto crescimento econômico.
- estabilidade da taxa nominal de câmbio.
- prevenção de falências bancárias e
manutenção da saúde do sistema
financeiro.
Política ...
Uma vez que o Banco Central tenhadefinido o objetivo da políticamonetária, ele tem que definir umaestratégia pela qual esse objetivopossa ser atingido.
Essa estratégia envolve a definição demetas operacionais e intermediárias,bem como o uso dos instrumentos depolítica monetária para a obtençãodas mesmas.
Política ...
A atuação da política monetária leva tempo parase completar, ou seja, entre o momento da tomadade decisão e a consecução ou não dos seusobjetivos decorre um longo período de tempo emque a autoridade monetária não tem informaçãosobre o impacto efetivo de suas ações.
Dessa forma, se o banco central esperar para vero resultado de suas decisões pode ser “tardedemais”.
O ideal é ter algum mecanismo que permita aobanco central checar a intervalos curtos de tempose a política monetária está sendo conduzida deforma consistente com a obtenção dos seusobjetivos.
Política ...
Por outro lado, o Banco Central não tem controledireto sobre o objetivo final da política (porexemplo, o Banco Central não controla a taxa decrescimento e nem a taxa de inflação).
Nesse contexto, a definição de metasintermediárias tem como função o controle indiretodos objetivos da política monetária.
A idéia é escolher como meta intermediária umconjunto de variáveis (taxa de juros ou agregadosmonetários) que tenham um efeito direto,previsível e quantificável sobre os objetivos finaisda política monetária.
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Política ...
Nesse contexto, o banco central podedirecionar os seus instrumentos para aconsecução das metas intermediárias; asquais, se obtidas, irão garantir o atendimentodos objetivos finais dessa política.
Deve-se ressaltar, no entanto, que o bancocentral também não tem controle direto sobreas metas intermediárias. Dessa forma, eledeve definir metas operacionais - cujaobtenção depende diretamente dos seusinstrumentos - com o objetivo de direcionar osseus instrumentos para a obtenção das metasintermediárias.
Política ...
Metas intermediárias mais importantes :
- taxa de juros de longo prazo ( exemplo :
taxa de juros dos títulos americanos de 30
anos , CDI)
- agregados monetários (M1, M2, etc)
Metas operacionais mais importantes :
- taxa de juros básica de curto prazo
(exemplo : SELIC e a Fed Funds Rate)
- Controle das reservas agregadas.
Política ...
Deve-se ressaltar um fato importante :
o Banco Central não pode definir
simultâneamente uma meta de taxa
de juros e uma meta de agregados
monetários ou de reservas agregadas.
A escolha de uma dessas variáveis
como meta da política monetária
implica na determinação da outra pelo
“mercado”.
Política ...
Rs
Rd
i
i*
Rs : oferta de
reservas
bancárias
Rd : demanda de
reservas
bancárias.
Política ...
Se o banco central resolver fixar a taxa dejuros básica - ou seja, a taxa de juros domercado de reservas bancárias - em i*, entãopara garantir o “esvaziamento”desse mercadoele deve ofertar toda a quantidade de reservasdemandada pelos bancos a essa taxa de juros.
Por outro lado, se o banco central resolverfixar o volume de reservas bancárias em Rs,então ele deve deixar a taxa de juros variarlivremente para ajustar a demanda porreservas bancárias à oferta disponível.
Questão para a Discussão
O Banco Central do Brasil adota, atualmente, uma meta de taxa de juros ou uma meta de agregados monetários como “meta intermediária” da política monetária? Por que?
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Política ...
Critérios para a escolha das metas
intermediárias :
1 - a meta deve ser mensurável.
2 - a meta deve ser passível de
controle (indireto) por parte do Banco
Central.
3 - a meta deve apresentar um efeito
previsível sobre o objetivo.
Política ...
Mensurabilidade : a mensuração rápida e precisade uma variável intermediária se faz necessária namedida em que a mesma só é útil se indica maisrapidamente do que o objetivo quando a política seencontra fora de sua trajetória.
Controle : o banco central deve ser capaz deexercer um controle eficaz sobre uma variável sequiser que ela funcione como uma meta útil.
Previsibilidade : a característica mais importanteque uma variável deve ter para ser útil como metade política monetária é ter um impacto previsívelsobre o objetivo final.
Política ...
A escolha de diferentes objetivos (goals) ediferentes metas intermediárias (targets)definem as diferentes estratégias de políticamonetária a disposição do Banco Central.
Alguns exemplos de estratégias de políticamonetária:
1 - metas monetárias : o banco central fixa umdeterminado valor como meta para ocrescimento de um agregado monetárioespecífico ao longo de certo período (exemplo: o banco central pode fixar uma determinadameta para o crescimento do M2 - casoamericano no período 1979-1982 ).
Política ...
2 - âncora cambial : o banco central tem
como meta a obtenção de uma
determinada paridade entre a moeda
doméstica e uma moeda internacional ( em
geral, o dólar americano).
3 - meta de inflação : o banco central tem
como meta (target) a obtenção de um certo
patamar para a taxa de inflação num
determinado período ( é o caso do BCB
atualmente).
Política ...
No caso das estratégias de metasmonetárias e de metas de inflação, oobjetivo final é o mesmo, a saber : aestabilidade do nível de preços.
A diferença se dá a nível das metasintermediárias. Enquanto no sistema demetas monetárias, o banco central fixa ataxa de crescimento de algum agregadomonetário - cuja relação com a taxa deinflação seja mais robusta - no sistema demetas de inflação, o banco centraldetermina a taxa de inflação a ser obtidanum determinado período.
Política ...
Atualmente, um número crescente depaíses tem optado pelo sistema demetas de inflação como estratégia decondução da sua política monetária.
Essa escolha revela um consensoemergente entre os policy-makers nosdiversos países do mundo de que aúnica coisa que a política monetáriapode fazer no longo-prazo é controlar ataxa de inflação.
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Política ...
Por outro lado, essa adesão crescente aosistema de metas de inflação é fruto dosproblemas dos sistemas de “metasmonetárias” e de “âncora cambial”.
Problemas das metas monetárias :
1 - crescente dificuldade na consecução demetas monetárias num ambiente marcadopor “inovações financeiras” .
2 - quebra de relação observada nos anos 50e 60 entre crescimento monetário einflação.
Política ...
Problemas com a âncora cambial :
1 - maior dificuldade dos países seajustarem a choques externos ( exemplo :Argentina em 1999).
2 - defesa da paridade pode exigir taxas dejuros muito elevadas (baixo crescimentoeconômico e aumento da dívida pública).
3 - vulnerabilidade da economia a ataquesespeculativos (exemplo : Brasil em 1998).
Política ...
“Face aos problemas acumulados com
as tentativas de controle monetário e
conhecidos os ônus da ancoragem
cambial, a opção pelo sistema de
metas de inflação tornou-se uma
conseqüência natural da frustração
com as demais alternativas de política
monetária” (Giambiagi & Carvalho,
2002, p.28).
Metas de Inflação
O sistema de metas de inflação (inflationtargeting) engloba 5 elementosfundamentais :
1 - anúncio público de metas numéricas demédio prazo para a inflação.
2 - compromisso institucional com aestabilidade de preços como o objetivofundamental da política monetária.
3 - uso de todas as informações disponíveis
para o controle da taxa de inflação.
Metas de Inflação
4 - aumento da transparência da
condução da política monetária
através da comunicação para o
público e para os mercados dos
planos, objetivos e decisões das
autoridades monetárias.
5 - responsabilidade crescente do
banco central pela obtenção dos
objetivos de inflação.
Metas de Inflação
Vantagens do sistema de metas de inflação :
1 - em contraste com o sistema de âncora
cambial, o sistema de metas de inflação
permite ao banco central conduzir a política
monetária para a obtenção de objetivos
domésticos.
2 - em contraste com o sistema de metas
monetárias, o sistema de metas de inflação
não depende da existência de uma relação
estável entre moeda e inflação para o seu
sucesso.
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Metas de Inflação
3 - reduz o incentivo que o banco central tempara se comportar de forma “dinamicamenteinconsistente” (ou seja, impede que o bancocentral procure continuamente surpreender osagentes econômicos com a obtenção de umataxa de inflação maior que a esperada).
4 - focaliza o debate político em torno daquiloque o banco central pode fazer no longo prazo- o controle da taxa de inflação - ao invésdaquilo que ele não pode fazer - aumentar ocrescimento, reduzir o desemprego e etc).
Metas de Inflação
Deve-se ressaltar que o sucesso dosistema de metas de inflação dependeda existência de umcomprometimento institucional com aestabilidade de preços.
Esse comprometimento institucional éa “independência”do Banco Central.
O que significa um banco centralindependente ?
Independência do Banco Central
1- a diretoria do banco central deve estar
isolada de pressões políticas : exclusão de
membros do governo da diretoria do banco
e nomeação dos membros da diretoria pra
mandatos fixos, protegidos contra
demissão arbitrária.
2 - o banco central deve ter controle total e
exclusivo sobre os instrumentos de política
monetária.
Metas de Inflação: Desvantagens
Desvantagens do sistema de metas de inflação :
1 - baixa “accountability” do banco central pois ainflação é difícil de ser controlada no curto prazo eexistem longos lags dos instrumentos de políticapara o resultado em termos de inflação.
2 - o sistema de “metas de inflação” não é suficientepara assegurar a disciplina fiscal : “problema dadominância fiscal” ( esse sistema não impede queo Tesouro opere com déficit, financiado com umcrescimento explosivo da dívida pública. No longo-prazo, o banco central seria obrigado a monetizaressa dívida gerando inflação).
Metas de Inflação:Desvantagens
3 - um alto grau de dolarização dosbalanços das firmas pode criar sériosproblemas para esse sistema, umavez que as metas de inflaçãorequerem flexibilidade da taxa decâmbio ( uma forte desvalorização docâmbio pode desencadear uma ondade falência de firmas, obrigando obanco central a baixar a taxa de jurospara evitar uma depressão).
Metas de Inflação no Brasil
METAS DE INFLAÇÃO NO BRASIL
1 - a meta é um objetivo do governo, não doBanco Central do Brasil.
2 - Até 2001 haveria um intervalo de tolerânciapara as variações da taxa de inflação de 2pontos percentuais para cima ou para baixo.
3 - o índice de preços escolhido comotermômetro da inflação é o IPCA.
4 - a meta é definida em relação ao “índicecheio, sem qualquer tipo de expurgo paradefinir um „núcleo‟ (core inflation )
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Metas de Inflação no Brasil
5 - as metas anunciadas não estariam
sujeitas a revisões ou ajustes posteriores.
6 - divulgação a cada três meses dos
“relatórios de inflação”com informações
macroeconômicas, a justificativa para as
medidas adotadas visando o cumprimento
da meta, e as projeções nas quais a
instituição se baseou para a sua tomada de
decisão.
Metas de Inflação no Brasil
A operacionalidade do sistema de metas deinflação no Brasil :
Dada a meta de inflação para um determinadoperíodo, cabe ao BCB utilizar os instrumentos quetem a sua disposição para alcançar a mesma.
o Banco Central fixa uma meta operacional - nocaso brasileiro, uma meta para a taxa de jurosSELIC - que seja compatível com a obtenção dameta de inflação para o período, dadas asinformações que o banco central tem a suadisposição no momento em que a metaoperacional é definida.
Metas de Inflação no Brasil
A meta para a SELIC é fixada nas reuniões doCOPOM - comitê de política monetária - sendobaseada em uma série de indicadoresantecedentes da taxa de inflação ( nível deatividade econômica, expansão do crédito e dovolume de meios de pagamento, expectativasde inflação dos agentes econômicos, etc).
A obtenção da meta operacional se dá pelouso dos instrumentos de política monetária(operações de mercado aberto, reservascompulsórias e redesconto).
Metas de Inflação no Brasil
O banco central irá aumentar a meta para ataxa SELIC se - com base nas informaçõesobtidas desde a última reunião do CUPOM -perceber que a meta não será cumprida.
Qual a relação entre a SELIC e a taxa deinflação ?
A relação é indireta. A SELIC é a taxa de jurosbásica da economia (mensal) dos empréstimosde um dia realizados no mercado inter-bancário entre o Banco Central e os bancoscomerciais, sendo “lastreada”em títulos dadívida pública federal.
Metas de Inflação no Brasil
Quando a SELIC aumenta, os bancoscomerciais ficam estimulados a reduzir onível de “reservas excedentes” - ou seja,reservas numa magnitude maior do que oexigido pelo banco central – pois aumentao custo de oportunidade de retenção dasreservas.
Os bancos comerciais aplicam, então, umaparte das suas reservas excedentes emtítulos públicos, pois os mesmosapresentam uma rentabilidade maior doque antes.
Metas de Inflação no Brasil
A liquidez dos bancos, medida pela relaçãoreservas/depósitos a vista se reduz. Dessaforma, os bancos são obrigados a reduzir ovolume de crédito concedido para restaurara liquidez dos seus balanços.
Essa redução do crédito bancário resultanum aumento da taxa de juros dosempréstimos.
A elevação da taxa de juros dosempréstimos reduz os gastos de consumo -uma vez que fica mais caro financiar acompra de bens de consumo duráveiscomo eletrodomésticos, automóveis, etc.
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Metas de Inflação no Brasil
Essa redução dos gastos de consumo
resulta numa queda das vendas,
tornando mais difícil para as
empresas promoverem aumentos de
preços.
Conseqüentemente, ocorre uma
redução do ritmo de aumento de
preços, ou seja, a taxa de inflação se
reduz.
Metas de Inflação no Brasil
Aumento da
SELICContração do
Crédito Bancário
Redução do
ConsumoQueda da Inflação
Instrumentos de Política
Monetária Instrumentos de política monetária :
1 - Recolhimentos compulsórios
2 - Redesconto de liquidez.
3 - Operações mercado aberto.
Instrumentos de Política
Monetária Definição de recolhimento compulsório :
são depósitos - na forma de reservas
bancárias - que cada banco é obrigado a
manter no banco central sendo calculado
como um percentual sobre os depósitos
(em geral, sobre os depósitos à vista ).
Conceitos relevantes para o cálculo do
compulsório : período de cálculo e período
de movimentação.
Instrumentos de Política
Monetária Período de cálculo : é o período de
tempo ao longo do qual se deriva o
saldo da incidência do recolhimento
do compulsório.
Período de movimentação : é o
período de tempo ao longo do qual o
banco é obrigado a depositar o valor
exigível no banco central.
Instrumentos de Política
Monetária O Recolhimento compulsório no Brasil :
a) o recolhimento é defasado, com o período
de movimentação iniciando-se após o
término do período de cálculo, sendo a
defasagem de um dia. As instituições
financeiras são divididas em dois grupos (A
e B), ambos com períodos de cálculo e de
movimentação de cinco dias , excluindo-se
sábados e domingos.
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Instrumentos de Política
Monetáriab) o cumprimento do exigível é feito com base na
média das posições diárias durante o período demovimentação, sendo necessário manter umdepósito mínimo diário de 60 % do exigível.
c) ampla base de incidência : incluindo depósitos deresidentes no exterior, depósitos de poupança,depósitos judiciais, adiantamentos de contrato decâmbio. Exclui depósitos a prazo.
d) o recolhimento do compulsório sobre depósitos avista é cumprido em espécie, sem qualquerremuneração, havendo penalidades legais para onão cumprimento desta obrigação.
Instrumentos de Política
Monetária Funções do recolhimento compulsório :
1 - Controle dos agregados monetáriosatravés da manipulação do multiplicadormonetário.
2 - Fornecimento de liquidez ao sistemabancário, diminuindo a probabilidade deocorrência de pânicos financeiros.
3 - Controle do crédito, pois um aumento docompulsório reduz o volume de “reservas
livres”para empréstimos.
Instrumentos de Política
Monetária Tendência mundial : eliminação do
recolhimento compulsório como
instrumento de política monetária,
pois as inovações financeiras criam
novos tipos de depósitos não sujeitos
a recolhimento compulsório.
Exemplo : México, Inglaterra, Canadá
e Austrália.
Instrumentos de Política
Monetária Definição de redesconto : são
empréstimos, na forma de créditos em
reservas bancárias, concedido pelo BACEN
aos bancos, com o objetivo de atender
necessidades episódicas de reservas por
parte das instituições bancárias.
Formas de assistência de liquidez :
1 - empréstimos com garantias.
2 - redesconto
Instrumentos de Política
Monetária Empréstimos com garantias : o banco
central concede crédito rotativo contra
garantias até o limite de saque do
tomador fixado pelo banco central.
Redesconto : o banco central
desconta títulos elegíveis, por ele
definidos, à taxa de juros previamente
definida para essas operações.
Instrumentos de Política
Monetária Funções do redesconto :
1 - Funciona como uma válvula desegurança colocada a disposição dosbancos para solucionar eventuaisproblemas individuais de caixa ao final dodia ou ao final do período de recolhimentodo compulsório.
2 - Esses empréstimos ajudam a estabilizara taxa de juros ao funcionar como um“colchão de reservas” que atenda àsvariações inesperadas da demanda dereservas por parte dos bancos.
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Instrumentos de Política
Monetária Definição de operações de mercado aberto
(open market) : são operações de compra evenda de títulos públicos federais por partedo banco central, operações essas queafetam diretamente o volume de reservasdos bancos.
Quando o banco central vende títulos, asreservas bancárias se reduzem numdeterminado montante, fazendo com quehaja um aumento da taxa de juros
prevalecente no mercado inter-bancário.
Regime Cambial
Definição de regime cambial : um regime cambial édefinido pela regra estabelecida para a formaçãoda taxa de câmbio.
Definição de taxa de câmbio : é o valor da moedaestrangeira medido em unidades da moedanacional (convenção adotada no Brasil)
Nos Estados Unidos, a taxa de câmbio é o preçoda moeda doméstica em termos da moedaestrangeira, ou seja, refere-se ao número deunidades de moeda estrangeira (Libras, Euros,Ienes, etc) que são necessários para comprar um
dólar americano.
Regime Cambial
De acordo com a convenção adotada no Brasil, umaelevação da taxa de câmbio representa um aumento dopreço da moeda estrangeira em termos da moedadoméstica, ou seja, uma desvalorização da moedadoméstica.
Dois tipos de regimes cambiais puros :
a ) Flutuação pura : a taxa de câmbio é determinadaexclusivamente através da operação das forças dedemanda e oferta de moeda estrangeira.
b) Câmbio fixo : é um regime no qual uma paridade entrea moeda doméstica e a moeda estrangeira éestabelecida pelo governo, cabendo às autoridadesmonetárias a responsabilidade pela manutenção dataxa de câmbio ao nível fixado.
Regime Cambial
No regime de câmbio flutuante, qualquer alteraçãonas condições de oferta e demanda de moedaestrangeira irão afetar a taxa de câmbio até que oequilíbrio entre oferta e demanda sejaestabelecido.
Fontes de demanda por moeda estrangeira :
(1) pagamento de importações.
(2) pagamento de juros da dívida externa, remessade lucros e dividendos para o exterior.
(3) viagens internacionais dos residentes no país.
(4) amortizações dos empréstimos e financiamentostomados no exterior.
Regime Cambial
(5) saída de capitais de curto-prazo
Fontes de oferta de moeda estrangeira :
(6) exportações
(7) viagens de não residentes para o país
(8) lucros e dividendos recebidos do exterior.
(9) investimento externo direto.
(10) novos empréstimos e financiamentos
(11) entrada de capitais de curto-prazo
Regime Cambial
Saldo da balança comercial = (6)-(1)
Saldo em transações correntes = [(6)-(1)] + [(2)+(3)
- (7) - (8) ]
Necessidade de financiamento externo = déficit em
transações correntes + amortizações (líquidas) dos
empréstimos e financiamentos tomados no
exterior.
Se a NFE for maior do que o investimento externo
direto mais a entrada líquida de capitais de curto-
prazo então haverá uma escassez de moeda
estrangeira, produzindo uma desvalorização da
taxa de câmbio
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Crise de 2002
Caso Brasileiro em 2002 (GM, 24/01/2003):
Saldo da Balança Comercial : + US$ 13,126Bilhões.
Saldo em Transações Correntes : - US$ 7,757Bilhões.
Em 2001, o déficit em transações correntes foi deUS$ 23,213 bilhões.
No final de 2001 o dólar era cotado a R$2,3204,mas no final de 2002 o dólar fechou em R$ 3,5333.
Se o déficit em transações correntes diminuiu deforma expressiva, por que o real se desvalorizoufrente o dólar ?
Crise de 2002
A expressiva desvalorização do câmbio em2002 foi reflexo de :
(i) redução das taxas de rolagem da dívidaexterna privada ( em 2001 a taxa derolagem foi de 98 % ao passo que em 2002ela ficou em 43% ), o que aumentou o item“amortizações”
(ii) saída de capitais de curto-prazo (de nãoresidentes) pela CC5 de US$ 9,107 bilhões
(iii) manutenção do investimento externodireto no mesmo patamar de 2001 (US$ 16bilhões).
Crise de 2002
A expressiva desvalorização do câmbio em2002 foi, portanto, o resultado de umaumento expressivo da NEF e de umaredução dos fluxos de capitais (de curto-prazo) externos para o país.
Questão para a Discussão
Em sua visão, quais
foram as razões
pelas quais a crise de
2002 foi, em larga
medida, revertida em
2003? Explique
detalhadamente os
seus argumentos.
Câmbio Fixo
Como funciona o regime de câmbio fixo ?
O Banco Central fixa uma determinada
paridade entre a moeda doméstica e a
moeda internacional alvo ( em geral, o
dólar americano), e se dispõe a comprar os
excedentes cambiais - quando houver
excesso de oferta - ou a vender divisas
quando houver escassez de moeda
estrangeira.
Câmbio Fixo
Condições para o funcionamento dosistema:
1 - o Banco Central deve possuir um volumesuficiente de reservas em moedaestrangeira para sustentar a paridade aonível desejado.
2 - o Banco Central deve conduzir a políticamonetária com o objetivo de manter aparidade, deixando de lado qualquer outroobjetivo como, por exemplo, o controle dabase monetária ou o controle da taxa de
juros.
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Câmbio Fixo
A compra de moeda estrangeira pelo
Banco Central produz uma expansão
da base monetária e - dado o
multiplicador monetário - um aumento
do volume de meios de pagamento. O
aumento da base monetária gera
também um aumento das reservas
bancárias, levando a uma redução da
taxa de juros básica da economia.
Câmbio Fixo
Quando o Banco Central vende
moeda estrangeira no mercado de
câmbio, ocorre uma redução da base
monetária e uma contração do volume
de meios de pagamento. A redução da
base produz também uma diminuição
das reservas bancárias, levando a um
aumento da taxa de juros.
Câmbio Fixo
Experiências históricas maisimportantes de câmbio fixo :
1- “Padrão-ouro” internacional (1873-1913, 1925-31).
2 - Conselho da moeda (currencyboard) : Argentina (1991), Hong Kong(1983), Estônia (1993).
3 - União Monetária Européia
Padrão-Ouro
O que é o sistema do “padrão-ouro” ?
Um determinado país estará adotando o padrão-ouro se:
1 - Fixar uma paridade oficial de sua moeda emtermos de ouro.
2 - Garantir a conversão da moeda doméstica emouro à paridade fixada.
3 - Manter um “lastro”em ouro para o estoque demoeda emitido pelo Banco Central (ou seja, asreservas em ouro devem ser iguais a basemonetária )
4 - Garantir a liberdade de exportação de ouro.
Padrão-Ouro
Os defensores do “padrão-ouro”
argumentam que o mesmo seria um
mecanismo automático de ajuste do
balanço de pagamentos.
Déficit no BP -> exportação de ouro ->
redução da base monetária - > queda do
nível de preços interno - > aumento da
competitividade externa da economia - >
redução do déficit do BP.
Currency-Board
O que é um currency-board ?
O currency-board (“conselho da moeda”)é
muito semelhante ao padrão-ouro. A
diferença é que no primeiro é fixada uma
paridade entre a moeda doméstica e uma
moeda estrangeira - em geral, o dólar
americano - ao passo que no segundo é
fixada uma paridade entre a moeda
doméstica e o ouro.
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Currency-Board
O currency board se caracteriza por :
1 - paridade permanentemente fixaentre a moeda nacional e a moedaestrangeira.
2 - constituição prévia de um“lastro”em divisas para o estoque debase monetária.
3 - determinação de que o BancoCentral só pode emitir moeda paracomprar reservas internacionais.
Currency-Board
Neste modelo de regime cambial, avariação da quantidade de moedadoméstica - e a variação do nível deatividade econômica - depende do saldo dobalanço de pagamentos.
Se BP > 0 -> expansão da base monetária -> redução da taxa de juros básica daeconomia -> expansão da atividadeeconômica.
Se BP < 0 -> contração da base monetária-> aumento da taxa de juros básica daeconomia - > contração da atividadeeconômica
Currency-Board
Objetivo do currency-board :
Aumentar a credibilidade na estabilidade do
nível de preços por parte dos agentes
econômicos, pois nesse sistema os
agentes sabem que nem o banco central e
nem o governo tem condições de usar a
política monetária para “fins populistas”.
Redução das expectativas de inflação ->
redução da taxa de juros.
Currency-Board:
Desvantagens Desvantagens do currency-board :
A política monetária não pode mais
ser usada para estabilizar os ciclos
econômicos, tornando-se pró-cíclica.
Nesse contexto, a política monetária
termina por agravar os efeitos dos
choques externos sobre a economia.
A Crise Argentina
O que deu errado com a Argentina ?
No período 1995-1999 ocorreu uma grandeapreciação do dólar frente ao Iene e aoEuro. Como uma parte das exportaçõesargentinas se direcionava para a Europa eo Japão, a paridade fixa com o dólarproduziu uma enorme redução dacompetitividade externa da economiaArgentina, resultando num aumento dodéficit em transações correntes de US$ 5bilhões em 1995 para US$ 14 bilhões em1998.
A Crise Argentina
Essa apreciação do câmbio real seria por sisó recessiva. Com a crise do sudesteasiático em 1997 e da Rússia em 1998,ocorreu uma redução do fluxo de capitaispara os países emergentes, entre os quaisa Argentina.
A Argentina passou a operar com um déficitno balanço de pagamentos. Pela lógica docurrency board , o Banco Central teve queoperar uma redução da base monetária,elevando as taxas de juros e colocando opaís numa grande recessão.
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Regimes de Câmbio
Experiência mundial com a flutuação das
taxas de câmbio :
1 - Grande volatilidade na taxa de câmbio do
dólar americano com as principais moedas
do sistema monetário internacional (Iene,
Libra e Marco).
2 - Difícil identificar uma tendência ou valor
de equilíbrio em torno do qual ocorrem
essas flutuações da taxa de câmbio - >
grande incerteza.
Regimes de Câmbio
Regimes cambiais intermediários :
1 - regime de câmbio fixo ajustável
(sistema de Bretton Woods ).
2 - “paridade deslizante” (crawling peg)
3 - “bandas de flutuação”
4 - “flutuação suja”.
Regimes de Câmbio
Regime de câmbio fixo ajustável:
“padrão-ouro-dólar” : todas as moedas mantinham umaparidade fixa com o dólar e esta com o ouro.
A defesa das paridades nacionais pelos bancoscentrais era feita mediante a compra e venda dasmoedas nacionais com dólares.
Os EUA intervinham no mercado privado de ouro paradefender a paridade ouro-dólar.
Câmbio fixo mas ajustável : os países poderiamdesvalorizar as suas moedas quando os desequilíbriosno BP não pudessem ser resolvidos por intermédio deoutras políticas macroeconômicas sem um aumentoconsiderável da taxa de desemprego.
Regimes de Câmbio
Nesse contexto, os empréstimos e as reservas do FMIseriam usadas para corrigir desequilíbrios temporáriosdo BP.
Regime de “Paridade Deslizante” (crawling peg) : Mini-desvalorizações do câmbio feitas com o bojetivo demanter a competitividade das exportações do país.
Dois tipos de regime de crawling-peg :
Ativo : a taxa de desvalorização do câmbio nominal éfixada de forma independente da inflação passada.
Passivo : a taxa de desvalorização do câmbio é dadapela diferença entre a inflação doméstica do períodoanterior e a inflação internacional ( gera inércia
inflacionária).
Bandas Cambiais
Regime de “Bandas Cambiais”
É um regime em que há uma paridade
central fixa e um intervalo de flutuação
definido pelo “teto”e pelo “piso”da taxa
de câmbio. O Banco Central só entra
no mercado de câmbio quando a taxa
de mercado atinge as extremidades
da banda.
Bandas Cambiais
Vantagens do regime de “bandas cambiais”
Dentro de certos limites, o ajuste entre oferta e
demanda de moeda estrangeira é feito através de
uma mudança nos preços relativos promovida pelo
mercado, sem variação das reservas
internacionais do banco central - > maior
autonomia na condução da política monetária.
Introduz um risco cambial para o especulador à
medida em que as taxas de câmbio podem variar
em qualquer direção. Esse risco é tão maior
quanto mais largas forem as bandas de flutuação.
27/3/2009
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Flutuação Suja
Regime de “Flutuação Suja”
O banco central intervém
esporadicamente no mercado de
câmbio para evitar a volatilidade
excessiva da taxa de câmbio. É o
regime cambial adotado atualmente
pelo Brasil.
Regimes Cambiais no Brasil
Regimes Cambiais no Brasil :
Até 1993 o Brasil adotou um regime de mini-
desvalorizações cambiais passivas cujo objetivo
era manter a competitividade externa do país face
a alta inflação.
Nesse sistema havia metas reais para a taxa de
câmbio.
De 1994 até 1996, o Brasil passou a adotar um
sistema de “câmbio fixo para baixo”, ou seja, a
política monetária foi conduzida de forma a manter
a taxa de câmbio dólar-real abaixo da paridade de
1 para 1.
Regimes Cambiais no Brasil
Em 1996 foi adotado um regime de crawling-peg
ativo no qual a taxa de desvalorização do câmbio -
fixada em 0.6 % ao mês - era independente da
inflação passada.
Embora desde março de 1995 o governo tenha
mantido uma prática de anunciar duas bandas
cambiais ( uma larga e outra estreita) não houve
até o início de 1999 qualquer espaço para o
mercado determinar a taxa de câmbio.
Janeiro de 1999 : adoção do regime de flutuação
(suja) da taxa de câmbio.
Regimes Cambiais no Brasil