O PAPEL DE ARAPIRACA ENQUANTO CIDADE MÉDIA: UMA ANÁLISE DE SUAS INTERAÇÕES INTERESCALARES
POLIANE CAMILA LIMA DOS SANTOS1 PAULO ROGÉRIO DE FREITAS SILVA2
MIGUEL ÂNGELO RIBEIRO3
Resumo
As cidades médias são importantes centros que exercem influência na dinâmica territorial e
socioespacial regional, funcionando como nós de conexão da rede urbana a qual pertence e
exercendo o papel de ligação e intermediação entre as cidades pequenas e as maiores. Contudo,
não podemos criar generalizações sobre as cidades médias brasileiras como se todas fossem
iguais e exercessem as mesmas funções. Assim, o recorte espacial torna-se imprescindível para
compreendermos as diversidades de papéis que as cidades médias desempenham. Assim
sendo, tomamos como base a cidade de Arapiraca em Alagoas, para analisarmos as articulações
interescalares e os novos papeis regionais que a cidade média em questão desempenha no
contexto regional. Neste ínterim, este artigo analisa as articulações interescalares de Arapiraca
a partir do desempenho da indústria, do comércio e dos serviços públicos especializados
polarizados pela cidade. Arapiraca situa-se na área central de Alagoas, na Região Geográfica
Intermediária de Arapiraca, definindo a Região Geográfica Imediata de Arapiraca, com uma
localização privilegiada, sobretudo, por ter seu acesso pelas rodovias estaduais AL - 110, AL -
115 e AL - 220 que interligam a cidade às rodovias federais BR - 316 e BR - 101 que dão acesso
aos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco e ao restante do Brasil. Estabelecemos como
recorte temporal o intervalo entre os anos de 1990 e 2015, porque durante este período a cidade
começou a ancorar investimentos indústrias do setor alimentício e investimentos ligados ao
comércio atacadista. Também, durante esse período foram instalados na cidade serviços
públicos especializados da área da saúde e da educação para atender a população local, assim
como do interior alagoano, sobretudo de sua Região Geográfica Intermediária. Buscando
contribuir para a reflexão acerca da temática sobre cidades médias e os novos papeis regionais
que elas desempenham na dinâmica regional adotamos como questão norteadora a seguinte
pergunta: quais agentes asseguram as interações interescalares da cidade média alagoana? E
1 Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Alagoas – PPGG/IGDEM/UFAL. E-mail de contato: [email protected] 2 Docente do programa de Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Geografia, Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Alagoas – PPGG/IGDEM/UFAL. E-mail de contato:[email protected] 3 Docente do programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade do Estado do Rio de Janeiro. E-mail de contato: [email protected]
como questão específica: de que forma as interações interescalares asseguram novos papéis
regionais a cidade média de Alagoas? Como metodologia, analisamos o tamanho demográfico,
as relações intraurbanas e as funções urbanas que a cidade desempenha, para
compreendermos o papel desta na rede urbana de Alagoas e, como base para identificarmos os
alcances de suas articulações interescalares. Estas articulações foram ilustradas em mapas e
gráficos que demonstram estas relações. As informações utilizadas nesta pesquisa foram obtidas
com indústrias dos setores alimentícios e atacadista da cidade e, os referentes aos serviços da
área da saúde foram obtidos em consulta ao site Departamento de Estatística do Sistema Único
de Saúde (DATASUS). Amparados nesta metodologia, identificamos que seu papel econômico
regional, suas interações interescalares, seu papel político-administrativo faz com que Arapiraca
exerça a função de polarizadora e centralizadora na produção e distribuição de bens e serviços
na rede urbana de Alagoas e, lhe assegure a condição de cidade média.
Palavras-chave: Cidade Média, Arapiraca/AL, Interações Interescalares.
Abstract
Medium cities are important centres that influence the territorial and socio-spatial regional
dynamics, functioning as nodes of connection of the urban network to which they belong and
playing the role of connection and intermediation between small and large cities. However, we
cannot create generalizations about Brazilian medium-sized cities as if they were all equal and
had the same functions. Thus, the spatial cutout is essential to understand the diversity of roles
that medium-sized cities play. Thus, we took the city of Arapiraca in Alagoas as a basis for
analyzing the interscale articulations and the new regional roles that the average city in question
plays in the regional context. In the meantime, this article analyzes Arapiraca's interscale
articulations based on the performance of industry, commerce and specialized public services
polarized by the city. Arapiraca is located in the central area of Alagoas, in the Intermediate
Geographic Region of Arapiraca, defining the Immediate Geographic Region of Arapiraca, with a
privileged location, above all, for having its access through the state highways AL - 110, AL - 115
and AL - 220 that connect the city to the federal highways BR - 316 and BR - 101 that give access
to the states of Bahia, Sergipe, Pernambuco and the rest of Brazil. We established the interval
between the years 1990 and 2015 as a temporal cut, because during this period the city began
to anchor investments in the food industry and investments linked to wholesale trade. Also, during
this period, specialized public services were installed in the city in the area of health and education
to serve the local population, as well as in the interior of Alagoas, especially in its Intermediate
Geographic Region. Seeking to contribute to the reflection on the theme of medium-sized cities
and the new regional roles they play in the regional dynamics, we adopted the following question
as a guiding question: which agents ensure the interscale interactions of the average city of
Alagoas? And as a specific question: how do the interscale interactions ensure new regional roles
for the average city of Alagoas? As a methodology, we analyzed the demographic size, the intra-
urban relations and the urban functions that the city performs, in order to understand its role in
the urban network of Alagoas and, as a basis to identify the scope of its interscale articulations.
These articulations have been illustrated in maps and graphs that demonstrate these
relationships. The information used in this research was obtained from industries in the food and
wholesale sectors of the city and those related to health services were obtained in consultation
with the website of the Department of Statistics of the Unified Health System (DATASUS). Based
on this methodology, we identified that its regional economic role, its interscale interactions, its
political-administrative role makes Arapiraca exercise the function of polarizer and centralizer in
the production and distribution of goods and services in the urban network of Alagoas and ensure
its status as a middle city.
Keywords: Medium City, Arapiraca/AL, Inter-Scale Interactions
1. Cidade média: uma breve revisão teórico-conceitual
Entender o que são cidades médias é desafiador, sobretudo em razão da
diversidade de realidades que podem ser encontradas quando se estuda as
cidades médias brasileiras. Sabe-se que elas são espaços modificados pelo
processo de urbanização desigual que o Brasil vivenciou entre o final do século
XX e início do século XXI.
Conforme Savério Sposito (2008, p. 22), ainda há muito o que se produzir,
mas, podemos reconhecer que elas são “influentes nas redes urbanas, na
constituição e no dinamismo destas, na logística das comunicações e do fluxo
de informações e de mercadorias”. Para Savério Sposito (2008, p. 50), as
cidades médias são:
Grupos de cidades cujo tamanho demográfico varia de acordo com sua posição e importância relativa a rede urbana. Essas cidades funcionam como nós de conexão na rede urbana e produzem, não apenas escalas demográficas menores, mas como articulações mais próximas entre os autores econômicos, jurídicos e sociais, aspectos da urbanização criados e recriados nas metrópoles, que apresentam como características próprias nas cidades médias.
Para Beltrão Sposito (2010, p. 6) as cidades médias, desempenham papéis
de ligação e de intermediação entre as cidades pequenas e maiores. Portanto,
observamos que para a compreensão do fenômeno do que vem a ser cidade
média, é necessário analisar o papel que ela desempenha no contexto urbano
em diferentes escalas geográficas.
As funções que elas exercem na dinâmica regional, as interações que elas
desempenham enquanto nó da rede urbana da qual faz parte e o fato de ser uma
cidade atrativa para a população da região que à busca, por causa do seu
comércio e serviços ou como destino para fixar moradia, são características que
à diferencia das demais cidades da rede urbana.
Souza e Marisco (2009, p. 59) afirmam que “as cidades médias são
caracterizadas pelos processos de especialização funcional e produtiva, na
medida em que aparentam desenvolver uma alta e competitiva especialização
funcional”. Para Deus (2004, p. 89-90) o conceito de cidades médias está
relacionado a sua função “entre os fatores de conceituação das cidades,
incluindo as cidades médias, está a função que o núcleo urbano exerce na região
em que está inserida e na hierarquia das redes urbanas.”
Santos (2009) assegura que a remodelação do meio urbano e do meio rural
orientado pelos avanços da tecnologia, da ciência e da informação mudaram a
composição técnica do território, assim, os centros urbanos adquiriram novas
funções relacionadas ao desenvolvimento do sistema de transporte, da indústria,
da agricultura e dos serviços sociais básicos como os de saúde, educação e
informação.
O sistema urbano modificado pelos novos objetos contribuiu para aumentar
a importância destas cidades que especializaram-se e estenderam seu alcance.
Torres Ribeiro (2006, p. 18) afirma que o Brasil vive um período de ajuste que
alteram as funções das cidades;
Estamos face aos movimentos de ajustes do país, a uma nova divisão social e territorial do trabalho, que se relaciona e transforma as funções metropolitanas ainda preservadas, impondo simultaneamente novas funções (e atributos) as cidades de diferentes tamanhos.
Ainda nesse sentido, Beltrão Sposito (2007) nos ensina que as cidades
médias são espaços em transição, fruto de um intenso processo de
transformação. As modificações econômicas e sociais que podem ser
observados no Brasil há pelo menos sete décadas, resultaram em uma nova
estruturação das relações entre as cidades.
Destarte, as cidades médias estão em meio à ajustes que reconfiguram a
divisão territorial do trabalho. Destacam-se em relação às demais cidades em
razão do seu tamanho demográfico e das funções que desempenham no
contexto regional. Para Corrêa (2007), os novos objetos e as funções urbanas
que estas desempenham, às conduziram a uma nova posição na rede. Este é o
caminho pelos quais transitaram as cidades pequenas que adquiriram o status
de cidade média.
2. Arapiraca: transição para cidade média
Arapiraca está localizada na região central do Estado de Alagoas, inserida
na mesorregião do Agreste Alagoano e na microrregião de Arapiraca. O acesso
a partir de Maceió é feito através das rodovias BR-316, BR-101 e AL-220, com
percurso total em torno de 136 km.
Inicialmente buscamos compreender a transição de Arapiraca para a
condição cidade média. Certamente não poderíamos apontar uma data ou um
fato histórico, no entanto, é possível identificar um período no qual suas funções
foram intensificadas e complexificada até torna-se uma cidade média.
Silva, (2018, p. 114), explica que a gênese de Arapiraca, ocorre somente
no século XIX, período no qual os processos determinantes da gênese urbana
alagoana estavam ligados à produção canavieira e a agropecuária. Porém, é a
produção de fumo que impulsiona a economia do Agreste e principalmente, o
desenvolvimento de Arapiraca.
Nardi (2010, p. 62) entende que entre os anos 1960 e 1980 Arapiraca,
“tiraria proveito da fama de circulação de riqueza, lugar de oportunidade (fumo e
feira livre) e se transformaria em polo regional durante esses 20 anos. Ela
seduzira essencialmente, “gente de fora” do Estado de Alagoas”. Do auge a
decadência da produção do fumo a população arapiraquense seguiu crescendo,
conforme demonstrado no gráfico 1.
Gráfico 1. População de Arapiraca 1970-2010 (Nº de pessoas)
Fonte: IBGE. Elaboração: SANTOS, Poliane Camila Lima dos
Em 1991, com a produção do fumo em colapso, Arapiraca já tinha uma
economia diversificada. Oliveira (2007) afirma que no início do século XXI, outros
setores, que não a agricultura, passou a ser o “motor” econômico da cidade,
assim, a indústria de alimentos, o comércio e o setor de serviços assumiram o
papel econômico que antes pertencia ao fumo.
Em síntese, a cultura do fumo possibilitou o suporte socioeconômico para
o desenvolvimento da cidade e, quando o fumo declinou outras funções já
estavam sendo exercida. Arapiraca, dentro do contexto regional alagoano, ainda
que afetada pela crise da produção fumageira, representava a esperança de
prosperidade. Entre os anos de 1990 e 2015, novas empresas dos setores de
alimentos e/ou prestação de serviços como comércio atacadista instalaram-se
nela.
Outrossim, é durante esse período que Arapiraca torna-se a cidade do
interior alagoano, com maiores opções de emprego, lazer, educação de base e
formação profissional de nível superior e técnico, saúde e outros serviços
especializados.
3. Arapiraca e suas as interações interescalares
As interações interescalares de Arapiraca são asseguradas pelas
indústrias do setor de alimentos, pelo comércio e pela oferta de serviços
especializados nas áreas de saúde e formação profissional.
Assim, tomamos como base para demonstrar estas interações a Asa
Branca Industrial Comercial e Importadora LTDA, a Hada Alimentos e a feira livre
mais antiga da cidade.
A maior feira livre da cidade ocorre as segundas-feiras, desde o final do
século XIX. Atualmente ocupa algumas ruas do Centro da cidade e, divide
espaço com o mercado público municipal José Alexandre dos Santos. O fluxo de
feirantes e consumidores mudam a rotina da cidade.
As roupas com origem de Caruaru (PE), moveis fabricados em Arapiraca
(AL), Batata doce cultivadas em Moita Bonita (SE), peixes e camarão de
criadores do Pará e grãos vendidos a granel que chegam em caminhões de
diversas regiões do Brasil, são alguns dos itens que podem ser encontrados na
mais antiga feira livre de Arapiraca.
A feira foi de fundamental importância para dinamizar a economia da
cidade, ao mesmo tempo que promovia interações dela com outros estados do
Nordeste e do Norte.
Mas, é justamente as segundas-feiras o dia atípico da cidade. O Centro é
tomado por consumidores oriundos dos povoados e dos municípios
circunvizinhos atraídos pela feira e pelo comércio local. Na figura 2, ilustra-se a
dinâmica de alguns produtos comercializados nesta feira-livre.
Figura 1: Origem dos produtos comercializados na feira livre de Arapiraca - 2018
Fonte: Superintendência de Mercados e Feriras de Arapiraca. Elaboração: FERREIRA, Hermesson Henrique Braz. e SANTOS, Poliane Camila Lima. dos.
A feira-livre sobrevive em meio a um período no qual novas alternativas são
oferecidas aos consumidores. Ela também é responsável por absorver os
produtos da agricultura familiar produzidos nos sítios próximos ao perímetro
urbano de Arapiraca.
Hodiernamente, a presença das indústrias no Agreste alagoano foi
incentivada pelo Programa de Desenvolvimento Integrado do Estado de Alagoas
(PRODESIN) instituído pela Lei 5.519, de 20 de julho de 1993, administrado pela
Secretaria da Indústria e Comércio - SEIC, através da Companhia de
Desenvolvimento do Estado de Alagoas – CODEAL. O programa destinado a
promoção de meios e ao oferecimento de estímulos voltados para a expansão,
o desenvolvimento e a modernização das indústrias alagoanas, inclusive as de
base tecnológica e as de micro e de pequeno porte oferece incentivos
financeiros, técnico – administrativos, creditícios, locacionais, fiscais de infra
estruturais e à interiorização.
Entretanto, algumas fábricas que chegaram em Arapiraca ainda para
exploração do fumo, dentre elas, destacamos a atuação do Grupo Coringa, que
se reorganizou para sobreviver a crise fumageira, aderindo ao setor de alimentos
e hoje mantém relações comerciais de compra de matéria-prima com as regiões
Sul e Sudeste do país e venda de alimentos fabricados em Arapiraca, para as
regiões Norte e Nordeste.
Em maio de 1996 chega em Arapiraca a Asa Branca Industrial Comercial e
Importadora Ltda, atuando no mercado atacadista a partir do Agreste alagoano
comercializando produtos do setor de alimentos, bebidas, eletrônicos, higiene,
beleza e limpeza. Na figura 3 ilustramos origem dos produtos comercializados
pela Distribuidora Asa Branca.
Figura 3. Origem dos produtos comercializados pela Distribuidora Asa Branca
Fonte: Asa Branca Distribuidora, pesquisa de campo, outubro de 2018. Elaboração: FERREIRA, Hermesson Henrique Braz. e SANTOS, Poliane Camila Lima. dos.
Os produtos importados são em grande maioria do centro industrial das
regiões Sul e Sudeste. Dentre seus fornecedores estão: Ajinomoto, Danone,
P&G, Parmalat e outros. Ao chegar em Arapiraca, o destino destes produtos são
principalmente os estados de Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
Em 2008 a empresa ampliou sua área de atuação, instalando em
Arapiraca uma fábrica do setor alimentícios, cujos produtos levam a nome da
marca Hada Alimentos. Na figura 4 ilustramos a origem internacional dessa
matéria-prima processada na fábrica Hada Alimentos de Arapiraca.
Figura 2. Origem internacional da matéria-prima processa na fábrica Hada Alimentos - Arapiraca
Fonte: Asa Branca Distribuidora. Elaboração: FERREIRA, Hermesson Henrique Braz. e SANTOS, Poliane Camila Lima. dos.
Segundo o gerente industrial da Asa Branca Distribuidora, Flavio Moreno,
as cidades de origem dessa matéria-prima podem variar conforme cotação no
momento da compra. Geralmente os produtos de origem internacional são
importados de La Rioja-Argentina, Mendonza-Argentina, Cairo-Egito,
Guangzhou-China, Xinjiang-China e Lima-Peru. A empresa também compra
matéria-prima de origem nacional dos estados do Rio Grande do Norte, São
Paulo, Bahia, Pernambuco e de Alagoas.
Os destinos dos produtos fabricados em Arapiraca pela Hada Alimentos
são: Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
O nível de prosperidade econômica alcançada por Arapiraca passou a
demandar formação profissional compatível aos novos postos de trabalho. Assim
a cidade conta com 1 campus da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), 1
campus sede da Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL) e 1 campus do
Instituto Federal de Alagoas (IFAL).
Soma-se a estes as instituições privadas de ensino superior com cursos na
modalidade presencial: Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC);
Centro de Ensino Superior Arcanjo Mikael de Arapiraca (CESAMA); Faculdade
São Tomás de Aquino (FACESTA) e Universidade Regional da Bahia (UNIRB)
e os centros de ensino técnico privado Centro de Ensino Profissionalizante de
Alagoas (CEPROAL), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
Quanto aos serviços na área da saúde estão instalados no município, de
acordo com o DATASUS, 283 estabelecimentos de saúde, entre público e
privado, dos quais um (01) é Hospital Regional e um (01) é Unidade de Urgência
e Emergência, ambos sob a administração do governo do estado, nos quais são
disponibilizados serviços médicos especializados. Ainda de acordo com o
DATASUS, Arapiraca é a única cidade do interior do estado a contar com estes
serviços.
Cabe ressaltar ainda que na cidade estão instalados órgãos da
administração pública do governo federal e estadual como a Defensoria Pública,
agências do Ministério do Trabalho (MTE) e do Instituto Nacional de Seguro
Social (INSS), a Gerência da Regional de Educação (5ª GERE), que atendem a
população do Agreste e do Sertão Alagoano.
4. Conclusão
São as presenças de indústrias do setor alimentício, de empresas do setor
atacadista, do comércio e de oferta de serviços públicos e privados
especializados de diversas áreas, que asseguram as interações interescalares
de Arapiraca. Sobre estas interações é possível constatar que: são complexas e
ocorrem diferentes escalas geográficas, tornaram-se mais intensas entre os
anos 1990-2015, quando Arapiraca firmou-se na condição de segunda cidade
mais influente na dinâmica regional alagoana.
A Arapiraca do século XXI é uma cidade que apresenta problemas comuns
à uma cidade que se desenvolveu impulsionada por uma atividade econômica
que entrou em colapso e agora busca novas formas de manter a estrutura urbana
estabelecida no decorrer dos “tempos dourados”. Entretanto, quando ampliamos
nossa análise baseada na realidade das demais cidades de Alagoas, ela
destaca-se por desempenhar funções que a torna nó da rede urbana alagoana.
Outrossim, é importante refletirmos sobre as interações interescalares,
porque analisar estas interações é parte do complexo processo de estudo do
que vem a ser uma cidade média. Ao refletirmos sobre elas, estamos na verdade,
analisando as funções que a cidade desempenha na dinâmica regional a qual
pertence.
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