Download - Novo modelo (I)nova Tapada
Dezembro de 2012
Programa K´CIDADE | Giorgia Consoli
TAPADA
DAS
MERCÊS
UM NOVO MODELO DE ORGANIZAÇÃO, GESTÃO E
DINAMIZAÇÃO DO GRUPO (I)NOVA TAPADA
ÍNDICE
Introdução ......................................................................................................................................................... 1
Enquadramento ............................................................................................................................................. 1
A Rede Social, Comissão Social de Freguesia e o Grupo Tapada ............................................................... 2
O percurso do grupo (I)nova Tapada ............................................................................................................. 3
O modelo de organização, gestão e dinamização do grupo (I)nova TAPADA de 2009-2011 .................... 6
O novo modelo de organização, gestão e dinamização do grupo (I)nova Tapada.................................. 11
O papel do K’CIDADE ao longo dos anos ................................................................................................. 18
Conclusões ............................................................................................................................................... 19
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INTRODUÇÃO
O presente documento pretende sistematizar o percurso do grupo (I)nova Tapada, desde
a sua criação como um grupo de parceiros locais em 2009 até à sua recriação sob um
novo modelo de organização, gestão e dinamização do próprio.
Assim, visa contribuir para uma reflexão e uma análise mais profunda sobre o processo
de organização a nível local de um grupo que junta entidades públicas, organizações de
solidariedade social, organizações privadas e locais, grupos informais e moradores com
um interesse comum: desenvolver atividades que contribuam para a valorização do
território e para a qualidade de vida de todos.1
ENQUADRAMENTO
Quando o Programa K’CIDADE chegou à Tapada das Mercês, foi realizado um
diagnóstico inicial com o intuito de identificar quais as principais preocupações da
população e assim, conduzir ao levantamento das necessidades do território. O tecido
comunitário, segundo o diagnóstico baseline CEDRU 2009, era muito fraco, não
existindo na Tapada das Mercês centros de referência, redes de parceiros nem grupos
organizados de moradores ativos.
Após uma primeira fase de mobilização a diferentes os níveis, e depois de se ter
identificado na comunidade a existência de algumas pessoas de referência, que mais
tarde se revelaram verdadeiros líderes comunitários, assim como as
organizações/entidades que atuavam no território (embora não estejam presentes no
território), a equipa do K’CIDADE começou a apostar nas redes locais de parceiros.
Considerando que o Programa K’CIDADE também acredita que “ao promover parcerias
entre organizações, favorecem-se abordagens integradas, mais informadas, adequadas às
necessidades e recursos reais, mais mobilizadoras e capazes de protagonizar e influenciar
as medidas de política pública com incidência local” (Teoria de Mudança 3),a criação de
parcerias é entendida como um desafio que pode trazer muitos benefícios para um
território como a Tapada das Mercês, onde existem poucos espaços de participação que
permitam aos moradores e às organizações de trabalhar em conjunto para atingir
objetivos comuns.
1 Fonte: panfleto “Prenda para a Tapada”.
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A REDE SOCIAL, COMISSÃO SOCIAL DE FREGUESIA E O GRUPO TAPADA
Independentemente da realidade dos territórios, a Rede Social e a Comissão Social de
Freguesia constituídas por “decreto” e circunscritas às fronteiras das freguesias,
provocaram de um modo geral uma maior dinâmica de conhecimento, partilha de
informação e alguns recursos. No entanto, poucas chegaram ao planeamento estratégico
efetivo definido em diário da república2:
a) Desenvolver uma parceria efetiva e dinâmica que articule a intervenção social
dos diferentes agentes locais;
b) Promover um planeamento integrado e sistemático do desenvolvimento social,
potenciando sinergias, competências e recursos a nível local;
c) Garantir uma maior eficácia, ao nível dos concelhos e freguesias, do conjunto de
respostas sociais;
d) Formar e qualificar, no âmbito da rede social, agentes envolvidos nos processos
de desenvolvimento local.
Em Novembro de 2008, o Programa K’CIDADE, recém-chegado ao território, propõe ao
núcleo executivo da Rede Social – Comissão Social da Freguesia (CSF) de Algueirão-Mem
Martins a criação de um Grupo de trabalho para a Tapada das Mercês justificando a
necessidade deste grupo3:
- Pela dimensão e complexidade da freguesia de Algueirão Mem-Martins;
- Por ser nos Bairros de Realojamento da Freguesia, com mais instituições e para
os quais se centram os recursos, a atenção e a intervenção da maior parte dos
elementos da CSF, bem como de Algueirão Velho (Coopalme, Cavaleira, Bº S.
José, Nova Imagem, etc);
- Por a Tapada das Mercês ainda não ser território da responsabilidade municipal;
- Por a Urbanização da Tapada ter uma grande dimensão a nível populacional, e
as problemáticas associadas, as necessidades e as oportunidades deste território
nunca terem sido alvo de uma reflexão, planeamento, ou qualquer tipo de
intervenção concertada por parte das várias organizações que aí intervêm.
Desta forma, o grupo de trabalho proposto teria os seguintes objetivos:
- Desencadear uma reflexão/perspetiva integrada do território da Tapada das
Mercês;
2 Diário da Republica, Nº 36 de 12 de Fevereiro de 2002—I SÉRIE-B 1087
3 Fonte: carta/email enviada ao núcleo executivo em novembro de 2008.
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- Definir e implementar um Plano de Desenvolvimento Estratégico para o
território da Tapada das Mercês;
- Criar respostas integradas com a comunidade que melhor se adaptem à
resolução dos problemas identificados;
- Influenciar de forma concertada, os órgãos políticos municipais e nacionais com
responsabilidade no território, para que a criação de respostas no território
venha a ser uma realidade no futuro.
O núcleo executivo aprovou a proposta em Novembro de 2008, nascendo assim o Grupo
Tapada cujos objetivos foram apresentados na reunião do plenário em Junho 2009.
O PERCURSO DO GRUPO (I)NOVA TAPADA
Após a apresentação do relatório do CEDRU no plenário do Grupo Tapada (22/09/2009)
dá-se início a uma organização em subgrupos, sendo um deles o grupo
(In)segurança/Valorização do Território (que reuniu no dia 22/10/2009 já como grupo
Insegurança), composto por PSP4, Associação Islâmica, Programa K’CIDADE, JFAMM5,
Centro comunitário paroquial de Algueirão, Projeto Escolhas .
Se se imaginar uma linha do tempo estes seriam os momentos decisivos para a criação do
Grupo (I)nova Tapada.
1ª Reunião 22/10/2009
- Insegurança=desconfiança, racismo, xenofobia;
- Definição dos objetivos do grupo: promoção de ações comunitárias e incentivo
das entidades competentes para intervir na Tapada;
- Atividades propostas: teatro, fórum comunitário, visitar outros projetos,
folhetos divulgação, feira multicultural.
2ª Reunião 13/11/2009
- Definição do nome do grupo: (I)nova Tapada – Valorização do Território;
- Funcionamento do grupo: rotatividade na preparação e dinamização das
reuniões;
- Reuniões regulares na 2ª semana de cada mês;
- Atividades para 2009: visitas a outros projetos (intercambio) e “Qual a prenda
que gostaria de oferecer à Tapada?”.
4 Polícia de Segurança Publica.
5 Junta da freguesia de Algueirão-Mem Martins
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O grupo decidiu implementar a sua primeira atividade através de um inquérito à
comunidade… e aproveitando a quadra Natalícia perguntou…
“Qual a prenda que gostaria de oferecer à Tapada?”
Este momento teve 3 objetivos principais:
- Informar a comunidade da existência do ub-grupo;
- Envolver a comunidade no processo de “pensar” formas de melhorar a Tapada numa
perspetiva de valorização do território;
- Reforçar as relações entre o grupo e outras organizações locais como as escolas e o
sector privado (Floresta Center).
Ainda numa fase inicial, o grupo aproveitou esta ação para reforçar o trabalho em grupo
(coesão e implementação conjunta de atividades) e recolher as perspetivas da população
sobre como melhorar a Tapada das Mercês promovendo, assim, a participação da
comunidade no planeamento do próprio grupo.
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Outro momento
crucial da atividade
"Qual a prenda que
gostaria de oferecer à
Tapada?" foi a
exposição e devolução
dos resultados à
população (Dezembro
2009).
A atividade correu bem e superando as expectativas, acabou por servir de indicador que…
… a população se chamada a participar… participa!
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Como divulgar o que o grupo está a
fazer para responder às propostas
identificadas?
Como manter e fortalecer o interesse e o
envolvimento da população nas atividades?
Como demonstrar que o inquérito
serviu para alguma coisa?
Contudo, o êxito não deixou de despertar algumas preocupações do grupo…
Estas preocupações e questões acabaram por abrir caminho e direcionar o grupo para a
decisão das ações a serem implementadas em 2010 conseguindo desta forma manter
alguma coerência com o que a população queria e o que o próprio grupo tinha
identificado como possíveis ações no combate à insegurança.
O MODELO DE ORGANIZAÇÃO, GESTÃO E DINAMIZAÇÃO DO GRUPO (I)NOVA TAPADA
DE 2009-2011
FUNCIONAMENTO DO GRUPO
Após o inquérito participado em 2009, e tendo definido como objetivos do grupo a
promoção de ações comunitárias e incentivar as entidades competentes para intervir na
Tapada das Mercês, o grupo decidiu focar a sua intervenção em duas atividades chaves:
Feira Multicultural e Teatro Interativo (que posteriormente foi integrado na própria
Feira).
GESTÃO E HORÁRIOS DAS REUNIÕES
A responsabilidade de preparar, dinamizar as reuniões do grupo e sistematizar os
resultados das reuniões (por exemplo, atas) foram sempre assumidas de forma rotativa e
tinha sempre pelo menos duas organizações envolvidas. Apesar das dificuldades
inerentes a qualquer organização, esta forma de trabalhar foi mais fácil e possível de
acontecer porque todos os parceiros tinham alguma prática na preparação e dinamização
de reuniões.
Reputação
Expectativas
Relações
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Deste modo, o facto de existirem duas organizações foi uma-mais-valia na troca de
metodologias (mais participativas) assim como na partilha da carga de trabalho.
Em síntese, no primeiro e no segundo ano o grupo era composto por organizações e
entidades com horários de trabalho semelhantes, o que permitiu uma boa articulação
entre os parceiros e deu a todos a possibilidade de estarem presentes, ou de terem a
possibilidade de estarem presentes nas reuniões.
Com o gradual envolvimento da comunidade, seja durante fase de mobilização dos
voluntários, seja durante a fase de divulgação do grupo e das suas atividades, surgiu a
necessidade de fazer algumas reuniões em horário pós-laboral.
De uma forma geral, a experiência foi positiva apesar da manifesta dificuldade de alguns
parceiros em disponibilizarem recursos humanos para as reuniões fora do horário de
trabalho.
DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS E O PAPEL DE CADA PARCEIRO DENTRO DO GRUPO
A distribuição de tarefas foi efetuada, exclusivamente, em função da natureza da Feira
Multicultural, o que determinou que o grupo se organizasse em grupos de trabalho de
forma a avançar com a concretização do evento.
Esta dinâmica fez com que não houvesse a definição e distribuição prévia de tarefas
gerais (como: gestão do email, do facebook, do grupo, etc.) aos parceiros dentro do
grupo, uma vez que, o grupo era sinónimo de grupo responsável pela Feira Multicultural.
Esta referência surge porque numa fase mais adiantada o grupo “coordenador/central”
vai identificar este aspeto como um fator relevante para o seu funcionamento.
Um ponto que desde o início foi defendido por todos os membros diz respeito à
importância da participação ativa dos membros do grupo assim como a horizontalidade
da tomada de decisão.
Relativamente, aos “papéis” de cada parceiro este foi um aspeto que nunca foi
mencionado pelo grupo, no entanto, o K´CIDADE procurou assumir o papel de
mediador, uma vez que é essa a sua natureza.
No caso dos outros parceiros, estes assumiram um papel de parceiro, apoiando-se ou
fazendo apenas referência ao seu papel enquanto Junta ou enquanto PSP como já faziam
anteriormente.
De um modo geral, todos reconheceram em cada parceiro competências específicas e
consequentemente a responsabilidade de executarem de determinadas tarefas.
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Inicialmente, o papel do K’CIDADE foi o de garantir que esta parceria fosse criada e por
isso assumiu um papel de catalisador deste processo. Ao longo destes anos, este papel
tem vindo a mudar, focando o contributo do K’CIDADE no apoio técnico ao grupo, mais
do que manter o papel de parceiro, preparando assim de forma sustentável a sua saída do
território.
Vamos ver mais a frente o papel do K´CIDADE durante os anos…
A importância da parceria
Os objetivos que o grupo se propõe não podem ser alcançados só por um parceiro, por
isso a força deste grupo está nos diferentes elementos que o constituem.
É importante que diversos setores da comunidade sejam envolvidos numa ação integrada
e concertada para poder garantir o maior impacto na melhoria da qualidade de vida dos
moradores da comunidade, existindo o cuidado de não duplicar esforços para os mesmos
objetivos, rentabilizar recursos, integrar perspetivas, de complementar competências e
ações.
AS ATIVIDADES DO GRUPO (I)NOVA TAPADA
Como referido anteriormente a atividade que caraterizou o grupo (I)nova Tapada
durante os anos 2010 e 2011 foi o, Tapada em Festa – I e II Encontro Cultural, que nos dois
anos apresentava o seguinte objetivo:
- divulgar e celebrar a diversidade através da participação ativa da população no desafio
de descobrir e mostrar a cultura.
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O modelo de organização
O modelo de organização do
evento manteve-se, de um
modo geral, o mesmo durante
os dois anos. É importante
referir que de alguma forma isto
influenciou a forma como o grupo
(I)nova Tapada se organizou.
O grupo (I)nova Tapada identificou quais as tarefas e dividiu-se em grupos de trabalho
(consoante a natureza/competências de cada membro e cada entidade):
- Programação (contatar e articular com artistas, preparar regras para as atuações,
material necessário para o som, mobilizar apresentadores);
- Logística (palco, som,
iluminação, alimentação
grupo/artistas e voluntários,
identificar espaços para as diferentes
atividades, organizar transportes,
tendas para divulgação grupos e
organizações locais, ligação à Camara
Municipal de Sintra para apoios,
limpeza);
- Divulgação (cartas convite, cartaz,
folhetos programa, plano de divulgação,
mobilização pessoas, cartaz menus
comerciantes, exposição de fotografia
Floresta Center);
- Voluntários (mobilizar e reunir voluntários,
preparar turnos, prever e garantir alimentação);
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- Comerciantes (contato
com comerciantes, negociar
menus especiais durante a
Festa);
- Reuniões de grupo. Para além dos grupos de trabalho o grupo reunia com frequência
regular para fazer o ponto de situação;
- Avaliação. Uma das práticas que o grupo
manteve desde o início foi criar hábitos de
avaliação das atividades e do funcionamento do
próprio grupo o que ajudou para uma maior
eficácia na parceria.
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O NOVO MODELO DE ORGANIZAÇÃO, GESTÃO E DINAMIZAÇÃO DO GRUPO (I)NOVA
TAPADA
O potencial do Tapada em Festa (TEF)
A avaliação junto dos parceiros e da comunidade dos
primeiros dois anos do Tapada em Festa garantiu uma
apreciação crítica dos seguintes progressos e
resultados:
- O evento criou uma oportunidade para a
participação da comunidade (vários moradores
começaram gradualmente a conhecer e a participar
nas diferentes iniciativas comunitárias após
contactos realizados durante o Tapada em Festa
2010);
- O evento foi um excelente pretexto para desocultar/desenvolver competências,
talentos e saberes dos moradores (para muitos moradores a participação inicia com
atividades muito concretas). O TEF oferece essa oportunidade desde varrer o chão a
montar o palco, tarefas que para muitos são mais ‘acessíveis’ do que começar por
planear um projeto.
- O TEF contribuiu para o dinamismo e a oferta de um momento cultural que não
existia no território. Esse evento na Tapada das Mercês dirigido aos moradores da
Tapada das Mercês demonstrou ser possível, num bairro ’dormitório’, realizar
momentos que promovam o sentimento de pertença e a coesão social. Após o 1º
evento em 2010 outros mais pequenos já foram realizados.
- Facilitou a aproximação entre moradores e instituições e ajudou a estreitar relações
com vista ao trabalho em rede/parceria. Por ser também um momento informal
propicia e facilita a relação entre pessoas; muitas ideias e conversas iniciadas no TEF
vieram a ser desenvolvidas mais tarde.
- Contribuiu para melhorar a imagem da Tapada das Mercês colocando nos jornais
regionais noticias positivas sobre o território (O PUBLICO, o Jornal da Região, o site
do ACIDI, etc.)
Na avaliação do Tapada em Festa 2011, os membros do grupo analisaram com mais
atenção qual a mais-valia da participação dos voluntários. Surgiram comentários, como:
- ao nível de planeamento há ideias válidas;
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- sem os voluntários muita coisa podia não ter acontecido porque o grupo (I)nova
Tapada é muito restrito;
- oportunidade de participação;
- grande potencial de aprendizagem para futuras iniciativas;
- voluntários de hoje, poderiam ser líderes amanhã;
- se o (I)nova Tapada conseguir potenciar estas “potencialidades” daqui a dois anos
poderiam estar autónomos.
A introdução de uma nova variável (inclusão dos voluntários no grupo coordenador)
colocou no seio do grupo alguma incerteza de como dar forma e gerir um novo modelo
de funcionamento do grupo. Algumas ideias levaram a pensar que o (I)nova Tapada
podia ter uma comissão de festas autónoma na organização de uma próxima edição do
Tapada em Festa para permitir ao (I)nova Tapada grupo coordenador/central de dedicar-
se a outras atividades. Mas, das propostas todas, o grupo chegou a definir umas pistas de
trabalho para os próximos tempos…
Investir no desenvolvimento de competências da comunidade:
- Empowerment: ferramentas de gestão de projeto, gestão de voluntários, gestão de
recursos, candidaturas e programas de cofinanciamento, etc.
- Diversidade: aprendizagem/diálogo intercultural, tolerância, “o valor da diversidade”,
mecanismo da discriminação, igualdade de género, etc.
- Continuação do desenho da estratégia: ‘back to basics’, pegar outra vez no
levantamento de necessidades (fazer outro?), redefinir metas e objetivos e construir
uma estratégia com diferentes eixos de ação no (I)nova Tapada.
A caminho de um novo modelo
Após as reuniões de avaliação de grupo de parceiros e com os voluntários a seguir ao
Tapada em Festa 2011, o grupo (I)nova Tapada convidou alguns moradores que se tinham
mostrados interessados em integrar o grupo e a participar nas reuniões regulares com o
objetivo de repensar a organização do (I)nova Tapada, quais as estratégias e redefinição
de metas, objetivos e atividades em conjunto.
Embora o grupo ainda não tenha tido até à data outros momentos para trocar impressões
e definir qual o caminho mais apropriado para integrar os moradores no grupo, na visão
do Programa K’CIDADE este novo modelo podia apontar para:
- o empowerment dos membros da comunidade para tomar o controlo do seu futuro;
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- aproveitar a oportunidade de juntar organizações e moradores à mesma mesa
promovendo o trabalho conjunto, desconstruir preconceitos e facilitar colaboração;
- garantir uma maior aproximação entre organizações e moradores para uma ação mais
eficaz;
- ser um exemplo de parceria que com a sua estrutura de cooperação entre os diversos
grupos e indivíduos e tendo como foco a aproximação dos moradores e melhoria da
qualidade de vida na Tapada, pode aliviar e, às vezes acelerar, o processo de mudança
na comunidade;
- criar e contribuir para a gradual mudança social.
“A verdadeira mudança ocorre geralmente durante um período de tempo através do qual
as pessoas ganham confiança, partilham ideias, e vão para além de seus preconceitos
para as reais questões subjacentes às necessidades da comunidade.”i
De salientar, que o resultado de várias reuniões compensou o esforço e o grupo
conseguiu uma estratégia para a execução de um novo plano de ação para o ano 2012 e
com algumas ideias para 2013.
Metas Objectivos Actividades Coord. A M J J A S O N D
Realizar um evento inter-étnico em que os
moradores estejam juntos em benefício dos
mesmos, também recorrendo à mobilização dos
administradores de condomínio
Feira Multicultural (com
workshop teatro
forum,workshp ap
intercultural, debates
gastronomia, trajes
tradicionais)
Todos
Pedi paper (manhã)
Santos populares (noite)
Cidália, Carlos,
Sandra30
Pic-nic familiar com jogos
tradicionais
Beta, Beto,
Girassol3
Prédios que falam na Tapada
Estimular o envolvimento das entidades "ativas"
(e os seus responsáveis) na Tapada das Mercês a
participarem nas actividades comunitárias
Identificar os problemas de discriminação
existentes na Tapada das Mercês
Seminário-duplo (formação
discriminação,
problemas/soluções
Dínamo
Promover iniciativas para sensibilizar e
desconstruir os problemas de discriminação
identificados
Promover o diálogo intercultural através de
oportunidades de aprendizagem que possibilitem
a transformação de atitudes
Workshop sobre
aprendizagem interculturalDínamo
Definição plano comunicação Todos
Espectaculo com projecção
maior
Cidália, Carlos,
Beto (Sandra)15
Convidar jornalistas para
acompanhar percurso do
Inova
K + Ass. Islamica
Identificar pontos de referência na Tapada das
Mercês que possam fazer parte de um roteiro de
turismo urbano do território
Beto
Divulgação dos trabalho das entidades e das
experiências dos moradores
Projecção de
filmes/documentario sobre
Tapada
Sara + Sandra
Dar visibilidade às boas práticas no domínio da co
gestão de infra-estruturas na Tapada das Mercês
envolvendo a comunidade
Debate/encontro sobre boa
práticas de co-gestão
(juventude)
Dínamo
Identificar as competências necessárias para que
os moradores e entidades possam realizar as suas
próprias iniciativas
Inquêrito online e em papel
à população da Tapada
(dirigido à os que são
voluntários na comunidade)
?
Workshop voluntáriadoK + Ass. Islamica
(Sandra)
Workshop organização
eventos
K + Ass. Islamica
(Sandra)
Workshop trabalho
equipa/facilitaçãoK + Dínamo
Workshop sobre associações Sandra
Cronograma 2012
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Sensibilizar e estimular os moradores a sairem de
casa através da utilização de espaços públicos e
não públicoss para a realização de actividades que
potenciem a comunicação envolvendo as famílias
da Tapada das Mercês
Promover as relações entre a comunidade, os
moradores e as instituições através do papel dos
"intermediários"
Min
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Promover oportunidades para conhecer a Tapada
das Mercês através da comunicação e da
divulgação de informação que valorize o território
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Promover oportunidades para desenvolver
competências sociais, pessoais e técnicas que
levem à autonomia das pessoas e das entidades
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Entre um velho e novo caminho…
…surge um novo modelo.
O quadro seguinte permite verificar os pontos comuns e as divergências dos dois
modelos de organização do (I)nova Tapada.
Modelo antigo Novo modelo
Composto por entidades públicas e
organizações locais.
Composto por entidades públicas,
organizações locais, grupos informais e
moradores ativos no território.
Um único evento no plano de atividades. Vários eventos no plano de atividades.
Estrutura organizacional horizontal. Estrutura organizacional horizontal.
Divisão de responsabilidades e tarefas só
para e durante o evento Tapada em Festa.
Divisão de tarefas por atividade (estando
prevista a divisão das tarefas relativas ao
funcionamento do grupo).
Dada a grande quantidade de atividades
que o grupo se propôs, o grupo decidiu
designar responsáveis por atividade. Para
cada atividade havia um ou dois
responsáveis para coordenar. O resto do
grupo dava apoio a nível de voluntariado e
em grupo no fim de cada atividade era
sempre feita uma avaliação que ajudasse
de alguma forma a melhorar eventos
futuros.
Preparação e dinamização das reuniões de
forma rotativa.
Dinamização de reuniões conforme as
atividades previstas (o responsável de cada
atividade convoca, prepara e dinamiza a
reunião conforme a necessidade).
Voluntários chamados para contribuir com
ideias e para apoiar na execução e
implementação das atividades.
Alguns dos voluntários integram o grupo
‘central’.
Tomada de decisão partilhada entre os
parceiros.
Tomada de decisão partilhada parceiros
formais, grupos informais e moradores.
Está prevista a dinamização
partilhada/rotativa das reuniões regulares
(sem estarem necessariamente ligadas às
atividades previstas).
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A representação gráfica permite um novo olhar…
Embora a integração de grupos informais e moradores tenha acontecido de forma
natural e orgânica, a mudança de modelo provocou a necessidade de aplicar ajustes às
expectativas de ambas as partes que não tinham sido contempladas até aquele momento.
A uma determinada altura este assunto veio à superfície e o grupo parou para refletir,
procurando esclarecer dúvidas de forma aberta e transparente. Prática, esta, que o grupo
tem vindo a adotar para facilitar e harmonizar o trabalho em parceria.
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Um olhar de fora … … do que se vive dentro.
Reunião (I)nova
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NOVOS DESAFIOS
As mudanças inerentes ao desenvolvimento do grupo (I)nova Tapada exigem um olhar
atento e a capacidade de resposta aos desafios
que se impõem:
- Incompatibilidade de horário entre
instituições e moradores;
- A oportunidade de financiamento
do ACIDI6 condicionou o processo
em curso e o grupo teve que
repensar a sua estratégia;
- O concurso de Projetos de Inovação Comunitária7 também surgiu numa altura em
que o grupo não tinha disponibilidade para certos processos;
- Com o desenrolar dos acontecimentos, o grupo percebeu que não foi fácil gerir um
dinheiro virtual e compreendeu a necessidade de ter recursos próprios e de inverter o
modus operandi, conduzindo a um processo de levantamento de recursos existentes e
recursos necessários para o que se propunham a realizar.
- A necessidade talvez de definir ‘regras’ ou normas de funcionamento do grupo sendo
esta talvez uma das maiores aprendizagens do grupo.
As recentes mudanças e a nova forma de o grupo planear e pensar a sua intervenção
levaram-no a fazer um processo de reflexão profundo e intenso…
Aconteceu porquê?… Porque foi preciso… porque os parceiros sentiram a necessidade de o
fazer… porque…
não existe uma resposta certa
se o novo modelo é de todos... fica o desafio…
de responder no terreno… retomar os trabalhos de forma conjunta e levar o novo projeto à
frente…
6 Alto Comissariado para a Imigração e o Dialogo Intercultural. Um dos parceiros do (I)nova Tapada
candidatou-se a uma linha de financiamento exclusiva às organizações que trabalham com população imigrante e conseguiu uma verba para um evento comunitário que disponibilizou para o Tapada em Festa – “O Mundo Aqui”. 7 E equipa de território do K’CIDADE da Tapada das Mercês, disponibilizou uma verba do plano de ação
de 2012 para a implementação de Projetos de Inovação Comunitária, ideias e iniciativas de grupos ou organizações. Para saber mais, visite http://www.akdn.org/publications/2008_portugal_kcidade.pdf
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O PAPEL DO K’CIDADE AO LONGO DOS ANOS
Como já referido anteriormente, o papel do K’CIDADE procurou ser um catalisador do
processo, garantindo que o grupo iniciasse o seu percurso. Ao longo dos anos este papel
tem vindo a mudar e como se pode observar na tabela a seguinte denotasse uma
diminuição gradual do seu papel inicial.
2009-2010 2010-2011 2011-2012 2012-2013
Estabelecer contato
com autarquia local
para impulsionar
criação Grupo Tapada
Manter relações com
parceiros
institucionais
Preparar e dinamizar
reuniões do grupo em
parceria
Apoiar o grupo numa
logica de capacitação
para garantir
sustentabilidade dos
processos
Mobilizar potenciais
parceiros para reunião
do Grupo Tapada
Preparar e dinamizar
reuniões do grupo em
parceria
Influenciar parceiros
do grupo (I)nova
Tapada para mudar
modelo de
organização do
Tapada em Festa
Integrar o grupo
(In)Segurança/
Valorização do
Território → (I)nova
Tapada Tapada
Apoio logístico,
material e financeiro
para a execução das
atividades.
Apoio logístico,
material e financeiro
para a execução das
atividades.
Incentivo à
sustentabilidade.
Promover e introduzir
metodologias
participativas na
dinamização das
reuniões
Promover e introduzir
metodologias
participativas na
dinamização das
reuniões
Apoio na preparação e
dinamização de
reuniões de
planeamento
estratégico do grupo
para criar um plano
de atividades com
todos os membros do
grupo
Apoiar na criação de
um novo modelo de
gestão, organização,
dinamização do grupo
(I)nova Tapada
Incentivar os
moradores a criar
confiança nas suas
próprias habilidades
para trabalharem
tendo em vista a
mudança
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CONCLUSÕES
O trabalho em parceria traduz uma “filosofia” e cultura de trabalho, e constitui-se como
um instrumento de suporte à ação. É, sobretudo, um fator de indiscutível eficiência,
eficácia, impacte e sustentabilidade, com particular relevância na área da intervenção
comunitária, justamente por se tratar de uma área que desafia claramente todos os seus
atores a unir esforços, a rentabilizar recursos, a integrar perspetivas, a complementar
competências e ações. Vai, assim, ao encontro de uma das dificuldades mais sentidas no
terreno por todos aqueles que nela intervêm8. O grupo (I)nova Tapada mostrou ser uma
rede de parceiros, um fórum de colaboração e congregação de esforços baseado na
adesão livre por parte da autarquia e das entidades públicas ou privadas, de grupos
informais e de moradores que vêm nela um espaço de participação com vista à melhoria
da qualidade de vida da sua comunidade.
Não existe um único caminho, nem um livro de receitas que seja valido para qualquer
parceria e em qualquer território, e o grupo (I)nova Tapada é exemplo de que é preciso
esforço, vontade, dedicação e abertura para poder construir algo em conjunto.
i Traduzido do http://ctb.ku.edu
8 Guia para as Parcerias de Desenvolvimento EQUAL, Julho 2005